Trabalho

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
CORRENTE RUSSA ISOLADA E ASSOCIADA À CONTRAÇÃO
VOLUNTÁRIA NA FLACIDEZ
Tatiana Ferreira de Siqueira1, Cristiane Lopes Pires de Souza 2, Bianka Santana dos Santos3, Caique Silveira Martins
da Fonseca4, Weber Melo Nascimento5, José Guedes da Silva Júnior6,Vera Lúcia Menezes de Lima7.

Introdução
A Corrente Russa é caracterizada por ser do tipo senoidal com uma frequência portadora de aproximadamente
2.500 a 5.000 Hz modulada de forma a produzir 50 burst por segundo (bps). Esta corrente é utilizada com o objetivo de
produzir a potencialização muscular intensa reduzindo ao máximo a percepção sensitiva do paciente (Lopes et al., 2004;
Borges et al., 2007; Agne, 2007).
A força muscular através da eletroestimulação de forma isolada pode ser aumentada por ativar um maior
número de unidades motoras que um indivíduo poderia ativar voluntariamente. Desta forma, é possível fortalecer a
musculatura pela condição de estimular a qualidade do tecido muscular desejado (Cansian et al., 2005; Briel et al.,
2003). Na década de 70, nos jogos Olímpicos, os atletas utilizaram de forma diferente a eletroestimulação de média
frequência. A Corrente Russa foi associada a exercícios voluntários como uma técnica de treinamento para o
fortalecimento muscular, com isso as unidades motoras do músculo se contraiam de uma forma mais sincrônica e eficaz.
(Domingues et al., 2009). A Corrente Russa foi escolhida por ser, segundo Portela (2006) assim como Cuzzolin (2005),
um recurso fisioterapêutico que promove uma maior solicitação de fibras motoras, possuir baixo custo e produzir uma
contração muscular mais intensa potencializando o ganho de hipertrofia sem sobrecarga articular.
O objetivo do trabalho é avaliar uso da Corrente Russa de forma isolada e associada à contração voluntária
máxima sobre a musculatura do quadríceps e identificar qual das duas formas obteve maior ganho de trofismo.
Material e métodos
A. Amostra
A pesquisa caracteriza-se por um estudo tipo experimental, composto por uma amostra de conveniência. A amostra foi
composta por 4 voluntárias sedentárias do sexo feminino, com idade entre 20 e 30 anos. A seleção baseou-se nos
seguintes critérios de exclusão: prótese metálica no local da aplicação, doença cardíaca, encurtamento funcional do
músculo, trauma local, perda da integridade da pele no local da aplicação da corrente. Esta pesquisa foi aprovada pelo
Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Agamenon Magalhães sob o protocolo 31/2010.
B. Materiais
A produção do estímulo elétrico foi obtida através do aparelho de Corrente Russa da marca Bioset com a média
frequência fixada em 2.500 Hz. Para facilitar o estímulo elétrico foi utilizado gel condutor da marca Fortsan e eletrodos
de 100 x 50 mm do tipo silicone carbono.
C. Protocolo de Pesquisa
As voluntárias foram posicionadas em decúbito dorsal. A região tratada foi previamente higienizada com álcool a 70%.
Os eletrodos foram colocados sobre o ventre muscular do quadríceps. Das quatro participantes da pesquisa duas não
realizaram contração voluntária do quadríceps durante a eletroestimulação, sendo utilizada apenas a Corrente Russa. As
outras duas participantes realizaram a Corrente Russa associada à contração voluntária máxima (CVM).Nos dois grupos,
1
Tatiana Ferreira de Siqueira é mestre em Hebiatria pela Universidade de Pernambuco, aluna do Curso de Extensão em Bioquímica e do LABDPN (Laboratório de Lipídios e Aplicação de Biomoléculas e Doenças Prevalentes e Negligenciadas, Departamento de Bioquímica, Centro de
Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof Morais Rêgo s/n, Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50670-901. Email: [email protected]
2
Cristiane Lopes Pires de Souza é aluna da Pós-Graduação em Fisioterapia Dermato-Funcional e Cosmetologia da Faculdade Redentor. Rodovia
BR 356,n.25, Cidade Nova, Itaperuna, Rio de Janeiro. CEP:28300-000.
3
Bianka Santana dos Santos é professora colaboradora, PNPD/CAPES, do Programa de Pós-Graduação em Bioquímica e Fisiologia, pesquisadora
do LAB-DPN (Laboratório de Lipídios e Aplicação de Biomoléculas e Doenças Prevalentes e Negligenciadas, Departamento de Bioquímica,
Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof Morais Rêgo s/n, Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50670901.
4
Caique Silveira Martins da Fonseca é aluno de doutorado do LAB-DPN (Laboratório de Lipídios e Aplicação de Biomoléculas e Doenças
Prevalentes e Negligenciadas, Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. Av. Prof
Morais Rêgo s/n, Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50670-901.
5
Weber Melo Nascimento é aluno do mestrado do Programa de Pós-Graduação e integrante do LAB-DPN (Laboratório de Lipídios e Aplicação de
Biomoléculas e Doenças Prevalentes e Negligenciadas, Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de
Pernambuco. Av. Prof Morais Rêgo s/n, Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50670-901.
6
José Guedes da Silva Júnior é aluno do mestrado do Programa de Pós-Graduação e integrante do LAB-DPN (Laboratório de Lipídios e Aplicação
de Biomoléculas e Doenças Prevalentes e Negligenciadas, Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de
Pernambuco. Av. Prof Morais Rêgo s/n, Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50670-901.
7
Vera Lúcia de Menezes Lima é professora doutora Associada III, Chefe do LAB-DPN (Laboratório de Lipídios e Aplicação de Biomoléculas e
Doenças Prevalentes e Negligenciadas, Departamento de Bioquímica, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco. Av.
Prof Morais Rêgo s/n, Cidade Universitária, Recife, PE, CEP 50670-901.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
os parâmetros utilizados foram os mesmos (modo sincrônico, tempo de contração de 9 segundos, tempo de relaxamento
de 27 segundos para não ocorrer fadiga muscular, sendo as voluntárias sedentárias, modulação de 50%, tempo total de
estímulo de 20 minutos, intensidade máxima tolerada pelas pacientes, capaz de promover contração muscular visível). O
protocolo de pesquisa foi de 10 sessões, totalizando 2 semanas em dias seguidos de segunda a sexta. Para a avaliação foi
mensurado as variações do músculo quadríceps, antes e ao término das 10 sessões, através da perimetria, tomando-se
como ponto referencial a borda superior da patela, onde o perímetro era aferido a 10, 15 e 20cm acima do ponto
referencial e a fita passou por cima da marcação dos perímetros. Durante o período da pesquisa, as pacientes foram
orientadas a manter seus hábitos de vida atuais, sem alterar a sua alimentação e sem praticar atividade física.
Resultados e Discussão
Na presente pesquisa, o tempo de relaxamento utilizado foi três vezes maior que o tempo de estímulo, uma vez que
uma contração muscular forte e prolongada leva ao estado de fadiga, caracterizada pela incapacidade dos processos
contráteis e metabólicos das fibras musculares de manter a mesma produção de trabalho com consequente redução de
torque. O protocolo aqui realizado constou de 10 sessões feitas de forma consecutiva (excetuando-se no final de
semana) de fortalecimento muscular. No entanto, recomenda-se que os exercícios voltados para ganho de força e massa
muscular sejam realizados duas ou três vezes na semana (Brasileiro et al. 2004).
Vários são os artigos que comprovam a eficácia da eletroestimulação no fortalecimento muscular. Briel et al. (2003)
encontraram resultados satisfatórios no ganho de força e trofismo dos flexores do antebraço após 10 sessões de Corrente
Russa. Segundo Portela (2006) esta mesma corrente aumentou a desempenho de jogadoras de vôlei, quando comparadas
às que não fizeram uso dela sobre o quadríceps e o gastrocnêmio. Cansian et al. (2005) observaram que o uso da EENM
mostrou-se eficaz no tratamento coadjuvante para manter e aumentar o torque isocinético da musculatura extensora
hemiparética espástica do joelho. Os resultados obtidos nestes estudos podem ser justificados, pois à medida que a
eficácia dos elementos neurais melhora, ocorre hipertrofia do músculo esquelético pela tensão promovida pela EENM,
que é considerada como estímulo para o incremento do trofismo. (Delito et al., 1990).
Poucos são os trabalhos que comparam a EENM com a contração voluntária máxima (CVM). Cuzzolin et al. (2005)
em seu artigo contendo 16 voluntárias, relataram que a Corrente Russa mostrou-se eficaz na elevação da espessura do
tecido muscular abdominal após a 18ª e a 36ª sessão, tanto na associação da EENM com a CVM, como apenas na
EENM usada de forma isolada. Neste estudo, não houve diferença quando os grupos foram correlacionados, mostrando
que a CVM não trouxe ganho adicional nos resultados.
Verificou-se na pesquisa (tabela 1) que a voluntária 1, que realizou apenas a Corrente Russa, alcançou melhor
resposta à 10 cm acima da patela no quadríceps esquerdo, com 5,55% de ganho de trofismo. A voluntária 2, teve melhor
resultado 10 cm acima da patela no quadríceps esquerdo, com ganho de 2,5%. A voluntária 3, que realizou CVM
associada à Corrente Russa, alcançou melhor efeito 15 cm acima da patela no quadríceps esquerdo com 1,02% de
ganho e a voluntária 4, teve melhor resposta 15 cm acima da patela no quadríceps direito, com 2,17% de incremento.
Dentre as quatro voluntárias, a que obteve melhor resposta ao tratamento foi a voluntária 1, com ganho percentual de
1,38% a 10 cm, 4,54% a 20cm no quadríceps direito e 5,5% a 10 cm, 5% a 15cm e 4,65% a 20 cm acima da patela no
quadríceps esquerdo (tabela 1). Este dado foi inesperado, alertando-se para o fato de que cada indivíduo possui
particularidades genéticas que interferem no ganho de massa muscular, tais como: espessura da camada adiposa, número
de fibras musculares, tônus muscular basal, entre outros (Oliveira et al., 2009). Sendo o ponto motor do quadríceps
situado mais entre 10 e 15 cm acima da patela do que a 20 cm, ocorre uma contração mais vigorosa neste local e o
ganho de trofismo é favorecido. Isso pode justificar os achados deste estudo, onde o incremento da perimetria foi maior
nos pontos 10 e 15 cm acima da patela. Os achados aqui encontrados só foram favoráveis em relação ao trofismo (tabela
2), mas que não foram satisfatórios por apenas demonstrar alteração em uma das quatro voluntárias, sendo esta apenas
no quadríceps esquerdo a 10 e 15 cm acima da patela. Não podemos atribuir esse fato ao número de sessões, uma vez
que outros trabalhos, que utilizaram 10 intervenções, obtiveram bons resultados no incremento de força e trofismo, tal
como Briel et al (2003). Mas, não descartamos a possibilidade de se aumentar o número de sessões, fazendo um maior
intervalo entre elas.
Durante a pesquisa, foi vista a escassez de publicações de artigos científicos que utilizaram a Corrente Russa como
procedimento para ganho de trofismo e melhora da flacidez muscular de quadríceps. Recomendamos aumentar o
número de sessões e voluntárias para constatar, de fato, se a Corrente Russa isolada (apenas Corrente Russa) ou
associada à contração voluntária, utilizando os parâmetros escolhidos, proporciona mudança sobre flacidez muscular de
quadríceps e assim, aumento de trofismo de maneira significativa.
Agradecimentos
Agradecemos ao CNPq, CAPES e FACEPE pelo suporte financeiro.
Referências
1. Agne JE, Eletrotermoterapia: Teoria e Prática. RS, Ed. Orium Editora e Comunicações Ltda, 2007.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
2. Borges FS, Souza FB, Oliveira JTM, Evangelista AR. Paramêtros de modulação na eletroestimulação neuromuscular
utilizando corrente russa. Rev. Fisioterapia Ser. 2007, Ano 2 – nr 1 – Jan/Fev/Mar. < http://www.prof
fabioborges.com.br/artigos/parametros_modulacao_eenm_corrente_russa_parte1.pdf> 30 Out. 2013. DOI: inexistente
3. Brasileiro, JS, Savini TF. Limites da estimulação elétrica neuromuscular no fortalecimento de músculos esqueléticos
saudáveis e com déficit de força. Fisioterapia Brasil. 2004; 5(3):224. < http://bases.bireme.br/cgibin/wxislind.exe
/iah/onl ine/> 30 Out. 2013. DOI: lilacs/384361
4. Briel AF, Pinheiro MF, Lopes LG. Influência da corrente russa no ganho de força e trofismo muscular dos flexores do
antebraço não dominante. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, 2003, 7(3): 205-210. < http://revistas.unipar.br/saude/article
/view/1083> 30 Out. 2013. DOI: unipar/1083
5. Cansian C, Canfild MR. Avaliação do torque isocinético da musculatura extensora do joelho com hemiparesia
espástica em indivíduos com diagnóstico de AVC-I crônicos submetidos à aplicação de EENM de média frequência.
[Monografia do curso de Fisioterapia da Faculdade de Educação Física e Fisioterapia]. Passo Fundo (RS): Universidade
de Passo Fundo; 2005.
6. Cuzzolin JS, Ferreira LMN, Cirillo F, Evandro ES, Garcia SLC, Koeke P, et al. Efeitos da estimulação elétrica
neuromuscular associada ou não a exercícios de contração muscular voluntária máxima. Fisioterapia Brasil. 2005; 6 (3):
186-191. < http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/onl ine/> 30 Out. 2013. DOI: lilacs/491217
7. Delitto A, Snyder-Mackler L. Two theories of muscle strength augmentation using percutaneous electrical
stimulation. Phys Ther 1990; 70:158-64 < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2406766> 30 Out. 2013. DOI: PMID/
2406766
8. Lopes SC, Brongholi K. A utilização da corrente russa no tratamento da flacidez muscular abdominal. Santa Catarina;
2004.
9. Domingues WP, Moura TC, Onetta CR, Zinezi G, Buzzanello RM, Bertolini FRG. Efeitos da EENM associada à
contração voluntária sobre a forçade preensão palmar. Fisioterapia em Movimento 2009, jan. / mar; 22 (1): 19-25.
<http://www2.pucpr.br/reol/index.php/rfm?dd1=2606&dd99=view>. DOI: Inexistente.
10. Portela WS. Análise da eficácia da corrente russa direcionada à impulsão vertical de jovens atletas do voleibol.
Cascavel, 2006. http://www.yumpu.com/pt/document/view/12856883/12-wagner-da-siva-portela-analise-da-eficacia-dafag. DOI: Inexistente.
Tabela 1. Perimetria do quadriceps antes e após a estimulação com a corrente russa
ANTES
DEPOIS
TEMPO (minutos)
10
15
20
10
15
INDIVÍDUO 1 D
36
41 44
36,5 41
E
36
40 44
38
42
INDIVÍDUO 2 D
40
43 46
40
43
E
40
44 46
41
44
INDIVÍDUO 3 D
46
50 55
46
50
E
46
49 53
46 49,5
INDIVÍDUO 4 D
43
46 49
43
47
E
44
47 49
44
47
Abreviações: D, Direito; E, Esquerdo.
Tabela 2. Força muscular do músculo quadríceps antes e depois da estimulação russa
ANTES
DEPOIS
TEMPO (minutos)
10
10
INDIVÍDUO 1 D
4
4
E
4
4
INDIVÍDUO 2 D
4
4
E
4
4
INDIVÍDUO 3 D
4
4
E
4
4
INDIVÍDUO 4 D
4
4
E
4
4
Abreviações: D, Direito; E, Esquerdo.
%GANHO
20
46
45
46
47
55
53,5
50
50
10
15
1,38%
0%
5,55%
5%
0%
0%
2,5%
0%
0%
0%
0% 1,02%
0% 2,17%
0%
0%
20
4,54%
4,65%
0%
2,17%
0%
0,94%
2,04%
2,04%
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