O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO AOS ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NA ESCOLA ANTÔNIO JOÃO RIBEIRO, EM ITAPORÃ-MS. Juliana dos Santos* Josélia Ferraz Soares** RESUMO: Este trabalho registra aspectos de uma pesquisa que objetivou analisar como estão sendo atendidos os alunos com deficiência intelectual (DI) na rede pública de ensino, tendo como referência a Escola Estadual Antonio João Ribeiro em Itaporã-MS, com vistas à inclusão de alunos com DI no ensino regular. O estudo foi constituído a partir de uma pesquisa bibliográfica e de campo sobre a área da deficiência intelectual, sendo que a campo verificam-se as estratégias e recursos utilizados pelos professores no processo de ensino/aprendizagem desses alunos. Embora a deficiência intelectual seja um desafio no ensino escolar em face de seu objetivo curricular, tanto na sala de aula comum, quanto no atendimento educacional especializado, é possível estabelecer um contexto pedagógico prolífero tendo em vista os objetivos educacionais de desenvolvimento pessoal e formação acadêmico-profissional, cultural e social. Acima de tudo é fundamental ressaltar que a didática no ensino do aluno com DI precisa ser específica não só em relação às peculiaridades do quadro da deficiência, como também em relação à individualidade de cada sujeito. Em virtude dessas considerações, vale ratificar que, mesmo que a DI não permita reversão completa, uma vez que consiste em um prejuízo cognitivo, avanços escolares são possíveis. ABSTRACT: This paper reports aspects of a research that aimed to analyze how they are being treated students with intellectual disabilities (ID) in the public school system , with reference to the State School Antonio João Ribeiro in Itaporã -MS, with a view to inclusion of students with ID in mainstream education. The study was made from a literature search and field over the area of intellectual disability , and the field check the strategies and resources used by teachers in the teaching / learning process of the students . While intellectual disabilities is a challenge in school education in the face of their curricular goal in the common classroom , and in the specialized educational services , it is possible to establish a prolific teaching context in view of the educational goals of personal development and academic- training professional, cultural and social . Above all it is important to point out that the didactic teaching of students with DI needs to be specific not only in relation to disability Frame peculiarities , but also in relation to the individuality of each subject. In view of these considerations , it confirm that even if the ID does not allow complete reversal since it consists of a cognitive impairment , school improvements are possible. KEYWORDS: Intellectual Disabilities, Specialized Care, Inclusion. PALAVRAS-CHAVE: Deficiência Intelectual, Atendimento Especializado, Inclusão. INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 1 INTRODUÇÃO Um dos desafios do sistema educacional é garantir educação a todos, independente de gênero, raça ou cultura, pois a inclusão deve se estender a todos e não apenas pessoas com deficiência. Por isso não basta apenas matricular os alunos na escola regular, eles precisam de suporte para que possam ter uma formação cidadã. A inclusão, na perspectiva de um ensino de qualidade para todos, exige da escola brasileira novos posicionamentos que implicam num esforço de utilização e reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e para que os professores se aperfeiçoem, adequando ações pedagógicas à diversidade dos aprendizes. (SCHNEIDER, 2004, p 1). A pesquisa é relevante, pois através da mesma podemos verificar as estratégias utilizadas pelos professores no processo de ensino dos alunos com deficiência intelectual (DI), para constatar de que forma o método reflete no dia-a-dia dos alunos e se está sendo eficaz para o desenvolvimento de sua aprendizagem. Também podemos analisar como o professor vai proceder à aprendizagem com esses alunos especiais, de que forma utiliza os recursos pedagógicos para trabalhar. Segundo Brasil (1996, p 21), "entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais." Assim sendo a escola deve se organizar conforme as necessidades do aluno, oferecendo-lhe possibilidades de aprendizagem. A pesquisa será realizada na escola da rede estadual de ensino de Itaporã-MS, escola Antônio João Ribeiro. A escolha do tema se deve ao interesse em saber como estão acontecendo os processos de inclusão na escola de ensino regular, como os alunos com deficiência intelectual estão sendo recebidos, e a existência da sala de recursos multifuncional, está ou não adequada para receber alunos especiais. 1) EDUCAÇÃO ESPECIAL A educação especial teve início no século XVI com um processo lento em busca de direitos, no entanto em uma sociedade excludente onde a educação formal ainda era direito de poucos. Assim, sem nenhum direito a educação as pessoas especiais, os desviantes como eram considerados, recebiam apenas cuidados assistenciais, de sua família, asilos, manicômios, hospitais entre outras instituições de cuidados. Em linhas gerais, com a escolaridade obrigatória em meados do século XIX, foram criadas as classes separadas nas escolas públicas, conhecidas também como classes especiais. Segundo Aranha (2000, apud MENDES 2010), assinala essa etapa como a da institucionalização, a qual baseava-se na crença de que as pessoas com deficiência INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 2 teriam melhor cuidado e proteção ao ficarem em um ambiente excretado e feito a parte da sociedade. Se por um lado a segregação para melhor atendimento das necessidades especiais, por outro lado a construção de um sistema educacional geral em prol dos direitos humanos. Foi basicamente na década de 60 que iniciaram-se os movimentos de integração, de acordo com Bailey e Winton (1989, apud MENDES 2010), "deve ser visto como ponto positivo a oportunidade ímpar que alunos sem deficiência teriam em aprender sobre as diferenças, desenvolvimentos, entendendo de que cada pessoa possui potencialidades e limitações". No decorrer da década de 70, em passagem com o princípio de normatização (todos tem direitos e devem ser tratados como seres humanos), ocorre uma mudança onde alunos especiais passam a ser integrados nas escolas de ensino regular, mais ainda ficam restritos a salas de recursos. Somente no ano de 1990, juntamente ao marco que buscava uma sociedade democrática, passou-se a se considerar de fundamental importância à educação inclusiva (assim chamada até hoje no Brasil) principalmente após a “Conferência Mundial de Educação para Todos” ocorrida na Tailândia. Sendo que, tal conferência foi considerada marco mundial, assegurando o direito de todos a uma educação de qualidade. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996, p 43). Convém resaltar também, um dos documentos mais importantes que visam à inclusão de pessoas com necessidades especiais na educação, que é a Declaração de Salamanca, documento elaborado na Conferência Mundial sobre Educação Especial, em Salamanca, na Espanha, em 1994, com o objetivo de fornecer diretrizes básicas para a formulação e reforma de políticas e sistemas educacionais de acordo com o movimento de inclusão social. É importante elencar que atualmente um dos desafios do sistema é garantir educação a todos, não considerando diferença entre gênero, raça ou cultura, pois a inclusão deve abarcar a todos. Por outro lado, não basta apenas matricular os alunos na escola regular, eles precisão de suporte para que tenham uma formação cidadã. [...] às diversas dificuldades de seus alunos, acomodando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem e assegurando uma educação de qualidade para todos mediantes currículos apropriados, modificações educacionais, estratégias de ensino, recursos e parcerias com suas comunidades. A INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 3 inclusão, na perspectiva de um ensino de qualidade para todos, exige da escola brasileira novos posicionamentos que implicam num esforço de utilização e reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e para que os professores se aperfeiçoem , adequando ações pedagógicas à diversidade dos aprendizes. (SCHNEIDER, 2004, p 1). Sendo assim, incluir alunos com necessidades especiais é dever do Estado, assegurado pela Constituição Federal, segundo Mantoan (2001), a inclusão não é simplesmente inserir uma pessoa na sua comunidade e nos ambientes destinados a sua educação, saúde, lazer, trabalho. Incluir implica acolher a todos os membros de um dado grupo, independente de suas peculiaridades, é considerar que as pessoas são seres únicos diferentes uns dos outros, e, portanto, sem condições de serem categorizadas. 2) ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO No texto das Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica, encontra-se o conceito desse serviço de apoio a inclusão, pelo qual deve ser desenvolvido o atendimento educacional especializado (AEE) na escola, envolvendo-se professores com diferentes funções: Salas de Recursos: serviço de natureza pedagógica, conduzido por professor especializado, que suplementa (no caso dos supervisionados) e complementa (para os demais alunos) o atendimento educacional realizado em classes comuns [...] Esse serviço realiza-se em escolas, em local dotado de equipamentos e recursos pedagógicos adequados às necessidades educacionais especiais dos alunos, podendo estender-se a alunos de escolas próximas, nas quais ainda não exista esse atendimento. Pode ser realizado individualmente ou em pequenos grupos, para alunos que apresentem necessidades educacionais especiais semelhantes, em horário diferente daquele em que frequentam a classe comum [...]. (BRASIL, 20001, p 50). Segundo Fávero, Pantoja e Mantoan (2007), o atendimento educacional especializado, é realizado mediante a atuação de profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, do sistema Braille, do Soroban, da orientação e mobilidade, das atividades de vida autônoma, da comunicação alternativa, do desenvolvimento dos processos mentais superiores, dos programas de enriquecimento curricular, da adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, da utilização de recursos ópticos e não ópticos, da tecnologia assistiva e outros. Para Fávero, Pantoja e Mantoan (2007), Sabendo que o AEE não substitui o ensino regular, mas acrescenta conhecimentos no aprendizado do aluno. É direito de todo aluno, mesmo que apresente altas espeficidades, ou seja características diferentes da INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 4 maioria, conviver com a sua geração, sendo que o espaço privilegiado para que isso ocorra é a escola. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1994), o Atendimento Educacional Especializado será feito em classes, escolas, ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. A Constituição Federal (1988), permite que o AEE seja oferecido fora da rede regular de ensino, em outros estabelecimentos, já sua função é complementar o ensino da rede regular. O atendimento oferecido não substitui o prestado em sala de aula (ensino regular), o AEE só poderá ocorrer mediante aceitação da pessoa com deficiência ou de seu responsável o qual não é obrigado a aceitar esse atendimento. Esse atendimento não constitui um sistema paralelo de ensino, com seus níveis e etapas próprias. A educação especial deve estar sempre presente, complementando a educação básica e superior para os alunos com deficiência que dela necessitam. Sendo assim, como nos mostra Batista e Mantoan (2006), o atendimento é complementar e envolve um trabalho diferenciado da escola comum, ou seja, o trabalho é voltado exclusivamente para a especialidade de cada aluno, devendo propiciar o desenvolvimento e a superação daquilo que lhe é limitado, por isso ganha o nome de "atendimento", pois se diferencia (da escola regular) também na forma de metodologia adotada pelo professor. O atendimento educacional especializado não deve ser uma atividade que tenha como objetivo o ensino escolar especial adaptado para desenvolver conteúdos acadêmicos, tais como a língua portuguesa, a matemática dentre outros [...] o atendimento educacional especializado pode desenvolver o conhecimento que permite ao aluno a leitura, a escrita e a quantificação, conforme a necessidade e interesse de cada um, sem o compromisso de sistematizar essas noções, como é o objetivo da escola. (BATISTA & MANTOAN, 2006, p126). Em casos de alunos com deficiência intelectual, é comum a passividade e dependência para com o professor, ao qual consente o poder de todo o saber, no entanto, o professor especialista deve desafiar o desenvolvimento de seu aluno, permitindo que o mesmo saia da condição de não saber ou recusa do saber, para que possa se apropriar de um saber próprio, que tenha consciência de que o construiu. Para Batista e Mantoan (2006), na sala de AEE deve-se também, dar atenção especial para a formação das turmas, as quais devem ser heterogêneas, pois a aprendizagem cooperativa é essencial para novas descobertas dos alunos, entretanto, diferenciam-se as patologias, porém a faixa etária deve ser a mesma. INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 5 O tempo definido ao atendimento é variável para cada caso, dependendo das necessidades e dos avanços dos alunos, que passam por uma avaliação para entrar no AEE e outra para que possam se desligar do mesmo. Sobre as avaliações, vale dizer que tem como objetivo conhecer o ponto de chegada e de partida do aluno, no processo de conhecimento, lembrando que no atendimento educacional especializado o aluno constrói conhecimento para si mesmo, sendo fundamental para que consiga alcançar o conhecimento acadêmico. Assim, espera-se que a escola que possui o atendimento especializado, cumpra as normas, organize as situações de aprendizagem considerando as diferenças dos alunos para atender de forma ideal, podendo contribuir no desenvolvimento destes, independente de limites ou dificuldades, garantindo a participação de todos em toda e qualquer prática educativa. 2.1) DEFICIÊNCIA INTELECTUAL A deficiência intelectual (DI), tem como característica o prejuízo cognitivo, ou seja, possuem um atraso em seu desenvolvimento intelectual mostrando maiores dificuldades na construção do conhecimento, se diferencia das demais deficiências, pois nela não se considera a pessoa incapaz, pois as limitações se modificam conforme a medida de empenho. É importante destacar o que a Associação Americana de Retardo Mental AAMR, considera que: Uma incapacidade caracterizada por importantes, tanto no funcionamento intelectual quanto no comportamento adaptativo, está expresso nas habilidades adaptativas conceituais, sociais e práticas. Esta incapacidade tem início antes dos 18 anos. (AAMR, 2006, p 33-34). Cabe salientar que a partir de 2007, a AAMR passou a ser denominada Associação Americana de Deficiência Intelectual e de Desenvolvimento - AAIDD, sendo assim em seu novo manual de 2010, o termo retardo mental foi substituído por deficiência intelectual, no entanto sua definição continua a mesma. A inclusão escolar traz como alvitre beneficiar a emancipação intelectual através do anexo de novos conhecimentos de acordo com a hipótese de estender o que já se conhece, beneficiando o desenvolver-se geral e não somente os restringir a superação das dificuldades. Os obstáculos e possibilidades de ampliação educacional do aluno DI não requerem amplas operações em semelhança à prática pedagógica na escola regular e sim exige grande atenção na atuação do educador em analogia a seus objetivos e habilidades para que se possa cumprir algumas metas com seu aluno especial. Assim qualquer currículo regulado nesse primórdio constitui "[...] um currículo popular aos alunos que afirme INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 6 um ensino de nível variado e dê a todos, independente de nível brechas positivas nas atividades da classe" (POTER, 1997, p 44). O currículo separa os conteúdos escolares designados para cada disciplina, determinando quais disciplinas são lecionadas em cada série e que conteúdos cada disciplina deve abordar. Essa estruturação fragmenta o conhecimento, uma vez que aborda isoladamente e de forma desconexa partes interligadas do saber, sendo assim compreende: O concomitante de diversas formas de aprendizagem, que são determinadas pelo procedimento exigido para escolarização, também, ainda valores, comportamentos, atitudes que adquirem na vida diária, na troca de cultura na interação entre professor, alunos e comunidade escolar, no intervalo escolar e em todas as atividades que ocorrem em sala que dominamos ora currículo real ora currículo oculto” (LIBÂNEO, 2004, p 174). No entanto, pode-se enxergar alguns bloqueios em relação ao planejamento de aula organizado pelos professores como proposta de trabalho, que podem por sua vez ter a capacidade de intervir na construção da identidade na visão de comunidade escolar. Assim sendo, é possível ponderar que os maiores obstáculos são provenientes da má formação enquanto graduação e também enquanto continuada, nesta área, mostrando que: [...] os professores encontram grandes dificuldades em assumir as novas propostas curriculares postas pelo chamado Movimento de Renovação pedagógica e também pelos documentos emanados do MEC, em virtude de sua trajetória escolar, de sua formação profissional e também suas apresentações e concepções acerca da escola e do currículo. (SANTOS, 2006, p 161). Pletsh (2009), destaca o regulamento a alertar a ideia de que deficiência intelectual é permanente, mais já se sabe que a deficiência tem alterações conforme seu tratamento, apoios e suportes recebidos pelo aluno. Sendo assim, nesse âmbito "inclusão" não é a simples colocação do aluno em sala de aula, mas inclui a tentativa de mudanças na definição de concordância das diferenças e respeito a diversidades nela presente. Para que verdadeiramente se insira a inclusão é preciso dar oportunidade de diferentes fazeres pedagógico com urgência, adequando-o a necessidade do aluno com fazeres diversificados que atendam a necessidade desse aluno. Os alunos com DI precisam de atividades readequadas, que não fujam das atividades regulares, pois só assim se estabelecerá a inclusão em seu favor permitindo-lhe superar desafios existentes na deficiência. Contudo, a escola regular, em todas as suas modalidades de educação precisa ser inclusiva, devendo fazer com que o aluno venha a ganhar autonomia e adquirir INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 7 capacidade para frequenta-la, pensando na sua aprendizagem e melhor desenvolvimento em atividades provenientes do dia-a-dia. No momento em que as escolas regulares possibilitarem condições adequadas e próprias que deem qualidade de ensino aos alunos com deficiência, poderá se dizer que realmente existem escolas regulares inclusivas. 3) A PESQUISA O local de pesquisa é uma Escola de rede Estadual, (Escola Estadual Antonio João Ribeiro), no município de Itaporã-Ms, foi escolhida por sua grande abrangência no atendimento aos alunos com deficiência intelectual, também por apresentar sala de recurso multifuncional para que os alunos possam ser atendidos em período oposto as aulas regulares. A pesquisa foi realizada através de questionários, entrevistas, por meio de diálogos, observação entre outros, onde foram montados roteiros para os questionamentos realizados com cada pessoa, pois os entrevistados (professor, aluno, coordenação e direção) têm diferentes funções dentro da escola. Sendo assim, foram entrevistados distintos gêneros, se tratando de idade, sexo e função. 3.1) ENTREVISTA AOS PROFESSORES: 3.1.1) MÉTODOS (RECURSOS) UTILIZADOS PELAS PROFESSORAS PARA TRABALHAR COM ALUNOS ESPECIAIS: Das entrevistadas, pode-se perceber que o método mais utilizado com seus alunos são os jogos (25%), também foi destacada a importância da música e das atividades escritas (9%) e algumas ainda disseram trabalhar de forma um pouco distinta das demais, utilizando métodos distintos. INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 8 Gráfico 3.1.1 Atividdades Escritas 8% 9% Jogos 8% 8% Vídeos 25% Música 8% 8% Atividade Diferenciada 9% Contação de Histórias 8% 9% Recorte e Colagem Pintura Met Organizado Auto Estima Fonte: Própria pesquisadora A inclusão, na perspectiva de um ensino de qualidade para todos, exige da escola brasileira novos posicionamentos que implicam num esforço de utilização e reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e para que os professores se aperfeiçoem, adequando ações pedagógicas à diversidade dos aprendizes. (SCHNEIDER, 2004, p 1). 3.1.2) DIFICULDADES ENCONTADAS TRABALHAR COM ALUNOS ESPECIAIS: PELAS PROFESSORAS PARA Conforme entrevista, a maior dificuldade das professoras é a falta de participação dos pais (40%), também foram citados a evasão dos alunos, as parcerias com psicólogos e fonoaudiólogos e a oscilação de comportamento, uma vez que a educação é um processo continuo e permanente, necessitando assim da frequência de todos os indivíduos atuantes neste processo. INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 9 Gráfico 3.1.2 Falta de participação da família Evasão dos alunos 20% 40% Parceria com psicologos e fonoaudiólogos 20% 20% Oscilação do comportamento do aluno Fonte: Própria pesquisadora É preciso modernizar e diversificar, para que seja possível atender as diferentes necessidades de aprendizagem de alunos com Deficiência Intelectual, sendo a falta de participação da família a maior dificuldade encontrada pelos professores, é importante lembrar que: A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996, p 43). 3.1.3) FORMA DE AVALIAÇÃO UTILIZADA PELAS PROFESSORAS: Segundo as entrevistadas, a avaliação é feita por todas de forma continua (67%) focando sempre na potencialidade e nos conhecimentos adquiridos pelos alunos, com exceção de uma professora que além de avaliar no dia-a-dia, observa o comportamento (16%) e também com atividades escritas (17%). Gráfico 3.1.3 Contínua (dia-a-dia) 17% Observação do comportamento 16% 67% Atividades escritas Fonte: Própria pesquisadora INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 10 A avaliação contínua é considerada um método de avaliação onde o aluno é avaliado por inteiro, ou seja, a avaliação não deve acontecer somente ao final de um bimestre através das famosas provas bimestrais. É preciso que o processo de avaliação seja constante, durante a interação entre professor e aluno. O concomitante de diversas formas de aprendizagem, que são determinadas pelo procedimento exigido para escolarização, também, ainda valores, comportamentos, atitudes que adquirem na vida diária, na troca de cultura na interação entre professor, alunos e comunidade escolar, no intervalo escolar e em todas as atividades que ocorrem em sala que dominamos ora currículo real ora currículo oculto” (LIBÂNEO, 2004, p 174). 3.2) ENTREVISTA AOS DIRETORES E COORDENADORES: 3.2.1) POSSUI UM PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO MODIFICADO E COM OLHAR INCLUSIVO: Na entrevista com direção e coordenação, quando questionados sobre o Projeto Político Pedagógico, ambos (100%) responderam que a escola possui um Projeto Político Pedagógico modificado com olhar inclusivo e "possui referência a sala de recursos multifuncionais e aos professores itinerantes que atendem os alunos especiais. Gráfico 3.2.1 0% Sim Não 100% Fonte: Própria pesquisadora Para Mantoan (2001), para transformar a escola em uma perspectiva inclusiva, faz-se necessário repensá-la tendo como ponto central o ensino para todos, reestruturá-la pedagogicamente com base nos princípios do diálogo, da cooperação, da solidariedade, da criatividade e do espírito crítico, fundamentos indispensáveis para uma verdadeira cidadania, liberdade para aprender e ensino não segregativo, valorização e formação continuada dos professores para que possam estar aptos para atender a diversidade da sala de aula. INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 11 3.2.2) REALIZA FORMAÇÃO CONTINUADA PARA SEUS PROFESSORES? QUANTAS VEZES NO ANO: Sabendo que a formação continuada é de suma importância para melhora da prática docente, quando abordados sobre a oferta, coordenadores e diretores responderam em sua maior parte que (67%) são realizadas duas ou mais formações, e a menor parte (33%) declarou realizar em média 4 formações anuais. Gráfico 3.2.2 Sim. Duas ou mais 33% 67% Sim. Em média 4 vezes no ano Fonte: Própria pesquisadora A coordenação pedagógica tem a responsabilidade de dirigir o processo pedagógico da escola, buscando integrar os envolvidos neste processo educacional, atuando como agente da inclusão, orientando seus professores para melhor qualidade de ensino em uma perspectiva de inclusão. [..] estratégias de ensino, recursos e parcerias com suas comunidades. A inclusão, na perspectiva de um ensino de qualidade para todos, exige da escola brasileira novos posicionamentos que implicam num esforço de utilização e reestruturação das condições atuais, para que o ensino se modernize e para que os professores se aperfeiçoem , adequando ações pedagógicas à diversidade dos aprendizes. (SCHNEIDER, 2004, p 1). 3.2.3) REALIZA REUNIÕES PEDAGOGICAS? COM QUE FREQUENCIA: Sabendo da importância das reuniões pedagógicas, obtiveram diferentes respostas, de acordo com os entrevistados (40%) realiza de 1 (uma) a 2 (duas) reuniões ou quando há necessidade, em menor parte (20%) respondeu-se realizar apenas 1 (uma) reunião bimestralmente. INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 12 Gráfico 3.2.3 1 ou 2 vezes por bimestre 40% 40% 1 por bimestre De acordo com a necessidade 20% Fonte: Própria pesquisadora De acordo com Libâneo (2004), a gestão é a atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para se atingir os objetivos da organização, sendo esta organização uma unidade social que reúne pessoas que interagem entre si e que opera através de estruturas e processos organizativos próprios, a fim de alcançar os objetivos da instituição. 3.2.4) EM RELAÇÃO AOS ALUNOS NO AEE, SÃO FREQUENTES OU APRESENTAM RÁPIDA EVASÃO: Sobre a evasão dos alunos, os diretores e coordenadores em sua maioria (50%) disseram ser raras exceções de evasão, sendo que os outros (25+25%) 50% afirmaram que os alunos do AEE em sua maioria apresentam ótima frequência, sendo que apreciam as aulas complementares. Gráfico 3.2.4 Ótima Frequência 25% 25% 50% Maior parte é frequênte Raras exceção de evasão Fonte: Própria pesquisadora É preciso reverter a evasão, que muitas vezes acontece com alunos especiais, ocasionada talvez pela maneira de como está se fazendo a inclusão desses alunos na sala de aula e na escola. Para Batista e Mantoan (2006), na sala de AEE deve-se também, dar atenção especial para a formação das turmas, as quais devem ser heterogêneas, pois a INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 13 aprendizagem cooperativa é essencial para novas descobertas dos alunos, entretanto, diferenciam-se as patologias, porém a faixa etária deve ser a mesma. 3.3) ENTREVISTA AOS ALUNOS: 3.3.1) FAIXA ETÁRIA DOS (AS) ALUNOS (AS) ENTREVISTADOS: Pode-se perceber que a sala é heterogênea em relação à idade dos alunos, o que por sua vez influencia de maneira assertiva no processo de aprendizagem dos mesmos, sendo que a maior parte dos alunos (34%) tem 13 anos seguidos dos (22%) alunos com 12 anos, e por fim (44%) aparecem os demais com idades diferenciadas, sendo 9, 10, 11 e 14 anos. Gráfico 3.3.1 9 anos 11% 11% 11% 11% 34% 22% 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos Fonte: Própria pesquisadora Batista e Mantoan (2006) mostram que a sala do AEE deve-se também dar atenção especial para a formação das turmas, as quais devem ser heterogêneas, pois a aprendizagem cooperativa é essencial para o desenvolvimento da aprendizagem e também para o processo de inclusão. Para Mantoan (2001), a inclusão total e irrestrita é uma ótima oportunidade que temos de reverter a situação da maior parte de nossas escolas, as quais atribuem aos alunos as deficiências que são do próprio ensino ministrado dentro delas, sempre se avalia o que o aluno aprendeu, o que ele deixou de aprender, mas raríssimas vezes se analisa o que e como a escola ensina, de modo que os alunos não sejam culpabilizados pela repetência, evasão, discriminação, exclusão, etc. 3.3.2) GOSTA DE PARTICIPAR DA SALA DE RECURSOS E DAS ATIVIDADES REALIZADAS: INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 14 Conforme representação gráfica com base nas respostas dos alunos entrevistados, podese notar que a maioria (78%) gosta de participar e fazer as atividades propostas na sala de recursos (AEE), e apenas (22%) alguns alunos, sendo minoria não gostam de algumas atividades feitas neste atendimento. Gráfico 3.3.2 22% Sim 0% Não As Vezes 78% Fonte: Própria pesquisadora O preferencialmente refere-se a “atendimento educacional especializado”, ou seja, o que é necessariamente diferente no ensino para melhor atender às especificidades dos alunos com deficiência. Abrange, sobretudo, instrumentos necessários à eliminação das barreiras naturais que as pessoas com deficiência têm para relacionar-se com o ambiente externo. Exemplos: o ensino da língua brasileira de sinais (Libras) e do código braile e o uso dos recursos de informática e de outras ferramentas e linguagens que precisam estar disponíveis nas escolas ditas regulares (MANTOAN, 2007, p. 27). 3.3.3) QUAL A MATÉRIA EM QUE SENTE MAIOR DIFICULDADE: Em relação aos alunos entrevistados, pode-se perceber que a sala em si, apresenta dificuldade em língua portuguesa ou matemática, sendo que com pouca diferença (56%) matemática está à frente de língua portuguesa (44%), nas dificuldades apresentadas pelos alunos. Gráfico 3.3.3 44% 56% Língua Portuguesa Matemática Fonte: Própria pesquisadora 3.3.4) EXISTE ALGO QUE NÃO GOSTE NA ESCOLA: INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 15 Dos entrevistados, a maioria (56%) disse não ter nada que necessariamente não gosta na escola, outros (22%) contaram sofrer "ofensa e desrespeito" por parte de alguns alunos da escola, por fim os demais (22%) se dividiram e disseram ter certa empatia pelo parquinho e fazer cópias do quadro. Gráfico 3.3.4 Sim (ofensas e desrespeito) 22% 56% 11% Sim (fazer cópias) Sim (parquinho) 11% Não Fonte: Própria pesquisadora CONSIDERAÇÕES FINAIS Muito se avançou no processo de inclusão, embora muito ainda se falta avançar, muitas conquistas e direitos foram adquiridos para essas pessoas. A luta é continua, não se pode desistir. A cada dia que passa mais se avança nesse processo, mais pessoas entram nessa luta, mais alunos se beneficiam do que lhes é de direito - um olhar diferenciado, sendo que a educação inclusiva se apoia na premissa de que é preciso olhar para o aluno de forma individualizada e colaborativa, contemplando suas habilidades e dificuldades no aprendizado em grupo, são indivíduos que precisam apenas de um empurrãozinho, pois estão prontos para voar. Todos são responsáveis pela inclusão, tanto a escola como a sociedade de um modo geral. Os cidadãos que participam da sociedade organizada têm que estar atentos para a observância do cumprimento da lei da inclusão. É preciso fazer valer os direitos adquiridos pelas pessoas com necessidades especiais. Ao decorrer da pesquisa foi possível constatar que os alunos que frequentam o AEE são atendidos com didáticas específicas, exatamente porque cada aluno tem suas especificidades no processo de aprendizagem. O Trabalho com esse aluno começa a ser feito a partir de um diagnóstico inicial e o atendimento especializado ocorre em horário contrário aos da sala de aula. Observa-se que na instituição pesquisada as professoras atuantes na sala de recurso multifuncional possuem especialização em educação especial. INTERLETRAS, ISSN Nº 1807-1597. V. 4, Edição número 22, de Outubro/2015 a Março,/ 2016 - p 16 Contudo, foi possível constatar os ganhos significativos para os alunos atendidos no Atendimento Educacional Especializado - AEE, sendo que recebem o atendimento especifico a sua necessidade, respeitando suas diferenças e limitações, realizando assim um processo educativo de compromisso com todos. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE RETARDO MENTAL. Retardo mental: definição, classificação e sistemas de apoio. Tradução de Magda França Lopes, 10 ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. BATISTA, Cristina Abranches Mota & MANTOAN, Maria Teresa Eglér. 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