Roteiro da Aula 9. Nebulosas e a formação de estrelas. Objetivos: Abordar o processo de formação das estrelas, bem como alguns dos mecanismos que operam em seus interiores, apresentando aplicações de diversos princípios físicos, tomando como ponto de partida a análise de imagens de nebulosas. Discutir o processo de geração de energia no interior das estrelas, dando sentido à já familiar equação de Einstein E =m.c 2 e diferenciando fusão nuclear e fissão nuclear. Explorar a estrutura do Sol, aproveitando a abordagem à estrutura estelar para discutir as formas de propagação de energia. Instrumentos: Apresentação de computador, material impresso, computadores com o software SalsaJ instalado, roteiro de atividade. Desenvolvimento: A atividade inicial desta aula é de contato com imagens de nebulosas. Os alunos, divididos em duplas ou trios, recebem uma folha com três imagens – uma de uma nebulosa de formação estelar, uma de uma nebulosa planetária e uma de remanescente de supernova. O papel do professor nesta etapa inicial é de mediador da discussão. Os alunos são convidados a fazer inferências sobre o que cada imagem representa. É comum obter respostas do tipo “é uma nebulosa” simplesmente, ou “é uma estela nascendo”, mas o que se espera desta atividade inicial é familiarizar o aluno com o objeto de estudo e dar significado ao conceito de nebulosa. O fechamento desse momento de reflexão inicial se dá com a explicação de que os três objetos cujas imagens são fornecidas, embora possam ser parecidos, não representam fisicamente a mesma coisa. Pelo contrário, representam coisas bem distintas em termos da evolução estelar e dos processos que lhes originaram. A partir daí se inicia a discussão sobre como surgem as estrelas, de que são feitas e por que emitem luz. Quanto à primeira questão, aborda-se o processo de formação estelar em uma ordem cronológica dos eventos que antecedem o nascimento de uma estrela, mostrando-se imagens de nebulosas de formação estelar. Aborda-se as nuvens moleculares, caracterizando-as e enfatizando que algumas regiões mais frias e densas no interior dessas nuvens é que dão origem à formação estelar. Apresenta-se o processo da formação a partir das flutuações de densidade, seguido pelo colapso da matéria pela ação da gravidade e pela fragmentação, sendo que as flutuações podem ser causadas pela explosão de uma supernova próxima, como ilustra o vídeo que selecionamos para esta aula. Neste vídeo há uma ressalva a ser feita: diferentemente do que é mostrado, à medida em que as estrelas vão se formando, o gás da região de formação vai ficando erodido. O professor deve ser capaz de explicar porque o colapso torna a esfera de gás mais quente, mostrando que há conversão de Energia Potencial Gravitacional em Energia Térmica. Ressalta-se que as estrelas não se formam sozinhas, mas em aglomerados, já que uma das etapas do processo de formação é a de fragmentação da nuvem e que cada fragmento é uma esfera de gás quente em rotação à qual denomina-se protoestrela. A etapa subsequente que o professor deve abordar é a acresção de matéria à protoestrela, que vai fazendo com que a pressão e a temperatura no interior da mesma se elevem. Essa acresção ocorre até determinado ponto, dependente de uma série de fatores. Neste ponto da aula, os alunos certamente estarão se perguntando sobre o processo de formação do Sol. Se a nossa estrela não nasceu sozinha, onde terão ido parar as suas companheiras de formação? De um modo geral as estrelas nascem juntas em um aglomerado aberto, esse processo de separação das estrelas de um aglomerado não é simples de ser abordado, podendo o professor restringir-se a afirmar que as estrelas adquirem energia suficiente para escaparem do campo gravitacional do aglomerado e dispersarem-se pela Galáxia. Assim, salvo alguns exemplares de alta massa que sobrevivem coesos até hoje, a grande maioria dos aglomerados de estrelas que vemos hoje são jovens, com cerca de milhões de anos de idade. O tópico seguinte da aula é a fonte de energia das estrelas, sendo que o professor deve conduzir a discussão questionando o porquê da emissão de luz das estrelas. Sabe-se que a emissão de luz é uma liberação de energia. Essa energia que é liberada tem uma origem específica – as reações termonucleares que ocorrem no caroço (centro) da estrela. No processo de colapso, o centro da protoestrela vai aumentando de temperatura. Dizemos que a protoestrela torna-se uma estrela quando começam a ocorrer as reações termonucleares. O professor deve explicar que para a ocorrência de tais reações é necessária uma temperatura altíssima, na qual as partículas subatômicas já não se encontram mais confinadas no átomo. Daí vem a explicação do que é o processo de fusão nuclear. A grosso modo, pode-se dizer que é a fusão de quatro átomos de Hidrogênio em um átomo de Hélio, mas a apresentação do ciclo próton-próton é bastante razoável a estudantes de Ensino Médio. Claro que não é suficiente dizer apenas o que é a fusão nuclear, pois o essencial é expor que a liberação de energia nesse processo se dá pela diferença entre a massa dos reagentes e a massa do produto na reação. A diferença de massa é convertida em energia de acordo com a equação E =m.c 2 , da qual pode-se inferir que uma pequena massa é convertida numa enorme quantidade energia, pois o fator c² é muito grande. Este ponto dá aula dá margem à discussão sobre Energia Nuclear, frequentemente objeto de interesse por parte dos alunos. Acreditamos que o professor pode e deve sair do campo da Astronomia neste momento da aula para abordar o processo de fissão nuclear e a geração de energia nas usinas, pois é uma oportunidade de esclarecer sobre essa forma de energia que é bastante utilizada no mundo todo, mas pouquíssimo compreendida pela população. A continuidade da aula é a apresentação da situação na qual uma protoestrela não atinge a temperatura mínima para que ocorram as reações de fusão nuclear, tornando-se um objeto denominado anã marrom. É importante salientar que embora a anã marrom não realize fusão nuclear em seu interior, ela emite radiação devido a sua temperatura elevada. Pode-se aproveitar para comentar o fato de Júpiter emitir mais radiação do que recebe do Sol, devido a seu centro ser quente. Neste caso, é preciso expor que Júpiter não é uma anã marrom, pois sua massa é muito menor que a de corpos classificados como tal. Para finalizar este tópico, discute-se a escala de tempo das etapas da formação estelar. Naturalmente que os alunos questionarão o fato de aglomerados estelares com milhões de anos serem considerados jovens e o papel do professor é explicar que a escala de tempo em Astronomia é muito diferente da escala de tempo que adotamos em nossas vidas. O último assunto da aula é a estrutura das estrelas, abordando sucintamente suas camadas, explorando os mecanismos de transporte de energia do caroço estelar para as camadas mais externas. Pode-se associar às formas de propagação do calor abordadas aqui situações cotidianas em que também ocorram condução, convecção e irradiação. Ao apresentar as camadas do Sol e a atmosfera solar, deve-se mencionar o vento solar e também as ejeções de matéria que, inclusive, exercem influência sobre a Terra. Para finalizar a aula sugerimos a realização de uma atividade com o auxílio do software SalsaJ que consiste em determinar as dimensões de uma protuberância Solar. No CD do curso trazemos um roteiro para esta atividade. A atividade, resumidamente, prevê a utilização de ferramenta do software para determinar a área do disco solar em pixels, calcular o raio do mesmo em pixels a partir dessa informação e, por fim, comparar com a dimensão da protuberância, medida em pixels também, com o auxílio da ferramenta de medida. De posse da informação do raio real do Sol, verificar a escala da imagem e obter a dimensão real aproximada da protuberância. Referências: Para saber um pouco mais sobre os tópicos do curso, recomendamos a visita aos seguintes sítios internet: • Nascimento de estrelas – artigo do Observatório Frei Rosário/UFMG • A fonte de energia das estrelas – trabalho do Centro de Ciências da Educação/UFSC • Energia Nuclear – apostila do CNEN • Hipertexto sobre estrutura estelar – OEI/UFRGS