Florescer VIRE AQUI a revista digital da Almeida Flores SETEMBRO DE 2013 / EDIÇÃO DIGITAL Nº 1 Mercado de flores espera movimentar R$ 4,5 bilhões em 2013 Almeida Flores garante estoque até o final do ano Terapia natural: cuidar das plantas faz bem à saúde! Lírio em gotas: técnica egípcia é usada para extrair o aroma das flores VIRE AQUI A primavera chegou no Workshop da Almeida Flores! 3 Pág. 6 O poder das plantas Pág. 9 Pág. 9 Pág. 10 Pág. 17 Pág. 12 Pág. 15 Almeida Flores garante estoque até o final do ano Método usado por egípcios transforma lírios em perfume Setor espera manter crescimento histórico de 12% ao ano em 2013 Téncnica oriental combina filosofia, estética e simplicidade na criação de arranjos Ikebana 2: flores que ajudaram a construir o Japão da paz 4 5 A Jardineira EVENTOS Expofeira 2013 deve reunir 5000 pessoas em Santa Catarina Setembro: mês de negócios com flores... COLUNA DO AUGUSTO AKI Paulo de Siqueira Nos dias 4, 5 e 6 de outubro, em Caçador, Santa Catarina, acontece a Expofeira A Jardineira 2013. O evento, organizado por Adinho Weiler, proprietário da Floricultura A Jardineira, já está na sexta edição e, desde a sua criação, traz ao público caçadorense as novidades do mercado de plantas e flores. Tudo começou há seis anos, quando Weiler procurava alguém que vendesse orquídeas para a sua loja. A busca terminou quando um produtor do Rio Grande do Sul lhe fez a proposta de fornecer as plantas em uma maior quantidade, em sistema de consignação. As que não fossem vendidas, o produtor levaria de volta. Desse pequeno detalhe da vida de Weiler - e muitas vezes a vida se constrói nos pequenos detalhes, é que nasceu a ideia de organizar uma feira. Surgiu então, em 2007, a Expofeira A Jardineira. O Evento, hoje, registra a participação de oito produtores e se estende para áreas como a de móveis, decorações, materiais para jardinagem e pintura. Mas não é só o aumento de produtores e produtos que chama a atenção: também o público, que é de aproximadamente 5 mil pessoas nos três dias do evento, para um município com 60 mil habitantes. São consumidores e comerciantes que visitam a feira, e não apenas de Caçador, mas também de cidades como Joinville, Videira, Rio das Antas, Santa Cecília e Lebon Régis. Além das orquídeas, bonsai, cactos exóticos, flores, plantas ornamentais e móveis rústicos, a feira também apresenta um setor de artesanato, tintas e produtos para jardinagem. O evento encerra no dia 6 de outubro com curso gratuito de orquídea e de bonsai. Serviço: Expofeira A Jardineira 2013 Dias 04, 05 e 06 de outubro de 2013 Telefone para contato: (049) 3563-0993 Rua Paulino Leão, 494 - Vl Paraíso Caçador – Santa Catarina Esse é o mês mais oportuno para o mercado de flores e plantas. Enquanto no dia das mães ou dia dos namorados o público vem até a loja, e os informais e supermercados atacam também as datas, em setembro há inúmeras oportunidades para os empresários mais empreendedores do setor. As oportunidades premiarão os mais ousados: 1. Expoflora – Holambra – pegue carona com a mídia do evento.... 2. Dia do Florista – 2/9 – comemore com a equipe! 3. Crie sua linha de arranjos de primavera – motive o consumidor pela atenção que a mídia em geral dá para a entrada da nova estação... 4. Dia da Secretária (dia 30) – ela é a porta de entrada para as assinatura de flores nas empresas.... um agrado agora pode ajudar muito seu negócio no segmento corporativo. 5. Dia da Amante (dia 23) – os casais casados podem surpreender nessa data, se você fizer alguma promoção bacana e criativa.... 6. Primavera - é a data que mais ocupa a mídia entre as estações do ano.... 7. Fiaflora-SP – evento de paisagismo em SP é ideal para capacitar-se e saber das novidades... 8. Exposição de orquídeas – costumam acontecer por todo o país. Excelente oportunidade para oferta de mudas de orquídeas na loja... 9. Início da safra de aniversários (até novembro) 10. Festas de 15 anos (até novembro) - a maior parte das pessoas faz aniversário entre setembro e novembro, você sabia? 11. Monte um Quiosque temporário em locais de grande circulação ou em empresas – capitalize sobre o interesse pela Primavera!!! Tome iniciativa, tenha resultados e ainda ajude a fixar sua marca para fomentar as vendas de final de ano. Veja mais em: www.negocioscomflores.com.br [email protected] 7 O poder das plantas: da decoração à felicidade Cintia M. de Siqueira Podem as flores e plantas influenciar a psicologia das pessoas, seus estados emocionais e seu bem-estar? A resposta dos especialistas é sim. Podem. “As flores exercem impacto imediato sobre a felicidade, diminuindo os estados de agitação, depressão e ansiedade, o que resulta numa percepção mais apurada de satisfação com a vida”. É o que explica o psicólogo Giordano Cimadon, que complementa: “Estudos mostram que o simples acontecimento de ganhar flores é capaz de causar um impacto emocional extremamente positivo na pessoa presenteada. Mesmo no sujeito passivo, as flores exercem influência positiva. Envolver-se ativamente em situações que en- volvam o cultivo, o cuidado e a manipulação artística das flores pode ser ainda mais benéfico. Não é fácil hoje em dia, nas grandes cidades, cultivar um jardim. Então, a criação frequente de arranjos para enfeitar a casa e o local de trabalho pode ser uma boa alternativa”. Lidar com flores, cultivar um jardim ou criar arranjos florais são ações com efeito terapêutico que intensificam emoções positivas, gerando bem-estar e alegria. Tanto é que o projeto Bosques de Curitiba leva oficinas de jardinagem a meninos e meninas da comunidade, incluindo o Hospital Pequeno Príncipe, onde o plantio de minijardins amplia a consciência ambiental e alivia o sofrimento das crianças. “Elas efetivamente montam um minijardim e enquanto cada uma delas fica aqui internada, elas vêm cuidar “ Quando enfeitamos nossa casa com plantas e flores, estamos enviando uma mensagem de boas-vindas aos nossos visitantes ” todo dia, aguar, tirar a folhinha que está amarelando, e quando elas recebem alta, levam as mudas pra continuar essa história na casa delas. O que a gente faz é um trabalho complementar de estímulo à saúde. Saúde não é só não ter doença. É uma situação de bem-estar geral.”diz Cláudio Teixeira, coordenador do setor de Educação e Cultura do hospital. E dá resultado. A pequena Michele, de 5 anos, internada com suspeita de leishmaniose, gosta de plantar rosas. E a mãe, Lucinéia de Oliveira, percebe o efeito da terapia: “dá pra ver que ela se anima, se interessa, com certeza ajuda na recuperação”. O instrutor da oficina, Ademar Brasileiro, explica: “O fato de ver que uma planta está com pouca água, que ela está murchando, e você coloca água e ela revive, dá esperança, faz com que os pacientes percebam que tudo tem jeito. As plantas, por si só, trazem vitalidade, harmonia, beleza, e quando a gente tem essa relação direta com elas, a gente acaba aproveitando muito mais”. Se as flores e plantas podem ajudar pessoas doentes ou com problemas psiquiátricos como estresse e depressão, podem também transformar nossa casa ou escritório. Por isso são grandes aliadas do Feng Shui. A técnica chinesa criada há mais de 5000 anos considera que tudo é energia, ou Qi. Através de um estudo dos ambientes, o Qi pode ser equilibrado colocando-se o objeto certo no lugar certo para que a energia possa fluir livremente, influenciando o estado de espírito das pessoas. “As plantas trazem a energia do elemento madeira, e por serem um ser vivo, possuem uma energia vital que melhora o nível vibracional do ambiente, trazem vida e alegria. As flores são usadas quando precisamos tornar um ambiente mais alegre e convidativo e as plantas maiores, com caule, usa- 8 mos como correções de energia em determinados setores do local, quando necessário, de acordo com o estudo feito” – explica Clady Sonda, consultora de Feng Shui. Segundo a especialista, plantas pequenas e flores vão bem no hall de entrada e nos banheiros, mas as flores podem ser usadas em qualquer lugar. Apenas as plantas maiores, com caule, possuem restrições: “Quando preciso fazer correção dentro de um local, geralmente uso a fícus por ser uma planta que tem caule e que vai bem em interiores. Em banheiros, gosto de usar o lírio da paz” – diz. Tanto na filosofia oriental como na ocidental, as flores são unanimidade: utilizá-las na decoração da casa pode nos tornar mais felizes e inspirados para agir em busca de nossas metas e objetivos. “É importante destacar que as flores são um símbolo universal de compartilhamento e acolhimento. Quando enfeitamos nossa casa ou o nosso trabalho com plantas e flores, estamos enviando uma mensagem de boas-vindas aos nossos visitantes, clientes e amigos, e também criando um ambiente emocionalmente propício para as emoções positivas como o amor, a alegria, a amizade e o respeito” – conclui Giordano Cimadon. “ As flores exercem impacto imediato sobre a felicidade. ” Almeida Flores fecha acordo em Holambra e garante estoque até o final do ano Paulo de Siqueira Nos dias oito e nove de agosto, representantes da Almeida Flores visitaram seis produtores de flores e plantas em Holambra, São Paulo: Terra Viva, Maggy Flores, Alameda Flores, Van Noije, Eco Flora e Kees. O objetivo da viagem foi negociar as compras para os próximos meses, de agosto a dezembro. Além de garantir o abastecimento, a gerente comercial da Almeida Flores, Eliana Silva, afirma que em negociações antecipadas sempre é possível conseguir bons preços. “Queríamos garantir o abastecimento para o final do ano e gerar economia para nossos clientes, as floriculturas de Curitiba e Região Metropolitana”. A orquídea phalaenopsis foi um dos focos das negociações em Holambra, isso porque a venda dessa espécie cresce mês a mês. Também foi negociado o fornecimento de cyclamen, que floresce no final do inverno e início da primavera. O que mais chamou a atenção da equipe Almeida Flores foi o investimento que os produtores fazem. “Eles estão inovando e crescendo a cada ano, alguns já estão investindo para daqui a dez anos. Eu fiquei muito surpresa em chegar lá e ver o investimento que eles estão fazendo. É estrutura que não acaba mais...”. diz Eliana. 11 Enfleurage: o resgate da técnica egípcia de perfumaria coloca as flores em destaque na insdústria de cosméticos Paulo de Siqueira Um sacerdote egípcio trabalha silenciosamente na elaboração de um perfume à base de lírio. O sagrado unguento será usado pelo grande faraó Ramsés II para ungir seu corpo e realizar, ele e sua esposa Nefertari, a cerimônia ao Deus Sol Amon-Rá, no templo de Abu Simbel. Sim, os perfumes foram muito usados no Egito Antigo. E técnicas refinadas para extrair a essência das flores - matéria-prima dos perfumes, eram profundamente conhecidas por essa misteriosa civilização. A enfleurage, uma das mais antigas técnicas vindas - segundo a aromaterapeuta inglesa Ann Berwick, do Egito Antigo, consiste em um modelo artesanal de “colher” a fragrância das plantas para a fabricação de perfumes. Foi bastante empregada na perfumaria francesa até meados do século XX, onde ganhou o nome atual, mas como se tornou cara demais para a indústria moderna, acabou extinta em todo o mundo. Ou quase... Em 2006, o Grupo Boticário resgatou o método em parceria com a Universidade Estadual de Campinas, São Paulo. O esforço para reviver a antigo procedimento compensou. A essência do lírio, extraída pelo método de enfleurage, é hoje a base do primeiro eau de parfum feminino da marca – o Lily Essence. “O processo foi modernizado. Foi substituído o uso de gordura animal pela vegetal para obter o óleo essencial de lírios vindos de Holambra, em São Paulo” – explica o coordenador do Núcleo de Avaliação de Fragrâncias de O Boticário, Cesar Veiga. Dentro da fábrica, em São José dos Pinhais, foi construído um laboratório específico para o desenvolvimento da “nova enfleurage”. No local, os lírios trazidos pela Almeida Flores chegam ainda em botão e ficam armazenadas até desabrocharem, para que seu perfume seja “capturado”. “A técnica, que possui grande riqueza olfativa, confere a Lily a sofisticação de preservar a essência das flores. É uma fragrância que marca o retorno da magia do fazer artesanal e valoriza a arte contida na rica estrutura de um perfume” – diz Cesar. Extrair o aroma do lírio é uma operação delicada. As pétalas da flor são colocadas em uma caixa de acrílico e expostas a uma fina camada de gordura vegetal, que é aplicada sobre uma placa de vidro. Elas são trocadas a cada dois dias, para que somente as flores frescas fiquem em contato com a gordura, obtendo-se o melhor aroma. “Após um período que varia de 10 a 15 dias, a gordura fica saturada com o perfume das flores. Ela então é lavada com álcool e o material é filtrado, obtendo-se o absoluto da flor de lírio, que é um óleo muito especial e perfumado. Este concentrado é enviado para a produção do Lily Essence.” Para que o processo artesanal seja bem sucedido, é necessário um extremo cuidado no plantio e no transporte da matéria-prima. “Tanto a Almeida Flores, que faz o transporte dos lírios, quanto o produtor, receberam uma especificação que deve ser seguida para garantir o padrão de qualidade exigido por O Boticário, desde o cultivo das flores até o transporte à fabrica em São Jose dos Pinhais” – explica o coordenador. Para cada quilo de absoluto – a essência do lírio, é utilizada meia tonelada de pétalas da flor, o que transforma a questão do transporte em uma parceria fundamental. “As flores são delicadas e perecíveis. Por isso, é muito importante que cheguem frescas e ainda em botões, para que possamos extrair a melhor qualidade do aroma das flores e entregar isso aos nossos consumidores. Todo este processo só é possível com uma relação de parceria e confiança que estabelecemos com os nossos fornecedores. É premissa de O Boticário, em todo o processo de fabricação de fragrâncias, trabalhar com matérias-primas de qualidade. Por isso, a empresa é extremamente criteriosa na escolha de seus parceiros.” - complementa Cesar. Para atender aos padrões de qualidade exigidos pela marca, toda a equipe da distribuidora Almeida Flores envolvida no fornecimento dos lírios precisou passar por um treinamento especial. “Tivemos que nos adequar às normas no transporte das plantas até São José dos Pinhais, na maneira de acondicionar os lírios no caminhão climatizado, e até no momento de entregá-los na fábrica, que exige certos procedimentos do motorista e do entregador. Enfim, os lírios devem estar impecáveis e, principalmente, frescos, para que na extração do aroma, corra tudo bem” - diz Wagner Almeida, proprietário da distribuidora. De gota em gota, a técnica criada pelos egípcios e aperfeiçoa- 13 T écnica japonesa de arte floral faz do mais simples, o mais sofisticado Cintia M. de Siqueira A vida é uma arte e, independentemente da situação em que nos encontramos, todos queremos torná-la melhor. Melhor na maneira de viver e na compreensão de seus significados. O povo japonês considera suas artes, a Ikebana, a Cerimônia do Chá, as artes marciais, a pintura e a escrita como formas de perceber mais profundamente o mistério da vida. E essa atitude de querer perceber o que é a vida já faz parte da magia de viver. A Ikebana, mais do que uma maneira de fazer arranjos harmoniosos de flores, é uma forma de autoconhecimento. É uma maneira de perceber o mundo à volta e seus ministérios. É uma maneira de entrar em contato com a natureza e consigo mesmo. Porque para entender os mistérios da vida, é necessário entender o ser humano – entender a si mesmo. A partir dessa edição, o jornal Florescer traz uma série de reportagens sobre Ikebana, essa arte japonesa surgida nos templos do zen budismo no século XIII. Então vamos lá... Para entender o que é Ikebana é necessário estudar um pouquinho de filosofia japonesa. Para os japoneses, o céu é o elemento principal. A terra é o apoio. O homem é aquele que chama para observar e harmoniza o todo. A Ikebana se apoia nesse princípio, nas 3 forças: o positivo, o negativo e o neutro. Todo arranjo é arma- do de acordo essa trindade. Talvez seja, por isso, tão enigmático. Além de beleza, a Ikebana traz o conhecimento de si mesmo. Com o olhar atento, o mestre em Ikebana busca estar em uma atitude contemplativa e observadora para perceber tudo o que se passa à sua volta. Na correria do dia-a-dia quer olhar, ver, sentir e se emocionar... Quer viver a vida intensamente. Todas essas sensações: harmonia, crise, medo, ele irá transmitir para os seus arranjos. Porém, sempre buscando a suprema harmonia dessas três forças em si, e, claro, cristalizando-as em seus Ikebanas. Então, pode-se dizer que a qualidade do arranjo está relacionada com a qualidade da vida que o mestre em Ikebana tem dentro de si. “O simples gesto de reorganizar os materiais que a natureza nos dá, mexe com a respiração, com a postura do sentar, aprofunda o olhar, melhora a autoestima, pois o que se conclui no arranjo é o movimento de vida do mestre em Ikebana. Por isso, quando se está tenso, o trabalho sai tenso, duro, sem fluidez de movimentos; quando se está em harmonia, o trabalho sai harmônico”, diz Elia Kitamura, mestre em Ikebana, formada pela Ohara School do Japão. Para Kitamura, buscar o relaxamento em si é uma das formas de se trabalhar mais solto com os arranjos. “Esse exercício de mexer e remexer para melhorar o trabalho é que faz você se sentir mais inteira com você mesma, com as suas experiências. Por isso, ainda que o material seja o mesmo para várias pessoas, o trabalho é único, porque a carga de amarras da vida é de cada um . É muito rico isso, e é evidente a mudança na disposição da casa, no modo de fazer a comida, etc... É uma filosofia, e portanto, ela vai mexer com a nossa visão de vida”, diz a mestre. Para Tânia Maria Ferreira, praticante de Ikebana há seis anos, a arte floral japonesa é uma forma de se reencontrar. “A Ikebana vem através de uma busca de vida. Em um momento da vida você busca alguma coisa que vai lhe ajudar a caminhar. Para mim, ela complementa o viver”. Quando pergunto à aluna o que sente quando está fazendo ikebana, ela responde com uma frase tipicamente oriental: “me sinto fazendo ikebana”. Ou seja, presente. Vivendo apenas aquele momento, sem pensar em problemas, nem no passado, nem no futuro. Com a mente limpa. E é só assim, com a mente limpa, livre da enxurrada cotidiana de pensamentos aflitivos, que se manifesta a essência de cada um de nós. E esse “o que há de melhor em nós” se traduz na forma do arranjo, se mistura à natureza ali presente nas flores, nas folhas, nos galhos das plantas. 14 Tudo é utilizado e ganha destaque. Um galho ou uma folha são tão importantes quando a própria flor. E como a mente que está quieta, calma, tranquila, o arranjo também tem pausas, espaços vazios – como uma partitura musical. Por isso não são tantas flores, às vezes apenas uma, cercada por três galhos de planas: uma para cada vértice do triângulo formado pelas três forças: céu, homem, e terra. O céu, a flor maior. O homem, a flor do meio, que liga o mais alto com a terra – a flor menor. Quase sempre, o arranjo segue essa triangulação que, inexplicavelmente, traduz a perfeita harmonia entre o sagrado e o humano, entre o espírito e a matéria – a harmonia do mestre Ikebana vivendo o presente, e nada mais. A simplicidade garante a sofisticação do arranjo, porque sem tantas flores em volta, cada pequena flor, ainda que seja uma singela margari- da, ganha espaço para ser observada. E adornada com a força dos galhos, às vezes nus como as plantas de inverno, e às vezes verdes como a paisagem da primavera. Todas as estações da natureza e do próprio homem, com sua juventude e velhice, estão ali, naquela arte floral um tanto vazia, um tanto cheia de significado. Em ikebana, menos é mais. Menos preocupação com as tendências. Menos apego ao “de sempre”. Mais tranquilidade para criar. Que tal tentar agora mesmo? Um vaso raso com água. Um kenzan – base de metal com pinos onde se espetam os galhos e as flores de corte. Três flores, uma com haste maior, uma média e uma bem baixinha. Atrás de cada uma delas, galhos. E na base da composição, pequenas folhas verdes, tangos ou outros adornos que complementam o arranjo. Pronto. É assim que faz. Apenas...fazendo. “ A Ikebana vem através de uma busca de vida. Em um momento da vida você busca alguma coisa que vai lhe ajudar a caminhar. ” Ikebana : as técnicas que ajudaram a construir o Japão da paz Cintia M. de Siqueira 06 de agosto de 1945. A bomba caiu sobre Hiroshima e a nuvem de radiação espalhou morte. A população japonesa entrou numa estação de inverno e caiu em profunda depressão. O imperador e a imperatriz do Japão deixaram de ser considerados divinos. O império tornou-se simbólico e o governo se desmilitarizou. Foi quando a Ikebana saiu dos monastérios onde foi criada e ganhou as ruas. Até então, era propriedade da aristocracia e praticada principalmente por homens: monges e samurais – que usavam a técnica para aprender a matar com piedade. Agora, servia para elevar o moral de uma sociedade devastada pela dor e que se voltava ao trabalho e mais trabalho para reconstruir a nação. A confecção de ikebanas passou a ser ensinada nas escolas e virou arte maior, como a Cerimônia do Chá e tantas outras que compõem o Tesouro Nacional do Japão. Deu certo. Como canta o poeta Gilberto Gil: “uma bomba sobre o Japão fez nascer o Japão da Paz”. Exatos 68 anos se passaram. E o Japão, potência mundial, desenvolveu perto de 400 escolas de ikebana. Cada uma com um sotaque próprio. Algumas, rígidas como um galho de árvore. Outras, flexíveis como um bambu ao vento. Todas, mantendo o sentido de que a arte floral é uma arte e que, portanto, o arranjo é uma expressão, e não apenas um arranjo. Para entender melhor a diferença entre um arranjo ocidental e uma ikenana, e como esses arranjos ajudaram a reerguer toda uma nação, resolvi participar de uma oficina em Curitiba, ministrada pela mestre Elia Kitamura. Sentei-me à uma grande mesa que tinha, à minha frente, um vaso oriental, bem raso e, dentro dele, um kenzan – base redonda de metal com pregos onde são espetadas as plantas. E ao lado um balde com água. Primeira lição: sentar de maneira solta, relaxada, com a coluna ereta e um 16 17 pouco distante do vaso, para poder observar o arranjo que iria surgir. Se é que iria - pensei. Colocamos a água até cobrir o kenzan. Depois, Elia nos deu três espadas-de-São-Jorge para serem espetadas e a instrução de que iríamos fazer um arranjo vertical. Uma folha seria o céu, outra o homem e a terceira, a terra – seguindo a eterna trindade do mundo, que é a base da harmonia de toda ikebana. Elia explicou que o céu deveria ser a espada maior, o homem, a espada média, e a terra, a espada menor. Em meio a todos eles estaria o meio-ambiente, que equilibraria a composição com pequenas folhas, galhos menores e outros elementos. Aí veio a primeira dúvida: como vou medir o tamanho certo das folhas? Onde vou espetar cada uma delas? Já está todo mundo fazendo e eu aqui, nem comecei ainda... Logo Elia passou a fórmula mágica da reconstrução do moral japonês: se o céu é o galho maior, o homem tem dois terços do tamanho dele e a terra, a metade. O céu dá força ao arranjo, e sempre puxa para cima – como as árvores que crescem para o alto, buscando luz. A terra apoia e segura. E o homem dá a expressão a essa arquitetura viva: atrai o olhar, é o rosto da ikebana. Quer um trabalho forte? Trabalhe o céu. Quer um trabalho delicado? Trabalhe a terra. O homem, esse sempre chama a atenção – dizia Elia durante a oficina. Ótimo... consegui espetar as três folhas entortando -as, modelando-as um pouco com o calor das mãos para tirar a dureza da espada. O céu ao centro, a terra à esquerda, e o homem à direita. E percebi que a diferença entre a ikebana e o arranjo ocidental começava por aí: primeiro fixamos os galhos e despois é que colocamos as flores, quer dizer: o verde ganha tanto destaque quanto o colorido da flor. E eu pensava... quantas flores será que a mestre vai me dar? Onde será que vou espetá-las? Vieram, então, duas gérberas vermelhas. E outra instrução: em ikebana, utilizam-se sempre números ímpares – uma flor, três flores ou cinco flores, e assim por diante. Ué... mas duas pode? – pensei. Pode, é a única exceção, porque dois sempre criam uma terceira força. Papis e mamis que o digam... Onde colocá-las? Onde o vazio pedir que seja preenchido. Espetamos uma flor maior, com a face voltada para o céu, e outra mais curta, mostrando o rosto, bem...humana. Para selar a harmonia entre céu, homem e terra, tivemos que amarrar tudo com o meio-ambiente. Usamos folhas verdes – que podem ser também tangos, gipsófilas, aspargos - complementos. Assim que coloquei minhas folhas no arranjo, Élia olhou e – eu esperando pelo menos um “está correto” – arrancou tudo, reconfigurando o meio-ambiente enquanto dizia: está para trás, traga para a frente, para quem vê o arranjo, está simétrico, você está fazendo um arranjo floral, e não uma ikebana! Ok... quarta grande lição: ikebanas são assimétricas. Não precisam ter o mesmo tamanho de um lado e do outro, não são redondas, ovais, quadradas ou retangulares como os arranjos comuns. São o que são. E sempre trazem a natureza à frente e para cima, transbordando os limites do vaso. Mariazinha Coraiola bióloga: “É uma metodologia especial que nos leva à natureza e a notar galhos, folhas e flores de uma maneira diferente que nos sensibiliza e nos leva a depositar sonhos, desejos e realizações nos arranjos que fazemos. “ Élia Kitamura: “Ikebana é um arranjo floral que não é um arranjo floral.” E assim se fez minha primeira Ikebana. Na segunda, marcamos o céu, homem e terra com folhas que podem ser rasgadas de forma que uma entre na outra, arquitetando geometrias: “quero ver o espírito de Niemeyer baixar aqui” – dizia a mestre. E assim puxamos um movimento arredondado para a lateral do vaso, como se o vento varresse as folhas para uma direção. Duas rosas completaram a composição. No terceiro arranjo, pensei: agora vai ser tranquilo. Vamos tomando confiança, vamos nos soltando, vamos aprendendo a sentir os materiais, imitando a natureza. E veio até mim, uma simples iniciante, um galho de camélia com um broto lindo. Achei que era só espetar no kenzan e pronto. O galho era tão lindo que não precisava nada. Elia, porém, olhou para aquela obra de arte natural e disse: corta aqui, corta aqui, corta lá. E destroçou o galho em várias partes, junto com meu coração. Disse ainda: temos que aprender a nos desapegar. Sim... ikebana é pura filosofia. Quando vi aquele arranjo pronto, entendi tudo: cortamos as folhas em excesso e os ramos que bifurcavam o movimento, fazendo desabrochar o que havia de mais forte e belo naquele galho. Uma parte dele, espetamos para a direita. Outra para a esquerda, dessa vez, numa composição horizontal onde os galhos são inclinados a 30 graus. No meio deles, duas rosas e os complementos. E assim passou a manhã, e a tarde, e quase caiu a noite. Aprendemos a harmonizar plantas e vasos: no verão, folhagens verdes com vasos brancos, amarelos e laranjas. No outono, tons de cinza – época de depuração. No inverno, raízes, galhos nus e vasos pretos, brancos ou vermelhos. A primavera, época de renascimento, pede tons como a azul claro, o lilás, rosa. Aprendemos a perceber as estações, a ver a natureza com outros olhos. A identificar detalhes que antes não enxergávamos. Hoje, refletindo sobre os arranjos que fiz na oficina, percebi que em quase todos eles, coloquei Serviço: Elia Kitamura é mestre em ikebana formada pela Ohara School do Japão e ministra oficinas e aulas semanais da técnica ao público em geral. Informações: (41) 33626766 e 9980-1592. uma flor baixinha e bela, metida, em evidência, de onde os galhos e outros elementos partiam buscando o céu, a expansão. E vi que aquele ponto central é minha própria essência, meu ser, querendo urgentemente se manifestar. A natureza humana conecta-se à vida através dessa arte. E é possível entender como ela ajudou a reerguer um país inteiro. Afinal, o ideograma japonês IKEBANA significa “viver a flor”, ou, em sentido mais amplo, viver a natureza. Aliás, hoje andando na rua achei um galho lindo de pinus com várias pinhas que darão um maravilhoso arranjo horizontal! Na próxima reportagem da série, você vai saber como as tendências da Ikebana podem ser utilizadas por decoradores e floristas. Até lá! Setor espera manter crescimento histórico de 12% ao ano para 2013 Ateliê da Notícia Acompanhando o desempenho da economia mundial, o mercado de flores brasileiro mostra vigor e tem estimativas animadoras de crescimento em 2013. Enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu apenas 0,9% em 2012, o setor tem registrado um aumento médio anual nas vendas de 12%. A expectativa é que esse mercado movimente aproximadamente R$ 4,8 bilhões em 2013. São números animadores, compartilhados pelo Ibraflor – Instituto Brasileiro de Floricultura, pela Câmara Setorial Federal de Plantas e Flores e pela Cooperativa Veiling Holambra. Desde 2006 o segmento de flores tem registrado altas de 8% a 12% ao ano no volume de vendas, e de 15% a 17% no valor movimentado. E, o setor sabe, ainda há um vasto campo a ser explorado. Enquanto o consumo per capita de flores na Europa gira em torno de R$ 141 (US$ 70), o brasileiro gasta, em média, apenas R$ 23 (US$ 12) por ano. Na medida em que os salários aumentam, a venda de flores e plantas acompanha esse crescimento. “Estamos melhores que outros países em desenvolvimento e podemos crescer muito mais até chegar à média europeia. Estamos muito otimistas”, diz Kees Schoenmaker, presidente do Ibraflor. De acordo com Kees, a Expoflora -, a maior exposição de flores e plantas ornamentais da América Latina- contribui para fomentar o comércio em todo o grande visibilidade aos novos produtos introduzidos anualmente no mercado. Normalmente o que a Expoflora apresenta em suas feiras de negócios acaba de chegar ou estará chegando em breve às floriculturas de todo o país. Em alguns casos, os produtores usam a exposição para verificar a aceitação de flores e plantas ornamentais junto aos consumidores. “É como um teste para produtos que só deverão chegar ao mercado nos próximos anos”, explica. Produção brasileira O Brasil conta, atualmente, com 7,6 mil produtores de flores e plantas. Juntos, eles cultivam mais de 350 espécies com cerca de três mil variedades. Sendo assim, o mercado de flores é uma importante engrenagem na economia brasileira, responsável por 194 mil empregos diretos, sendo 49,5% (96 mil) das vagas relativas à produção; 39,7% (77 mil) relacionadas com o varejo; 3,1% (6 mil) na área de distribuição; e 7,7% (15 mil) em outras funções, principalmente de apoio. Para atender à crescente demanda desse mercado, a Câmara Setorial Federal de Flores e Plantas Ornamentais tem realizado cursos à distância para a capacitação de mão de obra, por intermédio da Comissão Nacional de Agricultura. A necessidade surgiu com a mudança do perfil do homem do campo que, praticamente, não põe mais a mão na terra. O setor, que carece de mãode-obra qualificada, também é considerado muito importante no desenvolvimento social de uma região, uma vez que promove o emprego, principalmente de grande quantidade de mulheres. “A baixa, ou nenhuma sazonalidade, garante que os empregos sejam duradouros. Além disso, o setor possui um dos maiores índices de contratos com carteiras assinadas”, afirma Silvia Van Rooyen, presidente da Câmara Setorial Federal. Responsável por negociar cerca de 45% das flores e plantas ornamentais produzidas no país, a Cooperativa Veiling de Holambra já é a quinta maior comercializadora do mundo. O Veiling é um leilão invertido por meio do qual vence o menor e não o maior preço, onde são comercializadas flores e plantas ornamentais de 400 produtores da microrregião de Holambra e de outras regiões. Nesse leilão as flores de corte mais comercializadas são a rosa, o lírio, o crisântemo, a alstroeméria, seguidas pelas folhagens, enquanto que as flores de vaso mais vendidas são a orquídea phalaenopsis, o kalanchoe, o crisântemo, o lírio e a begônia. 20 Lá vem o Natal... Workshop da Primavera traz ideias de cestas natalinas e motivação para alavancar as vendas no fim de ano Paulo de Siqueira A economia brasileira e o mercado de flores e plantas - que cresce 12% ao ano no país, estão em constante movimento. Para entender melhor essa dinâmica financeira, é necessário saber que economia é a análise da produção, da distribuição e consumo de bens e serviços e também significa administrar. Imagine se não soubéssemos administrar nosso orçamento doméstico. Se mês após mês gastássemos mais do que ganhássemos... Quantos problemas nossa casa teria: problemas financeiros, de ordem doméstica, problemas de ordem emocional como consequência da má administração. E por aí vai... Em uma floricultura é a mesma coisa. É necessário saber administrá-la. Saber administrar um negócio não é só ter as contas “na ponta do lápis”. É saber investir em melhorias e, principalmente, atualizarse com as tendências do mercado. Já nos perguntamos: quais as tendências do mercado de flores para a primavera e o Natal? Se soubermos quais são essas tendências, poderemos oferecer produtos aos nossos clientes que estejam relacionados com essa tendência. Assim nossos lucros serão muito maiores. Simples, não? Então, mãos à obra! No dia 17 de setembro, a Almeida Flores ofereceu o Workshop da Primavera, e apresentou as tendências do mercado, inclusive para o Natal. O evento aconteceu na sede da empresa, em Colombo. Foi o quarto workshop promovido pela distribuidora desde 2010, e que neste ano teve uma inovação: uma palestra com o professor Lievore, consultor que abordou o tema da motivação como alavanca para aquecer as vendas nas floriculturas. O palestrante explicou como o comerciante motivado pode entusiasmar sua equipe a fim de melhorar dois quesitos extremamente importantes para gerar ótimos resultados: o bom atendimento ao consumidor e a organização da floricultura de forma que a exposição dos produtos seja mais funcional e atrativa ao cliente. As professoras Leo Mendes e Tânia Santos, membros da Academia Brasileira de Arte Floral, demonstraram como montar cestas para café da manhã incrementadas, além de cestas especiais para o Natal, e de cestas com flores e frutas. O público também pode conferir ideias para desenvolver buquês, arranjos e embalagens para floriculturas seguindo as tendências da Primavera/Verão 2013. “ 21 Marisa Tibes Lang Murbach Floricultura La Vie. Lapa,PR “Para quem está começando, ver um trabalho desse nível dá mais segurança. É diferente do que começar sem se ter ideia do que se está fazendo”. Thaisa Cristina da Cruz. Chácara Aburá. São José dos Pinhais,PR “As professoras sempre estão mostrando coisas novas. Eu vim porque quero aprender o que elas vão ensinar aqui e implantar essa parte de buquê e cestas de café da manhã, que ainda não fazemos na chácara”. ”