KÁTIA GABRIELA ALANO AMBROSIO O VALOR ATEMPORAL DA

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KÁTIA GABRIELA ALANO AMBROSIO
O VALOR ATEMPORAL DA FORMA VERBAL PRESENTE: ASPECTOS
TEÓRICOS E PRÁTICOS
Criciúma, 2005
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KÁTIA GABRIELA ALANO AMBROSIO
O VALOR ATEMPORAL DA FORMA VERBAL PRESENTE: ASPECTOS
TEÓRICOS E PRÁTICOS
Monografia apresentada como requisito à
conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato
Sensu em Língua Portuguesa: Fenômeno
Sóciopolítico, à Universidade do Extremo Sul
Catarinense - Unesc, para obtenção do Título
de Especialista em Língua Portuguesa.
Professora Orientadora: Dra. Ana Cláudia de
Souza.
Criciúma, 2005
2
Dedico ao meu marido,
por seu amor, carinho,
alegria e compreensão.
3
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Professora Dra. Ana Cláudia de Souza, por todo seu
incentivo, pela orientação neste trabalho, auxílio e dedicação sempre demonstrados.
Às colegas de curso, pelo companheirismo e constante troca de
informações.
A todas as pessoas que, de uma forma ou outra, me auxiliaram
fornecendo dados e informações para que pudesse concluir este trabalho.
Em especial, ao meu marido, Douglas, e à minha família, pelo amor
demonstrado, carinho dispensado, incentivo nas horas em que eu queria fraquejar.
Agradeço a Deus por estar sempre comigo, ter-me concedido uma vida
cheia de alegrias e oportunidades, e peço que continue me dando forças para atingir
meus objetivos.
4
RESUMO
Este estudo tem por objetivo investigar o emprego da forma verbal presente. Partese da hipótese de que a referência temporal desta forma verbal está mais
relacionada ao contexto lingüístico e situacional do que à forma verbal isoladamente.
Devido à instabilidade da língua, muitas teorias relacionadas ao verbo e suas
categorias estão ultrapassadas, implicando assim na urgente atualização dos dados
pesquisados. Observamos, dentre inúmeras mudanças, a discordância entre a teoria
tradicionalista e a aplicação na prática referente às noções de verbo e, mais
especificamente, com relação à forma verbal presente. Para constatação dessas
alterações, fez-se necessário uma equiparação das noções apresentadas por
gramáticos e lingüistas, primeiro analisando o verbo isoladamente, depois suas
categorias de tempo modo e aspecto, para em seguida verificar a importância do
contexto semântico e pragmático na interpretação de um enunciado que contivesse
o verbo, finalizando com a análise de manchetes jornalísticas que possibilitariam a
comprovação ou não de nossa hipótese. Com os estudos feitos, salientamos o fato
de que a indicação temporal dos eventos não depende somente da forma verbal,
mas principalmente do contexto semântico-pragmático, e que o verbo sozinho, não
garante a localização dos acontecimentos no tempo.
Palavras-chave:
Pragmática.
Forma
Verbal;
Tempo
Presente;
Lingüística;
Semântica;
5
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 06
2. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 07
2.1. Noção de tempo ................................................................................................ 09
2.2 . Noção de modo verbal ...................................................................................... 14
2.3. Noção de aspecto verbal ................................................................................... 17
2.4. Noção de tempo e aspecto verbal ..................................................................... 19
2.5. Tempo presente................................................................................................. 21
2.6. O contexto: parte indispensável para a interpretação das formas
verbais ..................................................................................................................... 24
3.
A FORMA VERBAL “PRESENTE” NAS MANCHETES DO JORNAL DIÁRIO
CATARINENSE ....................................................................................................... 29
3.1. A natureza dos dados........................................................................................ 29
3.2. A análise dos dados .......................................................................................... 30
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 37
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 38
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR.......................................................................... 40
6
1. INTRODUÇÃO
Há algum tempo, questionamos o uso da forma verbal utilizada nas
manchetes do jornal Diário Catarinense, pois nessas são utilizadas, freqüentemente,
a forma verbal presente, independentemente de os fatos ali impressos estarem
ocorrendo, já terem ocorrido ou ainda estarem por ocorrer. Essa imprecisão suscitou
a investigação detalhada do fenômeno com o objetivo de analisar lingüística e extralingüisticamente o emprego da forma verbal chamada presente.
A possível incoerência “temporal” existente nessas manchetes, se
comparada às gramáticas prescritivas, e a dificuldade de compreensão por parte
daqueles que estudam essa forma verbal estimularam-nos a investigar esta temática
de pesquisa.
A apresentação desta investigação respeitará a seguinte organização:
primeiramente, trataremos do verbo; em seguida das noções de tempo, modo e
aspecto, observando a relação existente entre tempo e aspecto, para em seguida
atentar para a forma verbal presente. Com o objetivo de esclarecer melhor a
significação do verbo, analisaremos também alguns aspectos relativos à semântica e
à pragmática. Por meio dessa investigação, procuraremos evidenciar que a
significação do verbo vai além da sentença.
7
2. REVISÃO DE LITERATURA
O estudo do verbo e suas categorias vem sendo cada vez mais difundido
no Brasil, pois, além de sua complexidade, questiona-se muito a sua pertinência
quanto à indicação de tempo. Dada a impossibilidade de os teóricos entrarem em
consenso a respeito desse vocábulo, são necessários estudos para a observação da
recorrência e significação do mesmo nas sentenças.
Para este estudo, nos apoiaremos em autores que escreveram a respeito
do verbo e suas categorias de tempo, modo e aspecto, buscando a conceitualização
dessas categorias.
Primeiramente, trataremos do verbo; em seguida das noções de tempo,
modo e aspecto, observando a relação existente entre tempo e aspecto, para depois
atentar para a forma verbal presente, que é objeto principal desse estudo. Com o
objetivo de esclarecer melhor a significação do verbo, analisaremos também alguns
aspectos relativos à semântica e à pragmática. Por meio dessa investigação,
buscaremos evidenciar que a significação do verbo vai além da sentença.
Pontuaremos
comparativamente
os
conceitos
que
sustentam
e
esclarecem tais categorias, apoiando-nos especialmente em Pontes (1973), Mira
Mateus (1989), Costa (1990), Mattos (1995), Fiorin (1996), Cegalla (1997), Ilari
(1997), Bechara (2000), Câmara Jr. (1999), Back (2000), Flores e Silva (2000) e
Perini (2001), que são especialistas no assunto.
Começamos por apresentar as noções de verbo de dois autores:
Para Cegalla (1997, p.182), verbo é uma palavra que exprime ação,
estado, fato ou fenômeno. É palavra indispensável na organização do período e é o
8
mais rico em flexões dentre as classes de palavras. Observemos a sentença “O
trabalho é difícil”. Nesse caso o substantivo “trabalho” não deveria ser classificado
como verbo? Não, mas o fato é que ele também indica uma ação e isso evidencia
falha na classificação de Cegalla.
Câmara Jr. (1999, p.85-86; 97) escreve que o estudo semântico referente
ao verbo é sumamente complexo. É talvez onde melhor se evidencia a incapacidade
dos métodos da gramática tradicional para fazer justiça a uma interpretação
adequada do sistema gramatical português. Ele afirma que nos verbos figuram duas
noções muito diferentes, que se completam para flexionar o vocábulo verbal. Uma
designa o tempo ou ocasião da ocorrência à que o verbo se refere, do ponto de vista
do momento da comunicação. A outra, que se lhe segue, indica, dentro do vocábulo
verbal, a pessoa gramatical do sujeito. Como se explicaria a sentença “Amanhã
chove”, sendo que “chove” não indica nem tempo futuro, nem pessoa gramatical?
Geralmente, quando se analisa uma sentença, o tempo — passado, presente ou
futuro — será inferido do texto como, nesse exemplo, com advérbios de tempo; e a
pessoa gramatical não é imprescindível para a escrita da mesma. Desse modo,
constata-se que a não indicação de tempo ou pessoa gramatical, dependendo do
contexto, não influenciará na flexão do verbo e no entendimento da sentença.
As noções de verbo mencionadas são superficiais. Uma o apresenta como
ele foi estudado tradicionalmente; já a última noção resume o seu significado à
indicação de tempo e pessoa gramatical. Como vimos, as noções não são
necessariamente pertinentes. Parece-nos que a interpretação do verbo na sentença
é muito mais complexa.
Partindo desses pressupostos, fica clara a discrepância das opiniões entre
os autores, o que figurará ao longo de todo o trabalho.
9
Para melhor estudar o verbo, vamos analisar suas categorias de tempo,
modo e aspecto.
2.1 Noção de tempo
Iniciaremos apresentando e discutindo a noção de tempo1 a partir das
idéias de alguns dos autores citados na introdução deste capítulo:
Cegalla (1997, p.182) argumenta que os tempos situam o fato ou a ação
verbal dentro de determinado momento (durante, antes ou depois do ato de
comunicação). São três os tempos verbais: o presente, o pretérito e o futuro. É uma
forma de identificarmos em que momento incidiram os eventos. Em Bechara (2000,
p.209), o tempo assinala a relação temporal do acontecimento comunicado com o
momento do ato de fala; o presente encerra este momento, o passado é anterior, e o
futuro ocorrerá depois deste momento. Bechara compreende o tempo assim como
Cegalla. Na sentença “Agora eu leio”, por exemplo, Cegalla e Bechara afirmariam
que o verbo “leio” é o indicativo de tempo presente. Mas em que tempo situaríamos
a mesma oração, se nela não estivesse inserido o advérbio “agora”?
Para Mattoso Câmara (1959 apud PONTES, 1973, p.75), a categoria de
tempo marca, como o seu nome mesmo indica, o Tempo ou época da ocorrência do
processo verbal em relação ao momento em que se fala, ou seja, o tempo verbal
indica o tempo cronológico. Será que é o verbo que nos dá essa idéia? Não. O verbo
em si não parece ser suficiente para a indicação temporal, conforme exemplo tal.
Costa (1990, p.17; 19) afirma que o tempo é uma categoria que marca na
língua a posição que os fatos referidos ocupam no Tempo, tomando como ponto de
1
Utilizamos, nesta monografia, a palavra “Tempo” (com maiúscula) para referirmo-nos ao conceito Tempo que
temos em nossa consciência e “tempo” (com minúscula) para a expressão gramatical.
10
partida o ponto-dêitico da enunciação, através de lexemas, de morfemas, de
perífrases. E ainda escreve que as noções semânticas do âmbito do tempo dizem
respeito à localização do fato enunciado relativamente ao momento da enunciação.
O momento da fala é então mister ao estudo do enunciado. E esse precisa ser
estudado dentro de um contexto.
Conforme Perini (2001, p.254), o tempo semântico estabelece uma
relação com o tempo cronológico tal como entendido extralingüisticamente2. Desse
ponto de vista, trata-se de uma categoria dêitica, ou seja, a referência do tempo de
uma frase depende do contexto em que a frase é enunciada e não do momento da
fala como outros autores defendem. Perini também distingue três tempos
semânticos básicos no português: o presente, o passado e o futuro, e afirma que os
três possuem representação formal, embora dificilmente exclusiva.
Aqui ressaltamos que Costa e Perini divergem na opinião quanto à
categoria do tempo. O primeiro enfatiza o momento da fala sem desconsiderar o
contexto, enquanto, para o segundo, o contexto definirá a referência do tempo de
uma frase.
Ilari (1997, p.11) define que a palavra tempo cria uma confusão
indesejável entre dois planos de descrição que convém manter distintos: o da
linguagem, onde se trata de morfemas, palavras e construções gramaticais, e o do
mundo onde se registram os fatos com determinadas relações cronológicas. Isso
porque se os falantes não têm relação com determinado contexto ou o
desconhecem, poderão entender de maneira distinta a mesma informação. Ou seja,
Ilari reafirma a importância do contexto para a compreensão dos fatos.
2
Extralingüisticamente: dependendo do contexto, referir-se-á ao tempo real ou ao tempo convencionado em uma
narração.
11
Conforme Fiorin (1996, p.128, 146), o filósofo Santo Agostinho estudava o
tempo como um fenômeno que não tem um suporte cosmológico, mas que se dá no
espírito humano. Fiorin ainda escreve que são três os momentos relevantes na
constituição do sistema temporal: momento da enunciação (ME), momento de
referência (MR) e momento do acontecimento (MA).
Lendo Ilari (1997, p.13), vemos que a teoria de Fiorin se assemelha à do
filósofo e lógico Reichenbach, que no final da década de 40 publicou um livro no
qual fez resenha meticulosa das propriedades lógicas das línguas naturais e, ao
tratar do verbo, apontou como característica fundamental dos morfemas de tempo
(tenses) do inglês a capacidade de relacionar cronologicamente três tempos ou
momentos que seriam estruturalmente relevantes para a sua compreensão:
momento de fala (MF), momento do evento (ME) e momento de referência (MR).
Essa idéia se parece muito à do português, pois se aproxima das intuições
dos falantes. A proposta de Reichenbach foi redescoberta pelos lingüistas durante a
década de 70 e vem exercendo desde então grande influência, já que a mesma
responde a duas exigências de forte apelo intuitivo: uma, porque instrui a localização
no tempo da ação expressa pelo verbo, e a outra, pois confirma a relevância da
dêixis para a interpretação das formas verbais flexionadas, uma vez que considera
metodicamente o “momento de fala”.
Mira Mateus (1989, p.76) defende que, no português, os tempos naturais
são o presente, o passado e o futuro, que exprimem uma ordenação do intervalo de
tempo que contém o estado de coisas descrito, relativamente ao intervalo de tempo
em que ocorre a enunciação definida, respectivamente, pela relação de
simultaneidade, anterioridade e posterioridade. Em enunciados descrevendo mais
de um estado de coisas, a ordenação temporal é mais complexa, visto que os
12
estados de coisas descritos são ordenados relativamente ao momento de
enunciação, mas, para além disso, são ordenados uns relativamente aos outros.
Conforme Mira Mateus, podemos nos situar cronologicamente em relação aos fatos
por meio dos tempos naturais. Consideremos o seguinte exemplo da autora para
melhor compreendermos sua idéia referente a tempo:
(1) (a) P: O que estás a fazer?
R: Como um gelado.
O tempo lingüístico da asserção contida em (1a), o presente, exprime a
simultaneidade do intervalo de tempo em que ocorre o estado de coisas descrito. O
presente é expresso, em geral, pelo presente do indicativo simples e, em certos
casos, pelo futuro do indicativo. O exemplo utilizado pela autora é de português de
Portugal. No Brasil, normalmente, o presente não é indicado pelo presente do
indicativo. Nós diríamos: “O que estás fazendo? Comendo (Tomando) um sorvete”.
De acordo com Mattos (1995, p.68), o tempo é a circunstância em que o
diálogo marca o momento do fato. Em outras palavras, o contexto denotará o
momento do fato para o falante, e a escolha da forma do verbo dependerá do
momento da fala. Colocando num gráfico essa perspectiva, a linha do tempo, que é
dependente do diálogo, tem apenas um corte que marca o presente da fala P
(presente):
______________________________________________________
Passado
P
Futuro
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O presente deixa de ser o momento do diálogo e se torna o momento
simultâneo ao desenvolvimento do fato; o passado deixa de ser o momento anterior
ao diálogo e se torna o momento posterior ao fato; e o futuro deixa de ser o
momento posterior ao diálogo e se torna o momento anterior ao fato. No exemplo
“Fazemos a prova amanhã, mas aviso desde hoje: colou, dei zero!”, notamos que o
tempo é futuro, pois a cola e a nota ainda estão por chegar, mas são anteriores ao
fato de fazer a prova.
Para Back e Mattos (apud SOUZA, 2001), as formas verbais do português
não exprimem tempo, porque os verbos não apresentam morfema temporal. Para
exemplificar, vejamos a análise de Back (apud SOUZA, 2001)3:
compr á sse mos
compr = raio de menção (Trata-se de raiz substantiva de compra,
vocábulo do qual o verbo é derivado
=á=
raiz verbal
- sse
sufixo de aspecto e modo
- mos
sufixo de pessoa e número
compr a mos
compr = raio de menção
3
4
=a=
raiz verbal
- 04
sufixo de aspecto e modo
- mos
sufixo de pessoa e número
Exemplo retirado de Souza (2001).
0 significa morfema zero, ausência significativa de morfema.
14
Assim, os sufixos verbais são cumulativos, já que um indica aspecto e
modo, e o outro, pessoa e número, o que quer dizer que podemos considerar essas
categorias verbais como codependentes5. Para a Teoria Construtural, a ausência do
morfema de aspecto e modo é significativa, sendo considerada morfema zero. O
tempo — passado, presente e futuro — pode ser inferido muitas vezes do texto, com
advérbios de tempo. O fato de a marcação morfológica não aparecer revela que se
trata de “presente do indicativo”, conforme a terminologia comumente empregada
nas gramáticas normativas, ou de imperfeito, próximo do indicativo, de acordo com a
Teoria Construtural.
O tempo vem determinar o momento em que ocorrem os fatos, sejam eles
simultâneos, anteriores ou posteriores. Daí a impossibilidade de estudá-lo
isoladamente; logo, percebe-se que ele está intrinsecamente ligado ao contexto da
enunciação.
2.2 Noção de modo verbal
Nas gramáticas normativas, como as de Cunha (1980) e Said Ali (1964), o
modo verbal é entendido como a atitude que o falante assume em relação ao
processo verbal (de certeza, dúvida ou ordem); contudo, essa não é a única
acepção a respeito dele. Vejamos a seguir as definições de diferentes estudiosos a
respeito do modo verbal.
Cegalla (1997, p.182) afirma que os modos indicam as diferentes
maneiras de um fato se realizar e sugere que a forma de realização do fato é que
definirá o modo. Perini (2001, p.257) argumenta que o modo se definiria
5
Codependência é a relação na qual cada elemento revela o outro (mãe//filho).
15
semanticamente como caracterizando a “atitude do falante frente àquilo que está
dizendo”. Assim, para estes autores, teríamos basicamente três modos, a saber, o
indicativo que exprimiria uma atitude de certeza do falante quanto ao que declara; o
imperativo, que veicularia ordens ou pedido; e o subjuntivo, que transmitiria uma
atitude de incerteza, dúvida ou desejo frente ao conteúdo enunciado.
Assim como Cegalla e Perini, Bechara (2000, p.221-222) classifica os
verbos conforme a posição do falante em face da relação entre a ação verbal e seu
agente. Mas quanto à divisão, além dos modos indicativo, subjuntivo (conjuntivo) e
imperativo, ele acrescenta os modos condicional (em referência a fatos dependentes
de certa condição) e optativo (em relação à ação como desejada pelo agente), que
não são nada mais que subdivisões do modo subjuntivo para os outros dois autores.
Segundo Mira Mateus (1989, p.106), a atitude do locutor em relação ao
estado de coisas expresso pelo enunciado, pode ser explicitada em português pelo
modo do verbo. O verbo tem assim a capacidade de exprimir, por meio dos modos, a
relação modal entre locutor e estado de coisas. Ainda conforme essa autora, o modo
indicativo aparece, fundamentalmente, ligado a um estado de coisas reconhecido
pelo locutor como necessário ou com um grau necessário de probabilidade; o modo
subjuntivo (conjuntivo) aparece freqüentemente ligado a um estado de coisas
reconhecido pelo locutor ou como possível ou como contingente. O emprego dos
modos está ligado aos tipos de atos ilocutórios e a sua seleção faz-se em função
dos tipos de fases em que se inserem.
Mattos (1995, p.68) afirma que o modo é a circunstância em que o falante
julga o fato e o qualifica. Trata-se de julgamento particular, o que permite que dois
falantes interpretem o fato de maneira diferente ou um mesmo falante também pode
16
interpretá-lo diferentemente em situações distintas. O modo empregado pelo falante
dependerá do que ele quiser expressar.
Conforme Back e Mattos (apud SOUZA, 2001), há dois modos no
português: o indicativo e o subjuntivo. Aquele revela fato efetivo e é incondicionado,
forma não-marcada; este indica fato eventual e é condicionado ao tipo de período,
forma marcada. A ausência do imperativo se dá ao fato de ele ser igual ao
subjuntivo. A diferença está na intenção do falante. Nos exemplos: “Peça você!” e
“Ele quer que você peça.”, a diferença está no tipo de período, no que o falante quer
dizer, e não no modo. No primeiro exemplo, “Peça você!”, tem-se um período jussivo
em que o falante solicita acontecimento: que o outro peça. No segundo, “Ele quer
que você peça”, tem-se um período assertivo por meio do qual o falante espera uma
atitude de crença, aceitação por parte do ouvinte.
Diante de tais estudos, observamos que as expressões utilizadas por
todos os falantes são empregadas propositalmente, já que se provoca no ouvinte
certeza, dúvida ou exigência, e que o modo verbal utilizado confirma tais intenções.
Apesar disso, não podemos nos esquecer que, muitas vezes, o emprego de
determinado modo não é questão de escolha, mas sim de regras gramaticais, como
no exemplo abaixo:
Ele pediu que eu fizesse, faça ... (precisa ser subjuntivo)
Assim, o modo tem o intuito de esclarecer para o ouvinte a intenção do
falante, seja ela de certeza ou dúvida na realização dos fatos, e o seu emprego
dependerá do que o falante quer dizer.
17
2.3 Noção de aspecto verbal
O aspecto verbal vem sendo enfatizado cada vez mais pelos estudiosos
da língua portuguesa, dada sua extrema importância para o entendimento interno
dos fatos enunciados, mesmo sendo uma categoria do verbo não admitida por vários
gramáticos normativistas como Cunha (1980), Cunha e Cintra (1985) e Said Ali
(1964). Veremos o que gramáticos e lingüistas escrevem sobre o assunto.
Pontes (1973, p.80) apenas cita que há noção aspectual dividida em ação
inacabada (durativa) e ação acabada (não-durativa). Desse modo, subentende-se a
existência do aspecto no verbo.
Segundo Jakobson (apud BECHARA, 2000, p.212), o aspecto assinala a
ação levada até o fim, isto é, como conclusa (perfeita), ou inclusa (imperfeita).
Certas espécies de ação, como durativa, incoativa (ingressiva), terminativa, iterativa,
são apenas subdivisões desta categoria.
Costa (1990, p.19; 21) afirma que o aspecto é a categoria lingüística que
informa se o falante toma em consideração ou não a constituição interna dos fatos
enunciados. Essa referência independe do ponto dêitico da enunciação, visto que
centra o tempo no fato e não o fato no tempo. Ela descreve as noções semânticas
do âmbito do aspecto como de duração, instantaneidade, começo, desenvolvimento
e fim. Destaca, a partir de suas análises, quatro características imprescindíveis ao
aspecto: a não referência à localização no tempo; a constituição temporal interna; a
vinculação da categoria a situações, processos e estados; e a representação
espacial. Comrie (1976 apud PERINI, 2001, p.256) tem a mesma visão de Costa
referente ao aspecto.
18
Mira Mateus (1989, p.90) também chama de aspecto à categoria que
exprime o modo de ser (interno) de um estado de coisas descrito através de
expressões de uma língua natural. Explica que isso ocorre por seleção de um
predicador pertencente a uma dada classe; por quantificação do intervalo de tempo
em que o estado de coisas descrito está localizado, e/ou por referência à fronteira
inicial ou final desse intervalo, ou a intervalos adjacentes.
Para Castilho (1976 apud COSTA, 1990, p.21), o aspecto é a visão
objetiva da relação entre o processo e o estado expresso pelo verbo e a idéia de
duração e desenvolvimento. É a representação espacial do processo.
De acordo com Lions (1979 apud COSTA, 1990, p.21), o aspecto diz
respeito ao tempo, ao contorno ou distribuição temporal de um acontecimento ou
estado de coisas e não à sua localização no tempo.
Mattos (1995, p.69; 76) escreve que o aspecto é a circunstância em que o
fato é discriminado pelas características de sua presença no mundo, e a escolha da
forma verbal depende delas. Ou seja, numa linguagem mais simples: o aspecto do
verbo é o tempo do fato. Assim, a língua portuguesa trabalha com um par de
significados de aspecto (fato inacabado contra fato acabado) e dois pares de
significados de modo (fato próximo contra fato remoto e fato efetivo contra fato
eventual). Mattos defende que o verbo não tem tempo. E Back argumenta que o
aspecto surge com dois modos, o indicativo e o subjuntivo.
No que diz respeito à noção de aspecto, ela é um dos constituintes do
verbo, mas sua análise também depende do contexto do qual faz parte. Observemos
os exemplos6: “Se chover amanhã, eu fico em casa.” e “Se chovesse amanhã, eu
6
Exemplos retirados de Mattos (1995).
19
ficava em casa”; no primeiro caso, o falante considera que pode chover. No
segundo, que é improvável que chova.
Podemos concluir que tanto gramáticos como lingüistas concordam que o
aspecto é um tempo interno ao tempo verbal (excetuando-se Mattos que não vê o
verbo como indicador de tempo), mas cada um o descreve à sua maneira, com
coincidências ou não.
2.4 Noção de tempo e aspecto verbal
Depois de estudarmos separadamente as noções de tempo e aspecto
verbal, notamos que geralmente elas estão relacionadas. Como se dá essa relação,
é o que buscaremos entender a partir da análise dos autores abaixo elencados.
Eugênio Coseriu (apud BECHARA, 2000, p.213) defende que a pura
definição temporal e o tempo aludem à posição da ação verbal no percurso; a
determinação aspectual alude à maneira de considerar a ação verbal no tempo.
Assim, o tempo verbal deve ser interpretado, levando-se em conta o seu aspecto.
Enquanto a categoria de tempo trata o fato como ponto distribuído na linha
do tempo, a categoria de aspecto trata o fato como passível de conter frações de
tempo que decorrem dentro dos seus limites, argumenta Costa (1990, p.20; 29). Ela
complementa escrevendo que a diferença entre tempo e aspecto, quanto à escolha
subjetiva do falante, poderia ser talvez explicitada dizendo-se que a escolha do
aspecto é não-obrigatória (“estilística”) enquanto a escolha do tempo é obrigatória,
embora possa ser, secundariamente, marcada por um fator “estilístico” (caso do
presente histórico, por exemplo). Isso quer dizer que, na perspectiva desta autora,
20
ao falarmos, inconscientemente, precisaríamos escolher o tempo verbal empregado,
mas não necessariamente o aspecto do verbo.
Em Mattos (1995, p.69), vemos que o verbo não tem Tempo e que o
aspecto verbal independe de qualquer julgamento do falante, bastando observá-lo
para interpretá-lo objetivamente. Mattos discorda de Costa, pois para ele, o aspecto
é usado pelo falante mesmo que ele não perceba que o está utilizando, sendo
necessário apenas que se atente para o contexto. Existe no verbo morfema de
aspecto, mas não de tempo, conforme o seguinte exemplo:
Estudávamos
estud= raio de menção
=á=
raiz verbal
-va-
sufixo de aspecto e modo
-mos
sufixo de pessoa e número
Eugênio Coseriu, Mattos e Back, discordam de Costa quanto ao aspecto,
pois esta não classifica o aspecto como característica fundamental do verbo,
enquanto aqueles sim.
Baseando-se em apenas três estudiosos, percebe-se o quão são
divergentes as opiniões sobre o significado de tempo e aspecto. Porém, fica
evidente que para se tratar de verbos, não basta observar o tempo verbal, pois esse
deixaria margem a diversas interpretações. No entanto, se o aspecto verbal for
considerado, tal ambigüidade será extinta, visto que ele especificará o sentido do
verbo aplicado, pois restringirá o uso de tal forma ao aspecto a que ela remete.
21
2.5 Tempo presente
Nesta seção, discorreremos especificamente sobre o tempo verbal
presente, que é o enfoque principal desse estudo. Para isso, selecionamos as
argumentações de alguns autores sobre o assunto.
Pontes (1973, p.75) defende que o presente do indicativo não se refere a
um fato simultâneo ao momento em que se fala, mas a fatos habituais, sem
referência precisa a um momento presente. Isso vem de encontro às antigas
gramáticas tradicionalistas, pois nelas, para que exista o tempo presente, é
imprescindível a simultaneidade entre o fato e o ato de fala. Em “Lavo a louça todos
os dias”, evidenciamos que há coerência por parte de Pontes, já que a sentença
denota uma situação habitual, mas não necessariamente presente.
Ilari (1997, p.9) assegura que a forma verbal do presente do indicativo
remete ora a fatos presentes, ora a fatos futuros ou mesmo passados. Assim, o
presente, associado a adjuntos, assume o valor de presente histórico ou presente
futuro. O tempo presente indica a contemporaneidade entre o evento narrado e o
momento da narração, e não essencialmente simultaneidade dos acontecimentos.
Na oração “Maria faz anos semana que vem”, vemos a indicação de um fato atual;
porém, futuro.
Costa (1990, p.18), quando fala em presente, começa exemplificando
com: “O homem é mortal”. Esse uso do presente, tradicionalmente chamado
gnômico, mas também chamado atemporal, para ela, é uma espécie de termo nãomarcado, de forma neutra no que diz respeito à categoria de tempo. Sendo assim,
para que chamá-lo de presente se é uma forma neutra?
22
Bechara (2000, p.221; 276) entende que o presente é usado em referência
a fatos que se passam ou se estendem ao momento em que falamos. Ele também
argumenta que o presente se caracteriza pelo traço “negativo” ou “neutral” em
relação ao pretérito (passado) ou futuro, que são termos “positivos“, isto é, aplicados
ao ocorrido, o que permite, ao presente, poder empregar-se, em determinados
contextos, “em lugar” do passado e do futuro. Não ocorrendo a neutralização, tais
substituições ficam impedidas.
O presente denota uma declaração que se verifica, ou que se prolonga até
o momento em que se fala, ou que acontece habitualmente. Ele é empregado pelo
pretérito em narrações animadas e seguidas (presente histórico), para dar a fatos
passados o sabor de novidade das coisas atuais; pelo pretérito imperfeito do
subjuntivo; pelo futuro do indicativo para indicar com ênfase uma decisão; e ainda,
pelo futuro do subjuntivo. E para embasar o que escreve, o autor usa uma citação de
Coseriu (apud BECHARA 2000, p.277): “Geralmente uma forma verbal não está por
outra ou em lugar de outra, mas sim no lugar de outra significação”. O estudo
apresentado por Bechara denota a mutabilidade do tempo verbal presente. A
sentença “Agora estarei ocupado”, pode ser entendida como “agora mesmo”
(presente) ou “em seguida” (aqui, com valor de futuro). Ou então “Amanhã vou à
cidade”, onde se emprega o presente pelo futuro do indicativo, produzindo ênfase à
decisão.
Perini (2001, p.253-254), em sua Gramática Descritiva do Português,
escreve que o presente do indicativo nem sempre se refere a um fato que está se
dando no momento presente; ou seja, a vinculação entre tempo verbal e tempo
semântico é complexa. O tempo presente do indicativo pode indicar uma ação
contemporânea: “Manoel pica couve neste momento”; um fato independente de
23
tempo que vale em qualquer momento: “A água ferve a 100 graus”; presente
histórico, se for um fato que aconteceu no passado: “Em 1822, o Brasil se torna
politicamente independente”; ou algo que ainda vai se realizar: “Amanhã cedo, varro
a casa”. Isto é, podemos ter quatro frases com verbos no presente do indicativo,
tendo cada uma sua referência temporal (tempo semântico) distinta. Por isso, podese dizer que o presente do indicativo é a forma mais versátil da língua portuguesa; já
que com outros tempos, as possibilidades são mais restritas.
Benveniste (apud FIORIN, 1996, p.142) descreve que se poderia crer que
a temporalidade é inata ao pensamento, pois é produzida na e pela enunciação.
Dessa procede a instauração da categoria do presente, e da categoria do presente
nasce a categoria do tempo. Ou seja, o discurso instaura um agora, momento da
enunciação. Em contraposição ao agora, cria-se um então. Esse agora é, pois, o
fundamento das oposições temporais da língua, o que seria o mesmo que afirmar
que entender o tempo presente é fundamental para a compreensão dos outros
tempos verbais. Fiorin (1996, p.149) ainda descreve que o presente marca uma
coincidência entre o momento do acontecimento e o momento de referência
presente, o que quer dizer que deve haver no presente uma tripla coincidência:
momento do acontecimento igual a momento de referência, que é igual ao momento
do evento (não importando que a simultaneidade seja real ou não). Somente
ocorrendo tripla coincidência poderíamos chamar de tempo presente.
Flores e Silva (2000, p.53) não consideram o tempo presente
concomitante ao momento da fala, mas aquele que o sujeito elege como presente
em seu ato de enunciação; ou seja, nessa perspectiva, o ponto de referência dêitica
não é o falante, mas o sujeito “eu”. O falante decide se está usando o presente ou
não.
24
Esses estudos nos levam a uma direção: para classificar a forma verbal
como presente, é imprescindível que se observe o contexto da enunciação, já que o
verbo sozinho não denotará o tempo expresso pela oração.
2.6 O contexto: parte indispensável para a interpretação das formas verbais
Há muito se sabe que para haver comunicação é necessário que as
pessoas se entendam. Quando nos comunicamos com alguém, usamos a linguagem
que internalizamos com o passar dos anos; todavia, para que sejamos
correspondidos, o nosso interlocutor precisa dispor de linguagem compatível com a
nossa.
Desta forma, seria fácil: se compartilhássemos das mesmas vivências,
entenderíamo-nos. Mas não é tão simples assim. Nem sempre as palavras que
utilizamos surtem o efeito desejado ou igual efeito nos interlocutores. Cada pessoa
decodifica as informações recebidas conforme o seu conhecimento, servindo-se do
contexto semântico ou pragmático. E para a interpretação de cada sentença, os
discursos e conhecimentos prévios são extremamente importantes.
Quando falamos, subentendemos que nossos interlocutores dominam o
repertório de informações que possibilitam o entendimento da mensagem nova que
fornecemos; caso contrário, não buscaríamos a comunicação.
É indispensável saber que geralmente dependerá do contexto o
entendimento do enunciado, visto que raramente as palavras possuem apenas um
significado. Como no exemplo: “Médico morre num acidente trágico na Rodovia SC
444”. Para quem está fora do contexto do acidente, não há como identificar quem é
25
esse médico, enquanto as pessoas que estão inteiradas do assunto, facilmente o
reconheceriam.
Para MacCawley (1993 apud MOURA, 1999, p.45), o contexto ou
conhecimento compartilhado tem o sentido técnico de “um conjunto de proposições
assumidas como verdadeiras (‘taken for granted’) pelos participantes de um discurso
num certo tipo de contexto”. Isso seria o mesmo que dizer que os interlocutores têm
o pensamento igual sobre o assunto em questão.
As
informações
captadas
pelos
interlocutores
normalmente
são
inferencialmente enriquecidas por cada um de maneira diferente.
O contexto lingüístico é fundamental para que haja a compreensão. Para
que o falante informe o que realmente quer dizer, faz-se necessária a transmissão
de informações suficientes, evitando qualquer deslize interpretativo e, nesse caso,
ele deve levar em conta o contexto semântico, pois esse não depende da atribuição
de conhecimento de mundo, de crenças.
As pesquisas semânticas estão enraizadas em duas tradições opostas. A
primeira é a semiológica que tenta sistematizar os diversos mecanismos pelos quais
as palavras se ligam umas as outras no âmbito do enunciado, e a tradição lógica
que tenta explicitar como se dá a ligação entre as palavras e as coisas. Isto é, a
tradição semiológica busca sistematizar o conjunto de relações de significação
relevantes para a produção do enunciado, enquanto a lógica, procura delimitar as
formas de significação na estrutura dos enunciados permitindo recuperar ou
representar os fatos do mundo.
Segundo Coan (2000, p.30), “quando a identificação da significação não
se dá lingüisticamente, passa pela determinação do que é comum ao conjunto de
26
falantes”. Ou seja, é muito importante que se faça uso da pragmática na
interpretação de textos.
Se não há conhecimentos compartilhados, o ouvinte muitas vezes não
entenderá o que o falante lhe comunica, e desse fato resulta a ambigüidade; logo,
levando-se em conta a pragmática, os casos de ambigüidade serão reduzidos
consideravelmente, pois se considerará o conhecimento compartilhado pelos dois.
Obviamente isso não é tão simples quanto parece.
Nem todo elemento contextual deve, imediatamente, ser considerado
pragmático. É um certo contexto, delimitado por uma definição, que pode ser ligado
ao componente pragmático. O contexto seleciona a função referencial relevante, e
será inferido a partir da intencionalidade do falante, ou seja, é a partir das crenças
normais dentro de uma comunidade que podemos estabelecer a referência visada
pelo falante, na medida em que atribuímos ao falante essas crenças normais.
A pragmática envolve a atribuição de diversas crenças ao interlocutor, que
delimitam o contexto da interpretação. Os contextos que não dependem dessa
atribuição de crenças não são pragmáticos, mas definidos no componente semântico
em função da dinâmica do discurso. A polissemia referencial faz com que a
referência de uma palavra possa variar de acordo com o contexto e de acordo com
as crenças conferidas pragmaticamente ao interlocutor.
A semântica tem sido definida nesse estudo de uma forma contextual e
dinâmica, de modo que o conteúdo semântico de um enunciado corresponde à
forma como ele afeta o contexto em que foi produzido. A pragmática, por sua vez,
abrange a série de inferências que são assumidas na interação a partir da atribuição
de crenças aos interlocutores.
27
E na medida em que dependem do fluxo conversacional e das
informações novas que vão sendo agregadas, os pressupostos são semânticos. Ao
mesmo tempo, se não houver interpretações lingüísticas satisfatórias, o falante ou o
ouvinte poderão valer-se do contexto pragmático; mas para isso, eles devem
compartilhar, ainda que implicitamente, desse mesmo contexto, não se esquecendo
do componente semântico.
Podemos dizer então que as informações compartilhadas, que formam o
conjunto de contextos, podem ser dinamicamente modificadas tanto pelo
componente semântico quanto pelo pragmático. Ambos têm a função de determinar
quais contextos devem ser considerados para a interpretação de uma sentença, ou
quais informações devem ser aceitas pelos interlocutores. Resumindo, a
interpretação de uma sentença é intimamente dependente da aceitação de várias
outras informações contextuais introduzidas pela semântica ou pragmática.
Ao se falar das formas verbais, não há dúvidas quanto à importância do
contexto lingüístico, semântico ou pragmático para a sua interpretação, pois, às
vezes, se interpreta um verbo diferentemente do que ele quer denotar.
Analisando a manchete: “Barrichello renova com a Ferrari” (DC, 15/01/04),
saberemos que o fato ocorreu no dia 14/04/04, se possuirmos o conhecimento sobre
ele ou tivermos em mãos o jornal. Se lermos o mesmo enunciado isoladamente, sem
o conhecimento do fato, poderemos interpretá-lo como um fato presente
(considerando que a forma verbal utilizada é o presente), ou pensar que ele ocorrerá
no próximo dia. Partindo do exemplo apresentado, evidencia-se a importância do
contexto semântico (a data do DC), ou do contexto pragmático (conhecer ou se
interessar por assuntos da “Fórmula 1”).
28
Baseando-se na análise anterior, podemos concluir que a forma verbal
não é imprescindível para a interpretação temporal. O tempo verbal pertence a uma
categoria discursiva, e o contexto (semântico ou pragmático) deve ser significativo
para a interpretação do tempo verbal também nos casos de não variação, mediante
traços inerentes ao item lexical, presença de expressões adverbiais e o próprio
conhecimento de mundo.
29
3. A FORMA VERBAL “PRESENTE” NAS MANCHETES DO JORNAL DIÁRIO
CATARINENSE
Ao longo desse trabalho, pesquisamos alguns gramáticos e lingüistas em
suas abordagens referentes ao verbo, visando priorizar seus estudos relacionados à
forma verbal presente.
Uma análise aprofundada requer a investigação em corpora. Para que isso
seja possível, partiremos do estudo das manchetes jornalísticas do jornal Diário
Catarinense (DC), visto que a grande maioria delas exprime os fatos utilizando a
forma verbal presente, não veiculando tal denotação. Essa forma codifica mais de
uma função e sua interpretação depende ora do contexto semântico, ora do contexto
pragmático.
Dividiremos esse capítulo em duas seções, visando à verificação da
pertinência das teorias abordadas pelos gramáticos e lingüistas mencionados no
capítulo anterior.
3.1 A natureza dos dados
Muitas vezes, quando se tem o intuito de ler um jornal, as manchetes
jornalísticas são lidas em primeiro lugar, pois além de sucintas, carregam a
informação essencial da notícia. É provável que as pessoas dêem mais atenção a
elas devido à falta de disponibilidade de tempo que têm para ler completamente a
notícia; logo, passam os olhos pelas manchetes e, a partir do interesse que lhes foi
despertado, lêem a(s) reportagem(ns) na íntegra, captam o sentido, mas não
30
monitoram as formas verbais impressas, isto é, não percebem que, naquela
manchete, o verbo está impresso na forma verbal presente, mas denota passado ou
futuro no contexto em questão.
Os jornais são produzidos em grande quantidade e requerem o uso de um
padrão de escrita, no qual está inserido um padrão verbal. Para tanto, o padrão
verbal normalmente é utilizado na forma do presente, independentemente de a
manchete expressar passado, presente ou futuro. Assim, nesse gênero textual,
escreve-se de acordo com um modo lingüístico padronizado, facilitando a escrita e
aproximando mais o falante do fato anunciado, mesmo que ela não remeta
necessariamente ao presente. Os leitores falam conforme a aquisição da língua e,
mesmo que esta não seja aplicada com o sentido imposto pela gramática prescritiva,
compreendem a forma verbal impressa.
Estudaremos o emprego da forma verbal presente nas manchetes
jornalísticas do jornal DC e mostraremos como ele é utilizado de modo simples e
padronizado, atendo-se ao uso dos falantes e não se preocupando com o uso da
forma verbal previsto na gramática prescritiva; visto que os acontecimentos ocorrem
num determinado momento anterior ou posterior, enquanto sua impressão e
apresentação para os leitores ocorrem em outro. Por meio da análise de algumas
manchetes do DC, impressas em dezembro de 2003, janeiro e julho de 2004, iremos
discutir os suportes teóricos estudados anteriormente.
3.2 A análise dos dados
Após termos estudado alguns autores, atentando principalmente ao que
eles diziam a respeito da forma verbal presente, precisamos averiguar quais teorias
31
são mais adequadas à explicação do emprego real e concreto das formas verbais.
Há a necessidade de analisar dados contemporâneos que nos levem a tal
constatação. Foi por isso que julgamos pertinente o estudo de manchetes
jornalísticas.
Partiremos das manchetes do Jornal Diário Catarinense, atentando para o
uso forma verbal “presente”, e buscaremos nelas as características defendidas pelos
autores nas noções antes vistas.
Faz-se necessária a contextualização de cada manchete apresentada,
para que depois seja feita a análise junto às noções dos estudiosos.
(1)
Ônibus são queimados e protesto acaba em pancadaria na Capital.
(Edição 6652, p.1 de 01/07/2004)
No dia 30 de junho de 2004, houve o terceiro dia de protesto contra o
aumento das tarifas de transportes coletivos em Florianópolis em que os estudantes
estavam se confrontando com os policiais militares.
(2)
Lula pede fim do visto. (Edição 6484, p.1 de 14/01/2004)
Lula se encontrou com George Bush, no México, em 13 de fevereiro de
2004 e pediu a ele que tanto turistas brasileiros quanto os americanos não
precisassem de visto para visitar os dois países.
(3)
Jovens morrem na Beira-Mar. (Edição 6457, p.1 de 17/12/2003).
32
No dia 16 de dezembro de 2003, o militar Eloy Müller, 20 anos, e Bruno
Barcelos, 18 anos, foram vítimas de uma colisão.
(4)
Brasil empata com Uruguai. (Edição 6482, p.1 de 12/01/2004)
A equipe brasileira foi parada pelo time uruguaio que marcou primeiro no
jogo do dia 11/01/2004.
(5)
Multidão invade o Planeta Atlântida. (Edição 6494, p.1 de
24/01/2004)
Na primeira noite do maior festival de música do Sul (23/01/2004), a banda
mineira “Skank” contagiou o público.
(6)
Brasileiros ajudam a reerguer Timor Leste. (Edição 6655, p.1 de
04/07/2004)
Há uma legião de brasileiros que tenta, a partir das cinzas e escombros de
uma guerra civil que durou 24 anos, fazer nascer um país: Timor Leste. Os militares
atuam em missão de paz da ONU.
A ex-colônia portuguesa foi invadida pela Indonésia em 1975 e se tornou
independente em 2002, após uma onda de repressão indonésia aos timorenses, que
deixou cerca de 200 mil mortos.
33
(7)
Girassol embeleza campo no Oeste. (Edição 6468, p.1 de
28/12/2003)
A paisagem das plantações no Oeste mudou do verde para o amarelo.
Dominados pelo plantio de milho, soja e fumo, os campos cedem lugar a uma nova
cultura, que, além de rentável, embeleza as lavouras: o girassol.
(8)
Cresce interesse no petróleo de SC. (Edição 6495, p.1 de
25/01/2004)
A Petrobrás, que conquistou reconhecimento mundial por explorar petróleo
em águas profundas, extrai produto de alta qualidade dos três poços da área e
projeta investir US$ 70 milhões na região de Santa Catarina.
(9)
Lojista aposta nos últimos dias. (Edição 6460, p. de 20/12/2003)
Comerciantes de todas as cidades catarinenses projetam uma melhora
nas vendas nestes últimos dias antes do Natal. Em alguns municípios as lojas ficam
abertas até às 22 horas.
Nos exemplos (1), (2), (3), (4) e (5), apesar de o verbo ser utilizado no
presente (segundo a gramática normativa), há a significação de passado, se o
contexto for levado em conta. Tal interpretação se contrapõe à proposta pela
gramática prescritiva. Considerando a noção apresentada por Bechara de que o
34
presente é usado em referência a fatos que se passam ou se estendem ao momento
em que falamos da forma verbal presente, a manchete (1) “Ônibus são queimados e
protesto acaba em pancadaria na Capital.” se encaixaria perfeitamente, pois esse
presente é usado em referência a fatos que se estendem ao momento em que
falamos; visto que o protesto ainda continuava quando a manchete foi veiculada,
diferentemente da noção de alguns autores tradicionalistas que não teriam como
explicá-la, pois o fato não é simultâneo ao momento da leitura.
Já no exemplo (2) “Lula pede fim do visto”, a idéia defendida por Bechara
seria refutada, considerando-se o uso da forma verbal, pois o pedido do presidente
foi no dia anterior e no jornal é apresentado como algo instantâneo; entretanto, a
mesma sentença satisfaria à idéia de Perini, em que ele classifica o presente como
algo contemporâneo também.
Analisando a terceira manchete “Jovens morrem na Beira-Mar”, diremos
que a tese de Perini, em que ele argumenta que o presente do indicativo nem
sempre se refere a um fato que está se dando no momento presente e pode indicar
um fato contemporâneo, mais uma vez tem sentido, pois o acidente foi algo que
aconteceu no dia anterior; logo, é contemporâneo, apesar de não ser momentâneo.
O mesmo exemplo se contraporia à idéia de Fiorin, pois para ele, o presente marca
uma coincidência entre o momento do acontecimento e o momento de referência
presente, porém não há nada na sentença que indique o momento de referência do
acontecimento.
Nas manchetes (4) “Brasil empata com Uruguai” e (5) “Multidão invade o
Planeta Atlântida”, o fato pode ser aceito como presente, se considerarmos que
Pontes escreve que o presente do indicativo não se refere a um fato simultâneo ao
35
momento em que se fala, mas a fatos habituais sem referência precisa a um
momento presente; logo, o fato não precisa ser simultâneo ao momento de fala.
Observando as manchetes (6) “Brasileiros ajudam a reerguer Timor Leste”
e (7) “Girassol embeleza campo no Oeste”, podemos relacioná-las à noção de
Costa, se nos atermos ao fato de que a ação desenvolvida pelos brasileiros continua
acontecendo sem um tempo específico para acabar ou que os girassóis ainda estão
embelezando o campo. Ela afirma que o presente é uma espécie de termo nãomarcado, podendo por isso ser considerado neutro. Enquanto para Ilari, somente a
presença de adjuntos remeteria as manchetes para o futuro, presente ou passado e,
como vemos, não há adjuntos nesses enunciados, conseqüentemente, sua
proposição não faria sentido aqui.
Atendo-se às manchetes (8) “Cresce interesse no petróleo de SC” e (9)
“Lojista aposta nos últimos dias”, que fazem referência a fatos futuros, Perini dá
conta de explicá-las. Ele defende que a forma verbal presente pode remeter a fatos
futuros.
Ilari, em sua teoria, não consegue contemplar nenhum dos exemplos
selecionados, pois em tais manchetes não consta qualquer adjunto que nos remeta
ao passado, presente ou futuro. Acreditamos que o motivo dessa variação não
acontecer nas manchetes seja intencional, visando à contemporaneidade,
independentemente do momento em que for lida.
Já Back e Mattos, pelo fato de entenderem que não é o verbo o indicador
de tempo em uma sentença, mas sim o contexto, consegue indiretamente,
contemplar todas as manchetes, pois a contextualização de cada uma delas
somente será possível se relacionadas à situação.
36
Depois de estudar noções tão diversificadas, constata-se o quão variadas
são as definições da forma verbal presente. E relacionando-as com as manchetes
jornalísticas, percebe-se que poucas noções contemplam essa forma verbal como as
de Flores e Silva, Perini e Costa. E isso ocorre porque elas são apresentadas de
forma abrangente. Contudo, evidencia-se ainda mais nossa idéia, assim como a de
Back e Mattos, de que somente o contexto definirá a verdadeira informação
veiculada pela manchete, ou seja, não é possível desconsiderar o todo quando se
pretende interpretá-la adequadamente.
Desse modo, verificamos que os jornalistas acompanham a evolução da
língua e escrevem se preocupando com a norma e com o entendimento de seus
leitores. E a discrepância encontrada entre a teoria e a aplicação ocorre porque a
forma do presente não é presente
37
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos são os estudos feitos sobre a forma verbal presente, e as
conclusões a que cada pesquisador chega, geralmente, não coincidem com a da
gramática normativa.
Depois da análise das teorias defendidas por alguns gramáticos e
lingüistas, evidenciou-se a diversidade de opiniões tanto a respeito do verbo e suas
categorias, quanto à forma verbal presente.
Mas a nossa proposição confirmou-se, visto que normalmente não é
possível interpretar um enunciado isoladamente, pois isso permitiria que houvesse
diferentes entendimentos sobre cada assunto. Conseqüentemente, nota-se que o
contexto semântico e pragmático é imprescindível para a interpretação das
informações.
Essa pesquisa também demonstra que o Jornal Diário Catarinense aplica
às manchetes a forma verbal em desacordo com o tempo real dos eventos, segundo
as gramáticas prescritivas. Entretanto, requer que o leitor recorra ao contexto
semântico-pragmático que faz parte de sua realidade para alcançar a compreensão
da manchete.
38
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