HISTÓRIA - 3o ANO MÓDULO 03 A ECONOMIA AÇUCAREIRA Como pode cair no enem Hoje em dia, nas grandes cidades, enterrar os mortos é uma prática quase íntima, que diz respeito apenas à família. A menos, é claro, que se trate de uma personalidade conhecida. Entretanto, isso nem sempre foi assim. Para um historiador, os sepultamentos são uma fonte de informações importantes para que se compreenda, por exemplo, a vida política das sociedades. No que se refere às práticas sociais ligadas aos sepultamentos: a) na Grécia Antiga, as cerimônias fúnebres eram desvalorizadas, porque o mais importante era a democracia experimentada pelos vivos; b) na Idade Média, a Igreja tinha pouca influência sobre os rituais fúnebres, preocupando-se mais com a salvação da alma; c) no Brasil colônia, o sepultamento dos mortos nas igrejas era regido pela observância da hierarquia social; d) na época da Reforma, o catolicismo condenou os excessos de gastos que a burguesia fazia para sepultar seus mortos; e) no período posterior à Revolução Francesa, devido às grandes perturbações sociais, abandonase a prática do luto. Fixação 1) (UNESP) Parece-me cousa mui conveniente mandar, Sua Alteza, algumas mulheres que lá têm pouco remédio de casamento a estas partes, ainda que fossem erradas, porque casarão todas mui bem, com tanto que não sejam tais que de todo tenham perdido a vergonha a Deus e ao mundo. E digo que todas casarão mui bem porque é terra muito grossa e larga. (...) De maneira que logo as mulheres terão remédio de vida, e os homens [daqui] remediariam suas almas, e facilmente se povoaria a terra. (Manuel da Nóbrega. Carta do Brasil, 1549) Tendo como base a carta do padre Manuel da Nóbrega, dê uma característica da colonização portuguesa nos seus primeiros tempos. Fixação 2) (UFF) Na década de 30, as obras de Gilberto Freyre redirecionaram os estudos sobre negros e cultura africana quanto à questão da identidade racial brasileira, pois contradiziam as afirmativas segundo as quais a miscigenação tinha causado um dano irreparável à nossa sociedade. Gilberto Freyre, em seus estudos: a) trata da confluência do cotidiano rural e urbano no Brasil, o que se destaca em sua primeira obra — Sobrados e Mocambos; b) detém-se na análise das relações multirraciais vigentes na sociedade baiana do século XVIII; c) enfatiza o cunho intensamente patriarcal da sociedade brasileira; d) aprofunda as teorias raciais vigentes no Brasil na segunda metade do século XIX; e) responsabiliza a sociedade derivada da mestiçagem pelos vícios sociais do povo brasileiro. Fixação 3) (FUVEST) A produção de açúcar, no Brasil colonial: a) possibilitou o povoamento e a ocupação de todo o território nacional, enriquecendo grande parte da população; b) praticada por grandes, médios e pequenos lavradores, permitiu a formação de uma sólida classe média rural; c) consolidou no Nordeste uma economia baseada no latifundiário monocultor e escravocrata que atendia aos interesses do sistema português; d) desde o início garantiu o enriquecimento da região Sul do país e foi a base econômica de sua hegemonia na República; e) não exigindo muitos braços, desencorajou a importação de escravos, liberando capitais para atividades mais lucrativas. Fixação 4) (FUVEST) Foram características dominantes da colonização portuguesa na América: a) Pequenas unidades de produção diversificada, comércio livre e trabalho compulsório. b) Grandes unidades produtivas de exportação, monopólio do comércio e escravidão. c) Pacto colonial, exploração de minérios e trabalho livre. d) Latifúndio, produção monocultora e trabalho assalariado de indígenas. e) Exportação de matérias-primas, minifúndio e servidão. - Fixação 5) Carta de Duarte Coelho ao Rei de Portugal Dom João III (Olinda, 27 de abril de 1542.) Senhor: Pelo capitão dos navios que daqui mandei o mês de setembro passado, dei conta a Vossa Alteza de minha viagem e chegada a esta Nova Lusitânia e do que aqui era passado. Depois meti-me, Senhor, a dar ordem ao sossego e paz da terra, com dádivas a uns e apaziguando a outros, porque tudo é necessário. E assim dei ordem a se fazerem engenhos de açúcares que de lá trouxe contratados, fazendo tudo quanto me requereram e dando tudo o que me pediram, sem olhar a proveito nem interesse algum meu, mas a obra ir avante, como desejo. Temos grande soma de canas plantadas, todo o povo, com todo trabalho que foi possível, e dando a todos a ajuda que a mim foi possível, e cedo acabaremos um engenho muito grande e perfeito, e ando ordenando a começar outros. (...). Quanto, Senhor, às coisas do ouro, nunca deixo de inquirir e procurar sobre elas, e cada dia se esquentam mais as novas; mas, como sejam longe daqui pelo meu sertão adentro, e se há de passar por três nações de muito perversa e bestial gente, e todas contrárias uma das outras, há de realizar-se esta jornada com muito perigo e trabalho, para a qual me parece, e assim a toda a minha gente, que se não pode fazer senão indo eu; (... ). Isto, Senhor, tem assentado e mandado aí buscar coisas necessárias para a jornada e alguns bons homens, porque é necessário deixar aqui tudo provido e a bom recado, por todas as vias, em especial por os franceses, os quais, se sentirem não estar eu na terra, começarão a fazer suas velhacarias, pois há quatorze dias aqui quiseram fazer o que costumavam, mas não puderam. Mando a Vossa Alteza a notícia disso para que a veja, se for necessário. A partir das informações contidas na carta de Duarte Coelho, torna-se possível identificar algumas das principais práticas mercantilistas portuguesas na América. Três delas foram: a) a produção de gêneros tropicais de exportação, o metalismo e a manutenção do exclusivo colonial; b) a produção de gêneros tropicais de exportação, o metalismo e o livre comércio com as nações amigas; c) a produção de gêneros tropicais para o mercado interno, o liberalismo e a manutenção do exclusivismo colonial; d) a produção de gêneros tropicais para o mercado interno, a utilização do trabalho compulsório e o livre comércio com as nações amigas; e) a produção de gêneros tropicais de exportação, o liberalismo e a manutenção do ideal cruzadista. Fixação 6) (FUVEST) Com relação ao período colonial, tanto na América Portuguesa quanto na América Espanhola, considere as seguintes afirmações: I) A mão de obra escrava africana, empregada nas atividades econômicas, era a predominante. II) As Coroas controlavam as economias por intermédio de monopólios e privilégios. III) Os nascidos nas Américas não sofriam restrições para ascender nas administrações civis e religiosas. IV) A alta hierarquia da Igreja Católica mantinha fortes laços políticos com as Coroas. V) As rebeliões manifestavam as insatisfações políticas de diferentes grupos sociais. Das afirmações anteriores, são verdadeiras apenas: a) I, II e III b) I, III e IV c) II, III e V d) II, IV e V e) III, IV e V Fixação 7) (PUC) A “vida indígena” e a reação das tribos à presença portuguesa, bem como as particularidades das condições naturais do Novo Mundo representaram, para o colonizador português, alguns dos desafios no processo de implantação de um sistema colonial. Após algumas iniciativas, esse sistema se estabeleceu quando: a) foram construídas feitorias e fortes em pontos estratégicos do litoral, para garantir a dominação colonial e a comercialização do pau-brasil; b) foram fundadas as primeiras vilas pelos jesuítas, que impulsionaram núcleos de povoamento e, no Norte, o extrativismo das chamadas “drogas do sertão”; c) foi organizada a produção em larga escala da cana-de--açúcar, voltada para o mercado externo, com utilização de mão de obra escrava; d) foi instituído o Pacto Colonial, que garantia o monopólio comercial e a certeza de que toda a renda obtida na colônia pertenceria à metrópole; e) foram implementados latifúndios de propriedade da Coroa Portuguesa, cuja produção era fiscalizada e administrada pelo chamado Governo-Geral. Fixação 8) (UERJ) Pelo que, começando, digo que as riquezas do Brasil consistem em seis coisas, com as quais seus povoadores se fazem ricos, que são estas: a primeira, a lavoura do açúcar; a segunda, a mercância; a terceira, o pau a que chamam do Brasil; a quarta, os algodões e madeiras; a quinta, a lavoura de mantimentos; a sexta e última, a criação de gados. De todas estas coisas, o principal nervo e substância da riqueza da terra é a lavoura dos açúcares. (Ambrósio Fernandes Brandão, 1618 Adaptado de PRIORE, M. del; VENÂNCIO, R. P. O livro de ouro da história do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001) Considera-se hoje que o Brasil colonial teve um desenvolvimento bastante diferente da interpretação de Caio Prado Júnior. É que mudou a ótica de observação: os historiadores a passaram a analisar o funcionamento da colônia. Não que a intenção da política metropolitana fosse diferente do que propõe o autor. Mas a realidade se revelava muito mais complexa. No lugar da imagem de colonos engessados pela metrópole, vem à tona um grande dinamismo do comércio colonial. (Sheila de Castro Faria. Adaptado de www.revistadehistoria.com.br) O texto do século XVII enumera interesses da metrópole portuguesa em relação à colonização do Brasil; já o segundo texto, uma análise mais contemporânea, descreve uma sociedade mais complexa, que ia além dos planos dos exploradores europeus. Indique dois objetivos da Coroa portuguesa com a implantação da empresa açucareira no Brasil colonial. Em seguida, identifique duas características da economia colonial que comprovam o seu dinamismo interno. Proposto 1) (UFPR) O engenho de açúcar era uma verdadeira empresa capitalista, mas era ao mesmo tempo uma comunidade patriarcal que, para suas necessidades mais vitais, vivia em regime de economia fechada. (MAURO, Fréderic. História do Brasil. São Paulo, DIFEL, 1974) A lavoura canavieira desempenhou papel fundamental na economia colonial, exercendo forte influência nas condições de vida e organização social. Quais os componentes que caracterizam a sociedade colonial brasileira durante o predomínio da economia canavieira? Proposto 2) (UNESP) Este Estado do Brasil (...) tem gente, os mercadores, que trazem do Reino as suas mercadorias a vender a esta terra e comutar por açúcares, do que tiram muito proveito. (Diálogos das grandezas do Brasil, 1618) Baseando-se no trecho, responda. a) Como era realizado o comércio do Brasil Colônia? b) Além dos mercadores, qual outra camada social era beneficiada na colônia brasileira? Proposto 3) (ENEM) Para Caio Prado Jr., a formação brasileira se completaria no momento em que fosse superada a nossa herança de inorganicidade social ― o oposto da interligação com objetivos internos ― trazida da colônia. Este momento alto estaria, ou esteve, no futuro. Se passarmos a Sérgio Buarque de Holanda, encontraremos algo análogo. O país será moderno e estará formado quando superar a sua herança portuguesa, rural e autoritária, quando então teríamos um país democrático. Também aqui o ponto de chegada está mais adiante, na dependência das decisões do presente. Celso Furtado, por seu turno, dirá que a nação não se completa enquanto as alavancas do comando, principalmente do econômico, não passarem para dentro do país. Como para os outros dois, a conclusão do processo encontra-se no futuro, que agora parece remoto. (SCHWARZ, R. Os sete fôlegos de um livro: Sequências brasileiras. São Paulo: Cia. das Letras,1999 - adaptado.) Acerca das expectativas quanto à formação do Brasil, a sentença que sintetiza os pontos de vista apresentados no texto é: a) Brasil, um país que vai pra frente. b) Brasil, a eterna esperança. c) Brasil, glória no passado, grandeza no presente. d) Brasil, terra bela, pátria grande. e) Brasil, gigante pela própria natureza. Proposto 4) (FGV) No período colonial, a renda das exportações do açúcar: a) raramente ocupou lugar de destaque na pauta das exportações, pelo menos até a chegada da família real ao Brasil; b) mesmo no auge da exportação do ouro, sempre ocupou o primeiro lugar, continuando a ser o produto mais importante; c) ocupou posição de importância mediana, ao lado do fumo, na pauta das exportações brasileiras, de acordo com os registros comerciais; d) ocupou posição relevante apenas durante dois decênios, ao lado de outros produtos, tais como a borracha, o mate e alguns derivados da pecuária; e) nunca ocupou o primeiro lugar, sendo que mesmo no auge da mineração, o açúcar foi um produto de importância apenas relativa. Proposto 5) (UFRJ) As Câmaras Municipais da América portuguesa do século XVII tinham a responsabilidade de, juntamente com os oficiais da monarquia, zelar pelo bem comum da população. Para o exercício de tais funções, a Câmara possuía certas atribuições econômicas, políticas e jurídicas. Indique duas prerrogativas das Câmaras Municipais coloniais. Proposto -6) (FUVEST) Os portugueses, esses criavam todas as dificuldades às entradas terra a dentro, receosos de que com isso se despovoasse a marinha (...). Ao contrário da colonização portuguesa, que foi antes de tudo litorânea e tropical, a castelhana parece fugir deliberadamente da marinha, preferindo as terras do interior e os planaltos. (Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil) Quais os motivos desses dois procedimentos? Proposto 7) (UFRJ) A primeira coisa que os moradores desta costa do Brasil pretendem são índios escravizados para trabalharem nas suas fazendas, pois sem eles não se podem sustentar na terra. (Adaptado de GANDAVO, Pero Magalhães. Tratado descritivo da terra do Brasil. São Paulo: Ed. Itatiaia e EDUSP, 1982, p. 42 [1576]) Nesse trecho, percebe-se a adesão do cronista ao ideário dos colonos lusos no Brasil de fins do século XVI. Com base no texto, e considerando que em Portugal prevalecia uma hierarquia social aristocrática e católica, explique por que, ao desembarcarem na América portuguesa da época, os colonos imediatamente procuravam lançar mão do trabalho escravo.