1 Protocolo Fisioterapêutico no Trabalho de Parto e Parto no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth em Boa Vista – RR Protocol Physiotherapeutic at Work and Delivery on Maternal Child Hospital Our Lady of Nazareth in Boa Vista - RR Autores: Francieli Boscaratto Romano Docente/Supervisora de Estágio Supervisionado em Ginecologia e Obstetrícia em Fisioterapia da Faculdade Cathedral e Especialista em Terapia Intensiva Adriana Figueira Velasco Graduanda em Fisioterapia pela Faculdade Cathedral de Ensino Superior de Roraima Rua Cotingo, nº 386, 13 de Setembro, CEP: 69308-140, Boa Vista – Roraima ([email protected]) Helcias José de Sant’ana Júnior Graduando em Fisioterapia pela Faculdade Cathedral de Ensino Superior de Roraima Rua Júlio Pinto, nº 92, Caimbé, CEP: 69312-185, Boa Vista – Roraima ([email protected]) Susyhan Garcia Oliveira Graduanda em Fisioterapia pela Faculdade Cathedral de Ensino Superior de Roraima Avenida General Ataide Teive, nº 7531, Alvorada, CEP: 69317-182, Boa Vista – Roraima ([email protected]) Francieli Boscaratto Romano Docente/Supervisora de Estágio Supervisionado em Ginecologia e Obstetrícia em Fisioterapia da Faculdade Cathedral e Especialista em Terapia Intensiva Atualizado em 20 de Novembro de 2013 RESUMO Esse estudo teve como objetivo realizar uma analise de dados do livro de registro obstétrico do setor de fisioterapia, destacando o Trabalho da Fisioterapia no Trabalho de Parto e Parto na 2 Maternidade Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, em Boa Vista RR durante o turno matutino, com frequência semanal, no período de 13 de Novembro de 2012 a 27 de Setembro de 2013. A amostra compôs-se de 356 parturientes, sendo 220 evoluíram para o parto com a fisioterapia, das quais, 132 multíparas e 88 primíparas. Comprovando que o trabalho da fisioterapia é de muita importância para o trabalho de parto e parto e assim obtendo resultados que mostraram que a fisioterapia diminui em até 1h58min a duração de tempo do trabalho de parto nas primíparas, e nas multíparas diminui em até 1h13min através das seguintes condutas: Orientações Respiratórias, Deambulação, Bola Suíça, Exercícios Pendulares, Posições Verticais, Cócoras e TENS. Palavra-chave: Fisioterapia, Parto Normal, Trabalho de Parto ABSTRACT This study aimed to conduct an analysis of data from the registry of the obstetric physiotherapy sector, highlighting the work of Physiotherapy in Labor and Delivery Maternity Mother and Child in Our Lady of Nazareth in Boa Vista RR during the morning shift, with weekly, from 13 November 2012 to 27 September 2013. The sample consisted of 356 women, but 220 developed for delivery using physical therapy, of which, 132 multiparous and 88 primiparous. Proving that the work of therapy is of great importance for the labor and delivery and thus obtaining results that show that physiotherapy decreases up to 1h58min the time duration of labor in primiparous and multiparous decreases in up to 1h13min through following conduct: Respiratory Guidelines, ambulation, Swiss Ball, Exercise Commuting, Vertical Positions, Squatting and TENS. Keyword: Physiotherapy, Childbirth, Labor and Delivery INTRODUÇÃO Na ultima década, a assistência ao trabalho de parto tem sido motivo de muitas discussões, tanto para BITTAR et. al., (2006) no que se refere à qualidade propriamente dita, quanto aos procedimentos utilizados. O parto hospitalar propicia o contato da parturiente com os inquestionáveis avanços tecnológicos da Obstetrícia para o controle dos riscos maternofetais, com os recursos farmacológicos para analgesia e anestesia e com os diversos métodos de controle da vitalidade fetal. Entretanto, deixou-se de valorizar orientações e procedimentos simples para o melhor uso do corpo durante o trabalho de parto. 3 Almeida (2005) enfatizou que, o medo, stress, tensão e fadiga, frio, fome, solidão, desamparo social e afetivo, ignorância pelo que está acontecendo e ambiente estranho são fatores que aumentam a percepção dolorosa no parto. Dentre os que reduzem essa percepção dolorosa podem ser citados o relaxamento, a confiança, informações corretas, contato contínuo com familiares e acompanhantes, o fato de se sentir ativa, descansada num ambiente confortável, como também permanecer o momento presente e o de viver as contrações uma a uma. Portanto, os métodos não farmacológicos podem reduzir essa percepção dolorosa no alívio da dor de parto, sendo considerados também como não invasivos. Dentre eles pode-se citar: o banho de chuveiro ou de imersão, massagens na região lombar, respiração padronizada, condicionamento verbal e relaxamento muscular. Esses métodos podem ser aplicados de forma combinada ou isolada, e, além de proporcionar alívio da dor de parto, podem reduzir a necessidade na utilização de métodos farmacológicos (ORANGE, 2003). REFERENCIAL TEÓRICO Para Reard, que publicou seu livro 1933 “Parto sem medo”, a dor do parto não existe, o sofrimento referido pela mulher é conseqüência do medo que lhe foi informado desde a infância. Logo, ao chegar à gestação, a insegurança da mulher diante do parto, encontrava-se exacerbada (MALDONADO, 2000). O medo, nas primeiras contrações, gera forte tensão emocional na parturiente e facilmente da impressão de dor, formando-se tríade: medo-tensãodor. A dor, ativada pelo Sistema Nervoso Autônomo, intensifica a o medo gerando tensão no útero promovendo a diminuição da circulação local aumentando os níveis de tensão e dor dificultando o curso natural do parto. O medo seria fruto de três fatores: sugestão; desconhecimento da morfologia e função dos órgãos genitais e dos fenômenos da parturição; falta de amparo psicológico durante o parto (MALDONADO, 2000). Na década de cinquenta, cientista como Pavlov, Lamaze e Dick Read atribuíram a fatores sócio-culturais grandes parte do desconforto e da dolorosa sensação durante o parto como efeito do medo e do estado de tensão das parturientes. Diante das técnicas fisioterápicas utilizadas, na preparação do parto, para alivio da dor devem ser inclusos relaxamento, 4 imaginação, massagem, percepção respiratória, posicionamento, estimulação elétrica transcutânea (TENS), banho quente e cinesioterapia. Bittar (2006), em seu artigo evidenciou que o método terapêutico e a orientação da mobilidade corporal são dirigidos para movimentos específicos para o trabalho de parto como: posturas verticais (de pé, andando, sentada), movimento articular geral, mobilidade pélvica, relaxamento do períneo, coordenação do diafragma e estímulo de propriocepção. Nos intervalos entre as contrações, as parturientes mantiveram-se em movimento, experimentando uma ou mais posições, enquanto o fisioterapeuta coordenava o movimento e corrigia vícios pélvicos que se evidenciam durante o movimento, principalmente a orientação articular do sacro (BITTAR et. al., 2006). Hodnett (2010) relatou que promover o conforto e a satisfação da mulher no parto está entre as tarefas mais importantes dos provedores de cuidados. As práticas que tem estes objetivos fazem parte de um contexto de valorização do parto fisiológico e do uso adequado de tecnologias na assistência ao parto e nascimento, que incluem desde modificações nos ambientes de assistência ao parto ate o emprego de praticas não medicamentosas de alivio à dor do parto; estas causam menos efeitos colaterais para mãe e o bebê e podem permitir à mulher mais sensação de controle no parto. Ambientes intra-hospitalares com aspectos arquitetônicos e mobiliários adequados contribuem para a promoção de sensação de calma, controle e liberdade de movimento. No trabalho de parto, a imobilidade materna pode contribuir para o aumento do numero de distócia e riscos de partos operários, por prejudicar a progressão ou descida fetal. Revisão da literatura sobre os efeitos da movimentação materna durante o trabalho de parto verificou que esta pode ocasionar diminuição da dor, facilitar a circulação materno-fetal, aumentando a intensidade das contrações uterinas, diminuírem a duração do trabalho de parto, auxiliar na descida e encaixe da apresentação fetal e diminuir as taxas de trauma perineal e episiotomia (ZWELLING, 2010). De acordo com Baracho (2007), é importante para o fisioterapeuta saber identificar a altura do polo cefálico (Planos de De Lee) e dilatação pélvica (Planos de Hodge). O plano de De Lee gradua a descida do bebê. Essa graduação é feita avaliando-se a distância entre os 5 dedos, por ser difícil a sua mensuração em centímetro, variando de negativo (-1, -2 e -3), para positivos (1, 2, 3). Nos planos negativos o pólo cefálico está alto e móvel, já nos positivos, está fixo e mais próximo da saída do bebê; já o plano de Hodge gradua a dilatação pélvica. Diversos autores classificam de forma diferente as fases do trabalho de parto, sendo de maneira geral uma mesma definição. Para Simões (2008), após a descrição do período premonitório (pré-parto), que é caracterizado pela descida do fundo uterino; as fases do trabalho de parto podem ser assim classificadas: Primeira Fase – Corresponde a fase de dilatação e o intervalo entre o inicio do trabalho de parto e a dilatação completa da cervix; Segunda Fase – Corresponde à fase de expulsão e o inicio da dilatação completa da cervix, finalizando com a expulsão do feto e a Terceira Fase – Começa com o desprendimento do feto e corresponde o deslocamento, descida e expulsão da placenta. O objetivo da fisioterapia intraparto é abreviar o tempo do período de dilatação, tornando-o mais tranquilo, bem como preparar o períneo para o período expulsivo. No processo do parto é importante que haja progressivamente o relaxamento da musculatura do assoalho pélvico (FERREIRA, 2011). Segundo Stepherson (2004), durante o atendimento da gestante, o fisioterapeuta deve ter em mente que quanto mais dirigir a atenção a esse processo e enfatizar o relaxamento com exercícios que irão facilitar a dilatação, melhor será a evolução e maior será a qualidade de vida proporcionada à parturiente e ao bebê. Na primeira fase do trabalho de parto o fisioterapeuta orienta a parturiente sobre as formas de diminuir as tensões musculares, com posturas que propiciam a dilatação. Já na segunda fase é de suma importância a participação da parturiente, pois esta fase engloba a expulsão do feto que exigirá da mesma uma postura e respiração adequadas para o nascimento do bebê. A posição vertical assumida pela parturiente tem ganho destaque na assistência ao parto humanizado pelos profissionais, pois estudos vêm demonstrando que esta posição produz melhor efeito na progressão do trabalho de parto. Isso ocorre devido à melhora da circulação uterina, que permite às fibras musculares cumprirem com sua função contrátil de maneira eficiente, resultando em uma duração do trabalho de parto mais curta. A avaliação da ventilação pulmonar materna e do equilíbrio acidobásico materno e fetal, em relação à posição materna, mostra que, na posição vertical, se obtêm os melhores resultados tanto 6 durante o período de dilatação como no expulsivo (BARBOSA, 2009). Porto (2010), em sua pesquisa com 57 parturientes evidenciou que a deambulação e a posição vertical no primeiro estágio do trabalho de parto são recomendadas, e não se associam com aumento de intervenções médicas. De acordo com Godeleive apud Bio (2007), a atuação da fisioterapia com a parturiente visa dirigir e orientar quanto às posturas, com ênfase em posturas verticais, movimentos amplos, mobilidade pélvica, relaxamento do períneo e das demais musculaturas corporais. Mazzali (2008), constatou que cabe ao profissional fisioterapeuta obstetra fazer um preparo individual da parturiente, onde irá orientá-la sobre a atividade da musculatura do assoalho pélvico, das posições que favorecem um alívio da dor, das técnicas respiratórias que auxiliam no trabalho de parto e ainda fazer um preparo psicológico da parturiente para que o parto possa acontecer da forma mais natural possível. A neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS trasncutaneous electrical nerve stimulation) é um período não farmacológico e não invasivo largamente utilizado para o alivio de dores agudas e crônicas. Em gestantes sua utilização é restrita ao trabalho de parto em decorrência da ausência de estudos científicos em outras fases da gestação. Sabe-se que a atuação, quando em alta frequência, se dá pela estimulação de fibras nervosas A beta, condutoras de informações ascendentes proprioceptivas, que inibirão as fibras de dor, A delta e C, pela “teoria das comportas” descrita por Melzack e Wall. Ainda, há liberação de opioides endógenos, mas pronunciada em baixas frequências, que contribui para o alivio da dor. (MARQUES, 2011) Como beneficio do uso do TENS no parto destacam-se: métodos não invasivos, não farmacológicos e seguro, fácil de aplicar e remover, não possui efeitos adversos, não interfere no estado de consciência, mobilidade e controle da parturiente, e pode ser aplicada em qualquer momento. O aparelho portátil é a melhor opção, pois permite deambulação e mudanças de posições, e a aplicação pode ser feita de modo continuo ou durante as contrações, sendo a corrente disparada manualmente pela própria parturiente, quando o aparelho dispuser de tal dispositivo (MARQUES, 2011). Segundo estudos realizados, o uso do TENS no trabalho de parto atua eficientemente no alivio da dor, podendo também reduzir a duração da fase de dilatação e a dose de anestésicos farmacológicos, além de não trazer prejuízos maternofetal. Os parâmetros utilizados variam da seguinte forma: frequência – 80 a 100Hz, burst – 2Hz, largura de pulso 275µs, intensidade – 0 a 50mA. Os estudos variam também na localização dos eletrodos, onde 7 os pares de eletrodos podem ser afixados na região paravertebral entre T10 – L1 e S2 – S4, ou dois pares de eletrodos localizados bilateralmente nos pontos de acupuntura Li4 (ponto medico entre o primeiro e o segundo osso do carpo, na região dorsal da mão) e Sp6 (5cm acima do maléolo medial) (MARQUES, 2011). O método de respiração tem como protagonistas Read e Lamaze (2008), que utilizam o princípio da teoria de Pavlov e visa construir um novo reflexo condicionado à parturiente: respiração-relaxamento no momento da contração uterina. Desviando a atenção para a respiração consciente, permite que a parturiente se distraia das dores e das contrações uterinas e passe a se concentrar na respiração e relaxamento. De acordo com Ferreira (2011), é importante sempre avaliar a respiração da parturiente em todos os posicionamentos em que a parturiente se encontrar. Deverá obedecer ao padrão fisiológico, ou seja, de forma lenta, principalmente nos momentos de contração, dando uma pausa momentânea entre a inspiração e a expiração, caso isso não ocorra haverá uma diminuição de dióxido de carbono, tendo assim uma alcalose respiratória materna. Se a parturiente realiza uma respiração ofegante e rápida, ela irá diminuir o limiar de dor e consequentemente irá sentir maior dor e cansaço. A parturiente com uma respiração curta e acelerada pode ter repercussões negativas para ela e o bebê, pois esse tipo de respiração é contraindicada porque pode levar a paciente a ter uma hiperventilação e inadequada porque poderá ter um aumento da lordose lombar e contração dos adutores da coxa (que junto irá favorecer uma contração associada com os músculos do assoalho pélvico). METODOLOGIA Este estudo trata de uma análise de dados de cunho quantitativo e explicativo no qual teve como material de análise o livro de registro obstétrico do setor de fisioterapia da Faculdade Cathedral, onde constam os dados dos atendimentos das parturientes no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMI) em Boa Vista-Roraima, durante o turno matutino, com frequência semanal, no período de 13 de Novembro de 2012 a 27 de Setembro de 2013. No livro eram referidos os seguintes dados: Numero de Prontuário, Nome, Idade, Primípara ou Multípara, Idade Gestacional, Horário Inicial de Atendimento, Horário Final de Atendimento, Dilatação Cervical, Apresentação Fetal, Numero de Contrações, Conduta Fisioterapêutica e Evolução para o Parto/Cesária. Usou como critério de inclusão para o estudo os dados obtidos do livro, somente parturientes que evoluíram para o parto natural durante o atendimento fisioterapêutico. Dos dados registrados no livro obstétrico, o estudo 8 limitou-se em: Idade Média, Duração de Atendimento, Dilatação Cervical e Condutas Realizadas. As condutas realizadas fazem parte do protocolo fisioterapêutico proposto neste artigo que constam com as seguintes condutas: Orientações Respiratórias, Orientações Fisiológicas Deambulação, Bola Suíça, Exercícios Pendulares, Posições Verticais, Postura de Cócoras e Neuroestimulação Elétrica Transcutânea (TENS). O total de atendimentos fisioterapêuticos constados no livro foi de 356 parturientes, sendo que, dentre as 356 parturientes, 220 evoluíram para o parto durante o atendimento fisioterapêutico, no qual 132 eram multíparas e 88 eram primíparas. As 136 pacientes que foram excluídas do estudo corresponde aos seguintes fatores, 28 evoluíram para o parto Cesário durante o atendimento fisioterapêutico e 108 não evoluíram para o parto natural durante o atendimento que foi realizado no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMI) no turno matutino evidenciando das 8hrs às 11hrs. Após todos os dados obtidos, estes foram analisados e, para a elaboração de gráficos, utilizou-se como ferramenta de suporte para a composição dos resultados, o programa Microsoft Excel 2012. RESULTADOS A análise estatística foi de 356 parturientes, das quais 220 (61%) evoluíram para o parto natural, durante o atendimento fisioterapêutico, sendo que 132 (60%) eram multíparas e 88 (40%) primíparas (Gráfico 4). A idade média de todas as parturientes que evoluíram para o parto natural durante o atendimento fisioterapêutico foi de 28 anos; mínima 16 e máxima 40 anos. A média de idade entre as multíparas foi de 30 anos; mínima de 20 anos, máxima de 40 anos e de 19 anos das primíparas; mínima 16 e máxima de 21 anos. A idade gestacional variou em 32 a 42 semanas de gestação. Em relação aos exercícios realizados pelas parturientes que evoluíram para o parto natural durante o atendimento fisioterapêutico, 140 (63%) parturientes receberam orientações respiratórias, 129 (58%) das parturientes realizaram deambulação, 209 (95%) realizaram a bola suíça (anteversão, retroversão, lateralização, e circundução), 73 (33%) realizaram posturas verticais, 71 (32%) das parturientes realizaram cócoras, 110 (50%) realizaram exercícios pendulares e 20 (9%) utilizaram o método da eletroterapia (TENS) (Gráfico 3). 9 As parturientes do presente estudo tiveram como media de dilatação cervical no inicio do atendimento, tanto as primíparas como as multíparas de 7 cm. As primíparas levaram em média 1 hora e 02 minutos (Gráfico 1) para a evolução total da dilatação cervical, e as multíparas levaram em média 47 minutos (Gráfico 2) para evolução total. Os resultados mostram que a fisioterapia diminui em até 52% a duração de tempo do trabalho de parto nas primíparas que ficou em 1h58min, e nas multíparas diminui em até 57% em 1h13min. DISCUSSÃO Simões (2008) colocou que embora haja um total consenso de opiniões, todos os pesquisadores recomendam o estímulo das mulheres que acreditam que a deambulação, o uso de posições diferentes e a mobilidade lhes permitem enfrentar melhor o parto. O estudo concorda com Simões, na analise foi utilizada a deambulação. De acordo com Silva (2007), posturas verticais adotadas durante o trabalho de parto vêm se mostrando cada vez mais benéficas, tanto do ponto de vista gravitacional quanto em relação à postura decúbito dorsal. Souza apud Ferreira (2011), relata que as posturas verticais são definidas como todas as posições que não são supinas, ou seja, a ortostática, sentada com e sem apoio, de quatro apoios e cócoras. Essas posições são especialmente indicadas quando a cabeça fetal está alta em relação à pelve materna e a ação da gravidade pode favorecer a descida fetal com a força no mesmo sentido da contração uterina. Estas posições aceleram a dilatação e não causam qualquer malefício à parturiente ou ao feto. Evidenciamos que quando a gestante adota a posição verticalizada (sentada, cócoras ou ajoelhadas), seu tronco pode ser ligeiramente flexionado, o que diminui a lordose lombar e permite que a ação da gravidade faça com que o útero se projete para frente, e fique apoiada na musculatura abdominal, provocando seu alinhamento com o canal de parto, no estudo realizado com os exercícios de cócoras (32%), bola suíça (95%) e posturas verticais (33%), o uso da bola suíça colocou 95% das parturientes em ação, contribuindo para o trabalho de parto e ajudando na descida fetal. Na presente análise das parturientes não incluímos a postura decúbito dorsal, porque essa posição favorece a compressão dos vasos sanguíneos pelo útero, podendo causar hipotensão materna, sofrimento fetal, hemorragias durante e após o parto, dificuldade na troca gasosa entre gestante e feto e além de diminuir a efetividade das contrações uterinas. 10 Por tanto o presente estudo que foi realizado com as parturientes no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMI), percebemos que a maioria das parturientes recebeu o auxilio para as posições verticais, dentre elas: Deambulação (58%) e Exercícios Pendulares (50%), ou seja, metade das parturientes do estudo descrito realizaram os exercícios de Deambulação e Exercícios pendulares diminuindo assim as horas de trabalho de parto. De acordo com Marques (2011), quando usada corretamente, auxilia na manutenção da oxigenação materno-fetal, promove maior relaxamento e minimiza a ansiedade e a dor. Tais técnicas devem ser incentivadas preferencialmente na fase ativa do trabalho de parto, para evitar o aumento da fadiga da parturiente, que pode ocorrer quando o uso da respiração se inicia de modo muito precoce. Marques (2011) relata que atualmente há diversas formas de utilizar a respiração, mas deve-se priorizar a realização durante as contrações uterinas e o conforto da parturiente, e sempre evitar a hiperventilação materna, que pode trazer efeitos adversos tanto para o feto como para o trabalho de parto. Técnicas respiratórias são muito utilizadas e difundidas pelos profissionais fisioterapeutas, que as utilizam não apenas com parturientes, mas também em diversas técnicas e recursos utilizados pelos mesmos. No que diz respeito ao trabalho de parto, a mesma é utilizada por proporcionar relaxamento, concentração, diminuição do risco de trauma perineal e melhorar a oxigenação sanguínea da mãe e do bebê. Porém, para alguns autores, não existem técnicas respiratórias ideais recomendadas para a fase ativa do trabalho de parto. Dentre as numerosas técnicas de percepção respiratória, uma das mais conhecidas e a mais segura a nível fisiológico para o binômio mãe e filho, é a respiração profunda ou abdominal, na qual a parturiente realiza uma inspiração expandindo a parede abdominal descontraída, abaixando o diafragma. Logo em seguida, expira lentamente, contraindo os músculos abdominais, tendo os lábios em posição como se estivesse apagando uma vela. Tal exercício controla a velocidade da expiração, facilitando a contração dos músculos abdominais. No período de expulsão do feto a parturiente respira fundo e realiza uma apnéia, fazendo força para expulsar o bebê relaxando a musculatura perineal (MAZZALI, 2008). 11 Durante o estudo realizado com as parturientes do Hospital Materno infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMI), evidenciamos uma importância para as orientações respiratórias que abrangeu 63% das parturientes, concordamos com diversos autores em questão, e o presente estudo notou uma eficácia em abranger além que exercícios corporais, mas também exercícios respiratórios. A eficácia desses exercícios é evitar a hiperventilação materna, que pode trazer efeitos adversos tanto para o feto quanto para a parturiente, dificultando o trabalho de parto. Conforme Ferreira (2011), a bola suíça é um ótimo recurso que pode ser utilizado para favorecer uma mobilidade, principalmente nos momentos de contração em que a parturiente for orientada a abduzir os membros inferiores e flexionar o tronco anteriormente (apoiada na maca), lembrando que esta posição é ótima para receber massagem na região lombar. Entre os principais benefícios trazidos por exercícios com a bola na gravidez e no trabalho de parto, estão à correção da postura, o relaxamento e alongamento e o fortalecimento da musculatura. A realização de exercícios com a bola na posição vertical (sentada) trabalha a musculatura do assoalho pélvico, em especial, os músculos levantadores do ânus e pubo coccígeos e a fáscia da pelve. Essa posição ainda proporciona liberdade de mudança de posição à parturiente, o que contribui para a participação ativa da mulher no processo do nascimento (SILVA, 2011). De acordo com Camano et all, (2005), o trabalho de parto pode estender-se bastante (10 a 12 hrs nas primíparas e de 6 a 8 nas multíparas). Segundo Montenegro et al (2008) a fase latente dura em media 20 horas nas primíparas e 14 nas multíparas. O parto propriamente dito (fase ativa) tem período de dilatação se completada em cerca de 12 horas nas primíparas, e de 7 horas nas multíparas; a expulsão leva, respectivamente, 50 a 20 minutos. Todavia, empregado assistência ativa a parturiente, a maioria dos partos normais ocorre dentro de 6 horas. Para Baracho (2007) a participação da parturiente é importante para abreviar o período expulsivo, assim no momento do parto, o controle e a coordenação dos músculos do assoalho pélvico são exigidos. A mulher é instruída a fazer força para baixo, e no momento em que o obstetra identifica uma contração uterina (Cunningham et al, 2000). Dai a importância da cinesioterapia no pré-parto (BARACHO, 2007). 12 Através da fisioterapia o tempo de trabalho de parto e parto é reduzido pela metade, tanto nas primíparas, quanto nas multíparas, comprovando assim que o uso das condutas: Orientações Respiratórias, Orientações Fisiológicas, Deambulação, Bola Suíça, Exercícios Pendulares, Posições Verticais, Posição de Cócoras e Neuroestimulação Elétrica Transcutânea (TENS), são benéficas e eficazes para a parturiente e o feto. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo mostrou a eficácia dos exercícios terapêuticos nas fases do trabalho de parto, assim destacando a importância fundamental da fisioterapia na assistência à mulher. Isso mostra que na área obstétrica é importante a presença do fisioterapeuta, e que seus benefícios se tonam mais produtivos. Notou-se que o tempo do trabalho de parto foi reduzido, tanto nas multíparas quanto nas primíparas, mostrando assim que a fisioterapia atua na diminuição do tempo de trabalho de parto e que tem efeito benéfico nas parturientes. Portanto a atuação fisioterapêutica no trabalho de parto e parto contribui de maneira positiva orientando e evidenciando a importância de seus recursos para um parto mais eficaz e humanizado. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 1. ALMEIDA, N. A. M.; SOUSA, J. T.; BACHION, M.M.; SILVEIRA, N. A. Utilização de técnicas de respiração e relaxamento para alivio de dor e ansiedade no processo de parturição. Rev. Latino-am Enfermagem, v. 13, n. 1, p. 52-58, jan.fev, 2005. 2. BARBOSA, Ilda S.; DIAS, Ivanete F. da S.; ITO, Kátia do C.; Humanização da Assistência ao Parto; Trabalho de Conclusão da Pós-graduanda em Saúde coletiva e Saúde da Família Instituto de Ensino Superior de Londrina-INESUL, 2009. 3. BARACHO, Elsa. 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