Protocolo Fisioterapêutico no Trabalho de Parto e Parto no Hospital

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Protocolo Fisioterapêutico no Trabalho de Parto e Parto no Hospital Materno Infantil
Nossa Senhora de Nazareth em Boa Vista – RR
Protocol Physiotherapeutic at Work and Delivery on Maternal Child Hospital Our Lady of
Nazareth in Boa Vista - RR
Autores:
Francieli Boscaratto Romano
Docente/Supervisora de Estágio Supervisionado em Ginecologia e Obstetrícia em Fisioterapia
da Faculdade Cathedral e Especialista em Terapia Intensiva
Adriana Figueira Velasco
Graduanda em Fisioterapia pela Faculdade Cathedral de Ensino Superior de Roraima
Rua Cotingo, nº 386, 13 de Setembro, CEP: 69308-140, Boa Vista – Roraima
([email protected])
Helcias José de Sant’ana Júnior
Graduando em Fisioterapia pela Faculdade Cathedral de Ensino Superior de Roraima
Rua Júlio Pinto, nº 92, Caimbé, CEP: 69312-185, Boa Vista – Roraima
([email protected])
Susyhan Garcia Oliveira
Graduanda em Fisioterapia pela Faculdade Cathedral de Ensino Superior de Roraima
Avenida General Ataide Teive, nº 7531, Alvorada, CEP: 69317-182, Boa Vista – Roraima
([email protected])
Francieli Boscaratto Romano
Docente/Supervisora de Estágio Supervisionado em Ginecologia e Obstetrícia em Fisioterapia
da Faculdade Cathedral e Especialista em Terapia Intensiva
Atualizado em 20 de Novembro de 2013
RESUMO
Esse estudo teve como objetivo realizar uma analise de dados do livro de registro obstétrico
do setor de fisioterapia, destacando o Trabalho da Fisioterapia no Trabalho de Parto e Parto na
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Maternidade Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, em Boa Vista RR durante o turno
matutino, com frequência semanal, no período de 13 de Novembro de 2012 a 27 de Setembro
de 2013. A amostra compôs-se de 356 parturientes, sendo 220 evoluíram para o parto com a
fisioterapia, das quais, 132 multíparas e 88 primíparas. Comprovando que o trabalho da
fisioterapia é de muita importância para o trabalho de parto e parto e assim obtendo resultados
que mostraram que a fisioterapia diminui em até 1h58min a duração de tempo do trabalho de
parto nas primíparas, e nas multíparas diminui em até 1h13min através das seguintes
condutas: Orientações Respiratórias, Deambulação, Bola Suíça, Exercícios Pendulares,
Posições Verticais, Cócoras e TENS.
Palavra-chave: Fisioterapia, Parto Normal, Trabalho de Parto
ABSTRACT
This study aimed to conduct an analysis of data from the registry of the obstetric
physiotherapy sector, highlighting the work of Physiotherapy in Labor and Delivery
Maternity Mother and Child in Our Lady of Nazareth in Boa Vista RR during the morning
shift, with weekly, from 13 November 2012 to 27 September 2013. The sample consisted of
356 women, but 220 developed for delivery using physical therapy, of which, 132
multiparous and 88 primiparous. Proving that the work of therapy is of great importance for
the labor and delivery and thus obtaining results that show that physiotherapy decreases up to
1h58min the time duration of labor in primiparous and multiparous decreases in up to
1h13min through following conduct: Respiratory Guidelines, ambulation, Swiss Ball,
Exercise Commuting, Vertical Positions, Squatting and TENS.
Keyword: Physiotherapy, Childbirth, Labor and Delivery
INTRODUÇÃO
Na ultima década, a assistência ao trabalho de parto tem sido motivo de muitas
discussões, tanto para BITTAR et. al., (2006) no que se refere à qualidade propriamente dita,
quanto aos procedimentos utilizados. O parto hospitalar propicia o contato da parturiente com
os inquestionáveis avanços tecnológicos da Obstetrícia para o controle dos riscos maternofetais, com os recursos farmacológicos para analgesia e anestesia e com os diversos métodos
de controle da vitalidade fetal. Entretanto, deixou-se de valorizar orientações e procedimentos
simples para o melhor uso do corpo durante o trabalho de parto.
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Almeida (2005) enfatizou que, o medo, stress, tensão e fadiga, frio, fome, solidão,
desamparo social e afetivo, ignorância pelo que está acontecendo e ambiente estranho são
fatores que aumentam a percepção dolorosa no parto. Dentre os que reduzem essa percepção
dolorosa podem ser citados o relaxamento, a confiança, informações corretas, contato
contínuo com familiares e acompanhantes, o fato de se sentir ativa, descansada num ambiente
confortável, como também permanecer o momento presente e o de viver as contrações uma a
uma.
Portanto, os métodos não farmacológicos podem reduzir
essa percepção dolorosa no alívio da dor de parto, sendo
considerados também como não invasivos. Dentre eles pode-se
citar: o banho de chuveiro ou de imersão, massagens na região
lombar, respiração padronizada, condicionamento verbal e
relaxamento muscular. Esses métodos podem ser aplicados de
forma combinada ou isolada, e, além de proporcionar alívio da
dor de parto, podem reduzir a necessidade na utilização de
métodos farmacológicos (ORANGE, 2003).
REFERENCIAL TEÓRICO
Para Reard, que publicou seu livro 1933 “Parto sem medo”, a dor do parto não existe,
o sofrimento referido pela mulher é conseqüência do medo que lhe foi informado desde a
infância. Logo, ao chegar à gestação, a insegurança da mulher diante do parto, encontrava-se
exacerbada (MALDONADO, 2000). O medo, nas primeiras contrações, gera forte tensão
emocional na parturiente e facilmente da impressão de dor, formando-se tríade: medo-tensãodor. A dor, ativada pelo Sistema Nervoso Autônomo, intensifica a o medo gerando tensão no
útero promovendo a diminuição da circulação local aumentando os níveis de tensão e dor
dificultando o curso natural do parto. O medo seria fruto de três fatores: sugestão;
desconhecimento da morfologia e função dos órgãos genitais e dos fenômenos da parturição;
falta de amparo psicológico durante o parto (MALDONADO, 2000).
Na década de cinquenta, cientista como Pavlov, Lamaze e Dick Read atribuíram a
fatores sócio-culturais grandes parte do desconforto e da dolorosa sensação durante o parto
como efeito do medo e do estado de tensão das parturientes. Diante das técnicas fisioterápicas
utilizadas, na preparação do parto, para alivio da dor devem ser inclusos relaxamento,
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imaginação, massagem, percepção respiratória, posicionamento, estimulação elétrica
transcutânea (TENS), banho quente e cinesioterapia.
Bittar (2006), em seu artigo evidenciou que o método terapêutico e a orientação da
mobilidade corporal são dirigidos para movimentos específicos para o trabalho de parto
como: posturas verticais (de pé, andando, sentada), movimento articular geral, mobilidade
pélvica, relaxamento do períneo, coordenação do diafragma e estímulo de propriocepção.
Nos intervalos entre as contrações, as parturientes
mantiveram-se em movimento, experimentando uma ou mais
posições, enquanto o fisioterapeuta coordenava o movimento e
corrigia vícios pélvicos que se evidenciam durante o
movimento, principalmente a orientação articular do sacro
(BITTAR et. al., 2006).
Hodnett (2010) relatou que promover o conforto e a satisfação da mulher no parto está
entre as tarefas mais importantes dos provedores de cuidados. As práticas que tem estes
objetivos fazem parte de um contexto de valorização do parto fisiológico e do uso adequado
de tecnologias na assistência ao parto e nascimento, que incluem desde modificações nos
ambientes de assistência ao parto ate o emprego de praticas não medicamentosas de alivio à
dor do parto; estas causam menos efeitos colaterais para mãe e o bebê e podem permitir à
mulher mais sensação de controle no parto. Ambientes intra-hospitalares com aspectos
arquitetônicos e mobiliários adequados contribuem para a promoção de sensação de calma,
controle e liberdade de movimento.
No trabalho de parto, a imobilidade materna pode
contribuir para o aumento do numero de distócia e riscos de
partos operários, por prejudicar a progressão ou descida fetal.
Revisão da literatura sobre os efeitos da movimentação materna
durante o trabalho de parto verificou que esta pode ocasionar
diminuição da dor, facilitar a circulação materno-fetal,
aumentando a intensidade das contrações uterinas, diminuírem a
duração do trabalho de parto, auxiliar na descida e encaixe da
apresentação fetal e diminuir as taxas de trauma perineal e
episiotomia (ZWELLING, 2010).
De acordo com Baracho (2007), é importante para o fisioterapeuta saber identificar a
altura do polo cefálico (Planos de De Lee) e dilatação pélvica (Planos de Hodge). O plano de
De Lee gradua a descida do bebê. Essa graduação é feita avaliando-se a distância entre os
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dedos, por ser difícil a sua mensuração em centímetro, variando de negativo (-1, -2 e -3), para
positivos (1, 2, 3). Nos planos negativos o pólo cefálico está alto e móvel, já nos positivos,
está fixo e mais próximo da saída do bebê; já o plano de Hodge gradua a dilatação pélvica.
Diversos autores classificam de forma diferente as fases do trabalho de parto, sendo de
maneira geral uma mesma definição. Para Simões (2008), após a descrição do período
premonitório (pré-parto), que é caracterizado pela descida do fundo uterino; as fases do
trabalho de parto podem ser assim classificadas: Primeira Fase – Corresponde a fase de
dilatação e o intervalo entre o inicio do trabalho de parto e a dilatação completa da cervix;
Segunda Fase – Corresponde à fase de expulsão e o inicio da dilatação completa da cervix,
finalizando com a expulsão do feto e a Terceira Fase – Começa com o desprendimento do feto
e corresponde o deslocamento, descida e expulsão da placenta.
O objetivo da fisioterapia intraparto é abreviar o tempo
do período de dilatação, tornando-o mais tranquilo, bem como
preparar o períneo para o período expulsivo. No processo do
parto é importante que haja progressivamente o relaxamento da
musculatura do assoalho pélvico (FERREIRA, 2011).
Segundo Stepherson (2004), durante o atendimento da gestante, o fisioterapeuta deve
ter em mente que quanto mais dirigir a atenção a esse processo e enfatizar o relaxamento com
exercícios que irão facilitar a dilatação, melhor será a evolução e maior será a qualidade de
vida proporcionada à parturiente e ao bebê. Na primeira fase do trabalho de parto o
fisioterapeuta orienta a parturiente sobre as formas de diminuir as tensões musculares, com
posturas que propiciam a dilatação. Já na segunda fase é de suma importância a participação
da parturiente, pois esta fase engloba a expulsão do feto que exigirá da mesma uma postura e
respiração adequadas para o nascimento do bebê.
A posição vertical assumida pela parturiente tem ganho
destaque na assistência ao parto humanizado pelos profissionais,
pois estudos vêm demonstrando que esta posição produz melhor
efeito na progressão do trabalho de parto. Isso ocorre devido à
melhora da circulação uterina, que permite às fibras musculares
cumprirem com sua função contrátil de maneira eficiente,
resultando em uma duração do trabalho de parto mais curta. A
avaliação da ventilação pulmonar materna e do equilíbrio acidobásico materno e fetal, em relação à posição materna, mostra
que, na posição vertical, se obtêm os melhores resultados tanto
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durante o período de dilatação como no expulsivo (BARBOSA,
2009).
Porto (2010), em sua pesquisa com 57 parturientes evidenciou que a deambulação e a
posição vertical no primeiro estágio do trabalho de parto são recomendadas, e não se
associam com aumento de intervenções médicas.
De acordo com Godeleive apud Bio (2007), a atuação da fisioterapia com a parturiente
visa dirigir e orientar quanto às posturas, com ênfase em posturas verticais, movimentos
amplos, mobilidade pélvica, relaxamento do períneo e das demais musculaturas corporais.
Mazzali (2008), constatou que cabe ao profissional fisioterapeuta obstetra fazer um
preparo individual da parturiente, onde irá orientá-la sobre a atividade da musculatura do
assoalho pélvico, das posições que favorecem um alívio da dor, das técnicas respiratórias que
auxiliam no trabalho de parto e ainda fazer um preparo psicológico da parturiente para que o
parto possa acontecer da forma mais natural possível.
A neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS trasncutaneous electrical nerve
stimulation) é um período não farmacológico e não invasivo largamente utilizado para o
alivio de dores agudas e crônicas. Em gestantes sua utilização é restrita ao trabalho de parto
em decorrência da ausência de estudos científicos em outras fases da gestação. Sabe-se que a
atuação, quando em alta frequência, se dá pela estimulação de fibras nervosas A beta,
condutoras de informações ascendentes proprioceptivas, que inibirão as fibras de dor, A delta
e C, pela “teoria das comportas” descrita por Melzack e Wall. Ainda, há liberação de opioides
endógenos, mas pronunciada em baixas frequências, que contribui para o alivio da dor.
(MARQUES, 2011)
Como beneficio do uso do TENS no parto destacam-se: métodos não invasivos, não
farmacológicos e seguro, fácil de aplicar e remover, não possui efeitos adversos, não interfere
no estado de consciência, mobilidade e controle da parturiente, e pode ser aplicada em
qualquer momento. O aparelho portátil é a melhor opção, pois permite deambulação e
mudanças de posições, e a aplicação pode ser feita de modo continuo ou durante as
contrações, sendo a corrente disparada manualmente pela própria parturiente, quando o
aparelho dispuser de tal dispositivo (MARQUES, 2011).
Segundo estudos realizados, o uso do TENS no trabalho de parto atua eficientemente
no alivio da dor, podendo também reduzir a duração da fase de dilatação e a dose de
anestésicos farmacológicos, além de não trazer prejuízos maternofetal. Os parâmetros
utilizados variam da seguinte forma: frequência – 80 a 100Hz, burst – 2Hz, largura de pulso 275µs, intensidade – 0 a 50mA. Os estudos variam também na localização dos eletrodos, onde
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os pares de eletrodos podem ser afixados na região paravertebral entre T10 – L1 e S2 – S4, ou
dois pares de eletrodos localizados bilateralmente nos pontos de acupuntura Li4 (ponto
medico entre o primeiro e o segundo osso do carpo, na região dorsal da mão) e Sp6 (5cm
acima do maléolo medial) (MARQUES, 2011).
O método de respiração tem como protagonistas Read e Lamaze (2008), que utilizam
o princípio da teoria de Pavlov e visa construir um novo reflexo condicionado à parturiente:
respiração-relaxamento no momento da contração uterina. Desviando a atenção para a
respiração consciente, permite que a parturiente se distraia das dores e das contrações uterinas
e passe a se concentrar na respiração e relaxamento.
De acordo com Ferreira (2011), é importante sempre avaliar a respiração da
parturiente em todos os posicionamentos em que a parturiente se encontrar. Deverá obedecer
ao padrão fisiológico, ou seja, de forma lenta, principalmente nos momentos de contração,
dando uma pausa momentânea entre a inspiração e a expiração, caso isso não ocorra haverá
uma diminuição de dióxido de carbono, tendo assim uma alcalose respiratória materna. Se a
parturiente realiza uma respiração ofegante e rápida, ela irá diminuir o limiar de dor e
consequentemente irá sentir maior dor e cansaço. A parturiente com uma respiração curta e
acelerada pode ter repercussões negativas para ela e o bebê, pois esse tipo de respiração é
contraindicada porque pode levar a paciente a ter uma hiperventilação e inadequada porque
poderá ter um aumento da lordose lombar e contração dos adutores da coxa (que junto irá
favorecer uma contração associada com os músculos do assoalho pélvico).
METODOLOGIA
Este estudo trata de uma análise de dados de cunho quantitativo e explicativo no qual
teve como material de análise o livro de registro obstétrico do setor de fisioterapia da
Faculdade Cathedral, onde constam os dados dos atendimentos das parturientes no Hospital
Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMI) em Boa Vista-Roraima, durante o turno
matutino, com frequência semanal, no período de 13 de Novembro de 2012 a 27 de Setembro
de 2013. No livro eram referidos os seguintes dados: Numero de Prontuário, Nome, Idade,
Primípara ou Multípara, Idade Gestacional, Horário Inicial de Atendimento, Horário Final de
Atendimento, Dilatação Cervical, Apresentação Fetal, Numero de Contrações, Conduta
Fisioterapêutica e Evolução para o Parto/Cesária. Usou como critério de inclusão para o
estudo os dados obtidos do livro, somente parturientes que evoluíram para o parto natural
durante o atendimento fisioterapêutico. Dos dados registrados no livro obstétrico, o estudo
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limitou-se em: Idade Média, Duração de Atendimento, Dilatação Cervical e Condutas
Realizadas.
As condutas realizadas fazem parte do protocolo fisioterapêutico proposto neste artigo
que constam com as seguintes condutas: Orientações Respiratórias, Orientações Fisiológicas
Deambulação, Bola Suíça, Exercícios Pendulares, Posições Verticais, Postura de Cócoras e
Neuroestimulação Elétrica Transcutânea (TENS).
O total de atendimentos fisioterapêuticos constados no livro foi de 356 parturientes,
sendo que, dentre as 356 parturientes, 220 evoluíram para o parto durante o atendimento
fisioterapêutico, no qual 132 eram multíparas e 88 eram primíparas. As 136 pacientes que
foram excluídas do estudo corresponde aos seguintes fatores, 28 evoluíram para o parto
Cesário durante o atendimento fisioterapêutico e 108 não evoluíram para o parto natural
durante o atendimento que foi realizado no Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de
Nazareth (HMI) no turno matutino evidenciando das 8hrs às 11hrs.
Após todos os dados obtidos, estes foram analisados e, para a elaboração de gráficos,
utilizou-se como ferramenta de suporte para a composição dos resultados, o programa
Microsoft Excel 2012.
RESULTADOS
A análise estatística foi de 356 parturientes, das quais 220 (61%) evoluíram para o
parto natural, durante o atendimento fisioterapêutico, sendo que 132 (60%) eram multíparas e
88 (40%) primíparas (Gráfico 4).
A idade média de todas as parturientes que evoluíram para o parto natural durante o
atendimento fisioterapêutico foi de 28 anos; mínima 16 e máxima 40 anos. A média de idade
entre as multíparas foi de 30 anos; mínima de 20 anos, máxima de 40 anos e de 19 anos das
primíparas; mínima 16 e máxima de 21 anos. A idade gestacional variou em 32 a 42 semanas
de gestação.
Em relação aos exercícios realizados pelas parturientes que evoluíram para o parto
natural durante o atendimento fisioterapêutico, 140 (63%) parturientes receberam orientações
respiratórias, 129 (58%) das parturientes realizaram deambulação, 209 (95%) realizaram a
bola suíça (anteversão, retroversão, lateralização, e circundução), 73 (33%) realizaram
posturas verticais, 71 (32%) das parturientes realizaram cócoras, 110 (50%) realizaram
exercícios pendulares e 20 (9%) utilizaram o método da eletroterapia (TENS) (Gráfico 3).
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As parturientes do presente estudo tiveram como media de dilatação cervical no inicio
do atendimento, tanto as primíparas como as multíparas de 7 cm. As primíparas levaram em
média 1 hora e 02 minutos (Gráfico 1) para a evolução total da dilatação cervical, e as
multíparas levaram em média 47 minutos (Gráfico 2) para evolução total.
Os resultados mostram que a fisioterapia diminui em até 52% a duração de tempo do
trabalho de parto nas primíparas que ficou em 1h58min, e nas multíparas diminui em até 57%
em 1h13min.
DISCUSSÃO
Simões (2008) colocou que embora haja um total consenso de opiniões, todos os
pesquisadores recomendam o estímulo das mulheres que acreditam que a deambulação, o uso
de posições diferentes e a mobilidade lhes permitem enfrentar melhor o parto. O estudo
concorda com Simões, na analise foi utilizada a deambulação.
De acordo com Silva (2007), posturas verticais adotadas durante o trabalho de parto
vêm se mostrando cada vez mais benéficas, tanto do ponto de vista gravitacional quanto em
relação à postura decúbito dorsal.
Souza apud Ferreira (2011), relata que as posturas verticais são definidas como todas
as posições que não são supinas, ou seja, a ortostática, sentada com e sem apoio, de quatro
apoios e cócoras. Essas posições são especialmente indicadas quando a cabeça fetal está alta
em relação à pelve materna e a ação da gravidade pode favorecer a descida fetal com a força
no mesmo sentido da contração uterina. Estas posições aceleram a dilatação e não causam
qualquer malefício à parturiente ou ao feto.
Evidenciamos que quando a gestante adota a posição verticalizada (sentada, cócoras
ou ajoelhadas), seu tronco pode ser ligeiramente flexionado, o que diminui a lordose lombar e
permite que a ação da gravidade faça com que o útero se projete para frente, e fique apoiada
na musculatura abdominal, provocando seu alinhamento com o canal de parto, no estudo
realizado com os exercícios de cócoras (32%), bola suíça (95%) e posturas verticais (33%), o
uso da bola suíça colocou 95% das parturientes em ação, contribuindo para o trabalho de
parto e ajudando na descida fetal.
Na presente análise das parturientes não incluímos a postura decúbito dorsal, porque
essa posição favorece a compressão dos vasos sanguíneos pelo útero, podendo causar
hipotensão materna, sofrimento fetal, hemorragias durante e após o parto, dificuldade na troca
gasosa entre gestante e feto e além de diminuir a efetividade das contrações uterinas.
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Por tanto o presente estudo que foi realizado com as parturientes no Hospital Materno
Infantil Nossa Senhora de Nazareth (HMI), percebemos que a maioria das parturientes
recebeu o auxilio para as posições verticais, dentre elas: Deambulação (58%) e Exercícios
Pendulares (50%), ou seja, metade das parturientes do estudo descrito realizaram os
exercícios de Deambulação e Exercícios pendulares diminuindo assim as horas de trabalho de
parto.
De acordo com Marques (2011), quando usada corretamente, auxilia na manutenção
da oxigenação materno-fetal, promove maior relaxamento e minimiza a ansiedade e a dor.
Tais técnicas devem ser incentivadas preferencialmente na fase ativa do trabalho de parto,
para evitar o aumento da fadiga da parturiente, que pode ocorrer quando o uso da respiração
se inicia de modo muito precoce.
Marques (2011) relata que atualmente há diversas formas de utilizar a respiração, mas
deve-se priorizar a realização durante as contrações uterinas e o conforto da parturiente, e
sempre evitar a hiperventilação materna, que pode trazer efeitos adversos tanto para o feto
como para o trabalho de parto. Técnicas respiratórias são muito utilizadas e difundidas pelos
profissionais fisioterapeutas, que as utilizam não apenas com parturientes, mas também em
diversas técnicas e recursos utilizados pelos mesmos. No que diz respeito ao trabalho de
parto, a mesma é utilizada por proporcionar relaxamento, concentração, diminuição do risco
de trauma perineal e melhorar a oxigenação sanguínea da mãe e do bebê. Porém, para alguns
autores, não existem técnicas respiratórias ideais recomendadas para a fase ativa do trabalho
de parto.
Dentre as numerosas técnicas de percepção respiratória,
uma das mais conhecidas e a mais segura a nível fisiológico para
o binômio mãe e filho, é a respiração profunda ou abdominal, na
qual a parturiente realiza uma inspiração expandindo a parede
abdominal descontraída, abaixando o diafragma. Logo em
seguida, expira lentamente, contraindo os músculos abdominais,
tendo os lábios em posição como se estivesse apagando uma
vela. Tal exercício controla a velocidade da expiração,
facilitando a contração dos músculos abdominais. No período de
expulsão do feto a parturiente respira fundo e realiza uma
apnéia, fazendo força para expulsar o bebê relaxando a
musculatura perineal (MAZZALI, 2008).
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Durante o estudo realizado com as parturientes do Hospital Materno infantil Nossa
Senhora de Nazareth (HMI), evidenciamos uma importância para as orientações respiratórias
que abrangeu 63% das parturientes, concordamos com diversos autores em questão, e o
presente estudo notou uma eficácia em abranger além que exercícios corporais, mas também
exercícios respiratórios. A eficácia desses exercícios é evitar a hiperventilação materna, que
pode trazer efeitos adversos tanto para o feto quanto para a parturiente, dificultando o trabalho
de parto.
Conforme Ferreira (2011), a bola suíça é um ótimo recurso que pode ser utilizado para
favorecer uma mobilidade, principalmente nos momentos de contração em que a parturiente
for orientada a abduzir os membros inferiores e flexionar o tronco anteriormente (apoiada na
maca), lembrando que esta posição é ótima para receber massagem na região lombar.
Entre os principais benefícios trazidos por exercícios
com a bola na gravidez e no trabalho de parto, estão à correção
da postura, o relaxamento e alongamento e o fortalecimento da
musculatura. A realização de exercícios com a bola na posição
vertical (sentada) trabalha a musculatura do assoalho pélvico,
em especial, os músculos levantadores do ânus e pubo coccígeos
e a fáscia da pelve. Essa posição ainda proporciona liberdade de
mudança de posição à parturiente, o que contribui para a
participação ativa da mulher no processo do nascimento
(SILVA, 2011).
De acordo com Camano et all, (2005), o trabalho de parto pode estender-se bastante
(10 a 12 hrs nas primíparas e de 6 a 8 nas multíparas).
Segundo Montenegro et al (2008) a fase latente dura em media 20 horas nas
primíparas e 14 nas multíparas. O parto propriamente dito (fase ativa) tem período de
dilatação se completada em cerca de 12 horas nas primíparas, e de 7 horas nas multíparas; a
expulsão leva, respectivamente, 50 a 20 minutos. Todavia, empregado assistência ativa a
parturiente, a maioria dos partos normais ocorre dentro de 6 horas.
Para Baracho (2007) a participação da parturiente é importante para abreviar o período
expulsivo, assim no momento do parto, o controle e a coordenação dos músculos do assoalho
pélvico são exigidos. A mulher é instruída a fazer força para baixo, e no momento em que o
obstetra identifica uma contração uterina (Cunningham et al, 2000). Dai a importância da
cinesioterapia no pré-parto (BARACHO, 2007).
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Através da fisioterapia o tempo de trabalho de parto e parto é reduzido pela metade,
tanto nas primíparas, quanto nas multíparas, comprovando assim que o uso das condutas:
Orientações Respiratórias, Orientações Fisiológicas, Deambulação, Bola Suíça, Exercícios
Pendulares, Posições Verticais, Posição de Cócoras e Neuroestimulação Elétrica Transcutânea
(TENS), são benéficas e eficazes para a parturiente e o feto.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo mostrou a eficácia dos exercícios terapêuticos nas fases do trabalho de parto,
assim destacando a importância fundamental da fisioterapia na assistência à mulher. Isso
mostra que na área obstétrica é importante a presença do fisioterapeuta, e que seus benefícios
se tonam mais produtivos.
Notou-se que o tempo do trabalho de parto foi reduzido, tanto nas multíparas quanto
nas primíparas, mostrando assim que a fisioterapia atua na diminuição do tempo de trabalho
de parto e que tem efeito benéfico nas parturientes.
Portanto a atuação fisioterapêutica no trabalho de parto e parto contribui de maneira
positiva orientando e evidenciando a importância de seus recursos para um parto mais eficaz e
humanizado.
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