ESTUDO DE PERFIL DE SOLO NA LOCALIDADE DO VALE DO JORDÃO EM GUARAPUAVA-PR. Fernanda Bombardelli (UNICENTRO), Gisele Camargo (Orientadora – Dep. de Geografia/UNICENTRO), e-mail: [email protected] Palavras-chave: perfil de solo, intemperismo. Resumo: A cidade de Guarapuava está localizada sobre rochas efusivas básicas intermediárias, e rochas ácidas datadas do Mesozóico. A área de estudo está localizada na escarpa do Vale do Jordão, que pode ser relatado como um vale de ruptura. Esta pesquisa, basicamente, se concentrará em estudo de perfil de solo feito em trincheiras abertas ao longo da escarpa do vale, elaborando estudos sobre o intemperismo como agente responsável pela modificação da rocha e elaboração do relevo. Introdução Este trabalho se constitui em um estudo de perfil de solo na região de Guarapuava-PR, na localidade da Escarpa do Vale do Jordão, observando e identificando seus horizontes e as modificações sofridas através dos processos intempéricos, intemperismo químico, físico e biológico, para que futuramente se estabeleça uma discussão em torno da diferença deste solo em relação a outros localizados no Oeste do estado do Paraná, designado como “Terra Roxa”. Como esta pesquisa se baseia nos agentes do intemperismo, podemos definir que “O intemperismo é o conjunto de modificações de ordem física (desagregação) e química (decomposição) que as rochas sofrem ao aflorar na superfície da Terra” (MELFI; OLIVEIRA; TOLEDO, 2000, p.140). Materiais e Métodos Serão feitos estudos em alguns perfis de solo, selecionados, na localidade do Vale do Jordão em Guarapuava-PR. Através da abertura de seções transversais com um metro de largura utilizando uma cortadeira, onde serão reconhecidos os diferentes horizontes do solo, estudando os agentes intempéricos e de pedogênese responsáveis pela evolução pedológica. As técnicas utilizadas serão descrição de campo das unidades de solo, segundo Vieira e Vieira (1983), elaboração de seções transversais e análise integrada de características do solo e topografia do terreno. Resultados e Discussão 1 A água da chuva é o principal agente do intemperismo químico, pois, água infiltra na rocha modificando-a. A superfície da Terra é diferente do ambiente onde a maioria das rochas se formou, pois, a superfície da Terra tem riqueza de água, oxigênio, possui pressões e temperaturas baixas. Por isso quando as rochas afloram seus minerais modificam, por uma série de reações químicas, transformam-se em outros minerais mais estáveis a este novo ambiente (MELFI; OLIVEIRA; TOLEDO, 2000). Para que haja a modificação das rochas não basta só o intemperismo atuando sobre elas, o relevo e também o clima, juntamente com outros fatores, possuem uma forte influência na formação dos diferentes tipos de solos. Como argumentam Müller & Pott (2004, p. 77): Atacada pelas intempéries do clima, a rocha se desmancha em material secundário, o qual se modifica em função da ação contínua dos agentes climáticos, sob influência do relevo e dos organismos vivos, evoluindo gradativamente ao solo por “caminhos” ou processos pedogenéticos, o que resulta na formação de diferentes solos. Podemos entender que o solo é apenas à parte do manto de intemperismo que sofreu alterações intensas e é constituído por produtos das rochas que sofreram intemperização (BECKER; BIGARELLA; PASSOS, 1996). Foram descritos dois perfis de solo na encosta do Vale do Jordão, o primeiro perfil está localizado no topo da escarpa, ele apresenta 1,90m de altura, e estão visíveis os horizontes A e B. O primeiro horizonte apresenta uma coloração escura (bruno-escuro), conseqüência da presença de matéria orgânica. Evidenciou estrutura de solo bem desenvolvida. O segundo horizonte apresenta acumulação de argila, e não possui uma coloração definida caracterizando o uma zona de mosqueamento (estando presente cores bruno, bruno-escuro, bruno-avermelhado, amarelo, vermelho), que significa uma zona de variação significativa da umidade do solo. Na transição do horizonte A para o B, encontrou-se um bloco residual de rocha com decomposição esferoidal. Esse tipo de feição deve-se às características geométricas do bloco de rocha e as processos químicos de intemperismo, que ataca preferencialmente os vértices do bloco rochoso. O segundo perfil estudado, encontra-se ao fundo do vale, contendo 1,70m de altura, este apresentou três horizontes, A, B e C. O horizonte A apresentou coloração escura (bruno-avermelhado-escuro) devido à acumulação de matéria orgânica. Está presente no solo, como material residual, fragmentos de calcedônia e quartzo, bem facetados no tamanho areia media a grânulo, No horizonte B também foi encontrado calcedônia, em maior quantidade, este horizonte não apresentou zona de mosqueamento, mas possuía acumulação de argila. O horizonte C, apresentava rocha ainda em decomposição, esta estava bastante oxidada, com crostas de ferro, isto ocorre devido ao horizonte C encontrar-se ao fundo do vale onde há uma maior concentração de água. O Vale do Jordão pode ser relatado como um vale de ruptura, ou seja, processo de falhamento promoveu movimentação vertical de uma das partes que acabou resultando no vale que se apresenta hoje.. Conclusões 2 Na região estudada o principal fator modificador das rochas e dos minerais é o intemperismo químico. O intemperismo químico é o responsável pela modificação dos minerais presentes nas rochas. Uma rocha sofre mais a este ataque quando esta possui mais minerais susceptíveis a alterações, por isso, algumas partes da rocha são mais intemperizadas do que outras (BECKER; BIGARELLA; SANTOS, 1994). Mas como já foi descrito acima, existem outros fatores que ajudam na transformação. As camadas distinguem-se pelas diferentes características, a mais visível é a distinção nas cores dos horizontes. Ao longo da encosta foi possível reconhecer que a declividade influencia na infiltração de água no solo, o que faz com que o solo se apresente de forma distinta entre o topo e o fundo do vale. Neste último caso observa-se maior concentração e acúmulo de água, favorecendo a intensificação dos processos de intemperismo, neogênese e formação de nódulos, principalmente de ferro Referências BECKER, R. D.; BIGARELLA, J. J.; SANTOS, G. F. dos. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais. V. 1. Florianópolis; UFSC, 1994. 425 p. BECKER, R. D.; BIGARELLA, J. J.; PASSOS, E. Estrutura e origem das paisagens tropicais e subtropicais V. 2. Florianópolis: UFSC, 1996. 875 p. MELFI, A. J.; OLIVEIRA, S. M. B. de.; TOLEDO, M. C. M. Intemperismo e formação do solo. In: FAIRCHILD, T. R.; TAIOLI, F.; TEIXEIRA, W.; TOLEDO, M. C. M. (org.). Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de textos, 2000. 2ª reimpressão, 2003. p. 139165 MÜLLER, M. M. L.; POTT, C. A. Cobertura pedológica na bacia do Rio das Pedras – Guarapuava/PR. In: BATTISTELLI, M.; FILHO CAMARGO, M.. ; HEERDT, B. (org.). Proteção e manejo da bacia do Rio das Pedras: relato de uma experiência. Guarapuava: gráfica B & D, 2004. p. 77-83. VIEIRA, L.S.; VIEIRA, M. de N. F. Manual de morfologia e classificação de solos. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1983. 313 p. 3