VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 A paisagem Estrada Real: de onde parte e onde quer chegar - A abordagem da paisagem da Estrada Real como instrumento de análise multidisciplinar do espaço: história, geografia e planejamento urbano e regional. AUTORES: Profa. Dra Elisabete de Andrade, Profa. Msc Eliane Silva Ferreira Almeida e Profa. Msc Lívia Romanelli d’Assumpção, Lucas Lage Martins, Luciana Sibele Lodi, Nathalie Gaiote, Guilherme de Abreu Pimenta, Renata Storck e Jane Lilian D'Avolla Barbosa. INSTITUIÇÃO(ÕES): Universidade FUMEC – Faculdade de Engenharia e Arquitetura Email dos AUTORES: Eliane proambiental" <[email protected]>, "luciana lodi" <[email protected]>, "Lucas Lage" <[email protected]>, "Guilherme Pimenta" <[email protected]>, "Jane Lilian D'Avolla Barbosa" <[email protected], "Bete Andrade" <[email protected]>"lívia" <[email protected] INTRODUÇÃO A construção da paisagem vai além de determinado dado da geografia física, ela é antes de tudo uma multidisciplinaridade combinando vários fatores como dados demográficos, econômicos, históricos, culturais, políticos, que deverão ser analisados em sua configuração espacial própria. A paisagem na região escolhida é atípica, não somente pelo ponto de vista geográfico, ambiental, mas por suas questões socioeconômicas e históricas tendo como atrativo a sua localização (rota de ligação) e os diamantes, que hora atraem e no momento seguinte contem e restringem. A paisagem é o resultado de matrizes culturais que foram sendo acumuladas ao decorrer do tempo. Portanto, ler e interpretar a paisagem de um determinado local significa refletir sobre a relação entre o homem e a Terra. Como já dizia Santos (1997), o espaço é resultado da ação dos homens agindo sobre o próprio espaço, através de objetos naturais e artificiais. Cada tipo de paisagem é, portanto, a reprodução de níveis diferentes de forças produtivas, materiais e imateriais, pois o conhecimento também faz parte do rol das forças produtivas. Tema 5- Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo Por este motivo, interpretar a paisagem é muito mais complexo do que simplesmente vê-la. Embora a paisagem seja mais facilmente percebida pela visão, possui toda uma lógica de compreensão. Considerando estes conceitos o presente trabalho buscou estudar os diversos aspectos naturais e culturais que originaram a paisagem atual do trecho da Estrada Real compreendido entre os municípios de Diamantina e Serro, passando pelos distritos de Vau, Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras, inseridos no Estado de Minas Gerais. A síntese aqui apresentada tem como objetivo contribuir para o entendimento da construção da paisagem no espaço físico/geográfico de modo a fortalecer as vocações naturais desta região. 1. A Paisagem do Meio Físico “Lá... por entre as sempre vivas. Cá... bem perto do Itambé... Luz aurífera nasce altiva, brilha a diamantífera até...” (MENOTTI, 2007). O processo histórico de formação da região em estudo se materializou através das fontes da riqueza, do poder, do dinamismo social e cultural que marcou a vitalidade urbana das vilas do ouro e diamantes. O processo de ocupação e estruturação da malha urbana e das atividades agrosilvopastoris é análogo às características litológicas, pedológicas e climáticas da região, visto que a procura de ouro e diamante no passado levou a descoberta de um panorama natural de rara beleza. A ocupação desta região esteve relacionada à exploração de ouro e diamantes. Conglomerados diamantíferos, pré-cambrianos afloravam em numerosas localidades nas imediações da região em estudo: lavras de diamantes nas proximidades de Milho Verde e São Gonçalo do Rio das Pedras. O caráter e formação do terreno proporcionaram no passado intensa atividade mineradora. Já a atividade agrosilvopastoril acontecia às margens do rio Guanhães, ao sul da região, e ao lado de outras culturas de subsistência, a lavoura do café. A Serra do Espinhaço intercepta a região e exerce a função de grande distribuidor regional de águas, estando presentes as nascentes do rio Jequitinhonha, dos rios Guanhães e Peixe ao sul, onde encontram o rio Santo Antônio, afluente do Rio Doce. A região é marcada por serras, morros e cachoeiras, típicas formações do Espinhaço Meridional. “As rochas brotam do solo nuas e em profusão, pontilhando a paisagem e formando mosaicos.” (RESENDE, 2009). 2 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 No que compete à posição geográfica, o trecho em estudo está localizado no estado de Minas Gerais, na região do alto Jequitinhonha – médio Espinhaço, integrante das bacias do rio Jequitinhonha e Doce, situado entre as coordenadas UTM 644000 W e 677000 W e 841000 S e 784000 S (IBGE, 2009). Este trecho encontra-se inserido nos municípios de Diamantina (sudeste) e Serro (Noroeste), perpassando pelos distritos de Vau (Diamantina), São Gonçalo do Rio das Pedras e Milho Verde (Serro). Os principais acessos são realizados pelas rodovias federais BR-259 e BR-367 e MG-2, MG-121, segundo dados do DNIT, 2009. Em termos físicos, o clima da região, assim como em todo o planalto meridional da Serra do Espinhaço, caracteriza-se como sendo mesotérmico brando, de acordo com a classificação de Köppen (FOGAÇA apud. PEDROSA SOARES, 1997). Trata-se de um clima com temperaturas médias entre 18 a 20° C, com máxima absoluta de 34 a 36° C e mínima absoluta de - 8 a - 4° C e pluviosidade entre 1.500 e 2.000 mm anuais. Esta condição foi descrita por Saint Hilaire, quando em passagem pela região, buscou compreender o significado do nome indígena Yviturí – Serro Frio. O termo agrega as características físicas da região marcada por uma morfologia movimentada e um vento frio que caracterizava os meses de inverno. “Pretendeu-se que a as palavras Serro do Frio ou Serro Frio eram uma simples tradução do termo Yvituruí, dado pelos índios a região em que está situada Vila Príncipe (Serro); parece-me, porém, muito mais natural fazer derivar yviturui de yvitu – vento e tui – frio” (SAINT HILAIRE, 1974;p.141) A morfologia da área de estudo é representada pela Serra do Espinhaço, uma grande cordilheira: “De maneira geral, o relevo é montanhoso, o clima é marcado por uma estação seca bastante evidenciada, conjugada com a altitude que reduz as médias térmicas” (FERREIRA, 1998). ( Figura 01) Tema 5- Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo Figura 01: Serra do Espinhaço Fonte: Os Autores, 2009. Possui aproximadamente 1.500 quilômetros de extensão com picos de até 2.017m onde estão presentes cachoeiras, canyons, vales com rochedos escalvados sempre integrados a formação da vegetação. (Biodiversitas, 2009) Possui cinco formas de paisagens típicas: escarpas escalonadas, hogbacks, chapadas, planaltos e meiaslaranjas. As principais formas de relevo são representadas por cristas, escarpas e vales profundos e inicia-se na extremidade meridional da serra, nas nascentes do rio Cipó – aproximadamente 50 km de Belo Horizonte. A altitude média da situa-se por volta de 1.200m, culminando a 2.062m, no Pico do Itambé. No que compete à geologia da região a Serra do Espinhaço Meridional, segundo Saadi (1995), predomina quartzitos representando uma cobertura rígida, densamente fraturada e cisalhada. A borda oeste é formada por pacotes de quartzitos, apresentando uma altitude média de 400m. A borda leste do planalto não apresenta a regularidade e continuidade da oeste, tratando-se de um escarpamento descontínuo, com altura variável entre 100 e 400m. (SAADI, 1995). A estratigrafia é representada por três grupos tectônicos mais significativos, (Abreu, 2009): o Complexo Basal, Supergrupo Rio Paraúna e Supergrupo Espinhaço. Além desta 4 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 estratificação, a serra apresenta camadas, bandas ou cunhas de cristais de rocha incrustadas nas massas sedimentares argilosas e arenosas. Como dito, os municípios da área em estudo estão localizados na bacia do rio Jequitinhonha. O rio nasce no município do Serro, a uma altitude aproximada de 1260m e possui como principais afluentes na margem direita o rios: Araçuaí, São Miguel, São João e Rubim do Sul e na margem esquerda os rios: Vacaria, Salinas e Itacambiruçu. Os solos predominantes são os latossolos (vermelho e amarelo escuro) a leste e a sul e cambissolos, litossolos a afloramentos de rochas a Oeste e norte. (FERREIRA, 1998). Seus terrenos são ricos em minérios de ferro, bauxita, manganês e ouro. A erosão natural dá origem aos elúvios e colúvios e os mecanismos naturais de remoção e transporte dos detritos rochosos colaboram para a presença de margens fluviais com solos arenosos ou pedregosos, ao longo de vários rios e riachos da região do Espinhaço, conforme observado nos cursos d´água ao longo do trecho em estudo. A vegetação é composta por grande variedade de aspectos fitofisionômicos, evidenciada pelas características litológicas, pedológicas e climáticas, condição esta observada por Saint Hilaire. “(...) no lugar chamado Três Barras, o terreno que, desde Tijuco havia sido constantemente arenoso, tornou-se arenoso e avermelhado. Então a vegetação muda e os grandes fetos que nascem por toda a parte indicam que esses lugares outrora foram cobertos de florestas. Entretanto as areias reaparecem logo e com elas as plantas que lhes são peculiares (...”) (SAINT HILAIRE, 1974;p.46) Na região em direção a Três Barras encontrou-se este tipo de fisionomia marcada por latossolos, onde a ocupação antrópica resulta em uma nova morfologia do espaço. Devido às características físicas da área em estudo, a tipologia vegetacional predominante é o campo rupestre, embora haja a ocorrência de campo cerrado e de floresta estacional semidecidual nas encostas e de remanescentes da mata atlântica. O campo rupestre é uma vegetação típica de ambientes montano e alto-montano, com estrutura arbustiva e/ou herbácia que ocorrem no cume das serras com altitudes elevadas. Ocorre em solos arenosos ou cascalhados, rasos, ácidos, pobres em nutrientes e matéria orgânica. O campo cerrado é identificado em cotas altimétricas de 800 a 1000m, onde há dominância de formas herbácea arbustivas, podendo transitar de campo rupestre a Tema 5- Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo campo sujo. Nas linhas de drenagem estão localizadas as matas de galeria, sendo que nos topos de morro e encostas estão localizados os capões de mata. Em termos gerais, a formação vegetacional do trecho em estudo sofreu descaracterização em termos espaciais devido a ações de origem antrópica, embora ainda seja possível identificar trechos de vegetação natural em locais com maior dificuldade de acesso e que não proporcionam boas condições para a produção agrosilvopastoril. Na sequência apresentam-se os perfis topográficos dos principais pontos dos trechos estudados: Diamantina a Vau e Vau a Serro. Observa-se que o primeiro trecho é marcado por uma paisagem mais árida, com vegetação mais rala, terrenos arenosos que à medida que se aproxima do segundo trecho mostra uma diferenciação fitofisionômica bastante significativa. Trata-se da transição cerrado-mata atlântica. Neste segundo trecho a paisagem diferencia-se em formas e usos significativamente, tendo em vista que os solos são mais profundos, argilosos com.uma vegetação mais densa na medida em que se aproxima da sede urbana do Serro. 6 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Perfil topográfico da Estrada Real de Diamantina a Vau 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 7 Tema 5- Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo Perfil topográfico da Estrada Real de Vau a Serro 1400 1200 1000 800 600 400 200 0 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 8 VI Seminário Latino Americano de Geografia Física II Seminário Ibero Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 2. PAISAGEM DO MEIO CULTURAL Segundo Charles R. Boxer, a região em estudo por volta de 1680/1670, havia sido atravessada pelas bandeiras de Fernão Dias Paes, que procuravam prata e esmeraldas, não ouro e diamantes. “Estes últimos, ao que se sabia, só existiam a meio mundo de distancia, na Índia e em Borneu”. (BOXER, 2000) Mas em 1714, descobre-se diamante na região do Serro Frio, próxima à Vila do Príncipe, de onde saíam constantes expedições em busca de novos depósitos auríferos. A descoberta é mantida em sigilo até 1729, quando o governador Dom Lourenço de Almeida é obrigado a comunicar o achado à Coroa Portuguesa, diante da ameaça de aventureiros que começaram a chegar, em busca das pedras preciosas. É dessa época o surgimento de vários arraiais, como o do Tijuco (hoje Diamantina), o do Milho Verde e o de São Gonçalo (atualmente distritos do Serro), dentre outras pequenas povoações criadas ao longo do caminho que ligava o Tijuco à Vila Rica. Como uma via subsidiária do Caminho Novo, a rota dos diamantes destacava-se, porque era por lá que passava enorme quantidade de pedras preciosas e mantimentos produzidos nas fazendas locais. A vida urbana dos primeiros tempos refletiu a incerteza da permanência na região. Afinal, os primeiros colonizadores (sobretudo portugueses, paulistas e nordestinos) não sabiam se por lá permaneceriam. No início, tudo era muito provisório. As primeiras construções foram ranchos precários, inicialmente com um único cômodo, uma trempe, um catre ou jirau utilizado para descanso. As cidades foram surgindo sem planejamento, com ruas estreitas, sem calçamento. Apesar das dificuldades, muitos acabaram por construir habitações confortáveis, com materiais mais duradouros, embora com proporções modestas, com exceção da arquitetura do poder público, cujos prédios apresentavam excepcional grandeza e imponência. “A cidade limitava-se a representar simbolicamente a sede do poder político e religioso. Era central de informações, foco de contato político e cenário de procissões”. (WILHEIM, 2003) 9 Tema 5- Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo Os diversos caminhos que davam acesso ao interior da Colônia eram trilhados periodicamente, seja em busca de nativos para serem escravizados, seja à procura de ouro e pedras preciosas. As atividades econômicas foram principalmente a cana de açúcar e o gado. A ligação da pecuária com a indústria açucareira foi muita estreita. A expansão dos engenhos pelo litoral nordestino vinha acompanhada da expansão da criação de gado “vacum”, essencial para o fornecimento de couro, carne e animais de tração. Com a mineração, no início do século XVIII, os espaços mineiros passam a ser efetivamente povoados. Convém observar, conforme salienta Guimarães (1960), que os caminhos raramente eram feitos em áreas carentes de água, daí a preferência pelos vales em detrimento às chapadas, que só foram utilizadas como caminho muito tempo depois. Na verdade a região de mineração encontrara nos muares, burros e mulas, os animais mais apropriados às atividades extrativas e mais adaptados aos difíceis 10 caminhos da região. O transporte de cargas, inicialmente efetuado por escravos, passa posteriormente a ser feito por burros e mulas. Só muito depois as estradas tornam-se “carroçáveis” (VELLOSO e MATOS, s.d) Aos poucos foram surgindo atividades complementares que deram suporte a circulação dos tropeiros, fazendo surgir ocupações como a de rancheiro, ferrador, peão ou amansador e acertador. Os caminhos mais movimentados e seguros eram justamente aqueles cercados por fazendas e sítios, nos quais os viajantes poderiam encontrar hospedagem, algum comércio e lavouras. Víveres a baixo preço, serviços e apoio para as caravanas. No século XVIII, os caminhos que chegavam ao arraial do Tijuco correspondiam a essa descrição: picadas sinuosas, repletas de rampas acentuadas, atravessando matas espessas nos vales dos rios e nas encostas, brejos nos terrenos planos ocupados pelos campos rupestres; os viajantes esbarravam amiúde em grandes maciços de pedra, cujo contorno era demorado. Mesmo a chamada Estrada Real, que se estendia para o norte até a vila de Minas Novas, não passava de uma rústica trilha de animais. À medida que cresceu a população e a economia regional, no decorrer dos séculos XVIII e XIX, o incremento do fluxo de viajantes e de caravanas nas estradas principais do Alto Jequitinhonha exigiu maior atenção das autoridades e dos moradores para com a melhoria e a conservação dos caminhos. A manutenção dos caminhos vicinais e rurais recaiu, de fato, sobre os próprios moradores de suas margens. Em razão das mudanças estruturais por que passou a sociedade da região pesquisada, percebeu-se transformações complexas, que merecem destaque tanto do ponto de vista demográfico como econômico. A tendência é se fazer a análise da dinâmica populacional acompanhando o quadro econômico por acreditar que a distribuição espacial da população tem associação direta com a distribuição das oportunidades econômicas pelo território. A Região contraria esta forma de análise, já que pelo fato de estar localizada próxima a região central do Estado também servia como elemento de ligação e de hospedagem no trânsito do litoral da Bahia à região da Capital do Estado; a mineração que de início atraiu pessoas, quando houve a proibição desta atividade forçou-se a migração para outras regiões do país. Vale ressaltar que não houve um esgotamento das áreas de mineração, houve sim um controle rígido pela coroa e depois a sua proibição. 11 Tema 5- Geografia Física e Cultura: geopatrimónio e geoturismo 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A região pesquisada possui características atípicas. No período compreendido dos séculos XVII e XVIII houve o auge e o declínio da atividade mineradora na visão oficial, o estabelecimento das primeiras vilas– o começo da urbanização, e a consolidação. Os municípios são ricos em possibilidades e a história ainda guarda muitos dados a serem revelados. De modo a aliar história e aspectos naturais tem-se que as características litológicas, pedológicas e climáticas encontradas na região foram fatores importantes na conformação e ocupação da região. Os aspectos geomorfológicos são os que mais se destacam na paisagem de indiscutível beleza e que ao mesmo tempo foram significantes para os moradores e transeuntes deste trecho da Estrada Real. Ao longo de séculos foram diversos fatores e forças que moldaram o território estudado conforme abordado anteriormente. No início de sua ocupação este se diferenciava regionalmente de acordo com o resultado de séculos de atuação e ocupação humana. Esta região conformou uma dinâmica regional distinta, já que ia se tornando uma nova centralidade. Estes espaços se rearticulam e se modificaram no Século XXI, alterando a estrutura regional e também a rede de cidades nela inscrita. “Nestes, mais de séculos de histórias ilustram as relações de percepção e apropriação do meio dito natural como local de experiências humanas. (...) Identificar os diversos aspectos que compõem a paisagem natural do Planalto Meridional da Serra do Espinhaço não se resume na listagem de diferentes aspectos por si só, mas sim de tentar identificar diferentes aspectos naturais que favoreceriam diferentes recursos para as ocupações humanas..” (SAADI, 1995) Devido ao fato de ter sido extremamente controlada pela Coroa Portuguesa, vários controles foram criados e estes documentos poderão alimentar futuras Pesquisas, possibilitando traçar um perfil muito próximo da realidade histórica se considerar-se todas as faces e fontes narrativas, ou seja, os caminhos e descaminhos desta região. O que se tem hoje é um território transformado em um importante pólo turístico de Minas Gerais, preservando seu casario e ruas, privilegiada pela beleza de seu relevo e complementada por uma vegetação exuberante. A procura de ouro e diamante no passado levou a descoberta de um panorama natural de rara beleza. O patrimônio histórico conta a saga do garimpo em cada beco e nos casarões seculares das cidades que compõem esta área de estudo, o que contribui para uma das heranças culturais mais ricas de Minas Gerais. 12 BIBLIOGRAFIA BOXER, Charles R. (Ralph) 2000, 1904-2000A Idade de ouro do Brasil: dores de crescimento de uma sociedade colonial; Ed.Nova Fronteira, Rio de Janeiro. BURTON, Richard Francis 1977, 1821-1890 - Viagem de Canoa de Sabará ao Oceano Atlântico. Ed. Itatiaia, São Paulo. FERREIRA,E.S. 1998, A produção familiar no Centro-Leste do município de Serro/MG - o artesanato do queijo. IGC/UFMG, Belo Horizonte (Dissertação de mestrado) FOGAÇA, A. C. C.; ALMEIDA ABREU, P. A. & SCHORSCHER, H. D. 1984, Estratigrafia da sequência supracrustal arqueana na porção mediana central da Serra do EspinhaçoMG. In: Congresso Brasileiro de Geologia. Rio de Janeiro. GUIMARÃES, A. P. 1960, Vale do Médio Jequitinhonha. UFMG, Belo Horizonte. SAINT-HILAIRE, August de 1974, 1779-1853 Viagem pelo Distrito dos Diamantes e litoral do Brasil, Ed. Itatiaia, São Paulo. VELLOSO, Andre, MATOS, Ralfo (s/d), A Rede de Cidades do Vale do Jequitinhonha nos séculos XVII E XIX. IGC/UFMG. Belo Horizonte: WILHEIM, Jorge 2003, Cidades: O substantivo e o Adjetivo. Editora Perspectiva. São Paulo. Biodiversitas. Complexo Serra Do Espinhaço, 2009, Disponível em: http://www.biodiversitas.org.br/rbse/serra_espinhaco.asp, Belo Horizonte, Minas Gerais. SAADI. Allaoua, 1995., A geomorfologia da serra do espinhaço em minas gerais e de suas margens. http://www.igc.ufmg.br/geonomos/PDFs/3_1_41_63_Saadi.pdf. Belo Horizonte, Minas Gerais. 13