IDADE MÉDIA - EUROPA CENTRAL Por Alexandre Mate O teatro medieval: características gerais, desenvolvimento dos gêneros dramáticos característicos do período. Os dogmas religiosos e as interdições impostas às manifestações artísticas e fundamentalmente ao teatro. Os ‘processos de luta’ desigual entre o erudito (eclesiástico) e o popular. Apontamentos sobre aspectos culturais da cultura medieval. O traço mais marcante do teatro medieval é que começou como uma comunhão na igreja e terminou como uma festa comunal. Mais uma vez a humanidade, emergindo de um novo vagalhão de barbarismo com ajuda da religião, encontrou na dramaturgia um órgão potente, para exprimir tanto a realidade comum quanto as aspirações. Mais uma vez o teatro demonstrou sua adequação como ponto de encontro do homem com Deus. Deus foi o protagonista visível e invisível das peças medievais. J. GASSNER. Mestres do teatro I. O que nos interessa especialmente, são as grosserias blasfematórias dirigidas às divindades e que constituíam um elemento necessário dos cultos cômicos mais antigos. Essas blasfêmias eram ambivalentes: embora degradassem e mortificassem, simultaneamente regeneravam e renovavam. (...) Apesar de sua heterogeneidade original, essas palavras assimilaram a concepção carnavalesca do mundo, modificaram suas antigas funções, adquiriram um tom cômico geral e converteram-se, por assim dizer, nas centelhas da chama única do carnaval, convocada para renovar o mundo. Mikhail BAKHTIN. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. O debate transformou-se em contenda, mas ao final obtiveram-se duas conclusões claras e irrefutáveis: o poder, qualquer poder, teme, mais do que tudo, o riso, a troça, a gargalhada. Pois a risada denota senso crítico, fantasia, inteligência, distanciamento de todo e qualquer fanatismo. Na escala da evolução humana, temos, inicialmente, o homo faber, em seguida o homo sapiens, e finalmente, sem dúvida, o homo ridens. Este é o mais sutil, difícil de submeter e enquadrar. Segunda conclusão: o zé-povinho, a gente mais simples, nunca renunciou, mesmo ao representar as histórias mais trágicas, a incluir o humor, o sarcasmo, o paradoxo cômico. Dario FO. Manual mínimo do ator. 476 XI 1453 ..._____↕ ___.____.___.___.___.___.___↕ ____.____.____↕ _____... falta de documentação _________________________ ↕ ______________ formação e apogeu do Feudalismo (Alta Idade Média) ↕ (Baixa Idade Média – período de decadência do Feudalismo e de florescimento da arte) 476 – Queda do Império Romano do Ocidente 1453 – Queda do Império Romano do Oriente – Constantinopla (pelos turcos)1 1 A divisão do Império deu-se a partir do século IV e, com a morte do imperador Teodósio. O Império do Oriente foi conhecido como Império Bizantino (cuja capital era a antiga cidade grega chamada Numa concepção positivista de história (e que tem lá, se se quiser suas vantagens didáticas), convencionou-se chamar Idade Média ao período compreendido entre 476 a 1453; período este correspondente à hegemonia da Igreja, em todos os aspectos sociais: da política às artes, passando evidentemente pela religião. Trata-se de um período bastante extenso, complexo e contraditório: tanto geográfica quanto no concernente à temporalidade, posto que, se por um lado, os representantes da Igreja desenvolveram métodos brutais e absolutamente ‘eficientes’ para eliminação e supressão das vozes contestatórias e dissonantes; por outro (e, como soe acontecer), foi impossível conter o ‘vazamento - a despeito da eficiência cruel dos “representantes de Deus na terra” - das manifestações populares e pagãs das mais diversas matizes, opostas aos ‘ensinamentos morais’ impostos. Enfim, apesar de todas as formas de repressão, aqueles defensores não conseguiram erradicar com as formas de possessão e tentação demoníaca do pobre, imperfeito e mesquinho ser humano (criado à imagem e semelhança de Deus...) Dessa forma, a despeito de concentrado num único período histórico (conceito este ‘arriscado’ e característico, como já mencionado, de proposição positivista), pode-se afirmar que qualquer tentativa de caracterização e enquadramento do período em uma unidade é inteiramente artificial, fundamentalmente por conta de as contradições internas do período terem ‘sofrido’ – e, no mínimo, – dois tipos de pressão: da antiga cultura greco-romana e por aquelas que, posteriormente, serão conhecidas como características do Renascimento: movimento este que, como se sabe, retomou algumas das características formais da cultura da Antiguidade. Assim – e, naturalmente, de modo exagerado, metafórico e impensado – poder-se-ia dizer que a Idade Média teria se Bizâncio), compreendendo os territórios da península Balcânica, Síria, Egito, Ásia Menor, Líbia e Palestina; constituído em uma espécie de recheio ‘transbordante’ e de gosto ‘amargridoce’ (ou agridoce) entre duas fatias de pães que seguiram uma mesma receita, apesar de os ingredientes terem sido diferentes... No sentido de facilitar a apreensão das características fundamentais do período, além das duas ‘clássicas’ e tradicionais fatias: alta e baixa Idade Média, esta segunda pode ser dividida em dois momentos, de certo modo articulado. O primeiro durou do século XI ao XIII e caracterizou-se pelo aumento do poder dos senhores feudais e também do da Igreja. O segundo, principalmente na Inglaterra e na França (países que fundarão posteriormente os ‘fortes’ Estados modernos, libertando-se, portanto, do jugo da Igreja), a partir do século XIV, em oposição ao primeiro, caracterizou-se por um processo de restauração da autoridade dos reis (que durante o período em epígrafe era vassalo do poder exarado pelos representantes do poder absoluto eclesiástico). Nesse segundo aspecto, vale observar que os futuros reis, pelo menos nos países aqui destacados, foram ajudados pela nascente burguesia e, principalmente, pela crise do feudalismo. Fatores estes que acabaram por diminuir o poder da Igreja e dos senhores. A despeito, entretanto, dessa clássica divisão, afirmam alguns historiadores que de 476 a 814 (morte de Carlos Magno) assistiu-se ao mais negro período do que se convencionou chamar de Idade Média. Data, talvez, do período denominado de Baixa Idade Média o desenvolvimento mais contundente (tanto ideológica quanto pelo terror, ignorância e força cabal) dos posteriormente, em homenagem ao imperador Constantino, recebeu o nome de Constantinopla. processos de cooptação dos indivíduos, através da apropriação de suas tradições atávico-populares e seu retorno – passando pelos viéses da dominação e interesses nada espirituais – ao povo de modo absolutamente esvaziado/repleto por uma ideologia aprisionante e eivada de complexos de culpa e conceitos de pecado: representado fundamentalmente pelos mea culpa “acabaçados” no peito. Esquadrinhadores de corpos, em sintonia direta com a promessa de vida eterna, os representantes da Igreja (que adotaram originalmente para sua administração interna exatamente a estrutura administrativa do Império Romano) conseguiram conciliar seus interesses expansionistas, imperializando territórios geográficos e humanos, num domínio aparentemente sem rivais, sendo o prestígio do seu monopólio os (por eles aludidos) meios de salvação inquestionáveis e, de certo modo, os únicos que permaneceram intatos por todo o período compreendido pelos tirânicos detentores do poder. Há, inclusive, uma tese (moral, ideológica, bélica...) – que perpassa todo o período – aceita e considerada ‘normal’: tendo em vista a eliminação dos opositores e por ser uma sociedade estamental e por quase todos, segundo a qual (‘dura lex sed lex’2): caberia aos ricos (senhores feudais – e claro que dentro de seus apertados limites regionais!) mandar; aos representantes da Igreja (donos de territórios extensíssimos!: tanto geográficos como espirituais) orar e aos servos trabalhar. Dessa forma, como se pode observar – a despeito de todas as diferenças entre essa nova ordem e aquela derrocada: a romana, consubstanciada pela grega –, houve uma confluência no que dizia respeito ao trabalho ser considerado desonroso. Assim, a ‘legitimação’ da ardilosa tese (como inúmeras outras) apresentada acima fundamentavase no princípio segundo o qual a Bíblia era concebida como a única fonte de verdade. Nessa perspectiva, e coerentemente aos princípios norteadores da estratificação social – característica dessa sociedade que ‘adotou’ a proposição estamental – o acesso à ‘fonte de verdade única’, ficava exclusivamente a cargo dos representantes da hierarquia 3 eclesiástica. A complexidade do período é tão grande que inúmeras são as teses defendidas por historiadores: das mais diversas colorações, demonstrando as incontestáveis ‘trevas’, para uns; e, as inquestionáveis ‘luzes’ (a partir do século XI), para outros. 2 Termo em latim que significa ‘a lei é dura, mas é a lei’. 3 Das excelentes reflexões acerca dessa ‘exclusividade’ e alguns dos métodos mais usuais, utilizados pela Igreja, Carlo GINZBURG – O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela Inquisição. São Paulo: Cia. das Letras, 1987 – apresenta um trabalho de pesquisa cuja leitura ganha a condição de ‘obrigatória’, fundamentalmente pelas luzes que traz para ilustrar e redimensionar a questão. Independentemente das posturas e demonstrações de um ou outro ‘bloco’, o certo é que o teatro medieval, à semelhança do dos gregos (e diferentemente do dos romanos), teve sua origem no culto ritualístico da missa, no concernente à cultura hegemônica. Dessa forma, e adiando momentaneamente esta introdução, é pertinente que se apresente algumas considerações iniciais, circunstanciando contextos significativos. O papa João XII nomeia Otto I imperador do Sacro Império RomanoGermânico (I Reich), numa tentativa de conter os ataques húngaros na Europa cristã. Seus domínios abrangem a porção ocidental da Alemanha, a Áustria, a Holanda (Países Baixos), parte da Suíça, da Polônia e o leste da França. Acentua-se a corrupção e a Igreja Católica torna-se mais suscetível ao poder político, promovendo a venda de cargos eclesiásticos (simonia). A Renascença reforça o Estado e nela se teme a máscara que elimina nomes próprios em proveito do teatro político. No francês, diz-se melhor tal loucura: "personne" traduz o latim "persona", podendo significar "alguém" e "ninguém". Com as formas repressivas, perdemos o primeiro sentido. sociais Antecedentes do período Era uma coisa muito grande para poder pensar em todas aquelas coisas e em todos aqueles lugares. Só Deus podia fazer isso. Tentou imaginar que enorme pensamento deveria ser esse mas só conseguiu pensar em Deus. Deus era o nome de Deus, assim como o nome dele era Stephen. Dieu era o nome francês para Deus, e era também o nome de Deus; e quando alguém rezava para Deus e dizia Dieu, então Deus imediatamente ficava sabendo que era uma pessoa francesa que estava rezando. Mas embora houvesse nomes diferentes para Deus em todas as diferentes línguas do mundo, e Deus compreendesse o que era que todas as pessoas que rezavam diziam em suas línguas diferentes, ainda assim Deus permanecia sempre o mesmo Deus e o nome verdadeiro de Deus era Deus. James JOYCE. Retrato de um artista quando jovem. Ele nunca tinha ouvido falar em inferno. Estranhando a linguagem de sinha Terta, pediu informações. Sinha Vitória, distraída, aludiu vagamente a certo lugar ruim demais, (...) Tinha um vocabulário quase tão minguado como o do papagaio que morrera no tempo da seca. Valia-se, pois, de exclamações e de gestos, (...) A culpada era sinha Terta, que na véspera, depois de curar com reza a espinhela de Fabiano, soltara uma palavra esquisita, chiando, o canudo do cachimbo preso nas gengivas banguelas. Ele tinha querido que a palavra virasse coisa e ficara desapontado quando a mãe se referia a um lugar ruim, com espetos e fogueiras. Por isso rezingara, esperando que ela fizesse o inferno transformar-se. (...) Entristeceu. Talvez sinha Vitória dissesse a verdade. O inferno devia estar cheio de jararacas e suçuaranas, e as pessoas que moravam lá recebiam cocorotes, puxões de orelhas e pancadas com bainha de facas. Graciliano RAMOS. Vidas secas. A majestade de Deus distribuiu o Espírito Santo para todos: cristãos, heréticos, turcos, judeus, e tem a mesma consideração por todos, e de algum modo todos se salvarão’ –, acabou numa explosão violenta contra os juízes e sua soberba doutrinal: ‘e vocês, padres e frades, querem saber mais do que Deus; são como o demônio, querem passar por deuses na terra, saber tanto quanto Deus da mesma maneira do demônio. Quem pensa que sabe muito é quem nada sabe. Depoimento de Menocchio em O queijo e os vermes. Carlo GINZBURG. No século IV, os bárbaros e povos do norte invadem o Império Romano, já em decadência pelo movimento revolucionário4 de escravos e colonos. Com as práticas comerciais debilitadas e o despovoamento das cidades (fenômeno chamado de ruralização do Império) e o êxodo para o campo, muitos povoados novos foram fundados, recebendo originalmente o nome de Vilas Romanas5. Tais ‘vilas’, em seu processo de 4 Dentre outros autores que se utilizam desse termo, Arnold HAUSER (Op.cit.) é um deles. 5 Roma pela franca e acintosa vida parasitária tornou-se, também, ‘a parasita do Império’ acabando por corromper-se completamente. Desse modo, todo o esplendor da velha e austera República, à luz da decadência terminou por revelar-se incapaz de manter longe todos os inimigos. Desse modo, e dentre outras coisas, Constantino acabou por abrir mão do mito Roma, levando a capital do Império para Constantinopla por reconhecer que a quase totalidade das bases econômicas encontravam-se no Oriente. Assim, para além dos graves problemas internos, os bárbaros invadiram Roma e impuseram, pela força, sua mitologia e valores, considerados pobres em relação àqueles de Roma. Desse modo, as tribos formação e mesmo em sua evolução, apresentavam um pré-modelo de economia de autoproteção e de autossuficiência. Esse modelo de agrupamento social deu posteriormente origem a um sistema de organização social e política conhecido com o nome de Feudalismo. Essa nova formação político-social atendeu, de modo absolutamente coerente, aos anseios da Igreja e aos dos senhores feudais, na medida em que o vislumbrado por eles era o poder em âmbito do micro e do macro. Do ponto de vista artístico, a chamada arte primitiva cristã, durante os dois ou três primeiros séculos, representou um mero prolongamento ou variante da arte romana tardia (em decadência no próprio Império Romano). Como característica básica, as obras produzidas nesse período (e mesmo aquelas do final do imperador Constantino) apresentaram um impulso para a espiritualização e abstração, com preferência para as formas planas, incorpóreas, diáfanas, exigindo uma determinada frontalidade, tom solene, indiferença pelo prosaico e pela vida orgânica e humana: expressando uma vontade de representação mais para o espiritual do que para o sensível. Tais características iniciais, no concernente às artes visuais, apontaram para o desejo de simplificação e estilização, renúncia à profundidade espacial e à perspectiva, tratamento arbitrário das proporções e das funções corporais. De modo diferente, do das artes plásticas, o teatro parece ter sido ‘suprimido’ da vida social (fundamentalmente por seu aspecto belicoso, escatológico, pouco infenso à contrição e à circunspecção demandadas pela nova ordem em processo de construção) em âmbito oficial, do século V ao XI, uma vez que não há documentação acerca daquilo que fora produzido. Entretanto, a despeito dessa lacuna documental, inúmeras foram as perseguições e condenações, tendo como parâmetro o fato de o teatro ser considerado depravado e constituir-se em uma atividade: “Danosa à alma e deletéria ao corpo, posto corromper o espírito”. Além disso, alguns documentos condenavam e ameaçavam ‘de excomungação os leigos e participantes6 das obscenidades’, chamadas de representações anticristãs. Em bárbaras, apesar de terem dominado Roma (e de modo semelhante ao ocorrido com os romanos com relação aos gregos), ao adotar e assimilar muitos dos valores romanos, foram se ‘espalhando’ pela Europa Ocidental, definindo o panorama racial e político que configuraria até mesmo a Europa de hoje. Isto é: Anglos, Saxões e Jutos na Inglaterra, Francos na Gália, Godos na Espanha, Lombardos no norte da Itália e Bongurdios junto ao Ródano. Esses grupos acabaram por adotar o código romano, previsto por Justiniano, a própria administração romana e também a própria religião. 6 A despeito de todo tipo de condenação e práticas arbitrárias, os jograis existiram durante todo o período compreendido pela Idade Média. Várias são as fontes que comentam esses tipos de artistas populares – perseguidos avidamente pelos representantes da Igreja, por suas práticas escatológicas – e abrigados pelos senhores feudais; entretanto, de acordo com Dario FO. Jograis sórdidos, In: Op.cit., p. 135, dentre outras coisas afirma: “Os jograis atuavam usualmente em primeira pessoa, um único ator sobre um literatura, quando as tribos de bárbaros encontravam-se já de certo modo enraizadas na Europa, ocorreu uma espécie de repetição dos processos de desenvolvimento àqueles dos romanos em relação aos gregos. Assim, mais ou menos no ano 800 surgiram narrativas épicas ricas no concernente aos aspectos mitológicos das diferentes tribos que relatavam tanto fatos heróicos como historiavam as conquistas de guerra. São elas: as sagas nórdicas de ‘Edda’; o ‘Blowulf’ na Inglaterra, a ‘Chanson de Roland’ na França e o ‘Nibelüngenlied’, no que seria posteriormente a Alemanha. Para concluir, os vários editos condenatórios (desde a ascensão da Igreja como maior e quase única força política durante bom período da Idade Média), fundamentavamse provavelmente no fato de o teatro ter aflorado em um período durante o qual o mimo romano satirizava a Igreja e muitos dos costumes folclóricos pagãos conterem elementos miméticos e dramáticos, ligados à cultura anterior. A partir dos finais do século X inicia-se na Europa ocidental um processo substancial de mudanças, sendo que este processo teve como ponto de partida o encerramento ou o cessar das invasões de normandos e magiares. Estes últimos, depois de um longo e extenso período de ataques e pilhagens contra as regiões centro-ocidental, fixaram-se no território compreendido pela atual Hungria e os primeiros, do mesmo modo que os magiares, cujos ataques aconteciam sobretudo nas costas do norte europeu, fixaram-se no lugar hoje conhecido por Normandia. Com a eliminação das invasões, a Europa entra em um processo de maior ‘tranqüilidade social’ sendo que uma das conseqüências mais imediatas desta situação foi o aparecimento de ‘população excedente’, que não conseguia mais subsistir nos quadros estreitos da economia feudal. Tal situação – fundamentalmente a partir do século XII, provocou determinadas transformações na estrutura religiosa, política e econômica7 – palco – ou mesa – mesmo quando realizavam os contrastes ou os respetti, ou seja, diálogos de dois personagens. Aliás, a virtude particular de um jogral era exibir-se diante do público apresentando dezenas de personagens diferentes. Usavam o seu próprio e excêntrico traje, mas também não desdenhavam as caracterizações. Durante a realização de uma feira, por exemplo, subiam de improviso sobre um banco (origem provável da palavra ‘saltimbanco’), vestidos de esbirro, médico, advogado, padre, mercador, e começavam sua exibição a partir daí”. Com relação ao seu caráter de enfrentamento às normas consagradas pela tradição, do mesmo Dario FO. Idem, ibidem, p.135: “[...] o nome de Ruzante, o maior de nossos jograis, originava-se de ruzzare, que no dialeto de Pádua significa ‘ir com os animais, copular com eles nos locais e nos tempos prediletos dos mesmos’. Não sabemos se os mesmos são os animais ou os copuladores, os ruzzanti. Até mesmo a expressão giullare (jogral) origina-se de ciullare, cujo significado é ‘foder’, tanto no sentido de zombar de alguém, como no sentido de fazer amor. Portanto, o ciullo é o instrumento principal para a realização do ato supracitado. Sendo assim, Ciullo d’Alcamo significa ‘O sexo masculino de Alcamo’. Obviamente, na escola isso não é ensinado: preferem chamá-lo de cielo (céu) para tudo ficar muito mais azul. Com isso tentam evitar que o jogral seja reconhecido como um autêntico jogral de praça, pretendendo elevá-lo à condição de poeta, quem sabe da corte, com o nome enlevador de Cielo”. 7 Foi em alguns dos grandes centros comerciais e, especificamente em torno de alguns dos criou um processo de movimento de saída dos feudos e a formação de um enorme contingente de pessoas que era obrigado a errar por várias cidades e países da Europa, buscando formas de subsistência, sendo que sua atividade fundamental, por motivos óbvios, foi o comércio. No auge do Feudalismo do século XI, surgem na Europa novas e renascidas cidades que serão chamadas e conhecidas pelo nome de burgos, o comércio renasce e surge a então denominada ‘cavalaria galante’, que posteriormente dará origem às Grandes Cruzadas. De modo esquemático, esses verdadeiros exércitos (armados até os dentes, tinham o propósito de tomar aos muçulmanos, na Palestina, os ‘lugares santos do cristianismo’) foram formados com a justificativa de levar o nome do deus cristão aos – por eles designados - povos bárbaros. Tais exércitos acabaram (já que era essa sua função principal) por praticar todo tipo de atrocidades contra a humanidade e, no processo de destruição, os participantes ‘galantes’ acabaram por tomar contato com obras imemoriais.8 Segundo alguns historiadores, a Poética de Aristóteles e outros textos dramatúrgicos escritos por autores na Antigüidade clássica grega (e outros em períodos próximos àquele citado) acabaram por ser redescobertos nessas investidas. Fazendo parte, portanto, dos ‘espólios’ dos conquistadores essa fonte documental (basicamente destruída na Europa, pela ‘gana saneadora’ dos representantes da dita Santa Madre Igreja), acabou sendo lida e analisada pelos estudantes dos monastérios e seus superiores. Vale destacar também que havia muitas e grandes cidades na Europa do período (à guisa de informação, Paris, no século XIII, tinha uma população estimada em 240.000 habitantes), que se caracterizavam em grandes centros de vida intelectual e artística. Assim, o crescimento dessas cidades, dentre outras coisas, acabaram por criar pequenas mas significativas fissuras na hegemonia medieval; constitui outros agrupamentos sociais: dos nobres, por exemplo, e de um outro que HAUSER denomina de burguesia (já no século XIII); força a criação de novas instituições escolares para os filhos das classes grandes portos, que começaram a ser relativizados os conceitos de que os lucros seriam pecados. Desse modo, em Veneza e a chamada Liga Hanseática tornaram-se tão fortes que conseguiam burlar os esquemas medievais. Com a evolução dos processos comerciais, foram criados núcleos (que posteriormente dariam formação aos burgos) em que se organizaram confrarias e guilds. 8 O movimento das cruzadas (ou cruzadismo) no Oriente Próximo desenvolveu-se entre os anos de 1095 e 1207, sendo que neste período houve oito grandes cruzadas, apoiadas por reis, imperadores e papas. Além da recuperação e perda de determinadas regiões conquistadas (por exemplo, Jerusalém), uma das determinações mais importantes foi o fato de o Mediterrâneo ter sido reaberto à navegação cristã. Do ponto de vista comercial, muitos produtos orientais como sedas, tapetes, porcelanas, açúcar, armas etc abastadas, que culmina com a criação da Universidade. Ainda no século XII, e como decorrência dos aspectos citados anteriormente, vale destacar que começou a se desenvolver também a literatura laica, mesclando a poesia lírica (fenômeno do trovadorismo) e o ‘romance’, no qual os temas de cavalaria passaram a ser mesclados àqueles do amor. Essa nova literatura oposta às tradições clássicas, apresentou-se a partir de uma nova mescla étnica e cultural, decorrentes principalmente dos processos de invasão pelas incursões das cruzadas. Do mesmo modo, com o desenvolvimento ocorrido na literatura, as produções populares ressurgiram, ou talvez e mais corretamente, começaram a ser registradas (uma vez que elas jamais deixaram de ser praticadas e de existir), sendo criadas sobretudo em chave de paródia (àquelas dos similares aristocráticos). Desse modo, além do desenvolvimento do primeiro vaudeville (de que se falará mais adiante) e à commedia dell’arte (como síntese das tradições cômico-populares desde ‘priscas eras’), o ressurgimento das tradições populares darão origem aos chamados ‘bestiários’ (em que os animais – fundamentalmente a raposa – passaram a substituir os heróis dos romances de cavalaria). Para refazer a unidade cristã abalada pelo Cisma do Oriente, o papado investe em expedições militares — as cruzadas. Elas têm o objetivo de propagar o cristianismo, combater os muçulmanos e cristianizar territórios da Ásia Menor (atual Turquia) e da Palestina. Formadas por cavaleiros e comandadas por nobres, príncipes ou reis, as cruzadas também possuem motivações não religiosas, como a conquista de novos territórios e a abertura difundiam o consumo desses produtos, ampliando esse comércio cada vez de modo mais intenso. de rotas comerciais marítimas e terrestres para o Oriente. Produtos como seda, tapetes, armas e especiarias foram introduzidos no consumo da Europa pelos cruzados. Características do teatro medieval Adão – Ai de mim, miserável! Para minha desgraça vi o dia em que meus pecados caíram sobre mim, porque abandonei o senhor que devia ter adorado. Quem aparecerá para me socorrer? (...) Oh, Paraíso, moradia tão maravilhosa. Pomar religioso, como é belo contemplá-lo! Em verdade fui expulso e por causa do meu pecado. Perdi todas as esperanças em recuperá-lo. Já habitei dentro de seus muros e não soube aproveitar. Acreditei na palavra que em breve me fez partir. Agora me arrependo, tenho motivos para sofrer, mas é tarde demais e meus suspiros não me adiantam nada. Onde estava meu bom-senso? Onde estava meu juízo quando abandonei o Rei da Glória por Satã? De nada me serve agora me atormentar como o faço. Meu pecado será escrito na história. (...) Ah, maldita mulher! Cheia de traição! Você me lançou bem depressa na perdição quando me fez perder o bom-senso e a razão. Arrependo-me, mas não posso obter perdão! Desgraçada Eva, como você atendeu tão depressa ao mal ao seguir os conselhos do dragão! Por sua culpa estou morto... sim, perdi a vida. Seu pecado será escrito no livro. Vê os sinais de uma grande transformação? A terra também sofre a nossa maldição. Semeamos trigo e eis que nos nascem cardos. Veja o começo do nosso castigo: é uma grande dor para nós, mas um mal maior nos espera. Seremos levados para o inferno: lá, saiba, não nos faltará nem pena nem tormento. Pobre Eva, que lhe parece? Eis sua conquista, o que lhe foi dado por dote! Jamais você saberá transmitir o bem ao homem, mas será sempre inimiga da razão. Todos os que saírem de nossa linhagem sofrerão as conseqüências de seu crime. Você pecou, será julgada por todos. Aquele que a reabilitará ainda se fará esperar por muito tempo. O jogo de Adão. Anônimo, fins do século XII. Ao lado do drama sacro medieval, que nasce dentro das igrejas e se celebra nas escadarias, vigora a festa-espetáculo nas suas matizadas manifestações. O núcleo do qual ela se irradia é sempre o rito, no qual se insinuam de forma disfarçada tradições e costumes de origem pagã, saturnais e liberdade de dezembro, tripúdios para as calendas de janeiro, ritos agrários de purificação e propriação para o fim do inverno (que) vieram a confluir e amalgamar-se no Carnaval. TOSCHI, apud Alessandro FERSEN. O teatro, em suma. A Igreja organiza não só a atividade econômica e política como toma para si a responsabilidade pela educação. Um dos primeiros e decisivos passos (e sempre acontece dessa forma), que durará séculos, consiste em erradicar por completo os valores das civilizações que a antecedeu principalmente pela educação: restrita exclusivamente aos filhos dos senhores feudais e interessados na carreira religiosa (e cuja ‘prestação desse serviço’ dar-se-ia com a fundação de monastérios) e da destruição dos valores culturais do passado. Sociedade estamental e rigidamente controlada, fundamentada no conceito teocentrista, ‘canalizou’ todo seu ‘poder de fogo’ inicialmente na proibição aos ritos pagãos que acabaram por ser transformados em demonstração de fé, apresentadas e desenvolvidas, depois de contundente processo de cooptação e neutralização da produção original com novas protagonistas. Os ritos de colheita antigos, por exemplo, atravessaram todo o período medieval; assim, a Igreja (sem conseguir destruí-los completamente) assimilou-os, tentando convertê-los aos dogmas católicos.9 As únicas manifestações próximas à linguagem teatral, segundo muitos historiadores, durante a chamada Alta Idade Média, foram as festas de natal e as da páscoa. Afirma, entretanto, Anatol ROSENFELD. Prismas do teatro. Op.cit., p.86: Talvez bem antes do século XII era de praxe três diáconos cantarem a Paixão; um representava Cristo, outro o narrador, um terceiro se encarregava das respostas do povo e dos apóstolos. Mais tarde passou-se a representar outras passagens da Bíblia e trechos da vida dos grandes vultos da Igreja, com solos, coros e mesmo com orquestras. Na medida em que a participação de leigos se tornava indispensável, o latim é substituído pela língua nacional. Apesar de quase não haver registros documentais acerca da produção teatral do período, sabe-se que tais atividades foram desenvolvidas, fundamentalmente pelas cartas (bulas) tiradas durante os conselhos de bispos que eram divulgadas de tempos-emtempos, condenando (da danação à morte), não só os atores bem como seus descendentes, tanto daquela a que o artista fazia parte como das gerações seguintes. Por maior que tenha sido o controle da Igreja e o depuramento de diferentes instrumentos de tortura e de ‘convencimento’, é evidente que nos feudos – distantes da vigilância dos representantes da Igreja – os senhores e suas famílias, ‘necessitados’ de diversão (uma vez que só rezar, como se imagina, deveria ser algo meio maçante...), mantiveram sob suas tutelas (e de modos normalmente velados) os chamados ‘bobos da corte’ e os menestréis, basicamente durante todo o período medieval.10 9 Apesar das tentativas e efetivo enquadramento de todos, e à guisa de ‘especulação imaginativa’, não deixa de ser interessante imaginar como seriam os rituais de colheita da uva, por exemplo, e sua posterior transformação em vinho. Os gregos e romanos, que teriam percebido e se entregado à liberação dos instintos nessas ocasiões, trataram de consagrar, oportunisticamente, tal prazer diretamente ligado ao poder de um deus. Os representantes da Igreja, entretanto, parecem não ter conseguido o mesmo efeito, afetos que eram aos seus mandamentos... até por conta de tais tradições ‘libertatórias’ terem permanecido até hoje! Verdade que não existem documentos históricos que apontem a supressão do vinho do cardápio das classes dominantes. Aliás, no culto da missa, o vinho, até hoje, expressa, simbolicamente, o sangue de Jesus. 10 Esses artistas, trazendo consigo as tradições cômico-populares desde a Antigüidade (e no caso específico ‘promovendo’ uma junção dos gêneros: Fescenino, Satura, Atelana e Mimo), caracterizavam-se em misto de cantor da corte primitiva da Idade Média e do antigo jogral dos tempos clássicos. Eram, ao mesmo tempo, cantores, dançarinos, músicos, palhaços e/ou histriões, prestidigitadores e acrobatas. Vários Vários autores, dentre os quais John GASSNER e Margot BERTHOLD11, afirmam que nos monastérios as peças teatrais (‘sobradas’ da gana destruidora da Igreja) começaram a ser estudadas e lidas para diversão dos clérigos e de um restrito grupo de refinados intelectuais. Nesse pequeno e seleto grupo, Terêncio foi eleito como paradigma para uma retomada dramatúrgica (sendo oportuno relembrar que este autor – comediógrafo da Antigüidade romana – destacou-se pela temática ‘adocicada’ de suas peças e pela utilização do latim clássico): assim, sem ser necessário reinventar a roda – e como sempre aconteceu – a inteligência humana foi reativada para manutenção do estado de dominação, contando com o teatro na condição de um modelo adequado às necessidades dos detentores do poder. Dessa forma, enquanto Terêncio e outros autores foram estudados, a Poética de Aristóteles foi redescoberta, assim como Virgílio e Cícero (sendo que este último descreveu o teatro “[...] como uma cópia da vida, um espelho dos costumes, um reflexo da verdade”). O aparecimento do que, mesmo imprecisamente poderia ser chamado de ‘drama cristão’ (arquiforma teatral), como já apontado anteriormente, surgiu no século XI, como uma necessidade ‘prática’ (entenda-se doutrinatória) de levar a religião a um povo iletrado: sem condições e, vale relembrar, proibido de ler a Bíblia ou entender as missas que eram realizadas em latim. Nessa perspectiva, a [re]conquista dos designados pelos representantes da Igreja como ‘desgarrados’ apontava para a necessidade de tornar a missa mais atraente, tanto é que os sacerdotes começaram a montar, na missa, quadros vivos (em francês tableaux12), precedidos e seguidos por grandes hinos13. Dessa forma, é autores, dentre eles Sandra CHACRA, que apresenta uma significativa reflexão acerca da improvisação teatral, - Natureza e sentido da improvisação teatral. São Paulo: Perspectiva, 1983 – afirma que os artistas populares, também conhecidos como saltimbancos e charlatões de feira, apresentavam-se em praças, feiras e lugares de peregrinação. Através de algumas ilustrações pode-se ter idéia de seu figurino, que além dos instrumentos musicais eram compostos por roupas características de alguns dos tipos fixos da comédia popular romana e de diversos tipos de máscaras: das mais clássicas às mais bizarras, passando pelas femininas. Assim, somando-se à evidência já apresentada das condenações das atividades teatrais pelos bispos, tais artistas representam uma evidência segura da permanência do teatro popular durante todo o período medieval. Ainda com relação ao assunto e aos ‘irmãos’ dos menestréis: os trovadores, Dario FO. Op.cit., p. 142, afirma: “Em uma (...) balada, relaciona tudo o que um bom jogral deve saber fazer: cortejar, cantar, pegar no ar, zombar dos elegantes, trapacear nas cartas e nos dados, jurar em falso, fazer serenata ofensiva e para flerte, falar latim falso e grego verdadeiro, fazer o falso parecer verdadeiro e quase falso o verdadeiro. Em suma: ambigüidade, com os valores estabelecidos contraditados”. 11 John GASSNER. Op.cit. e Margot BERTHOLD. Historia social del teatro. Madrid: Ed. Guadarrama, 1974, afirmam que durante o chamado início do processo de decadência do período medieval (século XI – Baixa Idade Média), muitas das ‘ovelhas de deus’ começaram a se desgarrar do grande ‘rebanho’, motivo pelo qual, a competição desigual entre oração nas igrejas e riso nas praças levou ou induziu, os representantes da Igreja a incorporarem o teatro no culto da missa, não sem antes, estudar os textos teatrais nos monastérios: com o objetivo de ‘saneá-los’ sobretudo de ideologias estranhas à Igreja. 12 Tableau (no singular) é o nome com que até hoje se designa, em teatro, a cena congelada. Tratase, portanto, de um recurso imagético, carregado de sentidos e significados para reiterar uma idéia, chamar preciso ter consciência de que o teatro medieval, ao ser incorporado ao culto da missa, fez uma opção (evidentemente não estética) pelo chamado teatro cortês e didático, para ‘instrução’ (naturalmente ideológica) do povo. Anatol ROSENFELD afirma que: ”A dramatização crescente, porém, verificou-se no início ainda à base da ritual da missa, interrompido por reflexões acerca do bíblico, comentários lírico-épicos, responsórios (...) os personagens passam a ilustrar o texto cantado pelo evangelista”. 14 Com relação ao bufão é uma versão contrária do rei. Segundo a documentação, ele foi introduzido nas cortes européias durante o período das Cruzadas, como uma versão ocidental dos loucos das cortes orientais. Sob a licença da loucura se lhe facultava o direito do descontrole, de dizer a verdade. Trânsito com o grotesco bakhtiniano: divertir e dizer a verdade que as convenções sociais não permitiam aflorar. Oposição à hipocrisia social, olhar de viés para as convenções morais. Turbulento, o bufão cria e apresenta-se onde há liberdade, desnudando os mais escusos e espúrios pensamentos, sua função, portanto: expor a nu e colocar às claras as mais escuras e ocultas zonas da vida ordinária. Associado ao disforme, ao utópico, ao onírico, tem por função também livrar o mundo das idéias e comportamentos inoperantes e caducos para parir o novo. BIBLIOGRAFIA ANÔNIMO. O jogo de Adão. s/d. BAKHTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento. São Paulo: Hucitec, 2010. BERTHOLD, Margot. Historia social del teatro. Madrid: Ed. Guadarrama, 1974. atenção para um determinado aspecto da encenação ou da ação das personagens. 13 J. GASSNER. Op.cit. p.160, afirma: “[...] por mais frágil que possa nos parecer, esta pecinha (sic) possuía valores altamente dramáticos quando auxiliada pelas coloridas vestes dos monges, pelas festivas roupas do povo, pelo imponente fundo da igreja ou catedral e pelo estado emocional dos crentes”. 14 Anatol ROSENFELD. O teatro épico. Op.cit., p.44. CHACRA, Sandra. Natureza e sentido da improvisação teatral. São Paulo: Perspectiva, 1983. FERSEN, Alessandro. O Teatro, em Suma. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. FO, Dario. Manual mínimo do ator. São Paulo: SENAC, 1999. GASSNER, John. Mestres do teatro I. São Paulo: Perspectiva, 1998. GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes: o cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela inquisição. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. HAUSER, Arnol. História social da literatura e da arte. São Paulo: Mestre Jou, 1982. JOYCE, James. Retratos de um artista quando jovem. São Paulo: Civilização Brasileira, 1998. RAMOS, Graciliano. Vidas secas. São Paulo: Record, 1998. ROSENFELD, Anatol. O teatro épico. São Paulo: Perspectiva, 2008. _______________. Prismas do teatro. São Paulo: Perspectiva, Edusp, Editora da UNICAMP, 1993.