UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL ANDERSON MAGALHÃES DE SOUSA COSTA ESTUDO DE CASO PARA DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES DE PERDAS PARA UMA OBRA VERTICAL EM FORTALEZA/CE FORTALEZA 2011 ii ANDERSON MAGALHÃES DE SOUSA COSTA DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES DE PERDAS PARA UMA OBRA VERTICAL EM FORTALEZA/CE Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil, em dezembro de 2011. Orientador: Antônio Eduardo Bezerra Cabral FORTALEZA 2011 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências e Tecnologia C87e Costa, Anderson Magalhães de Sousa. Estudo de caso para determinação dos índices de perdas para uma obra vertical em Fortaleza/CE / Anderson Magalhães de Sousa Costa. – 2011. 52 f. : il. color., enc. ; 30 cm. Monografia (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Departamento de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Curso de Engenharia Civil, Fortaleza, 2011. Orientação: Prof. Dr. Antônio Eduardo Bezerra Cabral. 1. Resíduos sólidos. 2. Materiais de construção. 3. Resíduos como material de construção I. Título. CDD 620 iii ANDERSON MAGALHÃES DE SOUSA COSTA DETERMINAÇÃO DOS ÍNDICES DE PERDAS PARA UMA OBRA VERTICAL EM FORTALEZA/CE Monografia submetida à coordenação do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Aprovada em ____/____/____ BANCA EXAMINADORA __________________________________________________ Prof. Antônio Eduardo Bezerra Cabral – D.Sc. (Orientador) Universidade Federal do Ceará - UFC __________________________________________________ Eng. João Bosco Gomes Viana Junior (Examinador) WR Engenharia LTDA __________________________________________________ José Ramalho Torres – M.Sc. (Examinador) Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial do Ceará - NUTEC FORTALEZA 2011 iv Dedico este trabalho aos meus pais, aqueles que me ajudaram desde o início. v AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus, pois toda essa conquista vem Dele, é graça, e sou grato por ter sido atingido por ela e saber que estou sempre no controle Dele. Em segundo lugar, aos meus queridos pais, Jeú Magalhães da Costa e Catarina de Sousa Costa, juntamente com minha irmã Camila Magalhães, que desde o início sempre me apoiaram e me incentivaram na minha caminhada profissional. A minha namorada Glenna Cherice, pelo companheirismo e incentivo nesta etapa final do curso. Aos meus avós, Otoniel e Hilda, pelo exemplo de vida e ao meu Tio Joel, que sempre ajudou desde o início da minha carreira. Aos amigos, tios e irmãos em Cristo da minha querida Igreja Batista Manancial, Daniel Cardoso, Bruno Leonardo, Benaia Lira, Felipe Prestes, Wesley, Henrique Klein, William Falcão, Carlos Alberto, Beto, Almir, Fábio, Caio Mestres, Reginaldo Crispim, Tiago Alencar, Pr. Valney Veras, Pr. Wadson Valente, Pr. Mauro Clark, Marly Valente, Joelma, Francisco Furtado, Dani, Pr. Kelso Clark, Pr. Humberto Medeiros, Brenda Medeiros, Érica Menezes, Bruna Menezes, Gabriela Menezes, Lia Veras, Jamille Queiroz, Nayara Arruda, Thamara Ribeiro, Síntique Fragoso, mostrando sempre o privilégio e prazer de honrar e glorificar o nome de Deus. Ao Engenheiro João Bosco Gomes Viana Junior, pelo ensino e capacitação ao longo desse tempo na WR, além da orientação na formulação deste trabalho. Aos amigos da WR Engenharia, Jonathan Soares, Charleide Lemos, Iran, Filipe José, Jheymer, Mestre Assis, Batista e Felipe Moura, pelo grande aprendizado e maturidade profissional que tenho obtido através deles. Aos amigos da faculdade, Daniel Sousa, Cícero Gualberto, Thiago Borges, Leandro Aragão, Paulo Dantas, Daniel Dias, Felipe Alisson, Vicente de Castro, Leonardo Souza, Jean Amaral, Francisco Ilton, por caminharem comigo durante esses cinco anos de luta. Ao meu orientador Eduardo Cabral, pelo ensino e orientação para a conclusão desta pesquisa. vi RESUMO A disposição de resíduos sólidos urbanos constitui um dos maiores fatores para degradação do meio ambiente e prejuízo financeiro em canteiros de obras, neste último caso para os resíduos de Construção e Demolição (RCD’s), pois pesquisas demonstram que as taxas de gerações de RCD’s são preocupantes no Brasil. Neste trabalho estudou-se a metodologia de obtenção dos índices de perdas de alguns materiais em uma obra vertical em Fortaleza/CE. A pesquisa contou com os seguintes objetivos específicos: apresentar um panorama sobre os RCD’s e Perdas na Construção Civil; representar os índices de perdas obtidos de forma percentual; analisar e apresentar as possíveis causas dos desperdícios; e propor soluções a fim de diminuir a ocorrência de perdas de materiais. A fim de se obter os índices de perdas é necessário a obtenção de dois parâmetros importantes: quantidade de material teoricamente necessária (QMT) e quantidade de material realmente necessária (QMR). Para a obtenção do primeiro parâmetro a metodologia utilizada foi a realização de quantitativos in loco do que tinha sido realizado até a data de atualização do estoque ou término do serviço. Já para o segundo parâmetro foi utilizado o sistema de gestão de compras da empresa, o controle de estoque de materiais do almoxarifado da construtora e para os serviços de emboço interno (gesso e argamassa) foram utilizadas taxas de consumo encontradas in loco. Os resultados obtidos ficaram dentro da média esperada na maioria dos casos, no entanto, insumos como cerâmica externa apresentaram índices de perdas preocupantes, em consequência de um possível mau estoque do material e um maior transporte vertical e horizontal para dentro das balanças em relação às cerâmicas internas. Como proposições destacam-se: um maior controle da produção (inspeção dos serviços); investimentos em treinamento de mão de obra; armazenamento de materiais de acordo com a Tabela de Armazenamento de Materiais (TAM) de cada construtora; e implantação de coordenação modular nos projetos de arquitetura. Palavras chave: Resíduos sólidos urbanos, resíduos de construção e demolição (RCD’s), índices de perdas, quantidade de material teoricamente necessária (QMT), quantidade de material realmente necessária (QMR). vii Sumário LISTA DE FIGURAS .............................................................................................................viii LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. ix LISTA DE QUADROS .............................................................................................................. x 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1 1.1 Objetivos ...................................................................................................................... 3 1.2 Estrutura do trabalho .................................................................................................... 4 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................... 5 2.1 Resíduos da construção civil........................................................................................ 5 2.2 Perdas na Construção Civil ........................................................................................ 11 3 METODOLOGIA............................................................................................................. 14 3.1 Gesso em placa .......................................................................................................... 16 3.2 Revestimento de gesso em paredes ............................................................................ 17 3.3 Cerâmica interna Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 ..................................................... 21 3.4 Porcelanato interno Eliane Polido 60 x 60 CM POLUX ........................................... 21 3.5 Cerâmica externa 10x10 cm Camburi Bone Eliane Bege e Marron .......................... 22 3.6 Emboço interno (massa) ............................................................................................ 22 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................. 27 4.1 Gesso em placa .......................................................................................................... 27 4.2 Revestimento de gesso em paredes ............................................................................ 28 4.3 Cerâmica interna Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 ..................................................... 31 4.4 Porcelanato interno Eliane Polido 60 x 60 CM POLUX ........................................... 33 4.5 Cerâmica externa 10x10 cm Camburi Bone Eliane Bege e Marron .......................... 34 4.6 Emboço interno (massa) ............................................................................................ 37 4.7 Resumo dos resultados obtidos .................................................................................. 39 5 CONCLUSÕES ................................................................................................................ 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 41 viii LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 – Exemplo de RCD Classe A (Obra Jardins do Paço – WR Engenharia) ................ 9 Figura 2.2 - Exemplos de RCD Classe B (Obra Jardins do Paço – WR Engenharia) .............. 10 Figura 2.3 - Exemplo de RCD Classe D................................................................................... 11 Figura 3.1- Localização geográfica da Obra analisada (Condomínio Jardins do Paço - WR Engenharia)............................................................................................................................... 14 Figura 3.2 - Projeção ilustrada do Condomínio Jardins do Paço quando finalizado ................ 15 Figura 3.3 - Projeção ilustrada do Pvto Tipo ............................................................................ 15 Figura 3.4 - Exemplo de uma solicitação realizada no Sistema de Gestão de Suprimentos (Informacon) ............................................................................................................................. 17 Figura 3.5 - Procedimento de formação do Emboço de Gesso (Mistura) ................................ 20 Figura 3.6 - Medição da quantidade de massa produzida para um saco de gesso .................... 20 Figura 3.7 - Confecção de Traço 1:3:4 para Emboço interno ................................................. 25 Figura 3.8 - Medição do traço "rodado" para obtenção do consumo de massa/m² .................. 25 Figura 4.1 – Empilhamento de cerâmica externa com peças danificadas ................................ 37 Figura 4.2 – Estoque de peças de cerâmica externa quebradas devido ao mau estoque .......... 37 ix LISTA DE TABELAS Tabela 1.1 - Materiais simples: perdas detectadas pela pesquisa FINEP/ITQC/PCC e por outras fontes (fonte: Souza, 2008) .............................................................................................. 2 Tabela 2.1 - Dados sobre RCD de diversas cidades brasileiras (fonte: Cabral, 2007) ............... 8 Tabela 2.2- Materiais básicos: perdas na obra detectadas pelo (FINEP/ITQC/PCC) e por outras fontes. (fonte: Souza et al., 1998) .................................................................................. 11 Tabela 2.3- Perdas de cimento nos serviços: emboço ou massa única internos; emboço ou massa única externos; contrapiso (FINEP/ITQC/PCC) (fonte: Souza et al., 1998) ................. 12 Tabela 4.1- Materiais simples: perdas detectadas pela pesquisa FINEP/ITQC/PCC e por outras fontes (fonte: Souza, 2008) ............................................................................................ 31 x LISTA DE QUADROS Quadro 3.1 - Formulário de acompanhamento de sacos de gesso transportado verticalmente 18 Quadro 3.2 - Planilha de Controle de Sacos de gesso utilizados .............................................. 19 Quadro 3.3 - Formulário entregue aos betoneiros para obtenção da quantidade de traços utilizados durante o dia ............................................................................................................. 23 Quadro 3.4 - Planilha de Controle da quantidade de traços utilizados por dia......................... 24 Quadro 4.1 - Quantitativo de forro de gesso para os ambientes descritos abaixo .................... 27 Quadro 4.2 - Resumo da quantidade média de sacos de gesso utilizados por Torre ................ 28 Quadro 4.3 - Quantitativo detalhado de Revestimento de gesso em paredes ........................... 29 Quadro 4.4 –Parâmetros para o cálculo da quantidade realmente utilizada de cerâmica interna até o dia 19/10/11 ..................................................................................................................... 31 Quadro 4.5 - Quantidade detalhado da Quantidade de cerâmica interna teoricamente utilizada até o dia 19/10/11 ..................................................................................................................... 32 Quadro 4.6 –Parâmetros para o cálculo da quantidade realmente utilizada de porcelanato até o dia 19/10/11 .............................................................................................................................. 33 Quadro 4.7 - Quantitativo detalhado da quantidade de porcelanato teoricamente utilizada até o dia 19/10/11 .............................................................................................................................. 34 Quadro 4.8–Parâmetros par o cálculo da quantidade realmente utilizada de cerâmica externa até o dia 19/10/11 ..................................................................................................................... 34 Quadro 4.9 - Quantitativo detalhado da quantidade teoricamente utilizada de cerâmica externa até o dia 19/10/11 ..................................................................................................................... 35 Quadro 4.10- Quantitativo detalhado da quantidade teoricamente utilizada de Emboço interno .................................................................................................................................................. 38 Quadro 4.11 – Resumo dos índices de perda obtidos ............................................................... 39 1 1 INTRODUÇÃO Atualmente, a sociedade está inserida em um meio onde o desenvolvimento não está aliado à conservação do meio ambiente. Dentro deste contexto é que a disposição de resíduos sólidos tem sido um grande empecilho para o aumento da qualidade de vida da população mundial, gerando grandes impactos sociais e ambientais. Um dos maiores contribuintes para esta produção em grande escala de resíduos sólidos é a indústria da Construção Civil, através da disposição dos resíduos de Construção e Demolição (RCD). No contexto atual, onde o mercado da Construção Civil está superaquecido, construtoras buscam o seu lugar no mercado realizando empreendimentos cada vez mais ousados, caros e com um tempo curto de execução. No entanto, essas construtoras, em muitos casos, carecem de uma gestão da qualidade que vise evitar a perda de materiais em cada serviço ou etapa da obra. No entanto, não são somente as construtoras que são responsáveis pela grande disposição de materiais de construção e demolição. Segundo Souza (2005), existe uma fração do mercado da construção, às vezes chamados de informal, que abrangem também construções novas e reformas, que apesar de serem obras pequenas, quando se atenta para cada uma delas, é extremamente significativa em conjunto, até mesmo maior que a construção dita formal. Ainda segundo Souza (2005), ao se fazer um balanço a respeito da quantidade total de materiais necessária para a produção de 1 metro quadrado de edifício, não é difícil superar-se a cifra de 1000 Kg. Devido a este fato, o crescente grau de exigência dos clientes, o aumento da competição no setor, a mobilização da mão-de-obra em relação a melhores condições de trabalho e as flutuações de mercado têm motivado a indústria da construção civil a passar por uma reestruturação em busca de maiores níveis de qualidade e eficiência dos processos (ROSA, 2001). Além disso, as empresas têm buscado cada vez mais a melhoria contínua, estimulando-se a avaliarem os seus processos constantemente através de uma eficiente gestão que visa atender a todos os requisitos propostos pela empresa, evitando desperdícios que acarretem em prejuízos para o Empresário. 2 Segundo Rutkowski et al. (2008), além da disseminação de conceitos e práticas sustentáveis é necessário mudar também o modo de como administrar os resíduos sólidos. O mesmo autor afirma que para a boa administração dos resíduos sólidos é necessário conhecer a dinâmica e os tipos diferenciados de resíduos, neste caso, os RCD’s (Resíduos de Construção e Demolição). Segundo Souza (2005), embora as chances de sucesso de quaisquer atividades que se proponha a fazer dependam fortemente de um bom projeto e de uma boa programação, este autor acredita que um bom controle da produção seja também um ponto importante de ser ressaltado. Em particular, na Construção Civil, indústria extremamente complexa, onde o processo se modifica ao longo da elaboração do produto, o controle torna-se também, na opinião deste mesmo autor, ainda mais relevante. Dentre todos os tipos de resíduos sólidos, os de construção e demolição representam, em volume, uma boa parte do lixo produzido. Esse volume se dá pelos desperdícios que ocorrem em canteiros de obras, onde o material realmente necessário sempre é superior ao teoricamente necessário. A diferença entre esses dois é que chamamos de perda. Tabela 1.1 - Materiais simples: perdas detectadas pela pesquisa FINEP/ITQC/PCC e por outras fontes (fonte: Souza, 2008) PINT SKOYLES O (1976) MATERIAIS/ TCPO 10 (1989) COMPENTES (1996) Média Média SOIBEL MAN (1993) Média Concreto usinado 2 5 1 13 Aço 15 5 26 19 Blocos e tijolos 3 a 10 8,5 13 52 Eletrodutos Condutores Tubos PVC Placas cerâmicas Gesso 0 2 1 3 - - 5 a 10 3 - - - - - - FINEP 1998 Méd Media Mi Má n ia na n. x. 3 9 9 2 23 5 1 10 11 4 16 2 3 17 13 3 48 7 15 15 13 18 3 25 27 14 35 3 20 15 8 56 7 1 16 14 2 50 8 45 30 -14 120 3 3 Na Tabela 1.1 são mostrados alguns índices de perdas variando conforme o tipo de material. Essa pesquisa foi financiada pelo FINEP, ITQC e PCC, com o objetivo de mensurar os índices de perdas em diversas capitais brasileiras, incluindo Fortaleza. A partir desses resultados contidos na Tabela 1.1 observa-se que as perdas variam conforme o serviço, apresentando valores elevados para materiais como gesso. Essas perdas são ocasionadas principalmente por uma má gestão dos canteiros de obras. Isso vai desde o treinamento dos seus operários até a fiscalização dos serviços por parte da administração. Por exemplo, uma parede que deveria ter um revestimento de 1 centímetro, apresenta 2 centímetros pelo fato de a parede está “fora de prumo” devido à má execução da estrutura de concreto. A fim de evitar a grande quantidade de disposição de resíduos de construção e demolição devem-se entender os reais motivos que leva a construção civil a ser um dos maiores responsáveis pela produção de resíduos sólidos. Portanto, estudos devem ser realizados a fim de apontar quantitativamente a real porcentagem de desperdício, ou perdas, que uma obra apresenta para os serviços mais amplos. Essa determinação dos índices de perdas servirá para identificar em que etapa da construção do empreendimento ocorre o desperdício, a fim de saber com maior detalhe as medidas preventivas e corretivas a serem tomadas. Com base nisso, a determinação dos índices de perdas para uma obra e a análise das causas e soluções das perdas, objetivo deste trabalho, pode vir a ajudar na diminuição dos desperdícios em canteiros de obras, contribuindo para um maior desenvolvimento sustentável da sociedade. Este trabalho tem a motivação de beneficiar o segmento da construção Civil, principalmente em Fortaleza, que carece de trabalhos como esse, pois, além de apresentar os índices de perdas para diversos serviços, apresentará as possíveis causas e soluções a fim de evitar tais desperdícios. 1.1 Objetivos O objetivo geral deste trabalho é determinar os índices de perdas para alguns materiais em uma obra vertical de Fortaleza/CE. Como objetivos específicos, destacam-se: • Apresentar um panorama sobre os Resíduos de Construção e Demolição (RCD’s) e Perdas na Construção Civil; 4 • Representar os índices de perdas obtidos de forma percentual; • Analisar e apresentar as possíveis causas dos desperdícios, caso seja apresentado nos resultados um alto índice de perdas; • 1.2 Propor soluções a fim de diminuir a ocorrência de perdas de materiais. Estrutura do trabalho Esta monografia encontra-se dividida em cinco capítulos principais e outros tópicos relacionados. O primeiro capítulo consta de uma introdução que procura apresentar o tema através de uma contextualização, mostrando também a problemática, a justificativa e a motivação para a realização da pesquisa. Além disso, são apresentados neste capítulo os objetivos gerais e específicos do trabalho e a sua estrutura. O segundo capítulo trata-se de uma revisão bibliográfica dos assuntos que permeiam a pesquisa. Neste capítulo será tratado especificamente sobre os Resíduos de Construção e Demolição (RCD’s) e Perdas na Construção Civil. O terceiro capítulo tem o objetivo de apresentar a metodologia de realização da pesquisa. Onde neste capítulo é descrito todo o processo de coleta e tratamento dos dados. O quarto capítulo consta da apresentação dos resultados, onde será também discutida as possíveis causas e soluções para os índices de perdas obtidos conforme o material estudado. No quinto capítulo constam as considerações finais sobre o trabalho e as recomendações para trabalhos posteriores, visando aperfeiçoar o conteúdo do trabalho e diminuir os índices de perdas nos canteiros de obras espalhados pelo Brasil. 5 2 2.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Resíduos da construção civil Dentre os problemas marcantes que o Século XXI vem enfrentando, destaca-se, entre eles, a má disposição dos resíduos sólidos urbanos. Esta problemática, no entanto, não surgiu apenas neste século. Segundo Rutkowski et al. (2008), isto começou a ocorrer quando as pessoas começaram a se deslocar em grande quantidade do meio rural para o meio urbano. No meio rural, todos os processos aconteciam em ciclos e não produziam excessos, tudo era reaproveitado e reabsorvido. Ao ocorrer a migração excessiva para as cidades, a produção de resíduos sólidos aumentou rapidamente, começando então a provocar doenças, peste e epidemias, a partir disso começaram a surgir leis proibindo jogar lixo na rua e o poder público começa a coletá-lo e jogá-lo fora dos limites da cidade. De acordo com os mesmos autores, a geração do lixo urbano só tende a aumentar, pois ele acompanha diretamente as modificações econômicas e as transformações tecnológicas, que vêm influenciando o modo de vida dos centros urbanos em um ritmo cada vez mais acelerado, gerando consequentemente mais resíduos. Rutkowski et al. (2008) destaca ainda os impactos na saúde e nos recursos naturais que o destino não adequado do lixo provoca: poluição dos mananciais; contaminação do ar; assoreamento dos córregos; poluição visual; mal cheiro e problemas sociais. Muitas empresas não têm seguido o desenvolvimento sustentável, que visa satisfazer as necessidades da geração atual sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades, contribuindo assim para uma pior qualidade de vida destas gerações. A fim de compreender melhor a gestão de resíduos sólidos, a NBR 10.004: 2004 classifica os resíduos da seguinte forma: quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente: • Classe I – Resíduos Perigosos • Classe II – Resíduos Não perigosos • Classe II-A – Não inertes • Classe II-B – Inertes 6 Já quanto à natureza e origem, segundo Rutkwoski et al. (2008), os resíduos podem ser classificados em: • Resíduos sólidos urbanos; • Resíduos sólidos industriais; • Resíduos sólidos de serviços de saúde; • Resíduos sólidos rurais; • Resíduos sólidos especiais ou diferenciados. Dentro da classificação de resíduos sólidos urbanos, destacam-se os resíduos provenientes da Construção e Demolição (RCD). Segundo a Resolução Nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), resíduos da construção civil são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha. Segundo Nascimento et al. (2008), os resíduos de Construção podem também ser classificados segundo a sua composição em materiais minerais, materiais não-minerais e outros, sendo importante a forma de como esses resíduos devem ser tratados. Quanto aos materiais minerais: • Concreto forte e fraco; • Argamassa com cimento e/ou cal e/ou arenoso; • Paredes de blocos de concreto ou blocos cerâmicos ou com outros tipos de componentes; • Solo, areia e pedra; • Azulejo e outros produtos cerâmicos como telhas, manilhas etc; • Cimento amianto; • Vidro; • Metais (ferro, aço, cobre, entre outros); • Gesso; • Outros; Quanto aos materiais não minerais e outros: 7 • Vegetação e podas; • Tubos plásticos, de cobre, chumbo etc; • Papel; • Plástico; • Isopor; • Mantas sintéticas; • Mantas asfálticas; • Emulsão asfáltica; • Tintas e solventes; • Produtos de pintura usados; • Tacos; • Madeira com contaminantes (biocidas, verniz etc) e sem contaminantes; • Piso vinílico e carpetes; • Sacos de cimento, cal, gesso; • Adesivos; • Produtos químicos perigosos; • Material elétrico; • Espumas e tecidos; • Outros. Ainda segundo Nascimento et al. (2008), o resíduo de construção é gerado a taxas variando de 400 a 700 Kg/hab.ano, em cidade médias e grandes do Brasil. Essa taxa varia de cidade para cidade e de época para época, dependendo do desenvolvimento econômico, do tamanho da cidade, do momento econômico do país e de outros fatores, como se pode ver na Tabela 2.1. 8 Tabela 2.1 - Dados sobre RCD de diversas cidades brasileiras (fonte: Cabral, 2007) Município RCD (t/dia) RCD/RSU População (ano) Taxa de geração (t/hab.ano) Jundiaí/SP São José dos Campos/SP Ribeirão Preto/SP São José do Rio Preto/SP Santo André/SP Vitória da Conquista/BA São Carlos/SP Salvador/BA Feira de Santana/BA São Paulo/SP Blumenau/SC Belo Horizonte/MG Florianópolis Maceió/AL Porto Alegre/RS Campinas/SP 712 733 1043 687 1013 310 381 2746 276 5260 331,51 1200 636,12 1100 1000 1528 62% 67% 70% 58% 54% n.d. n.d. 50% 50% 34% n.d. 51% n.d. 45% n.d. n.d. 293373 (96) 486467 (95) 456252 (95) 323627 (96) 625564 (96) 242155 (98) 197187 (03) 2556429 (03) 481000 (n.d.) 10405867 (00) 271730 (02) 2010000 (n.d.) 285281 (00) 700000 (n.d.) 1200000 850000 0,89 0,55 0,83 0,77 0,59 0,47 0,7 0,39 0,21 0,18 0,45 0,22 0,81 0,57 0,31 0,54 As causas da geração destes de Resíduos de Construção e Demolição são várias, destacam-se entre estas (LEITE, 2001): • A falta de qualidade dos bens e serviços, podendo dar origem através disto às perdas de materiais, que saem das obras na forma de entulho; • A urbanização desordenada que faz com que as construções passem por adaptações e modificações, gerando mais resíduos; • O aumento do poder aquisitivo da população e as facilidades econômicas que impulsionam o desenvolvimento de novas construções e reformas; • Estruturas de concreto mal concebidas que ocasionam a redução de sua vida útil e necessitam de manutenção corretiva, gerando grandes volumes de resíduos; • Desastres naturais, como avalanches, terremotos e tsunamis; • Desastres provocados pelo homem, como guerras e bombardeios. Ainda segundo Nascimento et al. (2008), a geração do resíduo de construção está ligada aos modos como se constroem as obras e como se controlam as construções. Algumas 9 obras geram mais resíduos, outras geram menos. Mesmo assim, praticamente, toda obra gera resíduos em quantidades consideráveis. Segundo o mesmo autor, estima-se que, na média, 10% de todo o material que entra em uma obra sai dela como resíduo. A Resolução Nº 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) destaca que os resíduos de construção e demolição devem ser separados em quatro classes: Resíduos Classe A, B, C e D. Também define as classes e especifica a destinação para cada uma: • Os resíduos da classe A (Figura 2.1) são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: construção, demolição, reformas e reparos de obras de infraestrutura e edificações. Eles devem ser reutilizados ou reciclados na forma de agregados, ou encaminhados a áreas de aterro de resíduos da construção civil, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. Figura 2.1 – Exemplo de RCD Classe A (Obra Jardins do Paço – WR Engenharia) • Os resíduos da classe B (Figura 2.2) são os recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras, gesso e outros. Devem ser reutilizados, reciclados ou encaminhados a 10 áreas de armazenamento temporário, sendo dispostos de modo a permitir a sua utilização ou reciclagem futura. Figura 2.2 - Exemplos de RCD Classe B (Obra Jardins do Paço – WR Engenharia) • Os resíduos da classe C são aqueles para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem/recuperação. Devem ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. • Os resíduos da classe D (Figura 2.3) são os perigosos, oriundos do processo de construção tais como: tintas, solventes, óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros. Devem ser armazenados, transportados e destinados em conformidade com as normas técnicas específicas. 11 Figura 2.3 - Exemplo de RCD Classe D 2.2 Perdas na Construção Civil Em seu estudo, Souza et al. (2008) apresentaram os índices de perdas para alguns materiais básicos, que são aqueles que precisam ser misturados a outros materiais básicos a fim de gerar um material composto. Como exemplo tem-se a areia, o cimento e a cal. Apresentaram também resultados para alguns serviços. Neste estudo são observados (Tabelas 2.2 e 2.3) os alarmantes índices obtidos e a necessidade de se estudar os motivos para a ocorrência destes resultados. Tabela 2.2- Materiais básicos: perdas na obra detectadas pelo (FINEP/ITQC/PCC) e por outras fontes. (fonte: Souza et al., 1998) Materiais básicos PINTO (1989) Areia Saibro Cimento Pedra Cal 39 33 - SOIBELMAN (1993) Média 44 76 182 83 95 75 97 FINEP/ITQC/PCC (%) Mediana Mínimo Máximo N 44 7 311 28 174 134 347 4 56 6 638 44 38 9 294 6 36 6 638 12 12 Tabela 2.3- Perdas de cimento nos serviços: emboço ou massa única internos; emboço ou massa única externos; contrapiso (FINEP/ITQC/PCC) (fonte: Souza et al., 1998) Materiais básicos Emboço interno emboço externo Contrapiso Média Mediana Mínimo Máximo 104 67 79 102 53 42 8 11 8 234 164 288 n 11 8 7 Veem-se através dos resultados as elevadas médias de índices de perdas, obtidos por esta pesquisa financiada pelo FINEP (Tabelas 2.2 e 2.3 ). Um dos maiores fatores deste fato é a má gestão, principalmente de suprimentos e serviços, que muitos canteiros de obras apresentam espalhados pelo país. Segundo Souza (2005), esses resultados são obtidos através da seguinte expressão: % = × 100 (2.1) Onde: IP (%) = indicador de perdas expresso percentualmente, QMR = quantidade de material realmente necessária, QMT = quantidade de material teoricamente necessária. O entendimento das perdas de materiais passa também pelo conhecimento da classificação das mesmas. Segundo Souza (2005), as perdas podem ser definidas e classificadas segundo: o tipo de recurso consumido; unidade para sua medição; a fase do empreendimento em que ocorrem; o momento de incidência na produção; sua natureza; forma de manifestação; sua causa; sua origem e seu controle. Quanto ao tipo de recurso consumido, Souza (2005) afirma que as perdas se dividem em financeiras (estritamente financeiras e/ou decorrentes das perdas de recursos físicos) e Físicas (mão de obra, equipamentos e/ou matérias). Segundo o mesmo autor, as principais unidades de medição são: em massa, em volume e em unidades monetárias; 13 Quanto à fase do empreendimento em que ocorre, Souza (2005) diz que o consumo de materiais maiores que o teoricamente necessário pode ocorrer em diferentes momentos do empreendimento, tais como: concepção; produção da obra e utilização. Ainda segundo o mesmo autor, quanto ao momento de incidência na produção as perdas podem se manifestar nas seguintes etapas da fase de produção: recebimento dos materiais e componentes; estocagem dos mesmos; processamento intermediário; processamento final; movimentações entre as etapas do fluxograma dos processos mostrado. Já quanto a sua natureza, as perdas físicas de materiais podem ocorrer sob três diferentes naturezas: furto ou extravio; entulho e incorporação, sendo esta última a mais importante e com maior incidência. Segundo Souza (2005), a causa de uma perda seria a razão imediata para que ela tenha acontecido. Esse conhecimento pode ajudar bastante na futura tarefa de tentar evitar que tais perdas aconteçam. Dentro dessas classificações, destaca-se a perda incorporada. Ainda segundo Souza (2005), a perda incorporada é em muitos casos superior a perda por entulho. Isso pode vir a ocorrer, por exemplo, quando um revestimento interno de paredes com argamassa, previsto para ter um centímetro, alcança dois centímetros de espessura média. 14 3 METODOLOGIA A obra analisada para a determinação dos índices de perdas está situada na Av. Crisanto Moreira da Rocha, 2500, Cambeba, Fortaleza-CE (Figura 3.1). Figura 3.1- Localização geográfica da Obra analisada (Condomínio Jardins do Paço - WR Engenharia) Essa obra iniciou-se em Novembro de 2009, com previsão de término para Janeiro de 2011. O empreendimento possui as seguintes características: 4 torres residenciais com 15 pavimentos, sendo em cada Torre 1 Térreo e 14 Pavimentos Tipo. Cada apartamento possui uma área privativa de 132,34 m². O estudo foi realizado em toda a obra, a fim de se obter um comparativo entre as quatro torres. Na Figura 3.2 pode ser observado uma perspectiva ilustrada das 4 torres quando finalizada, assim como do Pavimento tipo na Figura 3.3. 15 Figura 3.2 - Projeção ilustrada do Condomínio Jardins do Paço quando finalizado Figura 3.3 - Projeção ilustrada do Pavimento Tipo 16 Os índices de perdas foram obtidos para os seguintes materiais: • Forro de gesso; • Emboço interno de gesso; • Cerâmica interna; • Porcelanato interno; • Cerâmica da Fachada; • Emboço interno; Essas perdas foram obtidas através de dois parâmetros importantes: quantidade realmente e teoricamente utilizada de cada insumo analisado. A fim de encontrar estes parâmetros, abaixo são descritos os métodos utilizados para as suas obtenções. 3.1 Gesso em placa Primeiramente foi feito todo o quantitativo da utilização de gesso em placas a fim de determinar a quantidade teoricamente necessária. A partir da área necessária de forro foi encontrada a quantidade de placas (60x60) necessárias. A quantidade de placas realmente utilizadas foi determinado através do sistema de solicitação de compras da empresa (Informacon), que registra a quantidade requerida pela obra, como mostrado na Figura 3.4 através de uma das solicitações de placas de gesso, realizada no dia 08/08/2011. Todas as solicitações foram juntadas a fim de se obter um total de placas solicitadas. Toda essa quantidade foi utilizada para os seguintes locais: todos os apartamentos (112); todos os hall’s, sem o detalhe que ficou pendente; 12 halls com os detalhes que estava faltando e os WC’s do Térreo da Torre D. 17 Figura 3.4 - Exemplo de uma solicitação realizada no Sistema de Gestão de Suprimentos (Informacon) 3.2 Revestimento de gesso em paredes Para este serviço foi utilizado um critério de controle de sacos de gesso (40 Kg) estocados em cada pavimento. Esse controle foi feito mediante uma planilha (Quadro 3.1) onde o operário responsável, no caso o Guincheiro, informava a quantidade de sacos que transportava verticalmente por dia para cada pavimento onde havia uma solicitação. Este controle diariamente foi repassado à sala técnica da obra que a transcreveu para uma planilha de controle (Quadro 3.2), onde se tornou possível a obtenção da quantidade total de sacos de gesso utilizada. 18 Quadro 3.1 - Formulário de acompanhamento de sacos de gesso transportado verticalmente ACOMPANHAMENTO DE PALETE - (GESSO) GESSO TORRE D 27/12/2010 12° PAV 13° PAV 14° PAV 28/12/2010 12° PAV 13° PAV 14° PAV 29/12/2010 12° PAV 13° PAV 14° PAV 30/12/2010 12° PAV 13° PAV 14° PAV 19 Quadro 3.2 - Planilha de Controle de Sacos de gesso utilizados CONTROLE DE GASTO DE SACOS DE GESSO EM PÓ – AGOSTO DATA 4º pav 5º pav 6º pav 03/08/10 04/08/10 05/08/10 06/08/10 RESPONSÁVEL 0 01/08/10 02/08/10 TOTAL DIÁRIO 50 50 50 50 40 40 50 50 30 30 0 07/08/10 Outro passo importante foi a utilização de um parâmetro de consumo de sacos de gesso/m² de área revestida. Este parâmetro foi obtido através de uma dosagem in loco do revestimento de gesso utilizado na obra. Um saco de gesso (40Kg) foi misturado com 36 litros de água (Figuras 3.5 e 3.6). Após a mistura foi medido o volume de emboço interno de gesso representado por um saco de gesso em pó de 40 Kg. Esse volume foi medido utilizando-se baldes de 12 litros graduados. Enchendo-se os baldes foi constatado que um saco de gesso em pó (40 Kg) produz 48 litros de emboço de gesso. Na obra em estudo a espessura padrão do revestimento de gesso foi de 1,5 cm. No entanto essa espessura varia conforme o prumo da parede a ser revestida. Com base no resultado obtido anteriormente o consumo obtido foi de 3,2 m²/saco de gesso em pó. 20 Figura 3.5 - Procedimento de formação do Emboço de Gesso (Mistura) Figura 3.6 - Medição da quantidade de massa produzida para um saco de gesso 21 No entanto, foi preciso também a determinação da área total a ser revestida, obtida conforme o quantitativo feito in loco do que já tinha sido executado. 3.3 Cerâmica interna Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 A cerâmica Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 foi utilizada no acabamento de piso e parede dos Wc’s (casal, suíte 01, suíte reversível e vestiário), Vestiário e Área de serviço, tudo isso para o Apartamento Tipo. No Térreo foi utilizado para os Wc’s. No estoque foi contado também a Cerâmica Cargo Plus Write, utilizada no Quarto do Zelador de cada Térreo. Para a obtenção do índice de perda do assentamento deste tipo de cerâmica foi usado o controle de estoque da Empresa, atualizado em 19/10/11. Este controle forneceu a quantidade adquirida e a quantidade ainda estocada. No entanto, outro importante parâmetro é a quantidade teoricamente utilizada. Essa quantidade foi obtida através de um quantitativo feito in loco em um Apartamento Tipo e nos Wc’s do Térreo. No dia em que a contagem do estoque foi atualizada não haviam sido requisitadas cerâmicas para os Aptos 101 e 102 das Torres A e B, portanto não entraram no quantitativo. Além disso, para a realização desse quantitativo os vãos das esquadrias dos Wc’s não foram descontados devido ao acabamento exigido de cerâmica em suas bordas, que provocam desperdício devido ao corte. Portanto, através deste processo foi possível determinar os dois principais parâmetros necessários para a obtenção do índice de perda. 3.4 Porcelanato interno Eliane Polido 60 x 60 CM POLUX Este tipo de porcelanato foi usado nos pisos dos seguintes ambientes do Apartamento Tipo: Suítes (casal, 01 e reversível), circulação, sala de estar, varanda e cozinha (piso e parede). Já para o Térreo foi utilizado na pavimentação dos seguintes ambientes: sala multiuso (Torres D e C), hall de entrada (Torres D e C) e Salão de Festas (Torre D) até a data de atualização do estoque. Seguindo o exemplo da Cerâmica Fôrma Slim Branca, para a obtenção do índice de perda do assentamento deste tipo de porcelanato foi usado o controle de estoque da 22 Empresa, atualizado em 19/10/11. Este controle forneceu a quantidade adquirida e quantidade ainda estocada. O outro parâmetro necessário, quantidade teoricamente necessária, foi obtido através de quantitativo in loco dos locais que já tinham sido executados até a data de 19/10/11, conforme já descritos. Através desse processo foram determinados os dois parâmetros necessários para a obtenção do índice de perda. 3.5 Cerâmica externa 10x10 cm Camburi Bone Eliane Bege e Marron Esta cerâmica foi utilizada para os seguintes locais: parte externa das torres, paredes das sacadas e varandas e revestimento das churrasqueiras. A exemplo das duas metodologias mostradas anteriormente, para a obtenção do índice de perda do assentamento deste tipo de cerâmica foi usado o controle de estoque da Empresa, atualizado em 19/10/11. Este controle forneceu a quantidade adquirida e quantidade ainda estocada. O outro parâmetro necessário, quantidade teoricamente necessária, foi obtido através de quantitativo in loco dos locais que já tinham sido executados até a data de 19/10/11. Os locais que ainda faltavam assentamento de cerâmica 10x10 Camburi Bone eram: parte do revestimento externo (Torre A- Balanças 2, 14, 7, 8 e 9), Balança 16 (Torres C, B e A) e 60,54 % da B16 – Torre D. 3.6 Emboço interno (massa) O último serviço a ser analisado foi o emboço interno, apesar de ter sido o primeiro serviço executado destes que foram mencionados. Para a mensuração do índice de perda deste serviço foi utilizado uma metodologia parecida com a do revestimento de gesso em paredes. Quanto a mensuração da quantidade realmente utilizada foi distribuído diariamente aos betoneiros das 4 Torres (D, C, B e A) formulários, onde neste formulário eles colocavam a quantidade de traços “rodados” para cada serviço que estivesse em execução. A seguir é mostrado o formulário entregue (Quadro 3.3): 23 Quadro 3.3 - Formulário entregue aos betoneiros para obtenção da quantidade de traços utilizados durante o dia ACOMPANHAMENTO DE TRAÇO BETONEIRA 01 CANTOR TORRE D 14/10/2010 Alvenaria Concreto para pilar Chapisco externo Chapisco interno Concreto para verga Reboco interno Reboco fachada Contra piso Concreto para laje Concreto para viga Chumbamento de caxilhos Contra marco Concreto p/ piscina Encunhamento Diversos Salienta-se que os Betoneiros eram previamente treinados para utilizar este formulário de forma correta, mostrando-lhes a importância de tal serviço, além disso, eles recebiam também um acréscimo salarial em forma de produção por este serviço, dentre outros, como forma de incentivo. Eles acumulavam então este formulário durante dois dias úteis e entregavam depois à sala técnica da obra que transcrevia para uma planilha de controle de traços utilizados (Quadro 3.4): 24 Quadro 3.4 - Planilha de Controle da quantidade de traços utilizados por dia QUANTIDADE DE TRAÇOS GASTOS NO PERÍODO : AGOSTO 2010 SERVIÇOS DATA Alvenaria Contra Chapisco Piso interno Concreto 30 MPA Reboco TOTAL RESPONSÁVEL Encunhamento interno DIÁRIO DOMINGO 01/08/10 02/08/10 03/08/10 04/08/10 05/08/10 06/08/10 07/08/10 Após o término de todos os apartamentos e caixas de escada foram somados através da planilha acima (Quadro 3.4), para cada mês, a quantidade total de traços utilizados para o serviço de emboço interno. Para encontrar então a quantidade teoricamente necessária tornou-se então preciso a obtenção de um índice que fornecesse a quantidade de área revestida de parede para 1 traço de emboço interno. Para a obtenção deste índice foi “rodado” 0,5 traço de emboço interno (Traço 1:3:4). Logo após a mistura na betoneira foi medido o volume que este 0,5 traço representava em massa, utilizando-se baldes graduados de 12 litros, como mostrado nas Figuras 3.7 e 3.8 abaixo: 25 Figura 3.7 - Confecção de Traço 1:3:4 para Emboço interno Figura 3.8 - Medição do traço "rodado" para obtenção do consumo de massa/m² Após essa etapa o resultado foi que 0,5 traço de emboço interno perfez um total de 192 litros, portanto 1 traço representa 0,384m³ de massa. Para a obra estudada foi considerado uma espessura padrão a ser seguida para o revestimento em parede de 3 cm. No entanto, essa espessura obviamente varia com as condições de prumo das paredes e elementos estruturais. Através desta espessura tem-se que a área revestida para 1 traço de emboço interno é de 12,8 m². 26 Além deste importante parâmetro foi obtido ainda através de um quantitativo in loco a quantidade teoricamente necessária de emboço interno. Através desta quantidade total restou dividir essa quantidade pelo índice obtido anteriormente, obtendo-se então o total de traços teoricamente necessário. 27 4 4.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Gesso em placa Para este serviço, conforme o Quadro 4.1, foi encontrado uma quantidade total teórica de 13973,23 m² de forro com placas de gesso. Como uma placa apresenta uma área de 0,36 m², a quantidade de placas utilizadas se deu então pela divisão destes dois resultados: ! = 13973,23 0,36 = ())*+,-./.01232004 Quadro 4.1 - Quantitativo de forro de gesso para os ambientes descritos abaixo Ambiente ESTAR/JANTAR COZINHA VARANDA CIRCULAÇÃO SACADA CIRCULAÇÃO SUITE REVERSIVEL WC REVERSIVEL SACADA REVERSIVEL SUITE CASAL WC CASAL SUITE 01 WC 01 AREA SERVIÇO DEPENDENCIA WC DEPENDENCIA TOTAL/APTO (M²) QTDE APTOS WC'S TÉRREO ( x 1TORRE) HALL SEM DETALHE (M²) (56 PVTOS) DETALHE (M²) (12 PVTOS) TOTAL GERAL (M²) ÁREA DE 1 PLACA (M²) Área (m²) 21,37 10,88 18,51 6,81 1,92 9,77 2,96 0,80 15,76 3,76 9,98 3,38 4,27 4,35 2,10 116,62 112,00 9,55 15,61 2,34 13973,23 0,36 28 A quantidade realmente utilizada se deu pela diferença entre a quantidade adquirida para os serviços de forro e a quantidade que ainda se encontrava estocada na obra até o dia 13/10/2011. !5 = 52150 − 1400 = +9:+9,-./.01232004 Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) de placas de gesso foi: % = 50750 − 38815 <100 = (9, :+% 38815 Após pesquisa em Bibliografias, não foi encontrado nenhum trabalho que houvesse determinado um índice de perda para este tipo de serviço. Apesar disso, a perda apresentou esse valor pelo fato de ter havido muitos cortes, principalmente em áreas menores, como WC’s e Hall’s. Além disso, as dimensões dos ambientes não eram moduladas conforme o tamanho das placas de gesso, aumentando assim o número de cortes. 4.2 Revestimento de gesso em paredes Com base na metodologia de coleta de dados apresentada o resultado obtido quanto à quantidade estocada em cada pavimento para a utilização como emboço em parede está contido no quadro 4.2 Quadro 4.2 - Resumo da quantidade média de sacos de gesso utilizados por Torre Torre D C B A Quantidade média de sacos usados/pvto 189,85 188,57 211,07 204,57 Através do Quadro 4.2 pôde ser obtido a quantidade média geral realmente utilizada (QMR) de sacos de gesso por apartamento nas 4 torres: 29 !5 = 189,85 + 188,57 + 211,07 + 204,57 = *>), +?0./401232004 4 Através do quantitativo apresentado no Quadro 4.3 foi encontrada uma quantidade total de área a ser revestida, 375,86 m²/pvto. Além disso, foi obtido um consumo de emboço de gesso/sacos de 40 KG, 3,2 m²/saco. Com estes dois parâmetros tornou-se possível encontrar a quantidade de sacos teoricamente necessária: ! = 375,86 = **:, @A0./401232004 3,2 Quadro 4.3 - Quantitativo detalhado de Revestimento de gesso em paredes QUANTITATIVO DE GESSO - PAVIMENTO TIPO 1ª PAVIMENTO - TORRE D DATA 01/07/10 AMBIENTE SUITE 01 ALVENARIA A EXECUTAR EM PRODUÇÃO DIMENSOES DESCONTO [(3,23+3,09)x2x2,45] VOLUME Porta wc (0,65x2,18) Porta suite 1 (0,75x2,19) SUBTOTAL (m²) 30,97 -1,42 -1,64 27,91 m² m² m² m² Porta wc (0,65x2,23) Porta suite 2 (0,75x2,16) SUBTOTAL (m²) 44,74 -1,45 -1,62 41,67 m² m² m² m² SUITE 02 [(4,66+4,47)x2x2,45] CIRCULAÇÃO [(4,38x2)+(2,00)]x2,45 Porta suite 1 (0,75x2,19) Porta suite 2 (0,75x2,16) Porta suíte reversivel (0,76x2,17) SUBTOTAL (m²) 26,36 m² -1,64 m² -1,62 m² -1,65 m² 21,45 m² SALA (3,68x2,40) + [(1,38+3,44)x2,45] + (1,99x0,92) + (3,53x2,45) SUBTOTAL (m²) SUITE REVERSIVEL 31,12 m² 31,12 m² 30 [(2,80+3,54)x2x2,45] 31,07 m² Porta suíte reversivel (0,76x2,17) Porta wc reversivel (0,64x2,17) SUBTOTAL (m²) -1,65 m² -1,39 m² 28,03 m² EMPREGADA [(2,07+2,06)x2x2,45] 20,24 m² Porta wc empregada (0,65x2,17) porta quarto empregada (0,75x2,17) SUBTOTAL (m²) TOTAL P/ UM APARTAMENTO TOTAL P/ UM PAVIMENTO (m²) AMBIENTE DIMENSOES HALL SOCIAL [(8,32x2) + (2,98) + (1,94x2)]x2,37 portas elevador (1,43x2,23)x2 portas entrada serviço (0,95x2,17)x2 portas entrada social (0,95x2,15)x2 DESCONTO -1,41 m² -1,63 m² 17,20 m² 167,37 m² 375,86 m² VOLUME 55,70 m² -6,38 m² -4,12 m² SUBTOTAL (m²) -4,09 m² 41,11 m² Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para emboço interno de gesso foi: % = 198,52 − 117,46 <100 = A>, 9*% 117,46 Conforme a Tabela 4.1 observa-se que o revestimento de gesso não foi mensurado em obras antigas, sendo somente pela pesquisa financiada pelo FINEP. Nesta pesquisa a média apresentada foi de 45%. Observa-se também a dispersão entre os resultados, segundo Souza (2008), isso é explicado pelo fato de algumas obras analisadas aplicarem o gesso diretamente sobre o emboço prévio. No caso tratado neste trabalho, o gesso foi aplicado diretamente sobre a alvenaria, onde apresenta maiores perdas, segundo Souza (2008). Através disso, este resultado está acima da média apresentada na Tabela 4.1 pelo fato de o gesso ser aplicado diretamente na alvenaria. Esse método causa uma maior perda pelo fato de o substrato prévio (alvenaria) não está com o prumo alinhado conforme as 31 dimensões pré-determinadas. Já no emboço prévio a parede já está alinhada, pois o emestramento já foi executado, não havendo então variação da espessura do revestimento de gesso, ao contrário do aplicado diretamente sobre a alvenaria. Tabela 4.1- Materiais simples: perdas detectadas pela pesquisa FINEP/ITQC/PCC e por outras fontes (fonte: Souza, 2008) PINT SKOYLES O (1976) MATERIAIS/ TCPO 10 (1989) COMPENTES (1996) Média Média SOIBEL MAN (1993) Média Concreto usinado 2 5 1 13 Aço 15 5 26 19 Blocos e tijolos 3 a 10 8,5 13 52 Eletrodutos Condutores Tubos PVC Placas cerâmicas Gesso 0 2 1 3 - - 5 a 10 3 - - - - - - 4.3 FINEP 1998 Méd Media Mi Má n ia na n. x. 3 9 9 2 23 5 1 10 11 4 16 2 3 17 13 3 48 7 15 15 13 18 3 25 27 14 35 3 20 15 8 56 7 1 16 14 2 50 8 45 30 -14 120 3 Cerâmica interna Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 Pelo Quadro 4.4 obtêm-se a quantidade realmente utilizada. Esse parâmetro é calculado diminuindo-se a quantidade adquirida da quantidade estocada na obra. !5 = 13100,08 + 100,48 − 1954,65 = **?@+, >*B²12/2DâBF/. Quadro 4.4 –Parâmetros para o cálculo da quantidade realmente utilizada de cerâmica interna até o dia 19/10/11 Qtde adquirida (m²) Qtde estocada (m²) Fôrma Slim Branca 33,5 x 13100,08 33,5 Cargo Plus Write 33,5 x 100,48 33,5 Fôrma Slim Branca 33,5 x 33,5 e Cargo Plus Write 1954,65 33,5 x 33,5 A quantidade teoricamente necessária foi obtida através do Quadro 4.5: 32 ! = 93,20<108 + 74,47<4 = *9(A(, @)B²12/2DâBF/. Quadro 4.5 - Quantidade detalhado da Quantidade de cerâmica interna teoricamente utilizada até o dia 19/10/11 AMBIENTE WC SUITE 1 WC REVER WC CASAL WC EMPREGADA QUARTO EMP. ÁREA SERVIÇO AMBIENTE LOCAL PAREDE PISO PAREDE PISO PAREDE PISO PAREDE PISO PISO PAREDE PISO TOTAL (x 108 APTOS) LOCAL PAREDE WC SALA MULTIUSO PISO PAREDE ZELADORIA PISO PAREDE WC SALAO DE FESTAS (X2) PISO TOTAL (x 4 TORRES) QUANT. (m²) 15,02 3,06 14,66 3,15 18,51 3,70 13,41 2,11 4,26 11,19 4,13 93,20 QUANT. (m²) 15,76 3,129 14,52 2,453 32,10 6,51 74,47 Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para cerâmica interna foi: % = 11245,91 − 10363,48 <100 = ), +*% 10363,48 Através da Tabela 4.1 foi constatado que o índice de perda está inferior a média apresentada de 16%. No entanto, vale ressaltar que este valor foi encontrado em 1998, onde a Construção Civil ainda não tinha os mesmos critérios de qualidade e desempenho que os dias atuais. Apesar disso conclui-se que esta perda é admissível, comparando-se com a média considerada pelo TCPO na mesma Tabela. 33 4.4 Porcelanato interno Eliane Polido 60 x 60 CM POLUX Pelo Quadro 4.6 obtêm-se a quantidade realmente utilizada. Esse parâmetro é calculado diminuindo-se a quantidade adquirida da quantidade estocada na obra. !5 = 16400,16 − 2134,08 = *@?AA, 9)B²12,4D/2-.G.H4 Quadro 4.6 –Parâmetros para o cálculo da quantidade realmente utilizada de porcelanato até o dia 19/10/11 Qtde adquirida (m²) Qtde estocada (m²) 16400,16 2134,08 A quantidade teoricamente necessária foi obtida através do Quadro 4.7: ! = 114,43<111 + 351,73 = *(9+(, @AB²12,4D/2-.G.H4 Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para porcelanato interna foi: % = 14266,08 − 13053,46 <100 = >, ?>% 13053,46 A exemplo da cerâmica interna, o revestimento de porcelanato está dentro da média considerada pela TCPO, contida na Tabela 4.1. O desperdício no porcelanato pode ter sido maior que o da cerâmica pelo fato de que o tamanho das peças (60x60) está associado a maiores perdas do que peças menores, como a Fôrma Slim Branca 33,5x33,5. Além disso, o projeto arquitetônico não seguiu uma coordenação modular que visasse o não desperdício de cerâmica e porcelanato interno. Segundo Cabral e Moreira (2011), o uso deste método é essencial para diminuir a quantidade de cortes em placas cerâmicas. 34 Quadro 4.7 - Quantitativo detalhado da quantidade de porcelanato teoricamente utilizada até o dia 19/10/11 AMBIENTE SUÍTE 01 SUÍTE CASAL SUÍTE REVERSÍVEL CIRCULAÇÃO SALA VARANDA COZINHA AMBIENTE SALA MULTIUSO (x2) HALL (X2) SALAO DE FESTAS 4.5 QUANT. (m²) LOCAL PISO PISO 8,81 16,08 PISO PISO PISO PISO 10,15 7,82 21,59 18,33 PAREDE PISO TOTAL 20,71 10,94 114,43 QUANT. (m²) LOCAL PISO PISO 105,6 131,94 PISO TOTAL TOTAL GERAL 114,19 351,73 13053,11 Cerâmica externa 10x10 cm Camburi Bone Eliane Bege e Marron Pelo Quadro 4.8 obtêm-se a quantidade realmente utilizada. Da mesma maneira da cerâmica e porcelanato interno, esse parâmetro foi calculado diminuindo-se a quantidade adquirida da quantidade estocada na obra. !5 = 20859 − 1069,5 = *>:)>, +B²12/2DâBF/.2IH2DG. Quadro 4.8–Parâmetros par o cálculo da quantidade realmente utilizada de cerâmica externa até o dia 19/10/11 Qtde adquirida (m²) Qtde estocada (m²) 20859 1069,5 A quantidade teoricamente necessária foi obtida através do Quadro 4.9: 35 ! = 17947,47 − 550,31 − 111,05 − 41,73 = *:?@@, ))B²12/2DâBF/.2IH2DG. Quadro 4.9 - Quantitativo detalhado da quantidade teoricamente utilizada de cerâmica externa até o dia 19/10/11 LOCAL BALANÇA 01 BALANÇA 2 BALANÇA 03 BALANÇA 04 BALANÇA 05 BALANÇA06 BALANÇA 07 BALANÇA 08 BALANÇA 09 BALANÇA10 BALANÇA 11 BALANÇA 12 BALANÇA 13 BALANÇA 14 PVTO ÁREA Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo Térreo Coberta Pav. Tipo 22,85 31,59 0,00 19,30 28,26 5,90 13,77 23,33 23,33 8,07 15,49 15,49 7,11 21,35 14,20 5,11 10,66 7,06 20,11 13,83 10,34 15,97 9,24 9,24 20,11 13,83 10,34 5,11 10,66 16,13 7,11 21,35 14,20 8,07 15,49 15,49 13,77 23,33 23,33 19,30 28,26 DESCONTOS QUANT. ÁREA (m²) (m²) 0,00 1 22,85 3,59 14 391,92 0,00 1 0,00 0,00 1 19,30 5,98 14 311,98 0,00 1 5,90 0,00 1 13,77 1,92 14 299,71 0,00 1 23,33 0,00 1 8,07 0,48 14 210,20 1,60 1 13,89 0,00 1 7,11 1,85 14 272,98 1,92 1 12,28 0,00 1 5,11 1,90 14 122,58 1,92 1 5,14 0,00 1 20,11 0,00 14 193,62 0,00 1 10,34 0,48 1 15,49 0,48 14 122,64 0,48 1 8,76 0,00 1 20,11 0,00 14 193,62 0,00 1 10,34 0,00 1 5,11 1,90 14 122,58 2,80 1 13,33 0,00 1 7,11 1,85 14 272,98 1,92 1 12,28 0,00 1 8,07 0,48 14 210,20 1,60 1 13,89 0,00 1 13,77 1,92 14 299,71 0,00 1 23,33 0,00 1 19,30 5,98 14 311,98 36 Térreo 5,90 Coberta 22,85 Pav. Tipo BALANÇA 15 31,59 Térreo 0,00 Coberta 10,23 Pavs. Tipo 173,21 BALANÇA 16 Térreo 0,00 Coberta 0,00 Pav. Tipo CHURRASQUEIRA 6,72 Térreo 0,00 Platibanda 23,93 COBERTURA Caixa d'água 89,98 Total (x4) Desconto por não execução 0,00 0,00 3,59 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1 1 14 1 1 1 1 1 14 1 1 1 B16 (Torres C, B e A) B16 (Torres D)-60,54 % Saiote (Torre A) 5,90 22,85 391,92 0,00 10,23 173,21 0,00 0,00 94,08 0,00 23,93 89,98 17947,47 (550,31) (111,05) (41,73) Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para cerâmica externa foi: % = 19789,5 − 17244,88 <100 = *@, :A% 17244,88 Dentre os revestimentos cerâmicos analisados, o da fachada foi o que apresentou maior índice de perda. Ele está dentro da média encontrada pelo FINEP, mas considerando que esta pesquisa já está fora dos padrões atuais de qualidade da Construção Civil, este valor é considerado alto. Esse resultado pode ser explicado por dois fatores preponderantes. O primeiro fato é que a cerâmica externa possui um maior transporte horizontal e vertical do local de armazenamento ao posto de trabalho, em particular balanças, onde se dá o processamento final do material, do que as cerâmicas utilizadas em revestimentos internos. Isso se dá pelo fato de o material ficar mais tempo em mão de operários ou equipamentos de transporte como carros de mão, paletes ou guinchos, aumentando assim a interferência humana sob o material e a trepidação produzida por tais equipamentos, contribuindo assim para um maior dano às peças cerâmicas. Outro fator importante foi o mau estoque do material, em alguns casos isolados, como mostrado nas Figuras 4.1 e 4.2. Foi constatado a colocação de peças na forma horizontal, o que gera tensões capazes de provocar a quebra ou trinca das mesmas, segundo Lima et al. (2003). Além disso, existiam pilhas de caixas de cerâmica superiores a 10 fiadas, 37 não seguindo então a Tabela de Armazenamento de Materiais destacada por Lima et al. (2003). Figura 4.1 – Empilhamento de cerâmica externa com peças danificadas Figura 4.2 – Estoque de peças de cerâmica externa quebradas devido ao mau estoque 4.6 Emboço interno (massa) Para este serviço a soma total de traços utilizados (QMR) através da planilha de controle apresentada na metodologia foi: 1440 traços de emboço interno (1:3:4). Através do Quadro 4.10 pôde ser obtida a área teórica a ser revestida: 38 ÁK = 10471,61 + 3632,47 = *@*9@, 9)B² Com base no consumo obtido na metodologia de 12,8 m²/traço e o Quadro 4.10 foi obtida a quantidade teoricamente necessária de traços para o emboço interno: ! = 14104,08 = **9*, ))HD.ç40*: (: @ 12,8 Quadro 4.10- Quantitativo detalhado da quantidade teoricamente utilizada de Emboço interno QUANTITATIVO REBOCO INTERNO AMBIENTES WC CASAL WC SUÍTE 01 WC REVERSÍVEL ÁREA DE SERVIÇO COZINHA WC VESTIÁRIO TOTAL (x112) ANTE-CÂMARA E CAIXA DE ESCADA TOTAL (x60) QUANT. (m²) 18,51 15,02 14,66 11,19 20,71 13,41 10.471,61 60,54 3.632,47 Através da equação 2.1, o índice de perda (IP) para emboço interno foi: % = 1440 − 1101,88 <100 = (9, A>% 1101,88 Este serviço apresentou um índice de perda bem aceitável em relação aos índices mostrados na Tabela 2.3 (104%), demonstrando que a obra apresentou bons índices de qualidade quanto a este serviço. Isso aconteceu, dentre outros motivos, devido a uma metodologia de solicitação de argamassa, o “Kanban”. Segundo Leite et al. (2004), essa metodologia é eficaz pois todo o fluxo vertical de materiais, no caso específico da argamassa, é organizado pelos cartões Kanban. Os pedreiros solicitam o necessário para cada dia tornando o estoque no pavimento o menor possível. Os materiais não podem ser transportados sem o seu respectivo cartão, fazendo com que as turmas recebam de forma balanceada e ordenada suas solicitações. 39 4.7 Resumo dos resultados obtidos No Quadro 4.11 estão relacionados os serviços e seus respectivos índices de perdas obtidos conforme a metodologia já apresentada. Quadro 4.11 – Resumo dos índices de perda obtidos Serviço/Material Gesso em placa Emboço de gesso Cerâmica interna Porcelanato interno Cerâmica externa Emboço interno Índice (%) 30,75% 69,01% 8,51% 9,29% 14,76% 30,69% 40 5 CONCLUSÕES Conclui-se que a diminuição da disposição de resíduos de construção e demolição é de suma importância para a conservação do meio ambiente, além de ser uma forma de melhoria dos padrões de qualidade das edificações destinadas ao consumidor final. Esse fato está aliado à uma metodologia de estoque e execução de serviços que visam diminuir os índices de perdas nos canteiros de obras. Na obra analisada, os índices apresentaram resultados que não fugiram em grandes proporções das médias apresentadas por outros trabalhos. No entanto alguns aspectos apresentados na obra e já ressaltados devem ser melhorados. Dentre estes aspectos, destacam-se: um maior controle da produção, visando aumentar a inspeção dos serviços em execução; investimentos em treinamento da mão de obra, onde cada operário deve saber previamente os critérios exigidos de execução para cada serviço, principalmente em detrimento da carência de mão de obra qualificada; uma maior qualidade do armazenamento do estoque, obedecendo às especificações de armazenamento de materiais; implantação de coordenação modular nos projetos de arquitetura, a fim de diminuir a quantidade de cortes em peças maiores e com elevado valor aquisitivo, como o porcelanato. Portanto, o mercado da construção anseia por trabalhos como estes, que visem apresentar um parâmetro quantitativo da real situação de perdas de materiais em canteiros de obra. Além disso, recomendam-se estudos mais abrangentes com maiores amostras ou canteiros de obras analisados, a fim de se obter resultados mais gerais. 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004: Resíduos sólidos – Classificação. Rio de janeiro, 2004. CABRAL, A. E. B. Modelagem de propriedades mecânicas e de durabilidade de concretos produzidos com agregados reciclados, considerando-se a variabilidade da composição do RCD. 2007. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. CABRAL, A. E. B; MOREIRA, K. M. V. Manual sobre os Resíduos Sólidos da Construção Civil. Fortaleza: Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará, 2011. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução Nº 307, de 5 de jul 2002. Brasília, 2002. LEITE, M. B. Avaliação de propriedades mecânicas de concretos produzidos com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. 2001. 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