UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA EFEITO DO TREINAMENTO RESISTIDO NA FUNÇÃO AUTÔNOMICA CARDÍACA, NOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E ANTROPOMÉTRICOS DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS Jason Azevedo de Medeiros NATAL-RN 2014 EFEITO DO TREINAMENTO RESISTIDO NA FUNÇÃO AUTÔNOMICA CARDÍACA, NOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E ANTROPOMÉTRICOS DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS JASON AZEVEDO DE MEDEIROS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do título de Mestre em Educação Física. ORIENTADOR: Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas ii FICHA CATALOGRÁFICA iii UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA Coordenador do Programa de Pós Graduação em Educação Física: Prof. Dr. Jonatas de França Barros iv JASON AZEVEDO DE MEDEIROS EFEITO DO TREINAMENTO RESISTIDO NA FUNÇÃO AUTÔNOMICA CARDÍACA, NOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E ANTROPOMÉTRICOS DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS BANCA EXAMINADORA: Presidente da banca: Paulo Moreira Silva Dantas UFRN/ Departamento de Educação Física Membros da banca: Arnaldo Luis Mortatti UFRN/ Departamento de Educação Física Ronaldo Vagner Thomatielli dos Santos UNIFESP/ Departamento de Biociências v Dedico este trabalho aos meus avôs, Jaime Martiniano de Medeiros e Antônio Dulino de Azevedo, pela confiança depositada em mim e por sempre terem estimulado a alcançar os meus objetivos. Infelizmente o tempo foi curto para que eles pudessem presenciar as minhas conquistas. Aos meus pais, Jamilson Medeiros e Maria de Fátima Medeiros, pelos ensinamentos, exemplos de humildade, honestidade, cuidados, mas principalmente pelo amor recíproco. Ao meu irmão, Jamilson Júnior, pelo amor fraterno, com quem posso contar sempre. A minha esposa Rafaela de Medeiros, pessoa que amo incondicionalmente, e que compreendeu a minha ausência durante o primeiro ano de mestrado. Sempre me incentivando a alcançar os meus objetivos e me acalentando em seus braços e palavras de conforto, fazendo com que todas as dificuldades diante de mim parecessem barreiras frágeis. vi AGRADECIMENTOS A Deus, por sua proteção e encorajamento, e por me proporcionar momentos em que nada explicariam se não fosse a sua presença. Aos meus tios, Maria José Siqueira e Oscar Siqueira, pelo apoio mútuo, com alimentação, moradia e transporte, além do sentimento harmonioso que existe entre nós. Ao professor orientador Paulo Moreira Silva Dantas, por ser meu amigo, ter compartilhado momentos maravilhosos, não só acadêmicos, mas fraternos, e ter me ensinado que a vaidade é a arma do inseguro. Aos integrantes da AFISA (Base de pesquisa Atividade Física e Saúde), pelo compartilhamento de conhecimentos, trabalhos realizados juntos e por serem pessoas sensacionais. Em especial ao meu amigo Jeferson Rêgo, pelos ensinamentos e companheirismo. Aos integrantes do projeto viver mais, professoras: Hunaway Galvão, Themis Soares e Danielle Coutinho, pela ajuda no desenvolvimento do projeto. Especialmente agradeço a Rafaela Medeiros, Tatiane Lima e Ricardo Andrade pela cumplicidade e companheirismo nos momentos de frustração e glórias acadêmicas e principalmente na construção desta pesquisa. Aos secretários da pós graduação e graduação, Rafael Valença e Gilberto Belo, pelo incentivo ao estudo e facilidade na resolução de problemas. À Dra. Alexandra e sua equipe, pela parceria na coleta e análises bioquímicas. Aos Médicos do Hospital Giselda Trigueiro pelo encaminhamento dos pacientes e pela confiança depositada em nosso trabalho. A todos os voluntários que participaram da pesquisa, os que concluíram e os que abandonaram, pois cada um deles nos fez aprender muito sobre o comportamento das pessoas que vivem com HIV/AIDS. vii A Dalvinha, dona da cantina, que nos acolhe com um calmo e doce tom de “meu amor”, fornecendo todos os dias o seu delicioso cafezinho. viii SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1 2. OBJETIVOS................................................................................................. 4 2.1. Objetivo Geral: ...................................................................................... 4 2.2. Objetivos específicos: ........................................................................... 4 3. HIPÓTESES DO ESTUDO .......................................................................... 5 4. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................ 6 4.1. O HIV e terapia antirretroviral altamente ativa ......................................... 6 4.2. Complicações metabólicas associadas à HAART.................................... 8 4.3. Sistema nervoso autônomo e variabilidade da frequência cardíaca ...... 10 4.4. Lipodistrofia e avaliação pelo somatotipo .............................................. 11 4.5. Exercício físico como estratégia não medicamentosa ........................... 12 5. METODOLOGIA ........................................................................................ 16 5.1. Delineamento da pesquisa: ................................................................. 16 5.3. Programa de treinamento resistido ........................................................ 16 5.4. Tonelagem ............................................................................................. 17 5.5. Avaliação da variabilidade da frequência cardíaca (VFC). ..................... 18 5.6. Avaliação da composição corporal......................................................... 19 5.7. Exames bioquímicos .............................................................................. 22 5.8. Análise estatística .................................................................................. 22 6. RESULTADOS .......................................................................................... 24 7. DISCUSSÃO.............................................................................................. 34 8. CONCLUSÃO ............................................................................................ 41 9. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES ........................................... 41 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 43 ANEXOS .......................................................................................................... 52 ix LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Valores médios da Frequência cardíaca de recuperação e marcadores autonômicos da variabilidade da variabilidade da frequência cardíaca antes, após 8 e 16 semanas de TR. .................................................. 24 Tabela 2 – Valores médios dos perfis glicêmico e lipídico antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. .................................................................... 25 Tabela 3 – Médias dos componentes do somatotipo antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. ................................................................................... 26 Tabela 4 – Frequência percentual das classificações dos somatotipos antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. ................................................ 26 Tabela 5 – Descrição dos valores médios e dos deltas de mudança percentual da 8ª semana e da 16ª semana. ...................................................................... 27 x LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Marcadores autonômicos da variabilidade da frequência cárdica. .. 28 Figura 2 – Delta de mudança percentual dos marcadores autonômicos da variabilidade da frequência cardíaca. ............................................................... 28 Figura 3 – Variáveis de frequência cardíaca de recuperação. ......................... 29 Figura 4 – Delta de mudança percentual das variáveis da frequência cardíaca de recuperação. .................................................................................................... 29 Figura 5 – Variáveis bioquímicas do perfil glicêmico. ....................................... 30 Figura 6 – Delta de mudança percentual das variáveis bioquímicas do perfil glicêmico. ......................................................................................................... 30 Figura 7 – Variáveis bioquímicas do perfil lipídico. ........................................... 31 Figura 8 – Delta de mudança percentual das variáveis bioquímicas do perfil lipídico. ............................................................................................................. 31 Figura 9 – Tonelagem relativa e distância percorrida. ...................................... 32 Figura 10 – Delta de mudança da tonelagem relativa e distância percorrida. .. 32 Figura 11 – Somatocartas dos sujeitos antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. ........................................................................................ 33 xi LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS HIV: Vírus da Imunodeficiência Humana AIDS: Síndrome da Imunodeficiência Adquirida TARV: Terapia Antirretroviral HAART: Highly Active Antiretroviral Therapy (Terapia Antirretroviral de Alta Atividade). IP: Inibidor de protease TR: treinamento resistido. VFC: Variabilidade da Frequência Cardíaca FCR: frequência cardíaca final de recuperação ∆60: diferença dos batimentos cardíacos recuperados em 60 segundo após o término do exercício. ∆120: diferença dos batimentos cardíacos recuperados em 120 segundo após o término do exercício. TC6min: teste de caminhada de 6 minutos. HF: High frequency (Alta frequência). LF: Low frequency (baixa frequência). DF: Domínio da frequência. LF/HF: Razão de baixa/alta frequências. PVHIV: Pessoas vivendo com HIV. DES: Distancia Espacial dos Somatotipos. xii RESUMO EFEITO DO TREINAMENTO RESISTIDO NA FUNÇÃO AUTÔNOMICA CARDÍACA, NOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS E ANTROPOMÉTRICOS DE PESSOAS VIVENDO COM HIV/AIDS Autor: Jason Azevedo de Medeiros Orientador: Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas Introdução: O surgimento da terapia antirretroviral altamente ativa (HAART) aumentou a expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV/AIDS (PVHIV), porém o seu uso prolongado ocasiona implicações metabólicas e influencia na redistribuição de gordura corporal e aumento da prevalência de doenças cardiovasculares. Objetivo: Avaliar o efeito do treinamento resistido na variabilidade da frequência cardíaca, parâmetros bioquímicos e somatotipo de PVHIV. Métodos: Participaram do estudo 7 homens sedentários, com idade acima de 25 anos, vivendo com HIV/AIDS, sob uso de HAART. Foram submetidos a uma intervenção de 16 semanas com treinamento resistido. Avaliou-se a variabilidade da frequência cardíaca, parâmetros bioquímicos e o somatotipo, inicialmente e após 8 e 16 semanas de intervenção. Todos eles de forma pareada. Constatou-se a normalidade dos dados pelo teste de ShapiroWilk e realizou-se uma Anova one way combinado ao post hoc de Tukey para as amostras em cada momento de avaliação adotando um valor de p<0,05. Também foram calculados deltas de mudanças percentual. Para o somatotipo utilizou-se a distância espacial dos somatotipos (DES), obedecendo um valor de significância de DES≥1. Resultados: Encontrou-se diferença significativa, somente para a variável delta da frequência cardíaca final de 60s (p=0,01), no entanto, não foram observadas modificações na variabilidade de frequência cardíaca, variáveis bioquímicas e componentes do somatotipo. Conclusão: 16 semanas de treinamento resistido demonstrou melhoria na recuperação da frequência cardíaca após um esforço submáximo e, apesar de não ser suficiente para produzir diferenças significativas nos parâmetros bioquímicos e nos componentes do somatotipo, pôde-se perceber melhoria nos valores médios de glicemia e perfil lipídico, assim como redução do componente de endomorfia. Palavras chave: treinamento de resistência, HIV, AIDS, HAART, frequência cardíaca, lipodistrofia. xiii ABSTRACT EFFECT OF RESISTANCE TRAINING ON CARDIAC AUTONOMIC FUNCTION, BIOCHEMICAL AND ANTHROPOMETRIC PARAMETERS OF PERSONS LIVING WITH HIV Author: Jason Azevedo de Medeiros Supervisor: Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas Introduction: The emergence of High Active Antiretroviral Therapy (HAART) increase the life expectancy of the persons living with HIV/AIDS (PLHIV), therefore the prolonged use cause metabolic implications and influences on body fat distribution and increase the cardiovascular diseases prevalence. Aims: Evaluate the effect of resistance training on heart rate variability, biochemical parameters and somatotype on PLHIV. Methods: Participated this study seven sedentary men, with age above 25 years old, living with HIV/AIDS, under HAART use. Were submitted a 16 week intervention with resistance training. Evaluated the heart rate variability, biochemical parameters and somatotype, before, after 8 weeks and 16 weeks, all in paired form. It was found the data normality by Shapiro-Wilk test and conducted the Anova one way combined with Tukey post hoc to samples in each evaluate moment, adopting significance level p<0,05. Also were calculated percentage change deltas. For somatotype was used the somatotype spatial distance (DES), obeying the significance value DES≥1. Results: Was found significance differences only in variable final heart rate delta 60s (p=0,01), however, is not showed changes on heart rate variability, biochemical parameters and somatotype components. Conclusion: 16 weeks of resistance training showed improvement on heart rate recovery after submaximal effort and, despite is not enough to produce significance differences on biochemical parameters and somatotype components, could be realize improvement on average value of fasting glucose and lipid profile, as well as reducing the endomorphic component. Keywords: resistance training, HIV, AIDS, HAART, heart rate, lipodystrophy. 1 1. INTRODUÇÃO A terapia antirretroviral (TARV) surgiu e aumentou a expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV e AIDS. O tratamento da doença tornou-se bem aceito pela população médica e por seus pacientes, ficando ainda melhor com a inclusão de novos medicamentos (FELEKE Y FAU - FEKADE; FEKADE D FAU - MEZEGEBU; MEZEGEBU, 2012). Iniciou-se então, a terapia antirretroviral altamente ativa (HAART), onde modificou significativamente o curso da infecção pelo HIV. A partir desse momento, a AIDS se caracterizou como uma doença crônica, tornando necessária a manutenção prolongada do regime terapêutico para o controle da replicação viral. A duração do tratamento fez com que surgissem outras preocupações terapêuticas (BRITO et al., 2011; BORGES; SOARES; FARINATTI, 2012), como modificações na composição corporal, complicações metabólicas, entre outros, aumentando assim, o risco de doenças cardiovasculares (PAULA; FALCÃO; PACHECO, 2013). Uma maior frequência de doenças cardiovasculares tem sido evidenciada nessa população, provavelmente em decorrência da soma da infecção viral crônica e dos efeitos colaterais dos antirretrovirais (DIEHL et al., 2008), podendo influenciar negativamente a função cardíaca autonômica (SOLIMAN EZ FAU - ROEDIGER et al., 2013). Uma das maneiras de se avaliar a função autonômica cardíaca é através da análise da variabilidade frequência cardíaca (VFC), que se trata de uma técnica sensível de medição da função autonômica cardiovascular, que também permite a avaliação diferencial dos componentes simpático e parassimpático. A variabilidade da frequência cardíaca é um marcador de tonalidade autonômica cardiovascular e também é conhecido por ser reduzido, em associação com a disfunção cardíaca, o que são comuns em pessoas vivendo com HIV (NEILD et al., 2000). Dentre outros efeitos colaterais causados pelo uso da HAART destacam-se as implicações metabólicas como: alterações no metabolismo da glicose e dos lipídeos séricos. As alterações lipídicas encontradas incluem baixos níveis séricos de HDLcolesterol, elevação de colesterol total, LDL-colesterol e triglicerídeos, o que contribui para a origem de placas de ateroma (KOTLER, 2008). Os regimes de HAART prejudicam a tolerância à glicose em pacientes soropositivos para o HIV pela indução 2 da resistência insulina periférica no músculo esquelético e no tecido adiposo e redução na função da célula beta pancreática (FILHO, 2008). Outro efeito adverso causado pela infecção do vírus HIV está a lipodistrofia, associada às mudanças corporais e relacionadas ao uso prolongado da HAART. A lipodistrofia se caracteriza pela redistribuição da gordura corporal e pode ser dividida em lipoatrofia e lipohipertrofia: a primeira costuma acometer os membros superiores, membros inferiores e a face; já a segunda, ocorre predominantemente na região tronco e nuca (buffalo hump) (PETERSON; MARTINS; COFRANCESCO, 2008). Em virtude da consequência crônica da infecção e dos efeitos secundários que o medicamento pode causar, um número cada vez maior de estudos vem recomendando intervenções com exercícios para prevenir ou minimizar os sintomas das doenças cardiovasculares (DEEKS; LEWIN; HAVLIR, 2013). Não só o exercício, mas também outras intervenções não farmacológicas comportam um potencial de aprimorar de maneira significativa o tratamento médico tradicional, trazendo melhores resultados para os pacientes, proporcionando muitos benefícios para a saúde e melhoria do bemestar (PETRÓCZI et al., 2010). O exercício físico age primordialmente na mudança da composição corporal, minimizando as características da lipodistrofia, que estão relacionadas com a redução dos níveis de parâmetros do perfil lipídico e consequentemente a exposição a fatores de risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (CURRIER et al., 2008; CAHN et al., 2010). Além disso, o aumento da massa muscular e redução da adiposidade corrobora com o aumento da capacidade funcional do sujeito, agindo dessa forma como uma fator importante no estilo de vida e contribuindo para aderência a terapia medicamentosa (STEEL et al., 2006). Sabe-se que as mudanças corporais em PVHIV tem relação estreita com a questão estética, logo, a redução das características da lipodistrofia tem o potencial de melhorar a autoestima do indivíduo (PETERSON; MARTINS; COFRANCESCO, 2008). Estas mudanças corporais podem ser avaliadas por meio do somatotipo. Este método quantifica a composição corporal em três eixos numéricos que representam suas características físicas em mesomorfia (muscularidade), endomorfia (adiposidade) e ectomorfia (linearidade) (HEATH; CARTER, 1967). 3 Os estudos que utilizaram apenas o treinamento resistido (TR) para pessoas vivendo com HIV (ROUBENOFF; WILSON, 2001; SOUZA et al., 2011; BRITO et al., 2013) apresentaram mudanças significativas nos parâmetros antropométricos e/ou imunológicos. Contudo, quanto ao efeito do treinamento resistido no controle autonômico cardíaco, assim como o uso da técnica somatotípica em PVHIV, pouco se sabe. Por isso, a investigação do efeito do treinamento resistido na variabilidade da frequência cardíaca (VFC) em pessoas vivendo com HIV, trará um enorme avanço à pesquisa científica, pela ampla possibilidade de uso e pela facilidade para aquisição de dados que caracterizam esse recurso. É relevante também destacar que a apresentação das modificações corporais por meio da avaliação do somatotipo poderá facilitar aos avaliados a compreensão das alterações corporais proveniente do exercício físico. 4 2. OBJETIVOS 2.1. Objetivo Geral: Avaliar o efeito do treinamento resistido na variabilidade da frequência cardíaca, nos parâmetros bioquímicos e no somatotipo em pessoas vivendo com HIV/AIDS. 2.2. Objetivos específicos: Identificar a variabilidade da frequência cardíaca de recuperação antes, após 8 e 16 semanas de intervenção; Identificar os parâmetros bioquímicos antes, após 8 e 16 semanas de intervenção; Caracterizar o somatotipo antes, após 8 e 16 semanas de intervenção; Comparar as variáveis investigadas antes, após 8 e 16 semanas de intervenção. 5 3. HIPÓTESES DO ESTUDO O presente estudo antecipa a existência de uma relação entre o treinamento resistido e benefícios na função autonômica cardíaca, nos parâmetros bioquímicos e na mudança do somatotipo de pessoas vivendo com HIV/AIDS. As hipóteses estatísticas serão enunciadas na sua forma nula H0 e alternativa H, para cada um dos grupos de variáveis dependentes: variabilidade da frequência cardíaca de recuperação, parâmetros bioquímicos e somatotipo, com mais de 95% de probabilidade ou p < 0,05 para que a hipótese seja aceita nas variáveis de VFC e Bioquímicas e ≥1,0 para as variáveis de somatotipia, ou seja, não se cometa o erro do tipo I. H0 - Não existe diferença significativa antes e após intervenção para variáveis indicadas; H – Existe diferença significativa antes e pós intervenção para variáveis indicadas; 6 4. REVISÃO DE LITERATURA 4.1. O HIV e terapia antirretroviral altamente ativa O vírus da Imunodeficiência humana (HIV) e a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) por ele provocada surgiram em meados da década de 80 e tornaramse uma epidemia mundial rapidamente (FECHIO et al., 2012). Nessa mesma época no Brasil, os primeiros casos de AIDS foram identificados, predominantemente entre gays adultos, usuários de drogas injetáveis e hemofílicos (BRASIL, 2011). A replicação do HIV é um processo de diferentes etapas. O primeiro passo é encontrar uma célula hospedeira suscetível, como os linfócitos T CD4+ e através do acoplamento das glicoproteínas gp120 e gp41 presentes no vírus com os coreceptores celulares é permitida a entrada do vírus dentro do interior da célula. O núcleo capsídeo viral entra na célula hospedeira e se fragmenta liberando duas fitas de RNA e três enzimas essenciais para replicação: a integrasse, protease e a transcriptase reversa, que é responsável pela transcrição do RNA viral. Existe dois domínios catalíticos, o sitio ativo da RNAsa H e o sitio ativo da polimerase, onde uma única fita de RNA viral é transcrita em uma dupla hélice de RNA-DNA. A RNAsa H separa o RNA do DNA. Então a polimerase completa a fita de DNA em uma dupla hélice de DNA. Posteriormente a integrasse entra em ação cortando cada extremidade dos filamento de DNA e o transfere para o núcleo celular facilitando sua integração com o genoma da célula hospedeira, onde passará a conter informação genética do HIV. A ativação celular provoca a transcrição de DNA viral em RNA mensageiro, que migra para o citoplasma e sintetiza os componentes de um novo vírus. Alguns são processados pela protease do vírus, que corta as proteínas mais longas em mais curtas, sendo um processo crucial para a formação de um novo vírus. Depois as fitas de RNA viral e as enzimas de replicação se agrupam mais às proteínas do núcleo para formar um novo capsídeo. Esta partícula viral abandona a célula adquirindo um novo envelope hospedeiro com proteínas virais e pronta para infectar outras células (CUNICO; GOMES; VELLASCO JUNIOR, 2008; FERREIRA; RIFFEL; SANT'ANA, 2010). 7 A morte das outras células TCD4+ podem ocorrer de diferentes formas: pela coinfecção dos novos vírus formados ou por piroptose. Nesta última, após formação do DNA viral, a célula hospedeira sofre a apoptose e posteriormente libera resíduos virais que estimulam processos inflamatórios, assim, as células TCD4+ próximas são atraídas e entram em falência ao serem atingidas pelos resíduos virais ou pela inflamação local (GAIHA; BRASS, 2014). A descoberta da infecção pelo HIV acarretou maior preocupação com a saúde, pois relaciona-se com o impacto do diagnóstico, com a preocupação sobre o adoecer e com a adaptação a uma nova realidade. É importante ressaltar que muitos indivíduos se descobrem infectados pelo HIV/AIDS em fase avançada da doença, já com o diagnóstico de AIDS (REIS et al., 2011). Antes dos anos 90, havia pouca solução terapêutica para arrefecer os efeitos da ação do HIV no indivíduo. Assim, os pacientes vivenciavam sua evolução clínica e esperavam a morte, sem expectativas alentadoras de tratamento. Somente no início da década de 90 surgiram as primeiras tentativas terapêuticas mais eficazes, trazendo maior esperança para os infectados, pois aumentou a expectativa de vida das pessoas vivendo com HIV (CHENCINSKI; GARCIA; GALVÃO; CERQUEIRA; MARCONDESMACHADO, 2004). Em 1996, com a inclusão de uma nova classe de medicamento, os inibidores de protease (IP), iniciou-se o advento da terapia antirretroviral de alta atividade, conhecida como HAART, a qual propiciou um salto de qualidade do tratamento.(PALELLA JR et al., 1998) A HAART tem modificado significativamente o curso da infecção pelo HIV, uma vez que controla a replicação viral e restaura o sistema imune, retardando a progressão para a AIDS.(FELEKE Y FAU - FEKADE; FEKADE D FAU - MEZEGEBU; MEZEGEBU, 2012) Uma nova tentativa de mudança na combinação terapêutica vem sendo proposta com a adição de anti-inflamatórios na combinação da HAART a fim de reduzir a morte celular por piroptose (GAIHA; BRASS, 2014). Os medicamentos utilizados no tratamento da terapia antirretroviral apresentam funções diferentes de acordo com suas classes: 8 Inibidores Nucleosídeos da Transcriptase Reversa - atuam na enzima transcriptase reversa, incorporando-se à cadeia de DNA que o vírus cria, tornando-a defeituosa e impedindo que o vírus se reproduza. Inibidores Não Nucleosídeos da Transcriptase Reversa – bloqueiam diretamente a ação da enzima e a multiplicação do vírus. Inibidores de Protease – atuam na enzima protease, bloqueando sua ação e impedindo a produção de novas cópias de células infectadas com HIV. Inibidores de fusão – impedem a entrada do vírus na célula e, por isso, ela não pode se reproduzir. Os inibidores de entrada – é uma classe mais nova de medicamentos aprovados para uso em humanos. Tem ação semelhante aos inibidores de fusão, porém ao invés de agirem nos receptores da célula gp-120 e gp-41, eles bloqueiam a entrada do vírus na célula diretamente na membrana celular. O inibidor de entrada se liga ao co-receptor da membrana, CCR5, e inibe a entrada do vírus na célula hospedeira (CUNICO; GOMES; VELLASCO JUNIOR, 2008; FERREIRA; RIFFEL; SANT'ANA, 2010). 4.2. Complicações metabólicas associadas à HAART Agravos à saúde vêm sendo cada vez mais reconhecidos e relacionados a pessoas que vivem com HIV/AIDS, destacando aqueles correlacionados com complicações metabólicas, justamente, por fazer conexão com alterações morfológicas e expressar riscos cardiovasculares, como causas de morbidade e mortalidade na população com HIV (PAULA; FALCÃO; PACHECO, 2013). Partindo dessa premissa (RIDDLER et al., 2003) é relevante destacar que as complicações metabólicas estão associadas tanto a aquisição da infecção pelo HIV (STANLEY; GRINSPOON, 2012), quanto pelas mudanças radicais que houveram nos medicamentos utilizados para o tratamento da Aids, assim como aspectos comportamentais envolvendo principalmente os hábitos alimentares inadequados e inatividade física entre outros (TSUDA et al., 2012). Fazendo um resgate no referencial teórico é possível observar que a primeira geração de drogas antirretrovirais promoveu um elevado grau de 9 toxicidade. Logo em seguida, com a introdução de novos agentes, houve mais eficácia e melhorias em perfis de segurança que levou ao aumento da sobrevida da sobrevida em indivíduos infectados pelo HIV, devido a diminuição acentuada nas condições relacionadas a Aids (HILTON, 2013). Contudo, persistem em longo prazo os efeitos adversos da HAART, conhecida popularmente como “coquetel” ou tratamento farmacológico, pois manifesta alterações físicas e fisiológicas que podem trazer implicações metabólicas como hiperglicemia, dislipidemia, síndrome metabólica, doenças cardiovasculares, alterações corporais e, principalmente a síndrome lipodistrófica (CHENCINSKI; GARCIA; KRAMER et al., 2009; LIMA et al., 2009; SOUZA, 2009), além de propiciarem risco elevado de desenvolver sintomas depressivos (REIS et al., 2011). Estudos apontam para mudanças no estado nutricional de PVHIV após a introdução da HAART, sendo características de mudanças o aumento da prevalência de obesidade, estando então essa população nas tendências mundiais da população em geral (JAIME et al., 2004; AMOROSA et al., 2005; HENDRICKS et al., 2006). Em relação ao perfil lipídico, as alterações ocorrem de formas e graus diferentes por mecanismos que não estão totalmente elucidados. As principais alterações referem-se ao aumento dos níveis séricos de triglicerídeos, colesterol total e LDL- c. Supõe-se que alguns fármacos que compõe a HAART, principalmente os IPs, tem a função de atingir a região catalítica da enzima protease do HIV, que é semelhante com as regiões onde atuam as proteínas humanas (BORGES; SOARES; FARINATTI, 2012) CRABP1 e LRP, que regulam o metabolismo de lipídeos, pois há interação do sítio catalítico dos IPs com a LRP, desencadeando a clivagem de triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol e reduzindo a absorção hepática de quilomicrons. Além da elevação dos lipídeos sanguíneos, esta classe de medicamentos pode alterar o padrão de densidade das LDL-c, tornando-as menores e mais densas (FILHO, 2008) levando a alterações metabólicas como resistência à insulina, dislipidemia, lipodistrofia e hipertensão (MURATA; HRUZ; MUECKLER, 2000). 10 As pessoas vivendo com HIV/AIDS apresentam comumente resistência à insulina, sendo mais prevalente entre aqueles com lipoatrofia ou acúmulo de gordura na região visceral. Quando existe na terapia a presença dos IPs, isso ocorre com mais frequência. Umas das hipóteses é que os IPs atuam diretamente na indução de resistência periférica à insulina no músculo esquelético e no tecido adiposo, causando deterioração na habilidade das células Beta em compensar estas alterações, agindo diretamente no GLUT-4, prejudicando a homeostase da glicose (FILHO, 2008). 4.3. Sistema nervoso autônomo e variabilidade da frequência cardíaca O coração participa ativamente do processo homeostático orgânico, sob a ação do SNA, cujo é o responsável pela regulação do ritmo e da função de bombeamento cardíaco, adequando essas funções às necessidades metabólicas e teciduais, às quais estão expostos os seres humanos em suas atividades da vida diária (MA; FC, 2006). A reorganização da função do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) é essencial para que a realização de novos estímulos se proceda com reduzidos riscos à saúde, além de possibilitar melhora da performance (COFFEY; LEVERITT; GILL, 2004; WINSLEY; BATTERSBY; COCKLE, 2005) e uma metodologia utilizada para avaliar o comportamento autonômico é a Variabilidade de Frequência Cardíaca (VFC). De modo geral, a VFC descreve as oscilações dos intervalos entre batimentos cardíacos consecutivos (intervalos R-R), que estão relacionadas às influências do SNA sobre o nódulo sinusal, sendo uma medida não invasiva, que pode ser utilizada para identificar fenômenos relacionados ao SNA em indivíduos saudáveis, atletas e portadores de doenças (PUMPRLA et al., 2002; AUBERT; SEPS; BECKERS, 2003). A análise da VFC é caracterizada como uma ferramenta não-invasiva, simples e de fácil aplicação, a qual fornece índices que representam a atuação dos ramos simpático e parassimpático do SNA sobre o coração (VANDERLEI et al., 2008; VALENTINI; PARATI, 2009) obtidos por métodos lineares, nos domínios do tempo e da frequência (XHYHERI et al., 2012). Existem várias formas de se avaliar a VFC (CAMM et al., 1996), dentre eles, o método de análise pelo domínio da frequência, onde é possível analisar individualmente o sistema nervoso autônomo, simpático e parassimpático, em 11 variadas situações fisiológicas e patológicas bem como sua relação com outros sistemas que também interferem na VFC. Podendo-se assim identificar quais oscilações são responsáveis pela variabilidade (VANDERLEI et al., 2009). O domínio da frequência utiliza registros da intensidade das ondas verificadas em intervalos de tempo menores, sua unidade de medida é o Hertz e seus componentes espectrais são: High Frequency (HF): variação de 0,15 a 0,4Hz, que corresponde à modulação respiratória e é um indicador da atuação do nervo vago sobre o coração; Low Frequency (LF): variação entre 0,04 e 0,15Hz, decorrente da ação conjunta dos componentes parassimpático e simpático sobre o coração, com predominância do simpático; VLF Very Low Frequency (VLF) e Ultra Low frequency (ULF): são indicadores menos utilizados por não ter uma explicação fisiológica bem estabelecida (FRANCESCO et al., 2012; XHYHERI et al., 2012). Mudanças nos padrões da VFC fornecem um indicador sensível e antecipado de comprometimentos na saúde. Alta VFC é sinal de boa adaptação, caracterizando um indivíduo saudável com mecanismos autonômicos eficientes. Inversamente, baixa VFC é frequentemente um indicador de adaptação anormal e insuficiente do SNA, o que pode indicar a presença de mau funcionamento fisiológico no indivíduo, necessitando de investigações adicionais de modo a encontrar um diagnóstico específico (PUMPRLA et al., 2002). 4.4. Lipodistrofia e avaliação pelo somatotipo Dentre os fatores adversos causados pela HAART, destaca-se a síndrome lipodistrófica do HIV (SLHIV), que se caracteriza pela redistribuição da gordura corporal em pessoas vivendo com HIV/AIDS, apresentado alta prevalência nesta população (DIEHL et al., 2008). A lipodistrofia é dividida clinicamente em três categorias: 1 – lipoatrofia: diminuição de gordura periférica, com perda de tecido subcutâneo na face, braços, pernas e nádegas, deixando as veias mais evidentes e proeminentes; 2 – Lipohipertrofia: acúmulo de gordura na região dorso-cervical (giba), expansão da circunferência do pescoço, aumento do volume dos seios e da região abdominal; 3 - Forma mista: associação de lipohipertrofia e lipoatrofia (BEDIMO, 2008; BRASIL, 2008; TSUDA et al., 2012). 12 A literatura mostra que há aumento significativo de gordura na região do tronco, consequentemente, elevação nos níveis de gordura nas regiões do abdômen, axilar média, supra ilíaca e subescapular. Isto significa incremento nos níveis de lipohipertrofia, que se caracteriza por acúmulo de gordura nessa região (abdômen, costas e pescoço) (PETERSON; MARTINS; COFRANCESCO, 2008). Contudo, uma forma de se avaliar a composição corporal pode ser utilizando o método da somatotipia, que ao nosso conhecimento, pouco foi utilizado com PVHIV. A técnica somatotípica avalia a forma e a composição corporal do sujeito, estratificando-os em uma classificação de três números, representando: endomorfia, mesomorfia e ectomorfia respectivamente, sempre na mesma ordem. Endomorfia está relacionado à adiposidade, a mesomorfia representa a muscularidade e ectomorfia a linearidade ou magreza (HEATH; CARTER, 1967; ROSS, 1999). O uso da técnica somatotípica tem a capacidade de mostrar de forma individualizada as mudanças corporais causadas pelo exercício físico, tornando-se um instrumento relevante de visualização global das modificações morfológicas ocorridas (DE MOURA FAVARIS et al., 2012). Resultados encontrados em populações diferentes, como por exemplo, indivíduos diabéticos demonstraram uma característica física predominante de endomorfia. (WILLIAMS et al., 1997; BUFFA et al., 2007). Estudos mostraram associação com o somatotipo e o risco de desenvolvimento de doenças crônicas, principalmente cardiovasculares, sugerindo que a endomesomorfia está associada à fatores de risco cardiovascular, apresentando maiores valores de perfil lipídico, glicêmico e de parâmetros antropométricos (BUFFA et al., 2007; DOS REIS FILHO et al., 2011; BALTADJIEV, 2012). 4.5. Exercício físico como estratégia não medicamentosa O exercício físico como intervenção pode minimizar os prejuízos de uma doença crônica como a (AIDS) (VENKER CA, 2010), pois o treinamento físico pode ser utilizada como uma ferramenta para amenizar ou retardar o desenvolvimento de eventos adversos decorrentes do HIV ou da medicação anti-retroviral, visto que pode gerar vantagens nos aspectos cardiorrespiratórios, musculares, antropométricos e 13 psicológicos sem induzir a imunossupressão (GARCIA et al., 2013; GOMES-NETO et al., 2013). Por entender que atividades extenuantes ou períodos longos de treinamento induzem a uma ligeira supressão de vários fatores imunes (WALSH et al., 2011), sendo essa uma situação desfavorável a pessoas vivendo com HIV/AIDS, já que a preservação do sistema imunológico é de fundamental importância e sua depleção agrava o estado de saúde e acelera o desenvolvimento da doença (PEREIRA; GALDINO, 2010). Acreditou-se por muitos anos que o desgaste físico provocado pelos exercícios diminuiria a resistência do paciente, facilitando o avanço do vírus HIV sobre o sistema imunológico, permitindo assim o aparecimento de doenças oportunistas (PIMENTEL, 2008). As células do sistema imune, quando expostas a pequenas cargas de estresse, desenvolvem mecanismo de tolerância, então, a adesão a um programa de exercícios de intensidade moderada a vigorosa parece segura mesmo para indivíduos imunocomprometidos por não afetar TCD4+ e tampouco a capacidade de replicação viral (LEANDRO et al., 2007; RASO et al., 2007). Em síntese pode-se dizer que, de modo geral, o exercício de intensidade moderada, praticado com regularidade, melhora a capacidade de resposta do sistema imune, enquanto o exercício exaustivo de longa duração provoca um estado transitório de imunossupressão aumentando a susceptibilidade a infecções (WALSH et al., 2011). Alterações neuromusculares como redução na força muscular e incapacidade funcional ocorrem comumente em indivíduos infectados pelo HIV levando a um quadro de fragilidade e dependência, que pode ser associado à baixa qualidade de vida, aumentando os riscos de mortalidade (ROUBENOFF, 2000). Em virtude das adaptações musculares à carga de trabalho, o treinamento resistido ou de força é o que mais contribui para o aumento dessa capacidade física, combatendo a perda de massa muscular/ magra e aumento da funcionalidade do músculo esquelético, ou seja, aumentando a força de pessoas vivendo com HIV (DUDGEON et al., 2004; GLOVER et al., 2010). O treinamento de força é um método específico de condicionamento físico que envolve o uso progressivo de cargas, bem como de diferentes modelos e métodos de treinamento (DUDGEON et al., 2004; TSUDA et al., 2012). 14 No entanto, não devemos esquecer que quando realizamos qualquer exercício físico, envolvemos o sistema nervoso autonômico (SNA), por meio de impulsos nervosos aferentes e eferentes (HAUTALA et al., 2001; MARTINMÄKI; RUSKO, 2008). Este responde ao exercício promovendo, dentre diversos eventos, modificações no sistema cardiovascular, sendo o principal responsável pelas respostas cardíacas e vasomotoras demandadas pelo esforço, atribuindo ao coração maior capacidade de bombeamento sanguíneo e, aos vasos, dilatação e constrição para redirecionamento de fluxo (AUBERT; SEPS; BECKERS, 2003; SALGADO, 2005). Estas condições são promovidas por alterações na atuação simpato-vagal e consistem na inibição da modulação parassimpática e estimulação da atividade simpática (JAVORKA et al., 2002; MOUROT et al., 2004). Cessada a atividade, a situação se inverte, envolvendo reativação vagal seguida por redução simpática, reestabelecendo homeostase gradativamente (GOLDBERGER et al., 2006; BA et al., 2009). Assim, a investigação do efeito do treinamento de força na Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) em pessoas vivendo com HIV, trará um enorme avanço à pesquisa científica pela ampla possibilidade de uso e a facilidade para aquisição de dados caracterizam esse recurso. Mudanças no estilo de vida pode ser uma estratégia útil para diminuir o risco cardiovascular nesta população (FITCH et al., 2006). Assim, um programa de treinamento de força surge como coadjuvante no tratamento não medicamentoso, contribuindo para a regulação de variáveis metabólicas, estando principalmente associado à diminuição do colesterol total e aumento da sensibilidade à insulina, além da preservação da massa magra, aumento de força, resistência muscular, melhora da capacidade funcional e, consequentemente, qualidade de vida (SOUZA; MARQUES, 2009; JUCHEM; LAZZAROTTO, 2010; BRITO et al., 2011; YAHIAOUI; MCGOUGH; VOSS, 2012; TIBANA; PRESTES, 2013). Devido as suas características, a lipodistrofia está associada a fatores de risco cardiovascular, como perfil lipídico e circunferência de cintura. Pelo fato da lipodistrofia estar relacionada ao uso da HAART, ela não tem como ser evitada, porém estratégias não-medicamentosas, como exercício físico e dieta, são indicadas no intuito de retardar ou minimizar tal efeito da medicação. Assim, o exercício físico entra como modulador da composição corporal de PVHIV. Estudos têm mostrado que o exercício 15 físico influencia diretamente em parâmetros bioquímicos (perfis lipídico e glicêmico) e antropométricos, melhorando significativamente indicadores de risco cardiovascular (ROUBENOFF; WILSON, 2001; LINDEGAARD et al., 2008; SOUZA et al., 2011). 16 5. METODOLOGIA 5.1. Delineamento da pesquisa: A pesquisa realizada se caracteriza como semi-experimental (GAYA, 2008), em que a variável independente foi manipulada para medir seus efeitos sobre as variáveis dependentes, com o propósito maior de determinar o grau de mudança produzido pelo treinamento resistido, estabelecendo uma relação de causa e efeito. 5.2. População e amostra: A amostra foi realizada de forma não probabilística intencional por indivíduos que concordaram em participar do estudo de forma voluntária, através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Participaram da pesquisa 9 homens vivendo HIV/Aids, sedentários e com CD4≥350 cópias mm3 (n=9; 43,00±11,05 anos de idade; massa corporal, 65,90±8,41 kg; estatura, 1,65±0,05 m). Todos faziam terapia antirretroviral e não haviam modificado a combinação terapêutica durante o período de intervenção. Foram excluídos 2 homens (n=2) do estudo por abandono da terapia antirretroviral e às sessões de treinamento. Todos os participantes foram informados sobre os procedimentos utilizados, possíveis benefícios e riscos atrelados à execução do estudo. O protocolo de pesquisa foi delineado conforme as diretrizes propostas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde sobre pesquisas envolvendo seres humanos: 229/11 5.3. Programa de treinamento resistido A intervenção com treinamento resistido consistiu em um protocolo de 16 semanas de treinamento de força, divididos em 3 sessões semanais alternadas por dia (segunda, quarta e sexta-feira). Os horários disponíveis para a intervenção correspondiam manhã, entre 8h e 10h e noite, entre 19h e 21h, onde cada participante pertencia a um turno fixo. As sessões tinham duração de 60 minutos e objetivavam atingir as regiões mais comprometidas pela lipodistrofia (membros inferiores, membros superiores, tronco e quadril). A intensidade do treino foi controlada pela escala de 17 percepção de esforço de Omni-res (LAGALLY; ROBERTSON, 2006), entre os valores 7 e 8. Os sujeitos foram familiarizados com o uso da escala que era apresentada a cada 6 sessões. O intervalo de descanso entre as séries foi de 60 segundos e entre os exercícios, 120 segundos. O treinamento foi aplicado por profissionais devidamente capacitados, sendo um professor responsável por acompanhar 3 alunos. Em relação ao método de treino, adotou-se o parcelado AB (CONSSENZA, 2001), onde cada letra era específica de uma série de exercícios e as rotinas de treinos se alternavam com as semanas. A Peitoral; ombros; tríceps; quadríceps e abdômen. B Isquiostibiais; glúteos; panturrilhas; dorsais; trapézios e bíceps. Dias da semana Segunda-feira Quarta-feira Sexta-feira 1ª sem A B A 2ª sem B A B Para todos os exercícios foram adotados 3 séries de 12 repetições, com exceção do exercício abdominal (prancha), sendo adotado 3 séries com um tempo de contração isométrica de 45-60 segundos. 5.4. Tonelagem Como forma de quantificar a progressão do treino foi calculado tonelagens relativas a cada 6 sessões. Sendo ela a nossa variável independente. No entanto as tonelagens utilizadas para comparar nossas variáveis foram as calculadas na primeira e última semana de intervenção por estarem mais próximas das avaliações bioquímicas e somatotipicas, caracterizando o pareamento. Para o cálculo da tonelagem: multiplicou-se as 3 séries pelas 12 repetições de cada exercício realizado, totalizando 36 levantamentos; A Tonelagem absoluta dia = 36 x a soma total das cargas levantadas durante os exercícios de uma sessão. 18 Tonelagem absoluta semana = soma dos resultados encontrados nas tonelagens dia, das 3 sessões semanais. Com isso calculamos a Tonelagem relativa = tonelagem absoluta / peso corporal verificado naquela semana pela avaliação antropométrica. 5.5. Avaliação da variabilidade da frequência cardíaca (VFC). 5.5.1. Teste de caminhada de 6 minutos Previamente ao início do estudo foi empregado um protocolo de familiarização na tentativa de reduzir os efeitos de aprendizagem e estabelecer a reprodutibilidade do teste. Para o TC6min, os sujeitos seguiram as recomendações do protocolo sugerido pela American Thoracic Society (ENRIGHT, 2003) Os indivíduos foram orientados a usarem roupas confortáveis, calçados adequados para caminhada e não consumirem alimentos e bebidas cafeínadas nas 24h precedentes aos testes. Os testes foram realizados em um ginásio coberto em um espaço de 20 (m) marcado por cones em ambas as extremidades e a cada 5 (m) com sinalizadores bem visíveis. Os avaliados foram instruídos a caminhar (sem correr) pelo corredor de 20m, indo de uma extremidade à outra, num ritmo contínuo o mais rápido possível sendo estimulado verbalmente pelo avaliador como recomendado pela ATS. (ENRIGHT, 2003). Previamente ao teste, um cinto trasmissor (Polar WearLink® W.I.N.D) foi colocado no peito de cada sujeito, após ser molhado com água, tal como descrito pelo fabricante. Foi utilizado um cardiofrequencímetro (Polar® RS800) para registro do batimento da FC monitorada a cada 5 segundos durante o repouso e cada fase subsequente da avaliação, onde, consideramos na avaliação os últimos 15 segundos de cada fase do comportamento da FC. Os sujeitos ficaram deitados em decúbito dorsal para reduzir influência de fatores externos e internos. Posteriormente eram avisados do início do teste de caminhada de 6 minutos. Após o teste os avaliados se mantiveram em pé na posição ortostática, sem movimentos, para ser coletada a frequência cardíaca de 60 segundos e 120 segundos. Posteriormente foram mantidos em repouso próximo a posição inicial do teste, durante 10 minutos. O protocolo de coleta da VFC utilizado foi o proposto pela Task Force (CAMM et al., 1996). 19 5.6. Avaliação da composição corporal Para a avaliação antropométrica, foram utilizadas as diretrizes da International Society for the Advancement Kinantrophometr (MARFELL-JONES, 2006). Todas as medidas foram aferidas por um único avaliador, com o erro técnico de medida (ETM) <5%, visando eliminar o erro Inter avaliador e obter maior fidedignidade dos dado (PERINI et al., 2005). Para calcular os componentes do somatotipo foi utilizado o método antropométrico de Heath-Carte (HEATH; CARTER, 1967), em que solicita o envolvimento de dez medidas antropométricas: estatura (cm), peso corporal (kg), dobras cutâneas (triciptal, subescapular, supra-espinhal e perna medial), diâmetros ósseos (bi-epicôndilo umeral e bi-epicôndilo fêmural), perímetros do braço flexionado e perna medial. 5.6.1. Cálculo do somatotipo: O cálculo dos componentes é feito através das equações propostas por Carter (1990): - Endomorfia = -0,7182 + 0,1451 (X) – 0,00068 (X)2 + 0,0000014 (X)3. No qual o X é a soma das dobras cutâneas tricipital, subescapular e supra-ilíaca multiplicada por 170,18, que é a constante do modelo teórico de referência Phantom, dividida pela estatura do avaliado. - Mesomorfia = 0,858 (U) + 0,601 (F) + 0,188 (B) + 0,161 (P) – 0,131 (E) + 4,50. Onde (U) é o diâmetro biepicondiliano do úmero em centímetros, (F) diâmetro biepicondiliano do fêmur em centímetros, (B) perímetro corrigido do braço em centímetros, (P) perímetro corrigido da perna em centímetros e, (E) estatura do indivíduo em centímetros. Para os cálculos de medidas corrigidas, subtrai-se o valor do perímetro ao da dobra cutânea, ambos em centímetros. - Ectomorfia: para o cálculo da ectomorfia primeiramente encontra-se o índice ponderal que é calculado por meio da razão da estatura expressa em cm a raiz cúbica de medida do peso corporal em kg. Sendo assim, quando o resultado do índice ponderal for maio ou igual a 40,75; 20 Ectomorfia = (Índice Ponderal x 0,732) – 28,58 Quando o resultado do índice ponderal for < 40,75 e > 38,25 então: Ectomorfia = (Índice Ponderal x 0,463) – 17,63. Se o índice ponderal for ≤ 38,25: Ectomorfia = 0,1 (DE, 1984; CARTER; HEATH, 1990; NORTON; OLDS, 1996). Reunindo estas informações, o somatotipo se classifica por três números sequenciais, sempre registrados da mesma maneira. Cada número representa a avaliação dos três componentes primários do físico e descreve as variações individuais relacionados à morfologia e composição corporal. O primeiro número refere à endomorfia que corresponde a gordura relativa em físicos individuais, mas também refere-se a magreza relativa; o segundo número, à mesomorfia, que corresponde ao desenvolvimento músculo-esquelético relativo por unidade de altura ou massa magra; e o terceiro número, à ectomorfia, que corresponde a linearidade relativa. Dessa forma, o indivíduo pode ser classificado como: - Central: os três componentes são iguais entre si e não diferem em mais de uma unidade; - Endo-ectomórfico: o endomorfismo é dominante e o ectomorfismo é maior que o esomorfismo; - Endomorfismo balanceado: o endomorfismo é dominante e o mesomorfismo e o ectomorfismo são iguais ou não diferem mais que 0,5; - Endo-mesomórfico: o endomorfismo é dominante e o mesomorfismo é maior que o ectomorfismo; - Endomorfo-mesomorfo: o endomorfismo e o mesomorfismo são iguais ou não diferem mais que 0,5 e o ectomorfismo é menor; - Meso-endomórfico: o mesomorfismo é dominante e o endomorfismo é maior que o ectomorfismo; - Mesomorfismo balanceado: o mesomorfismo é dominante e o endomorfismo e ectomorfismo são iguais ou não diferem mais que 0,5; - Meso-ectomórfico: o mesomorfismo é dominante e o ectomorfismo é maior que o endomorfismo: 21 - Ecto-mesomorfo: o ectomorfismo e o mesomorfismo são iguais ou não diferem mais que 0,5 e o endomorfismo é menor; - Ecto-mesomórfico: o ectomorfismo é dominante e o mesomorfismo é maior que o endomorfismo; - Ectomorfismo balanceado: o ectomorfismo é dominante e o mesomorfismo e o endomorfismo são iguais e não diferem mais que 0,5; e - Ecto-endomórfico: o ectomorfismo é dominante e o endomorfismo é maior que o mesomorfismo. (CARTER; HEATH, 1990). 5.6.2. Construção das somatocartas A somatocarta foi construída a partir de 2 eixos x e y utilizando o programa Somatotype Calculation and Analysis versão 1.2.5 - é um programa projetado para calcular somatotipos individuais e em grupos. A coordenada x = ectomorfo - endomorfo. A coordenada y = mesomorfo x 2 - (ectomorfo + endomorfo). A somatocarta é representada por um triangulo equilátero de lados curvos (triangulo de reuleaux). Cada uma das áreas formadas nos ângulos representam os setores de predominância de um dos componentes. Sendo a ectomorfia localizada a direita, a endomorfia localizada a esquerda e a mesomorfia na parte superior. As duas coordenadas x e y são traçadas no triângulo. A intersecção dos eixos no centro do triângulo representa o ponto zero de ambas as coordenadas. A coordenada y atinge as dimensões de +18 e -10 e a coordenada x as dimensões de +8 e -8. Na coordenada x, o vértice equivalente a endomorfia representa o ponto -6 e o vértice equivalente a ectomorfia o ponto +6. Na coordenada y, o vértice equivalente a endomorfia representa o ponto -6 e o vértice equivalente a mesomorfia ao ponto +12. Para melhor embasar a análise comparativa dos somatotipos calculados para o grupo, comparou-se os somatotipos encontrados no grupo na avaliação basal com a avaliação de 8 semanas e avaliação basal com avaliação de 16 semanas, empregando a análise de distância espacial entre os somatotipos (DES). Em que: DES = √(IA – IB)2 + (IIA – IIB)2 + (IIIA – IIIB)2 I: Endomorfia 22 II: Mesomorfia III: Ectomorfia A e B: representam as avaliações a serem comparadas. As diferenças significativas são consideradas quando os valores forem maior ou igual a 1 (DES≥1) (GUEDES, 2006). 5.7. Exames bioquímicos A avaliação bioquímica foi realizada com os participantes em jejum de 12h e tendo participado da última sessão de treinamento a pelo menos 24h. Foi coletado em veia periférica 5ml de sangue pelo método a vácuo. Posteriormente o sangue foi centrifugado a 3.500rpm por 5 min para obtenção do soro e posterior análise. A avaliação foi composta por análise da glicemia de jejum pelo método enzimático; insulina pelo método de quimiluminescência; colesterol total, LDL-colesterol, HDLcolesterol e triglicerídeos, pelo método enzimático. Foram utilizados Tubos de EDTA, tubos com gel ativador para análise bioquímica; tubo com citrato para coagulação; adaptador para coleta a vácuo com agulha 25x8mm. Além de aparelho automático BS 380 e aparelho LIAISON. Os valores de referência utilizados como parâmetros foram os determinados pelo laboratório responsável. 5.8. Análise estatística Para análise estatística foi utilizado o software SPSS Statistics verão 20.0. O tratamento estatístico obedeceu aos critérios de autenticidade científica e foi realizado observando a distribuição da normalidade dos dados (curva gaussiana), através do teste não-paramétrico de Shapiro Wilk. Tendo em vista uma amostra paramétrica, a estatística descritiva adotada partiu dos cálculos da média e desvio padrão. Como teste de hipótese considerou um valor de alfa inferior a 5%, ou seja, valor p <0,05 indicando então para aceitar ou rejeitar a hipótese com mais de 95% de probabilidade de não cometer o erro do tipo I. O estudo se dispôs de variáveis numéricas que apresentaram sabidamente uma variação normal, sendo assim, realizou-se então a análise de variância Anova one- 23 way a fim de identificar diferenças estatísticas nos três momentos em que aconteceram as avaliações. Juntamente a Anova, foi executado o teste Post Roc de Tukey objetivando identificar em quais dos momentos de cada variável ocorreram as diferenças. Foi utilizado 95% de intervalo de confiança para comparar as variáveis que compõem a variabilidade da frequência cardíaca e os parâmetros bioquímicos, antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com treinamento resistido. Calculou-se também deltas de mudanças percentuais das variáveis, em que a média da variável de 8 semanas foi dividida pela média da variável da semana inicial e em seguida subtraída de 1, o resultado alcançado é transformado em porcentagem. O delta de mudança percentual das 16 semanas também foi calculado com a avaliação inicial. O somatotipo foi calculado por meio do DES (dispersão espacial dos somatotipos), método criado propriamente para identificar as mudanças ocorridas nos pontos da somatocarta, sendo considerado significativo um valor maior ou igual a 1. 24 6. RESULTADOS A tabela 1 apresenta as medias e o desvio padrão das variáveis da frequência cardíaca de recuperação, e dos respectivos deltas da frequência cardíaca de recuperação de 60 e de 120 segundos. Além dos marcadores autonômicos cardíacos pelo domínio da frequência (DF) avaliados antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com treinamento resistido (TR). Os resultados da análise de variância realizada pelo teste anova one way juntamente ao teste post hoc de Tukey apresentou diferenças significativas somente para a variável delta da frequência cardíaca de 60 segundos (p=0,014) entre a avaliação inicial e a 16ª semana de intervenção com TR. Não foi encontrado significância para as outras variáveis. Tabela 1 – Valores médios da Frequência cardíaca de recuperação e marcadores autonômicos da variabilidade da variabilidade da frequência cardíaca antes, após 8 e 16 semanas de TR. Basal 8ª Semana 16ª Semana Média DP Média DP Média DP p<0,05 FCR (bpm) 115 20 127 21 137 23 0,46 ∆FCR 60`` 17 7 27 7 37 9 0,01* ∆FCR 120`` 25 15 37 20 40 13 0,24 LF 56 24 69 22 70 19 0,42 HF 44 24 31 22 30 19 0,42 2,24 2 4,47 6 3,90 3 0,55 LF/HF FCR=frequência cardíaca final de recuperação; ∆FCR 60``=delta da frequência cardíaca de 1 minuto; ∆FCR 120``=delta da frequência cardíaca de 2 minutos; LF (n.u.) =banda de baixa frequência por unidade normalizada; HF (n.u.) = banda de alta frequência por unidade normalizada; LF/HF=razão entre a banda de baixa e alta frequência. 25 A tabela 2 apresenta as medias e desvio padrão das variáveis bioquímicas que compõem o perfil glicêmico e perfil lipídico, avaliados antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. Os resultados não apresentaram diferenças significativas para as variáveis bioquímicas. Tabela 2 – Valores médios dos perfis glicêmico e lipídico antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. Basal 8ª Semana 16ª Semana Média DP Média DP Media DP Coeficient es p<0,05 Glicose (mg/dl) 95 11 92 7 83 9 70-99 0,06 Insulina (µIU/ml) 8 6 8 5 10 6 3,21-16,32 0,82 Índice de HOMA 1,94 1,52 1,84 1,13 1,95 1,13 >4,65 0,98 Triglicerídeos (mg/dl) 166 66 128 67 159 91 <150 0,63 HDL (mg/dl) 48 7 52 9 52 20 >40 0,79 LDL (mg/dl) 125 38 126 35 115 28 <100 0,81 Colesterol Total (mg/dl) 206 41 203 41 199 24 <200 0,92 26 A tabela 3 apresenta as médias dos três componentes do somatotipo e a comparação na avaliação inicial, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. Os resultados não apresentaram diferenças significativas quando comparados pelo DES entre a 8ª semana e avaliação inicial (DES=0,75) e entre a 16ª semana e avaliação inicial (DES=0,88). Tabela 3 – Médias dos componentes do somatotipo antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. Somatotipo Basal 8ª Semana 16ª Semana ENDOMORFIA 4,21 4,06 3,79 MESOMORFIA 4,63 4,91 5,10 ECTOMORFIA 1,22 1,90 1,84 DES ≥1 (Basal – 8ª) DES ≥1 (Basal – 16ª) 0,75 0,88 A tabela 4 apresenta a frequência percentual do perfil somatotípico do sujeitos investigados antes, após 8 e 16 semanas de intervenção. Onde pode-se observar em valores percentuais a predominância do componente mesomorfo no decorres das avaliações. Tabela 4 – Frequência percentual das classificações dos somatotipos antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. Basal 8ª Semana 16ª Semana Somatotipo n % n % n % Endomesomórfico 2 29% 1 14% 0 0% Endomesomorfo 2 29% 2 29% 2 29% Mesoendomórfico 2 29% 3 43% 4 57% Mesoectomorfo 0 0% 0 0% 1 14% Ectomesomorfo 1 13% 1 14% 0 0% 27 Tabela 5 – Descrição dos valores médios e dos deltas de mudança percentual da 8ª semana e da 16ª semana. 1ª Semana 8ª Semana 16ª Semana Média Média Média ∆8ª ∆16ª FCR (bpm) 115 127 137 11% 20% FCR60 98 100 100 2% 2% FCR120 86 91 93 6% 8% ∆FCR 60`` ∆FCR 120`` 17 25 27 37 37 40 60% 48% 119% 60% LF 56 69 70 22% 25% HF 44 31 30 -29% -32% 2,24 4,47 3,90 100% 74% 95 92 83 -3% -13% 8 8 10 2% 21% 1,94 1,84 1,95 -5% 1% 166 128 159 -23% -4% 48 52 52 9% 9% LDL (mg/dl) 125 126 115 0% -8% Colesterol Total (mg/dl) 206 203 199 -2% -4% FCR VFC LF/HF Perfil Glicêmico Glicose (mg/dl) Insulina (µIU/ml) Índice de HOMA Perfil Lipídico Triglicerídeos (mg/dl) HDL (mg/dl) 28 A figura 1 apresenta os marcadores autonômicos da variabilidade da frequência cardíaca analisados pelo domínio da frequência antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com o TR. Figura 1 – Marcadores autonômicos da variabilidade da frequência cárdica. A figura 2 apresenta os deltas de mudança percentual dos marcadores da variabilidade da frequência cardíaca nos momentos, antes, com 8 semanas e 16 semanas após a intervenção com TR. 120% 100% 80% 60% LF 40% HF LF/HF 20% 0% BASAL 8 SEMANAS 16 SEMANAS -20% -40% Figura 2 – Delta de mudança percentual dos marcadores autonômicos da variabilidade da frequência cardíaca. 29 A figura 3 apresenta as variáveis de frequência cardíaca de recuperação antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. Figura 3 – Variáveis de frequência cardíaca de recuperação. A figura 4 apresenta os deltas de mudança percentual das variáveis de frequência cardíaca de recuperação final, após 60s e 120s. Também são apresentados os respectivos deltas da frequência cardíaca de 60s e 120s, no início, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. 140% 120% 100% FCR FC60 80% FC120 60% ∆60 40% ∆120 20% 0% BASAL 8 SEMANAS 16 SEMANAS Figura 4 – Delta de mudança percentual das variáveis da frequência cardíaca de recuperação. 30 A figura 5 apresenta as variáveis bioquímica do perfil glicêmico: glicemia de jejum, inulina de jejum e o índice de HOMA, antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com o TR. Figura 5 – Variáveis bioquímicas do perfil glicêmico. A figura 6 apresenta os deltas das variáveis bioquímicas do perfil glicêmico, antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. 25% 20% 15% 10% GLICEMIA 5% INSULINA HOMA 0% BASAL 8ª SEMANA 16ª SEMANA -5% -10% -15% Figura 6 – Delta de mudança percentual das variáveis bioquímicas do perfil glicêmico. 31 A figura 7 apresenta as variáveis bioquímicas do perfil lipídico: Triglicerídeos, HDL colesterol, LDL colesterol e colesterol total, antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. Figura 7 – Variáveis bioquímicas do perfil lipídico. A figura 8 apresenta os deltas das variáveis bioquímicas do perfil lipídico antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. 15% 10% 5% 0% -5% -10% TGL BASAL 8ª SEMANA 16ª SEMANA HDL LDL CT -15% -20% -25% Figura 8 – Delta de mudança percentual das variáveis bioquímicas do perfil lipídico. 32 A figura 9 apresenta as variáveis de tonelagem relativa e distância percorrida no TC6, verificados no início, após 8 e 16 semanas de intervenção com o TR. Figura 9 – Tonelagem relativa e distância percorrida. A figura 10 apresenta os deltas das variáveis, tonelagem relativa e distância percorrida no teste de caminhada de 6 minutos antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. 180% 160% 140% 120% 100% TONELAGEM 80% DISTÂNCIA 60% 40% 20% 0% BASAL 8ª SEMANA 16ª SEMANA Figura 10 – Delta de mudança da tonelagem relativa e distância percorrida. 33 A figura 11 apresenta as somatocartas de acordo com os períodos de intervenção. Figura 11 – Somatocartas dos sujeitos antes, após 8 e 16 semanas de intervenção com TR. 34 7. DISCUSSÃO A hipótese do estudo surgiu da premissa que o treinamento resistido aplicado em 16 semanas proporcionaria benefícios à função autonômica cardíaca, nos parâmetros bioquímicos e na mudança do somatotipo de pessoas vivendo com HIV/AIDS. Em nossos resultados, poucas foram as variáveis que apresentaram diferenças estatisticamente significativas. Nesse sentido partindo do pressuposto que diferenças absolutas ocorreram, é imprescindível entender as causas que possam ter contribuído para a o comportamento dessas variáveis, sendo assim, fazemos ressalvas discutindo alguns achados. Ao analisar os resultados das comparações das variáveis da variabilidade da frequência cardíaca, não se pode aceitar a hipótese derivada “existe diferença”, apesar dos valores médios do delta de mudança terem apresentado aumento no marcador de baixa frequência (LF) antes de iniciarmos a intervenção com treinamento resistido, sendo superior ao marcador de alta frequência (HF) que está mais associado ao sistema parassimpático, seguindo a ideia de que a infecção pelo HIV ou seu tratamento medicamentoso podem progressivamente, levar a uma reativação vagal e simpática mais lenta (BORGES; SOARES; FARINATTI, 2012). O mesmo continuou a acontecer após 8 semanas, repetindo-se na avaliação da 16ª semana de treinamento. O marcador LF apresentou novamente aumento, predominando-se sobre o HF, demonstrando uma maior atividade simpática e menor atividade parassimpática. Provavelmente por não existir investigações abrangentes de todos os índices de VFC de pessoas vivendo com HIV/AIDS, os nossos resultados quando comparados a estudos que sugeriram valores padronizados de VFC (BIGGER et al., 1995), demonstram fugir da normalidade, portanto, não há conclusões evidentes. Essa lacuna pode existir porque outros estudos omitiram os limites normais para a idade, o sexo, e o ambiente, além de que a fonte de dados é pequena para serem analisados e darem suporte ao que se diz normal (MALIK et al., 1996). O índice de LF/HF é considerado uma medida de equilíbrio simpato-vagal, os resultados das médias após a intervenção, apresentaram valores superiores quando comparados com avaliação inicial à intervenção. No entanto, essa diferença foi observada em valores absolutos, não apresentando diferença estatística, não podendo 35 afirmar que os sujeitos apresentaram um desequilíbrio simpato-vagal. Pesquisas recentes investigaram os efeitos da terapia antirretroviral na função autonômica cardíaca (SOLIMAN EZ FAU - ROEDIGER et al., 2013) e a duração da infecção pelo HIV na diminuição do componente cardíaco parassimpático e simpático (FIORENTINI et al., 2012). No entanto, não encontramos estudos em que avaliaram a função autonômica cardíaca após uma intervenção com treinamento resistido em pessoas com HIV/AIDS. Os resultados da FCR apresentaram aumento nos valores das médias mas não foram considerados significativos. Esse aumento, reflete a intensidade maior utilizada durante o teste de caminhada de 6 minutos, onde foi encontrada diferença significativa entre a 16ª semana para a avaliação inicial (p=0,011). Valentini et al, 2009 (VALENTINI; PARATI, 2009) explica que com aumento das intensidades de exercício, a frequência cardíaca aumenta gradativamente, considerando que, em maiores cargas de trabalho, esse aumento mais pronunciado da frequência cardíaca é resultado da retirada parassimpática e ativação simpática. Quando existe um aumento gradativo da intensidade do exercício, em paralelo ocorre um incremento gradual na atividade nervosa simpática (ARAI et al., 1989) somado à influência de mecanismos intrínsecos, provocando aumentos adicionais da frequência cardíaca. Foram encontradas diferenças significativas (p=0,014) nas mudanças da frequência cardíaca em recuperação de 60 segundos menos a frequência cardíaca final, que é representada pelo delta 60 entre a avaliação da 16ª semana e a avaliação inicial. A variável apresentou recuperação mais rápida dos batimentos cardíacos na última avaliação após a intervenção, sugerindo que, ao contrário dos mecanismos fisiológicos do aumento da intensidade da atividade física, a recuperação da frequência cardíaca após o exercício, tem sido atribuída a uma rápida reativação parassimpática nos primeiros segundos da recuperação, seguida de uma gradual retirada simpática. O treinamento resistido parece ter promovido efeito no desempenho aeróbio, pois uma maior recuperação na frequência cardíaca foi observada após a intervenção, podendo ser explicado pelo fato de que um alto volume de ejeção pode ser devido ao redirecionamento do sangue da periferia para regiões centrais do corpo, ampliando o retorno venoso e facilitando o enchimento dos ventrículos (FERNANDES et al., 2008). Nossos resultados não sustentam a ideia de que a frequência cardíaca 36 de recuperação é prejudicada em indivíduos vivendo com HIV independente da combinação da HAART (CADE et al., 2008). Ao praticar uma atividade física regular, a frequência cardíaca é reduzida, como também no exercício submáximo, onde a frequência cardíaca máxima diminui ligeiramente ou permanece inalterada com o treinamento crônico (VALENTINI; PARATI, 2009). O treinamento resistido aumentou consideravelmente a força do sujeitos investigados, fato este observado pela diferença da tonelagem relativa, onde apresentou aumentos significativos em todas as três avaliações, sugerindo melhoria da eficiência muscular e hipertrofia muscular proveniente da cronicidade do treinamento resistido. É importante ressaltar que nessa população há uma incidência progressiva na diminuição da massa corporal magra, caracterizando como outra indesejável mudança oriunda da infecção pelo HIV e da HAART, que por sua vez, associa-se à redução da capacidade do sistema músculo esquelético em gerar força.(FERNANDES et al., 2008; BRITO et al., 2013; PAULA; FALCÃO; PACHECO, 2013). Mesmo não fazendo parte de nossos objetivos específicos, verificamos que o treinamento resistido interferiu no desempenho do teste de caminhada de 6 minutos, onde os sujeitos aumentaram a distância percorrida, apresentado significância. O teste tem um tempo curto de duração e é semelhante a uma caminhada de rotina. Os sujeitos eram todos sedentários, o que fortalece a ideia de que qualquer exercício físico controlado melhoraria a aptidão física, influenciando no desempenho do teste (FECHIO et al., 2012). Supõe-se que o treinamento resistido tenha desenvolvido adaptações neurais ao ponto de desenvolver a coordenação inter e intra muscular influenciado para um maior distância percorrida (MAIOR; ALVES, 2003). Outra explicação pode ser dada pela economia do movimento. Simões et al, (2010) (SIMÕES et al., 2010) encontrou correlações moderadas e significantes quando relacionou a potência média de membros inferiores com o desempenho no teste de 6 minutos em idosos. Em outro estudo (HARTMAN et al., 2007) também realizado com idosos, foi encontrado que um programa de treinamento resistido tem efeito sobre a economia de exercícios durante as tarefas diárias e podem apresentar mais facilidades quando realizadas atividades físicas. 37 Em nosso estudo, dentre as variáveis utilizadas para avaliar o controle glicêmico (glicemia de jejum, insulina de jejum, e Índice de HOMA), apesar do valor da glicemia ter reduzido após a 8ª e 16ª semana de intervenção, não foram encontradas diferenças significativas. Possivelmente as 16 semanas de treinamento não foram suficientes ao ponto de reduzir a glicemia e insulina, indo de encontro aos achados, onde afirmam que o TR realizado em apenas 12 semanas reduz a glicemia e promove melhorias na ação da insulina em homens jovens sedentários e com sobrepeso (CROYMANS et al., 2013). No entanto, com a população vivendo com HIV, alguns estudos investigaram o mecanismo de associação das alterações metabólicas com a HAART, não sendo elucidado totalmente estas associações, sugerido que a gênese da SLHIV é multifatorial e dentre os aspectos que podem estar associados destacam-se o tempo de infecção, o tipo de HAART, a idade, o IMC, sexo (TROIAN et al., 2005; DE ARAUJO et al., 2007). As explicações para os fatores que estão envolvidos no processo de alterações na homeostase da glicose, especialmente resistência à insulina, também não são totalmente esclarecidas. Associam hiperglicemia e resistência à insulina à terapia medicamentosa, principalmente aos inibidores de protease, ao tempo de infecção, pela a ação direta do vírus às células b-pancreáticas, além de fatores como aumento de gordura abdominal e dislipidemia (DUBÉ, 2000). Quanto à insulina, observou-se um acréscimo na média do grupo após a intervenção e manutenção no Índice de HOMA, porém, em nossos resultados não encontramos diferença significativa. Apesar disso, na literatura é documentado que o treinamento resistido melhora o controle glicêmico, principalmente, ao aumento da sensibilidade a insulina, quando feito em conjunto com aconselhamento dietético (TIBANA; PRESTES, 2013). As variáveis analisadas no perfil lipídico não apresentaram diferenças significativas, apesar de apresentarem em seus valores absolutos e nos deltas, aumento no HDL e diminuição no LDL, triglicerídeos e colesterol total. Há poucos estudos sobre a influência do treinamento resistido nessa população, apresentando ainda, metodologias muito divergentes e diferentes tempos de intervenção, devido à falta de consenso da intensidade e duração do treinamento, estágio da doença em que está a amostra, variação no uso dos medicamentos da HAART e elaboração e controle 38 do protocolo de treinamento (SOUZA; MARQUES, 2009). Sabemos também, que a maioria dos estudos demonstram melhoria significativa da composição corporal através da prática do exercício físico, tornando-se necessários mais estudos para investigar o treinamento físico no perfil lipídico, na resistência à insulina e nas alterações glicêmicas em pessoas vivendo com HIV/AIDS (JUCHEM; LAZZAROTTO, 2010). Em especial ao treinamento resistido, estudos afirmam aumento significativo da massa magra e do HDL e diminuição da gordura corporal e dos triglicerídeos (LINDEGAARD et al., 2008), sugerindo que a hipertrofia muscular induzida pelo treinamento resistido pode promover a depuração dos triglicerídeos da circulação de homens infectados com HIV tratados com terapia antiviral (YARASHESKI et al., 2001). Em nosso estudo, apesar de alguns parâmetros do perfil lipídico, especialmente os triglicerídeos, terem apresentado redução, essa diferença não foi significativa. Enfatizamos que todos estes parâmetros bioquímicos estão propícios à interferência de diversos fatores na população com HIV, por exemplo, a resistência à insulina pode ser causada por aumento de peso, alteração na distribuição de gordura corporal e uso de inibidores de protease retroviral (SAMARAS et al., 2007). De forma geral, o controle glicêmico e perfil lipídico, além de aspectos como genética, consumo alimentar, nível e tempo de atividade física, gordura e abdominal, como também o tempo de infecção e o tipo terapia medicamentosa utilizada podem afetar tais parâmetros, pois estudos afirmam de longa data, que é incontestável e descrita a associação das drogas antirretrovirais com a síndrome lipodisdrófica (TSUDA et al., 2012), que está relacionada a redistribuição de gordura, podendo representar maiores chances de distúrbios no metabolismo da glicose e lipídios. Compreendemos que um dos fatores limitantes do nosso estudo que pode ter influenciado os resultados foi o tempo da intervenção, pois a literatura afirma que é necessário a adoção do exercício regular por longo período, para então, promover alterações importantes em variáveis associadas à saúde e qualidade de vida em pessoas com HIV, como o perfil lipídico.(BRITO et al., 2011; YAHIAOUI; MCGOUGH; VOSS, 2012). 39 No decorrer de nosso estudo, pelas experiências vividas, supõe-se haver interferência de aspectos psicomorfofuncionais nos nossos resultados, pois mesmo sem haver mudanças significativas em todas as variáveis de VFC e bioquímicas, constatamos que os sujeitos aderiam ao treinamento e que suas modificações corporais podiam ser observadas visualmente. Nos estudos com treinamento resistido em PVHIV, a composição corporal é analisada através de IMC, massa livre de gordura e massa gorda, além de testes de força em alguns estudo como forma de se avaliar a eficácia do treinamento (ROUBENOFF; WILSON, 2001; YARASHESKI et al., 2001; LINDEGAARD et al., 2008; BRITO et al., 2013). No entanto, nenhum estudo foi realizado utilizando o somatotipo como forma de avaliar as modificações decorrentes do exercícios físico em PVHIV. O estudo do somatotipo constitui-se, portanto em valioso instrumento de informação que permite a visualização global das modificações morfológicas ocorridas em função de alterações processadas simultaneamente no nível do tecido muscular. O surgimento do somatotipo permitiu classificar através de uma escala numérica, o tipo físico, fazendo acabar dessa maneira com as distorções que surgiam pela falta de objetividade que caracterizava outras técnicas de avaliação (GUEDES, 2006). A partir do exposto nas somatocartas pode-se observar uma tendência dos sujeitos à mesomorfia após 8 semanas de treinamento, predominando essa característica após as 16 semanas de intervenção, porém sem diferenças significativas, quando analisado pelo DES. Inicialmente o componente endomorfia se destacava com 58%, após 8 semanas houve uma redução de 15%, passando então a predominar a mesomorfia. Após 16 semanas de intervenção os componentes com características de endomorfia sofreram uma redução maior, atingindo 29% em relação a avaliação inicial. Ao final da intervenção os componentes com características de mesomorfia passaram a predominar com 71% na amostra, observando estes dados e as médias dos componentes do somatotipo (Tabela 4). Em dados absolutos entendemos que o exercício físico reduziu a endomorfia, que está associada ao acúmulo de adipócitos relacionados ao risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e menor capacidade funcional (WILLIAMS et al., 1997; SINGH, 2007). Esta modificação está associada com a redução dos valores de adiposidade e, principalmente pelo aumento da massa muscular. 40 O aumento da tonelagem relativa fortalece o pensamento da hipertrofia gerado pela cronicidade do treinamento resistido, uma vez que o componente predominante da somatotipia nesse estudo foi a mesomorfia, caracterizada pela presença de muscularidade. Esta modificações corporais possivelmente devem-se ao fato dá lipólise advinda da adaptação ao treino (BRITO et al., 2013) e aumento da hipertrofia, o que representa um importante fator de combate a HAART, já que a mesma parece interferir no aumento de massa muscular (DEEKS; LEWIN; HAVLIR, 2013). A literatura afirma que PVHIV sofrem mudanças corporais, como a lipodistrofia, que afetam diretamente parâmetros fisiológicos e psicológicos(DUDGEON et al., 2004). Como também, tem mostrado que a lipodistrofia tem impacto significativo no comportamento social do sujeito, sendo encontrado nesses estudos comportamento de isolamento, depressão e distorções da sua percepção corporal (BLASHILL; VANDER WAL, 2010). Intervenções devem ser realizadas o quanto antes ao início do tratamento para amenizar os efeitos adversos da medicação, proporcionando um melhor bem-estar psicossocial (SEIDL; MACHADO, 2008), o que de certa forma interfere positivamente na adesão e aderência ao tratamento e no enfrentamento da doença. As alterações corporais decorrentes da lipodsitrofia em pessoas vivendo com HIV, faz-se necessário descrever de um modo adequado e interpretar os aspectos relacionados com as alterações na forma do corpo. O método da somatotipia parece ser uma nova ferramenta a ser inserida nas avaliações morfológicas dessa população. 41 8. CONCLUSÃO O treinamento resistido quando aplicado em 16 semanas demonstrou melhoria na recuperação da frequência cardíaca após um esforço submáximo, mesmo não sendo identificadas melhorias na variabilidade da frequência cardíaca, e apesar de não ser suficiente para produzir diferenças significativas nos parâmetros bioquímicos e nos componentes do somatotipo, pôde-se perceber melhoria nos valores médios de glicemia e perfil lipídico, assim como redução do componente de endomorfia. 9. COMENTÁRIOS, CRÍTICAS E SUGESTÕES Este estudo nos fez pensar como algumas pesquisas por si só nos fazem esquecer alguns princípios, como por exemplo, os da individualidade biológica, o qual revela diz que cada organismo reage de formas diferentes ao mesmo estimulo aplicado, gerando adaptações especificas. É muito comum aplicar um protocolo de exercícios físicos a um grupo de pessoas, a fim de derrubar hipóteses de que aquela intervenção proporcionará benefícios ou não quando comparadas a um grupo controle. Deixamos muitas vezes de perceber as mudanças individuas proporcionadas pelo protocolo aplicado em cada indivíduo, para escrevermos o que aconteceu supostamente numa média de grupo, onde por muitas vezes, as transformações importantes passaram a não ser descritas por não apresentarem valores significantes quando comparados em uma estatística tradicional. Porém, essas mesmas informações possam ter contribuído significativamente, não a média do grupo investigado, mas em uma informação precisa de cada sujeito estudado. As pessoas vivendo com HIV/AIDS apresentam uma característica bastante diferente das demais populações, quando o tema abordado é a própria doença. Somente o uso de diferentes combinações terapêuticas para retardar a replicação do vírus justifica a gama de possibilidades de aumentar mais ainda a especificidade de cada sujeito. Fatores físicos e psicológicos, somados a outras variáveis intervenientes, como exemplo, o estilo de vida adotado, tornam-se difíceis de ser controlados e assumem um papel importante na vida destas pessoas. 42 No decorrer de nosso estudo, percebemos variáveis passíveis de controle, como a associação do treinamento a uma dieta controlada. Vimos que o treinamento resistido quando trabalhado de forma isolada e com uma duração de 16 semanas não foi suficiente para proporcionar todos os benefícios hipoteticamente construídos, no entanto, não podemos afirmar o mesmo, se o treinamento resistido continuasse a ser aplicado por um período mais longo. A satisfação expressa nos rostos dos sujeitos ao verem os resultados das avaliações antropométricas, faz pensar sobre as modificações ocorridas na autoestima de cada um, o que pode ter contribuído para uma melhor qualidade vida. Desta forma, faz-se uma interessante estratégia, investigar a imagem corporal e sua relação com a qualidade de vida antes e após uma intervenção. Outros métodos de treinamento seriam interessantes aplicar, como exemplo, o treinamento funcional direcionando as regiões mais afetadas pela lipodistrofia, ou quem sabe, a comparação de diferentes métodos de treinamentos aplicados à mesma população, ao ponto de ver qual método é mais eficaz em diferentes parâmetros, sejam eles, imunológicos ou morfofuncionais. A maior dificuldade encontrada em nosso estudo foi controlar as possíveis variáveis intervenientes. Pensamos que, com o controle maior dessas variáveis poderíamos ter encontrado maiores e mais diferenças. Exemplificamos como seria complicado montar um grupo o mais seguro possível de sofrer essas interações. Primeiro teríamos que separar os sujeitos por classe de medicamentos, depois por faixa estaria, tempo de infecção, tempo de tratamento, histórico de internação, níveis de CD4, dentre outros inúmeros fatores que faz com que somente as características da doença sejam percebíveis o quão complicado é, porém prazeroso trabalhar com essa população. 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMOROSA, V. et al. A tale of 2 epidemics: the intersection between obesity and HIV infection in Philadelphia. JAIDS Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes, v. 39, n. 5, p. 557-561, 2005. ISSN 1525-4135. ARAI, Y. et al. Modulation of cardiac autonomic activity during and immediately after exercise. Am J Physiol, v. 256, n. 1 Pt 2, p. H132-41, Jan 1989. ISSN 0002-9513 (Print) 0002-9513 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2643348 >. AUBERT, A. E.; SEPS, B.; BECKERS, F. Heart rate variability in athletes. Sports Medicine, v. 33, n. 12, p. 889-919, 2003. ISSN 0112-1642. BA, A. et al. 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Medicine and Science in Sports and Exercise 35.2 (2003): 333-341. 55 III ANEXO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOO Esclarecimentos Este é um convite para você participar da pesquisa “Impacto de aconselhamento dietético e de exercícios físicos sobre o estado nutricional de pessoas vivendo com HIV”, que é coordenada pelo professor Dr. Paulo Moreira Silva Dantas. Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento, retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade. Essa pesquisa procura analisar e comparar o estado nutricional de adultos vivendo com HIV em uso de terapia antirretroviral sob três tipos de intervenção: aconselhamento dietético, prática de exercícios físicos e sob as duas condições em conjunto, sendo importante para que se conheça como estas intervenções influenciam no estado nutricional. Caso decida aceitar o convite, você será submetido (a) ao(s) seguinte(s) procedimentos: questionários sócio demográficos (perguntas sobre renda, moradia, etc.), da história da infecção, sobre hábitos alimentares, atividade física, características relacionadas ao sono e possíveis sintomas de infecção do trato respiratório, exame físico para identificar sinais de desnutrição ( observação de cabelo, unhas, pele), avaliação antropométrica (medidas de tamanhos corporais) e avaliação bioquímica (coleta de sangue). Além desses procedimentos, os pesquisadores terão acesso ao seu prontuário médico, comprometendo-se com total sigilo das informações. Os riscos envolvidos com sua participação são mínimos já que os procedimentos realizados seguirão protocolos seguros e os profissionais envolvidos são devidamente qualificados. Você pode se negar a responder qualquer questionamento ou participar de qualquer avaliação que cause constrangimento. Você terá os seguintes benefícios ao participar da pesquisa: Prescrição de treinamento resistido, Avaliação antropométrica completa periódica gratuita, independente do grupo que participe. Todas as informações obtidas serão sigilosas e seu nome não será identificado em nenhum momento. Os dados serão guardados em local seguro e a divulgação dos resultados será feita de forma a não identificar os voluntários. Se você tiver algum gasto que seja devido à sua participação na pesquisa, você será compensado, caso solicite. Em qualquer momento, se você sofrer algum dano devido a esta pesquisa, você terá direito a indenização. Você ficará com uma cópia deste Termo e toda a dúvida que você tiver a respeito desta pesquisa, poderá perguntar diretamente para Jason Azevedo de Medeiros, no endereço Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ Campus Universitário – Departamento de Educação Física, Lagoa Nova, CEP 59072-970, Natal/RN ou pelo telefone (084) 9611-3268. Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas ao Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN no endereço Comitê de ética em pesquisa(CEP/UFRN), Praça do Campus, Campus Universitário, CP 1666, Natal, 59.078-970 ou pelo telefone (084) 3215-3135. Consentimento Livre e Esclarecido Declaro que compreendi os objetivos desta pesquisa, como ela será realizada, os riscos e benefícios envolvidos e concordo em participar voluntariamente da pesquisa “Impacto de aconselhamento dietético e de exercícios físicos sobre o estado nutricional de pessoas vivendo com HIV” Participante da pesquisa: Nome:__________________________________________________________ Assinatura:_____________________________________________________ Pesquisador responsável: Jason Azevedo de Medeiros Assinatura:_____________________________________________________ Jason Azevedo de Medeiros, no endereço Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ Campus Universitário – Departamento de Educação Física, Lagoa Nova, CEP 59072-970, Natal/RN ou pelo telefone (084) 96113268.Comitê de ética e Pesquisa, no endereço Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN no endereço Comitê de ética em pesquisa (CEP/UFRN), Praça do Campus, Campus Universitário, CP 1666, Natal, 59.078-970 ou pelo telefone (084) 3215-3135.