História Tem um canal de televisão que passa somente assuntos históricos. E um dos programas é a busca por “cidades ocultas”. Dia desses mostraram o que está sendo descoberto da Roma antiga. Abaixo da atual Roma a arqueologia tem revelado uma outra. As descobertas impressionam. Roma foi capital do maior Império que o mundo já viu. Sem entrar em discussões e opiniões históricas diferentes talvez possa ser resumido que a expansão e domínio romano duraram algo como seis séculos. Como paralelo, o Império Britânico durou talvez um século. Roma dominava um mundo em que habitavam mais de 60 milhões de habitantes. Isso há dois mil anos atrás. A cidade de Roma, centro do Império, tinha uma população acima de um milhão de habitantes. A arqueologia está descobrindo a Roma do povo comum, não aquela dos livros escolares, descrita por historiadores da época, senadores, gente da elite que não mostravam muito como vivia o povo. Falavam mais nas guerras e conquistas, intrigas palacianas e de dinastias. A que se descobre agora é outra Roma, longe dos palácios. Como vivia uma população daquele tamanho naquela época dentro de uma cidade? Não podiam viver amontoados ou em tendas. Onde jogavam os dejetos de um mundo de gente daquele? Por que não houve tantas pestes ou doenças pela falta de higiene? Você sabia que a maior parte daquela população vivia em prédio de apartamentos? Eram de três andares. No primeiro moravam os de mais posse, no segundo os menos endinheirados e no último quem tinha menos grana ainda. Os aquedutos traziam água de grandes distâncias para a cidade. Foi mostrado um que passava perto de blocos de apartamentos e, por um desvio próprio para cada lugar, despejavam água em depósitos que estava conectado com o prédio. Foram mostradas as privadas internas encontradas nos apartamentos, com lugar para sentar e a água canalizada passava por baixo e levava os dejetos para serem despejados em lugares distantes. As canalizações hidráulicas encontradas em Roma dão um choque na gente. Hoje no Brasil, parte da população, dois mil anos depois, não tem aquele sistema de saneamento A arqueologia encontrou até um quartel de bombeiros. Havia muito incêndio. As pessoas tinham que cozinhar e acender à noite candeeiros ou sei lá o nome. Havia pela cidade casas de banhos públicos em que se pagava uma quantia para usar. E lá também havia privadas com assentos. O inusitado nesse caso é que uma estava ao lado da outra. Mostraram ainda que algumas construções eram quase que montadas. Que muitas peças eram encaixadas como se fossem pré-moldadas. Não se pode deixar de frisar que é coisa de dezenas de séculos atrás Mostram um local para corrida de bigas que caberiam, disseram, 250 mil pessoas. Numa reprodução gráfica colocaram vários Coliseus dentro desse espaço. A engenharia romana está sendo motivo de estudos em universidades na atualidade. Aqueles arcos de tijolos para suportar grandes estruturas e que existem até hoje em algumas construções é algo que parece coisa de outro planeta. Tudo foi interreompido pela invasão dos bárbaros no Império e também porque a Igreja Católica dominou o mundo europeu, na chamada Idade Média, por quase mil anos. Retroagem as conquistas materiais. Na Idade Média houve mais mortes por falta de higiene, doenças e peste do que na época de Roma. Se aqueles avanços em higiene, leis, arquitetura, engenharia, saneamento e na política continuassem sem atropelos provavelmente o mundo hoje seria outro. Alfredo da Mota Menezes escreve em A Gazeta. Email: [email protected] site: www.alfredomenezes.com Junho 2008