RELATÓRIO DE REFLEXÃO CRÍTICA - CURSO: A ARTE CONTEMPORÂNEA COMO INSPIRAÇÂO NA SALA DE AULA EXPECTATIVAS À PARTIDA PARA O CURSO O interesse em participar neste curso prendeu-se, antes de mais, com a necessidade de adquirir e desenvolver novos conhecimentos, de explorar estratégias inovadoras e de construir materiais pedagógicos mais lúdicos e criativos, facilitadores e motivadores das aprendizagens dos alunos. Este conjunto de motivações inseriu-se num quadro mais geral de interesses e sobre os quais se tem vindo a fazer alguma investigação e se gostaria de dar continuidade: O poder das imagens, dos sons, do fazer ao construir/destruir e do sentir. Neste sentido esperava-se neste curso, recolher pistas que estimulassem os alunos a ver, ouvir, sentir, interpretar, reflectir sobre as imagens, os sons e as várias técnicas e materiais utilizados, a fim de poderem concluir por si próprios uma leitura pessoal e vivenciar um modo muito próprio de ler o real proporcionados pelo contacto com a arte contemporânea. A arte contemporânea é “(…) memória e identidade, espaço público e construção de lugar, espaços de representação. Que qualidade de prática artística pode atuar transversalmente a estas dimensões? Qual o potencial de tal prática para as (re)composições de memória e identidade do indivíduo (…) ?” ( da nota de apresentação do curso A construção do Lugar pela Arte Contemporânea pela autora Marta Traquino, realizado em duas sessões, na Culturgest). A arte contemporânea transforma completamente o espaço, a realidade, o tempo e essa reinvenção, solicita no espectador diversos modos de ler e interpretar o mundo, os acontecimentos, os seus ritmos. Neste sentido, trata-se de um discurso com dispositivos técnicos muito específicos que comunica de um modo peculiar e suscita uma grande curiosidade, por isso nos pareceu, à partida, uma estratégia alternativa de ensino com um grande potencial que se impunha explorar. Por outro lado, a prática do fazer ao construir/destruir e do sentir poderia conduzir a uma enriquecedora interdisciplinariedade solicitando domínios de áreas como as Ciências Sociais e Humanas (a Literatura, a Filosofia, a Psicologia, etc.), a Física, a Matemática, o Desenho ou as Artes Visuais. Assim, esta multidisciplinaridade inerente ao trabalho em torno da arte contemporânea pareceu-nos com grande interesse para desenvolver e explorar estratégias de ensino e aprendizagens mais criativas. Antevia-se no entanto que a utilização e aplicação da arte contemporânea no terreno, em contextos pedagógicos, exigiria uma criteriosa seleção e um enorme sentido crítico a que deve obedecer a seleção de materiais produzidos e a sua aplicação. Por esta razão também se esperava reflectir sobre a arte contemporânea como recurso educativo, bem como sobre as estratégias para a sua utilização junto dos alunos. Finalmente, a participação neste curso prendeu-se com o facto de nos parecer constituir uma oportunidade para melhor conhecer alguns processos inerentes à construção da arte, criando-se um quadro de referência para a planificação do trabalho a desenvolver com os alunos. REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE O CURSO O curso frequentado correspondeu às expectativas atrás mencionadas, ultrapassando até alguns dos objectivos estabelecidos. Considera-se que houve uma excelente organização das atividades propostas no âmbito da formação e no decurso das cinco sessões a que se assistiu e em que se participou, constituindo-se como desafios interessantes e interpeladores que conduziram a uma reflexão em torno da arte contemporânea como arte pedagógica e, ao mesmo tempo, permitiram a aquisição de técnicas e formas de abordagem de diversos materiais pedagógicos susceptíveis de serem 1 aplicados na sala de aula (como a produção de pequenas narrativas, preparação de materiais com filmes, sons, fotografias, recortes, performances, etc). De elevada qualidade e pertinência, os materiais disponibilizados no âmbito do curso, contituem-se agora como pistas para redesenhar as diversas planificações do trabalho nas várias disciplinas, com novos recursos e estratégias que decerto as enriquecerão. Os principais objetivos pedagógicos serão agora o de desenvolver projetos em torno da arte contemporânea como recurso e local de encontro para a reflexão e outras vivências/experiências do sentir e o de incentivar uma postura ativa e crítica perante o mesmo. REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE AS SESSÕES “Numa sociedade em transformação, aberta e em rede, também as estratégias de aprendizagem se adaptam, repensam e evoluem. De que forma o contato com a cultura poderá ampliar horizontes, consciências críticas e potenciar de uma forma criativa o trabalho com os nossos alunos? Convidámos educadores, artistas e investigadores a promover diálogos, partilhar experiências e práticas sobre a aplicação das metodologias da arte contemporânea como inspiração na aprendizagem. Será a arte contemporânea suficientemente transdisciplinar para abordar disciplinas tão díspares como a física, a matemática, a geografia ou o português? Ou será esta capaz de revolucionar a nossa formação enquanto indivíduos? Um curso com exemplos práticos da (e para a) sala de aula à luz da perspetiva da parceria entre a escola e os museus e centros de arte contemporânea.” (da nota de apresentação do curso A Arte Contemporânea como Inspiração na Sala de Aula). Assim, definido o ponto de partida e os horizontes do presente curso, na primeira sessão fomos confrontados com as questões: Quem somos? O que procuramos?. Tais questões convidam à reflexão em torno do nosso lugar como professores, nomeadamente acerca do lugar que queremos ocupar e sobre o espaço que queremos possibilitar aos alunos. Escolhemos o espaço da liberdade e a experiência da liberdade como a seguir se verificará no projeto da Oficina de Ideias – Filosofia e criatividade que daqui emergiu e se implementou na escola. Seguiu-se o encontro com o artista convidado Francisco Tropa com uma apresentação teórico-prática do trabalho do artista e proposta prática de trabalho com o grupo, finalizando-se com a questão, Como pode a arte contemporânea ser inspiradora de práticas educativas? Assim, as questões da sessão permitiram não só uma reflexão sobre as práticas educativas que desenvolvemos, mas também a inspiração da arte contemporânea, a partir do trabalho do artista, nomeadamente na escultura, nos espaços expositivos, na performance e até no jogo que convida à observação atenta, também trabalhada nas atividades práticas de exploração do desenho e diferentes abordagens do mesmo, nesta sessão e seguintes, com João Catarino, Susana Gaudêncio e Tiago Batista. A segunda sessão teve início com a participação da artista convidada Armanda Duarte que apresentou o seu trabalho e fez também uma proposta de trabalho prático , pois tínhamos sido incumbidos de trazer uma ‘coisa’: objeto, palavra, texto (oral ou escrito)ou imagem que se relacionasse com a ideia de encarnado (não necessariamente de uma forma literal, mas que remetesse para a ideia ou conceito de encarnado). Este exercício também nos permitiu a reflexão sobre o lugar da arte contemporânea e mais do que acerca dos conceitos que foram surgindo ou do produto final, permitiu a desconstrução dos processos de criação da obra de arte e a reflexão sobre os mesmos. Seguiu-se a apresentação de um projeto de Inês Blanc, Exposições para (vi) ver que nos permitiu concluir que o que vemos/experienciamos, pode contribuir para a prática pedagógica. Aí os espaços expositivos revestem-se de uma importância crucial. Como preencher, viver e dialogar com esse espaço? 2 Finalizou-se com a proposta de um exercício a partir do som da água e a referência ao projeto Paisagens Sonoras. Esta sensibilização para o som, para a escuta permitiu-nos avançar no lugar da arte contemporânea e situá-la agora no contexto de uma pedagogia crítica, para os valores, para uma comunidade de investigação e para a metodologia do trabalho de projeto que, mais uma vez contribuiu para a elaboração do projeto da nossa escola , a Oficina de Ideias – Filosofia e Criatividade. Na terceira sessão com a artista convidada Susanne Themliz após a apresentação do seu trabalho, pudemos experienciar o desenho como obra em comunidade através da representação de conceitos e intervenção na representação gráfica elaborada por outros elementos do grupo de participantes. Permitiu-se uma reflexão sobre a questão da autoria e, mais uma vez, se encontraram pistas para a elaboração do projeto da nossa escola atrás referido que se pretendia que fosse desenvolvido em comunidade de investigação. Na quarta sessão, visitamos a exposição da Culturgest: Honey, I Rearranged The Collection...By Artists – Cartazes da Coleção Lempert (Cap. 1/ 1ª Parte): “ (...) extraordinária coleção de cartazes de artista e de exposição, iniciada na década de 1960 e composta atualmente por cerca de 15 mil espécimes. A coleção será mostrada numa série de cinco exposições que irão pontuar o programa da Culturgest até ao final de 2018. O projeto desdobra-se em três capítulos; e como o título sugere (um título pedido de empréstimo a um conjunto de obras do artista Allen Ruppersberg), esses objetos são selecionados e organizados segundo diferentes perspetivas. No primeiro capítulo, são destacados os cartazes de vários artistas que a esse meio dedicaram especial atenção. No segundo, igualmente desdobrado por duas exposições consecutivas, os cartazes serão selecionados e organizados por tópico. Finalmente, os cartazes escolhidos serão alinhados por ordem cronológica” (informação da apresentação da exposição). Na parte que visitamos nesta sessão, “os artistas destacados nesta exposição põem em jogo nos seus cartazes as preocupações, ideias, atitudes e linguagens que caracterizam o seu trabalho num dado momento. Para muitos deles, os cartazes são parte integrante do seu trabalho, são objetos que valem em si mesmos e por si mesmos, para além (muitas vezes aquém) da sua função de divulgação, frequentemente à revelia de critérios de eficácia comunicacional. Nessa medida, quando vistos no seu conjunto, os cartazes proporcionam uma viagem tão surpreendente quanto fascinante pela obra (e pela carreira) destes artistas. À medida que vamos percorrendo a exposição, somos conduzidos numa viagem igualmente apaixonante pelos meandros da história da arte nos últimos cinquenta anos. Artistas: Jean Dubuffet, Claes Oldenburg, Ben Vautier, Allan Kaprow, Robert Rauschenberg, Andy Warhol, Richard Hamilton, Dieter Roth, Ellsworth Kelly, Dan Flavin, Sol LeWitt, Richard Tuttle, Hanne Darboven, Lawrence Weiner, Marcel Broodthaers, James Lee Byars, Gino de Dominicis.” (informação da apresentação da exposição). Foi possível, no percurso efetuado ao longo da exposição, observar e refletir sobre as seguintes questões: O cartaz como obra de arte? O que é a obra de arte? É o produto final ou o processo até lá? Ou ambas as coisas? Que regras segue (ou transgride) a obra de arte? Qual é a experiência da exposição, possível ao espetador (pareceu-nos que a Culturgest nos propunha/convidava o espetador a uma outra forma de experienciar a exposição). Estas questões permitiram-nos a reflexão sobre os espaços expositivos e algumas propostas possíveis na prática pedagógica. Neste sentido, procurou-se, na presente ação, recolher pistas que estimulassem os alunos a ver e a reflectir sobre estas obras de diversos autores, usando várias técnicas e materiais de representação, bem como o fornecimento de algumas estratégias que levassem os alunos a partir do contacto direto com a obra de arte, à interrogação sobre a mesma, a senti-la, a interpretá-la a fim de concluir, por si próprio uma leitura pessoal da obra de arte. A abordagem dos espaços expositivos/museus como locais de aprendizagem e conhecimento em contexto com um conjunto de ofertas exploratórias das suas obras, permitiu consolidar a diferença entre a visita ao espaço/museu real e ao espaço/museu virtual, este último 3 tão próximo das linguagens e referências dos nossos alunos. No entanto, a presente ação reforça a sua tão somente complementaridade que não substitui nunca a vivência do contacto direto com a obra de arte e os múltiplo estímulos para a relação única e singular que decorre dessa proximidade. A abordagem da Educação no espaço expositivo/museu permite desenvolver a aprendizagem pela descoberta, na qual se encontraram profundas afinidades com a postura ativa crítica tão próprias de muitas outras disciplinas e que se procura cultivar nas aulas. A abordagem da escrita (nalguns cartazes da exposição aquilo que está escrito interpela, provoca), como um processo do olhar atento que descobre o registo “escrito” num sentido mais lato, do pormenor do registo dos instrumentos de trabalho, dos materiais utilizados, das “marcas” do tempo e da “mão” do artista. Estas abordagens nortearam toda a reflexão acerca do projeto e dos recursos didáticos aí propostos. Nesta visita, o espaço expositivo revelou-se como um novo “mundo” em que se impunha “viajar” descobrindo novas paragens. Viajar mais não é do que “ver”, “ler” a obra de arte, neste caso, e dialogar com ela. Nisto consistiu-se o horizonte para “desenhar” o projeto Oficina de Ideias – Filosofia e Criatividade, bem como os recursos didáticos propostos: O ponto de partida foi a ideia do visitante/aluno como “viajante” que leva uma “mala de viagem” (uma maleta pedagógica - recurso didático) e que o acompanha na visita à exposição. Essencialmente é uma mala de descoberta da exposição e das suas obras. Por um lado pretende-se criar a experiência da vivência do espaço da exposição e a do contacto com as obras de arte, por outro lado, é também objetivo criar possibilidades de aquisição de conhecimentos a partir da exposição e sobre as suas obras. Os principais objetivos pedagógicos serão os de desenvolver a experiência estética e questionamento da obra de arte e incentivar uma postura ativa e crítica perante a obra de arte. Finalizou-se a sessão com o exercício Maranha de Cores como estratégia de reflexão acerca da utilização do corpo e propondo outro tipo de linguagens além do corpo, nomeadamente o desenho (neste caso para ultrapassar o “molesto”). O jogo convida à interação e à descontração, tão essenciais ao lugar e espaço de liberdade de que falávamos atrás, horizonte em que se definiu o projeto por nós elaborado na escola. Na última sessão desenvolvemos o tópico do livro de artista colaborativo, interessante para a reflexão em torno de processos de construção que passam, por vezes, pela destruição para a inovação e criatividade. Nesta última sessão fizemos ainda uma manta de retalhos para um picnic com todo o grupo que frequentou o curso. Foi-nos apresentada a manta de retalhos e o picnic como uma ferramenta didática que foi utilizada por artistas contemporâneos interessados na arte como etnografia. Através dela podemos trabalhar a educação visual, as relações sociais, os valores, etc. Pareceu-nos, por isso, muito interessante como trabalho colaborativo no contexto da comunidade de investigação do projeto atrás referido, a implementar na nossa escola. O RESULTADO: UMA OFICINA DE IDEIAS – FILOSOFIA E CRIATIVIDADE Efetivamente, destes “ (...) diálogos, partilha de experiências e práticas sobre a aplicação das metodologias da arte contemporânea como inspiração na aprendizagem entre educadores, artistas e investigadores (...)” (da nota de apresentação do curso A Arte Contemporânea como Inspiração na Sala de Aula), nasceu um lugar de encontro , a Oficina de Ideias – Filosofia e Criatividade da Escola Secundária D. João II, em Setúbal e o projeto, Filosofia e Criatividade que a seguir se apresenta. 4 Escola Secundária D. João II Projeto - Ano Letivo 2014/2015 1. Identificação do Projeto Oficina de Ideias – Filosofia e Criatividade 2. Fundamentação do Projeto | Contextualização Uma oficina não é uma troca de opiniões, uma palestra ou uma verificação de conhecimentos adquiridos, mas antes a construção em conjunto de um processo de pensamento, através de um exame das suas falhas e limitações. Oscar Brenifier Propõe-se uma oficina porque o objetivo fundamental não é falar de filosofia, mas fazer filosofia. É antes de mais, um espaço de diálogo e de reflexão, não o de uma palestra, não se procura transmitir ou avaliar conhecimentos adquiridos, mas refletir em conjunto sobre temas e problemas que vão surgindo no decurso das sessões. É assim, um espaço de debate de ideias que visa promover o prazer de pensar (ainda) melhor, incentivando a procura pessoal ativa, crítica e criativa de respostas aos problemas filosóficos. Como oficina de filosofia prática e de pensamento crítico e criativo desenvolver-se-ao práticas de aperfeiçoamento de capacidades cognitivas e argumentativas, serão partilhadas técnicas, conceitos, instrumentos cognitivos, lógicos, argumentativos da área do pensamento crítico em sessões de debate filosófico em grupo. Como é óbvio, não se tratará de ensinar filosofia nos moldes habituais, pois o objetivo, tal como se disse anteriormente, não é o de transmitir conteúdos programáticos, mas ensinar a pensar melhor e de um modo criativo,, não sendo necessária, para os mais novos, a referência a autores ou a utilização de uma terminologia específica, privilegiando-se antes de mais a linguagem quotidiana, a experiência e a vivência pessoais, ou seja, pretende-se implementar metodologias ativas de trabalho que promovam a autonomia e o espírito crítico, integrar vivências, experiências, conhecimentos e interesses dos alunos no processo de ensino-aprendizagem, tal como se prevê no projeto educativo (PE) da Escola Secundária D. João II. Por outro lado, a área do pensamento crítico e criativo é uma área transversal a todas as disciplinas (Português, História, Ciências, Artes, etc.) e por essa razão a oficina de ideias – Filosofia e Criatividade deve assumir um carácter interdisciplinar que marcará a tónica principal das atividades desenvolvidas. A este respeito, a Escola Secundária D. João II apresenta no seu projeto educativo (PE) como alguns dos objetivos valorizar o trabalho interdisciplinar privilegiando a transversalidade, pelo que se pretende ir de encontro a esses objetivos. O desenvolvimento de habilidades de raciocínio e de pensamento criativo repercutir-se-a na aprendizagem de todas as matérias do curriculum escolar, melhorará os níveis de compreensão e leitura, bem com as capacidades de cálculo, a própria criatividade e imaginação será também estimulada. Finalmente, num espaço que visa a promoção e a criação de hábitos de questionamento nos alunos, desenvolvendo o aprender a questionar e a entrar em debate sobre temas que lhes interessam, bem como o aprender ao mesmo tempo a ouvir e a respeitar a opinião dos outros e a habituar-se a justificar as suas, incentivando a reflexão e conduzindo à aquisição de ferramentas para um pensamento autónomo, constituir-se-a necessariamente, como uma oportunidade de se desenvolverem competências como a de saber escutar, de tolerância, de sociabilidade, de colaboração e de trabalho em equipa, de respeito pelo outro, pela diferença, contribuindo assim para uma melhor integração social, ajudando até por vezes os jovens a anular tensões e a resolver conflitos que muitas vezes transportam consigo do exterior, para o interior da escola. 3. População Alvo Os alunos de 7º, 8º e 9º Ano de escolaridade (Oficina I); Os alunos do 10º, 11º e 12º Ano de escolaridade (Oficina II). 4. Objetivos Gerais do Projeto 1. Desenvolver o interesse e a curiosidade pelo conhecimento e a arte em geral; 2. Desenvolver competências de pesquisa e tratamento da informação; 5 3. Promover o exercício da leitura, da escrita, da reflexão e criação artística; 4. Desenvolver capacidades de problematização, argumentação e crítica; 5. Desenvolver competências de comunicação; 6. Abrir perspetivas/horizontes aos alunos, na relação com vários temas/ problemas do mundo contemporâneo, através de abordagens múltiplas e abrangentes; 7. Sensibilizar para o tratamento transversal das temáticas abordadas; 8. Promover a interdisciplinaridade; 9. Expor e publicar trabalhos/ materiais dos alunos produzidos a partir da reflexão e do debate de ideias; 10. Constituir um conjunto de recursos de apoio aos alunos; 11. Contribuir para a melhoria dos resultados escolares; 12. Fomentar e melhorar a relação interpessoal. 4.1. Objetivos Específicos da Oficina 1. Desenvolver capacidades de raciocínio e do pensamento em geral (conceptuais, de identificação, classificação, explicação, análise); 2. Desenvolver a capacidade de questionamento e crítica (saber perguntar porquê, clarificar questões e afirmações, saber dar e pedir exemplos, apresentar novas hipóteses, identificar contradições); 3. Desenvolver a criatividade na apresentação de perspetivas; 4. Promover o pensamento autónomo; 5. Incentivar o confronto de ideias, o diálogo e a reflexão em grupo; 6. Sensibilizar para as questões filosóficas; 7. Promover a investigação, a pesquisa e o tratamento da informação. 4.2. Objetivos Específicos da Oficina II 1. Promover a leitura e análise de obras literárias (ou excertos) relacionando-as com conteúdos filosóficos; 2. Promover a análise, o questionamento e a reflexão em torno de obras de arte; 3. Construir contextos informais de aprendizagem que promovam o espírito crítico; 4. Desenvolver competências cognitivas e discursivas próprias da filosofia; 5. Reflectir sobre temas do mundo contemporâneo nas suas vertentes política, religiosa e estética, susceptíveis de uma abordagem filosófica; 6. Evidenciar a relação da filosofia com diferentes áreas do saber; 7. Compreender a importância da Filosofia na vida quotidiana. 5. Metodologias O projeto baseia-se numa metodologia: 1. Participativa e interativa – promoção de debates, jogos e simulações; oficinas de expressão plástica; 2. Cooperativa – realização de trabalhos de grupo; 3. Construtiva – contribuição para a realização integral do aluno: “aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros”. 6 6. Conteúdos 1. Práticas de pesquisa e reflexão crítica; 2. Metodologia de problematização e debate; 3. Práticas de autoconhecimento e de autocontrolo; 4. Práticas de conhecimento e compreensão do outro (empatia, tolerância, respeito e valorização das diferenças, solidariedade); 5. Oficinas de expressão plástica e criatividade; 6. Gestão de conflitos: negociação e cooperação; 7. Exercícios de comunicação. 7. Avaliação dos alunos Assegurar a articulação entre a avaliação diagnóstica e formativa. Atribuição de uma menção qualitativa, acompanhada de uma síntese descritiva. 8. Recursos Humanos, Físicos e Materiais Serão utilizados dois blocos letivos semanais de 90 minutos, o que perfaz 4 tempos letivos semanais de 45 minutos. A oficina desenvolver-se-a na Biblioteca da Escola e na sala de Artes. A equipa responsável pelo projeto definir-se-a consoante a colaboração disponibilizada pelos docentes do grupo disciplinar de Filosofia, após a apresentação do projeto em reunião do grupo disciplinar e por docentes de outros grupos disciplinares que se propuserem a assegurar o desenvolvimento da oficina, após a tomada de conhecimento da mesma. A coordenadora do presente projeto é a docente Maria do Céu Oliveira (grupo 410 – Filosofia) a quem coube a elaboração do presente projeto e que se responsabilizará pela sua implementação, operacionalização, elaboração dos recursos didáticos necessários, solicitação da colaboração necessária e avaliação do mesmo. Os docentes envolvidos no projeto informam os conselhos de turma sobre o mesmo, com o objetivo de fomentar uma articulação curricular mais eficaz, evidenciando a transversalidade da educação para a cidadania. A escola possui e disponibiliza todos os recursos físicos e materiais para a implementação do projeto. A biblioteca escolar e a sala de Artes serão recursos fundamentais. 9. Operacionalizaçaõ do projeto A Oficina de Ideias destina-se a: - Alunos do 7º, 8º e 9º ano – Iniciação à Filosofia – Filosofia e Criatividade (Oficina I); - Alunos de Filosofia dos 10º e 11º anos Filosofia e Criatividade (Oficina II); - Outros alunos que, já tendo tido filosofia (12º anos), queiram aprofundar as suas competências reflexivas e criativas (Oficina II As atividades decorrerão de acordo com o calendário escolar, com os mesmos períodos de atividade letiva e respetivas interrupções. Possibilidades de operacionalização: – Alunos em aulas de substituição (um grupo de 5 alunos seriam encaminhados para a Oficina de ideias – Filosofia e Criatividade); – Um dia com hora marcada em que os alunos se poderão inscrever livremente; – Alunos propostos para apoio (nestes casos dever-se-á trabalhar competências especificas). Recursos/Atividades: - Documentos impressos (livros) existentes na Biblioteca Escolar e outros; - Documentos Vídeo existentes na Biblioteca Escolar e outros; 7 - Malas pedagógicas – Malas de Viagem, para serem exploradas (estas malas pedagógicas serão concebidos pela coordenadora do projeto e outros professores colaboradores e contêm: um “Diário de Bordo” (para a construção de histórias e narrativas a partir das obras de arte analisadas); um “Bloco de Sensações” (para as anotações livres de sensações provocadas pelas obras de arte analisadas); um “Álbum de Memórias” (para dar forma plástica às imagens construídas na memória a partir da obra de arte analisada, usando materiais, técnicas de correspondência ou modificação da percepção construída e objecto da memória, a partir dos elementos observados/interpretados. Pode ser através da pintura, do desenho, da impressão, da colagem de materiais, etc.) e uma “Caixa de Materiais” (para que esta apropriação dos objectos observados seja feita desafiando simultaneamente a sua reinvenção e a partir dos quais se criam outros objectos com pintura, desenho, impressões, colagens, etc.). A utilização do recurso didáctico - a “mala de viagem” - mala pedagógica cujo conteúdo atrás se descreveu, por vezes implica uma visita ao museu ou a uma exposição com este recurso. Numa primeira etapa da “viagem” pretende-se que o aluno se surpreenda, se inquiete, estranhe, questione e registe as suas impressões nos suportes apresentados. Numa segunda etapa decorrerá a discussão e o conjunto de trabalhos sobre essas impressões, questões e outros dados recolhidos, no espaço da Oficina de Ideias – Filosofia e Criatividade. Causar surpresa, inquietação, estranheza, interpelação que se considera decorrerem sobretudo da dificuldade de se estabelecer uma correspondência imediata entre os elementos de um quotidiano e um outro conjunto de elementos que dificilmente se conseguem classificar na obra de arte, além dos elementos visuais que cativam o nosso olhar e o convidam insistentemente a um revisitar. Que histórias nos contam as obras de arte? Assim, como se de uma viagem se tratasse, propusemos como recurso didático que acompanha o aluno - “viajante”, uma “mala de viagem”- mala pedagógica. Apresentação dos resultados decorrerá na Oficina de Ideias – Filosofia e Criatividade, bem como a reflexão conjunta. A avaliação será essencialmente de carácter formativo. Duração: Ao longo do ano letivo de 2014/2015. Local: Biblioteca Escolar e sala de Artes Coordenadora do projeto: Prof.Maria do Céu Oliveira (Grupo 410 – Filosofia) e outros colaboradores/ professores de outras áreas disciplinares que manifestem interesse na colaboração No final de cada período letivo será realizada: · Estatística de frequência; · Elaboração de um memorando com a indicação dos pontos fortes, pontos fracos e estratégias de melhoria. No final do ano letivo será elaborado um relatório de avaliação do projeto. 10. Fontes/ Bibliografia Utilizada na Elaboração do Projeto Aires Almeida e Desidério Murcho, Textos e Problemas de Filosofia, Plátano Editora, 2006. Alexander George, Que Diria Sócrates?, Ed. Gradiva, 2008. Anthony Weston, A Arte de Argumentar, Ed. Gradiva, 2005. Christopher Philips, Socrates Café - a fresh taste of philosophy, Ed. W. W. Norton & Company, 2001. Desidério Murcho, Filosofia em Directo, Ed. Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011. Dina Mendonça, Brincar a Pensar - Manual de Filosofia para Crianças, Plátano Editora, 2011. Fernando Savater, As Perguntas da Vida, Ed. D. Quixote, 2000. , O Meu Dicionário Filosófico, Ed. D. Quixote, 2000. , Ética Para Um Jovem, Ed. Presença, 1993. Isabel Minhós, Martins, És mesmo Tu?, Ed. Planeta Tangerina, 2010. James Rachels, Problemas da Filosofia, Ed. Gradiva, 2009. Madalena Wallesntein, Ana Silvestre, Rita Pedro, Se Não Havia Nada, Como é que Surgiu Alguma Coisa?, Ed. Centro Cultural de Belém - Fábrica das Artes. Projeto Educativo, 2014. Oscar Brenifier, Livro dos Grandes Opostos Filosóficos, Ed. Edicare, 2009. , O Sentido da Vida, Ed. Edicare, 2009. 8 , Quem sou Eu?, Ed. Dinalivro, 2008. , O Que é Viver em Sociedade?, Ed. Dinalivro, 2008. , O Que são o Bem e o Mal?, Ed. Dinalivro, 2008. , O Que é a Liberdade?, Ed. Dinalivro, 2007. , O Que é o Saber?, Ed. Dinalivro, 2007. , O Que São os Sentimentos?, Ed. Dinalivro, 2009. , O Que São a Beleza e a Arte?, Ed. Dinalivro, 2008. Peter Cave, Duas Vidas Valem Mais Que Uma?, Ed. Academia do livro, 2008. Philip Waetcher, Eu, Ed. Gatafunho, 2010. Thomas Cathcart e Daniel Klein, Platão e um Ornitorrinco entram num bar...- Filosofia com humor, Ed. D. Quixote, 2010. Filosofia, Publicação Periódica da Sociedade Portuguesa de Filosofia, vol.II, nº1/2 - Primavera 88. O Ensino da Filosofia - Filosofia para Crianças. Apresentação de uma nova proposta de ensino. Zaza Carneiro de Moura, pp.202-206. 11. Outros Projetos Relacionados - “Filosofia para Crianças”. Centro de Filosofia para Crianças da Sociedade Portuguesa de Filosofia; - “Filosofia e Criatividade - Sentir Pensamentos. Pensar Sentimentos”. Coord. Joana Rita Sousa; - “Livres Pensadores”. Coord. Ana Aires Breysse; - “Filôfun”. Coord. Ana Aires Breysse; - “Café Filosófico”. Coord. Ana Aires Breysse; - “Clube Filosófico”. Coord. Tomás Magalhães Carneiro. AVALIAÇÃO DO CURSO As maiores dificuldades sentidas em relação ao curso que se frequentou, prenderam-se com a gestão do tempo necessário para os vários exercícios práticos, neste sentido o único aspecto menos positivo que aqui se sublinha relaciona-se com a duração limitada das sessões. Os aspectos positivos salientam-se, apesar de tudo, na medida em que se tornou possível, no decurso das sessões frequentadas, reflectir sobre a utilização da arte contemporânea como recurso educativo, por um lado, e a aquisição de conhecimentos em torno dos processos e práticas, numa vertente artística e pedagógica. Todas as temáticas desenvolvidas ao longo das sessões despertaram um grande interesse, suscitando uma enorme curiosidade e motivação para os trabalhos práticos realizados, desenvolvendo-se também um ambiente de grande cooperação e um saudável convívio entre os participantes. Por tudo isto, sugere-se a continuidade deste curso visando o aprofundamento dos conhecimentos e práticas pedagógicas desenvolvidos com as presentes formadoras. Igualmente se procurara pistas para a reflexão sobre os espaços expositivos e as suas obras como recursos educativos, bem como sobre as estratégias para a sua utilização junto dos alunos. BIBLIOGRAFIA GERAL Alice Semedo e J. Teixeira Lopes, Museus, Discursos Representações. (2006). Lisboa, Edições Afrontamento. Marta Traquino, A Construção do Lugar pela Arte Contemporânea.(2010). Lisboa, Edições Húmus. Jacques Rancière, O Espectador Emancipado. (2010). Lisboa. Edições Orfeu Negro. , O Destino das Imagens. (2010). Lisboa. Edições Orfeu Negro. BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA Aires de Almeida e Desidério Murcho, Textos e Problemas de Filosofia. (2006). Lisboa, Plátano Editora. 9 Oscar Brenifier, O que são a Beleza e a Arte? (2008). Lisboa. Edições Dinalivro. Keri Smith, How to be an Explorer of the World. Portable Art Life Museum. (2008). New York. Penguin Group. AUTORIA Maria do Céu Lurdes da Silva Rodrigues Oliveira (Curso: “A Arte Contemporânea Como Inspiração Na Sala De Aula” – Sessões: 04 Outubro 2014; 29 Novembro 2014; 10 Janeiro 2015; 28 Fevereiro 2015 e 18 Abril 2015). 18.05.2015 10