Exame radiológico do tórax

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Exame radiológico do tórax
Sistematicamente, as radiografias do tórax fazem-se de costas ou de frente, mas às vezes esta perspectiva complementa-se com uma
projecção lateral (de perfil). As radiografias do tórax mostram bastante bem o contorno do coração e dos principais vasos sanguíneos,
podendo geralmente detectar-se uma doença grave nos pulmões, nos espaços adjacentes e na parede torácica, incluindo as costelas. Por
exemplo, as radiografias do tórax podem mostrar claramente uma pneumonia, tumores pulmonares, um colapso do pulmão
(pneumotórax), líquido na cavidade pleural (derrame pleural) e enfisema. Embora as radiografias do tórax raramente proporcionem a
informação suficiente para determinar a causa exacta da alteração, podem ajudar a determinar os exames complementares de que se
necessita para estabelecer o diagnóstico.
Os exames do tórax através da tomografia axial computadorizada (TAC) proporcionam mais pormenores do que uma radiografia
vulgar. No exame pela TAC analisam-se uma série de radiografias com um computador, que depois mostra várias projecções de secções
transversais. Durante a TAC pode injectar-se um corante dentro da corrente sanguínea ou então administrar-se por via oral. Este meio de
contraste ajuda a clarificar certas alterações no tórax.
Os exames com ressonância magnética (RM) dão também imagens muito pormenorizadas, especialmente úteis quando o médico
considera que possam existir alterações dos vasos sanguíneos do tórax, como um aneurisma aórtico. Ao contrário da TAC, a RM não
utiliza radiação. Por outro lado, regista as características magnéticas dos átomos dentro do corpo.
A ecografia cria uma imagem sobre um monitor, que se forma pela reflexão das ondas sonoras sobre determinadas partes do corpo. A
ecografia utiliza-se com frequência para detectar líquidos na cavidade pleural (espaço que se encontra entre os dois folhetos da pleura
que revestem o pulmão). Pode também utilizar-se a ecografia como guia ao realizar a aspiração dum líquido com uma agulha.
O estudo pulmonar com isótopos radioactivos utiliza quantidades muito reduzidas de material radioactivo de curta vida, para mostrar o
débito de ar e de sangue através dos pulmões. Geralmente, o exame efectua-se em duas fases. Na primeira, a pessoa inala um gás
radioactivo e, a seguir, o sistema de estudo (câmara gama) cria uma imagem que mostra como o gás se distribui pelas vias aéreas e pelos
alvéolos. Em seguida, injecta-se numa veia uma substância radioactiva e cria-se uma imagem que mostra como se distribui essa
substância pelos vasos sanguíneos do pulmão. Este tipo de estudo é particularmente útil para detectar coágulos de sangue nos pulmões
(embolias pulmonares); pode também utilizar-se durante a avaliação pré-operatória em doentes com cancro do pulmão.
A angiografia mostra com pormenor o afluxo de sangue aos pulmões. O meio de contraste, um líquido radioopaco que pode ser vísivel
nas radiografias, injecta-se dentro de um vaso sanguíneo e, a seguir, registam-se as imagens das artérias e das veias dos pulmões. A
angiografia utiliza-se com maior frequência quando se suspeita de uma embolia pulmonar, baseando-se geralmente nos resultados
anormais de uma gamagrafia pulmonar. A angiografia da artéria pulmonar é considerada como a prova definitiva (padrão ouro) para
diagnosticar e descartar a embolia pulmonar.
Biologia cardiovascular
O coração é um órgão muscular situado no meio do tórax que possui, tanto do lado direito como do lado esquerdo, uma cavidade
superior (aurícula), que recebe o sangue, e uma cavidade inferior (ventrículo), que o expulsa. Para garantir que o sangue corra numa só
direcção, os ventrículos têm uma válvula de entrada e outra de saída.
As funções primárias do coração consistem em proporcionar oxigénio a todo o organismo e, ao mesmo tempo, libertá-lo dos produtos de
eliminação (anidrido carbónico). Concretamente, esta função pressupõe recolher o sangue do organismo, pobre em oxigénio, e bombeá-
lo para os pulmões, onde é oxigenado e onde o anidrido carbónico é libertado; depois, o coração envia este sangue rico em oxigénio para
todos os tecidos do organismo.
A drenagem venosa: as principais veias do corpo
As principais artérias do corpo
Diagnóstico das doenças cardíacas
O diagnóstico de uma cardiopatia costuma estabelecer-se a partir da história clínica e do exame físico. Utilizam-se determinados exames
complementares para confirmar o diagnóstico e determinar a gravidade e as consequências da doença, assim como para facilitar a
planificação do tratamento.
História clínica e exame físico
Em primeiro lugar, o médico pergunta acerca dos sintomas que sugerem a possibilidade de uma cardiopatia, como dor torácica,
insuficiência respiratória, edema dos pés e tornozelos e palpitações. A seguir, regista a presença de outros sintomas, como febre, falta de
forças, fadiga, perda de apetite e mal-estar geral, que podem apontar directamente para uma perturbação cardíaca. Depois, pergunta-se ao
doente sobre infecções, exposição a produtos químicos, uso de medicamentos, consumo de álcool e tabaco, ambiente familiar e laboral e
actividades recreativas. Por último, é necessário saber se algum membro da família teve doenças cardíacas e/ou outras perturbações e se
o doente tem alguma doença que possa afectar o sistema cardiovascular.
Durante o exame físico, regista-se o peso e o estado geral e observa-se se existe palidez, suor ou sonolência, dado que são indicadores
subtis de uma doença cardíaca. Deve também ter-se em conta o estado de ânimo e a sensação de bem-estar, que podem também
encontrar-se afectados por uma cardiopatia.
É importante determinar a cor da pele, dado que a palidez ou a cianose (uma coloração azulada) indicam anemia ou escasso débito
sanguíneo. Estas características revelam que a pele recebe uma quantidade insuficiente de oxigénio através do sangue por causa de uma
perturbação pulmonar, de uma disfunção cardíaca ou de problemas circulatórios de índole diferente.
Palpa-se o pulso nas artérias do pescoço, por debaixo dos braços, nos cotovelos e nos pulsos, no abdómen, nas ínguas, por detrás dos
joelhos e nos tornozelos e nos pés, para se assegurar de que o fluxo de sangue é adequado e simétrico em ambos os lados do corpo.
Controla-se também a pressão arterial e a temperatura corporal; qualquer anormalidade pode sugerir uma cardiopatia.
É importante examinar as veias do pescoço, já que estão directamente ligadas à aurícula direita e dão uma indicação do volume e da
pressão do sangue que entra no lado direito do coração. Para esta parte do exame solicita-se ao doente que se deite com a parte superior
do corpo elevada num ângulo de 45 graus. Por vezes, o doente poderá sentar-se, pôr-se de pé ou deitar-se.
O médico pressiona com o dedo a pele dos tornozelos e das pernas e, por vezes, a parte inferior das costas, com o objectivo de detectar
uma acumulação de líquidos (edema) nos tecidos que se encontram por debaixo da pele.
Usa-se um oftalmoscópio (instrumento que permite examinar o interior do olho) para observar os nervos e os vasos sanguíneos da retina
(a membrana sensível à luz que se encontra sobre a superfície interna da parte posterior do olho). Podem encontrar-se anomalias visíveis
na retina em caso de hipertensão arterial, diabetes, arteriosclerose e infecções bacterianas das válvulas cardíacas.
O médico observa o tórax para determinar se a frequência e os movimentos respiratórios são normais e depois percute no peito com os
dedos para saber se os pulmões estão cheios de ar, o que é normal, ou então se contêm líquido, o que é anormal. A percussão permite
também determinar se a membrana que envolve o coração (pericárdio) ou a que cobre os pulmões (pleura) contêm líquido. O
fonendoscópio emprega-se para auscultar os sons da respiração e determinar se o débito respiratório é normal ou se há uma obstrução,
assim como se os pulmões contêm líquido devido a uma perturbação cardíaca.
O médico coloca a mão sobre o tórax para determinar o tamanho do coração e o tipo e a força das contracções durante cada batimento.
Por vezes, um fluxo de sangue anormal e turbulento dentro dos vasos ou entre as cavidades do coração provoca uma vibração que se
percebe com as cabeças dos dedos ou com a palma da mão.
É também possível identificar com um fonendoscópio os sons diferentes provocados pela abertura e pelo encerramento das válvulas
cardíacas (auscultação). As anomalias nas válvulas e outras partes do coração criam turbulências na circulação sanguínea que geram sons
característicos denominados sopros cardíacos.
Um fluxo sanguíneo turbulento aparece geralmente quando o sangue passa pelas válvulas estreitas ou que não fechem bem.
Nem todas as doenças cardíacas provocam sopros e nem todos os sopros indicam uma perturbação. Geralmente, as mulheres grávidas
têm sopros cardíacos pelo aumento anormal da velocidade do fluxo de sangue. Estes sopros inofensivos são também frequentes em
crianças pequenas e nos idosos devido à rapidez com que o sangue atravessa as pequenas estruturas do coração. À medida que as paredes
dos vasos, as válvulas e outros tecidos vão amadurecendo com o envelhecimento, o fluxo sanguíneo pode tornar-se turbulento, embora
não exista uma doença cardíaca prévia grave.
Colocando o fonendoscópio sobre as artérias e as veias em qualquer lugar do corpo, podem-se detectar sinais de fluxo turbulento,
chamados sopros, provocados por um estreitamento dos vasos ou por comunicações anormais entre eles.
Por último, examina-se o abdómen para determinar se o fígado aumentou de volume devido a uma acumulação de sangue nas principais
veias que conduzem ao coração. Uma dilatação anormal do abdómen, devida a retenção de líquidos, pode indicar uma insuficiência
cardíaca. Examina-se também o pulso e o diâmetro da aorta abdominal.
Arritmias cardíacas
O coração é um órgão muscular com quatro cavidades desenhadas para trabalhar de maneira eficiente e contínua durante toda a vida. As
paredes musculares de cada cavidade contraem-se numa sequência precisa e durante cada batimento expulsam a maior quantidade de
sangue com o menor esforço possível.
A contracção das fibras musculares do coração é controlada por uma descarga eléctrica que percorre o coração seguindo diferentes
trajectórias e a uma velocidade determinada. A descarga rítmica que dá início a cada batimento tem origem no pacemaker fisiológico do
coração (nódulo sino-auricular), que se encontra na parede da aurícula direita. A velocidade destas descargas depende em parte dos
impulsos nervosos e da quantidade de certas hormonas no sangue.
A parte do sistema nervoso que regula automaticamente a frequência cardíaca é o sistema nervoso autónomo, que compreende os
sistemas nervosos simpático e parassimpático. O sistema nervoso simpático acelera a frequência cardíaca; o parassimpático diminui-a. O
sistema simpático proporciona ao coração uma rede de nervos, denominada plexo simpático. O sistema parassimpático chega ao coração
através de um só nervo: o nervo vago ou pneumogástrico.
Por outro lado, as hormonas do sistema simpático (a adrenalina e a noradrenalina) aumentam também a frequência cardíaca. A hormona
tiróidea exerce também o mesmo efeito. Demasiada hormona tiróidea faz com que o coração bata com excessiva rapidez, enquanto se
houver pouca fá-lo-á com excessiva lentidão.
A frequência cardíaca em repouso é de 60 a 100 batimentos por minuto. No entanto, podem ser consideradas normais velocidades muito
menores em adultos jovens, sobretudo nos que estão em boas condições físicas. As variações na frequência cardíaca são normais.
Aparecem não só por efeito do exercício ou da inactividade, mas também devido a outros estímulos, como a dor e as emoções. Só
quando o ritmo é inadequadamente rápido (taquicardia) ou lento (bradicardia), ou quando os impulsos eléctricos seguem vias ou trajectos
anómalos, se considera que o coração tem um ritmo anormal (arritmia). Os ritmos anormais podem ser regulares ou irregulares.
Vias de circulação dos estímulos eléctricos
Os impulsos eléctricos do pacemaker dirigem-se, primeiro, para as aurículas direita e esquerda e, como consequência, provocam a
contracção do tecido muscular numa determinada sequência que leva o sangue a ser expulso das aurículas para os ventrículos. A seguir,
o impulso eléctrico chega até ao nódulo auriculoventricular situado entre as aurículas e os ventrículos. Este nódulo retém as descargas
eléctricas e retarda a sua transmissão para permitir que as aurículas se contraiam por completo e que os ventrículos se encham com a
maior quantidade de sangue possível durante a diástole ventricular.
Depois de passar pelo nódulo auriculoventricular, o impulso eléctrico chega ao feixe de His, um grupo de fibras que se dividem num
ramo esquerdo para o ventrículo esquerdo e um ramo direito para o ventrículo direito. Deste modo, o impulso distribui-se de maneira
ordenada sobre a superfície dos ventrículos e inicia a sua contracção (sístole), durante a qual o sangue é expulso do coração.
Diversas anomalias deste sistema de condução do impulso eléctrico podem provocar arritmias que podem ser desde inofensivas até
graves, com risco de morte. Cada variedade de arritmia tem a sua própria causa, enquanto uma causa pode dar lugar a vários tipos de
arritmias. As arritmias ligeiras podem surgir pelo consumo excessivo de álcool ou de tabaco, por stress ou pelo exercício. A
hiperactividade ou o baixo rendimento da tiróide e alguns fármacos, especialmente os utilizados para o tratamento das doenças
pulmonares e da hipertensão, podem também alterar a frequência e o ritmo cardíacos. A causa mais frequente das arritmias é uma doença
cardíaca, em particular a doença das artérias coronárias, o mau funcionamento das válvulas e a insuficiência cardíaca. Por vezes, as
arritmias surgem sem uma insuficiência cardíaca subjacente ou qualquer outra causa detectável.
Trajectória dos impulsos eléctricos do coração
O nódulo sino-auricular (1) inicia um impulso eléctrico que
percorre as aurículas direita e a esquerda (2), levando à sua
contracção. Quando o impulso eléctrico alcança o nódulo
auriculoventricular (3), é retardado ligeiramente. O impulso,
em seguida, viaja para o feixe de His (4), que se divide no
ramo direito do feixe de His para o ventrículo direito (5) e no
ramo esquerdo do mesmo para o ventrículo esquerdo (5). A
seguir, o impulso estende-se pelos ventrículos, fazendo com
que se contraiam.
Sintomas
A consciência do próprio batimento do coração (palpitações) varia muito de uma pessoa para outra. Algumas pessoas podem distinguir
os batimentos anormais e outras são capazes de sentir até os batimentos normais. Por vezes, quando se está deitado sobre o lado
esquerdo, a maioria das pessoas sente o batimento do coração. A consciência dos próprios batimentos pode tornar-se incómoda, mas
habitualmente não provém de uma doença subjacente. O mais frequente é isso dever-se a contracções muito fortes que se manifestam
periodicamente por diversas razões.
A pessoa com um certo tipo de arritmia tem tendência para sofrer desta mesma arritmia repetidamente. Alguns tipos de arritmias
provocam poucos sintomas ou nenhuns, mas podem causar problemas. Outras nunca causam problemas importantes, mas, por outro lado,
provocam sintomas. Muitas vezes, a natureza e a gravidade da doença cardíaca subjacente são mais importantes que a arritmia em si
mesma.
Quando as arritmias afectam a capacidade do coração para bombear sangue, podem causar enjoos, vertigem e desmaio (síncope). (Ver
secção 3, capítulo 23) As arritmias que provocam estes sintomas requerem atenção imediata.
Dois sistemas diferentes de pacemakers
Observe-se a implantação no tecido subcutâneo e os fios (eléctrodos) dirigidos para o coração  
Diagnóstico
A descrição dos sintomas permite quase sempre fazer um diagnóstico preliminar e determinar a gravidade da arritmia. As considerações
mais importantes consistem em saber se os batimentos são rápidos ou lentos, regulares ou irregulares, curtos ou prolongados, se
aparecem vertigens, enjoos ou enfraquecimento e inclusive perda de consciência e se as palpitações se associam a dor torácica, sufocação
e outras sensações incómodas. O médico também necessita de saber se as palpitações se manifestam quando o doente está em repouso ou
durante uma actividade pouco habitual ou enérgica e, além disso, se começam e acabam de maneira repentina ou gradual.
Geralmente, são necessários alguns exames complementares para determinar com exactidão a natureza da doença. O electrocardiograma
(Ver imagem da secção 2, capítulo 15) é o principal exame diagnóstico para detectar arritmias e proporciona uma representação gráfica
das mesmas.
No entanto, o electrocardiograma (ECG) só mostra a frequência cardíaca durante um breve período e as arritmias são, em geral,
intermitentes. Por isso, um monitor portátil (Holter) (Ver imagem da secção 2, capítulo 15) que o doente transporte colocado durante 24
horas pode oferecer mais informação. Este pode registar arritmias que aparecem de forma esporádica enquanto o doente continua as suas
actividades diárias habituais e aponta num diário os sintomas detectados nas 24 horas. No caso de arritmias potencialmente mortais, é
necessária a hospitalização para levar a cabo esta monitorização.
Quando se suspeita da existência de uma arritmia persistente e potencialmente mortal, os estudos electrofisiológicos invasivos podem ser
de grande ajuda. Para isso, introduz-se por via endovenosa até ao coração um cateter que contém alguns fios metálicos. Utilizando de
forma combinada o estímulo eléctrico e uma monitorização sofisticada, pode determinar-se o tipo de arritmia e a resposta mais provável
ao tratamento. As arritmias mais graves podem detectar-se através desta técnica.
Prognóstico e tratamento
O prognóstico depende, em parte, de se saber se a arritmia começa no pacemaker normal do coração, nas aurículas ou nos ventrículos.
Geralmente, as que começam nos ventrículos são mais graves, embora muitas delas não sejam perigosas.
Geralmente, as arritmias não provocam sintomas nem interferem na função de bombeamento do coração, pelo que os riscos são mínimos.
No entanto, as arritmias são fonte de ansiedade quando a pessoa se apercebe delas, pelo que compreender o seu carácter inofensivo pode
servir de alívio. Por vezes, quando se muda a medicação ou se ajusta a dose, ou então quando se interrompe o consumo de álcool ou a
prática de exercícios enérgicos, as arritmias aparecem mais espaçadas ou inclusive cessam.
A administração de fármacos contra as arritmias é muito útil no caso de sintomas intoleráveis ou quando representam um risco. Não
existe um único fármaco que cure todas as arritmias em todas as pessoas. Por vezes é preciso experimentar vários tratamentos até
encontrar um que seja satisfatório. Os fármacos antiarrítmicos podem, além disso, produzir efeitos colaterais e piorar ou inclusive
provocar arritmias.
Os pacemakers artificiais, dispositivos electrónicos que actuam em vez do pacemaker natural, programam-se para imitar a sequência
normal do coração. Geralmente, implantam-se cirurgicamente sob a pele do peito e possuem cabos que chegam até ao coração. Devido
ao circuito de baixa energia e ao novo desenho de baterias, estas unidades têm uma duração de entre 8 e 10 anos. Estes novos circuitos
eliminaram quase por completo o risco de interferências com os distribuidores dos automóveis, os radares, os microondas e os detectores
de segurança dos aeroportos. No entanto, outros equipamentos podem interferir no pacemaker, como os aparelhos utilizados para a
ressonância magnética nuclear (RM) e a diatermia (fisioterapia empregada para dar calor aos músculos).
O uso mais frequente que se dá ao pacemaker é para o tratamento de uma frequência cardíaca demasiado lenta (bradicardia). Quando o
coração diminui a sua frequência abaixo de um determinado valor, o pacemaker começa a emitir impulsos eléctricos. Em casos
excepcionais, utiliza-se um pacemaker para enviar uma série de impulsos que detenham um ritmo anormalmente rápido do coração
(taquicardia) e diminuir assim a sua velocidade. Estes pacemakers só se utilizam no caso de ritmos rápidos que se iniciam nas aurículas.
Por vezes, a aplicação de uma descarga eléctrica ao coração pode deter um ritmo anormal e restaurar o normal. Este método denomina-se
cardioversão, electroversão ou desfibrilhação. A cardioversão pode empregar-se para tratar as arritmias que começam nas aurículas ou
nos ventrículos. Geralmente, utiliza-se um aparelho grande (desfibrilhador), manipulado por uma equipa especializada de médicos e de
enfermeiras, para gerar uma descarga eléctrica, com o objectivo de deter uma arritmia que possa provocar a morte. No entanto, pode
implantar-se cirurgicamente um desfibrilhador do tamanho de um baralho de cartas. Estes pequenos dispositivos, que detectam de forma
automática as arritmias que podem ser mortais e emitem uma descarga, são implantados em pessoas que, de outro modo, poderiam
morrer se o seu coração parasse repentinamente. Como estes desfibrilhadores não previnem as arritmias, estas pessoas tomam também
fármacos antiarrítmicos ao mesmo tempo.
Certos tipos de arritmias corrigem-se através de intervenções cirúrgicas e outros procedimentos invasivos. Por exemplo, as arritmias
provocadas por uma doença coronária controlam-se através de uma angioplastia ou uma operação de derivação das artérias coronárias
(bypass). (Ver secção 3, capítulo 27) Quando uma arritmia é provocada por um foco irritável no sistema eléctrico do coração, este foco
pode ser destruído ou extirpado. O mais frequente é que o foco seja destruído através de uma ablação por cateter (emissão de energia de
radiofrequência através de um cateter introduzido no coração). Depois de um enfarte do miocárdio, podem aparecer episódios de
taquicardia ventricular que podem ser mortais. Esta arritmia pode ter a sua origem numa área lesionada do músculo cardíaco que pode
ser identificada e extraída através de uma intervenção cirúrgica de coração aberto.
Insuficiência cardíaca
A insuficiência cardíaca (insuficiência cardíaca congestiva) é uma doença grave em que a quantidade de sangue que o coração bombeia
por minuto (débito cardíaco) é insuficiente para satisfazer as necessidades de oxigénio e de nutrientes do organismo.
Termo «insuficiência cardíaca» não significa que o coração tenha parado, como algumas pessoas pensam; significa, isso sim, a redução
da capacidade do coração para manter um rendimento eficaz. A insuficiência cardíaca tem muitas causas, entre as quais há um certo
número de doenças; é muito mais frequente nas pessoas mais velhas, dado que têm uma maior possibilidade de contrair as doenças que a
causam. Apesar de ser um processo que vai piorando lentamente com a passagem do tempo, as pessoas que sofrem desta perturbação
podem viver muitos anos. No entanto, 70 % dos doentes com esta afecção morrem antes de passados 10 anos a partir do diagnóstico.
Causas
Qualquer doença que afecte o coração e interfira na circulação pode causar insuficiência cardíaca. Determinadas doenças podem actuar
selectivamente afectando o músculo cardíaco, deteriorando a sua capacidade de contracção e de bombeamento. A mais frequente delas é
a doença das artérias coronárias, que limita o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco e que pode ser causa de enfarte. A miocardite
(uma infecção do músculo cardíaco provocada por bactérias, vírus ou outros microrganismos) provoca também lesões graves no músculo
cardíaco, assim como a diabetes, o hipertiroidismo ou a obesidade extrema. Uma doença de uma válvula cardíaca pode obstruir o fluxo
de sangue entre as cavidades do coração ou entre o coração e as artérias principais. Por outro lado, uma válvula que não feche bem e
deixe escapar sangue pode provocar um refluxo do mesmo. Estas situações provocam a sobrecarga do músculo cardíaco e, em
consequência, debilitam a força das contracções cardíacas. Outras doenças afectam principalmente o sistema de condução eléctrica do
coração e provocam frequências cardíacas lentas, rápidas ou irregulares, que impedem um bombeamento adequado do sangue.
Se o coração se vir submetido a um grande esforço durante meses ou anos, dilata-se, tal como acontece com os bíceps, depois de vários
meses de exercício. Em princípio, este aumento de tamanho é acompanhado de contracções mais fortes, mas um coração que aumentou o
seu volume pode finalmente diminuir a sua capacidade de bombeamento e provocar insuficiência cardíaca. A pressão arterial elevada
(hipertensão) pode também obrigar o coração a trabalhar com mais força. Isso acontece também quando tiver de lutar para expulsar o
sangue através de um orifício mais estreito, geralmente uma válvula aórtica estreita. A situação que daí resulta é semelhante à carga
extraordinária que uma bomba de água suporta quando é forçada a empurrar a água através de tubagens estreitas.
Em algumas pessoas o pericárdio (o invólucro fino e transparente do coração) endurece. Isso impede que o coração se possa dilatar por
completo entre os batimentos, tornando o seu enchimento insuficiente.
Embora com uma frequência muito menor, pode também acontecer que determinadas doenças que afectem outras partes do corpo
aumentem exageradamente a necessidade de oxigénio e de nutrientes por parte do organismo, de tal modo que o coração, embora esteja
normal, seja incapaz de satisfazer esta procura superior. O resultado é o aparecimento de insuficiência cardíaca.
As causas da insuficiência cardíaca variam com as diferentes regiões do mundo, devido às diferentes doenças que se desenvolvem em
cada país. Por exemplo, nos países tropicais há certos parasitas que podem alojar-se no músculo cardíaco; este facto provoca
insuficiência cardíaca em idades muito mais jovens do que nos países desenvolvidos.
Mecanismos de compensação
O organismo possui um certo número de mecanismos de resposta para compensar a insuficiência cardíaca. O mecanismo de resposta de
emergência inicial (em minutos ou horas) é o «estado excitatório prévio à acção» provocado pela libertação de adrenalina e de
noradrenalina das glândulas supra-renais para a circulação sanguínea; a noradrenalina é também libertada pelos nervos. A adrenalina e a
noradrenalina são as defesas principais contra qualquer stress repentino. Na insuficiência cardíaca compensada, fazem com que o
coração trabalhe com mais força, ajudando-o a aumentar o seu volume-minuto e a compensar, em certa medida, o problema do
bombeamento. O volume-minuto pode voltar ao seu nível normal, embora geralmente à custa de um aumento da frequência cardíaca e de
um batimento cardíaco mais enérgico.
Estas respostas são benéficas para um doente sem qualquer doença do coração que tem necessidade de aumentar a curto prazo a função
cardíaca. Mas no caso de uma pessoa com insuficiência cardíaca crónica, estas respostas provocam uma exigência constante num sistema
cardiovascular que já está gravemente danificado. A longo prazo, estas procuras crescentes deterioram o funcionamento cardíaco.
Outro mecanismo correctivo adicional consiste na retenção de sal (sódio) pelos rins e, como consequência, retém-se também água para
manter constante a concentração de sódio no sangue. Esta quantidade adicional de água aumenta o volume de sangue na circulação e, em
princípio, melhora o rendimento cardíaco. Uma das principais consequências da retenção de líquidos é uma distensão do músculo
cardíaco provocada por um maior volume de sangue. Este músculo submetido a uma maior tensão contrai-se mais energicamente, tal
como o fazem os músculos de um atleta antes do exercício. Este é um dos principais mecanismos de que o coração dispõe para aumentar
a sua função na insuficiência cardíaca.
No entanto, à medida que esta se agrava, o excesso de líquido escapa-se da circulação e acumula-se em vários pontos do corpo, causando
inchaço (edema). O local da acumulação depende do excesso de líquido e do efeito da gravidade.
Em pé, o líquido acumula-se nas pernas e nos pés. Se a pessoa estiver deitada, acumula-se nas costas ou no abdómen. É habitual que a
retenção de sódio e de água leve a um aumento de peso.
O outro mecanismo principal de compensação é o aumento da espessura do músculo cardíaco (hipertrofia). O músculo cardíaco assim
dilatado pode contrair-se com uma força maior, mas acaba por funcionar mal e a insuficiência cardíaca agrava-se.
Sintomas
As pessoas com uma insuficiência cardíaca descompensada sentem-se cansadas e débeis quando levam a cabo alguma actividade física,
porque os músculos não recebem um volume adequado de sangue. Por outro lado, o inchaço pode também causar muitos sintomas. Para
além da influência da gravidade, a localização e os efeitos do edema dependem também do lado do coração que esteja mais afectado.
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