Universidade Estadual de Santa Cruz Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente UESC Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente ALIMENTOS ORGÂNICOS: ESTUDO DE FATORES QUE INTERFEREM NA DECISÃO DE COMPRA DO CONSUMIDOR ILHÉUS, BAHIA 2007 2 AROLDO DIAS CASEMIRO ALIMENTOS ORGÂNICOS: ESTUDO DE FATORES QUE INTERFEREM NA DECISÃO DE COMPRA DO CONSUMIDOR Dissertação apresentada ao Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente, Sub-programa Universidade Estadual de Santa Cruz, Como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Sub-área de concentração: Comunidades Sustentáveis Orientador: Prof. Dr. Salvador Dal Pozzo Trevizan 3 AROLDO DIAS CASEMIRO ALIMENTOS ORGÂNICOS: ESTUDO DE FATORES QUE INTERFEREM NA DECISÃO DE COMPRA DO CONSUMIDOR Aprovada em de de 2007 Comissão Examinadora -----------------------------------------------------------------------------Prof. Dr. Salvador Dal Pozzo Trevizan (Orientador) UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz ------------------------------------------------------------------------------ ------------------------------------------------------------------------------ 4 DEDICATÓRIA Aos meus pais, minha esposa e filhos, que com muita compreensão e apoio me ajudaram e incentivaram para que eu chegasse a essa etapa de minha vida acadêmica. 5 AGRADECIMENTO A Deus, pelo dom da vida. Ao meu orientador Prof. Salvador Dal Pozzo Trevizan, pela sua paciência e dedicação na orientação e que se tornou um grande amigo Ao Prof. Neylor Calasans, coordenador do mestrado pela intervenção nos momentos necessários Ao Prof. Guilhardes pela iniciativa Ao Prof. Humberto Filho pelo apoio incondicional Aos professores do mestrado pelos conteúdos ministrados Aos colegas do mestrado pelo companheirismo, pelos momentos difíceis compartilhados e pelas viagens animadas a FTC por ter viabilizados nossos horários tão fundamental para a nossa a continuidade. 6 ALIMENTOS ORGÂNICOS: ESTUDO DE FATORES QUE INTERFEREM NA DECISÃO DE COMPRA DO CONSUMIDOR RESUMO A preocupação com os impactos causados ao meio ambiente pelos modelos de produção vigentes tem sido a pauta de discussões em todo planeta. Neste contexto o modelo de produção agrícola moderno que utiliza alto grau de mecanização e insumos químicos tem sido questionado e dentro das alternativas sugeridas está o modelo de produção orgânica, que valoriza as práticas de manejo e utiliza ações biológicas do solo. A agricultura orgânica também contribui para segurança alimentar na medida em que passa a disponibilizar alimentos mais saudáveis a população. O consumo de produtos orgânicos tem crescido em todo mundo e o Brasil tem sido destacado como um dos grandes produtores em área plantada. No processo produtivo dos alimentos orgânicos, que vai da produção a comercialização, um dos pontos cruciais é como se posicionar junto aos consumidores. Nesta pesquisa se buscou analisar o comportamento de consumidores de alimentos orgânicos na cidade de Vitoria da Conquista – Bahia, através das entrevistas feitas com amostra de 207 potenciais consumidores. Os resultados mostram que a maioria dos consumidores sabe o que é alimento orgânico, que são pretendidos pela maioria dos consumidores como substitutos aos alimentos convencionais, consideram a certificação como fundamental, tem nível de escolaridade superior, renda acima da média e que são preocupados com a qualidade de vida, os locais de compra preferidos são feiras e supermercados. Os resultados mostram ainda que os fatores que impedem o aumento do consumo destes produtos estão relacionados a pouca oferta de alimentos orgânicos e a inexistência de uma comunicação eficaz que enfatize os benefícios dos alimentos orgânicos, a exposição adequada de produtos nos pontos-de-venda, a utilização de táticas de propaganda e promoção de vendas. Os resultados do trabalho permitem concluir que a agricultura orgânica pode representar uma forte alternativa de emprego e renda para os produtores da região desde que se preocupem em implantar estratégias mercadológicas no processo de comercialização para que possam se posicionar no mercado de forma profissional. Palavras-chave: Alimentos orgânicos, comportamento do consumidor, marketing, Vitória da Conquista 7 ORGANIC FOOD: FACTORS STUDY THAT INTERFERE IN TE CONSUMER BUYING DECISION ABSTRACT The concern with the impacts caused in the natural environment by the current production models has been the discussions agenda all over the planet. In this context, the modern agricultural production model, which utilizes a high degree of mechanization and chemical fertilizers, has been questioned and within the suggested alternatives is the organic production model that values the manipulating practices and uses soil biological actions. The organic agriculture also contributes for the food security once it passes through providing healthier food to the population. The organic products consume has increased all over the world and Brazil has been stood out as one of the largest producers in the planted area. In the organic food productive process that goes from the production to commercialization, one of the crucial points has been how to position along with the consumers. This research paper searched for analyzing the organic food consumers’ behavior in Vitoria da Conquista city – Bahia state, through the interviews realized with a sample of 207 potential consumers. The results show that the majority of the consumers know that the food is organic, that are intended by most of them as conventional food substitutes, they consider the certification as fundamental, have a high degree schooling level, above average income and are concerned about their life quality, and their favorite shopping places are trade fairs and supermarkets. The results also show that the factors which prevent these products consume increasing are related to little organic food offering and the inexistence of an effective communication that emphasizes the organic food benefits, the adequate products exhibition in the sale places, the advertisement tactics utilization and the sale promotions. This research results allow concluding that the organic agriculture may represent a strong alternative of employment and income for the region producers since they worry about implementing the market strategies in the commercialization process so that they may position in the market in a professional manner. Key words: Organic food, consumer behavior, marketing, Vitoria da Conquista 8 LISTA DE FIGURAS, GRÁFICOS E QUADROS. Figura 1: Principais correntes de pensamento ligadas ao movimento Orgânico e seus precursores.......................................................... 21 Figura 2: Cadeia de produção de produtos orgânicos ................................... 26 Figura 3: Área plantada de alimentos orgânicos no mundo ........................... 27 Figura 4: O mix de marketing – 4ps ............................................................... 36 Figura 5: Modelo dos 5 estágios de compra .................................................. 42 Figura 6: Fatores que influenciam o comportamento do consumidor ............ 44 Figura 7: Localização do município de Vitória da Conquista ......................... 50 Figura 8: Entrevistados por Gênero .............................................................. 54 Figura 9: Faixa etária Dos entrevistados ........................................................ 55 Figura 10: Escolaridade dos entrevistados ................................................... 56 Figura 11: Estado civil dos entrevistados ....................................................... 57 Figura 12: Distribuição dos entrevistados por Renda mensal ........................ 58 Figura 13: Grau de participação dos entrevistados em causa ambiental ...... 59 Figura 14: Conhecimento dos entrevistados sobre alimento orgânico .......... 60 Figura 15: Pessoas que já consumiram alimentos orgânicos ........................ 63 Figura 16: Preferência de consumo entre orgânicos e não orgânicos ......... 64 Figura 17: Produtos orgânicos que podem ser encontrados nos pontos-devenda na visão dos entrevistados ................................................. 66 Figura 18: Distribuição dos entrevistados que lêem o rotulo ......................... 67 Figura 19: Atributo considerado essencial nos alimentos orgânicos ............. 68 Figura 20: O grau de importância do selo de certificação .............................. 69 Figura 21: Local preferido para compra de alimentos .................................... 70 Figura 22: Seção exclusiva de orgânicos nos pontos-de-venda ................... 72 Figura 23: Seção exclusiva de orgânicos no ponto-de-venda e a possibilidade de compra ................................................................ 73 Figura 24: Grau de interesse em freqüentar uma feira de alimentos orgânicos ...................................................................................... 74 Figura 25: Comparação de preços entre alimentos orgânicos e não orgânicos ...................................................................................... 76 9 Figura 26: Quantos os entrevistados estão dispostos a pagar a mais por alimentos orgânicos .................................................................... 78 Figura 27: O fator que dificulta o consumo de alimentos orgânicos .............. 79 Figura 28: Meios de comunicação que os consumidores tomaram conhecimento sobre alimentos orgânicos ..................................... 81 Figura 29: Meio de informação preferido pelos entrevistados ....................... 82 Figura 30: Influenciadores na decisão de compra de alimentos no lar .......... 83 Figura 31: O profissional que mais influencia os entrevistados a consumirem alimentos orgânicos.................................................. 84 Figura 32: Pessoas que fazem dieta na residência dos entrevistados........... 85 Quadro 1: Princípios básicos e particularidades dos principais movimentos que originaram os métodos orgânicos de produção ..................... 23 Quadro 2: Produtores orgânicos na Bahia ..................................................... 31 Quadro 3: Formas de segmentação de mercado ........................................... 37 10 LISTA DE TABELAS Tabela 01: Relação entre renda e conhecimento sobre alimento orgânico... 61 Tabela 02: Relação entre a escolaridade e o conhecimento sobre alimento orgânico ....................................................................................... 62 Tabela 03: Relação entre a escolaridade e a preferência de consumo........ 65 Tabela 04: Relação entre a renda e local de compra de alimentos............... 71 Tabela 05: Associação feita por consumidores com relação aos alimentos orgânicos .................................................................................... 75 Tabela 06: Relação entre percepção do preço de orgânicos e renda mensal 77 Tabela 07: Pessoas que estão dispostas a pagar a mais por alimentos orgânicos distribuídas por faixa de renda .................................... 79 Tabela 08: Relação entre o fator que dificulta o consumo pela renda Mensal .......................................................................................... 80 11 SUMÁRIO Pg. Resumo ................................................................................................... vi Abstract ................................................................................................... vii 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................... 13 1.1 Definição do problema da pesquisa ........................................................ 13 1.2 Justificativa .............................................................................................. 16 2. OBJETIVOS.............................................................................................. 18 2.1 Objetivo Geral ......................................................................................... 18 2.2 Objetivos específicos............................................................................... 18 2.3 Organização e estrutura da dissertação.................................................. 18 3. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................... 19 3.1 Sistema Orgânico de Produção .............................................................. 19 3.2 Comercialização ...................................................................................... 24 3.3 O mercado dos orgânicos........................................................................ 26 3.4 A produção Orgânica no Brasil ................................................................ 29 3.5 A Produção orgânica na Bahia ............................................................... 30 3.6 Certificação.............................................................................................. 32 3.6.1 Formas de Certificação ........................................................................... 33 3.7 Estratégias de Marketing ......................................................................... 34 3.7.1 Segmentação de Mercado ...................................................................... 37 3.7.2 Nicho de Mercado ................................................................................... 38 3.7.3 Merchandising ......................................................................................... 38 3.8 Marketing Verde ...................................................................................... 39 3.9 Comportamento do Consumidor ............................................................. 41 3.9.1 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor ..................... 43 3.9.2 Consumismo e Consumerismo ............................................................... 46 3.9.3 O perfil do consumidor de alimentos orgânicos ...................................... 47 12 4. METODOLOGIA ..................................................................................... 50 4.1 Delimitação da Pesquisa ......................................................................... 50 4.2 Caracterizarão da Área de Estudo .......................................................... 50 4.3 Tipo de Pesquisa ..................................................................................... 51 4.4 População e Amostra .............................................................................. 51 4.4.1 Amostra ................................................................................................... 52 4.5 Instrumento de Coleta de Dados ............................................................. 53 4.6 Tratamento dos Dados ............................................................................ 53 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................. 54 5.1 Perfil dos consumidores .......................................................................... 54 5.2 Percepção dos consumidores sobre alimentos orgânicos ...................... 60 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................. 86 REFERÊNCIAS ....................................................................................... 88 APÊNDICES ............................................................................................ 94 13 1. INTRODUÇÃO 1.1 Definição do problema da pesquisa A produção de alimentos que causam esgotamento dos recursos naturais no modelo agrícola vigente tem sido pauta dos diversos debates. A busca de um modelo de desenvolvimento sustentável, com uma forma equilibrada de produção que atenda os diversos interesses, tem levado à discussão toda comunidade internacional através de governos, ecólogos, ONG, cientistas e outros. Dentro do conjunto de sugestões propostas o modelo de produção orgânica tem sido difundido como uma alternativa capaz de contribuir para a redução do impacto ambiental em substituição ao modelo tradicional. A Organização das Nações Unidas para a agricultura e alimentação (FAO), divulgou documento sugerindo que a agricultura orgânica pode ser o caminho para alcançar a segurança alimentar. O relatório descreve que a agricultura orgânica não é mais um fenômeno apenas de países desenvolvidos, pois já é praticado comercialmente em 120 países (FAO, 2007). A agricultura orgânica surgiu nos anos 70 como uma alternativa ao padrão produtivo vigente na época. O impulso maior foi dado com o surgimento da International Federation on Organic Agriculture (IFOAM 1 ) que reuniu as entidades agroambientalistas em todo mundo e que passou a unificar e trocar informações sobre as experiências espalhadas pelo mundo estabelecendo normas técnicas e a certificação de produtos (EHIERS, 2000). Ao longo dos anos, vem surgindo vários modelos, sempre defendidos como o mais alternativo, mas, segundo Zamberlan (2001), na chamada agricultura alternativa constam outras correntes ou denominações como: agricultura natural, agricultura biológica, agricultura ecológica, agricultura biodinâmica e a permacultura. No Brasil, a agricultura orgânica começa a se estabelecer a partir do ano de 1976 com manifestos de pesquisadores e que ganhou força durante a década de 80 com o surgimento das ONG e da difusão dos impactos ambientais disseminados por ambientalistas e pesquisadores. 1 IFOAM- Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica, representa o movimento mundial de agricultura ecológica e é uma plataforma de intercâmbio e cooperação internacional. 14 Do ponto de vista da atividade econômica, os alimentos orgânicos ainda têm sido caracterizados como um nicho de mercado. Com a crescente oferta de novos produtos, tem havido um aumento no consumo, impulsionado principalmente pela mudança de estilo de vida de um grupo de pessoas que têm a preocupação de buscar bem estar e melhoria de qualidade de vida. Outros fatores que têm contribuído para esse crescimento são os meios de comunicação e o aumento de produtos orgânicos processados nas gôndolas dos supermercados. O mercado de alimentos orgânicos é um mercado em expansão em todos os elos de sua cadeia de valor, representada pelo: Processamento, armazenamento, distribuição e comercialização (BRASIL, 2003). O relatório elaborado por Ormond et. al. (2002) apresenta uma cadeia produtiva, formada por produção de insumos, produção agropecuária, processamento primário, processamento secundário, distribuição, consumo, exportação e a certificação. Desde os produtores até os revendedores nota-se um crescimento em todos os elos da cadeia, tem havido um aumento de produtores, empresas industriais que passam a processar e criar produtos similares aos tradicionais, utilizando matéria prima orgânica, que representa a agregação de valor. Atualmente os alimentos orgânicos têm preços mais elevados do que os não orgânicos, com percentuais em algumas categorias que chega a mais de 200%. A tendência é que haja uma diminuição destas margens, pois com a maior oferta, naturalmente estas margens diminuirão e estes produtos deverão ter preços próximos dos produtos não orgânicos. Um dos aspectos mais importantes no composto do produto orgânico é a certificação. Um produto para ser considerado de fato orgânico é necessário que haja uma certificação de um orgão credenciado conceder o selo, esta certificação atesta a origem e qualidade do produto, do processo de produção além de demonstrar um respeito ao consumidor e obter dele a credibilidade para o consumo. Existem certificadores no Brasil que são credenciados por órgãos internacionais como o International Federation of Organic Agriculture Movements (IFOAM) criado em 1972 e que congrega as associações nacionais de agricultura orgânica. Atualmente no Brasil os produtos são certificados por certificadoras privadas, segundo a Agencia Brasileira de Promoção as Exportações - APEX (2006) existem entre 25 e 30 certificadores que atuam monitoradas por entidades internacionais. Os 15 mais requisitados são: o Instituto Biodinâmico (IBD), a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), Associação de Agricultores Biológicos (ABIO) e Ecocert Brasil. Para que os produtos orgânicos possam se posicionar no mercado e serem adquiridos pelos consumidores, é necessária a utilização de práticas mercadológicas. São técnicas de exposição dos produtos nos pontos de vendas, embalagem, rotulagem, material de comunicação, um conjunto de ações que são desenvolvidas a partir de uma estratégia formulada com base em informações dos ambientes internos e externos e do comportamento dos consumidores. Embora exista uma batalha de produtos liderada pelas grandes indústrias, sobretudo as chamadas marcas líderes com suas estratégias de marketing agressivas, existe também para os alimentos orgânicos a oportunidade de se praticar um marketing diferenciado com a utilização de novas filosofias mercadológicas. Kotler (2003) cita o marketing societal, como uma tendência irreversível de se fazer marketing, respeitando todos os agentes envolvidos tanto de micro como do macro ambiente. Neste trabalho procurou-se identificar e caracterizar a percepção dos atuais e potenciais consumidores de produtos orgânicos, que atributos dos produtos são considerados importantes para a decisão de compra. Neste cenário estão presentes: consumidores mais conscientes, em busca de alimentos que tragam qualidade de vida e bem estar físico e empresas produtoras que buscam atingir este novo público. Neste momento, essas organizações necessitam conhecer o comportamento de compra dos consumidores para estabelecer as estratégias e táticas para comunicar e atrair clientes; saber quais os fatores que interferem na decisão do consumidor em preferir os alimentos orgânicos. Para o embasamento teórico da pesquisa, foram trabalhados os conceitos referentes ao sistema orgânico de produção, enfocando a cultura orgânica no mundo e no Brasil, a comercialização, o mercado interno e externo de orgânicos, a legislação e a certificação de produtos. O estudo de fatores que afetam o consumidor foi relacionado aos fundamentos do marketing moderno, a segmentação de mercado, o marketing verde, o comportamento do consumidor, o processo de decisão de compra e o perfil dos consumidores de orgânicos. A fim de cumprir os objetivos traçados, esta dissertação foi estruturada em seis seçoes. 16 Além da introdução, no item três aborda conceitos sobre o sistema orgânico de produção, as principais correntes da agricultura alternativa, o panorama do mercados internacional, no Brasil e na Bahia, a certificação dos alimentos orgânicos, as estratégias de marketing com foco no mercado orgânico, o segmento de mercado, o comportamento do consumidor e o marketing verde. No item quatro está descrito os procedimentos metodológicos, como população pesquisada, amostra, instrumento de pesquisa e analise. No capitulo cinco se apresenta os resultados da pesquisa com a analise e discussão dos dados, através de gráficos, tabelas e cruzamento de variáveis. No item seis são feitas a conclusão com as considerações finais e recomendações. 1.2 JUSTIFICATIVA O consumidor, a cada dia dispõe de mais opções de alimentos, com uma oferta avassaladora promovida pela indústria alimentícia. São fórmulas de novos produtos, extensões de linha e de marcas de alimentos, uma infinidade que são lançados a todo o momento. Com relação à linha dos chamados alimentos alternativos, quanto aos orgânicos, verifica-se que já começam a estar presentes em alguns pontos de venda como os supermercados, feiras e lojas de produtos naturais. Nas feiras existem ainda os alimentos sem certificação, que são expostos e vendidos como orgânicos. Num cenário de mercado tão competitivo como o alimentício, espera-se que os produtos orgânicos possam concorrer diretamente com outros produtos de linhas diferentes como ligth, diet, naturais e principalmente os tradicionais, que conta com toda uma estrutura de comercialização consolidada através das grandes indústrias do consumo. O esperado é que os orgânicos tenham um grau de qualidade na comercialização e posicionamento no mercado próximo ao dos seus concorrentes, sobretudo nas informações das embalagens e demais estratégias de comunicação. Uma busca na literatura nota-se que ainda existe pouca informação sobre como se comporta o consumidor de alimentos orgânicos, quais são as suas preferências, qual o processo de decisão de compra, que atributos são mais 17 valorizados. A literatura sobre comportamento do consumidor destaca os fatores que influenciam os consumidores para a compra, como aspectos culturais, sociais, pessoais e psicológicos, a reação dos consumidores após a compra. Estudos realizados no Brasil e no exterior, mostram que consumidores procuram por alimentos orgânicos para obter mais bem estar através da segurança que tais alimentos possibilitam. A relevância da presente pesquisa é subsidiar políticas públicas orientadas para conservação do meio ambiente, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável. Ao mesmo tempo, a pesquisa pode oferecer subsídios à iniciativa privada interessada em atuar o mercado de alimentos orgânicos, além do aprofundamento dos estudos acadêmicos por outros pesquisadores que queiram continuar a investigação. 18 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral: Analisar fatores que atuam na decisão do consumidor de alimentos orgânicos. 2.2 Objetivos Específicos: I. Caracterizar o perfil sócio-econômico do consumidor e de potenciais consumidores de alimentos orgânicos (nível de escolaridade, nível de renda familiar, idade, atividade que desenvolve experiência/vivência com pessoas/instituições relacionadas com temas ambientais, obesidade e outros). II. Verificar o conhecimento que os consumidores têm sobre alimentos orgânicos e a disposição para o consumo. III. Identificar os critérios que norteiam a decisão de compra utilizada pelo consumidor. IV. Caracterizar a presença do marketing de alimentos orgânicos (mídias de TV, rádio, jornal, outdoor; disposição dos produtos no ponto de venda). 19 3. REFERENCIAL TEÓRICO Nesta sessão são apresentadas as bases teóricas utilizadas na pesquisa. Os referenciais teóricos contribuem para relacionar aos dados investigados e coletados com vistas a atender os objetivos propostos para a pesquisa. O primeiro fundamento é sobre o sistema orgânico de produção, que trata das correntes da chamada agricultura alternativa. Esse conteúdo permite o entendimento sistêmico do modelo de produção. São tratados os princípios e particularidades de cada movimento, apresenta a cadeia produtiva dos orgânicos, o mercado dos alimentos orgânicos no mundo, no Brasil e na Bahia, a comercialização e o processo de certificação. A temática de marketing visa dar embasamento conceitual sobre as ações do mercado de produtos orgânicos e ao perfil do consumidor. São abordados os temas: estratégias de marketing, segmentação de mercado, merchandising, marketing verde e o comportamento do consumidor. O marketing moderno se aproxima cada vez mais das outras áreas do conhecimento, como a sociologia, a psicologia, a antropologia e com bastante ênfase nos últimos anos para os aspectos ambientais. 3.1 SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO O termo agricultura alternativa é utilizado pelo público em geral para identificar os diversos sistemas de produção que são diferentes do sistema tradicional. Nas linhas de escolas da chamada agricultura alternativa, temos a Agricultura Orgânica, a Biodinâmica, a Natural a Permacultura, entre outras (ZAMBERLAN, 2001). A agroecologia é descrito por Altieri (1989) como o mais correto para englobar todos esses sistemas, ele afirma que a agroecologia é uma ciência que apresenta uma série de princípios e metodologias, para ele a agroecologia possui uma série de princípios científicos e não é uma prática ou um sistema de produção. Ehlers (2000) usa o termo grande guarda-chuva que é o conceito de agricultura alternativa, insere-se aí a vertente da agricultura orgânica. 20 Debaixo do mesmo guarda-chuva estão a chamada agricultura natural, biodinâmica e biológica. A descrição das principais correntes do pensamento ligadas ao movimento orgânico através do trabalho do pesquisador Darolt (2000), mostra a trajetória histórica deste movimento ao longo do tempo e seus precursores, (figura 1). O pesquisador conclui sua pesquisa afirmando que. [...] as várias correntes citadas (biodinâmica, biológica, natural, permacultura, ecológica, agroecológica, regenerativa e em alguns casos, a agricultura sustentável) são consideradas como uma forma de agricultura orgânica, desde que estejam de acordo com as normas técnicas para produção e comercialização, apesar das pequenas particularidades existentes. Em síntese, podemos destacar que o ponto comum entre as diferentes correntes que formam a base da agricultura orgânica é a busca de um sistema de produção sustentável no tempo e no espaço, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais, sem a utilização de produtos químicos agressivos à saúde humana e ao meio ambiente, mantendo o incremento da fertilidade e a vida dos solos, a diversidade biológica e respeitando a integridade cultural dos agricultores. (DAROLT, 2000, p.2) Esta afirmação do professor Darolt (2000) coloca em segundo plano a discussão dos modelos de produção e suas peculiaridades, abrindo espaço para a discussão sobre o potencial que esses modelos apresentam na geração de alimentos confiáveis. Na pesquisa Darolt (2000) debruça ainda sobre as principais correntes, a biodinâmica, a biológica, a natural e a orgânica e apresenta a definição e os princípios básicos com suas particularidades (quadro 1). Este quadro mostra o caráter prático e a relação com o princípio teórico. 21 FIGURA 1 – Principais correntes de pensamento ligadas ao movimento orgânico e seus precursores Fonte: DAROLT, (2000). Conforme relata Carmo (2004), a agroecologia originou-se como a disciplina que procurava as bases cientificas para a agricultura alternativa e firmou-se nos 22 anos 1980 com a preocupação de integrar as técnicas com o homem, procurando estabelecer estreita ligação social para a produção agropecuária. O conceito de agroecologia e agricultura sustentável lançadas em 1972 na Conferência de Estocolmo na Suécia, consolidou-se na conferencia da Eco 92 realizada no Rio de Janeiro, quando foram reafirmadas as bases para um desenvolvimento sustentável no planeta. Nos dias de hoje, o termo é entendido como um conjunto de princípios e técnicas que visam reduzir a dependência de energia externa e o impacto ambiental da atividade agrícola e industrial, produzindo alimentos mais saudáveis e valorizando o homem do campo, sua família, seu trabalho e sua cultura. Segundo Canuto (2004), a noção de agricultura sustentável busca abarcar todos os sistemas nos quais haja uma clara inversão no sentido ecológico da agricultura convencional, com construção de sistemas de mínima entropia. Embora existam os diversos caminhos e vertentes de uma produção limpa, em direção a uma agricultura sustentável, segundo Carmo (2004), o importante é manter os princípios básicos que norteiam uma produção ecologicamente equilibrada, entre eles a abolição de insumos químicos solúveis e a presença da biodiversidade dos agroecossistemas. Conforme relatório Brasil MMA (2000), a idéia de uma ‘agricultura sustentável’ revela, antes de tudo, a crescente insatisfação com o status quo da agricultura moderna. Indica o desejo social de sistemas produtivos que, simultaneamente, conservem os recursos naturais e forneçam produtos mais saudáveis, sem comprometer os níveis tecnológicos já alcançados de segurança alimentar. 23 QUADRO 1 - PRINCÍPIOS BÁSICOS E PARTICULARIDADES DOS PRINCIPAIS MOVIMENTOS QUE ORIGINARAM OS MÉTODOS ORGÂNICOS DE PRODUÇÃO MOVIMENTO PRINCÍPIOS BÁSICOS PARTICULARIDADES É definida como uma "ciência espiritual", ligado à antroposofia, em que a propriedade deve ser entendida como um organismo. Preconizam-se práticas que permitam a interação entre animais e vegetais; respeito ao calendário astrológico biodinâmico; utilização de preparados biodinâmicos, que visam reativar as forças vitais da natureza; além de outras medidas de proteção e conservação do meio ambiente. Na prática, o que mais diferencia a ABD das outras correntes orgânicas é a utilização de alguns preparados biodinâmicos (compostos líquidos de alta diluição, elaborados a partir de substâncias minerais, vegetais e animais) aplicados no solo, planta e composto, baseados numa perspectiva energética e em conformidade com a disposição dos astros. Não apresenta vinculação religiosa. No início o modelo era baseado em aspectos socioeconômicos e políticos: autonomia do produtor e comercialização direta. A preocupação era a proteção ambiental, qualidade biológica do alimento e desenvolvimento de fontes renováveis de energia. Os princípios da AB são baseados na saúde da planta, que está ligada à saúde dos solos. Ou seja, uma planta bem nutrida, além de ficar mais resistente a doenças e pragas, fornece ao homem um alimento de maior valor biológico. Não considerava essencial a associação da agricultura com a pecuária. Recomendam o uso de matéria orgânica, porém essa pode vir de outras fontes externas à propriedade, diferentemente do que preconizam os biodinâmicos. Segundo seus precursores, o mais importante era a integração entre as propriedades e com o conjunto das atividades socioeconômicas regionais. Este termo é mais utilizado em países europeus de origem latina (França, Itália, Portugal e Espanha). Segundo as normas uma propriedade "biodinâmica" ou "orgânica", é também considerada como "biológica". Na prática se utilizam produtos especiais para preparação de compostos orgânicos, chamados de microrganismos eficientes (EM). Esses produtos são comercializados e possuem fórmula e patente detidas pelo fabricante. Esse modelo está dentro das normas da agricultura orgânica. OU CORRENTE Agricultura Biodinâmica Agricultura Biológica Agricultura Natural Agricultura Orgânica O modelo apresenta uma vinculação religiosa (Igreja Messiânica). O princípio fundamental é o de que as atividades agrícolas devem respeitar as leis da natureza, reduzindo ao mínimo possível a interferência sobre o ecossistema. Por isso, na prática não é recomendado o revolvimento do solo, nem a utilização de composto orgânico com dejetos de animais. Aliás, o uso de esterco animal é rejeitado radicalmente. Não tem ligação a nenhum movimento religioso. Baseado na melhoria da fertilidade do solo por um processo biológico natural, pelo uso da matéria orgânica, o que é essencial à saúde das plantas. Como as outras correntes essa proposta é totalmente contrária à utilização de adubos químicos solúveis. Os princípios são, basicamente, os mesmos da agricultura biológica. Fonte: DAROLT, 2000. Apresenta um conjunto de normas bem definidas para produção e comercialização da produção determinadas e aceitas internacionalmente e nacionalmente. Atualmente, o nome "agricultura orgânica" é utilizado em países de origem anglo-saxã, germânica e latina. Pode ser considerado como sinônimo de agricultura biológica e engloba as práticas agrícolas da agricultura biodinâmica e natural. 24 Existe também o conceito de orgânicos da (Food and Agriculture Organization) FAO 2 , que visa nortear em todo mundo na formulação de legislações e também influenciar nas transações comerciais. A agricultura orgânica é um sistema holístico de manejo da produção, que promove a saúde e o desenvolvimento sustentável nos agroecossistemas, observando a biodiversidade, os ciclos biológicos e a atividade biológica no solo. Ela enfatiza o uso de práticas de manejo em detrimento da entrada de insumos externos ao sistema, levando em conta sistemas adaptados localmente, de acordo com as condições requeridas para a região. É complementada pelo uso de métodos agronômicos, biológicos e mecânicos, onde possível, para cumprir qualquer tipo de função dentro do sistema, se opondo ao uso de produtos sintéticos. (FAO apud FAEMG, 2005, p.1). Um sistema orgânico de produção tem uma base legal e formal. A definição oficial é a que encontramos na lei 10.831 de 23 de dezembro de 2003 que é a referência legal para os alimentos orgânicos: Art. 1º: Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente. (BRASIL, 2003). O processo de produção orgânico descrito na legislação aborda as fases que representa a cadeia de valor que são: Processamento, armazenamento, distribuição e comercialização. Cada elo desta cadeia se desdobra em diversas funções, no caso desta pesquisa aborda a comercialização. 3.2 Comercialização Na cadeia produtiva dos alimentos orgânicos assim como outros modelos de produção agrícola, cada elo da cadeia tem sua função, para os alimentos orgânicos 2 A FAO é a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, fundada em 1945 tem por objetivos elevar os níveis de segurança alimentar de nutrição e vida e de melhorar a produtividade agrícola e as condições da população rural e de gerir os recursos naturais de forma sustentável 25 existe um elo a mais, o da certificação. A distribuição é um das fases mais importantes, pois representa o último estágio antes do consumidor, é na distribuição que é escoada a produção, seja para o mercado interno ou para exportação, nesta fase é mantido contato direto com consumidores. Segundo Ormond et al. (2002), os locais de vendas de produtos detêm boa parte do conhecimento das preferências dos consumidores e da quantidade demandada pelo mercado. Essas informações, quando repassadas aos seus fornecedores, permitem o planejamento da produção. Os canais de distribuição são representados pelas lojas de produtos naturais, supermercados, lojas especializadas em horti-frutis e as feiras. Se a venda for no local de produção, isto é, venda direta em sistema colha e pague, é necessário estar perto dos clientes, possuírem bom acesso com sinalização. As vantagens são a ausências dos custos diretos de colheita (DAROLT, apud ARAÚJO, 2007, p.34). Em pesquisa publicada sobre a importância dos supermercados na oferta de alimentos orgânicos, Guivant (2003), afirma que à medida que a produção e o mercado de alimentos orgânicos foram se expandindo durante os anos 90, tanto no contexto internacional quanto no Brasil, os supermercados passaram a ter um papel dominante em relação aos canais alternativos de comercialização. As tradicionais lojas de produtos naturais e as feiras passaram a ter um papel secundário. No Brasil acontece anualmente a Biofach 3 uma feira de negócios de produtos orgânicos, destinado ao mercado europeu especialmente para a Alemanha, que tem como objetivo Inserir novas empresas no mercado alemão e mundial de produtos orgânicos e naturais; além de disponibilizar ao público participante do evento, informações sobre o setor de orgânicos do Brasil. A BioFach é a maior feira de produtos orgânicos do mundo é realizada todos os anos na Alemanha, onde tudo começou. É presença marcante também dos Estados Unidos, Japão, Brasil e China. Este evento tem sido um dos grandes responsáveis pela inserção do Brasil no comércio mundial de orgânicos. 3 BIOFACH - World Organic Trade Fair (Feira Internacional de Negócio de Produtos Orgânicos) a versao América Latina acontece no Brasil há cinco anos, em São Paulo, conta com participação de expositores produtores de orgânicos, empresas processadores, órgãos governamentais, ONGs, entre outros. 26 FIGURA 2 - Cadeia de produção de produtos orgânicos Fonte: Adaptado de Ormond et al. (2002) Todo produto orgânico parte de um pressuposto de que está atrelado ao comércio justo, que possibilita uma distribuição ampla da renda e ganhos para toda a cadeia, dos produtores aos consumidores. O movimento orgânico brasileiro é baseado nos ideais de solidariedade entre os diversos atores. A forte expansão dos últimos tempos está trazendo novos participantes e os comprometimentos pessoais tendem a diminuir na impessoalidade das relações entre os atores sociais, subordinando-os à lógica do mercado e trazendo interesses novos para o interior do movimento. 3.3 O Mercado dos Orgânicos A expansão da área cultivada de orgânicos cresce mundialmente, pelos dados da IFOAM (figura 3), pode se comparar o desempenho nos anos 2000 com o ano de 2006, nota-se que a área plantada duplicou em todo continente. 27 FIGURA 3 - Área Plantada de Alimentos Orgânicos no mundo Fonte: (UOL, 2007). Segundo documento redigido pela FAO (2007) na International Conference On Organic Agriculture And Food Security, realizado em Roma em 03 de maio 2007, a agricultura orgânica não é mais um fenômeno apenas de países desenvolvidos, pois já é praticada atualmente em 120 países, representando 31 milhões de hectares e um mercado de 40 bilhões de dólares em 2006. Uma das conclusões do relatório é que esses modelos sugerem que a agricultura orgânica tem o potencial para assegurar o abastecimento global de alimentos, assim como a agricultura convencional faz hoje, mas com reduzido impacto ambiental (FAO, 2007). Embora haja um crescimento da área cultivada, a agricultura orgânica, quando comparada com a agricultura convencional representa apenas 1% de toda a agricultura mundial, fator que revela o espaço que existe para o desenvolvimento deste tipo de agricultura. (DAROLT, 2002, p. 45). O estudo que mais abrange a comercialização é intitulado de The World of Organic Agriculture 2004 – Statistics and Emerg ing Trends, realizado pela Foundation Ecology & Agriculture SOEL e editado por Helga Willer and Minou Yussefi. 28 A tendência dos alimentos orgânicos penetrarem nas grandes cadeias de supermercado é uma realidade cada vez mais presente, embora alguns ainda apresentem poucos produtos em suas gôndolas existe uma prédisposição de identificar fornecedores que venham a atender de forma confiável essas redes. A expansão dos alimentos orgânicos pode ser verificada na nova estratégia da maior rede de varejo de alimentos do mundo, o Wal-Mart, segundo reportagem exibida no site da Revista Exame 12 de maio de 2006, a rede de supermercados promete aumentar a escala de vendas dos produtos orgânicos nos Estados Unidos, devendo movimentar o equivalente a vinte e três bilhões de dólares nos próximos três anos. Na reportagem ainda afirma que os produtos orgânicos hoje representam apenas 2,4% no total vendido pela indústria alimentícia, mas vem crescendo pelo menos 15% ao ano nos últimos dez anos. O Wal-Mart pretende democratizar o mercado de orgânicos tornando mais barato para os consumidores. Segundo estimativa da Associação Brasileira de supermercados (ABRAS) em 2007, as vendas de produtos orgânicos no país devem superar R$ 1,25 bilhões, com aumento de 25% em relação a 2006. No Brasil, pode-se dizer que os produtos orgânicos estão em fase de introdução no mercado, pelo fato de que apenas 15% do que é produzido organicamente ser destinado para este mercado, o restante vai para o mercado externo. Como isso, a oferta tem sido bem pequena o que vem gerando além da falta do produto desconhecimento dos consumidores sobre os benefícios destes produtos. (DAROLT, 2002). Os maiores consumidores do mundo são: a Comunidade Européia, Japão e Estados Unidos. O expressivo crescimento do setor de alimentos orgânicos (o setor que mais cresce dentro do mercado de alimentos no mundo) levou os governos dos mais diversos países a criarem suas legislações específicas para esse tipo de produto e a estabelecer programas de incentivo e pesquisa. No Brasil, existe o “PróOrgânicos”, programa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, atuando através de sua comissão nacional e das comissões estaduais. A Legislação para o setor é a seguinte: a Instrução Normativa n°. 007, de 17 de maio de 1999; a Instrução Normativa n º. 016, de 11 de Junho de 2004; a Lei n º. 10.831, de 23 de Dezembro de 2003 e a Portaria n º. 158, de 08 de Julho de 2004. 29 3.4 A Produção de Orgânicos no Brasil Embora não existam dados mais consistentes sobre a produção orgânica no Brasil e sua área plantada total, vários dados são coletados através das agencias certificadoras, das empresas produtoras e secretarias de agricultura dos estados. Dados obtidos em pesquisa no ano de 2002 do BNDES relatam: O Brasil já é o segundo maior produtor de orgânicos do mundo e o setor tem 70% de suas vendas voltadas para o mercado externo. Com 800 mil hectares de área cultivada, envolvendo 15 mil produtores, dos quais 80% são pequenos produtores, o país fica atrás somente da Austrália. A produção certificada como orgânica é bastante extensa e diversificada. Inclui, além de frutas e verduras, laticínios, café, cachaça, açúcar, sucos, geléias, azeite de dendê, guaraná, cacau, mel, algodão, óleo de babaçu, soja, arroz, carne de gado, de frango, ovos, extratos vegetais, chás, camarão, cogumelos etc. (ORMOND et al. 2002, p13). A produção de orgânicos está concentrada em estados do Sudeste e Sul do Brasil. Segundo Darolt (2000) aproximadamente 70% da produção encontram-se nos estados do Paraná, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Espírito Santo. Souza (2003) observa que os alimentos comercializados in natura são os mais expressivos na produção orgânica nacional, sobretudo hortaliças e legumes. Ainda há dificuldades técnicas para produção de frutas e produtos de origem animal. Produtos que possam ter maior valor agregado começam a surgir, com empresas que processam matéria prima orgânica. Souza (2003) ressalta que as empresas certificadas processadoras de orgânicos ainda são poucas. São estimadas em 27 por Darolt (2002) e em 127 por Ormond et al. (2002). Os produtos processados que mais se destacam são: café solúvel, torrado e moído - açúcar, suco de laranja, castanha de caju e óleos vegetais. A organização Balbo, empresa brasileira, que tem produtos com a marca Native, tem se destacado com uma linha extensa de alimentos orgânicos processados, como cafés, açúcar, biscoitos cookies, sucos e achocolatados. Conforme informação no site da empresa é o maior o empreendimento de agricultura orgânica do mundo. (NATIVEALIMENTOS, 2007). 30 3.5 Produção de Orgânicos na Bahia Informações sobre a produção orgânica na Bahia não se consegue obter, não existem dados oficiais da secretaria da agricultura do estado sobre o numero de produtores orgânico e área plantada. Segundo Olalde & Dias, (2004) no estado da Bahia grande parte da produção de orgânicos destina-se ao mercado externo, outra parte é comercializada em lojas de produtos naturais e feiras, e apenas uma pequena parcela destina-se aos supermercados. Dados colhidos da organização Planeta Orgânico (quadro 2), mostra que a quantidade de produtores orgânicos certificados no estado ainda é muito baixa, há uma concentração maior na região do Sul da Bahia, em Ilhéus. A COOPASB Cooperativa de pequenos produtores agroecologistas do Sul da Bahia tem atuado no apoio para produção e comercialização dos produtos gerados pela agricultura familiar dos associados, onde é constatado um maior numero de produtos certificados, como: cacau, cravo da índia, guaraná e hortaliças. Em artigo recente o prof. Gross (2006) relata que na região sul da Bahia algumas propriedades têm certificação e a atuação de ONGs, como o Instituto de Estudos Sócio-Ambientais (IESB), o Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (SASOP) e cooperativas como a COOPERUNA e a CABRUCA tem auxiliado na implantação de sistemas agroecológicos e de sistemas agroflorestais. A Cooperativa dos Produtores Orgânicos do Sul da Bahia – CABRUCA, está organizada com 34 produtores associados, cujas áreas estão certificadas pelo IBD (Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento) entidade credenciada junto ao IFOAM. A região cacaueira da Bahia apresenta um contexto bastante favorável para consolidação de um pólo de agricultura orgânica agroflorestal, observando principalmente os aspectos da conservação da biodiversidade e produção familiar. (BLANES, 2005, p.4) Conforme afirma Olalde & Dias (2004) a agricultura orgânica na Bahia está sendo implementada em diversas regiões e tem atraído considerável interesse dos produtores, entretanto o sistema de comercialização dos produtos ainda é pouco organizado, o que pode ser comprovado pelo baixo volume de produção, irregularidade da oferta e pouca variedade de produtos. 31 No estado da Bahia alguns produtos encontrados nas feiras livres são vendidos como orgânicos, as hortaliças, verduras e outros alimentos semiprocessados como a mandioca ou aipim que são encontrados embalados e rotulados, mas sem a certificação. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - EMBRAPA, unidade de Cruz das Almas - BA, vem desenvolvendo pesquisas em produtos orgânicos, principalmente mandioca orgânica. (EMBRAPA, 2006). Essas ações podem representar uma perspectiva mais otimista para a produção baiana de orgânicos. Quadro 2 - Produtores orgânicos na Bahia PRODUTOR LOCALIZAÇÃO CERTIFICAÇÃO AGUARDENTE Fazenda Vaccaro CACAU COOPASB - Cooperativa de Pequenos Produtores Agroecologistas do Sul da Bahia IESB - Instituto de Estudos Sócio Ambientais do Sul da Bahia Fazenda Panorama Rio de Contas - Bahia IBD Ilhéus – Bahia IBD Ilhéus – Bahia IBD Teolandia – Bahia Mokiti Okada Ilhéus – Bahia IBD Taperoá / Bahia IBD Salvador / Bahia IBD IBD CRAVO DA ÍNDIA COOPASB - Cooperativa de Pequenos Produtores Agroecologistas do Sul da Bahia Projeto Onça FRUTAS Fazendas Reunidas Nossa Senhora da Conceição Aproac - Associação dos Produtores Orgânicos da Adutora GUARANÁ COOPASB - Cooperativa de Pequenos Produtores Agroecologistas do Sul da Bahia GUARANÁ EM PÓ Projeto Onça HORTALIÇAS COOPASB - Cooperativa de Pequenos Produtores Agroecologistas do Sul da Bahia MANGA Paulo Henrique Moreira Lisboa Coperfrul – Cooperativa de Pequenos Agricultores de Frutas de Livramento e Região MEL Associação de Apicultura do Vale do Capão FLOR NATIVA PRODUTORES DE ÓLEOS ESSENCIAIS Agroindustrial Daventria Ltda. PALMITO e outros Cooperativa dos Produtores Orgânicos do Sul da Bahia - CABRUCA Fonte: planetaorganico,2007 Juazeiro – Bahia Ilhéus – Bahia IBD Taperoá / Bahia IBD Ilhéus – Bahia IBD Formosa do Rio Preto / Bahia CMO Livramento do Brumado - Bahia Palmeiras - Bahia IBD Barreiras / Bahia SKAL Ilhéus – Bahia IBD 32 3.6 Certificação O direito do consumidor é uma matéria que cada vez mais, pressiona as empresas produtoras e fornecedores de bens e serviços a melhorarem seus processos, tornando transparentes as informações dos produtos, através dos rótulos, embalagens e demais canais de informação. O sistema orgânico é o único que dentro de sua cadeia produtiva (figura 1) tem o processo de certificação como um elo essencial em todas as fases, da produção até a entrega ao consumidor do produto final. O processo de certificação é a representação da credibilidade do produto, é um atributo percebido e valorizado na decisão de compra pelo cliente. [...] os produtos orgânicos classificam-se como bens de crença, pois apresentam atributos de qualidade altamente específicos, não identificáveis mediante simples observação. Qualidade, para o autor,relaciona-se não apenas com aspectos visuais como a aparência ou salubridade, como a isenção de produtos químicos. A qualidade diz respeito também à confiabilidade na presença de propriedades específicas nos produtos, ou seja, refere-se à confiança com que os consumidores podem comprar determinados produtos, se estiverem buscando características específicas. (SOUZA 2001, apud ORMOND, 2002, p.18). No Brasil, o mercado de orgânicos é regido pela Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003, que dispõe sobre a agricultura orgânica. Define a certificação como: procedimento pelo qual um organismo de avaliação da conformidade, credenciado, dá garantia por escrito que uma produção ou um processo claramente identificado foram metodicamente avaliados e estão em conformidade com as normas de produção orgânica vigente (Instituto Biodinâmico IBD, 2007). Atualmente existe uma banalização de expressões empregadas a marcas e produtos que na sua maioria são duvidosas e enganosas, utilizadas em demasia servem para confundir os consumidores. Expressões como “biodegradáveis” “ecologicamente corretos”, são facilmente encontradas nas embalagens e propagandas de produtos. Correa, (apud OLIVEIRA, 2007, p.74) afirma que foi na década de 1970 que surgiram os rótulos para produtos orgânicos que eram de caráter voluntário e o próprio fabricante informava que o produto não utilizava agrotóxico. Foi a partir dos anos 90 que os selos foram implementados, em paises desenvolvidos, a Uniao Européia alavancou esse processo. 33 3.6.1 Formas de Certificação A certificação pode ser "em rede" ou "unitária". A primeira ocorre quando ONG´s locais, regionais e estaduais se credenciam mutuamente em regime de reciprocidade, com o objetivo de diminuir os custos do processo. Já a segunda é realizada por uma única entidade certificadora, fiscalizada pelo Colegiado Estadual de Agricultura Orgânica ou por organismos externos, através de auditorias periódicas (FELICONIO, 2002). Ainda segundo Feliconio (2002), No Brasil, cerca de 46% da população lê com atenção os rótulos de produtos antes de decidir a compra. Esta afirmação é pertinente a todos os produtos, orgânicos ou não orgânicos. Os rótulos devem trazer todas as informações relativas ao produto. Quando um produto é garantido por um selo de qualidade, a imagem da logomarca do selo é exibida no rótulo. Os selos de qualidade podem focar diferentes aspectos dos negócios. Entre eles, os mais difundidos nos dias de hoje são os “selos sociais” e os “selos verdes”. No Brasil existem vários organismos que certificam os produtos orgânicos, é importante que as entidades certificadoras sejam credenciadas junto as credenciadoras internacionais, isso representa uma vantagem competitiva no mercado internacional. Segundo Giordano et.al. (2004) o fato de uma certificadora ter um credenciamento internacional junto a uma instituição de reputação pode significar o acesso a mercados que exigem que ela seja credenciada junto a um organismo internacional. A Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (IFOAM) congrega certificadores, comercializadores e processadores, a Uniao Européia exige certificação pela IFOAM. Atualmente no Brasil os produtos são certificados por certificadoras privadas, segundo a Apex (2006) existem entre 25 e 30 certificadores que atuam monitoradas por entidades internacionais. Os mais requisitados são: o Instituto Biodinâmico (IBD), a Associação de Agricultura Orgânica (AAO), Associação de Agricultores Biológicos (ABIO) e a Ecocert Brasil. 34 3.7 Estratégia de Marketing Qualquer organização, marca ou produto utiliza estratégias de marketing, no mercado competitivo até organizações sem fins lucrativos necessitam se posicionar com ações de comunicação que promovam e dê visibilidade aos produtos e serviços. O Sistema de marketing atua como um agente regulador de importância vital. Ele mobiliza recursos para que sejam atendidos os desejos e satisfeita as necessidades dos consumidores. (MCCARTHY 1976, p.32). Da discussão histórica a definição do marketing citada por McCarthy (1976 p. 48), “Seria a troca de mercadorias excedentes”. Essa definição remonta dos processos iniciais nas relações de troca excedentes. Numa visão mais moderna o mesmo McCarthy (1976 p.48) afirma que “marketing é o desempenho de atividades empresariais que dirigem o fluxo de produtos e serviços do produtor para o consumidor ou usuário afim de satisfazer as necessidades do consumidor e atingir os objetivos da companhia”. Segundo a definição de (KOTLER, 1998, p.45), “marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com os outros” . Este conceito de marketing vem sendo questionado nos anos recentes, frente à deterioração ambiental, escassez de recursos, crescimento explosivo da população, fome e pobreza mundial e negligência de serviços sociais, pois não enfoca os conflitos entre os desejos e interesses dos consumidores e bem estar da sociedade á longo prazo. O senso comum em marketing o conceitua apenas como vendas e propaganda. Isso não causa nenhuma surpresa. O aspecto do marketing mais visível são os comerciais de televisão, os anúncios em jornais e revistas, campanhas de mala-direta, ofertas na internet e campanhas de telemarketing. Entretanto, vendas e propagandas constituem apenas a ponta do iceberg do marketing. Embora sejam importantes, são apenas duas das muitas funções do marketing, e não necessariamente as mais importantes. Hoje, o marketing não deve ser entendido no velho sentido de efetuar uma venda, mas no de satisfazer as necessidades dos clientes. A venda ocorre somente depois que um produto é produzido. O marketing, por sua vez, inicia-se antes mesmo de a empresa ter determinado o produto. (KOTLER, 2002). 35 Uma organização com ou sem fins lucrativos, possui um conjunto de funções que alguns autores chamam de função empresarial nesse conjunto de funções que são representados pela produção, finanças, logística, recursos humanos, sistemas de informação, entre outras, todas gerenciam recursos e geram resultados que agregam valor econômico ao processo empresarial como um todo. A função mercadológica está inserida no contexto destas funções para obter o melhor resultado através de entrega as pessoas de produtos que satisfaçam suas necessidades e desejos. Para operacionalizar as ações mercadológicas existe o composto de marketing, marketing mix, ou “quatro P” , figura 4. Em 1960, Jerome McCarthy, no seu livro Marketing Básico, escreveu que todas as ações de Marketing poderiam ser agrupadas em quatro componentes básicos:: produto, preço, praça, e romoção. (PANCRASIO, 2003, p.13) Produtos: são todos os elementos que o compõem, seus atributos, físicos, benefícios, a marca, embalagem, rotulagem, fragrância, cor, textura. Gobe et al. (2004) adverte que ao definir um produto, é imperativo que se considere a dimensão do consumidor. É importante que atente para a maneira como os consumidores percebem os produtos e os benefícios. Preço: é definido a partir dos custos e com adição da margem de lucro, pode ser também definido pelo mercado e pela concorrência. Está presente aqui toda estratégia de crédito e formas de pagamento. Praça: é o ponto-de-venda, o canal de distribuição, desde o distribuidor até o varejo, são as lojas de portas abertas, a venda direta por consultores e recentemente as vendas pela internet. Promoção: são todas as ações realizadas para comunicar o produto, através das ferramentas de comunicação, como Propaganda, publicidade, relações públicas e merchandising. Todas essas ferramentas são apoiadas pelas diversas mídias, como TV, rádio, outdoor, folhetos, peças de merchandising nos pontos de vendas, como cartazes, adesivos, etc. Para um produto ser conhecido é necessário a utilização de estratégias de comunicação, a propaganda, publicidade, relações públicas, promoção de vendas e merchandising. Segundo Pinheiro (2005), o processo de comunicação com o 36 mercado visa, criar imagem e apoiar as vendas do produto, informando sobre sua existência, levado conhecimento sobre seu beneficio. De acordo com Engel, Blackwell & Miniard, (apud, Pereira, 2003) a comunicação de marketing feita na forma de um anúncio, na embalagem de um produto ou de um apelo ecológico, representa um forte meio de influenciar as atitudes e comportamento do consumidor. Sujeitos expostos a anúncios e que se sintam pouco envolvidos com a marca ou produto podem ter suas atitudes afetadas pela presença do argumento ecológico. FIGURA: 4 - O mix de marketing – 4 P Fonte: Adaptado de Kotler (2000, p. 37) 37 3.7.1 Segmentação de Mercado O mercado é grande e complexo com pessoas muitos diferentes o que torna muito difícil atende-lo de maneira homogênea, excetuando aqueles produtos de massa voltados para grande quantidade de pessoas. Sendo assim é necessário segmentar o mercado. Rocha & Christensen (1999) falam em mercado existente e mercado potencial, cada qual com varias possibilidades, neste aspecto os alimentos orgânicos se caracterizam como um mercado potencial. Conforme Basta, (2003) a segmentação de mercado é o meio utilizado pelo marketing para dividir o mercado em diferentes grupos de clientes. Segundo definição de Kotler (2003), um segmento de mercado é formado por consumidores que respondem de maneira similar a determinado conjunto de esforços de marketing. O mercado pode ser segmentado através de varias formas, segundo Churchill (2003) as inúmeras maneiras para segmentar mercado de consumo variam da idade dos consumidores a suas atitudes e comportamento de compra. Kotler (2004) descreve as formas mais comuns de segmentação: A segmentação geográfica, demográfica, psicográfica e comportamental, quadro 3. Quadro 3 – Formas de Segmentação de Mercado Segmentação Geográfica Segmentação Demográfica Segmentação Psicográfica Segmentação Comportamental Implica dividir o mercado em diferentes unidades geográficas, como países, regiões, estados, cidades ou bairros. A empresa pode decidir atuar em uma, em algumas ou em todas as áreas, prestando atenção nas diferenças geográficas relacionadas ás necessidades e aos desejos Divide o mercado em grupos com base em variáveis como sexo, idade, tamanho da família, ciclo de vida da família, renda, ocupação, grau de instrução, religião, raça e nacionalidade. Os fatores demográficos constituem a base mais popular para a segmentação de grupos de clientes. Uma razão para isso é o fato da as necessidades, os desejos e os índices de utilização geralmente variam de acordo com as variáveis demográficas. Divide os compradores em diferentes grupos com base na classe social, no estilo de vida e na personalidade. Pessoas de um mesmo grupo demográfico podem ter características psicográficas bastante diferentes. Divide os compradores em grupos com base no conhecimento em relação a determinado produto, nas atitudes direcionadas a ele, no uso que se faz desse produto e nas respostas.Muitos profissionais de marketing acreditam que as variáveis comportamentais constituem o melhor ponto de partida para o desenvolvimento de segmentos de mercado. Fonte: (KOTLER; ARMSTRONG, 2004, p.178). 38 3.7.2 Nicho de Mercado Muitas vezes a estratégia escolhida é focar num único grupo de consumidores, nesse caso escolhe-se um nicho de mercado. Churchill (2003) classifica nicho como a estratégia de concentração num único mercado alvo. Pode ser lucrativo se concentrar num grupo rentável de consumidores, desenvolvendo produtos para um grupo único. Churchill (2003) também alerta para os riscos de se trabalhar em nichos, baixa demanda, erro de calculo, deve ser estudada com cuidado a decisão. Segundo Vieira (apud Silva, 2003, p.9), em uma pesquisa realizada no estado do Paraná no ano de 2001, constatou-se que muitos consumidores não conhecia a diferença entre produto convencional, hidropônico e orgânico. Reforçando assim, a necessidade da existência de uma estratégia que resolva este e outros problemas destes nichos de mercados. 3.7.3 Merchandising As ações de comunicação no ponto-de-venda tem se tornado a estratégia mais eficaz para o mercado varejista, é no ponto-de-venda que a decisão de compra é tomada pelo consumidor. Qualquer produto e marca que deseja se consolidar necessita estabelecer estratégias de merchandising. Merchandising é definido por Pancrasio (2000) a atividade de marketing mais próxima à decisão de compra. Essa definição ressalta a importância da ação de comunicação para atingir o cliente no momento que ele decide o que comprar. Blessa (2006) afirma que o merchandising buscar gerar trafego nas lojas, induz novos consumidores à experimentação e a compra. Segundo Blessa (2006) o merchandising atua dando visibilidade aos produtos através de técnicas de exibição nas gôndolas dos locais de venda. Reportando a Vaz (2003), ele afirma que o merchandising opera com mecanismos psicológicos de projeção e de identificação das pessoas com artigos, comidas e bebidas que consome. Tudo isso passa a funcionar como padrões de referência. 39 As ações de comunicação no ponto-de-venda são estabelecidas também através das embalagens, conforme Zenone (2005) a embalagem, alem de proteger o produto, tem a função de promover, informar e diferenciar o produto dos concorrentes. Produtos considerados de baixo envolvimento, que são aqueles comprados no dia-a-dia, de baixo valor monetário, para esses produtos as decisões de compra ocorrem no ponto-de-venda. Merchandising engloba várias atividades no ponto de venda, segundo Dias (2004), são feitas ações de exposição de produtos, com os displays, stands, gôndolas, entre outros. Envolvem também comunicação com folhetos, cartazes, promoções, demonstrações, degustações e outras atividades que despertem atenção dos consumidores no local de venda. 3.8 Marketing Verde O surgimento do marketing verde se deu ao final da década de 1960 e início da década de 1970, a partir de estudos relacionados com a responsabilidade social das empresas. O termo marketing verde, ecológico ou ambiental surgiu nos anos setenta, quando a AMA realizou um workshop para discutir o impacto do marketing sobre o meio ambiente. Na ocasião foi definido o marketing ecológico como, "estudo dos aspectos positivos e negativos das atividades de Marketing em relação à poluição, esgotamento de energia e ao esgotamento dos recursos não renováveis" (GIULIANI, 2004, p.4) Para se entender o conceito de marketing verde ou marketing ambiental, torna-se necessário o conhecimento da evolução das filosofias de administração de marketing. Ressalta-se que esse não é um modelo único para todos os mercados, pois diferentes mercados vivem realidades e influências ambientais diferentes. De modo geral, entretanto, essa evolução apresenta o papel da concorrência no processo de entrega de produtos/serviços de valor ao cliente. Já Churchill (2000) apresenta uma terceira filosofia de administração de marketing, ou seja, a orientação para vendas aplicada a ambientes em que a concorrência é acirrada, sendo a oferta maior que a demanda pelo produto. Assim, 40 torna-se necessário um grande esforço em vendas, ou seja, vendedores capacitados e constantes promoções ao consumidor. Kotler (2000) comenta que, em época na qual a deterioração do meio ambiente, a escassez de recursos naturais, a fome e a miséria são presentes, não basta atender as necessidades e desejos dos clientes; torna-se necessário também respeitar e preservar o ambiente no qual o consumidor está inserido. Assim, surge a orientação de marketing societal. (CHURCHILL 2000, p.44) assinala que marketing verde consiste em “atividades de marketing destinadas a minimizar os efeitos negativos sobre o ambiente físico ou melhorar a sua qualidade de uma forma lucrativa e sustentável”. Polonsky (apud Giuvani, 2004), considera o marketing verde como as atividades desenvolvidas para gerar e facilitar quaisquer trocas com a intenção de satisfazer os desejos e necessidades dos consumidores, desde que a satisfação de tais desejos e necessidades ocorra com o mínimo de impacto negativo sobre o meio ambiente. O Marketing verde, ou ambiental, surge, então, como ferramenta de apoio e monitoramento, desde o processo de desenvolvimento, produção, entrega, até o descarte do produto, buscando atender as necessidades e desejos dos consumidores e apresentando aos seus vários públicos a busca pelo lucro com responsabilidade ambiental. Trata-se, portanto, de uma nova orientação. A chamada onda verde que tomou proporções maiores a partir de 1990 nos Estados Unidos formou o chamado consumidor “verde”, ou ambientalmente responsável, fundamental também foi a edição do livro Marketing Verde da americana Jacquelyn Ottman que acabou por se tornar referência sobre o assunto. Seus estudos mostram o diferencial competitivo do produto “verde”, assim como o comportamento do consumidor em relação a este novo atributo. O marketing verde atua na elaboração de produtos chamados ecologicamente corretos, produto que tem a origem de matérias prima que são obtidos de sistemas sustentáveis, certificados e que na sua confecção também minimize impactos de energia e que tenham ciclo de vida maior, são produtos dentro da concepção do marketing verde. Ottman (1998) afirma que “produto verde é aquele cuja performance ambiental e social é significativamente correspondentes ofertas convencionais ou concorrenciais”. melhor do que as 41 3.9 Comportamento do Consumidor Após uma verificação nos diversos bancos de dados de instituições acadêmicas, nota-se que existem poucos trabalhos que trata do tema relacionado ao comportamento do consumidor de orgânicos, Darolt (2001) desenvolveu uma pesquisa com consumidores de feiras orgânicas na região metropolitana de Curitiba mostrando o perfil deste consumidor, Cerveira (1998) realizou uma pesquisa do perfil sócio-economico dos consumidores de produtos orgânicos da cidade de São Paulo, a pesquisa foi realizada na feira de produtos orgânicos do Parque de Água Branca, neste estudo foi levantado o perfil com algumas variáveis, como profissão, escolaridade, renda, participação em organizações civil e habito alimentar. Monteiro (2004) fez uma pesquisa quantitativa sobre os alimentos orgânicos e a percepção de seus atributos por parte dos consumidores da cidade de São Paulo, este estudo foi focado em produtos hortifruti orgânicos, foram abordados as variáveis de conceito de produto orgânico, características físicas, qualidade, saúde, acesso, divulgação, certificação, meio ambiente, comportamento do consumidor, valor e credibilidade. No estado da Bahia existe uma pesquisa realizada por Souza (2005) onde foi estudada a análise do comportamento do consumidor de produtos orgânicos nos municípios de Ilhéus e Itabuna - Bahia, o estudo analisa a demanda de produtos orgânicos, a identificação do perfil e motivações dos consumidores, alem de averiguar as perspectivas locais, foi verificado que a maioria das pessoas não souberam conceituar o produto orgânico, onde se verifica que um dos entraves para a aceitação dos orgânicos reside na informação. Nava (2004) também desenvolveu uma pesquisa sobre os produtos orgânicos, onde são analisadas as estratégias de marketing junto ao mercado de consumo para aquisição de alimentos orgânicos: Uma abordagem relacionada a aplicação do mix de marketing, esta pesquisa esta delimitada ao estado do Paraná e obtém um diagnostico sobre o que representa esse mercado dos orgânicos no estado. Percebe-se que há um mercado consumidor latente, a espera de opções de compra. Um consumidor ávido a consumir, mas que, no entanto, está sem alternativas de consumo e não tem acesso aos produtos orgânicos. O estudo do comportamento do consumidor é uma das áreas mais complexas nos processo de estabelecimento de estratégias de comunicação e marketing, é o grande desafio dos profissionais de mercado saber como se comporta os clientes 42 nas suas decisões de compra. Segundo Solomon (2002), o comportamento do consumidor é o estudo dos processos envolvidos quando indivíduos ou grupos selecionam, compram, usam ou dispõem de produtos, serviços, idéias ou experiências para satisfazer necessidades e desejos. Segundo Barbosa (2006), consumo deriva do latim consumere, que significa usar tudo, esgotar e destruir; e do termo inglês consummation, que significa somar e adicionar. A fundamentação e a análise do comportamento do consumidor tiveram suas raízes iniciais na teoria econômica e, mais tarde, na teoria do marketing, da economia impulsionada por produção, para uma economia impulsionada pelo mercado. O nível de sofisticação da sociedade e o comportamento humano são entendidos pela psicologia, antropologia e outras ciências do comportamento (SOLOMON, 2002). Para estudar o comportamento do consumidor é necessário conhecer como os clientes compram, o processo de compra é elaborado a partir de uma seqüência de atitudes, para isso foi formulado um modelo chamado cinco estágios do processo de compra, desenvolvido por Engel, Kollat & Blackwell (apud de Parente, 2000), esse modelo está ilustrado na figura 5. Figura 5: Modelo dos 5 Estágios de compra Fonte: (Parente 2000, p. 119) Segundo Mattar (1982) o conhecimento de como surge a necessidade de comprar, de como ocorre a procura de informação, bem como quais os fatores são levados em consideração na decisão de compra, é fundamental para entender o comportamento do comprador e assim poder elaborar o planejamento da comunicação e do produto. 43 Conhecer o comportamento dos consumidores de produtos orgânicos é indispensável para saber como tomar decisões e gerir todo processo produtivo. Segundo Giordano et.al. (2004), os consumidores são os responsáveis pela transferência de informações ao mercado que levam às ações de gestão, são também os responsáveis pelo fluxo financeiro que entra na cadeia e percorre até o produtor. Outro aspecto importante do processo de compra é conhecer os papeis dos clientes. Parente (2000) identifica três papeis em uma transação: O comprador que é a pessoa que participa da busca da compra do produto; outro papel seria o usuário que é a pessoa que consome o produto, recebe os benefícios do produto e o terceiro papel é do pagador que é quem paga pela transação. É importante salientar que uma só pessoa pode representar dois ou três papeis. 3.9.1 Fatores que influenciam o comportamento do consumidor O estudo do comportamento do consumidor é interdisciplinar, com a interação de diversas áreas do conhecimento como a psicologia, economia, sociologia, antropologia cultural, semiótica, demografia e a história. O comportamento do consumidor foi inicialmente estudado do ponto de vista econômico, através da microeconomia numa avaliação da relação consumidores, produtores e mercado. Segundo Pinheiro (2006) o eixo central deste estudo baseiase em uma visão do consumidor apoiada na teoria da racionalidade econômica, é feita a relação maior beneficio pelo menor custo possível. Segundo Kotler (2003) as compras do consumidor são extremamente influenciadas pelas características culturais, sociais, pessoais e psicológicas. Estas variáveis devem ser analisadas na formulação das estratégias de mercado. 44 Figura 6 – Fatores que Influenciam o comportamento do consumidor. Fonte: (KOTLER, 2003, p.119) A cultura é um dos fatores mais importantes, pois representa um elemento fundamental na vida das pessoas em sociedade. Segundo Churchill (2003), cultura é o complexo de valores e comportamentos aprendidos que são compartilhados por uma sociedade. Kotler (2003) alerta que todo grupo ou sociedade possui uma cultura, e a influência da cultura sobre o comportamento de compra pode variar muito de grupo para grupo, de país para país. Os fatores Sociais também afetam o comportamento do consumidor, são os grupos de referência, como família, amigos, sindicatos, profissionais e demais papéis sociais. Os profissionais de marketing têm interesse em saber quem faz as compras numa família e quais os membros às influenciam. Churchill (2003). Nos estudos do comportamento do consumidor existem os influenciadores técnicos, na definição de Pancrazio (2000, p. 60) “São pessoas ou empresas que, em função da atividade que exerce, tem forte influencia na comercialização de bens, sem contudo participarem dela”. No caso de alimentos orgânicos são considerados importantes influenciadores técnicos os nutricionistas e médicos. Nos fatores pessoais de acordo com Kotler (2003), as decisões do comprador são influenciadas também por suas características pessoais, como idade, estágio no ciclo de vida, ocupação, situação financeira, estilo de vida, personalidade e autoimagem. O estilo de vida é considerado um dos fatores mais utilizados na atualidade pelos profissionais de marketing para conhecer comportamento de consumidores, 45 segundo Kotler (2003), o padrão de vida de uma pessoa é expresso na sua psicografia. Ele implica a avaliação das principais dimensões do consumidor, atividades como: trabalho, hobby, esporte, compromissos sociais, interesses por comida, moda, família e lazer. Conforme relata Giglio (2002), o comportamento do consumidor é um fenômeno social, essa corrente apóia na sociologia, o ser humano como ser social inserido num conjunto de regras. Alguns estudiosos da sociologia têm uma visão otimista e apóia nos pressupostos de necessidades biológicas, psicológicas e econômicas para a realização social e geração do consumo. Uma outra corrente sociológica considera que o consumo é o resultado de operações de alienação do sujeito, que se afasta de sua consciência produtiva e adota a posse como formadora de identidade. Essa teoria condena as ações de marketing na busca de persuadir o cliente. As teorias da motivação do consumidor a partir da psicologia, segundo Giglio (2002) é a afirmação que o comportamento pode ser entendido no jogo das emoções, dos afetos que fluem nos sujeitos, deixando o racional em segundo plano. É com a psicologia que se originaram outras perspectivas teóricas: a psicanalítica e cognitivista. Segundo Pinheiro (2006) a teoria psicanalítica de Freud afirma que as pessoas não conhecem seus verdadeiros desejos, pois existe uma espécie de mecanismo de avaliação que determinam quais delas poderão torna-se conscientes e quais não. Profissionais de marketing utilizam o conceito de inconsciente para criar as mais diversas explicações sobre os motivos do consumo. Segundo Gade (1980), a teoria freudiana é utilizada em marketing a fim de não só se estabelecer os motivos intrapsíquicos que levariam o homem ao consumo, assim como no estudo dos apelos mais favoráveis em termos de propaganda. Freud estabelece três instâncias psíquicas responsáveis pelo comportamento: o id, fonte da energia psíquica dos impulsos primitivos, o ego, regulador dos impulsos selvagens do id ligado ao princípio da realidade, e o superego, a quem cabe a representação interna das proibições sociais. Um dos estágios da compra que mais tem sido investido pelas empresas é a pós-compra, num ambiente altamente concorrido a repetição da compra vai depender da experiência na primeira compra. Conforme Giglio (2002) o termo dissonância cognitiva foi cunhado há várias décadas pelo psicólogo social Leon Festinger. Giglio (2002) ainda afirma que, dissonância cognitiva refere-se 46 exatamente ao processo e resultado final cognitivo e emocional da verificação da diferença entre o que se esperava e o que ocorreu. A atitude do consumidor poderá ser de satisfação ou insatisfação, abandono, reclamação ou lealdade. Sobre a influencia da comunicação no consumo, (PETTY E CACIOPPO, apud SERRANO, 2003 p.36) declaram que as influências em atitudes ocorrem através da persuasão da comunicação. A persuasão ou ato de induzir e convencer depende das respostas cognitivas (pensamentos) e afetivas (sentimentos) que ocorrem durante o processamento da mensagem. 3.9.2 Consumismo e Consumerismo Dentro da corrente do consumo consciente é importante fazer a diferenciação do que seja consumismo e consumerismo, Giglio (2002) define consumismo como a compra sem necessidade, e o consumerismo, definido como o movimento de consciência sobre o consumismo. O extremo acontece na medida em que o consumismo passa a ser tratada como uma patologia, onde as pessoas precisam de ajuda médica para conter o ímpeto de consumo. Segundo Ottman (1993), o consumerismo ambiental, não é só uma tendência social complexa, mas também um fenômeno de marketing. Os consumidores verdes compram com uma agenda diferente de seus predecessores dos anos 70 e 80, e por ser uma tendência em longo prazo, refletem uma mudança dos valores sociais. No relato de Ashley, (2000) consumerismo é um credo econômico e social que encoraja as pessoas a aspirarem ao consumo, independente de suas conseqüências. Nesta cultura de consumerismo encontram-se os EUA, com 6% da população mundial, consumindo 30% dos recursos mundiais. Uma nova conotação do consumerismo é enfocada na sua pesquisa por Ashley, (2000), que afirma que o consumerismo “verde” é uma tentativa de fazer os consumidores comprarem bens ou serviços que sejam environment friendly 4 . Ainda segundo OTTMAN (1993), o consumerismo ambiental é impulsionado por pessoas maduras, motivadas por um desejo de proteger a qualidade de suas vidas e preservar o ambiente para seus filhos. 4 Tradução: Ambientalmente amigável. 47 3.9.3 O Perfil do Consumidor de Alimentos Orgânicos O segmento de alimentos orgânicos é um ramo de negocio novo no Brasil, um perfil deste tipo de consumidor já começa a ser traçado através de várias pesquisas realizadas principalmente no sudeste e sul do país. O estilo de vida de cada indivíduo é construído a partir de uma série de blocos – que correspondem a um conjunto de práticas sociais que os indivíduos invocam no seu cotidiano (SPAARGAREN, apud, GUIVANT, 2003. p. 4). Ao escolher o que queremos consumir buscamos distinções, assim como todos os bens e produtos que podemos adquirir a escolha de consumo em alimentos orgânicos, também representa uma distinção. O estilo de vida refere-se a um padrão de consumo que reflete as escolhas de uma pessoa sobre como gastar seu tempo e dinheiro. Em um sentido econômico, o estilo de vida representa o modo escolhido para distribuir a renda, tanto em termos de diferentes produtos e serviços quanto de alternativas específicas dentro dessas categorias. Outras distinções um pouco semelhantes foram feitas para descrever os consumidores em termos de seus amplos padrões de consumo, tais como aquelas que os diferenciam em termos da proporção dos gastos totais que dedicam à alimentação, à tecnologia avançada ou aos bens de informação, como diversão e educação. (SOLOMON, 2002, p: 145 / 146.) Para Darolt (2002), é cada vez maior o número de pessoas que estão buscando uma alimentação mais saudável, na tentativa de resgatar um tempo que ainda era possível ter à mesa alimentos frescos, de boa qualidade biológica e livre de agrotóxicos. Atualmente, os alimentos recebem tantos produtos tóxicos e passam por uma série de processos de transformação até chegar ao consumidor que acabam provocando uma mudança de hábitos alimentares e um distanciamento entre o agricultor e o consumidor. A pesquisadora Guivant (2003) na pesquisa sobre os supermercados na oferta de orgânicos, conceitua os consumidores de produtos orgânicos, com o termo de ego-trip em contraste com o ecologico-trip 48 [...] orientadas pela procura de um estilo de vida mais saudável, o que não implica práticas sociais coerentes de parte dos consumidores. Estaríamos aqui frente ao consumo denominado como ego-trip, que leva a caracterizar o consumidor de orgânicos nos supermercados de forma diferente de quem procura o consumo orgânico como parte de uma atitude assumida frente ao meio ambiente ou de responsabilidade social, dentro do que seria o estilo de vida ecológico-trip. (GUIVANT, 2003, p.5). Pode-se dizer que existem basicamente dois tipos de consumidores de orgânicos. Segundo Darolt (2003), o primeiro tipo são aqueles consumidores mais antigos, que estão motivados, bem informados e são exigentes em termos de qualidade biológica do produto. Estes consumidores são os freqüentadores das feiras verdes de produtos orgânicos. Um segundo tipo, mais recente, ainda pouco estudado, é o consumidor das grandes redes de supermercados. Segundo Guivant (2003) no Brasil há significativa concentração de estudos sobre mercados alternativos de produtos orgânicos, que orienta a quem já está disposto a incorporar na sua dieta tais produtos ou que compartilha valores e estilos de vida. Nos trabalhos realizados no Brasil para identificar o perfil do consumidor de orgânicos, existe a pesquisa realizada pela Embrapa de Brasília, que procurou descrever o perfil socioeconômico dos consumidores do Distrito Federal. No relatório técnico com os resultados da Embrapa (2006), verifica-se: os consumidores consideram que os pontos de venda ainda são insuficientes para atender à demanda e que faltam ainda muitos produtos orgânicos no mercado. Os locais de compra mais utilizados são as feiras, seguido por cestas entregues em domicílio e por ultimo a participação dos supermercados. A maioria dos consumidores estão dispostos a pagar um preço maior pelos orgânicos. Entretanto, mais da metade considera que o preço é alto e os demais consideram o preço justo. A maior parte dos consumidores entrevistados aufere renda mensal maior do que 13 salários mínimos (88%). A busca por alimento mais saudável é entre outros o fator o que mais estimula o consumo de produtos orgânicos. O preço dos produtos orgânicos tem sido um dos entraves à expansão do mercado. O aumento relativo dos preços dos alimentos orgânicos está relacionado a um conjunto de fatores. O mais geral é a baixa escala de produção orgânica, o que implica maiores custos (mão-de-obra; insumos) por unidade de produto. (DAROLT, 2003, p.2) 49 Considerações sobre o referencial teórico Neste capítulo foram apresentadas as bases teóricas utilizadas na pesquisa. É importante ressaltar que a abordagem desta pesquisa foi relacionar os fatores de mercado, consumidores e suas atitudes com o consumo de alimentos orgânicos, porque se parte do pressuposto de que os fatores que mais afetam o consumo de produtos orgânicos são a oferta limitada de produtos, a ausência de mecanismos de comunicação visando divulgar os benefícios dos alimentos orgânicos e o desconhecimento do perfil do consumidor potencial para alimentos orgânicos. Os referenciais teóricos trabalhados estão relacionados com os estudos da mercadologia, o marketing moderno se aproxima cada vez mais das outras áreas do conhecimento, como a sociologia, a psicologia, a antropologia e com bastante ênfase nos últimos anos para os aspectos ambientais. O primeiro fundamento é sobre o sistema orgânico de produção, que trata das correntes da chamada agricultura alternativa, esse conteúdo permite o entendimento sistêmico do modelo de produção, são tratados os princípios e particularidades de cada movimento, apresenta a cadeia produtiva dos orgânicos, o mercado dos alimentos orgânicos no mundo, no Brasil e na Bahia, a comercialização e o processo de certificação. A temática de marketing que visa dar embasamento conceitual sobre as ações do mercado de produtos orgânicos e ao perfil do consumidor; abordando os assuntos: estratégias de marketing, a segmentação de mercados, merchandising, o marketing verde como um conceito novo de mercadologia, o comportamento do consumidor e os fatores que influencia o perfil do consumidor de alimentos orgânicos. Os conteúdos e informações relatadas contribuíram para relacionar aos dados investigados e coletados com vistas a atender os objetivos propostos para a pesquisa. 50 4. METODOLOGIA 4.1 Delimitação da Pesquisa Este estudo delimita-se ao marketing no fundamento correspondente ao comportamento do consumidor, no que se refere às percepções dos consumidores com relação aos alimentos orgânicos para Identificar os critérios de decisão de compra, caracterizar a presença da comunicação de marketing de produtos orgânicos no ponto de venda, o perfil sócio-econômico do consumidor de produtos orgânicos (nível de escolaridade, nível de renda familiar, idade, atividade que desenvolve, experiência/vivência com pessoas/instituições relacionadas com temas ambientais, problemas de saúde na família. 4.2 Caracterização da Área de Estudo O município de Vitória da Conquista está localizado na região Sudoeste do estado da Bahia, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica IBGE com uma área territorial de 3.204 km² , população estimada em 14/11/2007 no último censo, em 308.204 habitantes, (IBGE,2007), para esta pesquisa foi utilizado dado do censo de 2001, considerado o dado oficial. Distante 505 km da capital, Salvador. Figura 7 – Localização do município de Vitória da Conquista no estado da Bahia Fonte: Cobapis 51 4.3 Tipos de Pesquisa Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, pesquisa pode ser quantitativa ou qualitativa (Gil, 1999). Esta pesquisa terá caráter quantitativo, pois estará tratando de dados estatísticos, dados oriundos de questionários e de caráter qualitativo na interpretação das informações, opiniões obtidas pelas entrevistas. Quanto aos objetivos este estudo classifica-se como sendo uma pesquisa descritiva. Para Gil (2002) A pesquisa descritiva: visa descrever as características de determinada população ou fenômeno e o estabelecimento de relações entre variáveis. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos esta pesquisa tem a forma de levantamento, “... interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer” (GIL, 2002, p.50). Neste trabalho foram levantadas variáveis relativas aos dados dos consumidores, como dados: Pessoais, demográficos, psicográficos, comportamento, atitudes, crença e valores. 4.4 População e Amostra O público alvo foram os consumidores e potenciais consumidores de alimentos orgânicos, com idade entre 17 a 79 anos, pessoas que tivesse a atribuição de fazer as compras de alimentos da residência. A população objeto de investigação restringe-se ao município de Vitória da Conquista, no Sudoeste da Bahia, com uma população no ano de 2001 de acordo com o IBGE (2007), de 262.494 habitantes. Apresenta um Produto Interno Bruto (PIB) percapta de R$ 3.678,00. (IBGE, 2005). O recorte da população com idade entre 17 a 79 anos de idade representa uma população de 163.152 habitantes. Foram pesquisados 207 consumidores que se dirigiam as compras nos supermercados Hiper Bompreco (Wal-Mart) e Supermercados Rondelli (regional). Estes locais representam as maiores redes de varejo supermercadista da cidade e tem um público heterogêneo, sendo que o Supermercado Rondelli atende uma parcela maior do público de baixa renda. O critério escolhido para abordagem foram pessoas responsáveis pelas compras de alimentos da casa, seja ela semanal ou mensal. 52 4.4.1 Amostra Para seleção da amostra foi utilizada a amostragem aleatória simples a partir do universo infinito. Confome Sâmara & Barros (2002) na amostra aleatória simples, há uma igual probabilidade, diferente de zero, de cada elemento da população ser escolhido. A amostra obtida para entrevistas foi calculada em 204 consumidores. Na determinação da amostra está sendo considerada a população habitante da cidade de Vitoria da Conquista na faixa dos 17 a 79 anos que corresponde a 163.152 habitantes, (IBGE 2001), população considerada como infinita. De acordo com Martins (2002), a formula usada para o cálculo do tamanho da amostra utilizado no caso dos consumidores foi: n = Z².p.q -------e² n = tamanho da amostra Z² = desvio-padrão relacionado ao índice de confiança p = estimativa da proporção da variável: q = 1-p e = erro amostral O nível de confiança de Z = 95,5% = desvio padrão 2; p = proporção variável de 50% porque não se sabe o percentual da população que consome alimentos orgânicos; q =1-p; e = margem de erro de 7%, amostra n = 204 consumidores. O numero de desvio utilizado representa a margem de segurança dada ao calculo da amostra. Segundo Sâmara & Barros (2002) em pesquisa mercadológica é usual a utilização da margem de segurança de 95%. O erro amostral que é a proporção dos elementos da amostra que estarão fora dos valores previstos. 53 4.5 Instrumento de Coleta de Dados Foram utilizados técnicas de coletas de dados que assumem a forma de levantamento, “... interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer” (GIL, 2002, p50). Foram interrogados consumidores ao se dirigirem ao ponto de venda. Foi utilizado o questionário, com perguntas e com respostas abertas e fechadas, dicotômicas, escolha única e escolha múltipla. 4.6 Tratamento dos Dados Segundo Mattar (1994), o objetivo principal das análises é permitir, ao pesquisador, o estabelecimento das conclusões, a partir dos dados coletados. Para o tratamento dos dados foi utilizado o software Statistical Package for Social Science – SPSS for Windows, versão 11.5. 54 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Perfil dos Consumidores O conhecimento do perfil de qualquer população é fundamental para estabelecer estratégias de segmentação de mercado, visando oferecer o produto adequado para o tipo de publico alvo. No estudo da mercadologia existe o fundamento a respeito da segmentação de mercado. Rocha & Christensen (1999) falam em mercado existente e mercado potencial, cada qual com várias possibilidades, neste aspecto os alimentos orgânicos se caracterizam como um mercado potencial, pois a oferta ainda é limitada, portanto, como nicho de mercado. Conforme Basta, (2003) segmentação de mercado é o meio utilizado pelo marketing para dividir o mercado em diferentes grupos de clientes. Kotler (2004) descreve vários critérios de segmentação, a geográfica, demográfica, psicográfica e comportamental. O conhecimento das características do público é fundamental para auxiliar a traçar um perfil do potencial consumidor de orgânicos de Vitória da Conquista – Bahia, nas figuras 8 a 13 mostram os dados que compõe o perfil do consumidor entrevistado. Masc 39% Fem 61% Figura 8 - Entrevistados por Gênero Fonte: Pesquisa de campo 2007 55 Na População entrevistada verifica-se uma predominância do sexo feminino, isto é compreensível por causa da presença feminina nos pontos de vendas, notadamente em supermercados onde a mulher faz as compras para a casa. Nos fatores que influenciam os consumidores, Kotler (2003) cita os grupos sociais e tem na família um grupo social que tem forte influencia na decisão de compra, através dos atores que tem na mulher e mãe um papel importante na escolha dos alimentos para a família. Ottman (1993, p. 26) argumenta que o fato das mulheres estarem na dianteira do verde não pode ser subestimado, pois além de compradores primários, elas influenciam as decisões de compra do restante da sociedade e da geração seguinte. 23 20 18 % 13 10 9 7 Menor de 20 anos 20 a 25 anos 26 a 30 anos 31 a 35 anos 36 a 45 anos 41 a 50 anos acima de 50 anos Figura 9 - Faixa etária dos entrevistados Fonte: Pesquisa de Campo, 2007 Com relação a faixa etária dos entrevistados, a maioria está concentrada nas idades entre 20 e 45 anos. As minorias são jovens com menos de 20 anos e adultos com idade a partir de 46 anos. Esse dado é coerente com a faixa etária de pessoas economicamente ativas, responsáveis pelo sustento da família e aquisição de alimentos. Em pesquisa realizada sobre o comportamento de alimentos orgânicos em Curitiba, Rucinski (1999), afirma que o consumidor que está em idade “madura”, talvez por haver mais experiência de vida que um “jovem”, estabeleça outras perspectivas com relação a uma alimentação saudável, constituindo uma opção 56 consciente do que seja o produto orgânico. Em pesquisa realizada sobre o comportamento de consumidores de alimentos orgânicos da região Ilhéus e Itabuna na Bahia, Souza (2005) mostra que nos estabelecimentos com produtos orgânicos, a média e a mediana dos consumidores estão próximos aos 40 anos. 36 % 34 16 11 Segundo Grau Completo Terceiro Terceiro Grau Grau Incompleto Completo Pósgraduação 2 1 Mestrado Doutorado Figura 10 – Escolaridade dos entrevistados Fonte: Pesquisa de Campo, 2007 A grande maioria dos entrevistados tem escolaridade a partir do superior, entre terceiro grau incompleto até o grau de mestre representa 66% dos entrevistados, 34% das pessoas têm escolaridade até segundo-grau. Pesquisa realizada em Curitiba com consumidores de orgânicos por Ruchinski (1999) apresenta nível de instrução elevada tendo em sua maioria cursado o ensino superior. Nos fatores pessoais de acordo com Kotler (2003), as decisões do comprador são influenciadas também por suas características pessoais, como idade e estágio no ciclo de vida, ocupação, situação financeira, estilo de vida, personalidade e auto-imagem. 57 48 % 39 11 2 Solteiro Casado(a) União Estável Separado(a) Divorciado Viúvo(a) Figura 11 - Estado civil dos entrevistados Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Com relação ao estado civil das pessoas entrevistadas, verifica-se um número maior de casados, embora os solteiros, divorciados e viúvos somados represente a maioria. Pessoas casadas, a principio tem um volume e freqüência maior de consumo em alimentos. Kiechner (2006) em sua pesquisa relata que as pessoas que possuem relacionamentos estáveis estão sujeitas à responsabilidade de administrar um lar e, portanto, optam por uma alimentação que consideram saudável, visto que consomem frutas, legumes e verduras. 58 34 18 18 R$ 2.001 a R$ 3.000 Acima de R$ 3.001 % 23 R$ 1.001 a R$ 2.000 R$ 500 a R$ 1.000 Até R$ 500,00 7 Figura 12 – Distribuição dos entrevistados por renda mensal Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Nos dados coletados, foram obtidas informações sobre a renda familiar, este item é muito importante, pois está ligado diretamente ao poder aquisitivo dos alimentos orgânicos, a figura 12 mostra famílias com renda até R$ 500,00 por mês que são 7% dos entrevistados, seguidos de pessoas com renda entre R$ 501,00 a R$ 1.000,00 com 23%, renda entre R$ 1001,00 a R$ 2.000,00 34%; renda entre R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00 com 18% e renda entre R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00 com 18%. Em pesquisa realizada sobre o comportamento do consumidor de orgânicos de Curitiba-Paraná, Rucinski (1999) aponta que o consumo de alimentos orgânicos é atribuído às pessoas com maior poder aquisitivo. Para a definição do público alvo Kotler (2004) considera renda como uma variável importante para segmentação de mercados. O fato de alimentos orgânicos serem mais caros é uma realidade, a medida que o alimento orgânico passa a ser processado fica mais caro com relação ao produto convencional. 59 Sim 23% Não 77% Figura 13 – Grau de participação dos entrevistados em causa ambiental Fonte: Pesquisa de Campo, 2007 Sobre o engajamento em algum movimento ou organização ligado a questão ambiental, os dados obtidos dos entrevistados, mostra que apenas 23% participam ou já participou desses movimentos e 77% que não participa. “O estilo de vida de cada indivíduo é construído a partir de uma série de blocos que correspondem a um conjunto de práticas sociais que os indivíduos invocam no seu cotidiano” SPAARGAREN, (apud, Guivant, 2003). Essa é outra característica do perfil do consumidor de orgânicos, pessoas envolvidas em causas ambientais têm maior grau de conscientização e consomem esses produtos. Rucinski (1999) afirma que os movimentos ambientalistas não só permeiam esta questão sobre a crítica à modernidade, como também estão presentes na vivência deste consumidor, seja pelos meios de comunicação ou pelo sistema educacional. A década de 90 foi rotulada, ou melhor, foi caracterizada pela grande efervescência ecológica, atingindo globalmente indivíduos e grupos. 60 5.2 – Percepção dos consumidores sobre alimentos orgânicos Nos gráficos e tabelas são demonstradas as opiniões dos consumidores sobre vários aspectos dos alimentos orgânicos, como grau de conhecimento, produtos, selo de certificação, canal de vendas dos produtos, formas de comunicação, influenciadores, etc. Estas variáveis são fundamentais para estabelecermos os atributos que são valorizados pelos consumidores de orgânicos. Não 10% Sim 90% Figura 14 - Conhecimento dos entrevistados sobre alimento orgânico Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Quando perguntado aos entrevistados se conhecem alimentos orgânicos, figura 14, a grande maioria afirma que sim, representados por 90%, e os que não sabem o que é produto orgânico 10%. 61 Tabela 1 - Relação entre renda e conhecimento sobre alimento orgânico Renda mensal Conhece Orgânicos? Até R$ 500 R$ 501 a R$ 1.000 R$ 1.001 a R$ 2.000 R$ 2.001 a R$ 3.000 Acima de R$ 3.001 Sim 5% 21% 35% 20% 18% Não 20% 35% 25% 0% 20% Total 7% 23% 34% 18% 18% Fonte: pesquisa de campo, 2007 No cruzamento dos dados por renda, verifica-se que o conhecimento de orgânicos das pessoas que ganham até quinhentos reais é baixo, de apenas 5%, fato compreensível, pois as pessoas nesta faixa de renda têm como prioridade consumir os produtos de primeira necessidade sempre buscando preços mais baixos. A partir da faixa dos que ganham acima de quinhentos reais o grau de conhecimento é de 21%, pessoas com renda entre mil e hum reais até dois mil reais demonstram o maior grau de conhecimento com 35%, pessoas com renda entre dois mil e hum reais acima tem conhecimento de orgânicos nos percentuais de 20% e 18%. Não está comprovado o fator renda com maior grau conhecimento, pois na tabela mostra que o grau de conhecimento maior se observa na faixa intermediaria de renda, entre mil e dois mil reais. Segundo Kotler (2003) no comportamento do consumidor um dos fatores que influenciam os consumidores é o fator pessoal que entre outros, a situação financeira dos potenciais compradores é determinante para influenciar na compra. Em pesquisa feita com consumidores de produtos orgânicos em São paulo por Cerveira (2005) foi observado que o perfil do consumidor da cidade de São Paulo tem um perfil de renda alta, apenas 8% dos entrevistados possuem renda abaixo de 1 salário mínimo. A grande maioria dos entrevistados disse conhecer alimentos orgânicos 90% (figura 14), através de pergunta aberta foi solicitado que os entrevistados descrevessem através de frases ou palavras o que entendem por orgânicos, a grande maioria vinculou orgânicos a “produtos sem agrotóxicos”, “produtos naturais”, “produtos saudáveis”, esses dados mostram que a essência sobre o que significa o sistema orgânico de produção é percebida pelas pessoas. Em pesquisa realizada com consumidores em São Paulo mostram resultados semelhantes, conforme artigo 62 de Cerveira (1998) metade dos consumidores disseram que o produto orgânico não contém agrotóxico, outros citaram como produto natural. Mesmo no meio acadêmico existe uma certa simplificação dos diversos modelos de produção, segundo Zamberlan (2001) o termo agricultura alternativa é utilizado pelo publico em geral para identificar os diversos sistemas de produção diferentes do sistema tradicional como a agricultura orgânica, a biodinâmica, a natural a permacultura, entre outras. Segundo Viera (Apud Silva, 2003, p.9), em uma pesquisa realizada no estado do Paraná no ano de 2001, pelo projeto Paraná 12 meses, constatou-se que muitos consumidores não conhecem a diferença entre produto convencional, hidropônico e orgânico. Reforçando assim, a necessidade da existência de uma estratégia que resolva este e outros problemas destes nichos de mercados. Tabela 2 – Relação entre a escolaridade e o conhecimento sobre alimento orgânico Sabe o que é Orgânico Escolaridade Sim Nao Segundo Grau (Ensino Médio) 86% 14% Terceiro Grau (Universitário) Incompleto 93% 7% Terceiro Grau (Universitário) Completo 95% 5% Pós-graduação 88% 12% Mestrado 100% 0% Doutorado 100% 0% Total 90% 10% Fonte: pesquisa de campo, 2007 No cruzamento de dados conhecimento por escolaridade, os resultados mostram que não existe uma supremacia de determinado nível de escolaridade, pessoas com formação de mestrado e doutorado apresentaram um conhecimento sobre o que é orgânico de 100%, seguidos por um percentual maior para pessoas que estão se graduando e graduadas, com 93% e 95% respectivamente. Embora a diferença não seja alta, pessoas com formação até segundo grau, têm percentuais menores de conhecimento 86%. 63 Outras pesquisas comprovam a tendência de orgânicos serem mais conhecidos por pessoas de nível de escolaridade mais alta. Em pesquisa sobre alimentos orgânicos realizada nos freqüentadores de supermercado em Londrina no Paraná, Silva (2003) comprovou que as pessoas com maior grau de instrução são as que mais conhecem os produtos orgânicos. Cerveira (2005) em pesquisa sobre o perfil sócio-economico dos consumidores da cidade de São Paulo também observou que consumidores que conhecem alimentos orgânicos apresentam nível de instrução elevada, tendo em sua maioria cursado o ensino superior. Não 16% Sim 84% Figura 15 – Pessoas que já consumiram alimentos orgânicos Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Sobre o consumo, foi perguntado aos entrevistados se já haviam consumido alimentos orgânicos alguma vez e 84 % das pessoas disseram que sim e 16 % disseram que não. Pesquisa semelhante realizada em Curitiba-Pr mostra os seguintes dados: Kiechner (2006) 56% dos entrevistados disseram consumir produtos orgânicos regularmente, 29% respondeu “às vezes” e 15% afirmaram não consumir orgânico. 64 47 % 46 7 Produto orgânico Produto não orgânico Nao tenho preferência Figura 16 - Preferência de consumo entre orgânicos e não orgânicos Fonte: Pesquisa de campo, 2007 Sobre qual a preferência de consumo, 47% disseram preferir consumir alimentos orgânicos, 7% preferem alimentos não orgânicos e 46% não tem preferência. A opção pelos produtos orgânicos tem uma pequena vantagem na preferência dos consumidores, isso representa uma predisposição de consumo o que quer dizer que sob o ponto de vista de oportunidade de mercado existem potenciais consumidores. 65 Tabela 3 – Relação entre a escolaridade e a preferência de consumo Preferência de Consumo Segundo Grau Completo 44% Produto não orgânico 7% Terceiro Grau (Universitário) Incompleto 47% 9% 44% Terceiro Grau (Universitário) Completo 68% 5 27 Pós-graduação 44% 3% 53% Mestrado 40% 0% 60% Doutorado 0% 0% 100% Total 47% 7% 46% Escolaridade Produto orgânico Não tem preferência 49% Fonte: Pesquisa de campo, 2007. No cruzamento da preferência de consumo por escolaridade, verifica-se que uma propensão maior é verificada no público de escolaridade superior completo, embora não seja constatada essa mesma tendência para quem tem pós-graduação e mestrado. Em pesquisa realizada nas cidades de Itabuna e Ilhéus sobre o consumidor de orgânicos Souza (2005) relata que metade dos consumidores e potenciais consumidores são de escolaridade ensino médio. Na pesquisa realizada com consumidores de Curitiba Racinski (1999) mostra que a variável escolaridade indica que 58% dos entrevistados cursam ou concluíram o terceiro grau. Levando em conta que esta pesquisa foi o retrato de alguns anos passados, os valores encontrados na pesquisa atual estão alinhados com a realidade de Curitiba. Racisnki (1999) comenta ainda, a maioria dos consumidores possui alto grau de instrução, que possibilita articular melhor o conhecimento ambiental com relação à saúde e à alimentação. 66 Achocolatados 12% Vinho Carne de Gado 15% 19% Frango 27% 34% Temperos 38% Cachaça Café 42% 52% Cereais 75% Mandioca Frutas 79% 80% Legumes 88% Hortalicas 0% 20% 40% 60% 80% 100% % Figura 17 – Produtos orgânicos que podem ser encontrados nos pontos-devenda na visão dos entrevistados Fonte: Pesquisa de Campo, 2007 Para identificar juntos aos entrevistados quais os produtos orgânicos são mais percebidos nos pontos de venda foram relacionados alguns produtos por categorias, foi constatado que as hortaliças com 88% são as mais percebidas, seguidos de legumes 80%; frutas com 79%; mandioca 75%; cereais 52%; café 42%; cachaça 38%; molhos e temperos 34%; frango 27%; carne de gado 19%, vinho com 15% e achocolatados com 12%. Estes produtos foram relacionados porque de fato eles foram identificados nos pontos de venda pesquisados. Os produtos mais conhecidos pelos entrevistados são as hortaliças, frutas, legumes e mandioca/aipim por ser os produtos de maior abrangência e que estão presentes em maior número nos supermercados e principalmente em feiras livres e que são cunhados como 67 orgânicos, embora nem sempre com o selo de certificação. Os alimentos orgânicos processados são mais desconhecidos pelo público. % 72 20 8 Quase tudo Tudo Nada Figura 18 – Distribuição dos entrevistados que lêem o rotulo Fonte: Pesquisa de campo, 2007 Uma das formas de tomar conhecimento das informações dos produtos são as informações dos rótulos por isso foi perguntado aos consumidores se eles têm habito de leitura e com que intensidade, com os seguintes resultados: 72% lêem quase tudo; 8% lê tudo e 20% não lê nada. Esses dados mostram que a grande maioria dos consumidores já se preocupa em olhar parcialmente os rótulos de produtos, o que no caso dos orgânicos representa uma forma de cativar clientes, pois a informação sobre a origem do produto, o selo de certificação, e outras informações típicas do sistema orgânico são colocados nas embalagens e rótulos. 68 % 63 15 8 Embalagem Aparência do produto Sêlo certificação 7 6 Marca conhecida Outros Figura 19 – Atributo considerado essencial nos alimentos orgânicos Fonte: Pesquisa de campo, 2007 Sobre o que o consumidor ou potencial consumidor classifica como essencial para a garantia de que o alimento seja orgânico, os entrevistado consideram o selo de certificação com 63% como o atributo mais relevante, vindo a seguir a aparência do produto com 15%; a embalagem com 8%, a marca conhecida com 7% e outros com 6%. Essa percepção mostra como os consumidores consideram importante o selo de certificação e como essa cultura vem se disseminando, validando a tendência do consumidor mais atento e consciente. De acordo com Engel, Blackwell & Miniard (apud Pereira, 2003, p.2) a comunicação de marketing feita na forma de um anúncio, na embalagem de um produto ou de um apelo ecológico, representa um forte meio de influenciar as atitudes e comportamento do consumidor. Sujeitos expostos a anúncios e que se sintam pouco envolvidos com a marca ou produto podem ter suas atitudes afetadas pela presença do argumento ecológico. Esses números mostram que outros aspectos do produto devem ser explorados a fim de buscar a percepção dos consumidores. 69 % 52 22 21 3 Fundamental Importante Sem importância 2 Muito importante Pouco importante Figura 20 – O grau de importância do selo de certificação Fonte: Pesquisa de campo, 2007 Sobre a importância do selo de certificação, 52% dos entrevistados consideram fundamental, 21% consideram muito importante; 21% importante e apenas 2% consideram sem importância, essa percepção vem validar a ampliação da cultura de certificação que vem sendo desenvolvida nos últimos anos para várias categorias de produtos e com forte participação na alimentação orgânica através dos institutos nacionais e internacionais. Segundo afirmação de Giordano et. al. (2004) o fato de uma certificadora ter um credenciamento internacional junto a uma instituição de reputação pode significar o acesso a mercados que exigem que ela seja credenciada junto a um organismo internacional. Essa percepção dos entrevistados quanto ao selo de certificação transmite aos produtores da região um aviso da importância da certificação para poder entrar no mercado. Segundo Feliconio (2002), no Brasil, cerca de 46% da população lê com atenção os rótulos de produtos antes de decidir a compra. Esta afirmação é pertinentes a todos os produtos, orgânicos ou não orgânicos. 70 48 % 28 1 1 Loja natural Outro Feira Supermercado 12 Hipermercado Quitanda 9 Figura 21 – Local preferido para compras de alimentos Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Sobre o local onde são feitas as compras de hortifrutigranjeiros (frutas, verduras, etc), figura 21, os entrevistados elegeram a feira como o principal local para aquisição de alimentos orgânicos, com 48% de preferência, vindo a seguir o supermercado com 28%; o hipermercado com 12%; as quitandas com 9% e lojas de produtos naturais com 1%. Esses dados comprovam a participação da feira como importante local de compras, os supermercados e hipermercados com 39% são os locais preferidos para compras, a distinção entre supermercado e hipermercados é devido à categorização que esse setor usa para classificar o formato. A migração da feira para o supermercado é uma tendência e pode ser notado em maior ou menor grau a depender da região geográfica e porte da cidade. Guivant (2003) mostra em sua pesquisa que em muitos países, incluindo a Suíça, mais de 70% dos produtos orgânicos é comercializada através de várias cadeias de supermercados. Yussefi & Willer (apud Guivant, 2003) observaram que apesar do pouco significado econômico destas feiras, tomadas individualmente elas são importantes para os pequenos produtores e no total representam uma importante parte do mercado orgânico. 71 A atmosfera de compra embora tenha um sentido abstrato, para Blessa (2006) refere-se ao ambiente de compra, o local com seus aromas, cores, música, que ajudam estimular as respostas emocionais e de percepção dos clientes. Nesse sentido, na cultura do brasileiro as feiras representam um espaço de compra que não deve ser desprezado. Tabela 04 – Relação entre a renda e local de compra de alimentos Renda mensal 9% R$ 1.001 a R$ 2.000 11% R$ 2.001 a R$ 3.000 5% 14% 11% 14% Supermercado 21% 19% Feira 43% Loja natural 0% Até R$ 500,00 R$ 501 a R$ 1.000 Quitanda 21% Hipermercado Local Acima de R$ 3.001 Total 5% 9% 8% 14% 12% 24% 26% 49% 28% 57% 49% 58% 27% 48% 2% 1% 0% 3% 1% Fonte: Pesquisa de Campo, 2007 No cruzamento entre o local de compra e a renda, verifica-se que as quitandas e as feiras são preferidos pelas pessoas com menor renda, os supermercados e hipermercados são preferidos pelas rendas mais altas. Entretanto na somatória dos percentuais de todos os pontos de venda, a feira ainda é considerada um forte canal de distribuição, mesmo com a expansão dos supermercados. 72 42 % 40 18 Nao existe Existe Nunca verifiquei Figura 22 – Seção exclusiva de orgânicos nos ponto-de-venda Fonte: Pesquisa de campo, 2007 Sobre a existência de uma seção exclusiva para os alimentos orgânicos nos pontos de vendas, os entrevistados disseram que não existem 42%; nunca verificou 40% e que existe 18%. Esse dado mostra que uma estratégia básica nos pontos de venda que é a comunicação (merchandising) para dar visibilidade aos produtos, não é utilizada para os orgânicos para ajudar na escolha e decisão de compra por parte dos clientes e que é bastante utilizada pelos produtos tradicionais,. A comunicação no ponto-de-venda fica a cargo da implementação de uma técnica chamada de merchandising. Nos locais de compra existe uma infinidade de materiais visando chamar atenção dos consumidores para seu produto. “Merchandising é qualquer técnica, ação ou material promocional usado no pontode-venda que proporcione informação e melhor visibilidade a produtos”. (BLESSA 2006, p.1). 73 37 37 % 21 4 1 Certamente compraria Nao tenho certeza certamente provavelmente provavelmente nao compraria compraria nao compraria Figura 23 – Seção exclusiva de orgânicos no ponto-de-venda e a possibilidade de compra Fonte: Pesquisa de campo, 2007 Sobre a predisposição de compra caso existisse uma seção exclusiva de alimentos orgânicos nos pontos de venda, os dados mostram: 37% disseram que provavelmente compraria; 37% certamente comprariam; 21% não têm certeza, 4% provavelmente não comprariam 1% certamente não compraria. Esses dados comprovam a predisposição dos consumidores em freqüentar uma seção exclusiva de orgânicos, esses resultados validam a técnica existente no layout dos pontos-devendas, principalmente nos de auto-serviço como supermercados, da segmentação de produtos por categorias e linhas de produtos. Silva (2006) mostra em sua pesquisa, que os consumidores preferem encontrar os produtos todos em uma única seção. 74 39 % 38 18 4 1 Certamente frequentaria Não tenho certeza Certamente não frequentaria Provavelmente Provavelmente freqüentaria não freqüentaria Figura 24 – Grau de interesse em freqüentar uma feira de alimentos orgânicos Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Sobre a pré-disposição em freqüentar uma feira exclusiva de produtos orgânicos, os entrevistados revelaram que 39% certamente freqüentariam 38% provavelmente freqüentaria; 18% não têm certeza e 4% provavelmente não freqüentaria. Estes números mostram que caso exista um espaço exclusivo para comercialização de produtos orgânicos as pessoas estariam dispostas a freqüentar, estes espaços já existem em outras cidades como São Paulo e Curitiba onde existe algumas pesquisas que comprova. Rucinski (1999) em pesquisa realizada em Curitiba relata que os consumidores de orgânicos encontram na feira um local e um espaço para satisfazer suas demandas e ao mesmo tempo assumem o papel de divulgadores, porque confiam no produto que estão comprando. Desta forma se estabelece uma rede ou uma cadeia produtiva que deve dar conta de absorver ambos os interesses: do produtor e do consumidor. 75 Tabela 05 – Associação feita por consumidores com relação aos alimentos orgânicos DISCORDO CONCORDO TotalPouco Muito mente Totalmente Muito Pouco Preservaçao da Natureza 13% 5% 2% 7% 27% 47% Alimentaçao mais saudavel 10% 6% 0% 5% 15% 63% Geração de emprego no campo 8% 9% 11% 29% 23% 20% Alimentos mais saborosos 10% 6% 4% 18% 23% 39% Fonte: pesquisa de campo, 2007. Sobre a associação que os entrevistados fazem dos alimentos orgânicos, foi perguntado o grau de concordância ou discordância, com os seguintes percentuais: alimentação saudável com 63%, a preservação da natureza com 47%, alimento mais saboroso 39% e geração de emprego 20%. Essa mesma tendência é confirmada quando se avalia a concordância nos três graus: pouco, muito e totalmente, a visão que prevalece é que os alimentos orgânicos são sinônimos de alimentação mais saudável, preservando a natureza, com alimentos mais saborosos e gerando emprego no campo. Essa imagem positiva dos orgânicos é fator relevante para o crescimento do mercado junto aos consumidores. Conforme Darolt (2003) uma pesquisa realizada em Curitiba-Pr. nas feiras orgânicas confirma que a principal razão para o consumo de produtos orgânicos é a questão da saúde. Em pesquisa realizada com consumidores de orgânicos em São Paulo, que mostra a percepção dos consumidores ao comprar alimentos orgânicos, conforme Cerveira (1999) a maioria referiu como item de maior importância a saúde pessoal e familiar. 76 % 69 20 12 Mais caro Tem preço igual Mais barato Figura 25 – Comparação de preços entre alimentos orgânicos e não orgânicos Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Os entrevistados demonstraram uma percepção de que o alimento orgânico é mais caro, 69% dos entrevistados disseram ser mais caro, 20% acham que tem preços iguais e 12% acham que é mais barato. Esse resultado reflete a realidade nesse momento, onde os alimentos orgânicos tem o chamado preço premium onde produtos com maior valor agregado, ou que passam por um processo de transformação tem preço mais elevados se comparados com os alimentos não orgânicos, esse é um processo econômico que decorre da falta de escala nos meios de produção. Nos alimentos com baixo valor agregado como as hortaliças, por exemplo, a diferença de preço entre um alimento orgânico e não orgânico é menor. Em pesquisa publicada sobre aspectos que fazem com que os orgânicos sejam mais caros do que os alimentos convencionais, Darolt (2001) relata que entre as várias causas a falta de escala na produção é uma das maiores. Os custos são mais baixos quando a venda passa a ser direta pelo produto, sem os intermediários. Em outra pesquisa Darolt (2001) afirma que apesar de a maioria dos consumidores considerarem os preços dos produtos orgânicos mais elevados em relação aos convencionais, o consumo continua crescendo. Kotler (2004) afirma que consumidor sempre paga mais quando percebe valor nos produtos oferecidos. Ormond et al 77 (2002) relata que o preço dos alimentos orgânicos pode ser considerado como um dos entraves para a comercialização no Brasil. Tabela 6 – Relação entre percepção do preço de orgânicos e renda mensal Renda Mensal 66% R$ 1.001 a R$ 2.000 68% R$ 2.001 a R$ 3.000 61% 36% 26% 13% 0% 9% 100% 100% Até R$ 500 R$ 501 a R$ 1.000 Mais caro 64% Tem preço igual Mais barato Com Relação ao Preço Total Acima de R$ 3.001 Total 84% 69% 29% 11% 20% 20% 11% 5% 12% 100% 100% 100% 100% Fonte: Pesquisa de Campo, 2007. A percepção sobre o preço quando cruzado pela renda, mostra que o maior índice de percepção de preço alto é as pessoas que possuem renda mais alta. Essa análise mostra que preço sempre será considerado uma variável sensível para todas as faixas de renda, mesmo em menor ou maior escala conforme a faixa. O preço também é uma das variáveis do composto do marketing dos chamados 4p (produto, preço, ponto e promoção). 78 50 % 28 12 7 4 Ate 10% Ate 20% Ate 30% Ate 40% Mais 40% Figura 26 – Quanto os entrevistados estão dispostos a pagar a mais por alimentos orgânicos Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Perguntados quanto estão dispostos a pagar a mais pelos alimentos orgânicos comparados com os alimentos não orgânicos, 50% dos entrevistados disseram que pagam até 10%, seguidos por 28% que estão dispostos a pagar até 20% a mais, 12% pagam até 30% a mais. A figura 25 mostrou que parte dos consumidores percebe que os orgânicos são produtos que tem preços diferenciados, na figura 26 demonstra até quanto estes consumidores estão dispostos a pagar. Esta informação sinaliza aos produtores que existe um teto de valor adicionado ou preço Premium que os consumidores estão dispostos a pagar. Pesquisa realizada com consumidores de orgânicos da cidade de São Paulo por Cerveira (1999), assinala que aproximadamente um terço dos entrevistados afirmam estar dispostos pagar até 30% acima do preço de um produto convencional. Esse número é maior do que o encontrado nessa pesquisa, embora seja compreensível, levando em conta a diferença do poder aquisitivo entre Sul, Sudeste e Nordeste. 79 Tabela 7 – Pessoas que estão dispostas a pagar a mais por alimentos orgânicos distribuídas por faixa de renda Renda mensal Ate 10% 43% R$ 501,00 a R$ 1.000 51% Ate 20% 21% 19% 24% 34% 43% 28% Ate 30% 14% 13% 15% 5% 8% 12% Ate 40% 21% 6% 3% 0% 0% 4% Mais 40% 0% 11% 8% 5% 3% 7% 100% 100% 100% 100% 100% 100% Pagaria a mais Até R$ 500 Total R$ 1.001 a R$ 2.000 49% R$ 2.001 a R$ 3.000 55% Acima de R$ 3.001 Total 46% 50% Fonte: Pesquisa de campo, 2007 No cruzamento das variáveis, quanto está disposto a pagar versus renda mensal, todas as faixas de renda colocam o percentual mínimo de acréscimo em 10%. Isso reforça a necessidade da produção orgânica obter escala para ter preços cada vez mais próximos dos não orgânicos. 33 26 % 24 13 4 Preço Divulgação Localização no Ponto de Venda Pouca oferta Outros Figura 27 – O fator que dificulta o consumo de alimentos orgânicos Fonte: Pesquisa de campo, 2007. 80 Sobre os fatores que dificultam ou impedem o consumo de alimentos orgânicos, os consumidores entrevistados, 33% consideram a pouca oferta do produto a maior causa; 26% a divulgação sobre orgânicos; 24% o preço mais caro; 13% a localização dos produtos no ponto-de-venda e 4% outros motivos. Estes resultados estão relacionados com estratégias de comunicação mercadológica, onde são consideradas quatro variáveis para o bom posicionamento do produto junto ao cliente; o produto que nesse caso foi considerado pouca oferta; o preço que foi considerado mais alto; a promoção do produto que envolve aspectos de comunicação e informação dentro e fora dos locais de vendas e também o canal de vendas é outra variável importante, pois é a disponibilidade do produto para o ciente no local certo, na hora certa e na quantidade certa. A pouca oferta de alimentos orgânicos também, foi constatada na pesquisa realizada por Cerveira (1999), a maioria desses consumidores (61%) compra frequentemente produtos convencionais simplesmente por falta de opção de produtos similar orgânico. Tabela 8 – A relação entre o fator que dificulta o consumo pela renda mensal Renda mensal Dificulta o consumo 19% R$ 1.001 a R$ 2.000 25% R$ 2.001 a R$ 3.000 21% 36% 32% 23% 21% 19% 14% Acima de R$ 3.001 Total 30% 24% 24% 22% 26% 8% 11% 14% 13% 26% 39% 39% 32% 33% 0% 4% 4% 5% 3% 4% 100% 100% 100% 100 100% 100% Até R$ 500 R$ 501 a R$ 1.000 Preço 29% Divulgação Localização no Ponto de Venda Pouca oferta Outros Total Fonte: Pesquisa de campo, 2007. No cruzamento de dados entre o que dificulta o consumo versus renda, a Tabela 8 mostra que a pouca oferta de produtos é mais percebida nos consumidores 81 com renda maior, os aspectos relacionados a divulgação e preço estão distribuídos de forma uniforme em todas as faixas. 15 14 ut ro 7 O s ig o Am s Fe i ra et te rn In as is t R ev er er m 9 7 6 Su p Te le vi sã o ca do 6 Es co la % 35 Figura 28 – Meios de comunicação que os consumidores tomaram conhecimento sobre alimentos orgânicos Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Como o consumidor tomou conhecimento dos alimentos orgânicos, a televisão é o meio com maior participação com 35%; as revistas ficaram com 15%; a escola com 14%; os amigos com 9%, as feiras 7%, os supermercados 7%, a internet foi a fonte de informação para 6%; outras formas foram responsáveis por 7%. Esses dados demonstram que a televisão como veículo de comunicação de massa, chamada de mídia eletrônica tem um poder de alcance poderoso, sendo o mais eficaz no volume de pessoas atingidos com 1/3 do público entrevistado; as revistas, chamada de mídia escrita, têm um papel informativo grande também e é compreensível, pois o perfil do público entrevistado tem mais acesso a publicações escritas como revistas e jornais. Para um produto ser conhecido é necessário a utilização de estratégias de comunicação, a propaganda, publicidade, relações públicas, promoção de vendas e merchandising. Conforme afirma Pinheiro (2005, p.23), “o processo de comunicação 82 com o mercado visa, criar imagem e apoiar as vendas do produto, informando sobre sua existência, levado conhecimento sobre seu benefício”. 41 Palestras em Escolas, faculdades Anúncios em Revistas e Jornais Folhetos informativos Televisão 7 5 4 Outros 21 Internet % 22 Figura 29 - Meios de informação preferidos pelos entrevistados Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Os entrevistados revelaram, que o meio preferido para obter informações sobre os produtos orgânicos é a televisão com 41%, em segundo lugar os folhetos informativos; palestras em escola e faculdades com 21%; os anúncios em revistas e jornais têm 7%; a internet 5% e outros meios com 4%. Estes dados revelam o poder da mídia de massa que é a televisão e que é considerado pelos entrevistados como canal preferido de informação; outro dado importante que é revelado são os eventos realizados através de palestras em escolas e faculdades, esse dado é bem peculiar no perfil do público que consome produtos orgânicos já revelados em outras pesquisas o com grau de escolaridade alto e que tem acesso as instituições de ensino. Representativo também o material escrito através de folhetos e anúncios, a internet tem a tendência crescente como mídia informativa. Relações Públicas é considerada uma das mais importantes ferramentas de comunicação, Kotler (2004) diz que noticias gerada para divulgar produtos, através 83 de materiais impressos, revistas, artigos, entre outros ajudam a criar uma imagem positiva. Os objetivos da propaganda é segundo Kotler (2004) Informar, persuadir e lembrar. Os dados da pesquisa mostram que materiais impressos e revistas são bem aceitos pelos consumidores como canal de informação, além das palestras em escolas e faculdades. 51 % 31 8 6 ro s ut O pr ó D ec is ao eg a pr Em pr ia da 1 Fi lh os ãe M Pa i 2 Figura 30 – Influenciadores na decisão de compra de alimentos no lar Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Sobre a decisão de compra dos produtos nos lares, os entrevistados revelaram os seguintes dados: 51% disseram que a decisão é do próprio entrevistado; 31% são feito pela mãe; 6% pelo pai; 1% pela empregada e 8% por outros. Os dados coletados mostram que as decisões pelas compras foram dos próprios entrevistados que são formados pelos diversos papeis no lar, a figura da mãe a mulher é marcante, pois revela que a decisão quanto à alimentação das famílias na estrutura familiar brasileira é um atribuição da mulher. Nos fatores que influenciam a decisão do consumidor, (Kotler, 2004) o fator social através dos grupos de referencia, como a família são fortes influenciadores, os atores que compõe o núcleo familiar como mãe, pai e filhos. 84 % 53 23 10 9 5 icio s tro Nu tr Ou ni s tas s dic o Mé tas Atl e es sor es Pro f Am b ien tali sta s 1 Figura 31 – O profissional que mais influencia os entrevistados a consumir alimentos orgânicos Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Sobre o profissional que mais influenciaria os entrevistados a consumir produtos orgânicos, foram obtidos os seguintes dados: 53% consideram os nutricionistas; 23% os médicos; 9% os ambientalistas; 10% os professores; 1% os atletas e 5% outros profissionais. Esses dados mostram a presença do profissional da saúde como forte influenciador, destaque para os nutricionistas com mais da metade das indicações, essa informação mostra a preocupação das pessoas com a orientação da alimentação através do profissional e revela a preocupação preventiva e a busca pela segurança alimentar. O medico é o profissional que na maioria das vezes é buscado por problemas de saúde, tido como um forte influenciador, também, o professor tem papel importante como influenciador é um dos profissionais citados que passa conviver com os alunos uma quantidade de tempo maior. Nos estudos do comportamento do consumidor existem os influenciadores técnicos, na definição de Pancrazio (2000, p. 60) “São pessoas ou empresas que, em função da atividade que exerce, tem forte influencia na comercialização de bens, sem, contudo participarem dela”. 85 Nao 56% Sim 44% Figura 32 – Pessoas que fazem dieta na residência dos entrevistados Fonte: Pesquisa de campo, 2007. Sobre dieta, os entrevistados foram indagados se existe essa prática em seus lares. Responderam que não fazem 56% e que sim tem alguém que faz 44%, estes dados revelam que hoje um número crescente de pessoas já está utilizando dietas alimentares, esta informação se transforma em uma oportunidade para a inserção dos produtos orgânicos nos hábitos alimentares dessas pessoas. Na pesquisa realizada com consumidores de orgânicos em Curitiba por Rucinski (1999), 94% dos consumidores justificam a saúde como razão para a alimentação orgânica. 86 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Os resultados obtidos na presente pesquisa demonstram que os objetivos foram atingidos, na medida em que permite a traçar o perfil de consumidores de orgânicos. Foi observado que o público consumidor que atualmente consome alimentos convencionais ou não orgânicos, tem interesse em consumir alimentos produzidos no sistema orgânico, a partir dos objetivos da pesquisa foi possível verificar o perfil dos consumidores. A presença feminina como personagem principal na aquisição de alimentos, em parte por causa de a mulher ser a responsável pelas compras do lar e está presente em maior número do que os homens nos supermercados e feiras. A idade da maioria dos consumidores de orgânicos situa-se entre as faixas etárias de 20 a 45 anos, os maiores interessados em buscar informações sobre orgânicos, os consumidores mais jovens estão tomando conhecimento através das escolas e faculdades. A maioria dos consumidores tem escolaridade a partir do superior incompleto, um terço são de pessoas com escolaridade até o ensino médio. Esse fator é marcante, pois a cidade de Vitória da Conquista é considerada um pólo educacional na região, com a presença de Instituições de Ensino Superior pública e privada, com grande população de universitários. A maioria dos consumidores tem renda a partir de mil reais mensais, considerada alta, levando em conta que a renda percapta mensal da cidade que é metade desse valor. O consumidor tem baixo engajamento em movimentos de causa ambiental, o que é um impeditivo para a expansão do consumo de orgânicos. Metade dos consumidores tem alguém na sua residência fazendo algum tipo de dieta alimentar. A grande maioria dos entrevistados disse conhecer alimentos orgânicos, principalmente aqueles com escolaridade mais alta. Existe uma pré-disposição dos consumidores em consumir alimentos orgânicos. Os produtos orgânicos mais conhecidos são: hortaliças, frutas, legumes, mandioca e cereais. Os Alimentos processados que começam a chegar aos 87 supermercados como café, achocolatados, sucos, vinhos, ainda são pouco conhecidos, exceção para a cachaça que foi citado pela maioria dos entrevistados. O consumidor lê “quase tudo” nos rótulos dos produtos, Os consumidores consideram essencial o selo de certificação nos alimentos orgânicos. O local preferido para realizar as compras de alimentos tem sido as feiras e os supermercados, consumidores de baixa renda também fazem compras em quitandas e menos em supermercados. As feiras na cidade do interior da Bahia é um componente cultural muito forte, como local preferido para compra de alimentos como frutas, verduras, legumes entre outros. Sobre o preço os consumidores têm consciência que são mais altos, é mais percebido pelos consumidores de renda alta. Mesmo assim estão dispostos a pagar um pouco mais pelos alimentos orgânicos. Na percepção dos consumidores os alimentos orgânicos estão associados à alimentação mais saudável e a preservação da natureza. Entre os fatores que dificultam o aumento do consumo de orgânicos, é a pouca oferta de produtos, seguido pela falta de divulgação e preço alto. A mídia preferida é a televisão, seguidos por revistas, escolas e outras mídias. Sobre os maiores influenciadores na aquisição de alimentos no âmbito do lar, são as mães, os profissionais que mais influenciam são os nutricionistas e os médicos. Sobre as estratégias de comunicação a pesquisa mostra que é utilizada de forma tímida para os alimentos orgânicos, propagandas, embalagens criativas, técnicas de merchandising nos pontos de venda não são implementadas. A pesquisa mostra ainda, que existe um consumidor mais informado, com acesso a vários canais de informação, com escolaridade de nível superior, que se preocupa com a saúde e que tem sensibilidade a preço. Essa pesquisa focou em um dos elos da cadeia produtiva dos alimentos orgânicos, que é o processo de comercialização, buscando informações na visão dos consumidores, outros atores do processo de comercialização podem ser pesquisados. Outras pesquisas e estudos também podem ser desenvolvidos, como os tipos de produtos orgânicos que sejam vocação da região Sudoeste da Bahia, como o café, as hortaliças, a mandioca, a cachaça entre outros. 88 REFERÊNCIAS ALTIERI, M. Agroecologia: As bases cientificas da agricultura alternativa, Rio de Janeiro, PTA/FASE, 1989. ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias, Rio de Janeiro, ed. Campus, 2003. ARAÚJO, Jacqueline Camolese de, Comercialização de Orgânicos, Rev. Bras. Agroecologia, v.2, n.1, fev. 2007. ASHLEY, Patricia Almeida, Gestão Ecocêntrica e Consumo Responsável: Desafios para a responsabilidade social corporativa, disponível em: http://www.empresaresponsavel.com/livrinhos/consumo/Ashley%20consumo%20sus tentavel.pdf, fev 2000, acessado em 20/10/2007. BASTA, Darci, Fundamentos de Marketing, Rio de Janeiro, editora FGV. BENETT, S.J. Eco-empreendedor: Oportunidades de negócios decorrentes da Revolução Ambiental, São Paulo. Editora McGrow-Hill, 1992. 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Sim Não Caso SIM, Descreva através de frases ou palavras: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2) Você já consumiu produtos orgânicos? Sim Não 3) Sua preferência de consumo é: Produto Orgânico Produto Não orgânico Não tenho preferência 4) Quais os produtos orgânicos você acha que podem ser encontrados nos pontos de vendas em Vitória da Conquista? Hortaliças Sim Não Frutas Sim Não Legumes Sim Não Achocolatados Sim Não Café Sim Não Cereais (arroz, feijão, etc) Sim Não Mandioca / aipim Sim Não Molhos, temperos, pimentas Sim Não Frango Sim Não Carne de Gado Sim Não Vinho Sim Não Cachaça Sim Não 5) Você costuma ler tudo o que está escrito no rótulo de um produto? Quase tudo Tudo Nada 95 6) O que você classifica como essencial para garantia de que o produto é orgânico? Embalagem Aparência do produto O Selo de Certificação Marca conhecida Outro ________________________________ 7) Para você o Selo de certificação de um produto orgânico é: Fundamental Importante Sem importância Muito Importante Pouco Importante 8) Onde você faz as compras de Hortifrutigranjeiros (frutas, verduras, etc) Quitanda; Hipermercado; Supermercado; Feira; Loja Produto Natural Outro(s): ______________________ 9) Nos locais em onde você faz compras de alimentos existe alguma seção dedicada exclusivamente a produtos orgânicos? Não existe Existe Nunca verifiquei 10) Se existisse uma seção exclusiva para produtos orgânicos nos supermercados e outros pontos de vendas, você: Certamente compraria Não tenho certeza Certamente não compraria Provavelmente compraria Provavelmente não compraria 11) Se existisse uma Feira semanal exclusiva para produtos orgânicos na cidade de Vitória da Conquista, você: Certamente freqüentaria Não tenho certeza Certamente não frequentaria Provavelmente freqüentaria Provavelmente não freqüentaria Para você Produto orgânico está associado a: DISCORDO Total- Muito pouco mente 12) Preservação da natureza 13) alimentação mais saudável. 14) geração de mais emprego e renda de produtores. 15) alimentos mais saborosos. CONCORDO pouco muito Totalmente MARQUE APENAS UMA RESPOSTA 16) Quanto ao preço, você acha que Produtos orgânicos em comparação com Produtos Não orgânicos: É mais Caro tem preços iguais é mais barato 17) Quanto você paga ou pagaria, a mais, pelos produtos orgânicos com relação aos produtos Não orgânicos? Até 10% Até 20% Até 30% Até 40% Mais de 40% 18) Qual a maior dificuldade encontrada para o aumento do consumo de produtos orgânicos? Preço Divulgação Localização no Ponto de Venda Pouca oferta Outros _________________ 19) Sobre o conhecimento que você tem de produto orgânico, foram obtidos através de qual meio? 96 Televisão Feiras Supermercado Amigos Revistas Escola Internet Outro(s): ___________. 20) Como fonte de informação sobre produtos orgânicos, qual o meio que você prefere: Televisão Folhetos informativos Anúncios em Revistas e Jornais Palestras em Escolas, faculdades Internet Outro(s): _____________________ 21) Na sua família quem decide ou orienta que produtos alimentícios devem ser comprados Pai Mãe Filhos Empregada Eu mesmo Outros:_____________ 22) Qual profissional mais lhe influenciaria a consumir produtos orgânicos? Ambientalistas Professores Atletas Médicos Nutricionistas Outro(s): _____________________ 23) Você ou alguma pessoa de sua casa faz alguma dieta especial visando perda de peso? Sim Não PERFIL DO ENTREVISTADO 24) Sexo 1. Masculino 2. 25) Idade 1. Menor de 20 anos 4. De 31 a 35 anos 7. Feminino 2. 5. De 20 a 25 anos De 36 a 45 anos 3. 6. De 26 a 30 anos De 41 a 50 anos acima de 50 anos 26) Escolaridade Segundo Grau (Ensino Médio) Completo 1. 2. Terceiro Grau (Universitário) Incompleto 3. Terceiro Grau (Universitário) Completo 4. Pós-graduação 5. Mestrado 6. Doutorado 27) Estado Civil 1. Solteiro 3. Separado(a)/Divorciado(a) 2. 4. Casado(a)/União Estável Viúvo(a) 28) Quantas pessoas moram na sua casa, incluindo você? 1. Uma pessoa 97 2. 3. 4. 5. 6. Duas pessoas Três pessoas Quatro pessoas Cinco pessoas Mais de cinco pessoas 29) Por favor, indique a renda mensal da sua família. 1. Até R$ 500,00 2. De R$ 501,00 a R$ 1.000,00 3. De R$ 1.001,00 a R$ 2.000,00 4. De R$ 2.001,00 a R$ 3.000,00 5. Acima de R$ 3.001,00 30) Você participa ou já participou de alguma organização ligada a questão ambiental, preservação da natureza? 1. Sim 2. Não C337 Casemiro, Aroldo Dias. Alimentos orgânicos : estudo de fatores que interferem na decisão do consumidor / Aroldo Dias Casemiro. – Ilhéus, BA : UESC / PRODEMA, 2007. xxii, 97f. : il. Orientador : Salvador Dal Pozzo Trevizan. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Santa Programa Regional de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Inclui bibliografia e apêndice. 1. Comportamento do consumidor – Aspectos ambientais. 2. Consumidores – preferência. 3. Alimentos naturais. 4. Agricultura orgânica – Vitória Conquista (BA). 5. Bens de consumo – Aspectos ambientais. 6. Marketing. I. Título. CDD 658.8343