O GREM - Grupo de Pesquisa em Sociologia e Antropologia das

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V REA XIV ABANNE
Maceió, Alagoas, 17 a 22 de julho de 2015
GT 01 – Antropologia das Emoções e da Moralidade: Emoções, Lugares e Memória
Coordenadores: Mauro Guilherme Pinheiro Koury (UFPB); Maria Cristina Rocha
Barreto (UERN); Raoni Borges Barbosa (UFPE)
Análise compreensiva e histórica do GREM – Grupo de Pesquisa em
Antropologia e Sociologia das Emoções
Williane Juvêncio Pontes1
Mauro Guilherme Pinheiro Koury2
Raoni Borges Barbosa3
Resumo: Esta comunicação objetiva o aprofundamento analítico sobre a produção
acadêmica do GREM, tendo 2014 como ano base para a pesquisa. A partir de
um mapeamento da produção docente e discente do grupo se identificou as temáticas
desenvolvidas e as linhas de pesquisa, bem como os seus caminhos teóricos e
metodológicos. A comunicação objetiva uma análise compreensiva dos mapas
simbólicos, dos discursos e da agenda de pesquisa do grupo através de entrevistas com
os seus líderes; de uma identificação e análise das linhas de pesquisa que desenvolve, e
que mudanças houve no decorrer dos anos. Realiza ainda uma análise da produção
docente e discente no interior do GREM; dos fóruns e encontros temáticos nele
desenvolvidos; entre outros aspectos. Busca situar também a rede de pesquisa e de
alianças acadêmicas em que se insere o GREM, bem como a origem institucional dos
seus pesquisadores: a que departamentos, cursos, programas e IES pertencem. Essa
estratégia permite escrever uma pequena história do GREM e de sua contribuição à
comunidade acadêmica, em geral, e à UFPB, em particular, de modo a contribuir para a
memória institucional da Antropologia e Sociologia das Emoções enquanto campo de
pesquisa e disciplina acadêmica na UFPB e na academia nacional. Palavraschaves: GREM, memória institucional, produção acadêmica, redes de pesquisa,
mapas simbólicos
Introdução
Este trabalho objetiva uma discussão sobre a trajetória do GREM – Grupo de
Pesquisa em Sociologia e Antropologia das Emoções4. Para traçar um panorama do
GREM é necessário, antes, lançar uma breve compreensão analítica abordando os
aspectos teóricos que, à época, veio a influenciar Koury sobre os caminhos e os
propósitos que levaram a criação do grupo de pesquisa, bem como sua consolidação e
luta acadêmica para institucionalização de uma sociologia e antropologia das emoções
no Brasil.
Deste modo, trataremos, inicialmente, do processo de desenvolvimento das
emoções como subárea da sociologia e da antropologia e sua chegada ao Brasil, fazendo
Bolsista PIBIC/CNPq – GREM/CCS/DCS/UFPB.
Orientador.
3
Co-orientador, pesquisador do GREM/UFPB.
4
Fundado em 1994 pelo Prof. Dr. Mauro Guilherme Pinheiro Koury na Universidade Federal da Paraíba –
UFPB. Funciona em estreita pareceria com o GREI – Grupo Interdisciplinar de Estudos em Imagem, em
atividade desde 1995.
1
2
um levantamento dos seus precursores no país e sua importância para a consolidação
dessa subárea. A partir desse apanhado historio buscaremos compreender a formação e
o desenvolvimento do GREM nesses 22 anos de atuação acadêmica5.
Este artigo está organizado em duas partes. A primeira trabalhará os caminhos que
levaram ao GREM, abordando uma história pré-grupo de pesquisa, com evidencia a
chegada da Sociologia e Antropologia das emoções no Brasil. A segunda discorrerá
sobre sua história acadêmica do Grupo de Pesquisa em Sociologia e Antropologia das
Emoções e seus parceiros para a consolidação da área.
O GREM - Grupo de Pesquisa em Sociologia e Antropologia das Emoções
O grupo de pesquisa toma as emoções como foco central analítico das pesquisas.
Segundo Koury (2014, p. 847) “tem por objetivo a compreensão e análise da
emergência da individualidade e do individualismo no Brasil urbano contemporâneo,
enfatizando a questão da formação das emoções, enquanto cultura emocional”.
O fenômeno das emoções aparece como o fato social total para a compreensão do
espaço societal a partir dos sentimentos de luto, medos, constrangimentos, vergonha,
gratidão, pertença, segredos, confiança e confiabilidade, lealdade, solidariedade e
outros. A categoria analítica emoções é entendida como as teias de sentimentos gerados
nos processos intersubjetivos, cristalizados como cultura objetiva e formas sociais, mas
também expressos e atualizados enquanto cultura subjetiva e conteúdos sociais
(KOURY, 2014a).
A referência a Sociologia e a Antropologia das Emoções no Brasil é significativa
para a compreensão dos caminhos que levaram a formação do GREM – Grupo de
Sociologia e Antropologia das Emoções. As relações entre emoções, cultura e sociedade
surgem como subárea da sociologia e da antropologia, nos anos de 1970, nos Estados
Unidos. No Brasil, contudo, estas discussões e análises na composição de um campo
analítico da Antropologia e da Sociologia das Emoções têm inicio com a entrada dos
anos de 1990.
Segundo Koury6 (2014), “a constituição dessas novas áreas se deu como um
processo de busca de rejuvenescimento da teoria social, através de uma releitura da
5
Este artigo resulta da pesquisa Balanço Comparativo da Produção da UFPB campus I sobre a cidade de
João Pessoa, Paraíba, 1992-2012 (KOURY, 2014), no qual participo na condição de bolsista PIBIC e
que desenvolvo um trabalho voltado para a análise compreensiva e histórica de dois grupos de pesquisa
antigos e ainda em atuação no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes – CCHLA da Universidade
Federal da Paraíba, Campus I
2
tradição sociológica e antropológica, desde os clássicos” (2014, p. 841). Essa releitura
trouxe uma redescoberta das obras de Derrida, Foucault, Georg Simmel, Norbert Elias,
Richard Sennett, os pensadores da Escola de Chicago e outros.
A sociologia e a antropologia das emoções espalharam-se pelo mundo, com
construções teórico-metodológicas diversas, e até mesmo conflitantes, na
busca de situar as emoções como categoria central para se pensar a interrelação entre indivíduo e sociedade: fundamento da constituição das ciências
sociais (Koury, 2014: 841).
No Brasil, as emoções já se encontravam presentes nas análises sobre a
construção do social desde a formação do pensamento social acadêmico. Podemos citar
as obras de Gilberto Freyre, Sergio Buarque de Holanda, Paulo Prado e Oracy Nogueira
como exemplos analíticos do uso das emoções como categoria analítica, mesmo sem
enfatiza-las e até subsumidas nas análises.
A constituição da sociologia e da antropologia como disciplina científica no país
passou por um movimento que dava ênfase a objetividade das relações sociais,
afastando as análises subjetivas. Apenas no final dos anos de 1970, as emoções foram
tomando foco analítico com estudos de Roberto DaMatta e Gilberto Velho7. Mauro
Koury (2014a)
A trajetória acadêmica e de pesquisa de Koury, até meados da década de 90,
passou dos estudos voltados para o trabalho e sindicalismo, para adentrar-se em análises
onde a subjetividade adquiria esforço analítico mais acentuado. Nesse caminho
começou a se interessar por uma nova categoria analítica, a do homem comum no
cotidiano de sua existência (KOURY, 1986).
Desde o início dos anos de 1990 começou a trabalhar sobre a relação luto e
sociedade no Brasil urbano, ainda relacionando questões de trabalho e associativismo
com a problemática da morte e da dor da perda. Nesta direção se estendem dois
trabalhos de sua autoria, que podem ser considerados de passagem para o estudo das
emoções: o primeiro intitulado O fim é igual a todo dia: luto e representações da morte
(KOURY, 1992) e, o segundo, Luto, pobreza e representações da morte (KOURY,
1993), são análises que abordam a problemática do luto ainda dentro de um panorama
de passagem onde a questão da subjetividade era enfatizada como categoria analítica
central e as emoções se encontravam nela subsumidas.
6
Ver o trabalho de Barbosa (2015), apresentando neste GT 01: Antropologia das Emoções e da
Moralidade: Emoções, Lugares e Memórias/REA ABANNE 2015.
7
Ver, Pela consolidação da sociologia e da antropologia das emoções no Brasil, que traça um panorama
sobre sua consolidação, fazendo um mapeamento analítico de quem estava produzindo nessa área
disciplinar nos últimos vinte anos.
3
Em 1994, Koury adentra o campo das emoções, cultura e sociedade e funda o
GREM.
O grupo de pesquisa toma as emoções como foco central analítico e
“tem por objetivo a compreensão e análise da emergência da individualidade
e do individualismo no Brasil urbano contemporâneo, enfatizando a questão
da formação das emoções, enquanto cultura emocional” (KOURY, 2014:
847),
realizando pesquisas, consultorias e orientações.
O GREM conta atualmente com quatro linhas de pesquisa: Emoções e
Sociabilidade8; Emoções, Moralidade e Gênero9; Emoções e Consumo10; e Estudos
Teóricos em Antropologia e Sociologia das Emoções11. Os projetos de pesquisa
concluídos ou em andamento se enquadram no interior das linhas acima.
A fundação deste Grupo de Pesquisa coincide com a instalação do projeto de
pesquisa Luto e Sociedade no Brasil, que segue o seu curso até o ano de 200312. Esta
pesquisa teve por objetivo levantar e compreender as atitudes em relação ao fenômeno
do luto no Brasil. O ritual da dor foi o ponto crucial de reflexão.
Buscou compreender o significado social do luto e o processo de individuação de
quem sofre uma perda. Partiu-se da hipótese de que a morte e sua relação com o mundo
dos vivos no Brasil parece ter sido capturada por códigos outros que não os de uma
sociedade relacional, estudada por Roberto DaMatta no início dos anos oitenta
(KOURY, 1996).
O distanciamento em relação ao morto e aos que o perdem parece ser a
característica principal da nova sensibilidade que começa a se formar, tornando-se cada
vez mais nítida, na sociedade brasileira urbana dos últimos quarenta anos (KOURY
2003). A manifestação pública da dor individual parece ter-se tornado mais e mais
estranha ao cotidiano do homem comum, embora este conviva ainda com a indignação
por esse estranhamento (KOURY, 1996).
8
Fazem parte desta linha de pesquisa o projeto Luto e Sociedade no Brasil e seus subprojetos (Vide
Tabelas 1 e 2 e Figura 1); o projeto Medos Corriqueiros e seus subprojetos (Vide Tabelas 3 e 4 e Figura
2) e o projeto Produção Acadêmica da UFPB I sobre a cidade de João Pessoa – PB, 1992-2012 (Vide
Tabelas 5 e Figuras 3, 4 e 5).
9
Fazem parte os projetos Sociologia da Moralidade e seus subprojetos (Vide Tabelas 6 e 7 e Figura 6);
(Des)confiança, infidelidade e homicídio e seus subprojetos (Vide Tabelas 8 e 9 e Figura 7).
10
Faz parte o projeto Entre o Ético e o Político e seus subprojetos (Vide Tabelas 10 e 11 e Figura 8).
11
Vide Tabela 12 e 13 e Figura 9.
12
Em 2001 foi apresentado o relatório geral de pesquisa intitulado Ser Discreto Um Estudo do Brasil
Urbano Atual sob a Ótica do Luto. (KOURY 2001). Publicado em formato de livro em 2003 (KOURY,
2003).
4
A pesquisa Luto e Sociedade no Brasil deu inicio não só a entrada de Koury no
âmbito das emoções como categoria analítica principal para análise da cultura e da
sociedade, mas também abriu um campo de formação nas Ciências Sociais da
Universidade Federal da Paraíba em Antropologia e Sociologia das Emoções, com a
criação da linha de pesquisa Emoções e Sociabilidade. Abrindo espaço para estudantes
de graduação e pós-graduação desenvolverem trabalhos de pesquisa dentro do campo
teórico e metodológico das emoções.
O projeto Luto e Sociedade produziu um total de 67 trabalhos acadêmicos, como
mostra a Tabela 1 abaixo. O coordenador conta com 49 publicações, enquanto que os
estudantes de pós-graduação contribuíram com 03 trabalhos e os de graduação com 15.
Estes trabalhos se distribuem em 42 artigos publicados em periódicos, 04 livros, 06
capítulos de livros, 04 artigos publicados em anais e 11 resumos públicos em anais.
Esta produção constitui hoje um marco nos estudos sobre o Luto no Brasil,
descrevendo um conjunto de mudanças na sensibilidade do homem comum e na cultura
emotiva do Brasil urbano contemporâneo a partir dos anos de 1970. O luto, tomado
como categoria analítica, é o ponto de partida para o entendimento das mudanças no
social e na cultura, revelando as novas configurações nas relações entre indivíduo e
sociedade.
Nesse projeto de pesquisa, que faz parte da linha Emoções e Sociabilidade,
participaram como iniciação científica 06 alunos do curso de Ciências Sociais/UFPB,
entre os anos de 1995 a 2013. Concluíram Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) 04
estudantes de Ciências Sociais/UFPB, 02 Monografias de Especialização e 03
Dissertações de Mestrado.
5
Ao mesmo tempo em que desenvolvia o projeto de pesquisa Luto e Sociedade, o
GREM iniciou um trabalho de luta pela consolidação da área de Antropologia e
Sociologia das Emoções no Brasil. Luta esta desenvolvida na garantia de grupos de
trabalhos nos diversos congressos locais, regionais, nacionais e internacionais13 em
busca de formação de quadros interessados na área14. É bom frisar que o GREM foi o
primeiro grupo de pesquisa no Brasil, especificamente dedicado ao estudo e a análise da
Sociologia e da Antropologia das Emoções.
Neste mesmo trajeto, em 2000, teve inicio, simultaneamente à pesquisa Luto e
Sociedade no Brasil, o projeto de pesquisa intitulado Medos corriqueiros: A construção
social da semelhança e da dessemelhança entre os habitantes das cidades brasileiras
na contemporaneidade (KOURY, 2000). A pesquisa Medos Corriqueiros tem por
objetivo traçar um mapa dos medos no Brasil urbano atual, tendo as capitais de estados
brasileiros como universo de análise.
Partiu-se de um estudo de caso da cidade de João Pessoa-PB para se situar
metodologicamente (KOURY, 2002) na categoria medos corriqueiros e sociabilidade,
tendo a cidade como universo de análise, para, em momento posterior, dar início as
demais capitais brasileiras. No presente momento se intensifica o levantamento de
dados para a análise dos medos cotidianos e da cultura emotiva no Brasil, bem como a
13
Entre os anos de 2001 a junho de 2015, o GREM, através da figura de Koury, esteve à frente da
organização de 11 grupos de trabalhos nacionais e 08 internacionais, em Antropologia e Sociologia das
Emoções.
14
Nesse esforço foi ajudado por pesquisadores brasileiros ligados à área de uma forma direta ou indireta
na pós-graduação em Sociologia e Antropologia no Brasil. Destaca-se nesta direção, Iara Souza e Marieze
Rosa Torres da Universidade Federal da Bahia, Maria Claudia Coelho e a Maria Claudia Rezende, da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, e ex-orientados hoje professores doutores, Maria Cristina
Rocha Barreto da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e Luiz Gustavo de Souza Correia da
Universidade Federal de Sergipe, e o pesquisador do GREM Raoni Borges Barbosa, doutorando em
Antropologia pela Universidade Federal de Pernambuco.
6
análise da cultura emotiva e a conformação dos medos corriqueiros nos bairros da
cidade de João Pessoa-PB15.
Esta pesquisa possui vários subprojetos a ela vinculados, entre eles: Parque Sólon
de Lucena: Espaço Público, Potencial de Urbanidade e Desenvolvimento da Cidade –
2002; O Vínculo Ritual: Um estudo sobre sociabilidade e modos de vida entre jovens no
urbano brasileiro contemporâneo: um estudo de caso na cidade de João Pessoa,
Paraíba – 2004; Bairro do Róger: História, Memória e Estigma – 2004; Sujeira e
Imaginário Urbano – 2009; Confiança e Vergonha: Uma análise do cotidiano da
moralidade – 2011; Análise de um bairro considerado violento na cidade de João
Pessoa, Paraíba: Solidariedade e Conflito nos Processos de Interação Cotidiana sob
intensa pessoalidade – 2012. Projeto e Subprojetos estes que fazem parte da Linha de
Pesquisa Emoções e Sociabilidade do GREM.
Neste projeto e seus subprojetos foram publicados, em revistas nacionais e
internacionais, até o presente momento, 83 artigos, bem como 08 livros e 30 capítulos
de livros. Afora isso, foram produzidos textos de divulgação científica, participação em
congressos e trabalhos completos em anais (Vide Tabela 3 e 4 e Gráfico 2). Além das
orientações nela efetuadas, conforme pode ser visto na nota de rodapé 15.
15
Na linha de pesquisa Emoções e Sociabilidade onde se desenvolve a pesquisa Medos corriqueiros e seus
subprojetos, participaram como bolsistas PROBEX 04 alunos e 08 alunos de Iniciação Científica da
graduação em Ciências Sociais/UFPB. Concluíram Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) 13
estudantes de Ciências Sociais/UFPB, 04 Monografias de Especialização e 07 Dissertações de Mestrado.
7
Paralelo ao projeto Medos Corriqueiros e como forma de compreender a
produção do projeto sobre a cidade de João Pessoa, Paraíba no interior da produção
acadêmica do campus I da UFPB, se sentiu a necessidade de desenvolver um projeto de
Pesquisa que suprisse esse imperativo. Dessa forma, foi elaborado em 2013 o projeto
para o PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica [UFPB/CNPq]
intitulado: Balanço comparativo da produção acadêmica UFPB I sobre a cidade de
João Pessoa – PB, 1992-2012. Este projeto foi contemplado com, até agora, duas
edições, 2013-2014; 2014-2015, sendo solicitada a sua terceira edição, para o período
2015-2016, ainda em julgamento.
Em cada edição o projeto foi contemplado com duas bolsas PIBIC. Na primeira
edição se fez um levantamento geral sobre a produção acadêmica da UFPB I, tendo por
ano base o ano de 2012, como forma de adentrar na memória institucional (ABREU,
2005; DOBEDEI, 2005; GONDAR; 2005; AYELLO, 2008; SANTOS, 2009; BECKER,
1996; BOMENY, 2015) da produção acadêmica local. Durante esta fase da pesquisa, os
esforços se concentram na formação dos discentes para o uso de ferramentas
metodológicas que viabilizassem estudos de estados de arte, balanços comparativos de
produção acadêmica, mapeamentos de produção, leituras e elaborações de resumos,
construção de tabelas analíticas a partir de listagens, pesquisas nas plataformas Lattes,
no Diretório de Grupos de Pesquisa (DGP) e nos sites dos departamentos da UFPB, e
nos bancos de dados do CNPq.
Na segunda edição, a pesquisa priorizou, de um lado, a configuração do mapa
dos grupos de pesquisa em atuação na UFPB I, também tomando por base o ano de
2012. Buscou, assim, verificar os mais antigos ainda em atuação, e, de outro lado, a
escolha dos grupos mais antigos e com maior produção acadêmica local por Centro,
8
escolhendo dois deles (GREM e GREI) para um aprofundamento na sua história e na
análise crítica de sua produção.
Na nova edição, ainda em julgamento, a pesquisa se dedicará a produção desses
grupos especificamente sobre a cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba.
Separando essa produção da produção geral realizada no seu seio. Neste sentido, o
projeto desenvolve a construção de fichas resumo que conectem os estudos feitos sobre
e na cidade de João Pessoa - PB, revelando os mapas teórico-metodológicos e
simbólicos, as imagens e os discursos acadêmicos produzidos para o entendimento da
cidade.
Durante a vigência do Projeto PIBIC foram produzidos vinte e dois trabalhos,
publicados em anais e apresentados em eventos acadêmicos diversos, como o 16°
Fórum do GREM16 (atividade interna que reuniu pesquisadores PIBICs de todas as
linhas de pesquisa e sob orientação de todos os pesquisadores internos), o ENIC –
Encontro Nacional de Iniciação Científica, a 65ª. SBPC – Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência e o II Simpósio Interdisciplinar em Ciências Sociais e Humanas.
Na primeira fase da pesquisa a produção PIBIC 13-14 foram realizados ao todo doze
trabalhos, assim distribuídos: três trabalhos do coordenador; dois do assistente de
pesquisa GREM e sete trabalhos dos bolsistas PIBIC. Já na segunda fase da pesquisa a
produção PIBIC 14-15 totalizou dez trabalhos, sendo cinco do pesquisador, dois do
assistente de pesquisa GREM e três dos bolsistas PIBIC. Cabe ressaltar que os bolsistas
PIBIC de cada fase da produção correspondem a estudantes diferentes.
16
Ver os Anais do 16° Fórum GREM (GREM, 2013).
9
Produção Acadêmica UFPB I, 1992-2012
O GREM tem sua trajetória dividida em dois momentos. O primeiro momento se
estende pelo período entre os anos de 1994 até 2009, quando a sua produção se encontra
nas mãos de um único pesquisador e coordenador do grupo e seus orientados e
estagiários voluntários ou bolsistas.
O segundo momento engloba os anos de 2010 em diante, quando o grupo se abre
para novos pesquisadores, abrindo-se um leque maior para perspectivas analíticas e
pesquisas sobre a temática das emoções, com pesquisas que abordam temas como
moralidade, consumo, gênero e violência. Ocorre, assim, uma abertura para novos
diálogos e a possibilidade de trabalho coletivo.
Essa abertura amplia as formas de olhares, o diálogo e o trabalho coletivo do
grupo, bem como fortalece a luta pelas emoções como subárea institucionalizada da
sociologia e da antropologia. Com essa abertura o GREM, atualmente, contabiliza, ao
todo, 17 pesquisadores: treze possuem doutorado, e quatro doutorandos.
Os pesquisadores do GREM se dividem em internos e associados. O grupo conta
atualmente com 04 pesquisadores internos, aqueles que pertencem ao Departamento de
Ciências Sociais da UFPB I, e com 13 pesquisadores associados. Entre os associados há
10
uma divisão entre aqueles que fazem parte de outros departamentos da UFPB I e os que
pertencem a outras Instituições de Ensino Superior (IES)17.
Neste trabalho são considerados apenas os pesquisadores internos do GREM e
suas respectivas produções. As tabelas e figuras abaixo resumem esquematicamente esta
produção no âmbito do GREM, permitindo uma visualização superficial do
desenvolvimento das trajetórias profissionais, teórico-metodológicas e temáticas na
interface com a categoria das emoções.
A linha de pesquisa Emoções, Moralidade e Gênero conta atualmente com duas
pesquisadoras: Simone Brito e Marcela Zamboni. A primeira com interesse específico
na Sociologia da Moralidade, a segunda com interesse situado na relação entre
violência, gênero e emoções.
Simone Brito coordena um projeto intitulado Sociologia da Moralidade, onde se
encontram vinculados vários subprojetos18. Neste projeto e seus subprojetos foram
publicados, em revistas nacionais e internacionais, até o presente momento, 46 artigos,
bem como 01 livro e 07 capítulos de livros. Afora, textos de divulgação científica,
participação em congressos e trabalhos completos em anais, conforme pode ser visto
nas Tabelas 6 e 7 e Figura 6 abaixo.
17
Os pesquisadores que forma o atual quadro do GREM são: Pesquisadores internos (04): Anderson
Moebus Retondar, Marcela Zamboni Lucena, Mauro Guilherme Pinheiro Koury e Simone Magalhães
Brito. Pesquisadores associados de outros departamentos da UFPB são (02): Francisco de Assis Vale
Cavalcante Filho e Marconi José Pimentel Pequeno, ambos no Departamento de Filosofia. Já os
pesquisadores associados de outras IES são (11): Andreia de Sousa Martins (Inglaterra), Claudia
Barcellos Rezende (UFRJ), Francisca Verônica Cavalcante (UFPI), Jainara Gomes de Oliveira (UFSC),
Luiz Gustavo Pereira de Souza Correia (UFS), Maria Cristina Rocha Barreto (UERN), Marieze Rosa
Torres (UFBA), Márcio da Cunha Vilar (Alemanha), Nicole Louise Macedo Teles de Pontes (UFRPE),
Raoni Borges Barbosa (UFPE) e Roberta Bivar Carneiro Campos (UFPE).
18
Na pesquisa Sociologia da Moralidade e subprojetos foram concluídas as seguintes orientações: 04
Teses; 05 Mestrado; 03 TCC.
11
Marcela Zamboni, por sua vez, coordena um projeto intitulado (Des)confiança,
Infidelidade e Homicídio que conta com subprojetos19. Neste projeto e seus subprojetos
foram publicados, em revistas nacionais e internacionais, até o presente momento, 02
artigos. Afora, textos de divulgação científica, participação em congressos e trabalhos
completos em anais, conforme pode ser visto nas Tabelas 8 e 9 e Figura 7 abaixo.
Anderson Moebus Retondar coordena um projeto intitulado Entre o Ético e o
Político, onde vários subprojetos se encontram vinculados20. Neste projeto e seus
subprojetos foram publicados, em revistas nacionais e internacionais, até o presente
momento, 03 artigos. Afora, textos de divulgação científica, participação em congressos
19
Na pesquisa (Des)confiança, Infidelidade e Homicídio e subprojetos foram concluídas as seguintes
orientações: 01 TCC e 04 IC.
20
Na pesquisa Entre o Ético e o Político e subprojetos foram concluídas 11 orientações: 01 Tese; 05
Dissertações; 01 TCC; e 04 IC.
12
e trabalhos completos em anais, conforme pode ser visto nas Tabelas 10 e 11 e Figura 8
abaixo.
A última linha de Pesquisa do GREM, Estudos Teóricos em Antropologia e
Sociologia das Emoções envolvem todos os pesquisadores internos do grupo. Nesta
linha foi publicado um conjunto de 123 trabalhos. Trabalhos publicados estes
subdivididos em: 56 artigos em revistas nacionais e internacionais, até o presente
momento; bem como 06 livros; 09 capítulos de livros e 33 traduções. Afora, textos de
divulgação científica, participação em congressos e trabalhos completos em anais,
conforme pode ser visto nas Tabelas 12 e 13 e Figura 9 abaixo.
13
Em resumo, considerando a produção por projetos constantes das quatro linhas de
pesquisa do grupo, e considerando, além do mais, apenas o núcleo de pesquisadores
internos, o GREM produziu ao longo dos anos de atividade um total de 695 trabalhos,
conforme podem ser vistos na tabela 14 e Figura 10 abaixo. O que demonstra uma
considerável produtividade por ano, equivalente a 35 trabalhos anuais entre livros,
capítulos de livros, artigos em periódicos, artigos completos em Anais, entre outros.
Esta produtividade em tempo acelerado aponta não somente para um projeto
pessoal de Koury como intelectual de expressiva carreira institucional no âmbito da
antropologia e sociologia das emoções, mas o compromisso de toda a equipe de
pesquisadores internos do GREM com a consolidação do estudo das emoções como
disciplina acadêmica regular nas ciências sociais brasileiras. Assim que, dentro de sua
trajetória como acadêmico, Koury tem se destacado em promover uma política de
visibilidades da área, de modo a oferecer mapeamentos atualizados do que se passa
neste campo de pesquisa. Ao abrir o GREM para novos pesquisadores internos e
associados, assim, renova o compromisso do GREM com a visibilidade crescente da
pesquisa nas áreas de emoções e suas relações com a moralidade, o consumo e a
sociabilidade na sociedade e na cultura contemporâneas.
14
Koury, assim como toda a equipe de pesquisadores internos e associados, ao
mesmo tempo, se fazem constantemente presentes em eventos nacionais e
internacionais, construindo vínculos e consolidando a área de emoções na Antropologia
e na Sociologia das Emoções. Do mesmo modo que fundamentam a sua pesquisa e
práxis produtiva em um compromisso ético e acadêmico de formação de novos
pesquisadores na área.
O aspecto analítico do porque a produção do GREM estar em alta desde o ano de
2002 e se manter pelos demais anos se explica também pelo no fato da criação da RBSE
– Revista Brasileira de Sociologia da Emoção. A RBSE é uma revista quadrimestral
online que se encontra iniciando o seu 14º volume e com 40 números publicados21. A
RBSE tem como foco central as relações entre emoções, cultura e sociedade, no interior
da Antropologia e Sociologia das Emoções.
A revista tem por objetivo divulgar e ampliar as discussões que coloquem as
emoções como categoria central e análise no interior das ciências sociais e de
estabelecer um diálogo com disciplinas de áreas afins, como a psicologia social, a
psicanálise, a filosofia, a história, a educação, a economia e a administração das
emoções, entre outras. A RBSE é a primeira revista e única revista no país a trabalhar,
especificamente, com a temática das emoções no interior das ciências sociais, sem se
fechar exclusivamente a elas, mas, abrindo um amplo leque de possibilidades, que
permite um diálogo profundo com outras áreas de conhecimento correlatas.
A RBSE é um importante mecanismo de viabilidade e visibilidade das produções,
direta ou indiretamente, na área das emoções, contemplando também estudos de autores
clássicos (Durkheim, Mauss, Tarde, Simmel, Mead, Park, Hallbwachs, Lévy-Brühl e
outros) e contemporâneos (Scheff, Goffman, Caille, Becker, Lindner e outros)
traduzidos para o português. É um instrumento auxiliar que ajuda na luta pela
consolidação dos estudos em emoções como campo disciplinar: publicando trabalhos,
possibilitando o dialogo entre a comunidade acadêmica e em geral. Além dos autores
nacionais, a revista ainda reúne pensadores internacionais que contribuem regularmente,
com destaque para nomes argentinos.
A RBSE é uma importante ferramenta do GREM. Além disso, o grupo de
pesquisa conta com publicações em série, intituladas Cadernos do GREM, que
disponibiliza para um público mais amplo a produção de suas linhas de pesquisa.
21
A RBSE pode ser encontrada, com todos os seus números, para consulta grátis, no endereço
eletrônico: http://www.cchla.ufpb.br/rbse/Index.html.
15
Considerações Finais
Este artigo tratou de apresentar um breve balanço da produção do GREM,
evidenciando, assim, as suas trajetórias teórico-metodológicas, temáticas, profissionais
e de formação. O grupo de pesquisa, pioneiro em sua área, no Brasil, tem contribuído de
forma relevante para a consolidação do estudo das emoções como disciplina acadêmica
nas ciências sociais, bem como promovido um esforço significativo em uma política de
visibilidades e de diálogo com outras áreas afins.
O presente artigo, de forma bastante didática e ilustrativa, apresenta as linhas de
pesquisa, os pesquisadores internos e associados, bem como a produção docente e
discente no interior das linhas e projetos de pesquisa. Abrange, neste sentido, estudo
sobre emoções e moralidade, emoções e sociabilidade, teoria social e emoções, e, por
fim, emoções, consumo, gênero e violência cotidiana.
Este artigo faz parte do projeto Balanço comparativo da produção acadêmica da
UFPB I sobre a cidade de João Pessoa – PB, 1992-2012. Vem sendo desenvolvido,
além de outros, no âmbito das atividades PIBIC 2014-2015, onde se insere o
pesquisador.
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