UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIENCIAS TECNOLOGICAS DA TERRA E DO MAR Curso de Oceanografia LUIZA DA LUZ NUNES AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE METAIS PESADOS NO SEDIMENTO E MATERIAL EM SUSPENSÃO NO RIO ITAJAÍ-AÇÚ E ÁREAS ADJACENTES, DURANTE PROCESSO DE APROFUNDAMENTO DO CANAL DO PORTO DE ITAJAÍ-SC. ITAJAÍ JUNHO-2012 LUIZA DA LUZ NUNES AVALIAÇÃO DOS NÍVEIS DE METAIS PESADOS NO SEDIMENTO E MATERIAL EM SUSPENSÃO NO RIO ITAJAÍ-AÇÚ E ÁREAS ADJACENTES, DURANTE PROCESSO DE APROFUNDAMENTO DO CANAL DO PORTO DE ITAJAÍ-SC. Monografia referente ao Trabalho de Conclusão de Curso de Oceanografia, apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de oceanógrafo na Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Msc.Patrícia Fóes Scherer Costódio ITAJAÍ JUNHO-2012 ii DEDICATÓRIA Aos meus pais, avós, irmã e amigos. iii RESUMO O estuário do rio Itajaí-Açú apresenta grande importância econômica, social e ecológica para o estado de Santa Catarina. Com a finalidade de aprofundar o canal de navegação do Porto de Itajaí, foram realizadas ações de dragagem no estuário em questão. Este processo gera grande remobilização de sedimentos, podendo haver a disponibilização de poluentes que estavam sedimentados. Este trabalho surgiu como parte integrante do Plano Básico Ambiental - PBA da Dragagem de Aprofundamento (-14,0 Metros DHN) do Canal de Acesso e da Bacia de Evolução do Porto Organizado de Itajaí, SC, desenvolvido pela UNIVALI sendo o foco deste a avaliação dos metais traços Cd, Cr, Ni e Zn nos sedimentos superficiais e material particulado em suspensão, durante a dragagem realizada na área, período de maio a dezembro de 2011, utilizando a metodologia por digestão ácida e determinação pelo método de Espectrometria de Absorção Atômica com atomização por chama Perkin Elmer 3110 ou eletrotérmica (forno de grafite AnalytikalJena), em doze pontos amostrais, sendo comparados com a legislação Conama/344. No sedimento todos os metais apresentaram uma forte correlação com sedimentos finos (p=0,000), sendo este determinante nas concentrações dos mesmos, apresentando grande variação em função da dragagem, sendo destacado o níquel, o qual apresentou as concentrações elevadas no sedimento, sendo enquadrado como nível 1, estabelecido pela legislação. No MPS, as correlações significativas observadas entre a vazão, salinidade, concentração de MPS e metais associados, destacam os diferentes comportamentos do metal, influenciando sua dinâmica no ambiente. PALAVRAS CHAVES: Dragagem, Concentração de metais, Portos. iv LISTA DE FIGURAS Figura 1: Área de estudo: Estuário do Rio Itajaí-Açú e pontos amostrais no interior do estuário (#01, #02, #03, #04, #05, #06, #07), e área adjacente (#8, #09, #10, #11, #12) ......... 15 Figura 2: gráfico apresentando a variação da salinidade média no interior do estuário e áreas adjacentes, em relação a vazão média dos meses amostrados .................................................. 19 Figura 3: Gráfico referente a variação média de MPS, superfície e fundo, Interior do estuário (A) e área adjacente (B). ........................................................................................................... 20 Figura 4: Gráfico referente a variação média de matéria orgânica no sedimento ao longo dos pontos amostrais. ...................................................................................................................... 21 Figura 5: Gráfico referente a razão granulométrica de sedimentos finos e grossos ao longo dos pontos e meses amostrados. (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) outubro, (G) novembro, (H) dezembro. .................................................................................... 22 Figura 6: Gráfico representando a concentração média mensal de Cádmio, no interior do estuário e área adjacente. .......................................................................................................... 23 Figura 7: Gráfico representando a concentração média mensal de Cromo, no interior do estuário e área adjacente. .......................................................................................................... 24 Figura 8: Gráfico representando a concentração média mensal de Níquel, no interior do estuário e área adjacente. .......................................................................................................... 25 Figura 9: Gráfico representando a concentração média mensal de Zinco, no interior do estuário e área adjacente. .......................................................................................................... 26 Figura 10: Gráfico referente a concentração de cádmio (mg/kg) no sedimento em cada ponto amostral, nos respectivos meses: (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) outubro, (G) novembro, (H) dezembro, relacionado com percentual de sedimentos finos encontrados nas amostras, representado pela linha roxa. ......................................................... 28 Figura 11: Gráfico Boxplot de Cd, apresentando as concentrações médias (▫) , desvio padrão (□), erro(H) e pontos considerados fora da média(◦) ................................................................ 29 Figura 12: Gráfico referente a concentração de cromo (mg/kg) no sedimento em cada ponto amostral, nos respectivos meses: (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) v outubro, (G) novembro, (H) dezembro, relacionado com percentual de sedimentos finos( linha contínua roxa) e limite estabelecido pelo Conama344( linha tracejada vermelha) .................. 31 Figura 13: Gráfico boxplot de cr, apresentando as concentrações médias (▫) , erro (□),desvio padrão (H) e pontos considerados fora da média(◦) ................................................................. 32 Figura 14: Gráfico Boxplot de Ni, apresentando as concentrações médias (▫), desvio padrão (□), erro(h) e pontos considerados fora da média (◦)................................................................ 33 Figura 15: Gráfico referente a Concentração de Níquel (mg/kg) no sedimento em cada ponto amostral, nos respectivos meses: (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) outubro, (G) novembro, (H) dezembro, relacionado com percentual de sedimentos finos( linha contínua roxa) e limites estabelecidos pelo Conama344( linha tracejada vermelha) ............... 34 Figura 16: Gráfico BoxPlot de Zn, apresentando as concentrações médias (▫) , desvio padrão (□), erro(H) e pontos considerados fora da média(◦). ............................................................... 35 Figura 17: Gráfico referente a Concentração de Zinco (mg/kg) no sedimento em cada ponto amostral, nos respectivos meses: (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) outubro, (G) novembro, (H) dezembro, relacionado com percentual de sedimentos finos( linha contínua roxa) e limite estabelecido pelo Conama344( linha tracejada vermelha) .................. 37 Figura 18: Gráfico referente a variação mensal média de Cd (A), Cr(B), Ni(C) e Zn(D) associados ao material particulado em suspensão, no interior do estuário e área adjacente, superfície e fundo . ................................................................................................................... 40 vi LISTA DE TABELAS Tabela 1 Limites estabelecidos pelo Conama/344 para cada metal para águas salobras. ........ 18 Tabela 2: Tabela referente a temperatura média da água nos pontos amostrais ao longo dos meses. ....................................................................................................................................... 19 Tabela 3: Tabela referente ao pH médio da água nos pontos amostrais ao longo dos meses. . 20 vii SUMÁRIO RESUMO ...................................................................................................................... iv LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... v LISTA DE TABELAS .................................................................................................vii 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 6 2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 6 2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 6 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 7 3.1. Importância de regiões estuarinas .................................................................... 7 3.2. Características dos metais analisados ............................................................... 8 3.2.1. Cádmio ................................................................................................................. 8 3.2.2. Cromo .................................................................................................................. 8 3.2.3. Níquel ................................................................................................................... 9 3.3. Zinco .................................................................................................................. 10 3.4. Fontes de metais ................................................................................................ 10 3.5. Metal no ambiente ............................................................................................ 11 3.6. Histórico de analise de metais em sedimentos estuarinos ............................. 13 4. METODOLOGIA............................................................................................. 14 4.1 Área de Estudo .................................................................................................. 14 4.2 Metodologia de Coleta e acondicionamento das amostras. .......................... 15 4.3 Métodos Analíticos ........................................................................................... 16 4.4 Material particulado em suspensão ................................................................ 16 4.5 Sedimentos ......................................................................................................... 16 4.6 Análise química de metais no sedimento ........................................................ 17 4.7 Análise química de metais no material particulado em suspensão .............. 17 4.8 Determinação quantitativa .............................................................................. 17 4.9 Validação da metodologia empregada para determinação de metais ......... 17 4.10 Legislação CONAMA ....................................................................................... 17 4.11 Análise Estatística ............................................................................................. 18 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ................................................................... 19 5.1 Parâmetros Físico-Químicos ............................................................................ 19 5.2 Características sedimentares ........................................................................... 20 5.3 Análise de Metais no Sedimento ...................................................................... 23 5.3.1 Variação Temporal ........................................................................................... 23 5.3.1.1 Cd ............................................................................................................................... 23 5.3.1.2 Cr................................................................................................................................ 24 5.3.1.3 Ni ................................................................................................................................ 24 5.3.1.4 Zn ............................................................................................................................... 25 5.3.2 Variação Espacial ............................................................................................. 26 5.3.2.1 Cd ............................................................................................................................... 26 5.3.2.2 Cr................................................................................................................................ 29 5.3.2.3 Ni ...................................................................................................................... 32 5.3.2.4 Zn ..................................................................................................................... 35 5.4 Material Particulado em Suspensão ............................................................... 38 5.4.1 Interior Estuário ............................................................................................... 38 5.4.1.1 Superfície .................................................................................................................. 38 5.4.1.2 Fundo ............................................................................................................... 40 5.4.2 Área Adjacente ................................................................................................. 41 5.4.2.1 Superfície ......................................................................................................... 41 5.4.2.2 Fundo......................................................................................................................... 42 2 5.5 Comparação com a legislação.......................................................................... 43 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 43 REFERENCIAS ......................................................................................................... 45 3 1. INTRODUÇÃO Estuários são corpos de água restritos, com uma livre conexão com mar aberto, no qual ocorre a diluição da água marinha pela água doce proveniente da drenagem continental (CAMERON E PRITCHARD,1963). Por apresentar uma região de mistura de massas de águas, podem ser observadas nestas regiões significativas variações de processos oceanográficos atuantes, dependendo da localização. Os estuários são ecossistemas costeiros de elevada importância ecológica, pois através destes são transportadas a maior parte de matéria originada da decomposição intempérica dos continentes em direção aos oceanos (SCHETTINI, 2002). As águas estuarinas, por serem influenciadas pela dinâmica oceânica e fluvial, facilitam o transporte de nutrientes, favorecendo a produtividade em toda região costeira e formando habitat natural de peixes, mamíferos e aves, rotas migratórias e ambientes de procriação de varias espécies biológicas. Cerca de 2/3 das grandes cidades estão localizadas em estuários e regiões adjacentes, devido à facilidade de construção de portos, marinas e indústrias de pescado, (PEREIRA FILHO et al, 2003), elevando assim a importância econômica da região, sendo fonte geradora de benefícios, empregos e impostos. O estuário do rio Itajaí-Açú recebe uma carga poluidora industrial e doméstica considerável de regiões como Blumenau, Gaspar, Brusque, Itajaí e Navegantes. Estes constituem atualmente um dos mais importantes polos industriais e urbanos do estado, cujas atividades principais são as indústrias têxteis, metal mecânica, de papel, além das indústrias de beneficiamento do pescado, no Município de Itajaí e Navegantes (BELLOTO et al. 2009). O Porto de Itajaí está localizado no município de mesmo nome, situado na porção terminal do estuário, sendo um dos principais do sul do Brasil, representando o maior pólo de desembarque pesqueiro nacional. Associadas a este desembarque, várias indústrias de processamento de pescado estão instaladas às margens do estuário, principalmente no município de Itajaí. Diante da importância do complexo portuário da foz do rio Itajaí-Açu, tornou-se necessária a ampliação do canal de acesso e uma bacia de evolução, a fim de melhorar a capacidade operacional do complexo portuário para atender as novas especificidades, demandas internacionais de logística portuária e agilidade destes empreendimentos num cenário internacional (ACQUAPLAN,2009). 4 O processo de aprofundamento do canal de acesso do rio Itajaí-Açú vem sendo realizado desde o ano de 1978, quando a profundidade atingiu -7,0m, entre 1980 a 1995 o canal manteve-se nos -8.0m, em 1999 foi aprofundado para -10,0m, e em 2006 atingiu 11,0m, e em 2011, a intenção era chegar aos -14,0m. As atividades de dragagem tornaram-se uma operação essencial para o desenvolvimento ordenado do comércio marítimo (BISHOP, 1983). No Porto de Itajaí, este processo de dragagem foi realizado com a utilização de uma draga que trabalha através de sistema de injeção de água, que promove a fluidização dos sedimentos finos que constituem o fundo (Schettini, 2002). Por este motivo, acabam remobilizando sedimento, o qual pode conter poluentes, e com isso, ocasionar uma redisponibilização destes para coluna de água ou para locais aonde naturalmente não chegariam. Dentre as substâncias poluidoras que podem ser ressuspendidas, as que causam maior preocupação são aquelas que persistem no ambiente e que possam ter efeito cumulativo, como por exemplo, os metais pesado. (BELLOTO et al, 2009) A concentração de metais pesados em rios e estuários depende basicamente das características litológicas, do tipo de intemperismo atuante na região e do tipo de atividade humana existente na bacia de drenagem. (AGUIAR, 2005) Os metais pesados estão entre os contaminantes que mais afetam o ambiente marinho por possuírem características tóxicas, onde os metais considerados não essenciais na manutenção do metabolismo dos organismos, como o Pb, apresentam caráter tóxico mesmo em baixas concentrações. Os metais considerados essenciais, como o Cd, Ni, Cu e Zn, também podem apresentar efeitos tóxicos nos organismos quando em elevadas concentrações (VIARENGO, 1985 apud BRAGA, 2005). Os ambientes fluviais contribuem significativamente na entrada de metais pesados para os ambientes marinhos. Em locais onde o rio percorre por centros urbanos ou industrializados, a carga de metais pode sofrer um aumento por dejetos destas atividades. Dragagens regulares em áreas com canais de transporte produzem grandes quantidades de lamas de dragagem, contaminadas com metais, os quais normalmente atingem as zonas costeiras adjacentes (CLARK, 1997), podendo gerar um comprometimento do próprio ambiente dragado e da área costeira próxima. 5 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar a qualidade do sedimento e do material em suspensão em relação aos níveis de metais pesados do estuário do Rio Itajaí-Açú, durante a operação de aprofundamento do canal. 2.2 Objetivos Específicos Avaliar a variação espacial dos níveis de metais pesados Cd, Cr, Ni e Zn no sedimento e material em suspensão. Verificar a evolução dos níveis de metais pesados Cd, Cr, Ni e Zn no sedimento e no material em suspensão durante as obras de dragagem para o aprofundamento do canal. Comparar a concentração de metais pesado Cd, Cr, Ni e Zn no sedimento com a legislação vigente sobre disposição deste material dragado. 6 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1. Importância de regiões estuarinas Regiões costeiras e estuarinas contribuem com o desenvolvimento econômico das cidades, pois além de formarem uma importante via de deslocamento para o interior do continente, são locais “adequados” para instalação de portos, indústrias navais, estaleiros. Grande parte da ocupação e desenvolvimento humano iniciou a partir de regiões estuarinas, devido a condições geográficas favoráveis, além de águas abrigadas. Todavia, cada vez mais estes ambientes vêm sofrendo impactos gerados por atividades antrópicas, como aterros, despejamento de efluentes, atividades portuárias, dragagens (SCHETTINI, 2002). Cerca de 60% das grandes cidades em vários locais do mundo estão localizadas nas proximidades de estuários. Com a expansão urbana das cidades próximas a esses ecossistemas, juntamente com processo de industrialização dos dias atuais, os estuários passaram a exercer não somente a função de colaborar com o desenvolvimento (AGUIAR, 2005), mas por consequência, contribuir com o escoamento de poluentes para os ecossistemas adjacentes. A sua abundante e diversificada comunidade, e a capacidade de renovação periódica de suas águas faz destes ecossistemas, locais onde ocorrem intensas transformações da matéria orgânica, representando um importante elo entre os ecossistemas fluvial e marinho. (PEREIRA FILHO et al, 2003)). Do ponto de vista ecológico, os estuários constituem um ambiente favorável ao habitat natural de aves, peixes. Suas águas são influenciadas pela dinâmica oceânica e fluvial possibilitando o transporte de grandes quantidades de nutrientes que irão favorecer a produtividade em toda região costeira, desempenhando importante papel nas rotas migratórias de peixes de valor comercial (AGUIAR, 2005). São considerados também “berçário” de várias espécies biológicas, as quais podem proporcionar a renda de grande parte da população residente próximas a essas regiões, através da pesca, atividades extrativistas, entre outras. 7 3.2. Características dos metais analisados 3.2.1. Cádmio O metal cádmio é considerado de extrema importância ambiental e a saúde, devido sua alta mobilidade e toxicidade em diversas formas de vida. Podendo ser encontrado nas formas de Cd+2, Cd(OH)2, Cd(OH)3-, Cd(OH)42- e CdCO3, além de complexos orgânicos e inorgânicos.(MOORE, 1991). O Cádmio é frequentemente encontrado em águas superficiais na forma dissolvida e particulada, no qual suas concentrações podem variar de acordo com a área, vazão, mobilidade do contaminante no sedimento superficial e distância da fonte antrópica. Com aumento da salinidade ocorre a complexacão de Cádmio com íons de cloreto, para depois complexar com outras partículas marinhas. Caso haja uma alta quantidade de matéria orgânica dissolvida, pode ocorrer a formação de complexos orgânicos. Em águas com baixa salinidade a sorção em sólidos em suspensão, como sedimentos finos, é o processo dominante na determinação do destino do mesmo. Todavia, também podem ocorrer coprecipitação com ferro hidratado, óxidos de alumínio e manganês, e carbonatos (MOORE, 1991). Mesmo que as concentrações deste metal sejam menores em oceanos, em função do seu comportamento, e não apresentem um impacto significativo em curto prazo, as taxas de aporte de Cádmio continuam aumentando (MOORE, 1991). Em organismos marinhos, o Cádmio pode apresentar grande risco, pois tende a acumular-se em altas concentrações, podendo estas, ser até 2x106 mais elevadas que a concentração encontrada no meio em que vivem. Apresentando assim, perigo na ingestão e acumulação em longo prazo, podendo ser transferido para outros níveis tróficos (GALVÃO, 1987). Em peixes este metal tende a acumular-se nos rins e fígados. 3.2.2. Cromo Não podendo ser encontrado na forma livre, as formas mais comuns de oxidações do cromo, são Cr+3 e Cr+6. Pode ser encontrado também na forma bivalente Cr+2, porém é rapidamente oxidado para Cr+3, o qual é classificado como um ácido forte, formador de 8 complexos com ligantes doadores de oxigênio, geralmente estáveis e cineticamente inertes. (MOORE, 1991). O cromo é encontrado nos solos, normalmente na forma de Cr+3, o qual apresenta pouca mobilidade no ambiente, ao contrário do Cr+6, que é altamente móvel nos sistemas aquáticos, podendo estar dissolvido, ligado a diferentes compostos, como também ser rapidamente adsorvido a sedimentos finos ou complexar com partículas de matéria orgânica, ficando imobilizado. Este metal é essencial para o metabolismo da insulina, porém pode apresentar toxicidade crônica e aguda em grandes quantidades.. Nos peixes, a acumulação de cromo ocorre principalmente em órgãos, como coração, pulmão, rim, baço e brânquias, podendo causar uma toxicidade aguda, dependente da sensibilidade do organismo (MOORE,1991). 3.2.3. Níquel O níquel é o vigésimo terceiro elemento mais abundante na crosta terrestre, sendo tipicamente encontrado em rochas sedimentares, como arenito, basalto. Encontrado em águas superficiais principalmente na forma de íon Ni2+, porém, estágios de oxidação variando de Nia Ni4+ já foi relatado (MOORE, 1991. Em condições redutoras o níquel forma sulfetos insolúveis, proveniente do excesso de enxofre; em condições aeróbicas e pH menor que 9, o níquel tende a complexar com hidróxidos, carbonatos, sulfetos e ligantes orgânicos que ocorrem naturalmente; já em pH maior que 9, os complexos de hidróxido e carbonato tendem a precipitar (MOORE, 1991). Outro processo reversível importante no destino do níquel é a adsorção com sedimentos finos. Grande parte do níquel está na forma particulada e sofre grande deposição em estuários, atividade de dragagens para manutenção de portos pode ser considerada uma fonte potencial de contaminação (CLARK, 1997). O níquel é considerado um metal essencial, por ser indispensável para funções biológicas e funcionamento de muitas enzimas. Porém, o acúmulo excessivo de níquel apresenta efeitos tóxicos. Em organismos marinhos pode causar inibição e retardamento no crescimento, problemas na osmorregulação, diminuição do hematócrito e hemoglobinas e 9 redução na capacidade das brânquias. Já em humanos pode causar dor de cabeça, náusea, vômito, insônia, problemas respiratórios e dermatológicos (MOORE, 1991). 3.3. Zinco Classificado como um metal de “fronteira”, o zinco, liga-se com oxigênio, tão bem quanto com nitrogênio e enxofre. Em condições aeróbicas, sua solubilidade dependerá do pH, no qual, em pH ácido, o íon Zn+2 será a forma predominante, sendo substituído por Zn(OH)2 em pH entre 8 e 11,e Zn(OH)3-/Zn(OH)42- em pH maior que 11 (VYMAZAL. 1985 apud MOORE, 1991). Já em condições anaeróbicas ocorrerá a formação de ZnS independente do pH. O zinco pode ligar-se com diversos ligantes orgânicos, particularmente na presença de nitrogênio ou enxofre. A solubilidade e mobilidade do zinco na água e no sedimento dependem da composição química do elemento e das características do ambiente. O zinco possibilita diversas funções bioquímicas para os organismos, sendo componente de inúmeras enzimas, podendo assim ser considerado um metal essencial. Sua regulação é feita por meio de bioacumulação e absorção nos organismos marinhos dependo basicamente da alimentação. Todavia, em altas concentrações, pode apresentar em efeitos tóxicos variados, dependendo do organismo afetado e condições físico-químicas do meio. Em organismos marinhos, o excesso de zinco pode afetar na osmorregulacão, causar danos na reprodução, crescimento, fisiologia, podendo aumentar os efeitos quanto combinado com Cádmio. Já em humanos pode causar náuseas, vomito e outros problemas gastrointestinais, disfunções hepáticas. 3.4. Fontes de metais Metais são componentes naturais das rochas, os quais podem ser disponibilizados para o ambiente por meio de forçantes físicas e químicas, que agem nas rochas matrizes, intemperando e liberando metais na forma sólida (CHESTER, 1990). Atividades vulcânicas, incêndios florestais, são importantes fontes naturais de Cd, Cr, Ni e Zn na atmosfera, podendo estes sofrer transporte eólico, precipitando e depositando em ambientes aquáticos. 10 Por outro lado, a contaminação de ambientes pode ser originada por diversas fontes antrópicas. Essas podem ser de origem eólica, marinha ou terrestre, sendo a ultima, contribuinte de cerca de 70 a 80 % da contaminação marinha, enquanto que apenas 20 a 30 % da carga de poluentes para os oceanos são oriundas das atividades no local, como transporte, exploração de recursos minerais da plataforma continental e descarga direta de contaminantes por emissários submarinos (CROSSLAND et al.,2005). Os efluentes apresentam diferentes graus de importância, dependendo do local e de fatores influenciadores. A contribuição antropogênica de Cádmio é basicamente ocasionada por poluição atmosférica, indústrias de fundição e refinamento, fábricas relacionadas a produtos químicos e metais, além do rejeito doméstico (MOORE, 1991). O Cromo é frequentemente lançado em águas superficiais, (MOORE, 1991) sendo principalmente originada de rejeitos domésticos, fabricação de cimento, construção civil, fundições, lixo urbano e industrial, fertilizantes, entre outros. O níquel apresenta preocupações de contaminação em sedimentos de áreas industrializadas, pois, o mesmo é frequentemente utilizado na fabricação de aço inoxidável e em outras ligas metálicas, pigmentação de tintas, em manufaturas de baterias alcalinas, não sendo realizado o descarte adequado. (MOORE, 1991). Para o zinco, as fontes de emissão natural e antrópica são equivalentes. Sendo a ultima, relacionada com atividade de mineração, produção e beneficiamento de zinco, produção de ferro e aço, queima de carvão mineral em usinas, entre outros (MOORE, 1991) Metais pesados também podem estar associados ao desgaste de lonas e freios dos carros, ou ao desgaste dos pneus, compostos de ferro ou outros componentes do solo, acumulando-se nas ruas, valas, bueiros, sendo escoados para os cursos d’água. 3.5. Metal no ambiente Após a entrada do metal traço no ambiente, independente de sua fonte, o seu comportamento será influenciado por diferentes forçantes atuantes no meio. No interior de rios e oceanos, o destino dos metais será influenciado processos físicos, químicos e biológicos, como: precipitação, dissolução, dispersão, diluição, floculação, formação de complexos, podendo ser sedimentados, adsorvidos, ingeridos por organismos marinhos, 11 passarem para a atmosfera ou permanecerem na coluna d’água (BISHOP, 1983; ZARZOUR, 2006). O comportamento dos metais nos sistemas estuarinos são mais complexos e dinâmicos devido aos fortes gradientes físico-químicos, concentração de material em suspensão e processos hidrodinâmicos que ocorrem nestes ambientes (SALOMONS; FÖRSTNER, 1984). A poluição dos sedimentos está intimamente ligada com a poluição das águas. Os sedimentos dos estuários podem fornecer um registro de longo prazo sobre a acumulação de metais traços vindos dos rios, da atmosfera e de fontes antropogênicas (CLARK, 1996). Nos sedimentos existem vários mecanismos de retenção e mobilização dos metais (ZARZOUR, 2006), podendo assim, variar sua concentração de acordo com a razão de deposição dos metais, sedimentação, natureza e tamanho das partículas, presença e ausência de matéria orgânica e espécies complexantes (FERNANDES, et al, 1994), entre outras. Os metais não são homogeneamente distribuídos pelas diferentes frações granulométricas de sedimento e grandes diferenças são observadas na concentração total de metais em amostras de sedimentos de uma mesma área. Dentro das frações de tamanho de grão, os sedimentos finos, formados basicamente por minerais argilosos, mostram relativo enriquecimento por metais enquanto que no silte e nas frações de areias finas, conforme aumenta a granulometria, o teor de quartzo nas amostras tende a aumentar e a concentração de metais geralmente decresce (SALOMONS; FÖRSTNER, 1984). A intensa sedimentação frequente nos estuários junto com a variação de pH, devido ao encontro das águas doces e salgadas, aprisiona grande quantidade de poluentes, entre eles, os metais, pois estes se tornam adsorvidos às partículas de sedimentos e são depositados no fundo.( CLARK, 1997). Por este razão, sedimentos têm sido amplamente utilizados como indicadores ambientais por possuírem alta capacidade de incorporar e acumular elementos contaminantes. Como os sedimentos são carreados pelos rios para outros cursos de água ou mar, as análises dos sedimentos de uma região podem servir para rastrear fontes de contaminação ou monitorar esses contaminantes (HORTELLANI, 2008). Em estuários, analises em sedimentos podem não ser suficiente para avaliar os processos geoquímicos que controlam a distribuição dos metais, revelar a existência e nível de contribuição antrópica nas concentrações analisadas (CECANHO, 2003), sendo importante a 12 analise de metais associados ao material particulado em suspensão e água para uma melhor compreensão do ambiente. Atividades de dragagem e deposição destes sedimentos produzem mudanças nas condições anóxicas e aeróbias em todo local de atividade, interferindo também, na mobilidade de metais pesados (SAHUQUILLO et al., 2000). Assim, para obter informações significativas sobre o conteúdo destes metais, indica-se a realização de um monitoramento de suas concentrações, mobilidade e alterações das condições ambientais. 3.6. Histórico de analise de metais em sedimentos estuarinos A primeira tentativa de quantificar o grau de poluição de metais pesados em sedimentos, em uma escala global, foi feita por Förstner e Müller em 1974, realizando uma comparação do consumo de metais pesados com a concentração natural dos respectivos elementos em sedimentos poluídos. (SALOMONS and FORSTNER, 1984). Pesquisas têm se concentrado principalmente em estuários e ambientes costeiros devido ao fato destas áreas possuírem alta produtividade, sendo muitas vezes diretamente e mais gravemente afetadas por estarem nas proximidades de fontes poluidoras (ARELLANO et al, 1999;. COHEN et al, 2001), e sofrerem muitos processos biogeoquímicos e físicos. Além disso, os sedimentos integram concentrações de poluentes ao longo do tempo e, portanto pode ser útil para estudos da evolução histórica de contaminações e até mesmo fazer previsões de efeitos futuros Caplat et al, (2005) sugeriu que altas concentrações de metais pesados na região do Porto de Bessin estão diretamente relacionadas a descargas de origem urbana, ou vinculados as atividades industriais, pesqueiras e principalmente associadas com atividades de manutenção do casco de barcos. No oeste da baía de Bohai (China), e estuários adjacentes, elevadas concentrações de metais pesados em sedimentos e organismos têm gerado grandes preocupações, sendo essas, documentadas por Feng et al (2008). Doze testemunhadores de sedimentos foram coletados em junho de 2007, a fim de analisar a qualidade do sedimento no estuário e Porto de Tianjin, no qual após análise foi relatado a ocorrência de poluição com Cd, Cr, Cu, Pb, Ni e Zn, além de concentrações relativamente elevadas de Ag encontradas em toda região. 13 Estudos realizados por Binnie et al, em 1999, no estuário do rio Humber, localizado na costa leste do Reino Unido, mostraram um enriquecimento de contaminantes como As, Cu, Pb, e Zn no sedimento, sendo evidenciado uma clara influência antrópica reforçada pela atividade de mineração e dragagem. . O primeiro estudo sobre a caracterização química do baixo estuário foi realizado em 1994-95, por pesquisadores dos laboratórios do CTTMar-Univali. Depois outros trabalhos foram desenvolvidos no mesmo ambiente, como monografias de trabalhos de conclusão de curso (PELLENS, 1997) e trabalhos apresentados em eventos científicos (BELLOTTO et al.,1995). Posteriormente vários outros foram realizados ao longo da sua bacia hidrográfica, incluindo os seus tributários (PEREIRA FILHO et al.2003 ; SCHETTINI,2002; SCHETTINI et al, 1998) Estudos realizados no estuário do rio Itajaí-Açú (KUROSHIMA et al 2009; BELLOTTO et al,2009); evidenciaram a contaminação de cobre, zinco, cromo e chumbo, em todo o estuário do rio Itajaí-Açú. No qual, também foi identificada uma forte influencia do rio Itajaí-Mirim como fonte de metais traço para o estuário, sendo que maiores valores de enriquecimento para metais traço foram encontrados nos pontos adjacentes à desembocadura no rio Itajaí-Açú. 4. METODOLOGIA 4.1 Área de Estudo O estuário do rio Itajaí-Açú está localizado no litoral centro norte de Santa Catarina, aproximadamente 80 km ao norte de Florianópolis, desaguando no oceano Atlântico em 26°57,7`S e 048°38,1`O. (SCHETTINI, 2002) Faz parte do Baixo Vale do Itajaí e representa a porção terminal da maior bacia da vertente atlântica do Estado de Santa Catarina, a Bacia do Itajaí. (MAIS, 2003) O Rio Itajaí-Açú é o maior escoadouro do estado de Santa Catarina, drenando uma área e 15.500 km2 na qual, se encontram importantes centros urbanos, sendo o maior contribuinte de descarga fluvial para o litoral de Santa Catarina, com uma vazão média de 318± 394m3/s. (SCHETTINI et al, 1998). Esta região apresenta um complexo portuário da foz do rio Itajaí-Açú, que compreende em uma série de terminais privados de pequeno porte e no Porto de Itajaí, único terminal portuário municipalizado do país, o maior exportador de 14 cargas congeladas, refrigeradas e o terceiro na exportação de cargas conteinerizadas do território nacional. Por se tratar de parte de um monitoramento integrante do Plano Básico Ambiental PBA da Dragagem de Aprofundamento do Canal de Acesso e da Bacia de Evolução do Porto Organizado de Itajaí, SC, desenvolvido pela UNIVALI, os pontos amostrais foram previamente determinados de forma que todos os demais monitoramentos do PBA sejam realizados no mesmo local. Sendo doze pontos de amostragem, onde sete pontos localizam-se no interior do baixo estuário e nomeados como #01, #02, #03, #04, #05, #06, #07, e cinco pontos #08 Praia Navegantes, #09 Bota-fora, #10 Controle, #11 Bota-Fora, #12 Praia Brava localizados na região costeira adjacente à desembocadura do rio Itajaí-Açú (Figura 1) Figura 1: Área de estudo: Estuário do Rio Itajaí-Açú e pontos amostrais no interior do estuário (#01, #02, #03, #04, #05, #06, #07), e área adjacente (#8, #09, #10, #11, #12) 4.2 Metodologia de Coleta e acondicionamento das amostras. No período de maio a dezembro de 2011, foram coletas mensalmente as amostras de água, sedimento e material particulado em suspensão, durante as ações de aprofundamento do canal do Porto de Itajaí. Foram monitorados 12 pontos amostrais ao longo de estuário, com coletas de água realizadas em duas profundidades, superfície (S) e fundo (F), com o auxílio de garrafas de Niskin, para cada ponto de coleta, totalizando 24 pontos amostrais. As amostras de sedimento foram obtidas com auxílio de dragas de fundo do tipo VanVeen. As amostras de água foram acondicionadas em frascos de polietileno devidamente lavados com HNO3 10% para evitar contaminação, colocadas em caixas de isopor e encaminhadas para laboratório de Oceanografia Química da UNIVALI, onde foram realizados todos os procedimentos posteriores. Os sedimentos foram acondicionados em sacos plásticos 15 do tipo ZIP, colocados em caixas de isopor refrigeradas e também encaminhados para laboratório para posterior tratamento. 4.3 Métodos Analíticos Parâmetro físico-químicos da água de superfície (S) e fundo (F) (salinidade, temperatura, pH), foram determinados in situ com a utilização da sonda multiparametros YellowSrping Os dados de vazão foram disponibilizados pelo Laboratório de Oceanografia Física da UNIVALI. 4.4 Material particulado em suspensão Para analise do material em suspensão, volumes conhecidos de água coletada foram filtrados através de filtração a vácuo, utilizando filtros de celulose com porosidade de 0,45µm, previamente lavados com HNO3 10%, secos e pesados. Após a filtração, estes foram colocados em estufa 60°C, até obtenção de peso constante para determinação gravimétrica, segundo metodologia descrita por Strickland e Parsons (1972). 4.5 Sedimentos Os sedimentos de cada ponto de coleta foram colocados em cadinhos de porcelana previamente lavados e identificados, e colocados em estufa a 60°C até completa secura. Após este processo os sedimentos foram macerados e homogeneizados, no qual se pesou três alíquotas (réplicas) de aproximadamente 0,5000gramas em beckers de Teflon de cada amostra do sedimento. Por se tratar de um monitoramento em área de influência da dragagem do estuário, as análises de metais foram realizadas utilizando a fração total dos sedimentos para atender a legislação referente a áreas dragadas (Resolução CONAMA no 344,2004). Os dados de granulometria, composição de matéria orgânica, foram disponibilizados pelo Laboratório de Geologia da UNIVALI, correspondentes aos relatórios de monitoramento ambiental do Porto de Itajaí (PBA). 16 4.6 Análise química de metais no sedimento A extração dos metais Cd, Cr, Zn e Ni associados ao sedimento foram obtidas por digestão ácida, no qual, são adicionados às amostras (sedimento seco), colocadas em beckers de Teflon,os ácidos HNO3, HCl e HF (P.A® Merck), baseado na metodologia de (FISZMAN, et al.,1984), modificada em laboratório de acordo com a matriz mineralógica. Os mesmos sofreram aquecimento em bloco digestor a 150°C, por três horas, e após, ficaram “overnight”, para que no dia seguinte fosse realizada a evaporação e redissolução dos metais, HNO3 1%. Foram então armazenadas em frascos de PTFE sob refrigeração (-4°C). 4.7 Análise química de metais no material particulado em suspensão A extração dos metais Cd, Cr, Zn e Ni associados ao material particulado em suspensão também foram obtidas através de digestão ácida, no qual, os filtros contendo o material particulado das amostras foram colocado em frascos de polietileno, sendo adicionados HNO3 HCl e HF (P.A® Merck) e aquecidos durante 2horas a 100°C. Após a digestão, os ácidos foram evaporados e a amostra redissolvida com HNO3 1%, transferida para frascos de PTFE e armazenada sob-refrigeração (-4°C). 4.8 Determinação quantitativa A determinação quantitativa dos metais foi realizada no aparelho Espectrofotômetro de Absorção Atômica, com atomização por chama (marca Perkin Elmer - 3110) para os elementos Cr, Ni e Zn e eletrotérmica (forno de grafite AnalytikalJena) para Cd no sedimento em todos os metais no material particulado. 4.9 Validação da metodologia empregada para determinação de metais A validação da metodologia analítica foi realizada com uso de material de referência certificado por vários laboratórios (SRM 1646a-NIST/ sedimento estuarino). A metodologia empregada para o material de referencia foi igual e paralela às demais amostras. 4.10 Legislação CONAMA 17 A Resolução n° 344 de Março de 2004 do CONAMA estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos mínimos para a avaliação do material a ser dragado em águas jurisdicionais brasileiras. Os seguintes critérios são então exigidos para material dragado: O material deve ser composto por areia grossa, cascalho ou seixo em fração igual ou superior a 50%, ou; Material cuja concentração de poluentes for menor ou igual ao nível 1, ou; Material cuja concentração de metais, exceto mercúrio, cádmio, chumbo ou arsênio, estiver entre os níveis 1 e 2 ; No qual, Nível 1 – limiar abaixo do qual se prevê baixa probabilidade de efeitos adversos à biota. Nível 2 – limiar acima do qual se prevê um provável efeito adverso à biota Tabela 1 Limites estabelecidos pelo Conama/344 para cada metal para águas salobras. Limite CONAMA/344 (mg/kg) Nível 1 Nível 2 Cd 1,2 9,6 Cr 81 370 Ni 20,9 51,6 Zn 150 410 4.11 Análise Estatística A estatística do presente trabalho foi realizada por meio de testes de Normalidade de Shapiro-wilk, Lilliefors e Kolmogorov-Smirnov. A partir destes optou-se em realizar análise paramétrica para o sedimento, ANOVA/ MANOVA, seguidos de Teste posterior de Tukey e Correlação de Pearson. E para análise do material particulado em suspensão, foi utilizada análise não paramétrica Correlação de Spearman, devido a falta de normalidade dos dados. 18 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES 5.1 Parâmetros Físico-Químicos Os ambientes estuarinos tendem a apresentar grandes variações nos parâmetros físicoquímicos devido as diferentes forçantes que atuam no local, como maré, vazão, chuva, temperatura. Avaliando o período de estudo verificou-se uma elevada influencia de massas de água oceânica na maioria dos meses, apresentando salinidades elevadas até os pontos 1 e 2, localizados mais a montante da área de estudo, evidenciando a influencia da cunha salina, que por serem mais densas entram pela camada de fundo. Por outro lado, nos meses de agosto e setembro, a frequente ocorrência de fortes chuvas, ocasionou um aumento na vazão do rio e por sua vez, redução média de salinidade (Figura 2) no interior do estuário, no qual foram encontrados valores de salinidade próximos de zero ate os pontos #5F e #7S, reduzindo um pouco a salinidade média até da região marinha adjacente. Figura 2: gráfico apresentando a variação da salinidade média no interior do estuário e áreas adjacentes, em relação a vazão média dos meses amostrados A temperatura média da água nos pontos amostrais do interior do estuário e áreas adjacentes manteve uma homogeneidade ao longo dos oito meses de coleta, apresentando maiores valores nos meses de novembro e dezembro, coerentes com a estação. (Tabela 2) Tabela 2: Tabela referente à temperatura média da água nos pontos amostrais ao longo dos meses. Média TºC ( Estuário) Desvio Padrão MédiaTºC (área adjacente) Desvio Padrão Maio 21,97 0,23 22,09 0,20 Junho 20,01 0,65 21,08 0,38 Julho 18,08 0,33 18,39 0,16 Agosto 17,59 0,09 17,58 0,19 Setembro 17,27 0,12 17,85 0,14 Outubro 22,01 0,53 21,16 1,37 Novembro 22,65 1,68 21,92 2,28 Dezembro 24,50 0,66 23,38 2,40 19 Os valores de pH dos pontos amostrais ao longo dos meses também não apresentaram diferenças significativas entre eles, sendo em média de 7,20 ±0,37 no interior do estuário e 7,82±0,21 na área externa do estuário, apresentando o máximo de 8,32 no ponto 11S e mínimo de 5,68 no ponto 1F.(Tabela 3) Tabela 3: Tabela referente ao pH médio da água nos pontos amostrais ao longo dos meses. Média pH ( Estuário) Desvio Padrão Média pH (área adjacente) Desvio Padrão Maio 7,48 0,33 7,93 0,10 Junho 7,54 0,26 7,98 0,08 Julho 7,25 0,47 7,96 0,11 Agosto 6,70 0,68 7,80 0,07 Setembro 6,15 0,46 7,86 0,26 Outubro 7,38 0,33 7,65 0,33 Novembro 7,37 0,23 7,65 0,31 Dezembro 7,72 0,23 7,76 0,45 Os valores para MPS avaliados nas regiões internas e adjacentes, em superfície e fundo apresentaram comportamento diferenciado em sua distribuição temporal (Figura 3), apresentando os menores valores em superfície e os maiores valores na camada de fundo para o estuário, e inverso na área adjacente. Os maiores valores são verificados na área estuarina e os menores na área adjacente Figura 3: Gráfico referente a variação média de MPS, superfície e fundo, Interior do estuário (A) e área adjacente (B). MPS superf. A MPS fundo MPS fundo 0,1 Concentração Média de MPS (mg/g) Concentração Média MPS (mg/g) MPS superf. B 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0,09 0,08 0,07 0,06 0,05 0,04 0,03 0,02 0,01 0 Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro 5.2 Características sedimentares Ao decorrer dos oito meses amostrados, pôde-se notar diferentes características nos sedimentos coletados; variando no ponto de vista textural de silte à areia fina, apresentando eventuais ocorrências de areia grossa nos pontos próximos a praia; colorações desde marrom 20 escuro e claro, cinza, tons de oliva escura até tons amarelados. Os percentuais de matéria orgânica no sedimento variaram de 0,33 a 16,86, apresentando maiores valores médios nos pontos 1 e 2 dentro do estuário e ponto 10 na região adjacente. (Figura 4) Figura 4: Gráfico referente a variação média de matéria orgânica no sedimento ao longo dos pontos amostrais. % Médio de MO no sedimento 14,00 12,00 10,00 8,00 6,00 4,00 2,00 0,00 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 Além de ter sido realizado amostragens em diferentes locais, interior do estuário e área adjacente, os quais naturalmente apresentam características distintas de sedimento, a atividade de dragagem também é responsável por intensas variações no meio. Nas estações 1 e 2, localizadas mais a montante do estuário, apresentaram em todos os meses mais de 90% de sedimentos finos, podendo ser explicado pelo fato destes locais não sofrerem ação da dragagem, mantendo sua granulometria original. Por outro lado, nos demais pontos amostrais localizados no interior do estuário, a granulometria apresentou grandes variações, sendo notada pela presença de sedimentos mais grossos em pontos isolados, diferentemente das regiões circunvizinhas ou das características do mês anterior, explicada pelo fato desta área ser mantida sob dragagem fazendo com que aflorem os sedimentos mais grossos que compõe a camada subsuperficial de fundo (Figura 5). O contrário acontece na região adjacente, a qual apresenta naturalmente sedimentos mais arenosos por se tratar de região oceânica, como os pontos 8 e 12 localizados respectivamente na Praia de Navegantes e Praia Brava, com maiores percentuais de sedimentos grossos. Todavia, as estações 9 e 11 são regiões utilizadas para “bota-fora”, locais de depósito do sedimento retirado do interior do estuário, variando assim a granulometria e características sedimentares de acordo com a dinâmica da draga na utilização dos bota-foras. O agente hidrodinâmico influencia bastante no destino do sedimento depositado, no qual, 21 através de correntes redistribui para outros lugares. Exemplo disto é a estação 10 Controle, cujos percentuais de sedimentos finos mostraram-se mais elevados ao longo de todo estudo quando comparados aos demais, evidenciando um transporte de sedimentos lançados no botafora em direção à estação Controle (Figura 5). Figura 5: Gráfico referente a razão granulométrica de sedimentos finos e grossos ao longo dos pontos e meses amostrados. (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) outubro, (G) novembro, (H) dezembro. 100 A % Sedimentos Finos % Sedimentos Grossos 80 60 40 20 0 100 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 B 80 60 40 20 0 100 C 80 60 40 20 0 D 100 80 60 40 20 0 100 E 80 60 40 20 0 100 F 80 60 40 20 0 100 G 80 60 40 20 0 100 H 80 60 40 20 0 22 5.3 Análise de Metais no Sedimento 5.3.1 Variação Temporal 5.3.1.1 Cd Analisando mensalmente as amostras de Cádmio, notou-se que as menores concentrações médias tanto no interior do estuário, com 0,070mg/kg, como na área adjacente, com 0,029 mg/kg ocorreram no mês de junho, e outubro apresenta as maiores concentrações médias, 0,183 mg/kg no estuário e 0,106 mg/kg na área adjacente. No inicio das amostragens, em maio quando a dragagem recém havia iniciado, as concentrações estavam em média 0,144 mg/kg, dentro do estuário e 0,055mg/kg fora do estuário, tendo uma queda de aproximadamente metade de sua concentração no mês de junho, elevando-se novamente em julho, mês em que a dragagem foi interrompida.(Figura 6). Os meses de agosto e setembro apresentaram uma queda leve na concentração média de Cádmio, sendo estes meses fortemente influenciados pela alta vazão decorrente de chuvas e enchente. Outubro as médias das concentrações sobem novamente, coincidindo com o retorno da dragagem, as quais caem levemente até dezembro quando a dragagem foi encerrada. (Figura 6) Figura 6: Gráfico representando a concentração média mensal de Cádmio, no interior do estuário e área 0,35 0,30 0,25 Conc.Cd 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 Média Erro Desvio Padrão Pontos extremos -0,05 Maio Julho Junho Setem bro Agos to Outubro Novem bro Dezem bro Mês adjacente. 23 5.3.1.2 Cr O Cromo apresentou as maiores concentrações médias, no mês julho, no interior do estuário com valores de 63,2 mg/kg e 40,1 mg/kg no mês de outubro, fora do estuário. Já as menores concentrações verificadas dentro do estuário foram no mês de outubro com valores médios de 37,8 mg/kg e 29,6 mg/kg em novembro na área adjacente. O comportamento sazonal do metal Cromo não difere muito do Cádmio, apresentado queda de maio para junho e elevação nas médias das concentrações em julho. Agosto e setembro, como ressaltado antes, com a draga interrompida e ocorrência de fortes chuvas e enchente; aumentando consideravelmente a vazão na região pode estar relacionada com o aumento das concentrações de Cromo na área adjacente e diminuição granulométrica ocorrida até o ponto 12, no qual somente neste mês apresentou esta variação (Figura 7). Figura 7: Gráfico representando a concentração média mensal de Cromo, no interior do estuário e área adjacente. 90 80 70 60 Conc.Cr 50 40 30 20 10 Média 0 Maio Julho Junho Erro Setem bro Agos to Desvio Padrão Pontos extremos Novem bro Outubro Dezem bro Mês 5.3.1.3 Ni A analise mensal do níquel mostrou que dezembro apresentou as maiores concentrações, no interior do estuário e área adjacente; com valores médios de 44,4 mg/kg e 37,1 mg/kg respectivamente. As mínimas encontradas foram: 28,3 mg/kg, em setembro no interior do estuário e 16,2 mg/kg em maio na área adjacente. 24 O mesmo padrão de evolução verificado no cádmio e cromo foi notado para o metal níquel, diferenciando no mês de dezembro com concentrações mais elevadas. Todavia, uma maior homogeneidade nas concentrações médias pôde ser observada ao longo dos meses, tanto no interior do estuário como na área adjacente. Sendo esta mais um indício de origem mineralógica do metal níquel no ambiente estudado (Figura 8). Figura 8: Gráfico representando a concentração média mensal de Níquel, no interior do estuário e área adjacente. 60 50 40 Conc.Ni 30 20 10 0 Média Erro Desvio Padrão Pontos extremos -10 Maio Julho Junho Setem bro Agos to Outubro Novem bro Dezem bro Mês 5.3.1.4 Zn As amostras de zinco apresentaram seus valores médios de 147,6 mg/kg , no mês de novembro dentro do estuário, e na região adjacente 68,2 mg/kg,no mês de dezembro; os mínimos foram encontrados, em ambos locais, no mês de junho; 79,2 mg/kg e 41,8 mg/kg respectivamente. 25 Figura 9: Gráfico representando a concentração média mensal de Zinco, no interior do estuário e área adjacente. 220 200 180 160 140 Conc.Zn 120 100 80 60 40 20 0 Média Erro Desvio Padrão Pontos extremos -20 Maio Julho Junho Setem bro Agos to Outubro Novem bro Dezem bro Mês Apesar de apresentar suas concentrações máximas e mínimas em meses diferentes do metal Ni e Cr, seu comportamento também é muito semelhante ao longo dos meses; apresentando as mesmas características ressaltadas tanto na área adjacente quanto estuarina. As concentrações de zinco deferem-se no mês de novembro, no qual apresenta um incremento nas concentrações médias de zinco. (Figura 9) 5.3.2 Variação Espacial 5.3.2.1 Cd As concentrações de Cádmio no sedimento mantiveram-se baixas ao longo de todo estudo, comparado com os limites estabelecidos pelo Conama/344 e com outros estudos, não ultrapassando a concentração 0,307mg/kg no ponto 2, interior do estuário, na área adjacente com máximo de 0,227mg/kg no ponto Controle (figura 6). Estudos realizados em áreas portuárias de Visakhapatnam na Índia apresentaram valores de Cd entre 7,97mg/kg e 21,2mg/kg.(RAO et al, 1997); no estuário de Sado-Portugal, foram encontrados valores de 8,0mg/kg em áreas próximas usinas e fábricas. (CAIERO et al, 2005); na Baia Bohai, China, 26 foram encontradas concentrações semelhantes, variando de 0,093mg/kg a 0,252 mg/kg.(FENG, et al 2011). No interior do estuário pode-se destacar os pontos 1 e 2 com concentrações mais elevadas ao longo de todos os meses. Essa concentração mais elevada pode ser influenciada por diversos fatores atuantes nesta área, como; fontes desconhecidas, variação nas salinidades, podendo facilitar o processo de sorção em sedimentos finos em baixas salinidades, sendo este fundamental para determinar o destino do mesmo; ausência da atividade de dragagem, não havendo remobilização, nem dispersão do sedimento. Todavia, o fator mais relevante observado é o percentual de sedimento fino em cada ponto amostral, nos quais o metal encontra-se adsorvido. (Figura 10). Na região adjacente, como de esperado, as concentrações apresentaram valores ainda menores, explicada pela correlação negativa de Cd com a salinidade e presença de sedimentos mais grossos, não ultrapassando a concentração 0,21mg/kg no mês de novembro, porém apresentando maiores concentrações sempre no ponto 10, que apesar de ser uma área controle, em função da sua localização próxima aos bota-foras e hidrodinâmica local, recebe material depositado pela draga, os quais são transportados por correntes e acabam depositando na área. (Figura 10). 27 Figura 10: Gráfico referente a concentração de cádmio (mg/kg) no sedimento em cada ponto amostral, nos respectivos meses: (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) outubro, (G) novembro, (H) dezembro, relacionado com percentual de sedimentos finos encontrados nas amostras, representado pela linha roxa. A 80 0,30 60 0,20 40 0,10 20 0,00 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuário Área adjacente 80 0,30 60 0,20 40 0,10 20 0,00 0 #1 0,50 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 Área adjacente C 100 0,40 80 0,30 60 0,20 40 0,10 20 0,00 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuário Concentração Cd (mg/kg) 0,50 % Sedimentos Finos 100 0,40 #10 #11 % Sedimentos finos Concentração Cd (mg/kg) #12 B Interior estuário #12 Área adjacente D 100 0,40 80 0,30 60 0,20 40 0,10 20 0,00 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuário Concentração Cd (mg/kg) #11 % Sedimentos Finos Concentração Cd (mg/kg) 0,50 #10 % Sedimentos Finos 100 0,40 #10 #11 #12 Área adjacente E 0,50 100 0,40 80 0,30 60 0,20 40 0,10 20 0,00 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuário #10 #11 % Sedimentos Finos Concentração Cd (mg/kg) 0,50 #12 Área adjacente 80 0,30 60 0,20 40 0,10 20 0,00 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 0,50 #11 #12 G 100 0,40 80 0,30 60 0,20 40 0,10 20 0,00 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuário 0,50 Concentração Cd (mg/kg) #10 Área adjacente % Sedimentos Finos Concentração Cd (mg/kg) Interior estuário % Sedimentos Finos 100 0,40 #10 #11 #12 Área adjacente H 100 0,40 80 0,30 60 0,20 40 0,10 20 0,00 % Sedimentos Finos Concentração Cd (mg/kg) F 0,50 0 #1 #2 #3 Interior estuário #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 Área adjacente 28 As concentrações de Cd apresentaram uma diferença significativa entre os pontos localizados no interior do estuário, os quais apresentam concentrações mais elevadas, quando comparadas aos pontos localizados na área adjacente ao estuário( p<0,05). Porém, ao realizar teste posterior para avaliar se há algum ponto com diferença significativa separadamente no interior do estuário e área adjacente, os resultados foram negativos, mostrando que mesmo com concentrações mais elevadas, as concentrações dos pontos 1 e 2 não são significativamente diferentes dos demais dentro do estuário, nem o ponto 10 apresenta diferença dos demais na área adjacente (Figura 11). Figura 11: Gráfico Boxplot de Cd, apresentando as concentrações médias (▫) , desvio padrão (□), erro(H) e pontos considerados fora da média(◦) 0,35 0,30 0,25 Conc.Cd 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 -0,05 #1 #3 #2 #5 #4 #7 #6 #9 #8 #11 #10 #12 Mean ±SE ±SD Outliers Estação 5.3.2.2 Cr O Cromo apresentou concentrações bem discrepantes ao longo do estudo, apresentando no interior do estuário uma concentração mínima de 5,92mg/kg no ponto 3, em outubro e máximo de 139mg/kg no ponto 7 em julho (Figura 12;C, F), porém com uma média de 47,8mg/kg. Fora do estuário, a mínima foi 5,2 mg/kg no ponto 12, em agosto, máxima 64,15 mg/kg no ponto 10 em dezembro e média de 34,7 mg/kg, apresentando semelhança com estudo realizado no Rio de Janeira, Baia da Sepetiba, no qual as concentrações variaram de 23,9 a 121mg/kg. (PFEIFFER, et al, 1986). No sistema estuarino da Ilha de Vitória, foram 29 encontrados valores mais elevados, variando de 35mg/kg a 280mg/kg, com uma média 89mg/kg (JESUS et al, 2004). FENG et al em 2011, encontrou valores entre 38,2mg/kg e 79,8 mg/kg na Baia de Bohai, China. No interior do estuário, as concentrações de Cr foram variadas ao longo de todos os pontos, sendo diretamente relacionados com a granulometria do sedimento, como visto com o metal Cd. Os pontos 1 e 2, por possuírem uma homogeneidade no percentual de sedimentos finos, sendo estes sempre acima de 90%, apresentaram concentrações semelhantes em todo estudo. Por outro lado, o restante dos pontos, os quais estavam sendo dragados, apresentam uma maior variação granulométrica, consequentemente nas concentrações de Cromo também (Figura 12). Em contrapartida, na estação 7 no mês de julho ocorreu uma coleta de sedimento de coloração amarelada, distinta do que estava acostumado a coletar, no qual, apesar apresentar 86% de sedimentos grossos, (Figura 12;C) a concentração de Cromo encontrada foi de 139mg/kg, valor máximo de Cromo encontrado no presente estudo, ultrapassando o nível 1 estabelecido pela legislação. Na região do Bota-fora, o comportamento foi semelhante, variando as concentrações de acordo com a granulometria encontrada no local, que por se tratar de uma região onde os sedimentos são depositados, dependerá diretamente da área de disposição do sedimento dragado e da hidrodinâmica local. Como ressaltado anteriormente, tende a carrear os sedimentos em direção ao ponto Controle, o qual novamente apresentou as maiores concentrações de metal (Figura 12). 30 Figura 12: Gráfico referente a concentração de cromo (mg/kg) no sedimento em cada ponto amostral, nos respectivos meses: (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) outubro, (G) novembro, (H) dezembro, relacionado com percentual de sedimentos finos( linha contínua roxa) e limite estabelecido pelo Conama344( linha tracejada vermelha) . 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #12 60 40 20 0 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 Área adjacente 100 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 Interior estuario D #11 #12 Área adjacente 140 120 100 80 60 40 20 0 60 40 20 0 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #12 Área adjacente E Concentração Cr (mg/kg) 140 120 100 80 60 40 20 0 100 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 Interior estuario #9 #10 #11 #12 Área adjacente F 60 40 20 % Sedimentos Finos 100 80 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuario #10 #11 #12 Área adjacente 140 G 120 100 80 60 40 20 0 100 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuario #10 #11 % Sedimentos Finos Concentração Cr (mg/kg) #11 % Sedimentos Finos #2 Interior estuario Concentração Cr (mg/kg) % Sedimentos Finos 100 80 #1 Concentração Cr (mg/kg) % Sedimentos Finos C 140 120 100 80 60 40 20 0 140 120 100 80 60 40 20 0 % Sedimentos Finos Concentração Cr (mg/kg) 100 80 #1 Concentração Cr (mg/kg) #11 Área adjacente Interior estuario Concentração Cr (mg/kg) #10 Interior estuario B 140 120 100 80 60 40 20 0 140 120 100 80 60 40 20 0 % Sedimentos Finos 100 A #12 Área adjacente H 100 80 60 40 20 % Sedimentos Finos Concentração Cr (mg/kg) 140 120 100 80 60 40 20 0 0 #1 #2 #3 Interior estuario #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 Área adjacente 31 Estatisticamente, as médias das concentrações de Cromo no interior do estuário foram consideradas todas semelhantes não ocorrendo diferença significativa (p>0,05); na área adjacente o ponto Controle foi considerado significativamente diferente somente do ponto 12 (p=0,0026) (Figura 13). Figura 13: Gráfico boxplot de cr, apresentando as concentrações médias (▫) , erro (□),desvio padrão (H) e pontos considerados fora da média(◦) 160 140 120 Conc.Cr 100 80 60 40 20 0 -20 #1 #3 #2 #5 #4 #7 #6 #9 #8 #11 #10 #12 Mean ±SE ±SD Outliers Estação 5.3.2.3 Ni Para o níquel, as concentrações encontradas variaram de 3,16 mg/kg a 54,3 mg/kg, e ao contrário dos demais metais, a maioria das amostras encontra-se com concentrações superiores a 20,9mg/kg e inferiores a 51,6mg/kg comparado este sedimento como de nível 1, e três pontos com concentrações superiores a 51,6 mg/kg, sendo enquadrados como nível 2 (Figura 15). No entanto, estudos realizados na região também apresentaram concentrações totais de níquel enquadrados no nível 1, sendo também evidenciado em outros estudos a baixa mobilidade do níquel, levantando a hipótese que o acréscimo de níquel para o ambiente provém de origem mineralógica, elevando a importância de monitoramentos em períodos dragados. (BELLOTTO et al,2009 ; ZARZOUR, 2009). Estudos no estuário da Ilha de 32 Vitória/ES e do Rio de Arousa, na Espanha, também apresentaram concentrações elevadas de níquel, nos quais foram encontrados valores de 6,0 mg/kg a 245,0 mg/kg com uma média de 43,0mg/kg (JESUS et al, 2004)e 30,0 mg/kg a 171 mg/kg respectivamente.(REAL,1993) O comportamento do níquel não difere muito do acompanhado pelo Cr e Cd, nos quais as concentrações apresentam forte correlação positiva com sedimentos finos (p=0,000), notáveis pelas quedas abruptas no percentual de sedimentos finos, ocasionadas pela dragagem, e juntamente redução na concentração de níquel. As concentrações médias de níquel apresentaram uma homogeneidade entre os pontos, incluindo pontos na região interna e externa ao estuário. (Figura 14). Figura 14: Gráfico Boxplot de Ni, apresentando as concentrações médias ( ▫), desvio padrão (□), erro(h) e pontos considerados fora da média (◦). 60 50 40 Conc.Ni 30 20 10 0 -10 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 Mean ±SE ±SD Outliers Estação Nos meses de novembro e dezembro, além de serem notadas as maiores concentrações médias de níquel, apresentaram estações com comportamento distinto das demais, (Figura 15; G,H) no qual ocorre acréscimo na concentração, mesmo com a diminuição de sedimentos finos; sendo notório no pontos 5, 6, 7 e 8 . Evidenciando origem mineralógica do metal no sedimento. 33 A 100 50 80 40 60 30 20 40 10 20 0 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 B 100 80 40 60 30 20 40 10 20 0 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 40 60 30 40 20 20 10 0 0 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 #11 #12 Área adjacente % Sedimento Finos 100 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 60 #10 #11 #12 Área adjacente 100 E 50 80 40 60 30 40 20 20 10 0 % Sedimentos Finos Concentração Ni (mg/kg) #10 D 60 50 40 30 20 10 0 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuário 60 #10 #11 #12 Área adjacente F 100 50 80 40 60 30 20 40 10 20 0 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuário #10 #11 #12 Área adjacente G 60 100 50 80 40 60 30 20 40 10 20 0 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuário 60 % Sedimentos Finos 100 % Sedimentos Finos Concentração Ni (mg/kg) #12 80 Interior estuário Concentração Ni (mg/kg) #11 C Interior estuário Concentração Ni (mg/kg) #10 Área adjacente 50 #1 Concentração Ni (mg/kg) #12 50 Interior estuário Concentração Ni (mg/kg) #11 % Sedimentos Finos 60 #10 Área adjacente % Sedimentos Finos Concentração Ni (mg/kg) Interior estuário 60 % Sedimentos Finos 60 #10 #11 #12 Área adjacente H 100 50 80 40 60 30 20 40 10 20 0 % Sedimentos Finos Concentração Ni (mg/kg) Figura 15: Gráfico referente a Concentração de Níquel (mg/kg) no sedimento em cada ponto amostral, nos respectivos meses: (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) outubro, (G) novembro, (H) dezembro, relacionado com percentual de sedimentos finos( linha contínua roxa) e limites estabelecidos pelo Conama344( linha tracejada vermelha) 0 #1 #2 #3 Interior estuário #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 #12 Área adjacente 34 5.3.2.4 Zn As concentrações de zinco ao longo do estudo mantiveram-se abaixo do limite 1 estabelecido pela legislação, ultrapassando este nível em apenas 3 pontos no interior do estuários no mês de novembro (figura 17, G), apresentando concentrações que variaram de 10,31 mg/kg a 209,57 mg/kg no interior do estuário e 5,47 mg/kg a 117,98 mg/kg, na área adjacente (figura 17). Na região do estuário do Rio Itajaí-Açú, estudos anteriores mostram concentrações semelhantes as do presente estudo, não ultrapassando o limite 1 estabelecido pelo Conama. FENG et al,2011, encontrou concentrações semelhantes no estuário de Bohai, China, variando entre 17,61 mg/kg e 156 mg/kg; na Ilha de Vitória foram encontrados valores mais elevados: 27mg/kg a 812mg/kg (JESUS et al,2004). O zinco, não diferente dos demais metais, apresentou correlação negativa (p=0,047) com a salinidade, porém, novamente o fator mais importante nas concentrações de metais traços é a baixa granulometria, podendo ser observada no gráfico, (figura17) no qual torna evidente que com aumento de sedimentos grossos, diminui a concentração de zinco. Figura 16: Gráfico BoxPlot de Zn, apresentando as concentrações médias (▫) , desvio padrão (□), erro(H) e pontos considerados fora da média(◦). 220 200 180 160 140 Conc.Zn 120 100 80 60 40 20 0 -20 #1 #3 #2 #5 #4 #7 #6 #9 #8 #11 #10 #12 Mean ±SE ±SD Outliers Estação 35 No interior do estuário, ocorre uma maior homogeneidade nas concentrações de zinco nos pontos 1 e 2 ao longo dos meses, apresentando médias mais elevadas que os demais, no entanto, não apresentam diferenças significativas nos testes estatísticos. (Figura 16). Os pontos 4 e 5, em novembro e 5 em dezembro (Figura 17; G,H) apresentaram comportamento distinto, nas quais mesmo com a redução de sedimentos finos, as concentrações de zinco obtiveram um acréscimo, podendo evidenciar uma entrada diferenciada de zinco para o ambiente, principalmente por se tratar do ponto localizado no Porto de Itajaí. ZARZOUR, 2009, relatou uma moderada contaminação por zinco dos sedimentos do baixo estuário do Rio Itajaí-açú, podendo estar associado à grande ocupação desta zona costeira, aporte de rejeitos domésticos e industriais, pois na região estão instaladas indústrias do setor naval (portos e estaleiros) e beneficiamento de aço, produtos químicos, além do uso de fertilizantes e pesticidas na agricultura. Neste mesmo estudo também foi sugerido a ocorrência de aporte de zinco pelo Rio Itajaí-Mirim, podendo estes estar contribuindo para a contaminação desses ambientes Novamente a estação Controle possuiu maiores concentrações, sendo que para o zinco, estas, apresentam grande semelhança na região adjacente, exceto o ponto 12, como já ressaltado, não apresenta condições necessárias para acúmulo de metais. 36 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 A 100 % Sedimentos Finos Concentração Zn (mg/kg) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Concentração Zn (mg/kg) Figura 17: Gráfico referente a Concentração de Zinco (mg/kg) no sedimento em cada ponto amostral, nos respectivos meses: (A) maio, (B) junho, (C) julho, (D) agosto, (E) setembro, (F) outubro, (G) novembro, (H) dezembro, relacionado com percentual de sedimentos finos( linha contínua roxa) e limite estabelecido pelo Conama344( linha tracejada vermelha) 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuario #10 #11 #12 Area adjacente B % Sedimentos Finos 100 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuario #10 #11 #12 Area adjacente C 100 % Sedimentos Finos Concentração Zn (mg/kg) 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuario #10 #11 #12 Area adjacente 60 40 20 0 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Concentração Zn (mg/kg) Interior estuario 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 #12 Area adjacente 100 80 60 40 20 0 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuario Concentração Zn (mg/kg) #11 E #1 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 #10 #10 #11 % Sedimentos Finos #1 #12 Area adjacente F 100 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuario #10 #11 % Sedimentos Finos Concentração Zn (mg/kg) 100 80 % Sedimentos Finos D 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 #12 Area adjacente 100 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 #4 #5 #6 #7 #8 #9 Interior estuario #10 #11 % Sedimentos Finos Concentração Zn (mg/kg) G 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 #12 Area adjacente 100 80 60 40 20 0 #1 #2 #3 Interior estuario #4 #5 #6 #7 #8 #9 #10 #11 % Sedimentos Finos Concentração Zn (mg/kg) H 200 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 #12 Area adjacente 37 5.4 Material Particulado em Suspensão Para complementar as análises realizadas no sedimento, também foram analisadas as concentrações de metais associados ao material particulado em suspensão, nos mesmos pontos amostrais, porém somente até o mês de outubro, superfície e fundo. Estas concentrações apresentaram diferentes comportamentos, tanto em escala temporal, quanto espacial, principalmente por se tratar da associação de pequenas partículas em ambiente estuarino, o qual apresenta uma hidrodinâmica dependente de diversas condicionantes ambientais, físico-químicas e externas. 5.4.1 Interior Estuário De forma geral, no interior do estuário foi verificado a influencia de diferentes fatores na distribuição média dos metais associados ao material particulado, sendo destacadas a salinidade, vazão e concentração de material particulado em suspensão. Esta ultima, apresentou uma forte correlação (p=0,0000) com as demais, sendo positiva com a vazão e negativa com a salinidade. Fato bem evidenciando nos meses com vazão elevada, nos quais ocorreram um aumento na quantidade de material particulado e diminuição na salinidade. 5.4.1.1 Superfície Avaliando as concentrações de Cádmio particulado encontradas na superfície estuarina, pôde-se considerar baixas, muitas vezes abaixo do limite de detecção do aparelho, com máxima de apenas 0,3mg/kg, Resultados parecidos foram encontrados por Duquesne (2006), no Estuario Severn,UK, onde os valores de Cd variaram de 0,32 mg/kg a 0,47 mg/kg.; no Estuário Mar Chiquita na Argentina em 2004, foram encontradas concentrações de Cd particulado significativamente mais elevadas que a do presente estudo, oscilando desde valores 0 a 58,64 mg/kg (BELTRAME, et al, 2009). Com aumento da vazão nos meses de agosto e setembro ocasionados por fortes chuvas e enchente, as concentrações de material particulado em suspensão e de Cádmio associado a este, também se elevaram (figura 18,A); fato também comprovado pela forte correlação positiva entre essas três variáveis. (p=0,0004; p=0,0222). Podendo esta, ser uma hipótese de fonte terrígena, proveniente do escoamento superficial, na qual pode transportar material 38 sedimentar de áreas agrícolas, juntamente com metal presente em agrotóxicos, fertilizantes e estabilizantes de solo. Outros fatores interferentes na concentração de Cd associado são a salinidade e pH, os quais por apresentar correlação negativa com mesmo, quando reduzidos, mudam as condições ambientais, podendo ocasionar a dissociação do metal aderido a partículas finas de sedimento.Todavia, este comportamento pode ser resultado da entrada de MPS de origem marinha no ambiente, o qual possui uma concentração relativa de metais pesados menor, quando comparadas ao material particulado de origem fluvial. (BELLOTTO et al, 2009). Os valores de Cromo apresentaram-se bem semelhantes ao decorrer dos pontos, variando de zero e 38,7 mg/kg com médias não ultrapassando 14mg/kg,; apresentando concentrações mais elevadas no mês de maio decaindo ate o mês de outubro.(Figura 18,B) Beltrame et al, (2009) encontraram valores de Cr particulado variando de 2,21mg/kg e 60 mg/kg no estuário Chiquita em 2009, sendo estas consideradas baixas para o autor.. Ao contrario do cádmio, o cromo particulado apresentou uma forte correlação negativa com a vazão (p=0,0000) e correlação negativa com MPS (0,0175), podendo ser indicativo de origem antrópica pela entrada de efluentes líquidos. O Níquel particulado apresentou uma pequena oscilações nas concentrações médias mensais, variando nos pontos de 0mg/kg a 45,3 mg/kg, com médias de 21,77 mg/kg na superfícies do estuário, apresentando maiores concentrações médias no mês de junho . Jiann et al, (2005) encontraram valores entre 39mg/kg e 347 mg/kg no estuário de Dahshuei, Taiwan em 2005. Beltrame et al, (2009) encontraram pontos contaminados por níquel na Argentina, evidenciando valores de 3,89 mg/kg a 3177mg/kg. 39 MPS Estuário Fund. MPS Estuário Sup. 0,16 0,14 0,12 0,1 0,08 0,06 0,04 0,02 0 Maio Junho Julho 35 D 30 25 20 15 10 5 0 Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro 35 MPS Adjacente fund. MPS Adjacente Sup. 30 25 20 15 10 5 0 Agosto Setembro Outubro Concentração Média de Zn associado ao MPS (mg/kg) Concentração Média de Ní associado ao MPS (mg/kg) C B Concentração Média de Cr associado ao MPS (mg/kg) Concentração Média de Cd associado ao MPS (mg/kg) A Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro 250 200 150 100 50 0 Figura 18: Gráfico referente a variação mensal média de Cd (a), Cr(B), Ni(C) e Zn(D) associados ao material particulado em suspensão, no interior do estuário e área adjacente, superfície e fundo . O elemento Zinco apresentou grandes oscilações nas concentrações médias associadas ao material particulado, no qual, sua concentração mais alta encontradas na superfície foi 352 mg/kg. Feng et al, em 2002 encontrou valores altíssimos de Zinco no estuário de Hudson: 2543±234 mg/kg; e no Estuário Severn em Uk, os valores de Zn associados ao MPS variaram de 181mg/kg a 234 mg/kg (DUQUESNE, 2006). Ao contrario dos demais, este, juntamente com o Níquel, apresentaram uma correlação positiva um com outro (p=0,0078), apresentando um padrão de evolução mensal semelhante entre si na superfície. Este elemento não apresentou correlação com salinidade e vazão, mas apresentou uma fraca relação negativa com o pH, sugerindo que este metal pode estar associado a entrada via escoamento superficial, visto que a vazão teve uma forte relação inversa com pH neste ambiente (p=0,0000). 5.4.1.2 Fundo As concentrações médias e características encontradas no material particulado em suspensão de fundo, não diferem muito da apresentada na superfície. O Cádmio apresentou concentrações entre 0 e 0,6mg/kg nos pontos amostrais de fundo. (Figura 18). Este apresentou uma correlação mais fraca, quando comparada com a superfície, com a vazão (p=0,0153), e 40 mais forte com o MPS (p=0,0003), salinidade (p=0,0001) e pH (p=0,0024), sendo as duas ultimas correlações negativas. O Cr particulado foi encontrado entre zero e 69,3 mg/kg, porem com médias menores. Duquesne, 2006 apresentou valores de Cromo particulado mais elevados entre 67,2 mg/kg e 81,7mg/kg, porem não elevados quando comparados ao Córrego de Três Pontes, MG, no qual foram encontrados elevadas concentrações, variando entre 95mg/kg e 1815mg/kg.(JORDAO et al, 1998). Diferente do analisado na superfície, o elemento cromo não apresenta correlação nem com pH, nem com MPS no fundo, em contrapartida, mostra uma correlação com Níquel associado a material particulado (p=0,0155). O Níquel particulado apresentou uma maior similaridade nas médias ao longo dos meses, apresentando maior média em junho de 23,57mg/kg, e valor máximo no ponto 7F de 48,9 mg/kg. O mesmo apresentou uma forte correlação negativa com a salinidade (p=0,0054), e positiva com os metais associados ao MPS, Cd (p=0,0011), Cr (p=0,0155) e Zn (p=0,0078). O Zinco, por sua vez, apresentou um comportamento idêntico ao observado na superfície, porém com menores concentrações médias, apresentando valores de 12 mg/kg a 180mg/kg. Foi evidenciado também um incremento de Zn associado ao MPS nos meses de julho e outubro, e decréscimo nos demais (Figura 18, D). Este mesmo comportamento também pôde ser verificado com zinco associado ao sedimento, levantando a hipótese de um incremento de Zn no ambiente de origem mineralógica, apresentando essa variação em função das atividades de dragagem. 5.4.2 Área Adjacente 5.4.2.1 Superfície A Região adjacente ao estuário de forma geral não apresentou diferença entre as concentrações de metais associados ao material particulado de fundo e superfície. Sendo também evidenciada uma diminuição nas relações dos elementos nesta área, na qual nota-se a ausência de influencia da vazão no incremento de MPS, e uma correlação negativa (p=0,0231) do MPS com a salinidade. As concentrações de Cd encontradas associadas ao material particulado na superfície desta área foram menores, apresentando um valor máximo 0,13mg/kg. (Figura 18) Sendo 41 que, este, apenas apresentou correlação significativa com a vazão (p=0,0041). Havendo a possibilidade de esta contribuição ser proveniente de entradas superficiais de fontes terrígena. O metal Cr apresentou concentrações variando de 0,74mg/kg e 29,8 mg/kg, todavia, apresentou um único pico nas concentrações médias de cromo associado MPS, ocorrido em maio. Resultado disto observa-se com a forte correlação negativa deste metal com a vazão (p=0,0000), a qual se apresentava bem baixa no mês de maio. Apresentando comportamento semelhante na região adjacente, tanto na superfície, quanto no fundo, o Ni associado ao MPS mostrou concentrações variando de 0 a 29,8 mg/kg, sendo observado também que médias um pouco mais elevadas, foram encontradas nos meses de junho e outubro, meses os quais foram realizadas atividade de dragagem constantes. Os valores de Zn encontrados associados ao MPS de superfície estavam entre 0mgkg e 320 mg/kg,. Este elemento apresentou comportamentos distintos entre superfície e fundo, nos meses de agosto, com acréscimo na concentração de fundo e decréscimo na superfície, e setembro, com comportamento inverso (figura 18, D). 5.4.2.2 Fundo Como já ressaltado, as características na região adjacente entre superfície e fundo não apresentaram diferenças significativas entre as concentrações de metais associados ao material particulado em suspensão. Este apresentou uma forte correlação positiva com Cromo associado (p=0,0010), e correlações negativas com Cádmio (p=0,0094), no qual, esta relação positiva com o cromo pode estar associada pela deposição de material dragado retirado do estuário e disposto nesta região, podendo permanecer em suspensão durante este processo. O níquel associado ao MPS apresentou uma forte relação com pH (p=0,012) As concentrações de metais associados ao MPS de fundo foram semelhantes aos de superfície, no qual o Ni variou de 0 mg/kg a 36,8mg/kg, o Cd de 0mg/kg a 0,17mg/kg, Cr de 0mg/kg a 67,0mg/kg e Zn de 0mg/kg a 220 mg/kg 42 5.5 Comparação com a legislação Ao comparar as concentrações de metais encontrados no sedimento com a legislação CONAMA/344 para material a ser dragado em águas jurisdicionais brasileiras, observou-se que os metais Cádmio, Cromo e Zinco apresentaram valores inferiores ao nível 1 estabelecido. Entretanto, o metal Niquel apresentou valores superiores a este, sendo classificado como nível 1, o qual estabelece uma limiar abaixo do qual prevê-se baixa probabilidade de efeitos adversos à biota. Segundo a legislação este material somente pode ser disposto mediante prévia comprovação técnico - cientifica e monitoramento do processo e da área de disposição, de modo que a biota desta área não sofra efeitos adversos superiores àqueles esperados para o nível 1. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os parâmetros físico-químicos que apresentaram maior interferência nos comportamentos dos metais ao longo do estudo foram a salinidade, vazão e concentração no MPS. A granulometria apresentou significativas variações tanto no interior do estuário, quanto na área adjacente, sendo diretamente relacionadas com a ação de dragagem. O percentual de sedimentos finos apresentou-se como maior interferente nas concentrações de metais associados ao sedimento, em todos os metais analisados. Os pontos 1 e 2 os quais não sofreram dragagem, apresentaram em todos os meses um percentual de sedimentos finos maior que 90%, sendo nos outros pontos variável este percentual ao longo do estudo em função da dragagem e fatores ambientais. Na área adjacente ao estuário fica evidente a interferência da ação de dragagem, pois nestas áreas ocorrem o deposito de sedimento dragado, alterando a granulometria local e consequentemente a concentração dos metais. Sendo evidenciado principalmente no ponto 10, devido a ação da hidrodinâmica e transporte para região. 43 As concentrações Cd, Cr, Zn e Ni no sedimento apresentaram maiores concentrações nos pontos 1 e 2, os quais não sofreram dragagem, porem não foi evidenciado uma diferença significativa entre os demais. Na área adjacente o ponto Controle apresentou as maiores concentrações dos quatro metais ao longo do estudo, porem também não apresentou diferença significativa com os demais pontos na área adjacente. As concentrações de Cd, Cr, Zn encontradas no sedimento apresentaram-se abaixo do limite um estabelecido pelo Conama/344, o metal Ni apresentou concentrações sendo classificadas no nível 1 estabelecido pela legislação. Porem estas concentrações elevadas apresenta evidencias de origem mineralógica. Os metais associados ao material particulado em suspensão apresentaram muitas oscilações ao longo do estudo, com comportamentos variáveis nos diferentes locais e fatores físico-químicos atuantes. Nenhum metal associado ao MPS apresentou concentrações consideradas elevadas ao longo do estudo. . 44 REFERÊNCIAS ACQUAPLAN (Itajai). Relatório de impacto ambiental: Rima da dragagem para aprofundamento do canal de acesso e bacia de evolução do Porto organizado de Itajaí, SC. Itajaí, 2009. 412 p. AGUIAR, J.E. Geoquímica de metais-traço em sedimentos superficiais nos estuário dos rios Ceará e Pacoti, CE. Monografia – Departamento de Geologia, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza. 62 p. 2005 ARELLANO, J.M., et al. Levels of copper, zinc, manganese and iron in two fish species from salt marshes of Cadiz Bay (southwest Iberian Peninsula). Boletin del Instituto Espanol de Oceanografia 15 (1–4), 485–488. 1999. BELLOTTO, V. R.; KUROSHIMA, K. N ; PELLENS, I. C. Dinâmica de nutrientes inorgânicos no estuário do Rio Itajaí-Açú (BR). In: Anais do Congresso Latino Americano de Ciências del Mar. Mar Del Plata. 1995. BELLOTTO, V. R.; KUROSHIMA, K. N. ; CECANHO, F. Poluentes no ambiente estuarino e efeitos da atividade de dragagem,105-126p. In: Joaquim Olinto Branco; Maria José Lunardon-Branco & Valéria Regina Bellotto (Org.). Estuário do Rio Itajaí-Açú, Santa Catarina: caracterização ambiental e alterações antrópicas. Editora UNIVALI, Itajaí,SC.,312p. 2009 BELTRAME, M.O.; DE MARCO, S.; MARCOVECCHIO, J. .Dissolved and particulate heavy metals distribution in coastal lagoons. A case study from Mar Chiquita Lagoon, Argentina .Costal and Shelf Science 85, 45-56. 2009 BINNIE, B. et al. Humber Estuary Environmental.Baseline Study. The Environment Agency. 1999 BISHOP, P. L. Marine pollution and its control. New York: McGraw-Hill, 1983. BRAGA, A. K. Avaliação dos Níveis de Metais em Mytella guyanensis (Lamarck, 1819) e Sedimento da Baía de Babitonga - SC. Monografia de conclusão de curso para a obtenção do título de Oceanógrafo, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Universidade do Vale do Itajaí, 2005. CAEIRO, S.,COSTA, M.H., RAMOS, T.B, FERNANDES, F., SILVEIRA, N., COIMBRA, A., MEDEIROS, G., PAINHO, M. Assessing heavy metal contamination in Sado Estuary sediment: Na índex analysis approach. Ecological Indicators. v.5, 151-169, 2005. CAMERON, W. M. AND D. W. PRITCHARD. Estuaries. In M. N. Hill (editor): The Sea vol. 2, John Wiley and Sons, New York, 306 - 324. 1963 CAPLAT, C. et al. Heavy metals mobility in harbour contaminated sediments: The case of Port-en-Bessin. Marine Pollution Bulletin, France, v. 50, p.504-511, 2005. CECANHO, F. F. Geoquímica de metais traço e elementos maiores nos sedimentos superficiais do estuário do rio Itajaí-Açu/SC. Monografia de Conclusão do Curso de Oceanografia, Universidade do Vale do Itajaí, 2003. CHESTER, R. Marine Geochemistry. (1990) Chapman & Hall. London. 698p. CLARK, R. B. Marine Pollution. Oxford: Clarendon Press, 1997. 45 COHEN, T., HEE, S., AMBROSE, R. Trace metals in Fish and Invertebrates of three California Coastal Wetlands. Marine Pollution Bulletin. v. 42, n.3, p. 232–242, 2001. CONAMA (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE). 2004. Decreto no 99.274 de 6 de julho de 1990. Resolução no 344, de 25 de março de 2004. CROSSLAND, C.J.; KREMER, H.H.; LINDEBOOM, H.J.; MARSHALL-CROSSLAND, J.I.;LÊTESSIER, M.D.A. Coastal fluxes in the anthropocene. Springer Verlag, Berlin. 231p. 2005. DUQUESNE, S. Evidence for declining levels of heavy-metals in the Severn Estuary and Bristol Channel, U.K. and their spatial distribution in sediments. Environmental Pollution 143, 187–196. 2006. FENG, H., COCHRAN, J.K., HIRSCHBERG, D.J. Transport and sources of metal contaminants over the course of tidal cycle in the turbidity maximum zone of the Hudson River estuary. Water Research 36, 733–743. 2002 FENG, H,. Heavy metal contamination in selected urban coastal regions in US and China. In: Sanchez, M.L. (Ed.), Causes and Effects of Heavy Metal Pollution. Nova Science Publishers, Inc, Hauppauge, pp. 265 e 286. 2008. FENG,H., JIANG, H., GAO, W., WEINSTEIN, P. M., ZHANG, Q., ZHANG, W., YU, L., YUAN, D., TAO, J. .Metal contamination in sediments of the western Bohai Bay and adjacent estuaries, China. Journal of Environmental Management. v. 92, p. 1185e1197, 2011. FERNANDES, H. M.; CONTI, L. F. C.; PATCHINEELAM, S. R.; Environ. Technol. 1994, 15, 87. FISZMAN, M.; PFEIFFER, W.C.; LACERDA, L.D. Comparision of methods used for extraction and geochemical distribution of heavy metals in bottom sediments from Sepetiba Bay, R.J. Science and Technology Letters, 5: 567-575., 1984 FORSTNER, V. AND G. MULLER,. Schwermetalle in Flussena und Seen. SpringerVerlag, Berlin,225 pp. 1974 GALVAO L. Y G.C. Cadmio serie vigilância. Centro Panamericano de Ecologia Humana y Salud OPS y OMS Metepec Edo. de Mexico, Mexico. v.4., 1987 HORTELLANI, M. A.; et al. Avaliação da contaminação por elementos metálicos dos sedimentos do estuário Santos – São Vicente. Química Nova, v.32, n.1, p. 10-19, 2008. JESUS, H.C.; COSTA, E.A.; MENDONÇA, A.S.F.; ZANDONADE, E. Distribuição de metais pesados em sedimentos do sistema estuarino da Ilha de Vitória-ES. Química Nova, 27: 378-386, 2004 JIANN, K., WEN, L., SANTSCHI, P.,. Trace metal (Cd, Cu, Ni and Pb) partitioning, affinities and removal in the Danshuei River estuary, a macro-tidal, temporally anoxic estuary in Taiwan. Marine Chemistry. 96, 293–313. 2005 JORDÃO, P.C., SILVA, C.A, PEREIRA, L.J., BRUNE, W. Contaminação por cromo de águas de rios proveniente de curtumes em minas gerais. Quimica Nova. 22(1), 1999. KUROSHIMA, K. N. e Bellotto, V. R. 2009. Dinâmica dos nutrientes inorgânicos e orgânicos na Foz do Rio Itajaí-Açú, 93-104. In: Joaquim Olinto Branco; Maria José Lunardon-Branco 46 & Valéria Regina Bellotto (Org.). Estuário do Rio Itajaí-Açú, Santa Catarina: caracterização ambiental e alterações antrópicas. Editora UNIVALI, Itajaí,SC.,312p. MAIS, I. V.. Projeto Marca D’água- Relatórios preliminares 2001- A bacia do Rio Itajaí, Santa Catarina, 2001. Brasília, DF: Núcleo de Pesquisa em Políticas Públicas. 2003.16p. MOORE, J. W. Inorganic contaminants of surface water. United Stated of America: Sprinter-Verlag New York Inc., 1991. PELLENS. I. C. Dinâmica de nutrientes Inorgânicos no estuário do Rio Itajaí-Açú/SC. Monografia de Conclusão de Curso de Oceanografia da Univali. Itajaí,SC. 1997 PEREIRA FILHO, J; SPILLERE, L. C., SCHETTINI, C. A. F. Dinâmica De Nutrientes Na Região Portuária Do Estuário Do Rio Itajaí-Açu, SC. Atlântica, Rio Grande, 25(1): 11-20, 2003. PFEIFFER, W.C., L.D. DE LACERDA, M. FISZMAN AND N.R.W.. LIMA. Metais pesados da Baia de Sepetiba, Rio de Janeiro, RJ. Cinc. Cult., 37(2): 2978-302. 1985 RAO, V.K., RAO, S.N., Composition of dredged spoils of Indian harbours: Part I- heavy metals. Total enviroment., 207, 13-19, 1997. REAL, C., BARREIRO, R., CARBALLEIRA. Heavy metal mixing behaviour in estuarine sediments in the Ria de Arousa(NW Spain). Differences between metals. Elsevier Science Published. Amsterdan., 128:51-67.1993 SAHUQUILLO,A.P.D; RAURET,G.; MUNTAU,H. Modified threestep sequential extraction scheme applied to metal determination in sediments from lake Flumendosa (Sardinia, Italy). Fresen Environ Bull,; v.9, p. 360 –372, 2000. SALOMONS, W.e FÖRSTNER,U. Metal in the Hidrocyrcle. Germany: Sprinter VerlagBerlin Heidelberg. 1984. 349 p. SCHETTINI, C. A. F. Caracterização física do estuario do Rio Itajaí-Açú. Revista brasileira de Recursos Hídricos. v.7, n.1, p.123-142, 2002. SCHETTINI, C. A. F.; et al. Oceanographic and ecological aspects of Itajaí-Açú river plume during a high discharge period. Anais da Academia Brasileira de Ciências. v.70,n.2, p. 335351, 1998. STRICKLAND, J. D. H.; PARSONS, T. R. A practical handbook of seawater analysis. Bulletin Fisheries Research board of Canada. Ottawa, n. 167, p. 1 - 205, 1972 ZARZOUR, F.C. Evolução espacial da acumulação de metais nos sedimentos no estuário do rio Itajaí-Açu/SC. Monografia de Conclusão do Curso de Oceanografia, Universidade do Vale do Itajaí, 2009 47