51º Congresso Brasileiro de Genética Resumos do 51º Congresso Brasileiro de Genética • 7 a 10 de setembro de 2005 Hotel Monte Real • Águas de Lindóia • São Paulo • Brasil www.sbg.org.br - ISBN 85-89109-05-4 [email protected] Palavras-chave: Astyanax mexicanus, heterocromatina, cromossomos B Kavalco, KF1; Pazza, R2; Almeida-Toledo, LF1 1 Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo; 2Centro Universitário Nove de Julho. Ocorrência de micro-cromossomos B e estudo da heterocromatina constitutiva do lambari cego, Astyanax aff. mexicanus (Teleostei, Characidae) Os lambaris do gênero Astyanax ocorrem desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, e constituem um grupo especioso, com cerca de 90 espécies válidas. Astyanax mexicanus é encontrado ao norte desta distribuição, e possui uma particularidade dentre estes peixes: há populações de superfície e populações cavernícolas. As populações subterrâneas possuem uma interessante autapomorfia, a redução do desenvolvimento embriológico dos olhos, o que torna o animal cego. Esta característica levou A. mexicanus a constituir um modelo para estudos de biologia do desenvolvimento, além de despertar o interesse dos aquariófilos. Com o objetivo de contribuir para o conhecimento dos aspectos citogenéticos desta espécie, 10 exemplares provindos do México e cultivados no Brasil foram analisados, através da coloração convencional com Giemsa, bandamento-C e a aplicação do fluorocromo GC-específico Cromomicina A3. O número diplóide foi de 50 cromossomos, e fórmula cariotípica 8M+18SM+12ST+12A. Foi observada a ocorrência de micro-cromossomos B do tipo acrocêntrico em alguns indivíduos. A freqüência deste elemento foi variável, podendo aparecer dois supranumerários em algumas metáfases do indivíduo (ocorrido em dois exemplares, em 5% das metáfases), ou um supranumerário, em 100% das metáfases analisadas (ocorrido em dois exemplares, dos quais mais de 30 metáfases foram contadas). O bandamento-C evidenciou pouca heterocromatina, restrita quase que inteiramente a regiões pericentroméricas de vários cromossomos. Blocos conspícuos foram observados apenas nos cromossomos portadores de constrição secundária. A Cromomicina A3 evidenciou heterocromatinas GC-ricas restritas às regiões próximas aos centrômeros, em cromossomos acrocêntricos. O micro-cromossomo B não apresentou afinidade com o corante GC-específico, e aparentemente não é inteiramente heterocromático. Elementos como este podem ser encontrados em populações naturais de peixes, tendo no gênero Astyanax, já sido descritos alguns tipos de cromossomos B. Os exemplares ora estudados são provenientes de populações cultivadas, e a manutenção destes cromossomos poderia ser devida à deriva genética. Os dados obtidos corroboram a redefinição taxonômica de A. mexicanus, na qual esta foi elevada ao status de espécie, deixando de ser considerada subespécie de A. fasciatus. As populações de A. fasciatus analisadas no Brasil não só possuem número diplóide diferente (2n=45 a 48), como também blocos heterocromáticos conspícuos nas regiões subteloméricas de cromossomos do tipo ST-A, e pouca heterocromatina GC-rica, evidenciando que caso se trate de táxons irmãos, o tempo de separação destas espécies foi suficiente para a divergência cariotípica. Apoio Financeiro: CNPq (proc. 140922/2004-0) e FAPESP (proc. 02/09717-0). 423