Morfologia e Estrutura de Microrganismos Eucariotos Procariotos Esfriamento da crosta Plantas e animais Cianobactérias : grandes quantidades de O2 na atmosfera Bilhões de anos a partir do presente ⇒ Estrutura de Células de Microrganismos Reflete as Diferentes Etapas do Processo de Evolução Biológica de Organismos Morfologia e Estrutura de Microrganismos As Três Estruturas Básicas de Células estão Associadas a Três Reinos Distintos de Organismos Tamanhos de Células 1 Tamanhos de Células A vantagem de ser pequeno Raio (µ µ m) 1 10 100 1000 Volume (µ µ m3) 4,2x101 4,2x103 4,2x106 4,2x109 Superfície (µ µ m3) 1,3x101 1,3x103 1,3x105 1,3x107 Superfície/Volume 0,31 0,31 0,03 0,003 Morfologia bacteriana Spírillum Staphilococcus Leptospirillum Streptococcus Pseudomonas Vibrio cholerae Morfologia bacteriana Treponema Hyphomicrobium Fusobacterium Beggiatoa Thiopedia Bactérias filamentosas lodo de esgoto 2 O formato e o tamanho da célula dependem de seu estado nutricional Após 1 semana em meio sem fonte de carbono Vibrio sp. marinho recém cultivado Após 1 mês em meio sem fonte de carbono Célula Procariótica Padrão: Citoplasma Corpos de inclusão Nucleóide Ribossomo Flagelo Cápsula Parede Membrana Fímbria Estrutura básica encontrada em organismos do filo Eubacteria Glicocálix ou Cápsula Exudatos compostos de polissacarídeos que se acumulam na superfície de células, formando uma camada espessa na parte externa da célula. Composição extremamente variável, podem ser espessas ou delgadas, rígidas ou flexíveis; Aderência, resistência à dessecação, estabilidade estrutural de consórcios microbianos (biofilmes, grânulos de bactérias). 3 Coloração de Gram A técnica de coloração mais importante da bacteriologia. Permite classificar eubactérias em dois grupos, com base na estrutura da superfície: Gram+ e Gram- Gram+ Gram- Hans Christian Gram Camada externa de bactérias GramProteína Porina LPS Membrana externa Periplasma Membrana citoplasmática Fosfolipídeos Camada externa de bactérias Gram+ Ácido lipoteicóico Ácido teicóico Proteína associada à parede Parede Membrana citoplasmática 4 Terminologia Atenção: neste curso a terminologia de descrição das estruturas da camada externa ao protoplasma será a terminologia empregada na literatura internacional: Conjunto de estruturas que conferem forma à célula e separam o ambiente interno (plasma) do ambiente externo: camada externa (envelope) Estruturas responsáveis pela estabilidade mecânica da superfície da célula: parede (cell wall) Peptidoglicano Estrutura rígida ou semi-rígida, que garante a estabilidade mecânica da parede de eubactérias; Ponto de ancoramento de estruturas de impulsionamento da célula (flagelos) e de outras estruturas rígidas com funções variadas (pilos e fímbrias) Define o volume da célula Constituída de cadeias de peptidoglicano (mureína), um heteropolissacarídeo dos açúcares Nacetilglicosamina (NAM) e Nacetilgalactosamina (NAG) A rigidez da estrutura decorre do intertravamento entre polímeros de peptidoglicano através de cadeias tetrapeptídeos A camada de peptidoglicano de bactérias é formada por uma única molécula! Peptidoglicano: Intertravamento entre cadeias por ligações peptídicas cruzadas Bactérias GramConexão direta entre cadeias de tetrapeptídeos de moléculas adjacentes de peptidoglicano Bactérias Gram+ Conexão entre cadeias de tetrapeptídeos de moléculas adjacentes de peptidoglicano ocorrer através de pontes interpeptídicas de poliglicina 5 Paredes de células Gram+ As paredes de células Gram+ possuem polímeros formados pela conexão de moléculas do açúcar ribitol através de pontes de fosfato, os ácidos teicóicos, que atravessam toda a parede. Os grupos hidroxila das moléculas de ribitol são ligados a aminoácidos ou açúcares. Quando não ligados a moléculas de peptidoglicano por ligações covalentes, os ácidos teicóicos ficam conectados a lipídios da membrana citoplasmática (ácidos lipoteicóicos). Ácido teicóico Lisozima A lisozima é uma enzima encontrada freqüentemente em secreções de animais, que quebra as ligações glicosídicas entre as moléculas NAM e NAG do peptidoglicano de bactérias Gram+. Dependendo da concentração de sal do ambiente no qual ocorre a ação da lisozima, a célula pode lisar ou formar um protoplasto, que é uma estrutura formada pelo citoplasma e a membrana citoplasmática. Algumas bactérias não possuem parede: Micoplasma e Thermoplasma Paredes celulares de Archea Organismos do filo Archea não possuem paredes celulares compostas de peptidoglicano. A diversidade de materiais empregados nas paredes deste grupo é muito grande e inclui: Pseudopeptidoglicano: polímero composto de NAG e ácido Nacetiltalosaminurônico, reforçado por ligações peptídicas (algumas espécies) Polissacharídeos espessos (Methanosarcina) Polissacharídeos espessos com grande número de grupos sulfato (Arqueas halófilas, Halococcus) Camadas S como parede celular (amplamente distribuída por todos os subgrupos do filo Archea) 6 Camadas S Arranjos bidimensionais de proteínas ou glicoproteínas altamente regulares com simetria hexagonal, tetragonal ou trimérica, localizadas na superfície externa de bactérias e arqueas. Em bactérias Gram+, as proteínas da camada S são conectadas ao peptidoglicano, enquanto que em bactérias Gram- estas camadas são conectadas com a membrana externa. Thermoanaerobacter thermohydrosulfuricus camada S de Bacillus sphaericus Membrana Citoplasmática de Eubactérias: Estrutura Estrutura delgada que envolve o citoplasma; Formada principalmente por uma bicamada de fosfolípídeos; Contém proteínas integrais com domínios hidrofóbicos para ancoramento na membrana; Proteínas periféricas são permanentemente associadas à membrana, do lado do citoplasma ou do lado do periplasma (Gram-) ou do meioambiente (Gram+); Fosfolipídeos: Principal Componente Estrutural das Membranas de Células apolar polar Fosfolipídeos são moléculas anfifílicas, ou seja, possuem uma extremidade polar e outra apolar. 7 Fosfolipídeos: Principal Componente Estrutural das Membranas de Células Água Ácidos graxos excluem água Água Mobilidade de Fosfolipídeos na Membrana Rápida Muito lenta Lipídios de Membranas de Arquéias Unidades de isopreno Difitanilgliceroltetraéter: Membranas de Arquéias Fosfolipídeos passantes na Membrana 8 Outros Lipídeos de Membranas Colesterol: somente na membrana de eucariotos: 5% a 25% dos lipídeos de membranas, Reforço estrutural Hopanóides: assumem o papel do colesterol nas membranas de procariotos Reforço da estrutura de membranas em bactérias que não possuem paredes Modulação da fluidez bidimensional nas membranas (redução em temperaturas mais elevadas, aumento nas temperaturas mais baixas) Membrana Citoplasmática: Função Barreira altamente seletiva; Sítio de regulação de acesso de compostos para a célula; Sítio de regulação de eliminação de compostos para a célula; Geração de energia metabólica através do estabelecimento de um gradiente de concentração de prótons Localização de muitas enzimas metabólicas. Substância Água Glicerol Triptofano Glicose Cloreto (Cl-) Potássio (K+) Sódio (Na+) ⇒ Permeabilidade relativa 100 0,1 0,001 0,001 0,000001 0,0000001 0,00000001 Membrana é pouco permeável para compostos polares e/ou com carga elétrica Tipos de energia utilizados pela célula: 1. Energia “potencial” gradientes naturais de nutrientes Gradientes sintéticos: H+, Na+, etc. 2. Energia metabólica ATP 3. Elétrons NADH2 (produção de energia metabólica na cadeia de transporte de elétrons) FADH2 (produção de energia metabólica na cadeia de transporte de elétrons) NADPH2 (fornecimento de elétrons para reações de óxido-redução) 9 Membrana Citoplasmática: Geração de Energia www.genome.ad.jp Membrana Citoplasmática: Transporte Transporte mediado Ativo: Uniport Symport Antiport Translocação em grupo Não-mediado: Difusão simples Passivo: Difusão facilitada Transporte não mediado (Difusão simples) Ocorre ao longo de um gradiente de concentração, não requer energia externa. Ocorre sempre em direção do gradiente de concentração. Não permite acumulação de substância no interior da célula: Compostos transportados por este mecanismo: Água, nutrientes gasosos (O2, CO2, CH4, etc.), poluentes hidrofóbicos (benzeno, PCB, etc.) Transporte mediado Depende de um componente estrutural nas membranas externa ou citoplasmática (porinas) Transporte mediado passivo (Difusão facilitada) Transporte de soluto de ambiente de alta concentração para ambiente de baixa concentração. Depende de estruturas na membrana celular que permitam a passagem do nutriente (glicerol, por exemplo). Não necessita de fonte de energia metabólica. Não permite acumulação de componente transportado no interior da célula. 10 Transporte mediado ativo Permite concentrar solutos no interior da célula em fatores de até 1000x a sua concentração no meio-ambiente. Depende de uma fonte de energia metabólica, pois ocorre contra um gradiente de concentração Exterior Interior Uniportador Antiportador Simportador Uniport Fonte de energia: freqüentemente ATP Substâncias transportadas: aminoácidos, peptídeos, alguns açúcares, ácidos orgânicos, ânions e cátions inorgânicos Symport Fonte de energia: Gradientes de H+ ou Na+ Substâncias transportadas: Gradiente de H+: lactose, K+; Gradiente de Na+: glutamato. Antiport Fonte de energia: Gradientes de H+ Substâncias transportadas: Transporte de Na+ de dentro para fora da célula, sistemas de detoxificação. Classes de Sistemas de Transporte Transporte simples Translocação de grupo Sistema ABC (ATP binding cassete) 11 Sistemas de transporte de carboidratos em bactérias Sistema Propriedades cinéticas Km Vmax Porina - - Facilitador >10mM 1000 Altas concentrações de substratos, crescimento rápido Symport (H+) 0,1-10mM 250 concentrações médias de substratos, crescimento aeróbio em ambientes neutros ou ácidos, crescimento rápido Symport (Na+) 0,1-10mM 100 concentrações médias de substratos, crescimento em ambientes aneróbios ou alcalinos, crescimento rápido Antiport (precursores/ produtos) 0,1-10mM 130 transporte de precursor ativa excreção de produto, detoxificação Sistemas dependentes de 0,1-10µ µM receptores 10-50 concentrações baixas de substratos. Crescimento aeróbio, crescimento entre lento a rápido Translocação de grupo (Fosfotransferase) 10-50 concentrações baixas de substratos, crescimento anaeróbio, crescimento entre lento a rápido 0,1-10µ µM Função Transporte através da membrana externa de organismos Gram- Sistemas de transporte na Membrana Externa de Organismos Gram-: Porinas A membrana externa é permeável para moléculas pequenas (oligossacarídeos ou oligoproteínas com até 7 monômeros, íons, monômeros, mas totalmente impermeável para moléculas grandes (proteínas, polisacarídeos, ligninas, etc.); Estas moléculas atravessam a membrana externa por canais denominados porinas; As porinas podem ser específicas (seletivas para certos compostos) ou não-seletivas (maioria). Flagelo Mecanismos de movimento ativo de microrganismos: Flagelos Movimento rápido (até 60 comprimentos de bactéria por segundo) Movimento aleatório ou direcionado (movimentação ao longo de gradientes químicos ou físicos – taxias) Energia fornecida pela força próton-motiva (cerca de 1000H+/rotação) Deslizamento Movimentação que ocorre em contato com superfície Muito mais lenta do que movimentação flagelar (10µ µm/s) Vesículas de gás Permitem o deslocamento vertical de organismos em colunas de água Movimentação não-ativa de microrganismos: Movimento Browniano 12 Flagelo peritríquio lofotríquio polar Membrana externa de bactérias Gram-negativas Membranas assimétricas Lipopolissacarídeos na camada externa; Porinas atravessam esta membrana; Conectada à parede celular; Barreira de proteção. Proteína Porina LPS Membrana externa Fosfolipídeos Membrana externa de bactérias Gram-negativas: Lipopolisacarídeos (Endotoxina) Principal molécula da camada externa da membrana externa de bactérias Gram-; Constituídos de três segmentos: lipídio A, polissacarídeo interno e polissacarídeo O-específico; Lipídio A: ancoramento do LPS na membrana LPS é a principal causa de reações inflamatórias causadas por bactérias. 13 Membranas Internas em Procariotos Em alguns procariotos ocorre a formação de camadas internas na célula. Estas camadas, porém, não constituem organelas, pois as membranas permanecem ligadas à membrana citoplasmática. ⇒ aumento da área de membrana/volume de célula, aumentando a concentração de proteínas e enzimas localizadas na membrana; Em algumas bactérias fotossintéticas estas invaginações podem se desprender da membrana externa, formando ticalóides. Nitrosococcus Nitrobacter Organismo fotosintetizante Espaço Periplasmático É o espaço entre as membranas citoplasmática e externa em organismos Gram-; A parede celular destas bactérias está localizada neste espaço; Este espaço contém grande variedade de proteínas hidrolíticas para degradação de polímeros transportados através das porinas, proteínas para a biodegradação de compostos tóxicos, proteínas que se ligam de maneira específica a substâncias que serão transportadas através da membrana interna e enimas para a síntese de peptidoglicano. Citoplasma Solução concentrada de proteínas, ácidos nucleicos, monômeros e íons, dissolvidos em água 14 Nucleóide Zona onde se concentra o DNA genômico de procariotos Vesículas de gás Vesículas são formadas por uma membrana composta por duas proteínas, uma hidrofóbica, que repele água e permite a passagem de gás, e uma segunda de reforço mecânico. Tamanho e número de vesículas de gás variam muito entre células. Vesículas de gás Fímbrias e Pili Estruturas similares aos flagelos, mas sem envolvimento na locomoção celular. Fímbrias: consideravelmente mais curtas e mais numerosas do que flagelos: adesão, receptores. Pili: estruturalmente muito mais longos do que fímbrias: adesão, receptores, sexo. 15 Estruturas de armazenamento interno na célula Partículas geralmente envoltas por camada de lipídios Armazenamento de carbono (reservas de energia): Polihidroxialcanoatos (polímeros de ácido poli-β βhidróxibutírico) ⇒ bioplásticos Glicogênio (polímeros de glicose) Polifosfatos Enxofre elementar Magnetossomos: partículas de magnetita (Fe3O4) Magnetospirillum magnetotacticum Ribossomos Complexos formados de proteínas ribossômicas e RNA ribossômico, onde ocorre a síntese de proteínas a partir do RNA mensageiro. Ribossomos A sequência de regiões hipervariáveis do RNA ribossômico 16S é a base da taxonomia molecular de bactérias 16 Endósporos Estruturas metabolicamente inativas produzidas por alguns microrganismos no interior da célula com elevada resistência térmica, química e a radiação. Bacillus anthracis Bacillus subtilis Clostridium botulinum Endósporos: Estrutura Exospório: envoltório fino e delicado, composto por proteínas; Capa: proteínas específicas do esporo Córtex: peptidoglicano Protoplasto: parede celular, membrana citoplasmática, citoplasma com elevada concentração de pequenas proteínas solúveis de esporo (PPAS), nucleóide em ambiente altamente desidratado. Todos os endósporos contém ácido dipicolínico. Endósporos: Formação 17 Células de Eucariotos Material para estudo: Capítulo 4 Brock Capítulos 14.1. a 14.5 18