II. Séc. VII e início do Séc. VI aC

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INTRODUÇÃO À LEITURA DA BÍBLIA
Ir. Neuza Maria Delazari – ISJ
1. Introdução
Deus ao criar o mundo, escreve dois livros, dizia Santo Agostinho: a Vida e a Bíblia. A vida
nasce primeira. A Bíblia foi escrita para ajudar a interpretar e entender os problemas da vida. O
primeiro livro é a vida – a realidade e a caminhada do povo. O livro escrito, a Bíblia, vem para
iluminar e impulsionar a vida para frente. Por isso, temos que ser fiéis à Vida e à Bíblia. Harmonia
entre fé, vida e justiça - ler o texto bíblico a fim de buscar uma luz para iluminar a nossa realidade.
A Bíblia parece um álbum de fotografias. Muitas famílias possuem um álbum assim ou, ao
menos, têm uma caixa onde guardam as suas fotografias, todas misturadas, sem ordem. De vez em
quando, os filhos despejam tudo na mesa para olhar e comentar as fotografias. Os pais têm que
contar a história de cada uma delas. A Bíblia é o álbum de fotografias da família de Deus. Nas suas
reuniões e celebrações, o povo olhava as suas “fotografias”, e os pais contavam as histórias. Era o
jeito de integrar os filhos no povo de Deus e de transmitir-lhes a consciência da sua missão e da sua
responsabilidade.
2. O que a Bíblia diz de si mesma
Sl 119(118),105 = “A Palavra é Luz para meus passos....”
Hb 4,12 = “A Palavra é viva e eficaz; espada afiada; faca de dois gumes que atinge corpo e alma.”
Is 55,10-11 = “A Palavra é como a chuva que cai e não volta sem produzir seu efeito.”
2Tm 2,9b = “A Palavra de Deus não está algemada.”
2Tm 3,16 = “Toda Escritura é útil para instruir, corrigir, encorajar....”
At 8,31-32 – “Para entender a Palavra é necessário que alguém explique.”
3. Como encontrar uma citação Bíblica
Nos textos originais não havia divisão em capítulos e versículos, como temos hoje. A
divisão atual é posterior. No ano de 1214, o cardeal Estevão Langton, professor em Paris, dividiu o
texto em capítulos. O dominicano Sante Pagnini, em 1528, dividiu os capítulos do AT (Primeiro
Testamento) em versículos. O NT (Segundo Testamento) foi dividido em 1551 por Roberto
Stephens.
A “imprensa” só foi inventada por Gutenberg por volta de 1450, e o primeiro livro impresso
foi a Bíblia Vulgata, em latim, com essas divisões, no ano de 1455.
a) A vírgula separa capítulos de versículos:
Em primeiro lugar, indica-se o livro, usando sua abreviação. Em seguida, com o primeiro
número indica-se o capítulo e com o segundo, separando do primeiro por uma vírgula, o versículo.
 Ex 5,8
• Lê-se: Êxodo, capítulo 5, versículo 8.
Obs.: No lugar da vírgula para separar capítulo de versículos, a versão de João Ferreira de Almeida
e a literatura evangélica usam o ponto: Ex.: Mt 3.15.
b) O hífen une versículos ou capítulos:
 Dt 10,1-6
 Lê-se: Deuteronômio, capítulo 10 versículos de 1 a 6.
c) O travessão indica sequência de um capítulo a outro:
 Mt 19,27 – 20,16
• Lê-se: Mateus capítulo 19, versículos 27 até capitulo 20, versículo 16.
 Mt 19,27-30; 20,1-16
 Lê-se: Mateus capítulo 19, versículos 27 a 30 e capitulo 20, versículos 01 a 16.
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 Ex 1 – 10
• Lê-se: Êxodo, capítulos de 1 a 10.
d) O ponto e vírgula separam citações diferentes:
 1Rs 2,3-6; 5,3-5
• Lê-se: Primeiro livro de Reis capítulo 2, versículos de 3 a 6 e capítulo 5 versículos de 3 a 5.
e) O ponto separa versículos dentro do mesmo capítulo:
 Lc 4,2-5.8.18
 Lê-se: Lucas capítulo 4, versículos de 2 a 5, oito e dezoito.
Obs.: A versão de João Ferreira de Almeida e da literatura evangélica, no lugar do ponto, usam a
vírgula. Exemplo: Lc 6.20,30-36. Lê-se: Lucas capítulo 6, versículo 20e versículos 30 a 36.
f) O uso do “a”, “b” e “c”:
Quando indica apenas uma parte de um versículo, acrescenta-se uma letra ao número que indica o
versículo: “a”, quando é o início do versículo: “b”, o meio e “c”, o final:
 Gn1,1 – 2,4a
• Lê-se: Gênesis cap. 1 ver. 1 até o cap. 2, versículo 4, primeira parte.
 Gn 1,1-31; 2,1-4a
 Lê-se: Gênesis capitulo1 versículos 1 a 31 e capítulo 2, versículos 1 a 4, primeira parte.
 Gn 2,4b-7
• Lê-se: Gênesis capitulo 2, versículo 4 segunda parte, até o versículo 7.
 Jo 6,63c.68c
• Lê-se: João capítulo 6, versículo 63 terceira parte e 68 terceira parte.
g) O “s”, ou “ss” acrescentado(s) depois do capítulo ou versículo, entendem-se os capítulos ou
versículos seguintes:
 1Cor 8,1s
• Lê-se: Primeira carta aos Coríntios, capitulo 8, versículo 1 e seguintes.
 Mc 2s
• Lê-se: Marcos capítulos dois e seguintes.
Note-se que os títulos e subtítulos dos capítulos variam de tradução para tradução. Isso se
deve ao fato de não fazerem parte dos textos originais da Bíblia, mas são obra de quem faz a
tradução. Nos diferentes títulos, podemos perceber várias tendências. É que nenhuma tradução é
neutra, e a diferença entre títulos para um mesmo texto reflete a interpretação do texto por cada
tradutor a partir de seus condicionamentos e opções.
4. Questões para ajudar a entender a Bíblia
a) Quem escreveu a Bíblia?
b) Por que foi escrita?
c) Quando foi escrita?
d) Onde foi escrita?
e) Em que língua foi escrita?
f) O que significa a Palavra Bíblia?
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a) A Bíblia não caiu pronta do céu. Ela surgiu da vida do povo de Deus. Surgiu como fruto da
inspiração divina e do esforço humano. Ela não foi escrita por uma única pessoa. Muita gente deu a
sua contribuição: homens e mulheres; jovens e velhos; pais e mães de família; agricultores,
pescadores e operários de várias profissões.... Gente de todas as classes, com a preocupação de
construir um povo irmão, onde reinassem a fé e a justiça, o amor e a fraternidade, a verdade e a
fidelidade, e onde não houvesse opressor nem oprimido. Eram pessoas que faziam parte de uma
comunidade, de um povo em formação, onde a fé em Deus e a prática da justiça eram ou deviam ser
o eixo da vida.
Livro inspirado por Deus
Como é que um livro que surge da vida e da caminhada do povo pode ser, ao mesmo tempo,
a palavra de Deus? Um agricultor resumiu a resposta nesta frase: “Deus fala misturado nas coisas:
os olhos percebem as coisas, mas a fé enxerga Deus que nos fala!” A ação do Espírito de Deus pode
ser comparada com a chuva: cai do alto, penetra no chão, e acorda a semente que produz a planta
(cf. Is 55,10-11). A planta é fruto, ao mesmo tempo, da ação gratuita de Deus e do esforço suado
das pessoas. É a palavra do Deus do povo e do povo de Deus.
A ação do Espírito de Deus pode ser comparada com o sol: seus raios invisíveis esquentam a
terra e fazem crescer as plantas de baixo para cima. Pode ser comparada ainda com o vento que não
se vê. A Bíblia é fruto do vento invisível de Deus, que moveu os homens a agir, a falar ou a
escrever. Até hoje, o Espírito de Deus nos atinge quando lemos a Bíblia. Ele nos ajuda a ouvir e a
praticar a palavra de Deus. Sem ele, não é possível descobrir o sentido que a Bíblia tem para nós (Jo
16,12-13; 14,26). O Espírito Santo não se compra nem se vende (At 8,20), nem é fruto só de estudo.
É um dom de Deus que deve ser pedido na oração (Lc 11,13). A oração ajuda a gente entender a
vontade de Deus e nos traz a força espiritual para praticá-la.
b) A Bíblia foi escrita para iluminar e impulsionar a vida do povo para frente. Por isso, o grande
desafio é a fidelidade à Vida e à Bíblia. O texto bíblico é uma luz para iluminar a nossa realidade.
c) A Bíblia não foi escrita de uma só vez. Foi necessário mais de mil anos para que a Bíblia pudesse
ser escrita. Começou em torno do ano 970 antes de Cristo e foi concluída no inicio do segundo
século depois de Cristo. A Bíblia antes de ser escrita, foi narrada e contada nas rodas de conversa e
nas celebrações do povo. E antes de ser narrada e contada, ela foi vivida por muitas gerações num
esforço teimoso e fiel de colocar Deus na vida e de organizar a vida de acordo com a justiça.
No começo, o povo não fazia muita distinção entre contar e escrever. O importante era
expressar e transmitir aos outros a nova consciência comunitária, nascida neles a partir do contato
com Deus. Faziam isto contando aos filhos os fatos mais importantes do seu passado. Como nós
hoje decoramos a letra dos cânticos, assim eles decoravam e transmitiam as histórias, as leis, as
profecias, os salmos, os provérbios e tantas outras coisas que, depois, foram escritas na Bíblia. A
Bíblia saiu da memória do povo. Nasceu da preocupação de não esquecer o passado.
d) A Bíblia não foi escrita no mesmo lugar, mas em muitos lugares e países diferentes. Os livros do
Primeiro Testamento foram escritos na Palestina (a terra de Jesus), na Babilônia (onde o povo
judeu, num determinado momento de sua história, esteve exilado) e no Egito (para onde muitos
judeus foram depois do cativeiro na Babilônia). Os livros do Segundo Testamento foram escritos na
Palestina (a terra de Jesus), na Síria, na Ásia Menor, na Grécia e na Itália (lugares estes onde
haviam sido fundadas comunidades cristãs).
e) A Bíblia não foi escrita numa única língua, mas em três línguas diferentes. A maior parte do
Antigo Testamento foi escrita em hebraico. Era a língua que se falava na Palestina antes do
cativeiro. Depois do cativeiro, o povo de lá começou a falar o aramaico. Mas a Bíblia continuou a
ser escrita, copiada e lida em hebraico. Para que o povo pudesse ter acesso à Bíblia, foram criadas
escolinhas em toda parte. Jesus deve ter freqüentado a escolinha de Nazaré para aprender o
hebraico. Só uma parte bem pequena do Antigo Testamento foi escrita em aramaico. Um único
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livro do Antigo Testamento, o livro da Sabedoria, e todo o Novo Testamento foram escritos em
grego. O grego era a nova língua do comércio que invadiu o mundo daquele tempo, depois das
conquistas de Alexandre Magno, no século IV antes de Cristo.
Assim, no tempo de Jesus, o povo da Palestina falava o aramaico em casa, usava o hebraico
na leitura da Bíblia, e o grego no comércio e na política. Quando os apóstolos saíram da Palestina
para pregar o Evangelho aos outros povos, eles adotaram uma tradução grega do Antigo
Testamento, feita no Egito no século III antes de Cristo para os judeus imigrantes que já não
entendiam o hebraico nem o aramaico. Esta tradução grega é chamada Septuaginta ou Setenta. Na
época em que ela foi feita, a lista (cânon) dos livros sagrados ainda não estava concluída. E assim
aconteceu que a lista dos livros desta tradução grega ficou mais comprida do que a lista dos livros
da Bíblia hebraica.
f) A palavra Bíblia vem do grego que quer dizer BIBLOS (livros), ou biblioteca/coleção de livros.
Quem primeiro usou a palavra bíblia para se referir à Sagrada Escritura foi João Crisóstomo, no
quarto século depois de Cristo. Esses livros falam da história e da experiência de um povo do
Oriente, o povo de Israel.
5. Diferença entre a Bíblia Evangélica e a Católica
Como já é de nosso conhecimento, a Bíblia se divide em dois grandes blocos; Primeiro
Testamento (Aliança) e Segundo Testamento (Aliança).
No Primeiro, estão os livros escritos antes de Jesus Cristo a.C. Eles narram a caminhada do
povo israelita junto com seu Deus.
No Segundo Testamento, estão os livros escritos depois de Cristo, narrando a caminhada de
Jesus e das primeiras comunidades cristãs.
A diferença entre Bíblia Evangélica e a Católica só está no Primeiro Testamento, pelo fato
de os evangélicos adotarem a “Bíblia Hebraica”, que só contém os livros escritos em hebraico. Já a
“Bíblia Católica” possui sete livros a mais. São livros que foram escritos em grego ou cujo original
hebraico se perdeu e que só se encontram na tradução grega da Bíblia, feita pelos judeus a partir do
século 3º aC.
Os sete livros que se encontram somente na “Bíblia Católica” são: Eclesiástico, Sabedoria,
Judite, Tobias, Baruc, 1 e 2 Macabeus.
 Além desses livros, existem passagens, que originalmente foram escritas em grego e que se
encontram nos livros de Ester e de Daniel. Em Ester (Bíblia Ave Maria capítulos 10,4–16,24).
(Outras versões: capítulos 3,13a-13g; 4,17a-17z; 5,1a... {Nas edições atuais da “bíblia Católica”,
essas passagens em Ester e Daniel aparecem com letras de tipo diferente }) e de Daniel (3,24-90 e
capítulos 13 e 14).
Essa diferença tem origem no tempo da Reforma Protestante, no início do século 16 dC (
31/10/1517). Nesta época, era muito forte o entusiasmo por redescobrir a cultura da Antiguidade.
Havia a ideia de “voltar às fontes” mais antigas. Neste sentido, Lutero defendeu a idéia de que era
preciso voltar ao texto hebraico do Primeiro Testamento, que era o mais antigo da Bíblia.
6. Livros canônicos
“Cânon” é uma palavra grega que quer dizer “cana”, instrumento usado para medir. Cânon,
portanto, quer dizer “medida”, “régua”, “norma” ou “lista”. No uso da Igreja, o termo passou a
designar as normas de fé e as regras de vida.
O cânon bíblico é a redação dos livros reconhecidos pela Igreja como inspirados e propostos
pelo magistério eclesiástico aos fiéis como Palavra de Deus. Livros canônicos são, pois, aqueles
considerados na “medida certa” da Palavra de Deus, isto é, aqueles que foram reconhecidos como
inspirados por Deus e formam o conjunto da Sagrada Escritura. A intenção principal foi selecionar
um conjunto de escritos que servissem de guia à nossa caminhada de fé. Ajudam a discernir se
estamos ou não no mesmo rumo que seguiram nossos antepassados. Os livros da Bíblia foram
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chamados de “canônicos” a partir do século IV, porque foram reconhecidos como normativos para a
fé e a vida dos fiéis.
7. Livros Protocanônicos, Deuterocanônicos e Apócrifos
Os livros Protocanônicos – são os livros que estão nas três bíblias (hebraica, católica e
protestante). Isto é, aqueles livros que foram considerados inspirados por Deus, sempre e por todos.
Os livros Deuterocanônicos – são os livros cuja inspiração foi objeto de debates e que são
aceitos por uns e rejeitados por outros. Eles encontram-se somente na Bíblia Católica. Os sete livros
chamados pelos católicos de deuterocanônicos (Judite, Tobias, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria,
Eclesiástico e Baruc) são chamados pelos evangélicos ou protestantes de “apócrifos”.
Os Livros apócrifos são aqueles livros que não estão no cânon da Bíblia. Apócrifo é uma
palavra grega e que dizer “oculto”, guardado. Usa-se essa terminologia porque os livros, embora
tenham sido escritos na época bíblica, não constam no cânon e são apresentados como manifestação
de Deus revelada somente depois de ficar muito tempo “oculto”. Os apócrifos do Segundo
Testamento são escritos em tempos posteriores ao primeiro século da era cristã. Ficaram, pois
ocultos por algum tempo.
Os apócrifos não podiam ser usados na liturgia e na Catequese, isto é, na leitura pública.
Serviam, porém, para a leitura doméstica, particular.
Os livros chamados de apócrifos tanto pelos católicos quanto pelos evangélicos, conhecidos
também por pseudoepígrafos, são livros que não estão nem na Bíblia hebraica e nem na grega. São
atribuídos a pessoas famosas do passado. Quer dizer que os autores desses textos atribuem a um
patrono importante da história de seu povo a autoria de sua obra literária.
Os livros chamados de apócrifos tanto pelos católicos quantos pelos evangélicos podem não
ter tanto valor histórico. São úteis, porém para reconstruir as crenças populares do judaísmo na
época de Jesus, bem como de algumas correntes teológicas da Igreja primitiva.
Alguns livros apócrifos: 3 e 4 Macabeus, Livro de Adão e Eva, livro de Henoc, Testamento
dos 12 Patriarcas... evangelho de Tiago, de Tomé, de Judas, de Nicodemos, de Bartolomeu....
8. Os manuscritos em papiro e pergaminho
Quando os livros da Bíblia foram escritos, a arte de escrever era ainda muito primitiva.
Todos os livros bíblicos são “manuscritos”, isto é, escritos à mão. O material usado era o “papiro”,
uma espécie de junco que crescia às margens do rio Nilo, no Egito, e também na Galiléia até o
início do século 20.
Outro material usado para a escrita era o “pergaminho”, feito com peles de ovelhas ou de
cabras.
Depois de escrito o texto, o papiro ou o pergaminho era enrolado e guardado em urnas.
9. Traduções Bíblicas
A tradução é o único meio para fazer com que uma coisa escrita em uma língua possa ser
lida e entendida por quem não fala aquela língua.
A Sagrada Escritura, ao longo dos séculos, foi sendo traduzida em diversos idiomas para
favorecer seu anúncio e estudo.
9.1 A primeira tradução da Bíblia hebraica foi para o grego
A primeira tradução as Escrituras foi a tradução do hebraico para o grego. Essa tradução
veio dar resposta a uma necessidade sentida pelos judeus, quando se espalharam pelo Egito e outros
países. Por lá se fixaram e seus descendentes já não entendiam mais o hebraico, pois ali a língua era
o grego. Era necessário traduzir o texto hebraico para o grego, pois, no culto das sinagogas, o centro
era as Sagradas Escrituras. A tradução das Escrituras para o grego ficou famosa e se chama
“Septuaginta” ou “tradução dos Setenta”, porque, segundo a tradição, ela foi feita por 70 sábios
judeus a partir do século 3 a.C.
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A SETENTA – A mais antiga e importante tradução da Bíblia é a versão do hebraico para o
grego, iniciada no século III a.C; no Egito. Recebeu o nome de setenta (onde se afirma que a
tradução grega foi feita por 70 rabinos). A pedido do faraó do Egito, Ptolomeu II Filadelfo (285247), foi levada para a Biblioteca de Alexandria.
9.2 A Segunda tradução da Bíblia foi para o latim
Com a chegada do cristianismo às regiões do império romano onde não se falava o grego,
como o Norte da África, Oeste e Norte da Europa, foi necessário traduzir a Bíblia grega para o
latim.
As versões latinas da Bíblia foram surgindo, a partir da Septuaginta, versão grega das
Escrituras. Os tradutores dominavam pouco o latim e menos ainda o grego, traduzindo, muitas
vezes, ao pé da letra.
A VETUS LATINA – Quando o latim tomou o lugar do grego na igreja, começaram a surgir
traduções latinas por vários lugares; Europa, norte da África, Grécia...
A VULGATA – a grande confusão dos textos latinos levou o papa Damaso I (366-384 dC) a propor
um texto único para toda a Igreja. Encarregou São Jerônimo, famoso por seus conhecimentos
bíblicos e lingüísticos, de rever a VETUS LATINA com base no texto grego. O NT ficou pronto em
383. Seu trabalho foi penoso e durou até o ano de 405. Houve algumas divergências. Por isso, a
Vulgata foi aceita por todas as Igrejas no século VII dC. O Concílio de Trento, em 1546, declarou
que a Vulgata devia ser o texto-base no uso religioso. A Vulgata sofreu várias alterações. Em 1979
o Papa Paulo VI a pedido do Vaticano II publicou a Neovulgata.
9.3 Depois do texto hebraico, grego e latino veio o alemão
Aproximadamente 1.100 anos depois de São Jerônimo, na época da invasão das Américas
pelos europeus, Lutero traduziu a Bíblia para o alemão, a língua do seu povo. No Primeiro
Testamento incluiu somente o texto hebraico, deixando fora os livros que Jerônimo chamara de
“deuterocanônicos”.
10. As Traduções da Bíblia para o Português
Pouco se sabe sobre o início desta tradução. Parece que os primeiros textos surgiram pelo
ano 1320, em Portugal.
Os primeiros textos completos surgiram 1681, quando um ministro calvinista, João Ferreira
de Almeida, traduziu do grego. Foi publicado em um volume o 1º e o 2º testamento sob o título de
“A Bíblia Sagrada”. Tradução usada pela Sociedade bíblica do Brasil e por várias Igrejas
evangélicas.
Em 1821, com o título de “Santa Bíblia”, o Pe. Antonio Pereira Figueiredo publicou a
tradução católica portuguesa, traduzida da Vulgata.
Em 1932, o Pe. Matos Soares, publicou uma nova tradução da Vulgata. No Brasil foi editada
pelas Paulinas.
A editora Ave Maria publicou em 1958 a Bíblia Sagrada traduzida da edição francesa dos
Monges de Maredsous na Bélgica. Muito usada no Brasil. (sua tradução não é das melhores)
Em 1967, as Edições Paulinas publicaram a Bíblia baseada na tradução italiana do Pontifício
Instituto Bíblico de Roma. Apenas uma edição.
Em 1981, a Edições Paulinas publicou a Bíblia de Jerusalém. A tradução em português é
baseada nos originais franceses publicados em 1956. O nome se deve ao fato de ter sido feita pelos
Dominicanos da Escola Bíblica de Jerusalém. É um texto muito bom e de grande valor científico.
Em 1982 as Edições Loyola publicou a Bíblia sagrada da Editora Vozes: a Bíblia
Mensagem de Deus.
Em 1990 a Bíblia Pastoral publicada pelas Edições Paulinas. Ela procura traduzir mais o
sentido do texto do que as palavras. O objetivo é apresentar um texto bem popular, para ser usado,
sobretudo na pastoral. Com isso se perde um pouco da riqueza do texto original.
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Em 1994 a Edições Loyola publicou a Bíblia TEB (tradução Ecumênica a Bíblia) é um
texto muito bom, feito por biblistas católicos, protestantes, ortodoxos e judeus. O texto em
português é a versão dos originais franceses. É importante observar que essa tradução, para o AT,
segue a ordem dos livros da Bíblia Hebraica e não a ordem da Vulgata.
Em 2002, Edição brasileira publicada pela Editora Paulus, a Bíblia do Peregrino. É bastante
explicativa.
Os estudos da Bíblia avançaram muito nos últimos tempos. Muitas outras tradições bíblicas
foram e continuam sendo elaboradas.
11. Divisão da Bíblia e pequeno comentário sobre cada livro
Primeiro ou Antigo Testamento:
Pentateuco – Os primeiros cinco livros do AT são chamados Pentateuco. É uma palavra da língua
grega que significa cinco livros. Eles contêm a Lei da Primeira Aliança. São chamados também de
TORÁ (= Lei). São eles:
Gênesis (Gn): palavra grega quer dizer origens. O povo faz suas reflexões sobre perguntas
existenciais, como: Quem somos? Por que estamos neste mundo? Por que existe maldade? Onde
está Deus? E reflete também sobre as origens de sua história como Povo de Deus a partir da
consciência que eles têm do Deus que é fiel e caminha com eles.
Destaca-se nesse livro a Aliança que Deus faz com seu povo. Essa Aliança foi feita
inicialmente no paraíso terrestre, a qual foi rompida pelo pecado de nossos primeiros pais. Depois
Deus a renovou com Noé, após o dilúvio (Gn 9,9.13). Mas, sobretudo com Abraão e a sua
posteridade é que Deus vem estabelecer a sua Aliança (Gn 15,1-18). É propriamente com Abraão
que tem origem o Povo de Deus, que se chamou o Povo de Israel.
Êxodo (Ex): é uma palavra latina que significa “saída”. Esse livro relata a saída do Povo de Deus
do Egito. O povo hebreu, com o passar do tempo, foi se tornando escravo no Egito. Então Deus dá a
Moisés a missão de tirar esse povo da escravidão. O Livro do Êxodo narra como isso aconteceu e
como foi a passagem de Israel pelo Mar Vermelho e pelo deserto. Em todos esses acontecimentos,
manifestou-se de maneira extraordinária o poder de Deus. Um ponto importante dessa caminhada
para a terra de Canaã ou Terra Prometida é a Aliança realizada no Monte Sinai ou Horeb. Por
intermédio de Moisés, Deus institui os Dez Mandamentos, ou Decálogo, que é uma espécie de
“carta” dessa Aliança (Ex 19,5-6). Esse livro é o coração pulsante do Antigo Testamento, por causa
da Aliança que Deus faz com seu povo, pois no AT tudo girava em torno da Aliança. Portanto, sem
entender o Êxodo, não se consegue entender os demais livros da Bíblia.
Levítico (Lv): Levi era um dos doze descendentes de Jacó. E Deus consagrou os descendentes de
Levi ao serviço do culto divino, tanto os sacerdotes como os Levitas. Daí é que vem o nome do
Livro “Levítico”. É um livro que trata das leis sobre o culto divino. Uma espécie de “ritual” dos
sacrifícios oferecidos a Deus naquele tempo. Por isso, as prescrições descritas neste livro, têm
pouca validade.
Números (Nm): tem este nome por causa dos recenseamentos e as séries de números nele contidos.
Narra a parte final da caminhada do Povo de Israel pelo deserto, do Sinai até a entrada na Terra de
Canaã. Supõe que o povo de Deus já estivesse organizado em doze tribos. Fala das lutas que os
israelitas enfrentaram perante os povos que ocupavam as fronteiras da Palestina ou Terra Prometida.
Deuteronômio (Dt): são leis que devem ser obedecidas fielmente quando o povo entrar na Terra
Prometida. Deus promete a bênção e a felicidade a quem for fiel, e promete a maldição e a desgraça
a quem for infiel. O livro mostra a superioridade do Povo que tem uma religião revelada por Deus.
“Deuteronômio” quer dizer: segunda lei.
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Livros Históricos (são dezesseis livros): narram um longo período da história de Israel: quase 700
anos. Descobrimos como foi a relação de Israel com o Senhor desde a entrada na Terra Prometida
até depois do exílio da Babilônia. Eles falam da fidelidade de Deus à sua Aliança e da infidelidade
do povo ao seu Deus. Contam a história dos juízes e dos reis, bem como a intervenção dos profetas,
que nas horas de maior crise tinham a responsabilidade de anunciar a Palavra de Deus e lembrar ao
povo a urgência de voltar ao caminho do Senhor
Josué (Js): quando se aproximava da Terra Prometida, Moisés faleceu. Então Josué conduziu o
Povo de Israel até Canaã. Por isso, o Livro que narra a conquista da Terra Prometida chama-se livro
de “Josué”. Fala das vitórias do Povo de Deus e da partilha da Terra de Canaã às Tribos de Israel.
Juízes(Jz): o livro dos juízes narra a história das tribos após a morte de Josué até a constituição do
Reino, um período que durou do século 13 ao século 11 aC, as Tribos de Israel eram muitas vezes
invadidas por povos inimigos. Então certos líderes assumiram a defesa do Povo de Deus, tornandose chefes de uma ou mais tribos. Tais chefes chamaram-se “Juízes”. O Livro que narra esses
episódios recebeu o título de Livro dos Juízes.
Rute(Rt): recebeu este nome porque conta a história dessa mulher, que se casa com Booz.. Ela se
torna a bisavó do rei Davi, de cuja família vem nascer Jesus (Mt 1,5). Sendo Rute uma estrangeira
(moabita), ela é um sinal de que Deus quer estender a Salvação a todos os povos e não somente ao
povo de Israel.
1º Samuel(1Sm): Samuel foi ao mesmo tempo juiz de Israel e o último profeta. Foi consagrado a
Deus desde a infância e educado pelo sacerdote Eli. Por volta do ano 1200 aC. Samuel unifica as
Tribos de Israel para poder enfrentar os filisteus. Samuel torna-se assim o chefe político e religioso
de Israel. Com muito custo, ele aceita que seja eleito um rei: Saul, a quem ungiu, e que depois foi
substituído por Davi.
2º Samuel(2Sm): no início, “Samuel” era um só livro, depois foi dividido em dois. Este segundo
narra o grandioso reinado de Davi. Após a sagração de Davi como rei, Samuel sai de cena.
1º Reis (1Rs): conta a história dos israelitas a partir da morte do rei Davi (ano 970 aC), até a
destruição de Jerusalém e a deportação do Povo de Israel por Nabucodonosor, no ano 587 aC.
2º Reis(2Rs): no início estes livros formavam um só. A história dos reis de Israel e de Judá aí
narrada não pode ser tomada num sentido rigoroso e científico. Trata-se de uma história no sentido
religioso, mostrando os desígnios de Deus.
1ª Crônicas(1Cr): também chamados “Paralipômenos” formavam uma só obra com os livros de
Neemias e Esdras. Foram escritos aí pelo começo do terceiro século aC.
2º Crônicas(2Cr): mostra que o culto e a fidelidade à Aliança estão bem acima da política e de
todas as outras atividades terrenas.
Esdras(Esd): apresenta-se como uma continuação do Livro de Crônicas. Supõe-se que o autor seja
o mesmo. Conta-nos à restauração religiosa de Israel. Isto se deu quando, no ano 538 aC. Ciro, rei
da Pérsia, autorizou o retorno dos judeus para Jerusalém.
Neemias(Ne): formava um só livro com Esdras. Assim que os judeus regressaram a Jerusalém,
começaram a reconstruir o templo. O Livro de Neemias fala também da reconstrução dos muros de
Jerusalém. Bela é a oração de Neemias (cap 1) e a confissão dos pecados (cap 9-10).
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Tobias(Tb): foi escrito na metade do segundo século aC. Os dados históricos entram apenas como
“pano de fundo”. O que mais interessa é expressar de maneira viva e bela a grandeza da piedade e
da fé. O jovem Tobias é o exemplo de um israelita justo.
Judite(Jd): mostra que o poder da fé e a confiança em Deus têm mais força que um exército
armado. Judite é uma jovem israelita fiel à Lei. Acreditando em Deus e confiando no poder da
oração, ela defendeu seu Povo.
Ester(Est): forma uma unidade com o livro de Judite; ambos têm a mesma finalidade. A rainha
Ester, era esposa de Assuero, rei da Pérsia. Ela intercede e salva os judeus estabelecidos na Pérsia,
onde eram duramente hostilizados.
1º Macabeus(1Mc): narra toda luta da família de Matatias pela libertação da Palestina diante da
opressão dos Selêucidas. Trata de um período abrangente, inicia narrando os fatos dos anos 180 e
vai até o ano de 134 aC. “Macabeu quer dizer “martelo”. Eram cinco irmãos, filhos do sacerdote
Matatias.
2º Macabeus(2Mc): descreve a luta de Judas Macabeu contra Antíoco IV Epífanes e a libertação
do templo. Narra os fatos desde 180 aC e que levaram a revolta de Matatias, bem como os atos de
Judas Macabeu entre 166 e 161 aC.
Livros sapienciais ou de sabedoria (são sete livros)
Nestes livros encontra-se reflexões e expressões de sabedoria, poesias, cantos, orações, hinos,
provérbios nos quais o povo registra seus sentimentos e expressa sua sabedoria tirada da experiência
da vida.
Jó: escrito no quinto século aC. Num estilo poético, o livro apresenta o problema do sofrimento.
Baseados no Deuteronômio, os judeus achavam que o sofrimento significa castigo e abandono de
Deus. O Livro de Jó vem provar que não é assim, pois Jó sofre e é um justo amado por Deus, critica
duramente a teologia da retribuição fortemente instaurada no pós-exílio. Este livro quer nos ensinar
a confiar em Deus, mesmo no extremo do sofrimento e da solidão. Certamente esse homem Jó não
existiu. Trata-se, pois, de uma parábola, como o Filho Pródigo.
Salmos(Sl): é um verdadeiro manual de orações para o povo judeu, para Jesus e para nós. A palavra
“Salmos” quer dizer “louvores”. São poesias para serem cantadas. Ao todo são 150 salmos. Boa
parte foi atribuída em homenagem ao rei Davi.
Todas as traduções da Bíblia trazem os mesmos 150 salmos. Sua numeração porém, varia:
existe a do texto hebraico e a da versão dos Setenta. Aconteceu o seguinte: a versão dos Setenta
juntou em um só os salmos 9 e 10, bem como os salmos 114 e 115; mas dividiu em dois os salmos
116 e 147 do texto hebraico. Ficaram assim divididos:
Hebraico
Setenta
1 -8........................................................... 1 – 8
9 ............................................................... 9, 1 -21
10.............................................................. 9, 22 ao fim
11 – 113.................................................... 10 – 112
114............................................................ 113, 1 – 8
115............................................................ 113, 9 ao fim
116, 1 – 9.................................................. 114
116, 10 ao fim........................................... 115
117 – 146.................................................. 116 – 145
147, 1 – 11................................................. 146
9
147, 12 ao fim............................................ 147
148 – 150................................................... 148 - 150
Provérbios(Pr): o livro dos Provérbios é uma compilação de coletâneas. No pós-exílio, não há
mais reis e há poucos profetas em Israel. Quem assume o papel profético e messiânico é a própria
sabedoria popular.
Eclesiastes(Ecl): mostra a instabilidade e a insegurança da vida presente. Começa dizendo:
“vaidade, das vaidades. Tudo é vaidade” (Ecl 1,2). Mas no meio desse pessimismo, o Eclesiastes
ainda lembra que há muita coisa boa sobre a terra, e que tudo o que é bom vem de Deus. Por isso,
precisamos amar a Deus e obedecer aos seus mandamentos.
Cântico dos Cânticos(Ct): é uma expressão que significa “o canto por excelência”, ou “o mais
belo dos Cânticos”. É um cântico de amor, bem ao estilo oriental. Toma como exemplo o amor do
esposo e da esposa, mas o bom israelita já sabe que se refere ao amor de Deus com o seu Povo, com
que faz uma Aliança. Os cristãos pensam no amor de Jesus pela humanidade.
Sabedoria(Sb): não se trata da sabedoria mundana dos filósofos, pelo contrário, o livro da
Sabedoria quer que não se pense a respeito de Deus à maneira dos pagãos. Trata-se de uma
sabedoria que é Vida e Amor. Uma Sabedoria que procede de Deus. É um livro bem próximo do
Segundo Testamento. Fala da imortalidade da alma e do destino eterno da pessoa, como o livro do
Segundo Macabeus.
Eclesiástico(Eclo): chama-se também “Sabedoria de Jesus, filho de Sirac”, ou simplesmente Livro
de Sirac. Foi escrito mais ou menos 120 anos aC. Faz considerações sobre a vida humana. Mostra o
valor estável da Lei de Deus, que nos conduz ao que é eterno. É um convite a obedecer aos sábios
preceitos divinos. Leva-nos a praticar a virtude e a fugir do pecado. Ele procura educar a pessoa
para uma vida feliz.
Livros proféticos (São 18 livros)
Os livros narram as histórias de pessoas escolhidas por Deus e enviadas para anunciar a Palavra e
denunciar as injustiças e idolatrias. Na Bíblia, Profeta não é aquele que prevê o futuro, mas aquele
que, atento ao presente, conhece o passado, e percebe os sinais de Deus para apontar os caminhos
que Deus designa para o seu povo seguir pela voz do profeta. Ao lermos estas histórias,
descobrimos que sofreram, foram perseguidos e até assassinados, mas, foram fiéis ao Senhor e a
missão que lhes foi confiada.
Isaías(Is): é o maior profeta de Israel. Nasceu em Jerusalém, por volta do ano de 760 aC. Com
vinte anos começou a profetizar. Exerceu essa missão durante aproximadamente 50 anos. É o
profeta da justiça. Denúncia as explorações sociais e a idolatria. Fala claramente do Messias.
Lembramos que o livro de Isaías divide-se em três partes: a primeira vai do capítulo 1-39, seu autor
é Isaías. A segunda parte vai do capítulo 40 ao 55 e é chamado “Segundo Isaías”. A terceira parte
vai do capítulo 56 até o fim, e não se sabe ao certo o autor da segunda e terceira partes.
Jeremias(Jr): nasceu no ano 650 a.C. Profetizou durante 40 anos. Foi o “profeta das desgraças”.
Entre as coisas ruins que predisse, estava a deportação dos judeus. Por isso foi perseguido e
humilhado, visto como um derrotista. Ele viu e também sofreu as desgraças que predisse. Tornou-se
assim, a figura de Jesus: “o homem das dores”. Jeremias lutou pela reforma religiosa.
Lamentações(Lm): é um livro composto nos anos após a destruição de Jerusalém, em 586 aC.
Contém orações, lamentações e súplicas, para que, apesar de tantos castigos, o povo volte a confiar
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em Deus e na sua Aliança. Este livro era lido anualmente pelos judeus, no aniversário da destruição
do templo.
Baruc(Br): o profeta que exorta o povo a fazer penitência. Além de ser um poema à Sabedoria
divina, é também um convite à coragem, à resignação e à esperança. Baruc quer dizer “abençoado”.
Foi secretário de Jeremias.
Ezequiel(Ez): quer dizer: “aquele que Deus faz forte”. Quando Jerusalém foi tomada por
Nabucodonosor, no ano 586 aC, o rei, sete mil soldados e muitos judeus importantes foram levados
para o exílio, na Babilônia. Lá, os deportados não sofriam fisicamente, pois não eram escravos.
Tinham sua liberdade. Podiam trabalhar, negociar e se organizar em comunidades. O que os fazia
sofrer era a distância da Pátria, especialmente a saudade do templo. No começo era uma tristeza
estarem misturados com os pagãos. Mas, aos poucos, os judeus começaram também a viver à
maneira dos pagãos, adotando certos ritos da idolatria. É no meio desses judeus deportados que o
profeta Ezequiel exerce sua missão, procurando levar o povo à fidelidade à Aliança com seu
verdadeiro Deus. Fala do Messias como de um pastor que vai apascentar o seu rebanho, e anuncia a
restauração de Israel.
Daniel(Dn): é o nome de um personagem ideal que sofre no exílio. Tem fé viva e ardor patriótico.
É o herói principal da obra. O livro fala de um “reino que jamais será destruído” (Dn 2,44). Deve ter
sido escrito durante a perseguição de Antíoco IV, entre os anos 167-163 aC. O autor pretende
consolar e animar os que são perseguidos pelo Rei.
Oséias(Os): seu ministério deve ter sido exercido aí pelos anos 750 aC. Fala das infidelidades de
Israel para com seu Deus, e compara a união de Deus com seu povo ao amor de um noivado. Os
doze profetas, de Oséias para frente, chamam-se “Profetas Menores”.
Joel(Jl): profetizou no Reino de Judá e em Jerusalém, onde nasceu. Fala do culto divino e do amor
que o Espírito Santo faz brotar em seu povo. Sua atuação foi exercida nos anos 400 aC.
Amós(Am): era camponês, de alma simples e fervorosa. Pastor de ovelhas nas proximidades de
Belém. Deus o chamou para profetizar durante o reinado de Jeroboão II (780 – 744 aC). Amós
condena as injustiças sociais que massacram a Samaria, especialmente a corrupção dos líderes e a
opressão dos pobres. Ameaça tais injustiças com castigos.
Abdias(Ab): profetizou aí pelos anos 550 aC. Anunciou castigos contra Edom, ou idumeus, e o
triunfo de Israel no dia de Javé, porque estes (idumeus) se aproveitaram da ruína de Israel.
Jonas(Jn): deve ser uma espécie de parábola. Mostra que Deus chama à conversão não somente os
judeus, mas também os pagãos, os quais ouvem prontamente a voz de Deus.
Miquéias(Mq): nasceu perto de Hebrom. Foi contemporâneo de Isaías. Profetizou no fim do século
oitavo aC. Anunciou a ruína da Samaria (que aconteceu no ano 722 aC). Predisse que o Messias
nasceria em Belém (Mq 5,2).
Naum(Na): fala da grandeza de Deus e do poder com que o Criador governa o mundo. Alegra-se
com a queda de Nínive, que se deu no ano 608 aC.
Habacuc(Hb): atuou entre os anos 609 a 600, durante o reinado de Joaquim. O profeta foi duro nas
suas denúncias contra os assírios e os babilônicos.
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Sofonias(Sf): profetizou no reinado de Josias, aí pelos anos 625 aC. Profetizou a justiça divina,
anunciando o dia de Deus, ocasião em que seriam punidos todos os maus, pagãos ou judeus. Fala
também da felicidade de tempos messiânicos.
Ageu(Ag): exerceu seu ministério em Jerusalém, por volta ao ano 520, quando estava sendo
reconstruído o templo. Para ele, todas as desgraças eram causadas pelo fato de o templo estar
destruído. Ele anima o povo com as esperanças dos tempos messiânicos. Ageu quer dizer “aquele
que nasceu durante a festa” ou “peregrino”.
Zacarias(Zc): é contemporâneo de Ageu. Prega uma reforma moral e exorta o povo a reconstruir o
templo. Fala da vinda do Messias e da conversão das nações.
Malaquias(Ml): quer dizer “meu mensageiro”. Provavelmente profetizou pelo ano 444 aC. Fala do
amor de Deus pelo seu povo. E diz que, se Deus não está concedendo mais bênçãos, é porque está
havendo adultério, divórcio, etc.
O cânon aceito pelos católicos é composto por 46 livros no Primeiro/Antigo Testamento.
12. Divisão cronológica dos livros da Bíblia.
I. Profetas do Séc. VIII. (780-700 aC)
Defesa dos pobres e crítica ao poder com mais radicalidade.
- Amós: (760-756). Pastor do campo, da cidade de Técua. Reino do Norte (Am 7,10-17).
- Oséias: (755-722). Levita do interior, luta contra o culto da Samaria (Os 1,1).
- 1° Isaías 1-39: (740-701) Profeta do palácio. Defende o direito dos pobres, dos órfãos e das
viúvas.
- Miquéias: (725-701). Representa a luta entre o campo e a cidade (Mq 1,1).
II. Séc. VII e início do Séc. VI aC
Projeto de reconstrução do povo – novos projetos.
- Sofonias: (630). Contemporâneo a Naum e Jeremias, (Sf 1,1-9; 2-3).
- Naum: (653-612). Relacionado com a queda de Nínive. Quebra do Império Assírio.
- Jeremias: (627-585) É levita do campo. Faz parte da família marginalizada de Abiatar. Ele critica
todas as instituições - templo, reis, profetas, sacerdotes. Defende o direito dos pobres como centro
da vida do povo. (Jr 7; 16).
- Habacuc: (605-600) Queda da Assíria e ascensão da Babilônia
- Profetiza Hulda: (622) II Reis 22,11-20.
III. Séc. VI Período do exílio
- Ezequiel: (593-571) é de Jerusalém (sacerdote da linhagem de sadoc). Mostra que o núcleo da
restauração está entre os exilados da Babilônia. Ele foi para o Exílio na primeira deportação, Ele se
converteu na Babilônia, transformou-se num profeta, foi enviado, porém, não abandonou o seu
caráter sacerdotal. Ezequiel vai dar as bases para o Pós-exílio.
- Lamentações: contos fúnebres que descrevem de modo doloroso e em forma poética a destruição
da cidade de Jerusalém. Tratam da angústia do povo humilhado e que perdeu tudo.
- Abdias: (585-580) escriba do templo, mostra a destruição do mundo pagão (representado por
Edom) e a vinda da realiza de Javé ao monte Sião.
- 2° Isaías: 40-55 (550-540) entre os exilados anuncia a libertação dos cativos, o fim da idolatria e vinda
da realeza de Javé.
- Pequeno Apocalipse: (Is 34-35) canto escrito entre os exilados que mostra a vitória deles contra as nações opressoras.
- Releitura e escritos de Juízes, Josue, I e II Samuel, I e II Reis
- Releitura do Pentateuco
- Alguns salmos ex.:137
12
IV. Período do pós-exílio após 538
- Ageu: (520-515) é de Judá. Não aceita a política persa de dominação e marginalização do templo
no sistema econômico e político. Espera a reestruturação do reino de Davi com o príncipe
Zorobabel (2,8).
- Zacarias: (520-515) (1-8) é um levita que vem do exílio. Tem um projeto próximo do povo da
terra (7,4; 3,8), mas um programa que legitima o poder político que vem dos exilados (Zc 6)
- 3° Isaías: (Is 56-66) (520-500) é um profeta da periferia: mostra a crise entre vários grupos e a
decadência de Judá.
- Malaquias: (465) é um levita que luta contra a hegemonia dos sacerdotes de Jerusalém. Mostra a
crise do sacrifício. Procura restaurar a Aliança de Levi a ética de Javé (Ml 3)
- 400 aC – escritos e releituras de: Rute, Jó, Cânticos, Jonas e Profeta Joel, Pentateuco.
- Zacarias: (9-14) (330 – 245) levita que nasce do grupo dos pobres. Critica o imperialismo de
Alexandre Magno e o Estado do tipo Salomônico.
- 350 aC – Compilação final dos livros: Provérbios, Obra Historiográfica Cronista (I e II
Crônicas, Esdras, Neemias e Salmos)
- Ester – edição Hebraica (350)
- Eclesiastes (250)
- Tobias (200)
- Eclesiastico (180)
- Daniel, Judite, 2° Macabeus (167-142)
- Baruc: (142) mostra a importância dos sentimentos religiosos dos israelitas espalhados por todo o
mundo. Devem continuar sendo a consciência viva do que representou o desastre nacional: culpa
deles mesmos.
- Ester – edição grega (134-104)
- 1° Macabeus (103-76)
- Sabedoria (60)
13. Cronologia do Primeiro e Segundo Testamento
Abaixo, encontram-se as principais datas e fatos históricos do Primeiro/Antigo Testamento,
bem como, as citações bíblicas onde se encontram.
 1830 aC – Começo da história de Israel com Abraão e Sara. (Gn 12-25,11)
 1700 aC – José no Egito (Gn 37-45)
 1600 aC – Jacó e sua família vão para o Egito (Gn 46-50)
 1600-1250 aC – Tempo de escravidão no Egito (Ex 1)
 1250 aC – Saída do Egito (Ex 12-15,21)
 1250 – 1210 aC – Peregrinação pelo deserto (Nm e Dt)
 1210 aC – Conquista da Terra Prometida (Js 1-6)
 1210 – 1040 aC – Tempo dos Juízes (Jz)
 1030 aC – Monarquia, Saul é o primeiro rei (1Sm 8-31)
 1010 aC – Davi é sucessor de Saul (2Sm 1-20)
 950 aC – Começam a surgir, na corte, os primeiros escritos bíblicos.
 970 aC – Reinado de Salomão (1Rs 1-11)
Norte - Israel até 722 – Início da dominação assíria
 931 aC – divisão do reino
(1Rs 12,1-19)
Sul - Judá até 586 – Início da dominação Babilônica
 722 aC – Fim do Reino do Norte (2Rs 17,1-23)
 622 aC – Reforma de Josias (2Rs 22-23)
 586 aC – Fim do Reino de Judá. Exílio Babilônico (2Rs 24-25)
 555 – 530 aC– Ciro rei dos persas liberta a Pérsia da dominação dos medos
 539 aC – Ciro conquista a Babilônia.
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538 aC – Ciro decreta o retorno dos exilados (Esd 1,1-11;3,2-3.8; 2Cr 36,22-23)
538-333 aC – Dominação Persa (Ne)
520-515 aC – reconstrução do templo sob a direção do governador Zorobabel e do sumosacerdote Josué (Esd 4,24-6,18).
515 aC – Inauguração do segundo templo ( Esd 6,19-22)
445-433 aC – primeira missão de Neemias (Ne 3-6) reconstrução das murralhas
430-425 aC – segunda missão de Neemias (Ne 13,6-7)
398 aC - missão de Esdras.
350 aC – Construção do templo de Garizim em Samaria ( 2Mc 6,2; Jo 4,20)
333-67 aC – Dominação Grega (1Mc)
167-65 aC – Pequeno período de libertação.
63 aC.-135 dC – Dominação romana.
d.C.
5 - Nascimento de Paulo.
20 - Paulo vai morar em Jerusalém, com objetivo de formar-se rabino na escola de Gamaliel
(At 22,2).
30 - Morte e Ressurreição de Jesus.
35 - Conversão de Paulo (At 9,1-19).
45 - (Aproximadamente): estada em Antioquia da Síria (At 11,25-26).
46- 48 - Primeira viagem da Equipe de Paulo (At 13-14).
49 - Concílio de Jerusalém.
49 - Um edito do imperador Cláudio ordenou a expulsão dos judeus de Roma (At 18,2).
49-52 - Segunda viagem da Equipe de Paulo: Derbe, Listra, Icônio, Antioquia da Pisídia,
Filipos, Tessalônica, Atenas, Corinto, Cesaréia, Jerusalém (At 15,39 a 18,22).
51- Primeiro escrito do Segundo Testamento.
53-57/58 - Terceira viagem da Equipe de Paulo: Galácia, Éfeso, Filipos, Trôade, Mileto, Tiro,
Cesaréia, Jerusalém (At 18,23 a 21,16).
54-68 - Nero assume no lugar do imperador Claúdio.
58 -60 - Paulo, prisionerio em Jerusalém e Cesaréia (21,15-26,23).
59 - Quarta viagem ( At 21,17 a 28,16)???
60 - Paulo é levado preso para Roma (At 27,1 a 28,10).
61-62 – Prisão domiciliar em Roma (At 28,11ss).
62 - Tiago, irmão do Senhor, é apedrejado.
64-65 - Nero incendeia um bairro de Roma para culpar os cristãos.
64-66 - Provável assassinato de Paulo e Pedro.
63 -73 - Revolta judaica contra o Império Romano. Fuga dos cristãos de Jerusalém.
66 - Explode a Revolta judaica. Durante esta guerra, muitos grupos judeus irão desaparecer.
70 - Destruição de Jerusalem e do templo por Tito, general Romano.
81-96 - Perseguição de Domiciano (irmão de Tito). (Ele exige ser cultuado como deus; mata os
líderes; exerce a perseguição Ideológica).
85-90 - Sínodo de Jâmnia – exclusão definitiva dos judeu-cristãos das sinagogas. Início da
progressiva separação entre as comunidades cristãs e as sinagogas judaicas.
132-135 - Segunda guerra judaico-ramana. Jerusalém é transformada em colônia romana. Os
judeus são expulsos da Judéia e proibidos de entrar em Jerusalém.
14. Segundo ou Novo Testamento - Introdução
 Os livros do Segundo Testamento também nascem nas comunidades.
 Os apóstolos e discípulos não tinham gravador, filmadora etc. para gravar as palavras e os
gestos de Jesus.
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 Jesus não deixou nada escrito. Os apóstolos e os grupos foram transmitindo através da palavra,
cartas e bilhetes o que Ele fez e ensinou. Mais tarde as comunidades começaram aqui e acolá a
escrever esta pregação que começou a se chamar de Evangelho.
 Não podemos nos esquecer que Paulo foi o primeiro a escrever.
15. Escritos Bíblicos do Segundo Testamento
• 51 - 1ª Tessalonicenses
• 54 - 56 - 1ª Coríntios, Gálatas, Filipenses, Filemon
• 55 - 56 - 2ª Coríntios e Romanos
• 70 - Evangelho de Marcos
• 80 - 2ª Tessalonicenses
• 85- 90 - Evangelho de Mateus, Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos
• 95 - Efésios, Colossenses, 1ª Carta de Pedro, Tiago e Judas
• 100 - Apocalipse, Hebreus e Evangelho de João
• 110 - 1ª, 2ª e 3ª Carta de João
• 115 - 1ª e 2ª Timóteo e Tito
• 130 - 2ª Carta de Pedro
15.1. As Cartas Autênticas de Paulo
 1ª Tessalonicenses - 51 - Corinto
 1ª Coríntios - entre 54 e 56 - Éfeso
 Gálatas - entre 54 e 56 - Éfeso
 Filipenses - entre 54 e 56 - Éfeso
 Filemon - entre 54 e 56 - Éfeso
 2ª Coríntios - entre 55 e 56 - Éfeso e Macedônia
 Romanos - 56 – Corinto
15.2. Cartas Deutero-Paulinas
• 2ª Tessalonicenses, Colossenses e Efésios.
15.3. Cartas Pastorais
• 1ª e 2ª Timóteo e Tito
16. Gerações do Cristianismo Primitivo
Existiram três gerações de comunidades cristãs primitivas desde a sua origem, após a morte
e ressurreição de Jesus, até o último escrito do Segundo Testamento, em torno de 140 dC.
A Primeira Geração é dos seguidores e seguidoras de Jesus de Nazaré. Aqueles que
conheceram Jesus ou que aderiram a Ele ainda nos primeiros anos do movimento cristão. É a
chamada época apostólica, que vai desde o ano 30 a 67, quando os primeiros seguidores já estavam
mortos, por morte natural ou martirizados.
O período apostólico pode ser divido ainda em dois momentos distintos. Primeiro é o
anterior a assembleia de Jerusalém em 49, o Concílio de Jerusalém. Sobre essa época, não há escrito
bíblico, porém, extrabiblico há informações do historiador judeu Flávio Josefo, mesmo assim,
posteriores. O segundo momento inicia com o Concílio de Jerusalém e vai até o ano 67. É o tempo
auge da missão de Paulo e sua equipe. As cartas autênticas de Paulo: 1ª Tessalonicenses, Filemon,
Filipenses, Gálatas, 1ª e 2ª Coríntios e Romanos, são escritas nesse período.
A Segunda Geração é a chamada época subapostólica, entre os 67 a 97. São as pessoas que
se converteram a partir do trabalho pastoral desenvolvido pelas testemunhas de Jesus. Nas
comunidades da primeira geração, participavam quase exclusivamente ‘pessoas’ que aderiam ao
Evangelho de Jesus de Nazaré. Já nas igrejas da segunda geração, faziam parte ‘famílias’ inteiras,
uma vez que já havia cristãos que nasceram em famílias que aderiram às comunidades cristãs.
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Os escritos desse período são: Evangelho de Marcos, Evangelho de Lucas e Atos dos
Apóstolos; Cartas Deutero-Paulinas, escritas pelos discípulos de Paulo e relatam o seu pensamento:
2ª Tessalonicenses, Colossenses, Efésios e 1ª Pedro; Herança das comunidades de Tiago: Evangelho
de Mateus, Carta de Tiago e Judas.
Na época subapostólica, as comunidades passaram a viver um período de crise. Primeiro,
por causa do desaparecimento da primeira geração de discípulos e discípulas. A perseguição pelos
líderes das sinagogas, quando reorganizaram o judaísmo após a destruição do templo e de
Jerusalém. Por fim, também por causa da repressão por parte do Império Romano na época dos
imperadores Vespasiano (69-79), Tito (79-81) e, sobretudo Domiciano (81-96).
Por causa da perseguição, o Cristianismo primitivo mudou da região da Palestina em direção
à região ao norte e leste do Lago da Galileia, em direção à Síria ou a outros lugares. Neste contexto,
iniciou-se a progressiva ruptura entre os judeu-cristãos e as sinagogas.
Foi para ajudar as comunidades a sobreviver a essa crise que nasceram os escritos da
segunda e terceira geração. Estes escritos quiseram ser um apoio, uma luz num período em
que já não havia mais a orientação da primeira geração de discípulos/as de Jesus de Nazaré e
diante da perseguição, tanto por autoridades judaicas quanto romanas.
A Terceira Geração, período pós-apostólico, que vai de 97 a 140. Os escritos dessa época
são chamados Cartas Pastorais, escritas pelos discípulos dos discípulos de Paulo. São elas: 1ª e 2ª
Timóteo, Tito, Judas, 2ª Pedro, e também Carta aos Hebreus que é um tratado teológico-pastoral
sem características de carta convencional e ainda: Apocalipse, Evangelho de João e 1ª, 2ª e 3ª cartas
de João.
17. Situação do Povo no Império Romano
 Situação Econômica:
• Um terço (1/3) da população era de agricultores. Cultivavam árvores frutíferas, criavam gado
pequeno: ovelhas... havia minas de cobre e mármore onde trabalhavam muitos escravos.
Pequenos fabricantes de armas para o exército romano e artesãos. O povo tinha que pagar altos
impostos (tributo).
• O comércio era feito por via marítima e terrestre.
• Mais da metade da população era escrava.
 Situação Política
• Todo o poder era centralizado nas mãos do imperador (César). O poder romano se expandia
cada vez mais. Para eles o importante era:
• terra – para produzir;
• dinheiro – o imposto sustentava o império;
• mão de obra – escrava.
• Função do exército = manter a segurança do império, para assegurar a paz. A paz romana
significava que ninguém deveria perturbar o sistema. A lei romana prevalecia em tudo. O povo
não tinha vez nem voz, era oprimido. Não podia questionar nada.
 Situação Social
• O território romano tinha, -+ 80 milhões de habitastes. Desses, mais de 40 milhões eram
escravos.
• A sociedade era dividida em:
 Cidadão romano: possuía todos os privilégios e direitos da sociedade; 5 milhões de
cidadãos romanos tinham o cargo por causa do pai (At 16,37; 22,25.29).
• Natural – que nascesse em Roma ou Itália.
• Mérito – pessoas que prestassem grandes serviços ao império e o imperador dava este título
como gratificação.
• Comprado – adquiridos por pessoas com boas condições financiarias.
16
•
Cidadão livre – nunca foi escravizado, podia votar e ser votado nas assembléias. Paulo era filho
de cidadão romano, por isso era cidadão romano e podia votar.
 Estrangeiro – eram livres mas não tinham nenhum direito de participar nas assembléias e
nem de dar palpites. Não eram nascidos no local.
 Escravos – mais de 40 milhões de pessoas eram escravas, consideradas como mercadoria,
simples objeto de trabalho. Apareciam na lista dos bens, depois do gado. Dependiam
totalmente de seus donos.
• Dos 80 milhões de habitantes do Império Romano, -+ 120 eram cristãos. O Reino era grão de
mostarda.
 Situação Religiosa
• A religião era um meio de sustentar o sistema de dominação. Haviam vários tipos de culto:
* Culto ao Império: adorar o imperador como deus(césar é o Senhor). A cidade de Roma era
considerada a deusa do império.
* Culto aos deuses da cidade: cada cidade tinha um(a) deus(a). Ex. em Éfeso adorava-se a deusa
Ártemis (At 19,24).
* Culto aos deuses do lar: cada família cultuava um deus(deuses do lar). O pai era o sacerdote
desse culto.
Culto dos Mistérios: cultos vindos do Oriente: Egito - culto aos deuses: Ísis e Osíres; Fenícia –
culto aos deuses: Ball, Asrtarte; Ásia Menor culto às deusas: Cibele e Ártemis... todos eram
obrigados a aceitar César como deus. Todas essas religiões não apresentavam propostas de
transformação da sociedade. Nunca se falava em organização ou em luta pela liberdade e
justiça.
* Cultos de conhecimento: procuravam dar sentido à vida através do conhecimento. (Quais são os
deuses de nossa época?).
18. Informações sobre Paulo nas Cartas e Atos
 Saulo – nome judaico (At 7,58)
 Paulo – nome romano (At 13,9)
 Paulo nasceu no ano +_ 5 d.C., em Tarso na Cilícia da Ásia Menor.
 Tarso ficava a uns 15 Km do mar Mediterrâneo, tinha aproximadamente 300 mil habitantes.
 Era judeu rigoroso fariseu (At 9,11; 21,39; 22,3).
 Paulo teve sua formação básica (estudo) em Jerusalém, com Gamaliel (At 22,3). Formou-se
doutor da lei.
 Era fabricante de tendas e outros objetos de couros (artesão) (At 18,3).
 Era cidadão romano (At 16,37; 22,25). Provavelmente herdou esse título de seu pai.
 Paulo em sua peregrinação missionária não aceitava ser remunerado, nem ganhar esmolas,
insiste no valor do trabalho. Trabalhava com as próprias mãos (At 18,3), aceitando assim a
condição de escravo, pois somente os escravos faziam trabalhos manuais. Como cidadão
romano não podia ser flagelado e nem crucificado.
 Como fariseu, era zeloso chegando a perseguir os cristãos (At 7,58; 23,6; Gl 1,23).
 Sua pregação era para pagãos. Após sua conversão, ele tem um modelo único: Jesus Cristo, e
Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado.
19. Pensamento de Paulo sobre a Mulher
• Homem e mulher – igualdade de direitos e deveres - respeito mútuo.
• As mulheres estiveram muito presentes na evangelização de Paulo.
• Lídia – animadora da comunidade de Filípos (At 16,14).
• Priscila – animadora da comunidade de Corinto e Éfeso (At 18,1-8).
• Febe – diaconisa da Igreja de Cencréia (Rm 16,1).
• Maria – comunidade de Roma (Rm 16,6).
• Ninfas – comunidade de Colossas (Cl 4,15).
• Trifena e Trifosa – comunidade de Roma (Rm 16,12).
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20. Pontos principais das Cartas e dos Evangelhos
• As cartas falam diretamente do mistério pascal – morte e ressurreição de Jesus;
• Marcos inicia seu Evangelho pelo batismo e dá ênfase à missão de Jesus;
• Mateus inicia seu Evangelho retomando Abraão até o mistério pascal;
• Lucas inicia seu Evangelho retomando Adão até o mistério pascal;
• João inicia com a criação até o ministério pascal.
21. Comentário dos livros do Segundo Testamento
Evangelhos:
Os Evangelhos são o centro do Novo Testamento. Neles está a vida de Jesus e os seus
ensinamentos; a Palavra que se fez carne, o Filho de Deus que veio ao mundo para realizar a eterna
e definitiva Aliança. Cada Evangelho foi escrito em uma época e com o objetivo de apresentar
quem foi Jesus a partir do conhecimento e da experiência de fé de cada um dos autores e suas
comunidades. Não são biografias de Jesus, mas querem fazer com que Jesus seja conhecido, amado
e seguido. Evangelho é uma palavra da língua grega e significa BOA NOVA ou BOA NOTÍCIA.
Os evangelhos, portanto, trazem aquilo que as diferentes comunidades guardaram e refletiram sobre
Jesus – Boa Nova do Pai e Boa Notícia da Salvação, sua pessoa, seus ensinamentos e suas atitudes.
Assim temos quatro narrativas diferentes.
Mateus, Marcos e Lucas são também chamados de Evangelhos sinóticos porque colocados
em colunas paralelas pode perceber muita semelhança entre eles (Ex.: Mc 3,1-4; Mt 12,9-14; Lc
14,1-6). Já o Evangelho de João é bem diferente.
Mateus(Mt): é representado pela figura de um homem, porque começou seu texto a partir da
genealogia de Jesus. Mateus é um nome hebraico que significa “dom de Deus”. Ele era cobrador de
impostos em Cafarnaum, uma cidade situada junto ao mar da Galiléia. Sua profissão era mal vista,
porque arrancava pesados impostos do povo. Por isso, Mateus mesmo se intitula “Mateus, o
publicano”, que significa: o pecador (Mt 10,3). Era também chamado Levi (Mc 2,13-14). Foi
convidado pessoalmente por Jesus para ser discípulo. Estava sentado à mesa em sua coletoria,
quando Jesus passou pela calçada e lhe disse: “Segue-me!” Mateus, levantando-se e seguiu Jesus
(Mt 9,9).
Seu Evangelho é o primeiro da lista. É também o mais extenso. O original foi escrito em
aramaico, pelos anos 55 a 60. Tal original não existe mais. Mas dele foi feito um texto em grego.
Essa redação em grego é dos anos 85 a 90. O Evangelho de Mateus é dirigido especialmente aos
judeus convertidos; por isso tem o cuidado de mostrar que Jesus de Nazaré é o herdeiro das
promessas feitas por Deus a Davi. Portanto, Jesus é o Messias anunciado pelos profetas.
Marcos(Mc): é representado pela figura de um leão, porque começou a narração de seu Evangelho
no deserto, onde mora a fera e era também chamado de João Marcos (At 15,37). Sua mãe chamavase Maria, a qual possuía uma casa em Roma, onde uma comunidade cristã se reunia. Marcos era
primo de Barnabé, e discípulo de Pedro. Ele foi redigindo o Evangelho a partir das pregações de
Pedro. Provavelmente Marcos tinha escrito seu Evangelho em Roma, entre os anos 60 e 70, antes da
destruição de Jerusalém, que se deu no ano 70.
Marcos põe em evidência os milagres de Jesus, pois pretende mostrar a bondade do Senhor e
a sua divindade, não se preocupando muito com as datas. Seu Evangelho se dirige especialmente
aos cristãos vindos do paganismo; portanto, de origem grega ou romana. Sua linguagem é viva, com
muitas minúcias.
Lucas(Lc): é representado pelo touro, porque começou o Evangelho falando do templo, onde eram
imolados os bois. Lucas nasceu em Antioquia da Síria, de família pagã. Converteu-se por volta do
ano 40. Estudou medicina e estava bem colocado entre as pessoas cultas do mundo grego-romano.
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Pertenceu à segunda geração dos cristãos. Portanto, não foi discípulo direto de Jesus, mas de Paulo,
de quem se fez grande amigo, alegrando-se e sofrendo com ele por causa do Evangelho.
Lucas escreveu o terceiro Evangelho, não como testemunha ocular, mas, conforme ele
mesmo diz, escreveu “depois de ter diligentemente investigado tudo desde o princípio” (Lc 1,3).
Portanto, escreveu como historiador. Seu Evangelho foi redigido depois dos Evangelhos de Mateus
e Marcos. Talvez pelo ano 85 a 90. Lucas dirigiu-se especialmente aos cristãos de origem pagã,
gregos e romanos. O objetivo do seu Evangelho é fortalecer os cristãos na fé. É o evangelista que
mais fala sobre o nascimento e a infância de Jesus. Certamente, entre as pessoas que consultou para
escrever, está em primeiro lugar a Virgem Maria. Lucas usa uma linguagem correta e bonita e dá
um destaque especial quando fala da misericórdia de Deus, contando as parábolas da ovelha
perdida, da moeda perdida e do filho pródigo.
João(Jo): é representado pela águia, por causa do elevado estilo de seu Evangelho, que fala da
Divindade e do Mistério altíssimo do Filho de Deus. É filho de Zebedeu (Mc 1,19). Sua mãe
chamava-se Salomé (Mt 27,56). Era pescador do mar da Galiléia por onde Jesus passou e o chamou
para ser apóstolo juntamente com seu irmão Tiago (Mt 4,21-22). Os dois eram de temperamento
violento. Tanto é que Jesus os apelidou de “Boanerges”, que quer dizer: “filhos do trovão” (Mc
3,17). João era chamado o “discípulo que Jesus mais amava” (Jo 13,23).
Ele foi testemunha ocular de toda a missão do Senhor. João mesmo diz que escreve “o que
viu e ouviu, o que contemplou com os olhos e tocou com as próprias mãos” (1Jo 1,1). A
comunidade joanina escreve seu Evangelho de maneira original, penetrando o mistério das
humilhações e da glória de Cristo. Fala da “vida eterna” como realidade já presente na terra, na
Pessoa de Jesus. É verdadeiro teólogo, não simples cronista. João não escreve para os pagãos, mas
para as comunidades. Quer mostrar, ao vivo, a Divindade do Mestre, o seu Mistério invisível
escondido num Deus feito homem. O Evangelho é redigido no final do 1º século.
Atos dos Apóstolos(At): Este livro narra, sobretudo a reflexão de Lucas sobre os atos dos
Apóstolos, mas especialmente de Pedro e de Paulo. Descreve, também, um pouco da organização e
das dificuldades de algumas das primeiras comunidades cristãs e reflete sobre isso com o olhar de
Deus. É assim que nos Atos está muito presente a ação do Espírito Santo. Ele é a força e a alegria
profunda dos Apóstolos e das comunidades. Nos Evangelhos, vemos Cristo fundando sua Igreja. No
livro dos Atos, vemos essa mesma Igreja dando os primeiros passos e espalhando-se pelo mundo.
O livro dos Atos salienta uma coisa muito importante na vida da Igreja: a ação do Espírito
Santo. O próprio Jesus havia dito aos discípulos antes de subir ao céu: “quando o Espírito Santo
tiver descido sobre vós, recebereis o vigor, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como
em toda a Judéia e Samaria, e até às extremidades da terra” (At 1,8). O livro dos Atos escrito entre
os anos 85 a 90 é de suma importância para nós. Ele nos apresenta a experiência viva da Igreja
primitiva, com aqueles quatro pontos fundamentais para a vida da Igreja: o quérigma, a catequese, a
vida em comunidade e a missão apostólica.
- quérigma: é o primeiro anúncio do Evangelho ou chamado à conversão. É o que os Apóstolos
fizeram quando anunciaram e testemunharam Jesus Cristo ressuscitado, dizendo que Nele, e só Nele
estava a Salvação.
- catequese: na Igreja primitiva havia a catequese, que é a “educação na fé” ou aprofundamento no
conhecimento da Palavra de Deus, para aqueles que já aderiram a Jesus Cristo.
- vida em comunidade: na igreja primitiva houve uma forte experiência de vida em comunidade,
tanto em Jerusalém, como em Antioquia, em Corinto, e em outros lugares. Especialmente em
Jerusalém, vivenciaram a partilha dos bens, a oração em comum e a Eucaristia. Experimentaram
também, inúmeras dificuldades para provar a fé e o espírito fraterno.
- missão: na Igreja primitiva, narrada no livro dos Atos, está bem visível a “Missão Apostólica”, ou
seja, o exercício do poder que os Apóstolos receberam de Jesus. Vemos sempre Pedro ou outro
Apóstolo presidindo a comunidade e dizendo a última palavra em nome da Igreja. O livro dos Atos
termina sem conclusão. Parece que o autor o interrompe, sem ter chegado ao final.
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CARTAS PAULINAS – são cartas enviadas por Paulo às comunidades por ele fundadas ou aos
dirigentes. As cartas eram enviadas com o objetivo de ajudar as comunidades a superar os
problemas que surgiam à medida que iam crescendo. Através delas, Paulo se fazia presente como
pastor que acompanha e anima as ovelhas do seu rebanho. Hoje os estudiosos atribuem, com
certeza, apenas sete cartas a Paulo: Romanos, 1ª e 2ª Coríntios, Gálatas, Filipenses, 1ª
Tessalonicenses e Filemon. As cartas de Paulo são mais antigas que os evangelhos. O primeiro
escrito do Novo Testamento é a primeira carta aos Tessalonicenses. Paulo morreu entre os anos 64
e 68 dC, antes que fosse escrito o primeiro evangelho, o de Marcos.
1ª Tessalonicenses(1Ts): A primeira Tessalonicenses deve ser a Carta mais antigas que o Apóstolo
escreveu. Foi por volta do ano 50 a 52. Nesta carta fala da alegria que sente ao saber da felicidade
deles e de poder contar com seu progresso espiritual.
1ª Corintíos(1Cor): São Paulo escreveu de Éfeso aos cristãos da cidade de Corinto, para repreendêlos quanto aos abusos e disputas que surgiram na comunidade. Prega a humildade, inspirada na cruz
de Cristo. Recomenda a caridade.
Gálatas(Gl): Escrita nos anos 54 a 56 a uma comunidade da Galácia, com objetivo de resolver
problemas surgidos por causa dos judeus convertidos, que quiseram impor sua lei judaica aos
cristãos vindos do paganismo.
Filipenses(Fl): È possível que a carta seja uma coletânea de bilhetes sobre vários assuntos: Paulo
agradece o auxílio enviado pela comunidade, anuncia a visita de Timóteo, adverte a comunidade
contra a divisão e previne os filipenses contra a pregação dos cristãos judaizantes. A Carta aos
Filipenses tem um cunho pessoal. Manifesta alegria e afetividade.
Filêmon(Fm): É uma carta com apenas um capítulo. Dirige-se a um certo cristão rico, cujo escravo
fugitivo tinha vindo procurar proteção junto a Paulo. Então Paulo pede a este rico que perdoe o
escravo fugitivo arrependido e convertido em irmão, porque se fez cristão.
2° Corintíos(2Cor): Mostra o conflito entre Paulo e os apóstolos vindos de Jerusalém. Manifesta
suas tribulações e esperanças. O apóstolo defende os direitos gerais dos Apóstolos e se defende
também das acusações que os fiéis fazem contra sua pessoa.
Romanos(Rm): Escrita para uma comunidade cristã de Romanos. Fala das conseqüências do
pecado. Diz que o homem é incapaz de salvar-se por seus próprios merecimentos. Somos salvos
pela fé em Jesus Cristo, por pura misericórdia de Deus.
CARTAS DEUTERO-PAULINAS - as cartas aos Efésios, Colossenses e a 2ª Tessalonicenses
pertencem a discípulos de Paulo. Nessas cartas encontramos um pouco da vida do apóstolo, sua
pregação, seu trabalho, sua missão, problemas e orientações na organização das comunidades.
2ª Tessalonicenses(2Ts): O possível local de redação pode ser tanto na Ásia Menor como a
Macedônia, a partir do ano 80. Nesta carta, Paulo adverte os fiéis a respeito das falsas idéias e da
volta gloriosa de Jesus, que deve estar próxima. Aconselha os fiéis a confiarem em Deus para não
caírem nas ciladas do demônio.
Colossenses(Cl): provavelmente esta carta foi escrita em Éfeso pelo ano 95, antes da Carta aos
Efésios, pois esta depende daquela. Fala do Mistério de Cristo na Igreja e acrescenta uma série de
conselhos morais aos cristãos, que vivem uma vida nova em Jesus Cristo.
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Efésios(Ef): talvez em Éfeso pelo ano 95, depois da Carta aos Colossenses. Esta carta recomenda a
unidade dos cristãos. Paulo trata do Mistério de Cristo na Igreja.
CARTAS PASTORAIS – são assim chamadas por se dirigirem aos líderes, ou seja, “pastores” das
comunidades: 1ª e 2ª Timóteo e a carta a Tito. A carta a Tito e as duas a Timóteo são chamadas
“Epístolas Pastorais”, porque são dirigidas aos bispos os quais Paulo dá normas de pastoral.
Timóteo é discípulo de Paulo e seu companheiro de viagem. Depois é colocado à frente da
comunidade de Éfeso.
1ª Timóteo(1Tm): A Carta contém instruções, conselhos práticos sobre o desempenho do
ministério “pastoral” de Timóteo que está no governo da comunidade de Éfeso.
2ª Timóteo(2Tm): Nesta carta, Paulo dá normas de vida para homens, mulheres, diáconos e Bispos.
Fala também como devemos tratar as viúvas, os anciãos e os escravos.
Tito(Tt): É um grego, colaborador de Paulo. Nesta carta, Paulo orienta a respeito de como
reorganizar as comunidades cristãs na ilha de Creta.
CARTAS CATÓLICAS – São assim chamadas porque não são enviadas a uma comunidade em
particular, mas, a toda Igreja. (A palavra católica significa universal, aberta a todos). Elas não falam
de problemas específicos, mas, orientam a vida das comunidades de um modo geral.
Tiago(Tg): Foi escrita por Tiago, chamado “irmão do Senhor”. É o Tiago Menor, filho de Alfeu.
Foi Bispo de Jerusalém. A Carta tem a espiritualidade do Sermão da Montanha. Traz conselhos para
a vida moral. Recomenda a prática da piedade, da justiça e da caridade. Insiste também nas boas
obras, dizendo: “A fé sem obras é morta em si mesma” (Tg 2,17).
1ª Pedro(1Pd): Fala da alegria do cristão e da unidade de todos os batizados em Jesus Cristo.
Dirigida aos cristãos que sofrem por causa da fé. Esta carta lembra a importância da cruz de Cristo e
exorta todos a uma vida de santidade, dentro da profissão que cada um exerce. A primeira e a
Segunda Carta são escritas provavelmente por algum discípulo de Pedro.
2ª Pedro(2Pd): Quanto ao conteúdo, é semelhante à Carta de Judas. Rejeita as falsas doutrinas,
pregadas por alguns falsos profetas de vida corrupta. É uma exortação à fidelidade a Cristo e ao
amor de Deus, lembrando a vinda do Dia do Senhor.
1ª João(1Jo): As três cartas de João foram escritas no início do segundo século. Nesta primeira
carta, João fala que “Deus é amor e luz”. Por isso, o cristão deve comportar-se como filho da luz.
Deve fugir do pecado e obedecer aos preceitos divinos, especialmente ao da caridade. Se pecar,
deve confessar os seus pecados.
2ª João(2Jo): A segunda e a terceira cartas são pequenas. São mais bilhetes do que Cartas. A
segunda é dirigida a uma comunidade da Ásia, sob o pseudônimo de “Senhora Eleita”. É uma
exortação para caminhar na verdade e no amor. Faz também um alerta a respeito das pessoas más
que tentam espalhar os erros contra o Evangelho. É um brevíssimo resumo da primeira carta.
3ª João(3Jo): É mais pessoal que a segunda. Dirige-se a um certo “Gaio”, a quem elogia por suas
virtudes, especialmente pela caridade. Deve ter sido escrita para algum dos catequistas itinerantes
que percorriam as comunidades cristãs, de cidade em cidade, levando-lhes uma palavra de
orientação e de estímulo.
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Judas(Jd): O autor da carta identifica-se a si mesmo como “escravo de Jesus Cristo e irmão de
Tiago” (Jd 1,1). Esse Tiago é também chamado de “irmão do Senhor” (Mt 13,55). (Lembramos que,
na língua hebraica, qualquer parente é chamado “irmão”). Esta carta foi escrita, talvez de Jerusalém,
no final do primeiro século. Ela põe os fiéis em alerta perante falsas doutrinas e falsos mestres,
como a segunda carta de Pedro.
Hebreus(Hb): é de autor desconhecido. Essa carta faz uma reflexão teológica sobre Jesus Cristo, o
grande sacerdote, mediador entre Deus e o povo. Tem o estilo de uma pregação (Tratado Teológico)
e não de uma carta. É dirigida aos judeus que receberam o batismo e sofrem por deixar o templo e a
sinagoga. Então Paulo mostra que a Nova Aliança não só tem tudo o que o judaísmo poderia
oferecer, mas é o cumprimento de tudo aquilo que foi prometido na Antiga Aliança.
Apocalipse(Ap): é um livro que reflete sobre a presença de Jesus na história e na vida das
comunidades em tempo de perseguição. Jesus é o Senhor que conduz a história. A palavra
apocalipse é da língua grega e significa tirar o véu, revelação. É a revelação de Jesus e das
comunidades que esperam na vitória de Deus. Ao contrário do que muitos pensam, não fala de
castigos ou catástrofes que acontecerão no final dos tempos. Na realidade traz uma mensagem de
ânimo aos cristãos que eram perseguidos no final do 1º século.
O livro do Apocalipse mostra que, apesar de tudo, Deus está do lado daqueles que sofrem
por permanecerem firmes e fiéis. Esses e todos aqueles que permanecerem fiéis serão consolados e
salvos e participarão da glória definitiva no Reino de Deus, a Nova Jerusalém. O Apocalipse foi
escrito às sete Igrejas da Ásia Menor, com redação final por volta do ano 100. Naquela época, as
Igrejas da Ásia passavam por dura provação; sobre elas tinha-se desencadeado a perseguição
religiosa. Muitos cristãos sentiam-se desanimados e até desesperados. Eles tinham a esperança de
que Cristo voltaria brevemente. No entanto, esse esperado retorno não chega. É para estes cristãos
que “João” escreve o Livro do Apocalipse, o qual é semelhante a uma Carta de encorajamento na fé
e na certeza de que Cristo jamais há de falhar. Lembra que apesar do sofrimento e da morte, deve-se
continuar firmes. Esta dura provação faz parte da vida de todos que colocaram sua esperança no
Reino de Deus.
22. Eixos Bíblicos
• No primeiro testamento, o eixo central é Êxodo.
• No segundo testamento, o eixo central é Jesus Cristo: vida, morte e ressurreição, que vai
permear todos os escritos.
• Evangelho = Boa nova
23. Referências Bibliográficas
- Bíblia feita em Mutirão – ed. Paulinas, Frei Carlos Mesters;
- ABC da Bíblia – ed. Paulinas – Frei Carlos Mesters;
- Bíblia comunicação entre Deus e o povo – ed. Paulinas. Vol I;
- Curso de Bíblia por Correspondência – CEBI, Módulo 1 a 13;
- Bíblia, comunicação entre Deus e o povo – Ed. Paulinas. Visão global vol. I;
- Guia de leitura aos Mapas Bíblicos. São Paulo: Paulus;
- Série A Palavra na Vida, n° 208 – Carlos A. Dreher – CEBI/2005;
- Introdução à Bíblia – Ed. Vozes. Pe José Carlos Fonsatti;
- Vídeo: Bíblia Ontem e Hoje.
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