Uruana no cenário da modernização da agricultura em função da descentralização do capital e das técnicas Manoel Joaquim de Oliveira Prof. Msc. em Geografia-UEG-Itapuranga. E-mail: [email protected] Yara Porfírio de Sauza, Graduanda em Geografia – UEG- Itapuranga. E-mail: [email protected] RESUMO: Nesse artigo, objeta-se demonstrar as principais características do processo de modernização da agricultura no município de Uruana-Go, no cenário da descentralização do capital e das técnicas aplicadas, até então, nessa localidade, bem como, demonstrar as conseqüências socioeconômicas e territoriais do processo de inserção do capitalismo na agricultura brasileira e uruanense, tendo como base a Marcha para Oeste. Para isso, procurou-se em obras clássicas da questão rural, as referências teóricas sobre a introdução do capitalismo no campo e uma discussão sobre as conseqüências causadas por esse modo de produção. Em seguida, será analisada a questão agrária brasileira principalmente, num período que antecede a década de 1970, quando começa a se instalar um modelo modernizante na agropecuária nacional com a constituição das Modernas Agroindústrias. Verificar-se-á também como esse processo de modernização se concretizou causando diversos impactos de ordens econômicas, ambientais, territoriais, principalmente sociais, como o êxodo rural. A agricultura brasileira passou a ser definida na economia de mercado, como prática econômica, quando o país alcançou sua independência política. Nessa época o alicerce da economia na colônia era a “grande lavoura”, no entanto as técnicas para o cultivo continuaram no seio da agricultura extrativista. As transformações ocorridas no Brasil implicam na maneira da organização de cada Estado seu. Goiás teve a formação do seu território através da busca pelo ouro, (mineração). A mineração foi o elemento catalisador da vida econômica dos que já estavam ocupando o território goiano e dos que vieram atraídos pelo ouro. No entanto, tal região demorou a integrar na economia de mercado das avançadas capitanias. Com a exploração do ouro em larga escala, o dos índios utilizados por outras capitanias como a do sul e nordeste do país, quando as mesmas causou o declínio da economia no local. Esse fato provocou necessidade de uma nova economia para o Estado de Goiás. Dessa forma, surgiu a economia agropastoril, baseada no cultivo de lavouras (algodão, fumo, cereais, etc.) e de gado. Com a vinda do gado de diversas regiões (Maranhão, Bahia e Minas Gerais), Goiás teve a sustentá-lo esta nova economia, a do gado, assim como uma nova sociedade rural de fazendeiros e lavradores. A transição da economia com suporte na mineração, para a economia estruturada na organização agropastoril trouxe para a região goiana a mudança da produção artificial para a produção rudimentar. Depois de construir através de um breve relato as mudanças ocorridas no Brasil e em Goiás, relacionadas à agricultura, ater-se à cidade de Uruana/GO. Essa cidade foi fruto do chamado movimento “marcha para o oeste”, uma campanha que o então presidente da república Getúlio Vargas promoveu para que as pessoas viessem para o centro-oeste, a fim de explorar as terras aqui existentes. As terras foram aos poucos sendo povoadas e começaram-se Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 1 os trabalhos. Uruana foi fundada em 20 de julho de 1937, elevada a município em 14 de setembro de 1948, pelo governador Jerônimo Coimbra Bueno. Encontra-se situada às margens do rio Uru, entre os córregos Laginha e Leão, limitando-se ao norte e com o município de Carmo do Rio Verde, a leste com os municípios de Rianápolis e Jaraguá, ao sul com os municípios de Itaberaí e Itaguarú, e a oeste com os municípios de Heitoraí e Itapuranga. A economia uruanense possuía sua base na atividade agropecuária, criação de gado e cultivos de produtos como arroz, milho, feijão e mais adiante a melancia. A terra era trabalhada de forma rudimentar, ou seja, para que se pudesse plantar, derrubavam-se matas e faziam queimadas, os agricultores faziam à juntada da lenha. Com a chegada de vários emigrantes de outros estados, principalmente do Estado das Minas Gerais, o uso da terra foi modificado e novo valor atribuído a ela. O chamado “goiano” que vivia na região uruanense, passou a conhecer a “economia de mercado” e uma nova forma de trabalho. Nesse período que antecede a década de 70 os agricultores produziam para suprir suas necessidades e seu excedente tornava-se produto de comercialização. A transformação da agricultura com a chegada da modernização no campo, trouxe de forma obrigatória aos camponeses a chamada desterritorialização. Esse processo consiste na saída dos camponeses para a cidade. Os pequenos proprietários vendem suas terras ou arrendam as mesmas para grandes latifúndios, assim expropriam o campo e apropriam a cidade, onde geralmente amontoam-se nas periferias das mesmas. Dessa forma, com a modernização integrada a sociedade do capital, o trabalho estável deixa de ser importante, cedendo lugar as formas de trabalho terceirizado e diversificado. Destaca-se maior incremento tecnológico colaborando com uma exploração mais intensa e sofisticada do trabalho, que necessita ser polivalente. Com isso, a tecnificação promoveu a migração forçada de milhares de famílias que viviam do trabalho na terra para os centros urbanos, com destaque para Goiânia e Brasília. Os impactos sobre as populações tradicionais que viviam do trabalho na terra foi intenso, uma vez que, perderam o meio de produção – no caso os proprietários de terra – e a possibilidade de acesso a terra (arrendatários, agregados, etc.), que sofreram maiores conseqüências, na medida em que, foram privados dos meios essenciais para a sobrevivência, amontoando-se na periferia das cidades, sem qualquer alternativa de trabalho, que não fosse o trabalho temporário de bóia-fria em algumas épocas do ano e/ou trabalhos domésticos e braçais na cidade.” Comprova-se então um processo de desterritorialização do trabalho, provocados pelo processo de modernidade, viabilizando assim a manutenção das elites agrárias no poder, resultando na expropriação rural e na apropriação urbana. Como metodologia, buscou-se desenvolver um trabalho de forma dialética, em busca do contraditório nessa situação, principalmente, a partir de um olhar geográfico, pertinentes aos caminhos percorridos pela agricultura brasileira. Por fim, compreender que esse novo sistema teve sua origem, em um primeiro momento, na necessidade de acumulação de capital e na sua reprodução, situação esta, evidenciada nesse trabalho. Palavras-chave: Modernização da agricultura; território e capitalismo. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. Porto Alegre - RS, 2010. ISBN 978-85-99907-02-3 2