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perfil
Por Leopoldo Saldanha e Mozart Mesquita
o laboratório mais afiado da europa
FHOX - No Brasil, o photo book para consumidor final não parece ter pegado direito
ainda. Seja via smartphones ou mesmo nas
lojas de foto. Como está o mercado aqui?
Thomas Mehls - Vi um forte crescimento de
2005 até 2010. Agora acalmou, mas ainda
estamos crescendo. Houve um crescimento
mais forte no ano passado novamente na
Cewe, mas não é mais um segmento emergente. Na Europa, cerca de 90% das pessoas
sabem o que é esse produto. Portanto não é
um mercado inexplorado. Vemos um potencial com smartphones de forma muito clara.
Mas, você sabe que estas são questões culturais. O Reino Unido é um grande mercado
e é uma das taxas de penetração mais baixas para photo book na Europa. Nós não sabemos realmente o porquê. Temos algumas
hipóteses. Uma delas é que não há um forte
varejista realmente promovendo o produto.
Na Alemanha, se você olhar para as cadeias
de farmácias, para os profissionais, todo
mundo promove o produto. Se você perguntar às pessoas: “Você sabe o conceito de um
photo book?”, no Reino Unido, acho que só
68% sabem disso. Na Alemanha, 94%. Trata-se de uma enorme diferença. Acreditamos
que a razão é que lá os photo books têm
sido desenvolvidos principalmente pelos
serviços on-line.
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FHOX - E como avalia o cenário no
mercado europeu?
Mehls - Vemos tudo como uma oportunidade. Será que o mercado de photo books vai
continuar existindo nos próximos dez anos?
Não sei. Cada produto tem um fim. Temos
que fazer o melhor trabalho agora e o que
funciona. Seguimos as tendências, testamos
muitas coisas, investimos muito no desenvolvimento de software e experiência, mas
também para tentar coisas novas. Você vai
ver um monte de coisas na Photokina em
fase beta, porque queremos obter um retorno e já poder implementar. Importante para
a Cewe é ter uma boa visibilidade. Começamos em 1991 com os primeiros movimentos digitais quando ainda tínhamos uma
operação muito analógica. Foi em 1991 que
lançamos nosso primeiro serviço de digitalização. Provavelmente, pelo menos metade
das coisas que tentamos vai falhar, mas é
assim que funciona.
FHOX - Qual a maior tendência agora?
Decoração com fotos? Qual produto será
mais quente?
Mehls - O photo book continua o produto
mais quente. Evoluiu muito em termos de
software. Virou um processo de criação muito fácil. Hoje um cliente cria o produto com
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MARÇO www.feirafotografar.com.br
2017
LSM
C
ewe é uma das maiores empresas de fotografia do mundo. A marca alemã
está presente em toda a Europa. Lidera por lá com serviço de impressão
on-line, 150 lojas próprias e 24 mil pontos parceiros em 24 países. Com 11
plantas espalhadas pelo continente e 3.400 funcionários, virou referência no ramo.
Na última Photokina, FHOX visitou o estande da empresa (um dos maiores da maior
feira de fotografia do mundo). Lá viu exemplos variados da força da Cewe. Simulações de casas inteiramente decoradas com fotos. Photo books, quiosques de impressão e uma grande variedade de produtos com aplicações fotográficas. Na ocasião, a
reportagem foi recebida por Thomas Mehls e Ludger Jungeblut. Ambos executivos
do alto escalão da Cewe. Leia abaixo.
Cewe
Rede Cewe reúne 150 lojas próprias e milhares de parceiros pela região
Thomas Mehls e ludger jungeblut
(executivos da CEWE)
quatro cliques. A facilidade de uso é tendência. Somos os únicos no mundo que oferecem seis tipos de papel para photo­ books.
É o produto que ainda cresce. Os consumidores veem como o mais prático. Vemos
outras coisas que crescem bem. Decoração,
por exemplo. Notamos até o número de impressões crescendo no momento, mas não
os tradicionais 10 por 15. Agora fazemos cópias de olho no Instagram. Um serviço feito
em HP Indigo. E o alvo de consumo tem
apelo para uma nova geração.
FHOX - Como fica a questão do papel
fotográfico?
Mehls - Sentimos uma forte demanda por um
produto de alto valor. Isso não significa que
o alto valor tem que sempre estar com o papel fotográfico. Temos belos acabamentos
em papel, não apenas HP Indigo. Por uma
questão de filosofia sempre trabalhamos
com vários fornecedores. Nunca vamos colocar todos os ovos em uma só cesta. Por
isso trabalhamos com equipamentos Fuji,
com Xerox, papel fotográfico. Mas hoje um
dos fornecedores mais fortes para a Cewe
é a HP Indigo.
FHOX - A Cewe compete em muitas frentes. Como é gerenciar tudo isso?
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perfil
Mehls - Você tem que estar focado. Estamos
muito dedicados à marca, que é um guarda-chuva para um monte de coisas. Desde
produtos de alta qualidade até o software. O cuidado é sempre olhar para novos
produtos. Desenvolver uma marca forte é
nosso principal objetivo. Há dez anos, ou,
digamos, antes de 2005, a marca não desempenhava um papel em tudo na empresa. A única preocupação era o controle
eficiente de custos.
FHOX - Qual a importância do marketing para a marca?
Mehls - O marketing é apenas a ponta do
iceberg, porque se o resto não está lá, a
ponta vai afundar. O importante é a marca
e não o marketing. A marca é o bom produto, inovação constante e boas soluções de
sof­t­­­­­­­­ware. É por isso que desenvolvemos
uma aplicação que permite oferecer um
serviço de fotografia para mais de 2.000
varejistas de foto na Europa. E nenhuma
outra empresa além da Cewe foi capaz de
fazer isso. Agora temos os maiores varejistas levando nossa marca na França, Reino
Unido e outros países. São milhares de
pontos de venda, todos com soluções fortes
de e-commerce. Então, quando você visitar
sua página inicial verá a nossa marca. Eles
não estão vendendo um livro de fotos, estão vendendo o photo book Cewe.
FHOX - Existe futuro para a loja de foto?
Mehls - Temos 150 lojas na Europa Central
e Oriental e na Escandinávia. O que temos
experimentado nos últimos dois anos é
que o foco em equipamento não vai chegar a lugar nenhum. Vender câmeras, lentes, malas, é um modelo de negócio muito
limitado. Acreditamos em serviços, retratos
e também na venda de obras de fotografia. Um trabalho de consultoria e oferta de
soluções. Pode ser com quiosque. Gostaría­
mos também que Canon e Nikon e todas as
marcas da indústria pensassem mais sobre
isso. Você não compra uma câmera de dois
mil dólares para deixar suas fotos na tela.
Você compra uma Nikon porque você quer
algo pendurado na parede. Ter fotos no
papel, isso é algo que acreditamos que os
fabricantes deveriam fazer mais. Do contrário, não vejo outra forma de lutar contra
um Instagram, Facebook. Nas lojas, cerca de
60% dos nossos clientes usam smartphones para imprimir. Um em cada três photo
books vem de smartphones.
ludger jungeblut - O negócio é tudo sobre a
experiência do cliente e inspirá-los, tornar fácil para eles, porque caso contrário,
vai ser difícil vender nosso produto. Se
você olhar para o nosso quiosque de foto
ele permite o cliente conectar o seu dispositivo e todas as imagens são exibidas
automaticamente na tela. Ele tem apenas
de selecionar as imagens ou levar todas e
imprimir 10 por 15. Este tipo de experiência, uma forma simples de importação dos
pedidos, é a chave para o futuro.
FHOX - Como veem a relação da nova
geração com os aparelhos?
Mehls - Não estou certo de que é uma nova
geração. Talvez no Brasil seja diferente,
porque a penetração de smartphones
entre os mais velhos também é muito
elevada na Alemanha. E um dos desafios
que você tem são milhares de fotos no seu
smartphone. O grande ponto é a facilidade
de utilização. O que queremos é dar-lhe
toda a flexibilidade para criar uma grande
foto. Como uma impressão, ou um photo
book, ou um fotopresente, não importa.
FHOX - O software Cewe está pronto
para os brasileiros, especialmente para fotógrafos profissionais?
jungeblut - Não, nossas soluções são desenvolvidas para o varejo primeiro. A Cewe é
uma empresa de produção, mas diria que há
20 anos identificou que o software é real­
mente fundamental para chegar ao cliente
e permitir que ele crie um produto bonito.
E deve ser o mais fácil e simples possível. Por isso investimos muito dinheiro na
construção de um grande time que segue
desenvolvendo o software. Ele é a chave do
sucesso para a empresa, é a cereja do bolo.
FHOX - Ou seja, o software é um pilar
para uma possível expansão?
jungeblut - Tenho a impressão de que podemos não apenas expandir o negócio, mas
também criar algo que chamo rede de
foto internacional. Porque a nossa solução de software pode ser usada facilmente em todos os países. Abordamos o mercado norte-americano e começamos com
uma plataforma B2C (venda de empresas
para consumidores finais) que foi desenvolvida sob o nome smilebooks.com e
usamos como uma vitrine dirigida aos varejistas na América do Norte, replicando
o mesmo modelo que temos na Europa.
A plataforma foi muito bem desenvolvida em conjunto com o nosso parceiro de
produção nos EUA. Infelizmente, o nosso
maior cliente no Canadá foi à falência,
então decidimos parar e concentrar no
mercado europeu, que é a nossa casa e
um imenso mercado. E depois decidimos
licenciar nossa solução de software para
qualquer empresa que tenha um acesso
ao mercado e que esteja disposta em oferecer seus próprios serviços de fotografia
como fazemos na Europa.
FHOX - E o Brasil?
jungeblut - Há três anos fomos abordados
por Phooto, uma empresa com negócios
no Brasil. Conversamos muito com eles.
Fizemos os ajustes necessários para o
nosso software, por exemplo, foi feito em
português e permitimos novos métodos
de pagamento. Eles estão muito satisfeitos, têm crescimento contínuo e um feedback muito positivo de seus clientes.
A Cewe tem interesse em expandir seus
negócios em todo o mundo, mas você tem
que considerar que cada negócio é local,
especialmente o negócio de e-commerce.
Foto é realmente especial, você tem que
investir no mercado de acordo com as expectativas do consumidor, como você disse, o mercado brasileiro é muito voltado
para fotógrafos profissionais. O que não é
realmente o caso da Alemanha, onde este
é um mercado de consumo totalmente
maduro. Nós realmente gostaríamos de
abordar a Índia, Ásia, Rússia, todos os países, mas você tem que ter a equipe certa
no lugar, tem que ter um conhecimento
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“O equipamento número
1 que gera as fotos
impressas na cewe é o
iphone. então, para nós,
a apple é vital’’ (mehls)
Thomas Mehls e Ludger
Jungeblut na Photokina
enorme e muito intenso de como o mercado realmente funciona e este não é um
dado adquirido. Por isso vamos nos concentrar na Europa. Nós realmente entendemos completamente como funciona o
mercado aqui e se temos parceiros como
Phooto no Brasil fornecemos as soluções
de software e eles fazem todo o negócio
operacional. Este modelo funciona muito
bem, estamos satisfeitos e podemos imaginá-lo em outros países.
FHOX - No Brasil, 60%, 70% das pessoas
usam tablets ou smartphones para imprimir fotos. O senhor acha que será o futuro?
jungeblut - Temos três aplicativos hoje, mas
teremos algo novo nos próximos meses.
Smartphone será o dispositivo dominante utilizado por todos os consumidores,
não apenas na captura, mas também no
gerenciamento, edição e criação de produtos fotográficos. E a experiência do
usuário tem de ser mais simples em termos de interface. Nosso foco é permitir
que os clientes tirem suas imagens do
smart­phone transferindo para a nuvem
e depois usar muita inteligência artificial
no servidor web para criar, de forma mais
ou menos automática, um produto de
alto nível que inspire os clientes a dizer
“Ok, isso é muito bom. Eu preciso tê-lo”.
Ele só tem que apertar o botão e comprar.
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FHOX - O senhor mencionou algo sobre
modelo de assinatura? Acredita que seja
uma tendência mundial? No Brasil vemos
os clubes de vinhos e outros produtos funcionando assim. Para fotos seria possível?
jungeblut - Nós estamos oferecendo armazenamento seguro, privado, e uma vez que o
consumidor está pagando por ele poderia
usar este dinheiro resgatando parte em
produtos físicos. Não podemos manter só
o armazenamento, tendo o armazenamento gratuito vindo de Shutterfly e Dropbox.
Então, se você tem um preço em comparação com alguns aplicativos de foto, mas o
dinheiro que você paga você pode usar para
criar um álbum de fotos ou uma tela...
FHOX - Boa ideia. Isso está acontecendo agora ou está vindo?
jungeblut - Estará disponível no primeiro trimestre do próximo ano.
FHOX - Qual a visão dos senhores sobre feiras como a Photokina?
jungeblut - Vemos mais e mais pessoas que
fotografam em todos os lugares e com
perfis variados. Jovens e mulheres vão às
farmácias usar o quiosque da Cewe para
imprimir. Estamos em boa posição porque
fornecemos interfaces e apli­cativos agradáveis, bons produtos que abordam as
emoções de nossos clientes e de sua pers-
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pectiva. Realmente acredito que temos um
futuro brilhante pela frente e que está em
nossas mãos fazer o melhor dele.
Mehls - Se eu olhar para Photokina agora,
vejo o conceito do “Vamos abordar a geração mais jovem, vamos falar sobre drones,
realidade virtual­ e realidade aumentada”,
contrariando a visão da antiga indústria
de fotografia. Está mais aberta. A grande
questão é como a indústria de câmeras vai
reagir a tudo isso. Não quero estar na pele
do CEO da Canon ou Nikon. O momento é
desafiador. Não tenho a resposta perfeita
para eles, mas eles precisam abrir um pouco mais. Os dias de venda só de equipamento ficaram desafiadores.
FHOX - Marcas como Instagram, Google, YouTube, Apple e toda a indústria de
telefonia móvel poderiam estar aqui?
Mehls - Deveriam estar. A Photokina precisa­
dizer-lhes por que eles precisam estar. Olho
para as campanhas recentes da Apple, eles
têm grandes campanhas de marketing e
muitas em torno da fotografia. Não estou
tão certo sobre o Google Photos. O equipamento número 1 que gera as fotos impressas na Cewe é o iPhone. Seja para fotos
avulsas ou photo books. Então, para nós, a
Apple é vital. Os smartphones são vitais para
nosso negócio e para os consumidores.n
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