Lúcia Guido

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Lúcia Estevinho Guido
&
Sônia Maria Aranha
2
Lúcia Estevinho Guido
Sônia Maria Aranha
Da Asa da Borboleta
ao
Nariz da Baleia
Um livro para todos aqueles que gostam de ciências biológicas
Concepção gráfica e ilustrações:
Sônia Maria Aranha
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Copyright ©2009 de
Lúcia Estevinho Guido & Sônia M A R de Andrade
Preparação:
Sônia M A R de Andrade
Revisão técnica: Profª Drª. Fernanda H. Nogueira-Ferreira
Dirce Carvalho de Campos Elias
Guido, L.E. e Andrade S.M..A. R de, 2009.
Da Asa da Borboleta ao Nariz da Baleia
Ilustrações: Sônia M A R Andrade – Campinas: SitEscola, 2009
1. ficção 2. Ciências Biológicas (Literatura Infantil)
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Agradecimentos
Em agradecimento aos nossos alunos da 4ª série do
Ensino Fundamental do Colégio Evolução em Campinas, hoje
mulheres e homens feitos: Renata, Mariana, Milena, Roberto,
Ismael, Vanessa, Fernando, Rafael, e tantos outros, dedicamos
este livro, fruto do estudo e dedicação de cada um deles.
Professoras Lúcia e Sônia
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Índice
1.
A Borboleta ....................................................................................09
2.
Aula sobre Locomoção ....................................................................20
3.
Oi Leitor! .................................................................................... .... 25
4.
O Sonho ...........................................................................................27
5.
De volta a Sala de Aula ....................................................................63
6.
Agora é com você e seus colegas.....................................................68
7.
Eu preciso de ....................................................................................70
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Prefácio
Este livro foi construído na vivência de uma pesquisa de
mestrado realizada com alunos, alunas e professora de uma 4ª série do ensino
fundamental. Pesquisadora e professora se reuniam semanalmente para
discutirem as aulas de Ciências que seriam ministradas. Dúvidas, preparação e
avaliação das atividades eram realizadas nestes momentos permeados por
discussões teóricas tanto do conteúdo específico de ciências como de
metodologia do ensino. O tema iniciado pela professora e normalmente
escolhido para ser trabalhado na 4ª série, Corpo Humano, nos incomodava
7
um pouco. Nas reuniões começamos a perceber que trabalhar apenas com os
conteúdos relativos a este tema, não nos dava espaço para estabelecer
relações entre ideias e conceitos, que se constituiu como o problema da
pesquisa. Encontramos a solução para o estabelecimento das relações
propondo o estudo do funcionamento do corpo humano atrelado com o
funcionamento do corpo de outros seres vivos. Com isto integramos os
conteúdos e estabelecemos as relações entre muitas ideias, o que possibilitou
o desenvolvimento de conceitos importantes para o ensino de ciências: ser
vivo, animal e vegetal. O que diferencia um animal de outro? O ser humano
é um animal? Como as plantas se alimentam, condição necessária para a vida,
se elas não se locomovem? Estas questões instigaram os alunos e as alunas a
se envolverem com o ensino, pesquisando muito também. O resultado foi o
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sonho de Felipe que se transformou no livro que apresentamos.
Este sonho
também deu corpo a dissertação de mestrado intitulada: A evolução conceitual
da prática pedagógica do professor de Ciências das séries iniciais e alimentou
o nosso sonho de buscar um ensino de ciências mais crítico, vivenciado no diaa-dia dos alunos, integrando conteúdos, menos fragmentado. É esse sonho
que queremos compartilhar com você, para que assim ele vá se tornando aos
poucos realidade.
Professoras Lúcia e Sônia
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A Borboleta
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A través da janela uma brisa invade a sala de aula, trazendo
consigo barulhos do pátio da escola, pequenas folhas de árvores e
uma borboleta colorida, que, com movimentos suaves, pousa nas
páginas do caderno iluminado pelo sol.
Felipe assusta-se, mas, imóvel, começa a observá-la, esquecendo-se
de tudo que o rodeia.
Não se pode precisar quantos minutos Felipe ficou absorto a olhar
aquela pequena invasora.
--- Felipe, o que você acha?
--- Como, professora?
--- Você está distraído, Felipe. O que aconteceu?
---- Desculpe, mas eu estou olhando esta borboleta que pousou no
meu caderno.
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---- E o que você viu de tão interessante nela que o fez distrair da
aula?– perguntou a professora dirigindo-se lentamente para a carteira
de Felipe na tentativa de também observar a borboleta.
----- É que ela entrou pela janela, deu algumas voltas pela sala e
pousou no meu caderno e agora ela enrola e estica uma linguinha
preta. O que será isso, professora?
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Os colegas de classe de Felipe largaram suas carteiras e foram
pouco a pouco aproximando-se para poder ver a intrusa que agora
era o centro das atenções de todos.
--- Felipe, é só a gente pensar um pouco... A língua serve para
ajudar na nossa alimentação. A borboleta, por exemplo, se alimenta
de néctar.
---- Néctar! O que é isso?
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---- Jonas, você é bobo mesmo, néctar é aquela água docinha que
tem dentro das flores, disse Felipe.
---- Ah! Então ela usa esse açúcar das flores, o néctar, né, para
produzir energia.
--- Muito bem Jonas, mas sabemos que para produzir energia é
necessário açúcar e oxigênio. O açúcar ela retira do néctar das flores,
então, como a borboleta consegue oxigênio se ela não tem pulmão
como nós? pergunta a professora animada com a discussão que a
borboleta invasora trouxera para a sala de aula.
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16
---- É que a borboleta é um inseto. Possui um sistema respiratório
diferente do ser humano, mas não menos eficiente.
A borboleta tem
traqueias como órgão respiratório e é boa voadora.
--- Muito bem! Se a borboleta não tem pulmão, ela também não
possui sangue para conduzir o oxigênio do pulmão até todas as
partes do seu pequeno corpo! exclamou Nyana.
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Aí a confusão foi geral: uns diziam que a borboleta tinha
sangue e outros que não tinha. A classe estava dividida e para
resolver a situação, a professora pediu que eles pensassem que o
sangue não tem só a função de transportar alimentos e gases, que
na borboleta, por exemplo, o sangue também tem a função de
manter as asas, recém saídas do casulo e ainda molhadas, esticadas
até ficarem secas e bem firmes. Mas, voltando à professora:
---- Sabemos que para produzir energia é necessário oxigênio e
alimento. O oxigênio ela retira do ar por meio da traqueia como
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vocês disseram. E como ela retira o néctar se ele fica no interior das
flores?
--- Ah! Descobri para que serve a língua enrolada! A borboleta pousa
na flor e introduz a língua lá dentro para puxar o néctar e junto com o
oxigênio irá produzir energia que dá vida à borboleta! disse Juliana
orgulhosa com a sua descoberta.
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A discussão estava tão boa que os alunos nem perceberam que a
pequena intrusa havia saído da sala pela mesma janela que entrou,
quem sabe à procura de flores para sugar o néctar que não havia
encontrado no caderno do Felipe. Depois que resolveram o problema
da alimentação da borboleta, que faz com que ela possua uma língua
enroladinha, a professora continua sua aula sobre locomoção dos
seres vivos, inserindo nela a discussão que a borboleta trouxera.
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Aula sobre Locomoção
----
Eu gostaria de propor uma outra questão para vocês pensarem:
Em um cercado completamente fechado do chão até a
altura de uma casa e coberto por uma tela que só deixa
passar luz, ar e chuva, são colocados um cachorro, uma
formiga, um ninho de abelhas, uma árvore, um cavalo,
uma borboleta e uma cobra.
Se ninguém colocasse alimento dentro do cercado,
quais desses seres vivos sobreviveriam?
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Victor foi o primeiro a responder:
--- Aí seis sobreviveriam: a formiga se alimentaria do mel das
abelhas; as abelhas e a borboleta, das flores da árvore; a árvore, da
água; o cavalo, do capim e a cobra, do cachorro que morreu.
Foi uma gargalhada só e Daniel foi logo dizendo:
---- Como você sabe, Victor, que o cachorro morreu antes da cobra?
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---- Oras, é simples, a cobra é mais forte que o cachorro, disse
Victor indignado.
---- Mas, então, depois que a cobra comeu o cachorro ela não vai
ter mais alimento e morrerá, disse Juliana, tentando contrapor-se à
ideia maluca de Victor.
--- Não vai morrer não! A cobra depois de comer o cachorro iria
ficar muito forte e cavaria um buraco e sairia do outro lado do
cercado.
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A turma toda já não aguentava mais de tanto rir das ideias de
Victor, mas ele continuava defendendo-as com unhas e dentes,
usando para isso todo tipo de argumentos.
Empolgada com a discussão, mas verificando que sua questão não
havia levado os alunos a perceberem a importância da locomoção
para a alimentação dos animais, a professora foi tratando de bolar
outra questão para seus alunos:
--- E se tirássemos a borboleta do cercado, mas ela estivesse com
as asas quebradas, o que poderia acontecer com ela?
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Nesse momento os alunos perceberam porque as borboletas tinham
que ter asas: lógico as flores geralmente ficam no alto, não é?
E todos correram para a carteira do Felipe na tentativa de observar
de perto as asas da borboleta e de como ela as utilizava para se
mover. A decepção foi grande ao saberem que a pequena intrusa
havia escapulido, e foi a professora novamente que, propondo uma
pesquisa de observação a seus alunos, estava ao mesmo tempo
amenizando a decepção e criando interesse para o tema da aula
que era justamente a locomoção dos seres vivos.
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Oi Leitor!
Se você, leitor, também ficou curioso, não fique aí parado, corra
atrás de um bichinho e veja como ele se locomove. Os passos para a
observação, apresentados pela professora, estão no quadro da
próxima página.
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Tarefa de Cientista – para Casa
1.
Escolha um bichinho e anote no caderno.
2.
Acompanhe-o por algum tempo.
3.
Verifique que partes do corpo o bichinho usa para se locomover e anote.
4.Se for possível, pegue o bichinho e observe mais de perto como são as partes
que ele utiliza para se locomover. Não esqueça de anotar.
5.Cuidado com bichinhos que podem ser perigosos , as aranhas, por exemplo.
6.Seja um cientista, não esqueça de nenhum detalhe!
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O Sonho
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Era horário de verão. O sol ainda iluminava e Felipe aproveitou
as últimas horas do dia para fazer a pesquisa que a professora
havia pedido.
Lógico que o ser vivo que o Felipe escolheu foi uma borboleta e
não precisou esperar muito para que uma aparecesse no jardim
de sua casa. Assim passou a observar seus movimentos
anotando-os em seu caderno de pesquisa.
Ele verificou tudo sobre a borboleta: quantidade de asas e
pernas, quais eram suas cores, como era seu corpo e ficou
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impressionado como ela usava sua língua para sugar o néctar das
flores.
Escreveu tudo que observou não esquecendo nenhum detalhe,
descobrindo que na verdade a língua da borboleta quando está
parada fica toda enroladinha, esticando-a quando quer sugar o
néctar de alguma flor.
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Felipe ficou entusiasmado com tudo que observou, mas uma coisa
o intrigou: para que serviam as pernas na locomoção da
borboleta?
Então, refletiu:
A locomoção ajuda o ser vivo encontrar seu
alimento. O alimento da borboleta é o néctar
das flores. As asas servem para a borboleta
alcançar o néctar das flores nas mais
diferentes alturas. E as pernas? Ajudam
também na alimentação?
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Anoitece, as borboletas dão lugar aos grilos que cantam. As luzes
da cidade perversamente ofuscam o brilho das estrelas. Os pais
chegam à casa, as crianças relutam em tomar banho. A televisão já
está ligada na novela. O telefone toca. A panela de pressão chia.
Um beliscão é sentido. O cachorro da vizinha late. O gato sai para
buscar companhia.
E a noite, a princípio, chega com sua vida borbulhando para, em
seguida, se aquietar. E lá está Felipe inserido na noite tentando,
depois do jantar, continuar sua pesquisa, agora nos livros de
ciências.
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Folheando um dos livros, Felipe descobre que a borboleta é um
inseto e por isso possui três pares de pernas, um par de antenas e
que seu corpo é dividido em três partes: cabeça, tórax e abdômen.
Mesmo com toda a empolgação que sentia ao fazer a pesquisa, o
sono chega, e Felipe adormece em cima dos livros...
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--- Felipe, Felipe, acorda!
--- O que é isso? Uma borboleta faladora?
--- Sou sim, porque nunca viu, não?
--- Uma borboleta faladora, não! Mas qual é o motivo dessa
braveza, me acordando desse jeito?
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--- É que estes outros seres vivos estão me perguntando o que é
respiração. Eu, como sou muito esperta, sei que a respiração é
somente inspirar e expirar o ar e estes seres vivos acham que não é
só isso! Foi por isso que eu o acordei, para me ajudar a convencêlos de que eu estou certa.
---- Mas na escola eu aprendi que respiração não é somente troca
de gases como você falou. Respiração é a produção de energia
necessária para a vida.
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--- E como é produzida esta energia?
--- Ora, o açúcar mais o oxigênio produzem energia e gás
carbônico.
--- Muito bem, muito bem. O oxigênio eu sei que retiramos do ar
por meio do movimento mecânico da respiração. Eu, por exemplo,
pego o oxigênio por meio da minha pele. E o açúcar, de onde vem?
perguntou a Minhoca que estava ali por perto.
--- Puxa! O açúcar vem dos alimentos que a gente come!
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--- Isso mesmo, eu uso as minhas asas para conseguir chegar até
as flores e sugar o néctar.
---- Ah! Mas como é que o oxigênio se encontra com o açúcar?
perguntou ironicamente a Árvore.
---- Simples, para que temos circulação? perguntou Felipe.
---- Circulação? – a Borboleta circula em volta da Árvore e pergunta
novamente – Isto é circulação?
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38
---- É também, mas eu estou falando da circulação do sangue.
--- O SANGUE! Espantam-se a Minhoca, a Borboleta e a Árvore.
---- Sim. É o sangue que leva o oxigênio mais açúcar para as células
onde produzirão energia.
--- Mentiroso! Isso acontece no ser humano, porque eu acho que
meu sangue, se é que eu posso chamá-lo assim, serve mais para
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esticar as minhas asas quando ainda não estão secas! diz zangada a
Borboleta.
--- E o meu serve muito mais para a minha locomoção! exclama a
Minhoca se arrastando.
A Minhoca e a Borboleta ficam tão irritadas que resolvem voltar à
sua vida cotidiana. Uma a fuçar a terra e a outra a sugar o néctar
das flores.
---- Espera! Eu vou explicar...
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--- Que coisa, eu não tenho sangue, então, como é que eu respiro?
questionou preocupada a Árvore.
---- Bem, aí complicou! Eu vou ver se acho algum livro para lhe
explicar.
---- Mas que chato! Para que saber dessas coisas todas! Vamos
viver apenas, curtir! interferiu cinicamente o Peixe, que ouvia toda a
discussão.
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---- Não seja ignorante! O conhecimento é muito importante. Se
todos pensassem assim como teríamos desenvolvido todas as
facilidades que temos em nossas vidas? O ser humano estaria ainda
vivendo nas cavernas. disse sabiamente a Baleia.
Enquanto Felipe está em busca da informação em uma montanha
de livros, a Baleia resolve continuar a discussão:
---- Vamos entender melhor: as borboletas e as minhocas são muito
pequenas em relação ao ser humano, não existindo nelas uma
distância muito grande entre as partes internas de seus corpos, por
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isso a circulação do sangue está muito mais ligada à locomoção que
elas realizam do que ao transporte de gases e alimento. Já a árvore
não tem circulação sanguínea...
Felipe entusiasmado interrompe a explicação da Baleia, dizendo:
--- Olha aqui, achei!
--- Quieto, Felipe, não vê que a Baleia está nos explicando?
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--- Não quero atrapalhar, mas eu fiquei pesquisando para saber
como é que a Árvore se alimenta se ela não se locomove.
--- Mas isto é muito fácil, as plantas retiram seu alimento da terra,
afirmou o Peixe.
---- E o solo é doce por acaso? Pois para produzir energia é
necessário o açúcar, como já havíamos comentado, falou a
Borboleta.
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---- Eu como vivo dentro do solo sei que lá tem água, sais minerais
e outras coisas, mas açúcar, não. Bem que eu gostaria que tivesse
um docinho, comentou a Minhoca.
---- Calma, calma, pois até agora ninguém me deixou falar sobre a
pesquisa que eu fiz: bom, aqui neste livro está escrito que as
plantas necessitam da luz solar, pois ela tem energia. Hum... mas o
resto eu não estou conseguindo entender... me ajudem, eu vou ler
exatamente como está escrito:
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“Os vegetais necessitam da
luz solar para realizarem a
fotossíntese, que é a síntese
de substâncias orgânicas
mediante a fixação do gás
carbônico do ar através da
radiação solar.”
---- Entenderam tudo?
--- NÃO! exclamaram todos.
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--- Vocês são muito apressados e querem saber tudo de uma vez,
assim ninguém aprende nada. Para entender essa tal de
“fotossíntese”, primeiro temos que lembrar tudo o que já sabemos
sobre as plantas, disse a Baleia calmamente, assemelhando-se
muito com a professora de Felipe.
Todos queriam falar ao mesmo tempo, e a Baleia foi logo tratando
de organizar a discussão.
--- Calma, calma, cada um de uma vez. Se todos falarem ao mesmo
tempo, ninguém irá entender. Vamos começar pelo Peixe, se não é
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bem capaz de saltar da água para esganar a minhoca, se
esquecendo de que ele só consegue captar oxigênio da água, pois
tem como órgão respiratório as brânquias, e isso tudo poderá
acabar em morte.
---- Eu sei, blublu, eu sei, blublu, que as plantas, como todos os
seres vivos, necessitam respirar, blublu, e elas retiram o oxigênio da
água pela superfície de suas folhas, disse o Peixe ofegante.
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--- Ora, seu bobo, isso acontece com as plantas aquáticas, mas se
você não sabe, existem também plantas que retiram o oxigênio do
ar. Falou a Minhoca irritada com a arrogância do Peixe.
---- Vocês ficam brigando e se esquecem de que respiração não é
apenas troca gasosa e sim produção de energia e, para que isso
ocorra, todo ser vivo necessita de oxigênio e açúcar, resmunga a
Borboleta.
--- Se a planta é um ser vivo e, portanto, respira, produz energia,
não é Borboleta? E se o solo não tem açúcar, provavelmente a
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planta, como está escrito no livro, usa a energia do sol para
produzir açúcar, que é uma substância que tem bastante energia,
falou a Baleia bastante pensativa.
---- Isso mesmo, é usando a energia da luz e outros componentes
que eu fabrico o açúcar e, portanto, não preciso ficar andando de
um lado para o outro a procura de alimento. Tudo o que necessito
eu tiro do solo e o que falta eu mesmo fabrico. Por isso sou
especial, seus reles animais!
--- Ah! Agora eu entendi o que é fotossíntese, exclamou Felipe.
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--- Mas não pensem que é só isso, para entender tudo sobre
fotossíntese é preciso estudar muito, mesmo porque os cientistas
estão sempre descobrindo alguma coisa nova sobre ela.
--- Então, conte-nos, Árvore, tudo o que você sabe, já que entre
nós você é a única que realiza este processo que a princípio nos
pareceu tão complicado, disse a Baleia curiosa.
---- A fotossíntese é um processo muito especial e importante para
que exista vida no nosso planeta, pois além de fabricar açúcar eu
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também fabrico oxigênio, por isso não preciso ter um órgão
respiratório especial, pois o oxigênio de que necessito é produzido
quando realizo a fotossíntese e, quando fabrico mais do que uso, eu
solto para o ar, por isso me chamam de purificadora de ar.
---- Todo mundo sabe que não devemos destruir as plantas porque
elas purificam o ar, mas por que o ser humano fala que dormir com
plantas dentro de casa não é bom? perguntou a Borboleta.
---- Isto acontece porque as pessoas confundem fotossíntese com
respiração, o que não é a mesma coisa. Eu vou explicar: às vezes
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quando não tem luz suficiente, por exemplo, à noite, eu retiro
oxigênio do ambiente por meio de minhas folhas para poder
respirar, mas é tão pouco o que retiro que não prejudico ninguém.
Fico muito irritada quando os seres humanos dizem que faz mal
dormir com plantas dentro de casa, já que muitas vezes eles
dormem com muitas pessoas dentro do quarto, que absorvem
muito mais oxigênio e soltam muito mais gás carbônico do que eu.
---- Deixa prá lá, Árvore! É que muita gente acredita que você possa
competir com elas por oxigênio e por isso julgam que faz mal dormir
com plantas dentro de casa.
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---- E vocês acham que algum ser vivo pode parar de respirar por
alguns instantes?
---- É claro que não, exclamam todos.
---- Pois é, a respiração eu realizo dia e noite, a fotossíntese só
quando tem luz, não sei o porquê de tanta confusão, resmungou a
Árvore.
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---- Oras, se fotossíntese é um processo tão importante por que não
posso realizá-la? perguntou o Peixe desapontado.
----- Por acaso você é verde? Nós, as plantas, realizamos
fotossínteses porque temos uma estrutura muito importante que
nos ajuda, ela é chamada pelos seres humanos de clorofila e é
quem nos dá essa maravilhosa cor verde, respondeu a Árvore toda
orgulhosa.
---- E também fazer clorofila é uma das coisas que nos diferencia:
animal de vegetal, disse a Baleia.
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---- Como assim? perguntou a Borboleta.
----- Seres vivos somos todos nós, mas aqueles que fazem seu
alimento, não se locomovem, não têm circulação sanguínea, são
diferentes e chamados pelos seres humanos de vegetais, respondeu
a Baleia.
---- Ah! Vocês vivem na água, são peixes - apontando para o Peixe
e para a Baleia –, a borboleta é um inseto, eu sou um anelídeo. Nós
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somos todos diferentes apesar de sermos animais! exclamou a
Minhoca.
---- Não, não. Eu sou muito parecida com os seres humanos, disse
sorridente a Baleia.
---- Vá ser besta assim na China! Eu e você somos peixes e peixes
vivem na água, por isso somos parecidos.
---- Não é verdade! exclamou a Baleia cinicamente.
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---- Uma das coisas que os diferencia é que você, Peixe, tem as
brânquias como órgão respiratório, e a Baleia tem o pulmão que é
igual ao dos seres humanos, explicou a Borboleta.
---- Tem dó! Como pode? Por acaso a Baleia tem nariz? perguntou
indignado o Peixe.
--- É claro que tenho! Olhe aqui! Eu respiro igual aos seres
humanos, falou a Baleia apontando para o seu nariz.
---- E como os seres humanos respiram? perguntou o Peixe.
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---- Como todos os seres vivos, ao respirar produzo energia e gás
carbônico. Só que retiro o oxigênio do ar pelos meus pulmões como
a Baleia, respondeu Felipe.
---- A Árvore é então um vegetal, e nós somos animais. Por que os
seres humanos vivem classificando tudo que encontram? perguntou
a Minhoca.
----- Isso os ajuda a compreender melhor o mundo e a estudá-lo.
Mas, como a classificação foi construída pelos seres humanos, está
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sujeita a ser modificada ao longo da história, falou orgulhoso Felipe
que nesse momento se lembrou da pesquisa que estava fazendo
sobre a locomoção e de sua dúvida a respeito da utilidade das
pernas da borboleta, afinal para que servem?
E você, leitor, já descobriu? Se ainda não, ouça com atenção o que
a Borboleta tem a falar:
---- Felipe, você é tão estudioso e observador, não percebeu que
quando alcanço uma flor, tenho que me apoiar para conseguir
sugar o néctar? São as minhas pernas que me ajudam. Sem elas,
60
minhas asas não poderiam parar de bater um só minuto. E, então,
gastaria mais energia do que posso produzir.
---- Como não pensei nisso antes? Pois tudo tem uma ligação e um
porquê neste mundo! Por isso quero ser cientista para descobrir
cada vez mais sobre tudo, falou Felipe caminhando nas nuvens.
---- Eu, heim? Tá maluco? Quero ficar borboleteando e bem bonita!
disse a Borboleta abaixando e levantando as suas asas.
61
---- Eu também quero nadar em outras praias e bronzear todo o
meu corpo, saiu nadando o Peixe.
---- Ignorantes! exclamou a Baleia, ao mesmo tempo, que pedia um
livro a Felipe para continuar estudando.
--- Cada um tem a sua mania... disse a Minhoca cavando um buraco
na terra.
---- Humm... ficarei aqui vendo o mundo passar, espreguiçou a
Árvore.
62
TRIM!!! TRIM!!! TRIM !!!
63
De Volta a Sala de Aula
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O boné não permitia que o cabelo ficasse à mostra. Os óculos, às
vezes, escorregava para a ponta do nariz, e os olhos grandes e
negros brilhavam ao contar com detalhes o sonho que tivera na noite
anterior, para a professora e para a classe.
65
---- Dá até para fazer um teatro, falou Juliana para a sua colega ao
lado.
---- O que você falou, Juliana?
---- Que o sonho do Felipe dá até para fazer uma peça de teatro.
--- Que ideia ótima! Poderíamos apresentar na Feira de Ciências da
escola, sugeriu a professora.
Toda a classe aplaudiu e começaram a escolher os personagens.
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--- Eu quero ser a Baleia!
--- Eu serei a Minhoca!
A confusão foi geral, e depois de muito falatório os personagens
foram escolhidos. Felipe contava novamente seu sonho para a
professora que registrava tudo na lousa, elaborando junto com a
classe o texto de uma peça teatral.
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A janela estava novamente aberta e por ela a brisa voltava a invadir
a sala de aula bulindo nas folhas dos cadernos e nos cabelos dos
alunos, mas não trazia mais consigo a pequena borboleta.
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Agora é com Você e seus Colegas
Se você gosta de fazer pesquisa como eu, faça como a minha classe que
até montou uma peça de teatro de nome Da Asa da Borboleta ao Nariz
da Baleia .
Monte um grupo com seus colegas e crie, juntamente com a sua
professora, uma atividade de ciências para fazerem juntos e depois me
conte o resultado de suas descobertas, entrando em contato por
intermédio do email: [email protected]
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Abraços e até breve, Felipe.
70
Eu preciso de....
Aqui você encontrará uma lista alfabética dos conceitos apresentados
neste livro. Aprofunde os seus estudos!
Açúcar: Fonte de energia para o corpo. Obtido a partir de alimentos de
origem vegetal.
Brânquias: Órgão componente do sistema respiratório da maioria dos
peixes. Formadas por filamentos ricos em vasos sanguíneos,
responsáveis pelas trocas gasosas. O oxigênio necessário no processo
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de respiração é retirado da água que após entrar pela boca dos peixes,
passa pelas brânquias.
Casulo: Casulo, pupa ou crisálida é uma fase do desenvolvimento de
alguns insetos, como por exemplo das borboletas. Nesta fase, a larva
ou lagarta fica envolta por um material parecido com seda, o que limita
ou não permite a mobilidade do animal.
Célula: Unidade fundamental dos seres vivos. O corpo humano é
formado por trilhões de células, que se arranjam de diferentes
maneiras formando os órgãos. No interior das células, ocorrem reações
químicas num processo denominado metabolismo. Neste processo, os
nutrientes obtidos através dos alimentos são quebrados e
transformados permitindo a reprodução e o crescimento das células do
corpo.
72
Circulação sanguínea: Movimento do sangue pelo corpo do animal,
levando alimento e oxigênio para todas as partes do corpo e retirando
as impurezas necessárias. Os insetos possuem sistema circulatório
aberto, permitindo que a hemolinfa (semelhante ao sangue, que existe
nos mamíferos) circule livremente em torno dos órgãos internos. Ela é
na maioria dos insetos, de cor clara ou incolor, mas pode ser
pigmentada de diferentes cores, como amarelo, verde ou azul.
Classificação dos seres vivos: Agrupamento dos seres vivos de
acordo com as características parecidas (semelhanças) que possuem.
A formação destes grupos de organismos facilita o acesso às
informações e o estudo da biodiversidade.
Clorofila: Pigmento de cor verde, existente na maioria das plantas,
responsável pela captação da energia da luz solar para a realização da
fotossíntese.
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Expirar: Saída de ar pelos pulmões durante o processo de respiração.
Fotossíntese: Processo de produção de alimento efetuado pelas
plantas em que convertem água e gás carbônico em matéria orgânica,
utilizando a luz do sol como fonte de energia.
Gás carbônico: Absorvido do ar pelas plantas, usado no processo de
fotossíntese e liberado pelos animais como resultante do processo da
respiração.
Horário de verão: Alteração do horário de uma região do país,
apenas durante uma determinada época do ano, adiantando o relógio
em uma hora, no fuso horário oficial local. Isto ocorre normalmente
durante o verão, quando os dias são mais longos, em função da
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posição da Terra em relação ao Sol. O Brasil tem adotado esta prática
há algum tempo como uma medida de economia de energia elétrica.
Inspirar: Entrada de ar no sistema respiratório, que vai até os
pulmões, onde as trocas gasosas irão ocorrer.
Língua da borboleta: A língua da borboleta, chamada de
espirotromba, é parte do aparelho bucal deste inseto. Ela é bem longa
e quando está em repouso, fica enrolada. Ao se alimentar a borboleta
estende a língua e a introduz na flor para coletar o néctar.
Locomoção: Deslocamento dos animais utilizando-se para isso
estruturas especializadas, evolutivamente desenvolvidas, como:
flagelos, cílios, pseudópodos, nadadeiras, asas e pernas.
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Néctar:
Substância secretada pelos vegetais, cuja constituição
química inclui açúcares. Normalmente o néctar é procurado por certos
animais (insetos, aves e mamíferos) como fonte de água e
carbohidratos, usados na produção de energia.
Órgão respiratório: Componente do sistema respiratório, que
associados a outras estruturas, são responsáveis pelas trocas gasosas
nos animais, indispensáveis à sobrevivência das espécies. Dentro do
diversificado grupo dos animais, nos peixes, encontramos brânquias
(maioria) ou pulmões (poucas espécies). Nos anfíbios existem pulmões,
mas a respiração também ocorre pela pele, a chamada respiração
cutânea. Nos répteis, nas aves e nos mamíferos a respiração é
pulmonar. Nos invertebrados, a respiração
pode ser traqueal,
branquial, pulmonar, cutânea, ou ocorrer por difusão dependendo do
grupo em questão.
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Oxigênio: O oxigênio respirado pelos organismos aeróbicos, é liberado
pelas plantas no processo de fotissíntese e participa na conversão de
nutrientes em energía para o corpo.
Pulmão: Órgão respiratório responsável pelas trocas gasosas no
processo de respiração.
Sais minerais: Resultantes da digestão dos alimentos, importantes
para o bom funcionamento do organismo. Exemplos: cálcio, ferro,
fósforo, potássio, magnésio, sódio, flúor, entre outros.
Sangue: É um líquido que transporta pigmentos respiratórios,
nutrientes, resíduos tóxicos e hormônios pelo corpo dos animais. Nos
insetos estas funções são realizadas pela hemolinfa.
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Seres vivos: Organismos constituídos por células, que se
desenvolvem, crescem, se reproduzem e respondem a estímulos do
meio ambiente.
Traquéias: Parte do sistema respiratório dos insetos. Conjunto de
tubos ramificados preenchidos por ar, que possuem finas ramificações
por todo o corpo. Responsáveis pelo transporte de oxigênio aos
tecidos.
Troca gasosa: Troca do gás oxigênio pelo gás carbônico nos tecidos
do corpo. Efetuada pela molécula de hemoglobina.
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As Autoras
Profª. Drª. Lúcia Estevinho Guido é professora do curso de Ciências
Biológicas da Universidade Federal de Uberlândia. Ministra as disciplinas de:
Estágio de Ciências e de Biologia; Educação Ambiental; Metodologia de
Ensino. Realiza pesquisa na área de Educação Ambiental com ênfase na
produção e análise das imagens de natureza e na área de Biologia, Educação
e Cultura. E-mail [email protected]
Profª.Sônia Maria Aranha Rodrigues de Andrade é Diretora de Estudos e
Pesquisa do Centro de Estudos Prospectivos de Educação e Cultura – CentrodEstudos.
Consultora escolar , palestrante e professora de cursos de formação lpresenciais e a
distância pelo SitEscola.com, tais como: Uma Pedagogia para Diferença; Projetos
Interdisciplinares: quais os desafios; Avaliação: como desatar o nó, dentre outros.
Mantém um blog do CentrodEstudos http://blog.centrodestudos.com.br. E-mail:
[email protected]
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