Eficiência do Uso do Vermicomposto no Cultivo da Berinjela em Ambiente Protegido. Krolow, I.R.C.(1) ; Filho, L.O.(1); Vitória, D. R.(2) ; Morselli, T. B(3) (1) UFPEL- FAEM –Estagiário em Minhocultura - [email protected], Agronomia/PPGA/FAEM (3) (2) UFPEL- FAEM -Departamento de Solos -Mestranda em UFPEL-FAEM -Departamento de Solos/FAEM/UFPel -CP 354, 96010.900, Capão do Leão/RS Profª Drª Orientadora - [email protected] RESUMO Conduziu-se um experimento, em ambiente protegido ’estufa plástica modelo capela’, na Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel/UFPel, Capão do Leão/RS, com o objetivo de avaliar a eficiência dos adubos orgânicos no cultivo da berinjela, Solanum melongena. Utilizou-se como substrato o solo classificado pelo sistema brasileiro como Planossolo Hidromórfico Eutrófico Solódico. Foram aplicados os seguintes tratamentos: T1 (Sem adubação), T2(Vermicomposto Borra de Café 39g), T3(Vermicomposto Borra de Café 77 g), T4(Vermicomposto Borra de Café 115g), T5(Vermicomposto Eqüino 80g), T6 (Vermicomposto Eqüino 160g), T7(Vermicomposto Eqüino 240g), T8(Vermicomposto Bovino 90g), T9(Vermicomposto Bovino 180g), T10(Vermicomposto Bovino 270 g) distribuídos em vasos com capacidade de 6 kg, os quais foram mantidos na capacidade de campo até a colheita. As mudas foram produzidas em bandejas de poliestireno expandido em sistema ‘float’ no mesmo local onde foi realizado o experimento e transplantadas no dia 20/01/2003. A colheita foi realizada 150 dias após transplante. As variáveis analisadas foram: número, diâmetro, comprimento, fitomassa úmida, fitomassa seca, macronutrientes e micronutrientes dos frutos. Palavras Chave: Solanum melongena, vermicomposto, ambiente protegido. ABSTRACT Vermicompost use efficiency in the eggplant cultivation in polyethylene greenhouse. A experiment was developed in polyethylene greenhouse, in the Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel/UFPel, Capão do Leão/RS, with the goal of evaluating the organic manures efficiency in the eggplant cultivation, Solanum melongena. The substrate utilized was the Planossolo Hidromórfico Eutrófico Solódico. The treatments were: T1(Fertilizer absence), T2(Coffee dregs manure vermicompost 39g), T3(Coffee dregs manure vermicompost 77 g), T4(Coffee dregs manure vermicompost 115g), T5(Equine manure vermicompost 80g), T6(Equine manure vermicompost 160g), T7(Equine manure vermicompost 240g), T8(Bovine manure vermicompost 90g), T9(Equine manure vermicompost 180g), T10(Equine manure vermicompost 270 g) distributed in pots with capacity of 6 kg, wich were keep in the field capacity until the harvest. The runners were going produced in poliestireno trays expanded with 128 cells, in system “float”, in the polyethylene greenhouse where was developed the experiment and transplanted in 20/01/2003.. The harvest was going accomplished 150 days after transplant. The analyzed variables were: number of fruits, diameter of fruits, length of fruits, aboveground biomass (dry end weight) of fruits, macronutrientes and micronutrientes of fruits. Pode-se concluir que os vermicompostos eqüino e bovino podem ser utilizados como adubo no cultivo de berinjela em ambiente protegido.The results showed the possibility of the utilization the Equine and Bovine manure vermicomposts as organic fertilizer in the eggplant cultivation in polyethylene greenhouse. Keywords: Solanum melongena, vermicompost, polyethylene greenhouse. A berinjela, Solanum melongena, é uma hortaliça que pertence à família das solanáceas seu cultivo vem alcançando bons índices e proporcionando renda nas pequenas propriedades. Esta hortaliça, ultimamente tem sido muito consumida no Brasil por ser atribuído a ela um efeito hipocolesterolêmico. Uma particularidade do fruto é apresentar quase 50% de seu volume preenchido por ar entre as células. Por esta razão, a berinjela é macia e pouco sensível a danos mecânicos. Esta hortaliça apresenta pouquíssimas calorias e praticamente nenhuma gordura. Como a maioria dos vegetais, têm diversos minerais em sua composição, destacando-se o cálcio, ferro e fósforo. As diferentes condições climáticas que ocorrem nas regiões produtoras de hortaliças justificam a busca de informações necessárias à exploração racional dos recursos existentes. Nesse contexto, a utilização de estufas vem crescendo a cada ano e com as mais diferentes espécies de interesse agronômico. Em ambiente protegido diminuir o déficit energético, e utilizar insumos locais no cultivo é de grande valia. Dentro dos princípios básicos da agroecologia é importante manter as plantas equilibradas em relação as suas exigências em macronutrientes e micronutrientes. Possuindo aminoácidos livres basicamente serão mais resistentes, a adversidades e ataque de insetos (Primavesi,1987). Dessa forma a utilização da vermicompostagem como técnica racional de reciclagem dos mais diferentes resíduos pode oferecer adubos de altíssima qualidade, considerando-se a matéria orgânica como fonte de energia e material celular para os microrganismos heterotróficos do solo (Bayer et. al.; 2000). Sua importância relaciona-se a contribuição significativa de cargas que retêm Íons no solo, complexação de elementos tóxicos as plantas e ao poder tampão de pH e ainda outros, ao incorporar húmus, melhora-se a estrutura do solo, fornecendo nutrientes essenciais ao desenvolvimento das plantas ou seja melhorando as características químicas físicas e biológicas do solo (Ferruzzi, 1984). O presente trabalho tem como objetivo avaliar o efeito de diferentes vermicompostos como adubo orgânico no cultivo da berinjela. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi desenvolvido em estufa plástica, modelo capela pertencente ao Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel da Universidade Federal de Pelotas/RS, município de Capão do Leão/RS. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados com 5 repetições por tratamento que totalizaram 10. Os 50 vasos que compuseram o experimento, com capacidade de 6 kg de solos cada um, receberam como substrato u solo classificado por Pinto et al. (1999) como Planossolo Hidromórfico Eutrófico Solódico que foi mantido na capacidade de campo durante o período experimental, de 05/01/2003 a 19/06/2003. A planta escolhida foi Berinjela Solanum melongena que foi semeada (05/01/2003) para a produção das mudas em bandejas de poliestireno expandido, de 128 células, em sistema “float”. O transplante das plântulas se deu no dia 20/01/2003 e a colheita 19/06/2003. As adubações foram realizadas de acordo com as analises de solo e vermicompostos utilizando-se as recomendações da Comissão de Fertilidade do Solo – RS / SC (1995). Os tratamentos foram os seguintes: T1(Sem adubação), T2(Vermicomposto Borra de Café 39g), T3(Vermicomposto Borra de Café 77g), T4(Vermicomposto Borra de Café 115g), T5(Vermicomposto Eqüino 80g), T6(Vermicomposto Eqüino 160g), T7 (Vermicomposto Eqüino 240g), T8(Vermicomposto Bovino 90 g),T9(Vermicomposto Bovino 180g),T10(Vermicomposto Bovino 270 g). Todas as plantas foram avaliadas quanto ao número de frutos, diâmetro de frutos, comprimento de frutos, altura de plantas, fitomassa úmida dos frutos, fitomassa seca dos frutos e teores de macronutrientes e micronutrientes dos frutos. Para a determinação destes utilizou-se os métodos recomendados por Tedesco et al. (1995). RESULTADOS E DISCUSSÃO TABELA 1. Número, diâmetro, comprimento, ,fitomassa úmida e seca dos frutos e altura de plantas de berinjela cultivado sob diferentes vermicompostos em ambiente protegido. Pelotas, 2004. Número Tratam. de Frutos T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 Diâmetro de Frutos (cm) 1,2c 0,4de 1,2c 1,2c 2,6a 2,4a 1,6b 1,6b 1,4b Comprimento Altura de de Frutos (cm) Plantas (cm) 14,64e 19,80d 29,80c 38,00bc 56,20a 53,80a 28,20c 55,40a 42,20b 4,60de 6,52d 10,20c 14,00c 17,89ab 17,82ab 9,30cd 19,08a 21,60a Fitomassa úmida (g) Fitomassa seca (g) 104,60f 73,72g 130,62e 125,72e 291,14b 323,36a 187,90cd 332,26a 171,05d 10,26cd 8,45d 11,35c 13,00c 19,45b 27,00a 19,00b 27,91a 15,64bc 92,40f 104,40e 100,00de 105,00d 121,00b 123,40b 126,00b 109,40d 140,00a 117,00c Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. T1(Sem adubação), T2(Vermicomposto Borra de Café 39g), T3(Vermicomposto Borra de Café 77g), T4 (Vermicomposto Borra de Café 115g), T5(Vermicomposto Eqüino 80g), T6(Vermicomposto Eqüino 160g), T7 (Vermicomposto Eqüino 240g), T8(Vermicomposto Bovino 90g), T9(Vermicomposto Bovino 180g) e T10 (Vermicomposto Bovino 270g). TABELA 2.Médias dos teores de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio na matéria Tratamentos N P k seca da berinjela nos diferentes tratamentos. Pelotas, 2004. Tratam. Nitrogênio Fósforo Potássio Calcio Magnésio-1 ---------------------g Kg ---------- -------------------------------------------g kg-1------------------------------------------------- T1 T1 (Testemunha) T2 13,26d T3 16,06c T2 (Verm. - 10 mL) T4 ovino14,49cd T3 T4 T5 14,84cd T6 (Verm. ovino21,11ab - 20 mL) T7 24,95a T8 19,20b T9 (Verm. ovino22,17a - 40 mL) T10 22,69a 3,76c 5,03a 4,71a 3,60c 4,18bc 4,54a 4,38a 4,48a 4,58a Ca 19,35 a 40,40bc 35,65d - f 4,24 2,92a 1,67c - g 18,28 2,45b 2,50b 19,17 44,76b a 5,22 2,08bc 35,74 2,45ba 36,45 40,80b 15,41 55,86a 39,61c 38,82c 17,43 39,21c 1,67c 0,83e 4,49 e 1,25d 1,25d 2,50af 4,17 1,67c 2,32b 2,86ab 29,37 f 3,13a 3,13a 2,59bb 33,52 2,91a d b Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. T1(Sem adubação), T2(Vermicomposto Borra de Café 39g), T3(Vermicomposto Borra de Café 77g), T4 (Vermicomposto Borra de Café 115g), T5(Vermicomposto Eqüino 80g), T6(Vermicomposto Eqüino 160g), T7 (Vermicomposto Eqüino 240g), T8(Vermicomposto Bovino 90g), T9(Vermicomposto Bovino 180g) e T10 (Vermicomposto Bovino 270g). 4,43 4,61 4,06 4,80 T5 (verm. erva-mate - 10 mL) 16,44 c 6,39 a 29,09 f 4,25 T6 (verm. erva-mate - 20 mL) 16,47 c 4,78 d 31,03 d 4,91 T7 (verm. erva-mate - 40 mL) 13,87 e 5,65 b 33,25 b 4,60 T8 (Verm. borra de café - 10 g) 17,29 b 5,46 b 32,23 c 5,72 TABELA 3.Médias teores de g) cobre, 19,35 zinco, ferro T9 (Verm. borra de dos café - 20 a berinjela nos diferentes tratamentos, Faem-Ufpel-2004. e manganês 4,67 dena matéria 32,40seca c da 6,83 T10 (Verm. borra de café -40 g) 13,17 f 4,76 d 29,94 e 4,98 Coeficiente de variação (%) 2,41 0,56 1,57 1,52 Cobre Tratam. T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 T10 Zinco Ferro Manganês 43,99c 38,49cd 32,99cd 32,99cd 43,99c 65,99b 99,00a 59,00b 32,98cd 22,59c 22,59c 26,70b 22,59c 26,70b 28,76a 32,66a 22,59c 24,64c mg kg-1 8,67a 4,34bc 8,67a 5,42b 4,34bc 8,67a 5,42b 5,42b 6,50ab 27,30a 20,07cd 24,09b 20,08cd 24,09b 30,52a 19,27d 27,30a 21,68c Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan a 5%. T1(Sem adubação), T2(Vermicomposto Borra de Café 39g), T3(Vermicomposto Borra de Café 77g), T4 (Vermicomposto Borra de Café 115g), T5(Vermicomposto Eqüino 80g), T6(Vermicomposto Eqüino 160g), T7 (Vermicomposto Eqüino 240g), T8(Vermicomposto Bovino 90g), T9(Vermicomposto Bovino 180g) e T10 (Vermicomposto Bovino 270g). Observa-se na Tabela 1 que o tratamento T1(Sem adubação) não produziu frutos e dentre os demais tratamentos os vermicompostos que melhor desempenharam sua função como adubo, no geral, foram Eqüino e Bovino. Para a variável número de frutos os tratamentos que diferiram significativamente dos demais, porém sem diferirem entre si foram o T6(Vermicomposto Eqüino 160g) e T7(Vermicomposto Eqüino 240g). Estes tratamentos também se destacaram para o diâmetro de frutos juntamente com o tratamento T9 (Vermicomposto Bovino 180g). Os tratamentos T6, T7, T9 e T10(Vermicomposto Bovino 270g) foram significativos para o comprimento de frutos. Para a altura de plantas somente apresentou diferença significativa o tratamento T9 e para as fitomassas foram significativos os tratamentos T7 e T9. Nas tabelas 2 e 3 observa-se que há uma grande variação quanto a significância para os nutrientes nos frutos de berinjela. Isto se deve, provavelmente, à variação nos teores de nutrientes contidos em cada vermicomposto, ainda com ênfase aos vermicompostos eqüino e bovino para a maioria dos nutrientes, mas com significância também para o vermicomposto borra de café em relação os elementos fósforo, cálcio, zinco e cobre. Como a cultura da Berinjela é exigente em nutrientes, a recomendação de adubação não foi suficiente para suprir suas exigências nutricionais tendo-se melhor resposta para as maiores doses. Sabe-se que a resposta das hortaliças não é a mesma para todos os vermicompostos, devido a sua constituição física e química e às diferentes constituições em relação aos fitormônios presentes. Por este motivo, provavelmente, o vermicomposto Borra de Café, neste caso, não tenha sido promissor, embora se saiba que em outras hortaliças tenham sido encontradas respostas positivas relativas ao se uso. Aldrighi (2000) cultivou berinjela em ambiente protegido utilizando como adubo o vermicomposto bovino, e as melhores respostas foram encontradas para as maiores doses aplicadas. Pode-se concluir que os vermicompostos eqüino e bovino podem ser utilizados como adubo no cultivo de berinjela em ambiente protegido. LITERATURA CITADA BAYER, C; MIELNICZUK, J. & MARTIN-NETO, L. Efeito de sistemas de preparo e de cultura na dinâmica da matéria orgânica e na mitigação das emissões de CO2 . R. Bras. Ci. Solo, 24: 599-607, 2000. FERRUZZI, C. Manual de Lombricoltore. litexa Editora; Bolonha- 1984. PINTO, L.F.S.; PAULETTO, E.A.; GOMES, A.S.; SOUSA, R. Caracterização de solos de várzea. In: GOMES, A.S.; PAULETTO, E. A. (ed.) Manejo do solo e da água em área de várzea. Pelotas: EMBRAPA – Clima temperado, 1999. 201 p. COMISSÃO DE FERTILIDADE DO SOLO RS/SC. Recomendações de adubação e calagem para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. 3a Ed., PELOTAS: SBCS – Núcleo Regional Sul, 2000. 223p PRIMAVESI, A. Manejo ecológico do solo: a agricultura em regiões tropicais. Editora Nobel, 9a edição, São Paulo, 1987. 549p TEDESCO, M. J., GIANELLO, C., BISSANI, C. A., BOHNEN, H., VOLKWWEISS, S. J. Análises de solo, plantas e outros materiais. Porto Alegre: Faculdade de Agronomia. UFRGS. RS. 1995. 174p. APOIO: FAPERGS