INOVAÇÃO Aprendizagem significativa como fator de sucesso A evolução da humanidade acontece, desde os primórdios, por meio de amostragens, experimentos e trocas de informações. Isso nos faz relembrar a própria escola Peripatética – um círculo filosófico da Grécia antiga que, basicamente, seguia os ensinamentos de Aristóteles. Foi fundada em 336 a.C., quando Aristóteles abriu a primeira escola filosófica no Liceu em Atenas, e durou até o século IV. Peripatético é a palavra que, em grego, significa ambulante (ou os que passeiam). Eduardo Nahum REVISTA LINHA DIRETA Mestre em Educação e palestrante motivacional Gosto de citar Aristóteles pelo fato de o filósofo adotar uma orientação empírica que se apoia em experiências vividas, na observação de coisas, e não apenas em teorias e métodos científicos. É o conhecimento adquirido ao longo da vida. Entendam: isso não significa que temos que abandonar teorias e métodos. Acredito que paramos de observar o universo, as pessoas, plantas, bichos, água, céu, o mundo em que vivemos, e só nos lembramos de tudo isso quando acontece algo catastrófico. Pois bem, penso que foi através da relação empírica que o especialista em Psicologia Educacional David Ausubel chegou à conclusão de que quanto mais sabemos, mais aprendemos. Ele é contundente quando afirma que “o fator isolado mais importante que influencia o aprendizado é aquilo que o aprendiz já conhece”. Sendo assim, acredito que aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias já existentes na estrutura mental e, com isso, ser capaz de relacionar e acessar novos conteúdos. Tenho trabalhado nos últimos 30 anos a ideia de que existem duas condições para que a aprendizagem significativa ocorra de forma satisfatória e eficiente. O conteúdo a ser ensinado tem que ser potencialmente revelador, e o estudante precisa estar disposto a relacionar o material de maneira consistente e não arbitrária. Em minhas palestras, começo sempre com uma reflexão: como deixar de ser um bom professor porque sabe o conteúdo e passar a ser um bom professor porque sabe facilitar a aprendizagem? REVISTA LINHA DIRETA E como conjugar o verbo interagir? Essas questões estão na base da construção do real papel do professor diante de uma aprendizagem significativa. E aí digo a todos, sem medo de ser feliz: pare de dar aulas! Por mais estranho que possa parecer, esse é o principal comportamento a ser adotado na aprendizagem significativa. E falo mais: se o papel do professor é dar aulas, enquanto ele dá aula, o aluno faz o quê? Temos então que pensar o seguinte: a expressão dar aulas é fruto do mundo pronto, aumentando assim nossa frustração e nos adoecendo, principalmente em um mundo cada vez mais virtual. Acredito cada vez mais que o respeito e a confiança em um contexto acolhedor propiciam a aprendizagem significativa e uma maior satisfação, assim como um maior equilíbrio entre o ser e o estar. Quem tem sede de ensinar e de aprender é como o pássaro que, ao pousar um instante sobre ramos muito leves, sente-os ceder, mas canta. Ele sabe que possui asas – talento e perseverança. [email protected]