Fabiana Messias Barrese Fernanda Bez Pires

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Fabiana Messias Barrese
Fernanda Bez Pires
RELAÇÃO ENTRE OS ASPECTOS RESPIRATÓRIOS E A
DISFAGIA EM PACIENTES COM ESCLEROSE LATERAL
AMIOTRÓFICA
Tese apresentada à Universidade Federal
de São Paulo – Escola Paulista de
Medicina, para obtenção do Título de
Especialista em Reabilitação de Doenças
Neuromusculares.
São Paulo – 2006
Fabiana Messias Barrese
Fernanda Bez Pires
RELAÇÃO ENTRE OS ASPECTOS RESPIRATÓRIOS E A
DISFAGIA EM PACIENTES COM ESCLEROSE LATERAL
AMIOTRÓFICA
Tese apresentada à Universidade Federal
de São Paulo – Escola Paulista de
Medicina, para obtenção do Título de
Especialista em Reabilitação de Doenças
Neuromusculares.
Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia de
Magalhães Leal Chiappetta
Co-orientadora: Profa. Maria Clariane Berto
Hayashi
São Paulo – 2006
Dedicatória
Dedicamos este trabalho às pessoas que mais nos incentivaram e que
tiveram papel fundamental na nossa formação...
... aos nossos pais, que sempre estiveram do nosso lado.
... à nossa orientadora, Dra. Ana Lúcia M. L. Chiappetta.
I
Agradecimento
À Dra Ana Lúcia Chiappetta, fonoaudióloga do Setor de Investigação em
Doenças Neuromusculares da UNIFESP-EPM, minha orientadora, pela
atenção, dedicação, aprendizado e oportunidade.
À Clariane Hayashi, fisioterapeuta responsável do Setor de Investigação em
Doenças Neuromusculares da UNIFESP-EPM, minha co-orientadora, por
disponibilizar dados necessários para a conclusão deste trabalho.
Ao Dr Acary Souza Bulle Oliveira, médico responsável do Setor de
Investigação em Doenças Neuromusculares da UNIFESP-EPM, pela
oportunidade oferecida para a realização deste trabalho.
Às fonoaudiólogas Daniella e Cristiane, pela receptividade, toda ajuda e apoio
durante o ano.
À Francis Fávero e Sissy Fontes, coordenadoras do Curso de Reabilitação
Fisioterapêutica em Doenças Neuromusculares, por todo apoio e
conhecimento.
À Fernanda Bez, minha dupla.
Aos pacientes participantes deste trabalho, pela confiança e imensa
colaboração, sem a qual, o trabalho não seria realizado.
Aos meus pais, Rosana Barrese e Luís Miguel Barrese, por acreditarem em
mim e me ajudarem em mais uma conquista.
Á minha irmã Fernanda Barrese, por toda paciência e ajuda.
Ao meu namorado, Adrien Duarte, por todo amor, carinho, compreensão e
força.
Fabiana Messias Barrese
II
Agradecimento
Agradeço à todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a
realização deste trabalho, em especial:
Ao Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira, pela oportunidade de realizar este
trabalho, pelo seu empenho e dedicação.
À orientadora, Dra. Ana Lúcia M. L. Chiappetta, fonoaudióloga do Setor de
Investigação em Doenças Neuromusculares da UNIFESP-EPM, por me
mostrar sempre a direção certa, pela paciência e também dedicação.
À Fabiana Messias Barrese, pelo companheirismo.
À equipe multiprofissional (médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais,
fonoaudiólogas, assistente social e nutricionistas) do setor de doenças
Neuromusculares da UNIFESP/EPM, que me deu todo apoio durante a
realização deste trabalho e mostraram que para ser um bom profissional, é
necessário trabalharmos em conjunto.
Aos pacientes do setor de doenças Neuromusculares da UNIFESP/EPM, que
contribuíram de forma essencial para meu crescimento profissional e pessoal.
À Francis Fávero e Sissy Fontes, coordenadoras do Curso de Reabilitação
Fisioterapêutica em Doenças Neuromusculares, por todo apoio e
conhecimento.
Aos meus queridos pais, Naila Bez Pires e João Alberto Pires, e meu irmão,
Rodrigo Pires, por serem essa família maravilhosa e unida que somos.
Agradeço, principalmente, à Deus, pois sem Ele, nada disso seria
possível.
Fernanda Bez Pires
III
Lista de Gráficos e Tabelas
Tabela 1. Relação entre a média do TRD M em meses, comparado
ao uso de BIPAP nos gêneros feminino e masculino.
Tabela 2. Relação dos pacientes que apresentam ou não a PEG com a CV.
Tabela 3. Aceitabilidade da PEG nos gêneros feminino e masculino.
Tabela 4. Média de meses de início dos sintomas na disartria, disfagia e
intervalo entre ambos.
Figura 1. Relação entre o valor absoluto da Capacidade Vital do Grupo A com
B.
Tabela 5. Relação entre o grau de disfagia e a média da CV (%).
Figura 2. Comparação da Pressão Inspiratória Máxima entre os Grupos A
(disfagia 0-1) e B (disfagia 2).
Figura 3. Comparação entre a Pressão expiratória máxima dos grupos A
(disfagia graus 0-1) e B (disfagia grau 2).
Tabela 6. Relação entre o grau de disfagia e a média da Pemax (%).
IV
Lista de Abreviaturas
DNM - doença do neurônio motor.
ELA - esclerose lateral amiotrófica.
NMI - neurônio motor inferior.
NMS - neurônio motor superior.
ENMG - eletroneuromiografia.
PRM - pressões respiratórias máximas.
CV - capacidade vital.
PImáx - pressão inspiratória máxima.
PEmáx - pressão expiratória máxima.
VNI - ventilação não invasiva.
TRD M - tempo referido de doença em membros.
TRD D - tempo referido de doença na deglutição.
TRD F - tempo referido de doença na fala.
GEP - gastrostomia endoscópica percutânea.
V
RESUMO
CHIAPPETA ALM; BARRESE FM; PIRES FB; HAYASHI MCB. RELAÇÃO
ENTRE OS ASPECTOS RESPIRATÓRIOS E A DISFAGIA EM PACIENTES
COM ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA. São Paulo, 2007. 32p. Tese
apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de
Medicina, para obtenção do Título de Especialista em Reabilitação de Doenças
Neuromusculares.
Objetivo: identificar os aspectos respiratórios em pacientes com ELA e
relacionar com a disfagia orofaríngea durante a progressão da doença. Além de
verificar se os valores diminuídos de CV, PImáx e PEmáx são preditivos de
maior gravidade de disfagia orofaríngea. Método: trinta e seis pacientes com
ELA foram avaliados no setor de doenças neuromusculares da UNIFESP/EPM,
no ano de 2006. Foram realizadas avaliação fisioterapêutica (CV, PImáx e
PEmáx) e relacionados com avaliação fonoaudiológia (grau de disfagia) para
identificar se os aspectos respiratórios interferem no grau da disfagia. Os dados
foram analisados através da técnica não paramétrica por meio do teste de
Mann-Whitney, com nível de significância de 95%. Resultados: obteve-se
resultados estatisticamente significativo na PImáx, PEmáx e CV quando
comparadas ao grau de disfagia. Conclusão: a relação existente entre os
aspectos respiratórios identificados na ELA (CV, Pimáx e Pemáx) e a disfagia, é
tempo decorrente e estão intimamente ligados.
Palavras-chaves: doença dos neurônios motores, esclerose lateral
amiotrófica, capacidade vital, respiração, disfagia.
VI
Abstract
Purpose: To identify respiratory aspects in patients with ALS and compare it
with oropharingeal dysphagia during the disease progression. Besides that, to
verify if low measures of VC, IMP and EMP are predictive of worsening of
dysphagia. Methods: In 2006, thirty-six ALS patients were evaluated at Setor
de Doenças Neuromusculares – UNIFESP/EPM, by a physical therapist (VC
MIP and MEP) and a speech therapist (dysphagia). These two datas were
relacionated to identify if respiratory aspects influences in dysphagia worsening.
These datas were analyzed through a non parametrc technique by MannWhitney test, with 95% as the significant level. Results: There were statisticaly
significant results in VC, MIP and MEP; in comparation with dysphagia
worsening. Conclusion: Dysphagia in ALS patients is time-dependent and
aggravates with low values of VC, MIP and MEP.
Key-words: disease of motor neurons, amyotrophic lateral sclerosis, vital
capacity and dysphagia
VII
Índice
Dedicatória................................................................................................. I
Agradecimentos......................................................................................... II
Agradecimentos ........................................................................................ III
Lista de Gráficos e Tabelas....................................................................... IV
Lista de Abreviaturas................................................................................. V
Resumo...................................................................................................... VI
Abstract...................................................................................................... VII
1. Introdução............................................................................................
1.1 Objetivo.....................................................................................
2. Método..................................................................................................
2.1 Método......................................................................................
2.1.1 Avaliação Respiratória................................................
2.1.2 Avaliação Fonoaudiológica.........................................
2.2 Método Estatístico....................................................................
3. Resultados...........................................................................................
4. Discussão............................................................................................
5. Conclusão............................................................................................
6. Anexos..................................................................................................
7. Referências...........................................................................................
01
09
11
12
12
14
15
16
21
26
28
34
1. INTRODUÇÃO
Dentre as neuropatias, as doenças do neurônio motor (DNM)
representam uma subclassificação e podem ser divididas em outros quatro
grandes subtipos: (1) Forma Clássica Esclerose Lateral Amiotrófica, que tem
sinais de comprometimento dos motoneurônios superiores e inferiores, da
musculatura bulbar, do tronco e membros; (2) Atrofia Muscular Progressiva, que
decorre da perda de neurônios motores inferiores do corno anterior da medula e
raramente do tronco cerebral; (3) Paralisia Bulbar Progressiva, caracterizada
pela disfunção bulbar pura, através do comprometimento dos neurônios motores
do tronco cerebral; (4) Esclerose lateral Primária, caracterizada por uma lesão
restrita dos motoneurônios dos tratos corticoespinal e corticobulbar, resultando
em fraqueza, espasticidade e hiperreflexia bulbar e dos membros (SOUZA,
2000; LEVY, 2003).
A ELA é uma doença neurodegenerativa e progressiva que envolve
primeiramente os neurônios motores do córtex cerebral, tronco cerebral e
medula espinal (SOUZA, 2000; LEVY, 2003; HIGO et al, 2004; LEDER et al,
2004; PERRIN et al, 2004; PAILLISSE et al, 2005; SCHMIDT et al, 2006). As
células mais afetadas na ELA são as células piramidais, particularmente
localizadas na área pré-central (células gigantes de Betz) que são incorporadas
nos tratos corticoespinhal e bulboespinhal, motoneurônio α do tronco cerebral e
medula espinhal. Há uma preservação histológica e funcional de alguns grupos
de motoneurônios até as fases mais tardias da doença, como dos núcleos III, IV
e VI, além dos núcleos de Onufrowicz (S1-S3), tendo assim preservação da
musculatura oculomotora e esfincteriana (ROCHA et al, 2005).
A incidência da ELA é aproximadamente 1,5 a 2/100.000 pessoas,
embora em algumas Ilhas do Pacífico possam ser 100 vezes maior (PRADO,
2005), com prevalência de 4-6 casos/100.000 pessoas (ROCHA et al, 2005),
com média de idade de 63 anos, embora possa ocorrer desde a adolescência
até os 80 anos (LEVY, 2003; CHEN & GARRETT, 2005), com pequena
predominância no gênero masculino (1,4 homens: 1 mulher) (CHEN &
GARRETT, 2005), que vai diminuindo com a idade, sendo que aos 70 anos, a
proporção entre homens e mulheres chega à 1:1 (ROCHA et al, 2005). Já no
Brasil a incidência da ELA varia entre 0,3 a 0,5/100.000 habitantes (DIETRICHNETO, 2000).
É a doença neuromuscular degenerativa mais comum na vida adulta,
com tempo de sobrevida em média três anos (SOUZA, 2000; JACKON, 2002;
HOUSEMAN & KELLEY, 2005; PAILLISSE et al, 2005; PIEPERS & BERG,
2006), com variação de 23 a 48 meses, sendo 5% com sobrevida maior que
cinco anos a partir do início dos sintomas (PAILLISSE et al, 2005).
Os fatores prognósticos da ELA são: gênero, idade, tempo de diagnóstico
e forma inicial da doença (LEVY, 2003; PAILLISSE et al, 2005; ROCHA et al,
2005; SCHMIDT et al, 2006).
A ELA costuma ser classificada em: 1) esporádica; 2) familiar; e 3) do
oeste do Pacífico (SOUZA, 2000). A etiologia da ELA permanece indefinida
(SOUZA,
2000;
PRADO,
2005;
LEVY,
2003);
na
forma
esporádica,
provavelmente seja uma afecção de origem multifatorial, sendo resultado de
uma alteração de um complexo gene-gene, gene-ambiente e um fator causal
dominante não definido. Já na forma familiar (10% dos casos), ocorre devido a
uma alteração gênica heterogenia com formas autossômicas dominantes e
recessivas, do gene Cu/Zn superóxido desmutase [SOD1(21q22.1-22.2)], que é
responsável por 20% dos casos de ELA familiar e 2% de todos os casos. A
enzima superoxido desmutase normalmente neutraliza moléculas tóxicas
conhecidas como radicais livres, que derivam do funcionamento celular. O não
funcionamento dessa enzima causa um excesso de radicais livres que causam
a morte celular (ROCHA et al, 2005). Outras teorias sobre a etiologia da ELA
foram propostas, entre elas, a toxicidade relacionada com níveis de chumbo e
alumínio aumentados e com as anormalidades dos níveis de cálcio e magnésio
têm sido sugeridas. Mais recentemente, as pesquisas têm enfocado possíveis
causas vinculadas com a falta de fator de crescimento do nervo, um excesso de
glutamato no SNC e um processo auto-imune (UMPHRED, 2004).
Comumente
as primeiras manifestações
da ELA
são: fraqueza
assimétrica, focal de um membro, seja ele superior ou inferior. O predomínio da
fraqueza geralmente é distal, embora o inverso possa ocorrer (SCELSA et al,
2002; LEVY, 2003).
Em seu estudo, Chen & Garrett (2005) afirmam que devido a ELA
acometer tanto os motoneurônios superiores quanto os motoneurônios
inferiores, existe uma grande variedade nas manifestações clínicas. Nas
anormalidades do motoneurônio inferior, são encontrados flacidez, hiporreflexia,
fasciculações e atrofia muscular. Já nas anormalidades do motoneurônio
superior, são encontrados hiperreflexia e espasticidade, que segundo Ulas et al
(2003) podem estar mascarados devido à intensa atrofia e fraqueza muscular.
O quadro clínico desses pacientes pode ser dividido nas formas de início
espinal ou bulbar. Na forma espinal, a fraqueza, as fasciculações e a cãibra
constituem os sintomas do corno anterior da medula. A amiotrofia, a paresia ou
plegia e a diminuição dos reflexos profundos são os sinais encontrados. Estas
alterações estão presentes nos agrupamentos musculares correspondentes aos
segmentos medulares lesados. Os sinais piramidais costumam estar presentes
desde o início do quadro clínico. Assim, têm-se abaixo do nível da lesão,
paresia ou plegia, hipertonia, reflexos profundos exaltados e presença do sinal
de Babinski. Na forma bulbar os sintomas costumam iniciar-se pelos lábios e
pela língua. Apresentam disartria (que progride com a perda da fala), paresia,
tremor labial, fasciculações, atrofia e paralisia da língua. O véu do paladar e as
pregas vocais tornam-se paréticos e o reflexo de tosse diminui, resultando em
crises de engasgos pela própria saliva e broncopneumonia de repetição
(SOUZA, 2000; CHIAPPETTA e ODA, 2004). Contudo, a fraqueza da
musculatura bulbar é inevitável independente da sua forma inicial de
acometimento (SUÁREZ et al, 2002).
As doenças degenerativas aparecem após um período de funcionamento
normal do sistema nervoso; os sintomas iniciais são tão discretos que muitas
vezes é difícil determinar o exato momento de início da doença (PIEMONTE,
2001).
Não existem, atualmente, testes laboratoriais disponíveis para confirmar
o diagnóstico de ELA, apesar dos níveis de creatino-fosfoquinase serem
elevados em 70% dos pacientes. Existem testes genéticos para identificar a
mutação do gene SOD1 disponíveis, se o paciente apresentar um histórico
familiar de ELA. Outros testes de laboratórios, como identificação de
marcadores bioquímicos no sangue, liquido cefalorraquidiano e técnicas de
neuroimagens são utilizadas para excluir outras doenças neurológicas. Estudos
de
eletromiografia
comumente
apresentam
fibrilações
espontâneas
e
fasciculações com picos grandes ou enormes em atividade voluntária. Na
eletroneuromiografia há sinais de desnervação em grupos musculares nos
membros superiores e inferiores com neurocondução sensitiva e motora
normais (SOUZA, 2000; UMPHRED, 2004). Devido à inexistência de
marcadores laboratoriais para ELA, o diagnóstico clínico deve ser baseado no
reconhecimento de um padrão de sintomas e comportamentos observados,
relatados e confirmados por testes de diagnóstico de inclusão e exclusão
(UMPHRED, 2004).
Os critérios de diagnóstico para ELA empregados atualmente foram
estabelecidos e revistos em 1998 pelo El Escorial Word Federation of Neurology
(HIGO et al, 2004; CHIAPPETTA, 2005). Seguindo as seguintes premissas:
Presença de:

Sinais de acometimento do NMI (baseado no exame clínico,
eletroneuromiográfico ou anatomopatológico) em um ou mais de
quatro regiões (bulbar, cervical, torácica e lombossacral);

Sinais de acometimento do NMS (mediante exame físico) em uma ou
mais

de quatro regiões;
Alterações do tipo neurogênicas na ENMG, em músculos clinicamente
normais;

Sinal de progressão da doença em uma ou mais regiões.
Ausência de:

Comprometimento sensitivo, autonômico e visual;

Síndrome de Parkinson;

Alterações em exames de neroimagem, de outras doenças, que
poderiam explicar os achados neurogênicos na ENMG.
Ainda baseando-se nos critérios do El Escorial Word Federation of
Neurology, podemos subdividir a ELA em:

ELA definida (típica): sinais de acometimento de NMI e NMS em três
ou mais regiões (tronco cerebral, membros superiores, tórax e
membros inferiores)

ELA provável: sinais de acometimento de NMI e NMS em duas
regiões

ELA possível: sinais de acometimento de NMI e NMS em uma região
ou de NMS em duas ou três regiões

ELA suspeita: sinais de acometimento do NMI em duas ou três
regiões.
Tratamento medicamentoso
Não existe tratamento específico para a ELA (SOUZA, 2000; PRADO,
2005; ROCHA et al, 2005). As substâncias utilizadas na tentativa de tratamento
da ELA podem ser divididas em: inativadores de radicais livres; inibidores da via
do glutamato; hormônios e fatores de crescimento; imunossupressores;
estimuladores do sistema imunológico, antiviróticos; antagonistas de metais
pesados (SOUZA, 2000). Destes, o único medicamento aprovado pelo FDA
para o tratamento da ELA é o riluzol, inibidor da via do glutamato. Seu
mecanismo de ação é através da inibição pré sináptica do glutamato,
antagonista dos receptores NMDA e inibição do glutamato induzida pelo influxo
de
Ca+2.
Os
efeitos
colaterais
incluem
fadiga,
náuseas,
vômitos
e
hepatotoxidade. Estudos mostram um aumento da sobrevida de 2-4 meses. Seu
uso é recomendável apenas para ELA definida ou provável (SOUZA, 2000;
PRADO, 2005; ROCHA et al, 2005). Outras medicações preconizadas para
diminuir o processo de degeneração celular incluem: vitaminas C e E, coenzima
Q10
e
indometacina.
O
uso
de
L-carnitina,
creatina
fosfato
e
dehidroepiandrosterona têm o objetivo de melhorar transitoriamente a força
muscular (PRADO, 2005).
Abordagem multidisciplinar
O tratamento multidisciplinar, rápido e coordenado, não só melhora a
longevidade, mas também, sobre tudo, melhora a qualidade de vida (PRADO,
2005). O paciente com ELA pode se beneficiar da utilização de diversas
condutas para a melhoria de sua qualidade de vida. Pela multiplicidade de
complicações que o doente apresenta, é necessário que seu acompanhamento
seja feito por uma equipe com diversos profissionais (SOUZA, 2000).
Aspectos fonoaudiológicos
O comprometimento dos nervos cranianos e da musculatura respiratória
traz
conseqüências
importantes
para
respiração,
mastigação,
sucção,
deglutição, fala e voz, com graves conseqüências para o paciente. A
preservação dessas funções pelo maior tempo possível é um objetivo
terapêutico importante onde a fonoaudiologia pode contribuir de maneira valiosa
(PALERMO, 2003).
Com a progressão da doença, é certo de que o paciente virá apresentar
o comprometimento da musculatura bulbar, ocasionando quadros de disfagia,
disartria e disfonia (CHIAPPETTA et al, 2003; HAYASHI et al, 2003;
CHIAPPETTA e ODA, 2004; HIGO et al, 2004).
O envolvimento da musculatura bulbar está associado com disfunção
dos lábios, incompetência palatina, fraqueza faríngea, dificuldade em deflagrar o
disparo da deglutição e incapacidade de elevação laríngea durante a deglutição.
A disfagia é resultado de uma incapacidade de fala inicial de vários meses e é
suspeitada através de episódios de aspiração, alteração do tom de voz após
deglutição, fadiga durante refeições, perda de peso (CHIAPPETTA et al, 2003;
HAYASHI, 2003; CHIAPPETTA e ODA, 2004; ROCHA et al, 2005), desordem
na mastigação, regurgitação nasal, controle de saliva diminuído, desidratação,
desnutrição, pneumonias aspirativas, entre outros (FERKIM & SANTINI, 1999;
KIDNEY et al, 2004), levando esses pacientes a sérios problemas respiratórios
e até a morte (HIGO et al, 2004).
O tratamento para a disfagia na ELA é paliativo e pode incluir desde
estratégias de deglutição, posicionamento, mudança na dieta até a gastrostomia
(KIDNEY et al, 2004).
A progressão dos sintomas da disfagia nestes pacientes são
extremamente variados. Contudo, sabe-se que há um pior prognóstico para os
pacientes que apresentem inicialmente a forma bulbar do que aqueles que
apresentem a forma espinal (HIGO et al, 2004).
A GEP aumenta a qualidade de vida e a sobrevida desses pacientes(
HEFFERMAN et al,2004) . A indicação da GEP, está de acordo com a CV do
paciente . Pacientes com a CV ≥50% do valor predito, têm um mínimo risco de
complicações durante o procedimento de colocação; já pacientes com CV entre
50-30% do valor predito, têm baixo risco de complicações durante o
procedimento; e pacientes com CV < 30% do valor predito, têm alto risco
durante
o
procedimento
de
colocação(CHIAPPETTA
E
ODDA,
2004,
KASARSKIS, 2004, ROCHA, 2005 e CHIAPPETTA, 2005).
Aspectos respiratórios
Embora a ELA não tenha efeito diretamente no pulmão, a doença causa
um efeito devastador na mecânica respiratória (PERRIN et al, 2004) que,
inevitavelmente leva a paralisia da musculatura respiratória e com a progressão
da doença, todos os pacientes desenvolvem doenças pulmonares e acabam
morrendo por falência respiratória (SCELSA et al, 2002; HIGO et al, 2004;
ROCHA et al, 2005).
Sinais precoces de falência respiratória são facilmente percebíveis. Eles
incluem dispnéia na posição supina, taquipnéia, taquicardia, fadiga, distúrbios
do sono (dispertares noturnos e sonolência diurna), cefaléia matinal, tremor,
cianose e infecções respiratórias constantes (PERRIN et al, 2004; ROCHA et al,
2005; PIEPERS & BERG, 2006).
A fraqueza da musculatura respiratória nas doenças neuromusculares
(DNM) é definida como a incapacidade da musculatura em repouso de gerar
níveis normais de pressão e fluxo durante a inspiração e expiração. Devido à
redução da complacência pulmonar, nas DNM, há uma sobrecarga na
musculatura enfraquecida. Há, então, um desequilíbrio entre “trabalho” e
capacidade, o que leva a fadiga dessa musculatura e consequentemente a
falência respiratória (PERRIN et al, 2004).
Com a progressão da doença, a fraqueza da musculatura bulbar resulta
na perda do reflexo das vias aéreas, com aumento do risco de aspiração de
alimentos e conteúdos gástricos, que segundo Suárez et al (2002), é provocada
por uma alteração no fechamento da glote. Por outro lado, a fraqueza da
musculatura respiratória, leva a hipoventilação alveolar e diminuição do fluxo de
tosse, causando incapacidade de limpeza das vias aéreas e contribuindo para
uma aspiração (SUÁREZ et al, 2002; MUSTFA et al, 2002; CHIAPPETTA et al,
2003; HAYASHI, 2003 CHIAPPETTA e ODA, 2004; ROCHA et al, 2005).
A monitorização da função pulmonar é utilizada para determinar a
gravidade
e
o
progresso
de
diversas
disfunções
pulmonares
e
neuromusculares. Avaliações das pressões respiratórias máximas (PRM) e da
capacidade vital (CV), representada pelo maior volume de ar mobilizado a partir
de inspiração máxima até a expiração máxima, são recursos frequentemente
utilizados para este fim (FROMAGEOT et al, 2001; SCELSA et al, 2002; FIORE
et al, 2004). A avaliação das PRM consiste na medida máxima da pressão
inspiratória e expiratória que o indivíduo pode gerar na boca. Por se tratar de
uma manobra estática, com a via aérea ocluída, a pressão bucal avaliada reflete
a pressão que está sendo gerada nos alvéolos pela ação dos músculos
respiratórios. A pressão inspiratória máxima (PImáx) e a pressão expiratória
máxima (PEmáx) são muito utilizadas para o diagnóstico de fraqueza dos
músculos respiratórios em pacientes com doenças neuromusculares (FIORE et
al, 2004). A Capacidade Vital (CV) é um marcador da função respiratória que
também pode ser usado para indicar o comprometimento do potencial
respiratório na ELA (MEININGER, 2002; CZAPLINSKI et al, 2006).
Apenas a medida da CV, não é um instrumento sensitivo para avaliar a
progressão clínica, principalmente nos estágios iniciais da doença (FALLAT,
2002; LEDER et al, 2004). Outros instrumentos podem ser usados para detectar
alterações mais precoces da musculatura respiratória, como a PImáx e PEmáx;
além disso, a medida da CV tem se mostrado estável, com média de 25-30%
nos últimos três meses da doença, embora haja um aumento da pCO2
(JACKSON, 2002).
A força da musculatura respiratória é inversamente proporcional ao risco
de falência respiratória aguda, assim como pela inabilidade de limpeza das vias
aéreas (JACKSON, 2002). Pela ineficiência da tosse, esses pacientes podem
apresentar na progressão da doença retenção de secreção, atelectasias e
infecções pulmonares (SUÁREZ et al, 2002).
O primeiro sintoma de falência respiratória é a hipoventilação noturna.
Porém o tratamento é paliativo. Assim que é percebido, indica-se o uso de VNI
(ventilação não invasiva) durante o período noturno para que diminua a
sobrecarga da musculatura respiratória e esses pacientes venham a ventilar
melhor (PIERPRS, 2006; GELINAS, 2002). Estudos mostram que o uso da VNI
têm aumentado a sobrevida desses pacientes e mostram que a VNI deve ser
oferecido ao paciente com sintomas de hipoventilação ou CV≤50% do predito
(LYALL, 2004)
1.1 Objetivos
O objetivo principal deste estudo foi identificar os aspectos respiratórios
em pacientes com ELA e relacionar com a disfagia orofaríngea durante a
progressão da doença.
O objetivo secundário deste estudo foi verificar se a alteração dos valores
de CV, PImáx e PEmáx são preditivos de maior gravidade de disfagia
orofaríngea.
2. MÉTODO
Foi realizado um estudo prospectivo observacional, onde foram
analisados 36 pacientes com diagnóstico de DNM/ELA em atendimento no
Setor de Doenças Neuromusculares da Disciplina de Neurologia, da
Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, no período
de junho a dezembro de 2006. Os pacientes selecionados nesta pesquisa
estavam de acordo com os critérios de inclusão e exclusão abaixo relacionados.
Critérios de inclusão
Foram incluídos neste estudo os pacientes que, após entrevistas e
orientações iniciais, foram admitidos no acompanhamento multidisciplinar
periódico no Setor de Doenças Neuromusculares, com diagnóstico de ELA
inicial apendicular, de ambos os gêneros, independente da idade, com
manifestações clínicas definidas (El Escorial, 1998), com ou sem queixa de
disfagia orofaríngea.
O paciente teve que apresentar força do músculo orbicular dos lábios
suficiente para a sustentação do bucal, evitando o escape de ar durante as
medidas de capacidade vital, pressão inspiratória máxima, pressão expiratória
máxima.
Critérios de exclusão
Foram excluídos os pacientes que não fizeram acompanhamento regular
no setor.
2.1 Método
Os dados gerais de anamnese foram obtidos no arquivo médico do Setor
de Investigação em Doenças Neuromusculares da UNIFESP-EPM. Foi
realizada avaliação fonoaudiólogica padronizada por Chiappeta (1999) (Anexo
1) e avaliação fisioterapêutica (Anexo 2). Todos os casos foram avaliados pelo
responsável dos respectivos setores.
2.1.1 Avaliação respiratória
A avaliação foi realizada pela fisioterapeuta responsável, no Setor de
Doenças Neuromusculares da UNIFESP-EPM.
Foram aferidas as medidas de capacidade vital, pressão inspiratória
máxima e pressão expiratória máxima.
Medida de capacidade vital (CV)
A medida foi realizada com os pacientes sentados. Eles inspiravam e
expiravam tranqüila e consecutivamente, tendo o nariz ocluído com uma pinça e
a boca conectada ao bucal colocado na extensão do ventilômetro. A um dado
momento, após uma expiração normal, os pacientes eram estimulados a
realizar uma inspiração máxima seguida de uma expiração máxima forçada. A
medida da capacidade vital foi realizada com um ventilômetro da marca
Ohmeda, sendo registrado em litros.
Para a realização das medidas, os pacientes foram instruídos a juntar
bem os lábios, evitando vazamentos.
Foram realizadas três medidas da CV, seguindo as normas da American
Thoracic Society (ATS, 1995). Foi considerada como a CV do paciente a maior
das três medidas.
Medida de pressão inspiratória máxima (PImáx)
A medida da PImáx foi realizada com um manovacuômetro (IMEBRAS –
150) com graduação de 0 a 150cmH2O, ao nível da capacidade residual
funcional (CRF), com os pacientes sentados. Os pacientes foram instruídos a
inspirar e expirar tranquilamente e consecutivamente, tendo o nariz ocluído por
uma pinça e a boca em torno do bucal, o qual foi conectado à extensão do
manovacuômetro. Após uma expiração normal, o bucal era ocluído, e
solicitávamos aos pacientes que fizessem o máximo de esforço inspiratório
possível. Para evitar que haja fechamento da glote durante a manobra
inspiratória o bucal tinha um orifício de 1 mm que permita a entrada de pequena
quantidade de ar. A manobra de PImáx foi repetida cinco vezes e o valor
considerado foi o de maior medida, desde que não fosse o último.
Os indivíduos foram instruídos a não usar as bochechas durante a
realização das medidas e juntar bem os lábios, evitando vazamentos. Caso
houvesse algum escapa de ar, o examinador auxiliaria manualmente o paciente
na junção dos lábios ao bucal.
Medida da pressão expiratória máxima (PEmáx)
A PEmáx foi determinada em nível da capacidade residual funcional. Os
pacientes foram instruídos a inspirar e expirar tranqüilos e consecutivamente,
tendo o nariz ocluído por uma pinça e a boca em torno do bucal, o qual foi
conectado à extensão do manovacuômetro. Após uma expiração normal, o
bucal era ocluído e solicitávamos aos pacientes que fizessem o máximo esforço
expiratório
possível.
Para
a
realização
das
medidas
os
pacientes
permaneceram sentados. A manobra da PEmáx foi repetida cinco vezes e o
valor considerado foi o de maior medida, desde que não fosse o último.
Todos os pacientes foram instruídos a não usar as bochechas durante
realização das medidas, para isso o acompanhante era orientado a pressionar
as bochechas do paciente durante a manobra. Caso houvesse algum escape de
ar, o examinador auxiliaria manualmente o paciente na junção dos lábios ao
bucal.
2.1.2 Avaliação fonoaudióloga
Na posição sentada, o paciente foi avaliado quanto aos aspectos da
deglutição.
A deglutição foi avaliada quanto à eficiência do processo, observando os
seguintes aspectos: esfíncter labial, postura, mobilidade e força propulsora da
língua, contenção do bolo alimentar na cavidade oral, elevação laríngea, refluxo
nasal, presença de tosse durante ou após a deglutição, voz “molhada” após a
deglutição e coordenação deglutição-respiração, além da queixa referida de
estase em região laringo-faríngea e esofágica. A deglutição foi avaliada em
quatro etapas distintas:
Saliva: pela observação dos pacientes em situações de repouso e de
movimento espontâneo e dirigido; quanto ao acúmulo de saliva em vestíbulo
oral e/ou em comissuras labiais, quanto ao escape anterior de saliva e quanto à
presença de pigarro ou engasgo com a própria saliva.
Líquido ralo: pela administração de água nas medidas de 1, 3, 5 e 10ml,
oferecida ao paciente em uma seringa descartável;
Pastoso: pela administração de iogurte natural, tipo consistente nas
medidas de 1, 3, 5 e 10ml, oferecido ao paciente em uma seringa descartável;
Sólido: pela administração de pão francês amanhecido.
Após esta avaliação, os achados nos aspectos da deglutição foram
classificados em normal (0), leve (I), moderado (II), grave (III), e profundo (IV)
de acordo com os critérios propostos por Chiappetta (1999) (Anexo 1).
2.2 Método estatístico
Os dados deste trabalho foram coletados na Universidade Federal de
São Paulo (UNIFESP/EPM), através de avaliações fisioterapêutica e
fonoaudiológica protocoladas e com autorização do Comitê de Ética e Pesquisa.
Os dados foram analisados através da técnica não paramétrica por meio
do teste de Mann-Whitney, com nível de significância de 95%.
3. RESULTADOS
Participaram do estudo 36 paciente que realizavam acompanhamento no
ambulatório de Doenças Neuromuscular, realizado na UNIFESP/EPM.
Nos dados apresentados no Anexo 3, trinta e seis pacientes, 13 (36.1%)
eram do gênero feminino e 23 (63.9%) eram do gênero masculino.
A idade nesses pacientes variou entre 30 a 78 anos, com média de 54.10
anos. Onde no gênero feminino, a idade média foi de 60.53 anos e no
masculino foi de 50.60 anos.
Com relação ao uso de VNI, 11 (30.5%) pacientes não faziam uso e 25
(69.4%) faziam uso do aparelho.
Tabela 1. Relação entre a média do TRD M em meses, comparado ao uso de
VNI nos gêneros feminino e masculino.
Sexo TRD M (meses)
F
38.61
M
44.30
VNI (%)
76.9
65.2
Comparando o gênero feminino com o masculino em relação ao tempo
referido de doença em membros (TRD M) e o uso da VNI, no sexo feminino, a
média de TRD M foi de 38.61 meses e 76.9% usavam VNI. Já a média de TRD
M no sexo masculino foi de 44.30 meses, sendo que 65.2% faziam uso da VNI.
Em relação à GEP 30 (83.3%) pacientes não faziam uso para sua
alimentação, contra seis (16.7%) que faziam uso.
Tabela 2. Relação dos pacientes que usam ou não a GEP com a CV.
CV< 50%
CV ≥ 50%
GEP
6
0
SEM GEP
10
20
Todos os pacientes com GEP , apresentavam CV< 50% do valor predito.
Dos pacientes que não possuíam GEP, 10 apresentavam CV< 50% do valor
predito, e 20 apresentavam CV ≥ 50%.
Tabela 3. Aceitabilidade da GEP nos gêneros feminino e masculino.
Sexo
F
M
TRD D(meses) GEP (%)
4.61
0
8.61
26
Comparando o gênero feminino com o masculino em relação ao tempo
referido de doença na deglutição (TRD D) e o uso da GEP, a média de TRD D
no gênero feminino foi de 4.61 meses, sendo que nenhuma fazia uso da GEP.
Já a média do TRD D no gênero masculino foi de 8.61 meses, sendo que 26%
faziam uso da GEP.
Tabela 4. Média de meses de início dos sintomas na disartria, disfagia e
intervalo entre ambos.
Início Disartria
Início Disfagia
Intervalo entre Disartria e
(TRD M-TRD F)
(TRD M-TRD D)
Disfagia (TRD D-TRD F)
33.01meses
35.08 meses
2.07 meses
A média de início dos sintomas da disartria corresponde a 33.01 meses
após os primeiros sintomas em membros. Com relação à disfagia, a média foi
de 35.08 meses. E o intervalo entre o início da disartria e o início da disfagia foi
de 2.07 meses.
Boxplot
Mann-Whitney (P-Value = 0,007)
3400
3000
CV
2600
2200
1800
1400
1000
Grupo (0 e 1)
Grupo (2)
±1.96*EP
±1.00*EP
Média
Disfagia
Figura 1. Relação entre o valor absoluto da CV do Grupo (0 e 1) com (2).
Comparando a capacidade vital do Grupo de disfagia 0-1 e disfagia 2,
observamos diferença estatisticamente significativa (p= 0,007).
Tabela 5. Relação entre o grau de disfagia e a média da CV (%).
Grau Disfagia
0–1
2
Média CV (%)
70
42
Nos graus 0 – 1 de disfagia a média da CV foi de 70% e no grau 2 de
disfagia, a média foi de 42%.
Boxplot
Mann-Whitney (P-Value = 0,017)
60
PI (Máxima)
50
40
30
20
10
Grupo (0 e 1)
Grupo (2)
±1.96*EP
±1.00*EP
Média
Disfagia
Figura 2. Comparação da Pressão Inspiratória Máxima entre os Grupos de
disfagia 0-1 e disfagia 2.
O Gráfico 2 nos mostra que na comparação da Pimáx do grupo de
disfagia graus 0-1 com o de disfagia grau 2, houve diferença significativa, com
p=0,017.
Boxplot
Mann-Whitney (P-Value = 0,004)
70
PE (Máximo)
60
50
40
30
20
Grupo (0 e 1)
Grupo (2)
Disfagia
±1.96*EP
±1.00*EP
Média
Gráfico 3. Comparação entre a Pressão expiratória máxima dos grupos de
disfagia graus 0-1 e de disfagia grau 2.
Comparando a Pemáx entre os grupos de disfagia graus 0-1 e disfagia
grau 2, observou-se diferença estatisticamente significativa (p= 0,004).
Tabela 6. Relação entre o grau de disfagia e a média da Pemax (%).
Grau de Disfagia Média Pemáx (%)
0–1
48.6
2
27.9
Na comparação entre média da Pemáx em relação aos graus de disfagia,
podemos observar que, no grau 0 – 1 a média foi de 48.6%, já no grau 2, a
média foi de 27.9%.
4. DISCUSSÃO
Nesse estudo, foram avaliados paciente com a forma clássica da ELA,
segundo critérios do El Escorial, 1998, com início dos sintomas em membros.
Observou-se uma predominância da ELA do gênero masculino, quando
comparado ao feminino (1 mulher:1.8 homens). Esses dados são confirmados
por Chen e Garret (2005), Chiappetta e Oda (2004) e Rocha et al (2005) que
afirmam uma predominância de 1 mulher:1,4 homens. Além disso, segundo
Dietrich-Neto et al (1998), no Brasil a forma espinal é mais frequentemente
encontrada no sexo masculino.
Quanto à idade de início da doença, neste estudo a média foi de 54.1
anos, onde, no gênero masculino a média foi de 50.60 anos e no feminino foi de
60.53 anos. Isso mostra que no gênero masculino há uma tendência da doença
se manifestar mais cedo do que no feminino. Segundo Dietrich-Neto et al
(1998), no Brasil, os primeiros sintomas, geralmente aparecem ente 65-74 anos
e, segundo Chiappeta e Oda (2004), a idade média de aparecimento da ELA no
gênero masculino é de 50.20 anos, e no gênero feminino a média é de 53.10
anos.
Dos 36 pacientes do Ambulatório de Doenças Neuromusculares da
UNIFESP, 11 (30.5%) não faziam uso de ventilação não invasiva (VNI) e 25
(69.4%) faziam uso; isso pode ser explicado pelo fato de que na ELA o primeiro
sintoma respiratório apresentado pelos pacientes é a hipoventilação noturna, e
assim que ela se instala é necessário o uso de um suporte ventilatório para que
não ocorra uma precoce falência da musculatura respiratória (HAYASHI, 2000;
GELINAS, 2002; CHIAPPETTA e ODA, 2004; PIEPERS, 2006). De acordo com
o estudo realizado por Bourke (2006), o suporte ventilatório é um tratamento
paliativo, porém melhora tanto na qualidade de vida quanto no tempo de
sobrevida, e deve ser oferecido a todos os pacientes.
Pode-se observar que há um maior número de mulheres utilizando o
BIPAP (76.9%) com média de tempo de início de doença de 38.61 meses. Já no
gênero masculino 65.2% faziam uso de BIPAP com média de tempo de doença
de 44.30 meses. Isso mostra que há um maior número de mulheres utilizando
BIPAP com menor média de tempo de doença, quando comparado aos
homens, que com um maior tempo de doença, há um menor número em uso do
BIPAP. Sugere-se que isso ocorra pelo fato de que o gênero feminino é um fator
que influencia negativamente o prognóstico do paciente (ROCHA, 2005;
SCHMIDT et al, 2006 e CHIAPPETTA, 2005).
Com relação à PEG, todos os pacientes que faziam uso, tinham a
CV<50% do valor predito. Dos pacientes que não faziam uso, 20 tinham a
CV≥50% do valor predito e 10 tinham a CV< 50%. Segundo alguns autores, a
colocação da PEG deve ser realizada quando o paciente apresentar a CV≥50%
do valor predito, pois há um risco mínimo de complicações durante o
procedimento. Caso a CV esteja entre 50-30% do valor predito, o procedimento
é considerado de baixo risco. Se a CV < 30% do valor predito, o procedimento
passa a ser de alto risco. Os dez pacientes que apresentam a CV<50% e não
têm PEG, segundo a literatura, já deveriam ter realizado o procedimento,
porém, um fator determinante para que isso ocorra é a aceitação e autorização
do paciente (CHIAPPETTA E ODDA, 2004, KASARSKIS, 2004, ROCHA, 2005 e
CHIAPPETTA, 2005).
Quanto à aceitação do paciente ao uso da PEG, no gênero masculino, os
sintomas de disfagia aparecem mais tardiamente (8.61 meses após o início dos
sintomas em membros) com maior aceitação do procedimento (26%), quando
comparado ao do gênero feminino. No gênero feminino, os primeiros sintomas
de disfagia aparecem mais cedo (4.61 meses após o início dos sintomas em
membros), porém nenhuma paciente fazia uso da PEG. Embora o gênero
feminino seja um fator de pior prognóstico na ELA, as mulheres postergam a
colocação da PEG; enquanto que os homens a colocam mais precocemente.
Segundo Kasarskis (2004) e Heffernam et al (2004) a colocação da PEG
depende também da aceitação do próprio paciente e de seus familiares.
Observou-se neste estudo, que há diferença na média do início dos
sintomas da disartria e disfagia. A média de tempo de aparecimento da disartria
foi de 33.01 meses e a média de aparecimento da disfagia foi de 35.08 meses,
obtendo uma diferença de 2.07 meses. Isso confirma que no decorrer da
doença, a musculatura bulbar será afetada (HEFFERNAN et al, 2004;
CHIAPPETTA e ODA, 2004; CALIA, 2004; ROCHA, 2005) e que, ocorre um
declínio mais abrupto da fala do que se observa em relação aos estágios da
mastigação e deglutição (CHIAPPETTA e ODA, 2004; CALIA, 2004; ROCHA,
2005).
Os achados mostram que conforme há uma piora constante da CV, há
um aumento progressivo do grau de disfagia (p=0.007). Indivíduos com grau de
disfagia 0 – 1, apresentaram a média da CV=70%. Indivíduos com grau de
disfagia 2, apresentaram média de 42%. Isso mostra que o aparecimento da
disfagia e o declínio da função respiratória estão intimamente ligados
ocasionando muitas vezes broncoaspirações (PALERMO e SILVA, 2003;
KIDNEY et al, 2004). Segundo Chiappetta e Oda (2004), disfunções
progressivas das musculaturas orofaringolaringeal e respiratória resultam em
disartria, disfonia, dispnéia e disfagia. Geralmente a causa de insuficiência
respiratória está associada com a hipoventilação crônica, dificuldade da limpeza
nas vias aéreas e a disfagia (GELINAS, 2002).
A monitorização da função pulmonar é usada para determinar a
gravidade, as conseqüências funcionais e a progressão das disfunções
pulmonares nas doenças neuromusculares (GELINAS, 2002; JACKSON, 2002;
FIORE et al, 2004), além de estar ligada com a progressão da disfagia
(HAYASHI, 2003; CHIAPPETTA, 2005). Porém, a CV pode não ser considerado
o método mais adequado para se comparar com o grau de disfagia, já que,
segundo Jackson (2002), o declínio da CV pode estar associado a doenças
pulmonares, como por exemplo, atelectasias, enfisema e asma.
Verifica-se que a constante diminuição da Pimáx está diretamente
relacionada com o avanço do grau de disfagia (p=0,017). Fiore et al (2004)
afirma que Pimáx é um dos indicativos da fraqueza da musculatura respiratória.
Além disso, a PImáx está diretamente ligada à fraqueza dos músculos
inspiratórios (que limitam o volume de ar inspirado), a diminuição da PEmáx (os
músculos expiratórios não conseguem exercer pressão intra-torácica suficiente),
concomitantemente com a fraqueza da musculatura bulbar (dificulta o
fechamento da glote e das pregas vocais) (LAHRMAN et al, 2003), podendo
levar a quadros de broncoaspirações.
Através dos achados, confirmou-se nesse estudo que o grau de disfagia
é inversamente proporcional à Pemáx (p=0,004), o que corrobora com Schimidt
et al (2006) e Chiappetta (2005). Além disso, os indivíduos com graus de
disfagia 0 – 1 apresentaram média de Pemáx maior (48.6%) que os com
disfagia
grau
2
(27.9%).
Pode-se
sugerir,
então,
que
há
menor
despressurização da cavidade oral em pacientes com grau de disfagia 0 e 1,
pois, além dos pacientes terem maior Pemáx, esses pacientes possuem uma
boa pressão na cavidade oral (onde a musculatura bulbar é responsável). Isso
contribui para que não ocorra episódios de disfagia e, concomitantemente haja
um bom funcionamento da musculatura respiratória, pois com a musculatura
bulbar e a musculatura expiratória trabalhando corretamente, o paciente
conseguirá ter uma tosse eficaz. O mesmo não ocorre nos os indivíduos com
grau de disfagia 2 e Pemáx menor que 30% do valor predito, pois esses
pacientes passam a ter uma maior despressurização da cavidade oral pela
perda da musculatura bulbar e passam a ter dificuldade no vedamento da glote,
pregas vocais e incoordenação respiração - deglutição associada à perda da
Pemáx. Esse fato contribuirá para que a tosse desses pacientes seja ineficaz e
aumente o risco de aspiração traqueal. Esses achados corroboram com os de
Chiappetta (2005).
Por causa da musculatura bulbar, musculatura inspiratória e expiratória,
com o decorrer da doença, a tosse dos pacientes com ELA será afetada,
contribuindo muito para a mortalidade (SUAREZ et al, 2002; MUSTAFA et al,
2003). Na expiração ativa e na tosse, o músculos abdominais são os principais
geradores de pressão, quando este perde força muscular, não há tosse eficaz.
Adicionalmente, a fraqueza da musculatura bulbar não permite uma boa
deglutição, ocasionando assim, microaspirações e até atelectasias (LAHRMAN
et al, 2003).
Segundo Chiappetta et al (2003) no curso natural da ELA, há uma
redução da Pemáx, que está associada tanto ao maior risco de aspiração
traqueal, quanto a função orofaringolaringeal. Os autores também afirmam que
o valor da Pemáx inferior a 50% aumenta o risco de aspiração traqueal. A
fraqueza da musculatura expiratória dificulta a eliminação de secreções
brônquicas e das vias aéreas. Com a diminuição do fluxo expiratório da tosse,
não há pressão suficiente para a limpeza das vias aéreas, favorecendo o
acúmulo de secreção e uma possível aspiração traqueal.
5. CONCLUSÃO
De acordo com os achados, concluiu-se que existe relação significante
entre a redução dos valores da CV, Pimáx e Pemáx, e o grau de disfagia em
pacientes com ELA.
Concluiu-se também, que a relação existente entre os aspectos
respiratórios identificados na ELA (CV, Pimáx e Pemáx) e a disfagia, é tempo
decorrente.
6. ANEXOS
Anexo 1: Classificação da gravidade da distúrbio após avaliação fonoaudiológica,
segundo Chiappetta e Oda, 1999
Grau
Gravidade
Quadro
Clínico
Zero
Exame normal
Contenção oral
normal
I
Disfagia Leve
Contenção oral
normal
Vedamento labial
presente
Esforço leve no
vedamento oral.
Ausência de
refluxo nasal
Mobilidade e
postura de língua
normal
Ausência de
refluxo nasal
Atraso para
desencadear
reflexo de
deglutição
Dificuldade em
medializar e
posteriorizar o
alimento (lentidão
e pouca
coordenação)
Sem redução
acentuada de
elevação de
laringe
Pode ocorrer
refluxo nasal
Fraqueza, lentidão
e incoordenação
em língua e lábios
Menos de 3
tentativas na
propulsão do bolo
Pouca presença de
resíduos
alimentares após 3
deglutições
Mais de 3
tentativas na
propulsão do bolo
Presença de
secreção na
cavidade oral
Ausência de tosse
durante ou após
deglutição
Ausência de tosse
durante ou após a
deglutição
Pode haver
pigarro, tosse e/ou
engasgos durante e
após a deglutição
Ausência de
movimentação
corporal associada
Ausência ou pouca
movimentação
corporal associada
Pode haver
moderada
movimentação
corporal associada
Coordenação
deglutiçãorespiração
presente
Sem alteração
Leve
incoordenação
respiraçãodeglutição
Sem alteração
Incoordenação
respiraçãodeglutição
Capacidade de
medializar e
posteriorizar o
alimento
Elevação da
laringe presente,
com bom
deslocamento
vertical
Menos de 3
tentativas na
propulsão do bolo
Ausência de
resíduos
alimentares, após
3 deglutições
Alimentação
II
Disfagia Moderada
Dificuldade
moderada na
contenção oral
Esforço moderado
o vedamento labial
Dificuldade
moderada em
manter, medializar
e posteriorizar o
bolo alimentar
Redução da
elevação da laringe
Permanência de
via oral com dieta
modificada
III
Disfagia Grave
Grande estase
salivar
IV
Disfagia Profunda
Grande estase salivar
Esforço acentuado
no vedamento
labial
Refluxo nasal
Profunda alteração em
mobilidade e tensão
das
estruturas
Acentuada
fraqueza, lentidão
e incoordenação
em língua e lábios
Dificuldade
acentuada em
manter,
medializar e
posteriorizar o
bolo alimentar
Redução ou
elevação
incompleta da
laringe
orolaringofaringeais
Propulsão do bolo
débil ou ausente
Propulsão do bolo
ausente
Grande
quantidade de
secreção e resíduo
alimentar na
cavidade oral
\presença de
pigarro, tosse e/ou
engasgos antes,
durante ou após a
deglutição (pode
haver aspiração
silente)
Pode haver grave
movimentação
corporal associada
ou alterações
globais de
movimento
Grave
incoordenação
respisçãodeglutição
Necessidade de
manobras e dieta
modificada. Pode
ocorrer via oral
parcial associada
à via alternativa
de aliementação
Grande quantidade de
secreção na cavidade
oral
Inabilidade em manter,
medializar e
posteriorizar o bolo
alimentar
Redução ou elevação
incompleta da laringe
Presença de pigarro,
tosse e/ou engasgos;
ocasionados pelo
próprio acúmulo de
secreção na cavidade
oral
Pode haver alterações
globais do movimento
Pode haver uso de
traqueostomia ou
suporte ventilatório
Via alternativa de
alimentação (sonda
nasogástrica ou
gastrostomia).
Necessidade de
estimulação oral
indireta.
Anexo 2. Avaliação Fisioterapêutica.
Ficha de Avaliação Respiratória
Setor de Doenças Neuromusculares – UNIFESP/EPM
1. Identificação do Paciente
Nome:____________________________________________________________________
_____
Data de Nascimento: ___/___/___
Idade:______
Profissão:________________________
Endereço:__________________________
Bairro:__________________
Telefone:__________
Cuidador: ________________ Médico Responsável:__________________
Diagnóstico:______________________ Data Início Sintomas:_________
Início em qual membro:____________
Medicamentos:_____________________________________________________________
______
Tabagista: ( ) Sim ( ) Não
Quantidade: _______ Tempo:________
Antecedentes
familiares:___________________________________________________________
Realiza fisioterapia: ( ) Sim ( )Não Tipo: ( )Motora ( )Hodroterapia ( ) Respiratória
Tempo: __________________ Local:_______________________________
Queixa
principal
(respiratório):_______________________________________________________
Equipe Multidisciplinar: ( ) Fisio Motora ( )Fisio Respiratória ( )Nutricionista
( )T.O. ( ) Fonoaudióloga ( ) Médico
2. HMA
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
____________
3. Apresentação do Paciente
_____________________________________________________________________________
__
4. Exame Físico
FC:______bpm
f:_____rpm
Altura:___mt
Peso:_____kg
5. Inspeção
Tipo Respiratório: ( ) Apical ( ) Abdominal ( ) Misto ( ) Paradoxal
Uso de musculatura Acessória: ( ) Sim ( ) Não
Tiragens: ( ) Sim ( ) Não
Onde:_______________
Fala Entercortada: ( ) Sim ( ) Não
Expansibilidade: ( ) normal ( ) reduzida ( ) simétrica ( ) assimétrica
Tipo de Tosse: ( ) eficaz ( ) pouco eficaz ( ) ineficaz ( ) seca ( ) produtiva
6. Dispnéia
Apresenta Dispnéia: ( ) repouso ( ) esforços ( ) noturna ( ) ortopnéia
7. Sinais de Hipoventilação Noturna
( ) despertar súbito _____
( ) fadiga _____ ( ) ansiedade _____ ( )padrão respiratório
irregular durante o sono ______ ( ) diminuição do apetite____ ( ) cefaléia matinal bifrontal
________
( ) sonolência diurna excessiva ______
( ) perda de peso________ ( ) déficit de atenção momentânea ______
( ) insônia _____
o
N de travesseiros na cabeça para dormir: ( ) 1
( )2
( )3 ( ) outros
Dorme em decúbito: ( ) DV
( ) DD
( ) DLD
( ) DLE
( ) sentado
8. BIPAP
Usa BIPAP: ( ) Sim ( ) Não
Data de Início:________
Quantas hs/dia:____
Parâmetros Atuais: Modo:____ IPAP:____ EPAP:____ f:_____ VC:____
Insp medida: _______ TE:________
Rampa:_______
Alarme de deconexão:_________ Alar. apnéia:_______
Alar. vol. minuto baixo:__
SatO2 no BIPAP: _____
CO2 no BIPAP: ______
9. Alimentação
Alimentação: ( ) VO ( ) PEG início:_____
( ) SNG início: _______
Tipo: ( ) pastosa ( ) líquida ( ) sólida
Disfagia: ( ) alimentos ( ) saliva ( ) líquidos
Data de início da alimentação alternativa:___________
10. Alterações Fonoaudiológicas: ( ) disartria início:____
( ) disfonia início:____
11. Avaliação
1º
CVF
CVF
(supino)
Pimáx
Pemáx
PFT
SatO2 – AA
2º
3º
4º
5º
6º
% CVF
CVF ideal
CO2 - AA
Borg repouso
Borg final
VC
f
VE
Anexo 3. Quadro Geral
Nome Idade
1 AAGG
32
2 AMAN
66
3 CRG
59
4 IRQ
57
5 LORF
67
6 LM
78
7 LN
71
8 MAG
68
9 MPG
62
10 MTR
51
11 NMH
54
12 SGM
54
13 TABC
68
14 APS
44
15 BMC
63
16 DLG
30
17 CY
58
18 EJG
45
19 ELS
49
20 FNM
47
21 FRP
48
22 GDO
68
23 GAF
77
24 HN
44
25 IG
54
26 JAF
45
27 JFF
52
28 JL
69
29 LB
45
30 MB
49
31 NJLO
36
32 OBM
66
33 OL
42
34 PCFM
38
35 VB
45
36 VPM
50
Sexo
F
F
F
F
F
F
F
F
F
F
F
F
F
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
M
TRD M
30
137
32
18
24
30
39
17
22
20
87
19
27
19
44
29
39
94
51
22
55
12
40
41
48
55
69
39
36
91
55
73
42
15
16
34
TRD D
3
3
8
0
4
0
9
7
0
4
12
4
6
0
12
15
21
6
15
12
19
2
6
0
0
6
24
0
12
0
0
5
24
5
12
2
TRD F
7
0
8
0
4
0
27
15.5
3
12
12
3
4
0
12
21
27
6
27
18
19
2
8
4
12
12
0
0
36
1
0
5
6
9
12
0
Pimáx
-18
-12
-24
-42
-18
-18
-36
-24
-12
-30
36
-6
-36
-66
-18
-36
-18
-42
-12
-78
-12
-72
-18
-54
-30
-36
-66
-12
-6
-90
-24
-48
-12
-30
-24
-12
Pi ideal
94.8
78.1
81.5
79.6
77.6
72.2
116.9
77.7
80.1
85.5
84.5
84
77.1
113.7
100
99.6
103.5
114.2
45.1
117.1
105.9
94.4
72.8
117.9
106
116.7
110.5
94.4
126.2
117
117.3
104.4
122.1
118
119.5
132.7
Pimax(%)
18.9
15.3
29.4
52.7
23.1
24.9
30.7
30.8
14.9
35.0
42.6
7.7
46.6
58.0
18.0
36.1
17.39
36.7
26.6
66.6
11.3
76.2
24.7
45.8
28.3
30.8
59.7
12.7
4.7
76.9
20.4
45.9
9.8
25.4
20.0
8.7
Anexo 3. Quadro Geral (cont)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
Pemax Pe ideal
24
95.8
36
77.4
12
75.5
72
76.6
18
74.1
24
67.3
54
107.8
36
74.2
18
77.2
36
84
24
82.8
24
82.2
30
73.5
66
129.7
42
114.2
24
141
30
118.3
36
128.8
48
125.6
66
127.2
18
126.4
108
110.2
18
68
66
129.6
24
121.5
42
129.3
102
123.1
48
109.4
18
128.9
36
125.6
48
136.1
42
111.8
24
131.2
42
134,5
42
128.8
24
124.4
Pemax(%)
25.0
46.5
15.8
93.9
24.2
35.6
50.0
48.5
23.3
42.8
28.9
29.1
40.8
50.8
36.7
17.0
25.3
27.9
38.2
51.8
14.2
98.0
26.4
50.9
19.7
32.4
82.8
43.8
13.9
28.6
35.2
37.5
18.2
31.2
32.6
19.2
CV
1.850
1.490
1.000
1.390
850
2.260
2.300
1.700
1.550
1.500
1.000
1.320
1.870
3.700
1.620
2.400
800
2.200
1.600
4.100
800
3.000
600
1.930
2.660
1.600
3.800
2.480
1.080
4.120
2.260
3.490
1.550
2.600
3.560
1.600
CV ideal
3.6
3
2.9
2.6
3.2
2.8
4.1
3
3.1
2.25
2.7
3
2.5
3.9
4.3
5.5
4.4
4.7
4.2
4.6
3.8
3.5
2.5
4.4
4.1
4.7
3.5
3.9
4.5
4
4.6
3.9
4.3
5.1
4.8
3.9
CV (%)
52.0
50.0
34.0
53.0
26.0
80.0
56.0
57.0
50.0
67.0
37.0
44.0
75.0
95.0
38.0
43.0
18.0
47.0
38.0
89.0
21.0
86.0
24.0
44.0
65.0
34.0
108.0
63.0
24.0
103.0
50.0
88.0
36.0
51.0
74.0
40.0
Bipap
S
S
S
S
S
S
N
N
S
N
S
S
S
N
S
S
S
S
S
N
S
S
S
S
S
S
N
N
S
N
S
N
S
S
N
N
PEG
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
N
S
N
N
S
N
N
N
S
N
N
S
N
N
S
N
N
N
S
N
N
N
Grau Disfagia
1
0
2
1
2
0
2
2
1
2
2
2
1
0
2
2
2
2
2
1
2
1
2
0
2
1
0
0
2
1
0
1
2
2
2
2
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