A CEIA DO SENHOR Seudát Ha Adon

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A CEIA DO SENHOR
Seudát Ha Adon
Comunhão com Deus e com Nossos Irmãos
“17 Entretanto, nisto que lhes vou dizer não os elogio, pois as reuniões de vocês mais
fazem mal do que bem. 18 Em primeiro lugar, ouço que, quando vocês se reúnem
como igreja [ekklesia], há divisões entre vocês, e até certo ponto eu o creio. 19 Pois é
necessário que haja divergências entre vocês, para que sejam conhecidos quais
dentre vocês são aprovados. 20 Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do
Senhor (kyriakos] , 21 porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos
outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. 22 Será que vocês
não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja [ekklesia] de Deus e
humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que
não! 23 Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei: Que o Senhor Jesus, na
noite em que foi traído, tomou o pão 24 e, tendo dado graças [eucharisteõ], partiu-o
[klaõ] e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em
memória [anamnesis] de mim”. 25 Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o
cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isso sempre que o
beberem, em memória [anamnesis] de mim”. 26 Porque, sempre que comerem deste
pão e beberem deste cálice, vocês anunciam [katangellõ] a morte do Senhor até que
ele venha. 27 Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor
indignamente [anaksiõs] será culpado de pecar contra o corpo [sõma] e o sangue do
Senhor. 28 Examine-se cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice.
29 Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor, come e bebe para sua
própria condenação. 30 Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já
dormiram. 31 Mas, se nós tivéssemos o cuidado de examinar a nós mesmos, não
receberíamos juízo. 32 Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo
disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo. 33 Portanto, meus
1
irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. 34 Se
alguém estiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso
não resulte em condenação. Quanto ao mais, quando eu for lhes darei instruções” (1
Coríntios 11:17-34 – NVI).
I.
Introdução.
Quase todas as Congregações (“igrejas”) que proclamam seguir a Cristo (“Mashiach”;
“Christos”) observam a Ceia do Senhor. O pão e o fruto da videira são elementos comuns nas
assembléias de adoração de vários grupos religiosos. Mas há diferenças no entendimento a respeito
desta celebração. Examinaremos a seguir o que a Bíblia ensina sobre a Ceia do Senhor, conforme
nosso entendimento, para aprender como devemos participar dela hoje em dia.
A Ceia do Senhor se tornou o centro do debate teológico por muitos séculos. Acreditamos que
até hoje, evangélicos (e católicos) não praticam a Ceia do modo como era no primeiro século.
O verbo “cear” no grego é “deipneõ”, que significa: “jantar”, “fazer a principal refeição do
dia”, “fazer a refeição noturna”.
A expressão “Ceia do Senhor”, no grego, é “deipneõ kyriakos”. “Kyriakos” significa
pertencente a um senhor ou governante. Esta palavra (“Kyriakos”) está no Novo Testamento
relacionada à Ceia do Senhor (1 Co 11:20) e ao dia do Senhor (Ap 1:10) – pertencente a Cristo, ao
Senhor, com referência especial a Ele (esta palavra grega – “kyriakos” – vem de “kyrios”, que
significa: “Senhor”, “Amo”; “Dono”; “Possuidor”; “Proprietário” “Soberano”) – No hebraico,
“Ceia do Senhor” é: “Seudát Ha Adon”.
A expressão “tendo dado graças”, no grego, é “eucharisteõ”, que significa: “ser grato”;
“expressar gratidão”; “agradecer em uma refeição” (no hebraico é: kidush = a bênção recitada
sobre o vinho, ou suco de uva, e o pão para santificar uma celebração ou refeição cerimonial –
santificação; consagração; agradecimento). Essa palavra é usada em diversas passagens bíblicas a
respeito de dar graças antes das refeições (Mt 15:36; Mt 26:27; Mc 8:6; Mc 14:23; Lc 22:17 e 19; Jo
6:11 e 23; At 27:35; Rm 14:6; 1 Co 10:30; 1 Co 11:24).
A palavra “corpo” no grego (no caso em questão) é “sõma”; usado, no sentido figurado, sobre
o pão da Ceia do Senhor, representando o corpo de Cristo crucificado para a salvação do homem (Mt
26:26; Mc 14:22; Lc 22:19; 1 Co 10:16 1 Co 11:24, 27 e 29).
O verbo “partir” no grego (no caso em questão) é “klaõ”, um verbo primário que significa:
“quebrar”, “partir”; no Novo Testamento, a palavra é usada apenas com respeito ao partir do pão,
para distribuição antes de uma refeição, sendo o pão dos judeus na forma de bolos finos (Mt 14:19; Mt
15:36; Mc 8:6 e 19; Lc 24:30; At 27:35).
A palavra “igreja”, no grego é “ekklesia”, que significa “uma assembléia de cristãos” (1 Co
11:18); “a igreja de Deus” (1 Co 11:22).
II.
A Ceia na Igreja do Primeiro Século.
2
“46 Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas
casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, 47 louvando a
Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam
sendo salvos” (Atos 2:46-47).
“No primeiro dia da semana reunimo-nos para partir o pão, e Paulo falou ao povo.
Pretendendo partir no dia seguinte, continuou falando até a meia-noite” (Atos 20:7).
“Não é verdade que o cálice da bênção que abençoamos é uma participação no sangue de
Cristo, e que o pão que partimos é uma participação no corpo de Cristo?” (1 Coríntios 10:16).
Para os cristãos da Igreja Primitiva, a Ceia do Senhor era uma festa de comunhão, e o ambiente,
de alegria e celebração. Quando se reuniam para a refeição, partiam o pão e o dividiam, e assim
comiam a refeição e terminavam assim que o cálice era passado. A Ceia era um banquete e não tinha
líderes oficiais para coordená-la.
O livro de Atos e as cartas escritas às igrejas nos ajudam a aprender um pouco mais sobre a
Ceia do Senhor. Os discípulos se reuniam no primeiro dia da semana para participarem da Ceia (Atos
20:7 – às 18h00min do sábado). Esta Ceia era entendida como um ato de comunhão com o Senhor (1
Coríntios 10:14-22). Era tomada quando toda a congregação se reunia (nas casas), como um ato de
fraternidade entre os irmãos (1 Coríntios 11:17-20).
No primeiro século e nos poucos séculos seguintes, os cristãos primitivos chamavam a Ceia de
“festa do amor” ou “festa ágape” (Judas 1:12). Naquele tempo, tomavam o pão e o cálice dentro do
contexto de uma Ceia festiva.
A palavra grega “agapai” significa “festas de amor”, que eram banquetes públicos de natureza
frugal instituídos pela Igreja Cristã Primitiva e ligados à celebração da Ceia do Senhor (Jd 1:12). O
fornecimento dos alimentos era feito pelas pessoas mais ricas e eram disponibilizados igualmente para
todos os cristãos, ricos e pobres, que escolhiam participar. Porções deste banquete também eram
enviadas para pessoas enfermas e membros ausentes. O objetivo destas festas de amor era demonstrar
o amor mútuo tão necessário à fé cristã.
Na cultura judaica, as refeições sempre têm sido “encontros festivos”; entre os crentes em
“Yeshua” (Jesus) isto é visto em Atos 2:42, 20:7 e 1 Coríntios 11:17-34.
Nos séculos 1 e 2 a Ceia parecia mesmo com uma refeição no começo da noite. Em Atos 20:7 e
em fontes históricas mostram que ela era realizada no primeiro dia da semana (que para muitos era o
domingo). Acreditamos que a Ceia era realizada no inicio da noite do sábado (no final do “shabbat”
judaico – motza’ei-shabbat) e não no domingo, pois a Igreja sofria influencia da cultura judaica,
inclusive do seu calendário (dezoito horas do sábado civil é o inicio do domingo no calendário
judaico). O dia no calendário judaico começa às dezoito horas do calendário civil, significando que o
primeiro dia da semana (domingo – Atos 20:7) começava às dezoito horas do sábado (final do
“shabbat”). A Bíblia Judaica (Editora Vida), no verso 7 do capítulo 20 do Livro de Atos dos Apóstolos
assim diz: “No motza’ei-shabbat, quando estávamos reunidos para partir o pão, Sha’ul dirigiu-lhes
a palavra. Pelo fato que iria viajar no dia seguinte, falou continuamente até a meia-noite” –
“motza’ei-shabbat” significa literalmente “a saída do sábado”.
III.
A Ceia Como Eucaristia.
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Hoje, a tradição forçou-nos a tomar a Ceia com um dedinho de suco de uva e um pedacinho de
pão ou biscoito, servido numa atmosfera de solenidade. Somos ensinados a lembrar os horrores da
morte do Senhor e refletir sobre nossos pecados.
Além disso, a tradição nos ensina que tomar a Ceia pode ser uma coisa perigosa, dirigindo-se
aos textos de 1 Coríntios 11:27-33, principalmente no verso 27, onde o apóstolo Paulo admoesta os
crentes para que não participem da Ceia do Senhor “indignamente”.
Quando o apóstolo Paulo admoesta os irmãos sobre a participação na Ceia de forma “indigna”,
ele se dirigia aos membros da Igreja que estavam desonrando a Ceia, por não discernir o corpo e o
sangue de Jesus e por não esperar que seus irmãos necessitados comessem com eles, assim como
aqueles que estavam se embriagando com o vinho (os pobres eram discriminados e deixados sem
comer).
Alguns pesquisadores afirmam que os líderes cristãos eliminaram a Ceia (como refeição
completa) porque não queriam que a “Eucaristia” ("ação de graças" – também denominada
"comunhão"), fosse profanada pela participação de incrédulos. Em parte, isso pode ser verdade, mas é
mais provável que a crescente influencia do ritual religioso pagão tenha removido o ambiente alegre,
realista, não-religioso das refeições realizadas na sala de estar das casas dos cristãos. No século quatro,
a “festa do amor” estava proibida entre os cristãos (Concílio de Cartago em 397 d.C.).
Com o abandono da refeição, os termos “partindo o pão” e “Ceia do Senhor” desapareceram. O
termo comum para o novo e curto ritual (somente o pão e o cálice) era “Eucaristia” (“ação de graças”).
A Ceia era mais um ritual sacerdotal para ser assistida a distância e não mais um evento da
comunidade. Nos séculos 4 e 5, havia um crescente senso de medo e pavor associado com a mesa onde
celebrava-se a “Eucaristia”. A alegria que antes acompanhava a Ceia desaparecera completamente.
Com isto, os cristãos começaram a atribuir nuances sagradas ao pão e ao cálice. Eram vistos
como objetos santos em si mesmos.
O fato da Ceia do Senhor se tornar um ritual sagrado fez com que ela exigisse uma pessoa
“sagrada” para ministrá-la. Aí entra o sacerdote para oferecer o sacrifício da Missa (claro, antes da
Reforma Protestante).
Os pais da Igreja Primitiva viam a Igreja como uma comunidade de fé identificada pelo partir
do pão. Mas, no século 10, houve uma mudança de pensamento e de linguagem. A palavra “corpo” já
não era mais utilizada referindo-se à Igreja. Era utilizada apenas referindo-se ao corpo físico do Senhor
ou o pão da Eucaristia.
Conseqüentemente, a Ceia do Senhor perdeu o sentido e a idéia de toda uma Igreja reunida para
celebrar o partir do pão desapareceu. A Eucaristia não fazia mais parte de uma refeição alegre de
comunhão e mesmo não tendo relação com a Igreja, foi vista como algo sagrado – mesmo quando
colocada na mesa. Envolvida numa mística religiosa, vista com assombro e tomada pelo sacerdote com
uma disposição sombria, divorciou-se completamente da natureza de comunhão da “ekklesia” (igreja).
Todos esses fatores deram apóio à “doutrina da transubstanciação”. No século 4, a crença de
que o pão e o vinho se transformavam em corpo e em sangue real (físico) do Senhor era explícita. A
transubstanciação foi, portanto, a doutrina que explicava teologicamente como essa mudança ocorria.
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A doutrina da transubstanciação trouxe tal sentimento de medo em torno dos elementos, que o
povo de Deus era relutante para aproximar-se deles. Acreditava-se que quando as palavras da
“Eucaristia” eram pronunciadas, o pão literalmente virava Deus. Tudo isso converteu a Ceia do Senhor
em um ritual sagrado desempenhado por pessoas sagradas, bem distante das mãos do povo de Deus. A
mentalidade medieval ficou tão acentuada que o pão e o cálice viraram “oferenda” até mesmo para
alguns dos reformadores.
IV.
A Ceia Hoje, na Maioria das Denominações Evangélicas (Encurtando a
Refeição).
Mesmo descartando a noção católica da Ceia do Senhor enquanto sacrifício, os cristãos
contemporâneos evangélicos (ou protestantes) continuaram abraçando a prática católica da Ceia.
Observe qualquer Ceia do Senhor (muitas vezes chamada de “Santa Comunhão”) em qualquer Igreja
Evangélica (ou Protestante) e se verá o seguinte:
1. A Ceia do Senhor composta por um pedacinho de pão (ou um biscoitinho) e um copinho de suco
de uva (ou vinho). O mesmo ocorre na Igreja Católica (sem suco ou vinho);
2. A atmosfera é de tristeza. Também como na Igreja Católica.
3. O pastor diz à Congregação que cada um tem que se examinar com respeito ao pecado antes de
participar dos elementos da Ceia (pão e fruto da vide);
4. Como o padre católico, muitos pastores vestem roupas especiais para a ocasião;
5. Também como padres católicos, os pastores recitam as palavras da instituição da Ceia: “Este é o
meu corpo”, antes de distribuir os elementos à congregação.
A celebração da Ceia do Senhor deixou de ser uma função da congregação para ser uma função
sacerdotal.
A Ceia do Senhor deixou de ser uma refeição fraterna para ser apenas um ritual com os
elementos (pão e fruto da vide) sacralizados.
V.
A Ceia como um Memorial.
A palavra “memória” no grego é “anamnesis”, que significa: “recordação”; “lembrança”.
O verbo “anunciar” no grego é “katangellõ”, que significa “celebrar” (em 1 Co 11:26).
A Ceia do Senhor é um momento de recordação do que Ele fez por nós ao morrer na cruz para
a remissão dos nossos pecados. Quando a celebramos, estamos anunciando a morte do Senhor Jesus
até que ele volte (1 Co 11:26)!
VI.
A Ceia do Senhor, a Refeição da Aliança.
Jesus tem as marcas da aliança em Suas mãos. Ao concretizar aliança conosco, uma marca
permanente foi feita em Suas mãos! É interessante que a maioria das cicatrizes físicas da crucificação
foram apagadas na ressurreição de Jesus. Não há descrição de cicatrizes em Sua cabeça e face
resultadas do terrível espancamento que Ele suportou. Entretanto, as marcas em Suas mãos (e no
tronco) ainda estão claramente visíveis (Jo 20:27). Elas são a única coisa "feita pelo homem" no céu!
Quando Ele senta em Seu trono celestial, aquelas marcas servem como lembrança eterna de Seu
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compromisso de aliança! Em Isaías 49:15-16, Deus nos garante que nunca poderá nos esquecer,
porque "nos gravou nas palmas de suas mãos!".
A cerimônia antiga para fazer aliança era concluída com uma refeição simples de pão e vinho.
Quando dois parceiros de aliança compartilhavam dessa refeição, ofereciam os elementos um ao outro.
Ao passarem o pão e o vinho para seu parceiro, estavam dizendo: "Eu me entrego a você".
Foi isso que Jesus fez na Páscoa! Ele pegou o pão e deu a seus discípulos, dizendo: "Este é o
meu corpo!"; pegou então o copo e lhes deu, dizendo: "Este é o meu sangue!" (Mt 26:26-28; Mc
14:22-24; Lc 22:19-20; 1 Co 11:23-25). Os apóstolo sabiam exatamente o que Ele estava dizendo,
porque entendiam sobre aliança!
Quando Jesus institui exatamente o pão e o vinho como os elementos da ceia, ele sabia
exatamente o que estava fazendo. Para os judeus, o pão e vinho faziam parte de um ritual de aliança de
sangue, o mais alto nível de aliança a que alguém poderia se submeter (Gn 14:18; Mt 26:26-28).
Ao contrair uma aliança deste nível, as duas partes estavam declarando que misturavam suas
vidas e tudo o que era de um passava a ser de outro e vice-versa; por isso Jesus declarou na Ceia que o
cálice era a aliança no seu sangue, estabelecendo com isso, na Ceia, uma aliança.
No Velho Testamento vemos Abraão indo ao encontro de Melquisedeque, sacerdote do Deus
altíssimo, e levando pão e vinho. O que era isto? Uma aliança.
Quando ceamos, estamos reconhecendo que realmente estamos “aliançados” com Cristo, e que
nossas vidas estão misturadas, fundidas uma na outra (1 Co 6:17).
Jesus deixou bem claro aos que o seguiam que não bastava apenas simpatizar-se com ele ou
segui-lo pelos milagres que operava, mas que era necessária uma aliança, e aliança no mais elevado e
sagrado nível que os judeus conheciam: a aliança de sangue.
Muitos não compreendem isto por não conhecer os costumes da época, mas era a este tipo de
aliança que Jesus se referia ao proferir estas palavras: 53 Jesus lhes disse: “Eu lhes digo a verdade:
Se vocês não comerem a carne do Filho do homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em
si mesmos. 54 Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o
ressuscitarei no último dia. 55 Pois a minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira
bebida. 56 Todo aquele que come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
(João 6:53-56).
É óbvio que Jesus não falava sobre comer a carne e beber o sangue literalmente, mas sim sobre
aliança, sobre mistura de vida (espiritual); isto fica claro quando o Mestre conclui dizendo que tal
pessoa permaneceria nele e ele nesta pessoa. Este texto não fala somente da Ceia, mas também da
nossa aliança com Cristo; embora deixe claro qual é a figura da Ceia: uma aliança na qual
testemunhamos comunhão entre nós e o Senhor Jesus, o Cristo.
“Comer” e “beber” da carne e do sangue do Filho do homem significa absorver sua forma de
ser e de viver. Yeshua queria que nós vivêssemos, sentíssemos, pensássemos e reagíssemos como Ele;
pelo poder do Ruach HaKodesh (Espírito Santo) que nos capacita a fazê-lo. “beber” o sangue do
Senhor Jesus significa absorver seu alto sacrifício como a motivação de nossa vida e, de fato, absorver
sua própria vida, já que a vida está no sangue (Lv 17:11).
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A Nova Aliança não foi selada com o sangue de um boi ou bezerro. Ela foi selada pelo sangue
de Jesus. Ele foi o sacrifício. Essa é a Nova Aliança em seu sangue! As marcas do comprometimento
de Jesus com seu povo permanecerão inscritas nas palmas de suas mãos eternamente. Jesus nos
convida a ter um encontro com Ele regularmente para reafirmar nossa aliança em uma refeição: a
“Ceia do Senhor”!
VII.
A Ceia: um Tempo de Comunhão!
No tempo apostólico as Ceias eram também chamadas de “ágapes” (ou “festas de amor” – Jd
1:12), o que reflete parte de seu propósito. As ênfases na expressão “corpo” que encontramos no
ensino bíblico da Ceia, reflete esta visão de unidade e comunhão. A mesa é um lugar de comunhão em
praticamente quase todas as culturas e épocas (Sl 128:3; Jo 12:2), e a mesa do Senhor não deixa de ter
também esta característica (Mt 8:11; Lc 22:30).
VIII.
A Ceia do Senhor é um Ato de Conseqüências Espirituais.
Na primeira epístola de Paulo aos Coríntios, fica claro que a Ceia do Senhor tem conseqüências
espirituais; ela será sempre um momento de bênção ou de maldição para os que dela participam.
“Não é verdade que o cálice da bênção que abençoamos é uma participação no sangue de
Cristo, e que o pão que partimos é uma participação no corpo de Cristo?” (1 Coríntios 10:16). É
importante observar o termo “cálice da bênção”. Isto não é figurado, é real. A Ceia do Senhor traz
bênçãos espirituais sobre aqueles que dela participam (Ef 1:3).
Um outro termo empregado neste versículo, que nos revela algo importante, é “comunhão”;
quando ceamos, estamos pela fé acionando um poderoso princípio, temos comunhão com o sangue e
com o corpo de Cristo! O que isto significa? Quando derramou seu sangue, Jesus o fez para a remissão
de nossos pecados, logo, ao comungarmos o sangue, estamos provando que tipo de bênçãos? A
purificação (1 Jo 1:9), e também a proteção (Ex 12:23).
E o que significa ter comunhão com o corpo? O corpo de Jesus foi moído porque ele tomou
sobre si nossas enfermidades, e as nossas dores carregou sobre si, e pelas suas feridas fomos sarados
(Is 53:4-5).
A obra redentora de Cristo nos proporciona cura física, e na Ceia do Senhor é um momento no
qual podemos provar a bênção da saúde e da cura. Muitos estavam fracos e doentes na igreja de
Corinto por não discernirem o corpo do Senhor na Ceia (1 Co 11:30).
Ao falar sobre comungarem com o corpo do Senhor, Paulo se referia não apenas ao corpo do
Cristo crucificado por meio do qual somos sarados, mas também ao corpo ressurreto, no qual habita
toda a plenitude da divindade e é fonte de vida aos que com ele comungam.
A Ceia do Senhor deve ser um momento especial de comunhão, reflexão, devoção, fé
(confiança), alegria, lembrança e adoração. Tudo deve ser feito de coração e com reverência, pois é um
ato de conseqüências espirituais.
A Bíblia não usa especificamente a palavra maldição, mas mostra que esta pode vir como um
juízo de Deus para quem desonra a Ceia do Senhor. Depois de ter dito que ao participar da mesa do
Senhor a pessoa está anunciando a morte de Jesus até que ele venha, Paulo, inspirado pelo Espírito
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Santo, traz a seguinte advertência: “27 Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do
Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor. 28 Examine-se
cada um a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice. 29 Pois quem come e bebe sem discernir
o corpo do Senhor, come e bebe para sua própria condenação. 30 Por isso há entre vocês muitos
fracos e doentes, e vários já dormiram. 31 Mas, se nós tivéssemos o cuidado de examinar a nós
mesmos, não receberíamos juízo. 32 Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo
disciplinados para que não sejamos condenados com o mundo. 33 Portanto, meus irmãos, quando
vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. 34 Se alguém estiver com fome, coma em
casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação. Quanto ao mais,
quando eu for lhes darei instruções” (1 Coríntios 11:27-34).
Paulo, em 1 Coríntios 11:27-34, expressa uma exortação para que cada um examine a si mesmo
para que tome a Ceia de “uma forma honrada”, e não uma exortação para que cada um examine a si
mesmo em relação a pecados pessoais (apesar que os pecados pessoais podem influir) –
“indignamente”, no grego é: “anaksiõs”, que significa também “irreverentemente”,
“inadequadamente”.
Para muitas pessoas, a Ceia é algo que as amedronta; preferem não participar dela quando não
se sentem dignas, para não serem julgadas. Mas veja que a Bíblia não nos manda deixar de participar.
Cada um que participa da Ceia do Senhor deverá examinar-se para estar certo de que está participando
de maneira correta, discernindo o verdadeiro significado do memorial (1 Coríntios 11:27-29). A
palavra "indignamente" é freqüentemente mal entendida. Ela não descreve a dignidade da pessoa
(ninguém é verdadeiramente digno de comunhão com Cristo). Esta palavra descreve o modo de
participar. A pessoa que não leva a sério esta comemoração está brincando com o sacrifício de Cristo e
está se condenando por não discernir o corpo e o sangue de Cristo. No contexto de 1 Coríntios 11:1734, Paulo comenta sobre o que estava acontecendo nas reuniões de Ceia, isto é, divisões, contendas e
egoísmo. Os coríntios estavam desonrando a Ceia, pois não estavam esperando por seus irmãos pobres
para que comessem com eles, e também estavam se embriagando com o vinho. A Ceia era
participativa em relação aos alimentos servidos; os que tinham melhores condições financeiras traziam
muita comida, enquano os pobres nada traziam (assim, eram deixados de lado e discriminados, o que o
apóstolo Paulo muito chamou a atenção – a maldição recebida em consequência disto eram
enfermidades e morte). É imperativo que vivamos a comunhão com o Senhor e com os irmãos,
exercendo o amor. Se tratarmos a Ceia do Senhor como um mero ritual, ou se participarmos
levianamente e deixarmos de meditar no seu significado, condenamo-nos diante de Deus. Deixar de
participar da mesa do Senhor é desonrá-la também! Devemos ansiar pelo momento em que dela
partilharemos, e não evitá-la.
Participar da mesa do Senhor tem conseqüências espirituais; ou o cristão é abençoado ou é
amaldiçoado. Não há meio termo; a refeição não é apenas um simbolismo (é um ato profético para
liberação de bênçãos pelo Senhor); não se participa da Ceia do Senhor como se participa de uma
cerimônia qualquer, pois é um momento santificado por Deus e de implicações no reino espiritual.
IX.
Cerimonial da Ceia do Senhor (Participação no Corpo e no Sangue de Yeshua)
“18 Então Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho 19
e abençoou Abrão, dizendo: Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador dos céus e da terra”
(Gênesis 14:18-19).
Os Judeus messiânicos acreditam que Melquisedeque e Abrão celebrarão uma Ceia do
Senhor de forma Cerimonial, ou seja, invocando o Senhor para aqueles alimentos.
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Desde a antiguidade, na maioria das culturas humanas, tanto no culto público quanto no
privado, o sacrifício a deuses era bastante difundido, que consistia na oferenda de determinada matéria
alimentar, como cereais, uva, vinho e principalmente vítimas animais. Nesses sacrifícios, acreditava-se
que o deus a quem estava recebendo a oferenda passava a habitar na matéria que estava sendo
oferecida, ou seja, o alimento.
Assim, a oferenda era consagrada ao deus específico, não para o deus comer, mas acreditando
que a essência daquele deus viria para o alimento. Por isso, o alimento era consumido, geralmente,
pelo sacerdote, e pelo ofertante, garantindo assim o contacto entre os deuses e os executantes do rito.
No fundo isto é uma lei espiritual.
Esta ingestão cerimonial, depois do alimento ter sido consagrado, o que simboliza?
Simboliza que aquele que come o alimento consagrado está internalizando a sua divindade.
Aquilo que se crê está entrando na pessoa, através do alimento.
Os sacrifícios do povo de Israel ocorriam de forma semelhante (com algumas exceções, como
por exemplo: a vaca vermelha de Número 19 e o bode expiatório).
Nas ofertas de ação de graça, o animal era morto e assado, sendo depois comido pelo sacerdote
(que ficava com a melhor parte) e pelo ofertante.
O que significava o comer da oferta consagrada? Significava que o povo hebreu estava
internalizando o Deus verdadeiro. O Senhor passava a fazer parte daquele que comia o alimento
consagrado.
Há um mistério na consagração de oferendas para deuses, inclusive o Eterno.
Quando Yeshua estava na última Ceia (Jantar de Páscoa), assim ocorreu: “19 Tomando o pão,
deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: Isto é o meu corpo dado em favor de vocês;
façam isto em memória de mim. 20 Da mesma forma, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este
cálice é a nova aliança no meu sangue, derramado em favor de vocês” (Lucas 22:19-20).
Jesus, nesse momento, instituiu um cerimonial litúrgico, simbólico, em relação a Ele?
Possivelmente.
Sendo verdade, quando nós comemos o “pão” e tomamos o “vinho”, estamos também
internalizando Yeshua, com toda sua natureza.
Uma coisa é certa, quando participamos da Ceia do Senhor, estamos renovando a Nova
Aliança, através do Sangue de Yeshua.
53 Jesus lhes disse: Eu lhes digo a verdade: Se vocês não comerem a carne do Filho do
homem e não beberem o seu sangue, não terão vida em si mesmos. 54 Todo aquele que come a
minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. 55 Pois a
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minha carne é verdadeira comida e o meu sangue é verdadeira bebida. 56 Todo aquele que come a
minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele (João 6:53-56).
Quando os elementos (pão e vinho) são santificados para participar da Ceia, a presença de
Cristo se faz de maneira poderosíssima em nosso meio. Isto não é um ritual, nem um simples
memorial. E algo genuíno e verdadeiro que acontece no mundo invisível.
Os elementos do pão e do fruto da vide permanecerão sempre sendo pão e suco de uva; mas, na
realidade invisível, o Corpo e o Sangue de Jesus se farão presentes de uma maneira grandiosa. Nosso
espírito, literalmente beberá de Seu sangue, e se unirá à Sua carne e ao Seu corpo. Nosso espírito
absorverá, dentro de si, a vida de Deus, e tudo o que está contido nessa Carne e nesse Sangue. Deus e o
homem irão se mesclando entre si, até que sejamos totalmente consumidos dentro dEle, e Ele em nós,
para nos convertermos cada vez mais em um só espírito.
“Mas o que se une ao Senhor é um espírito com ele” (1 Coríntios 6:17).
Quando entramos no Reino de Deus, através de um genuíno arrependimento e compromisso de
seguir a Jesus, o Cristo como Senhor e Salvador, o Espírito de Deus se une ao espírito do homem,
gerando-o para que seja transformado em uma nova criação. A partir desse momento, ele crescerá e
será fortalecido através de seu alimento espiritual, que é a carne e o sangue de Jesus, além da Palavra
de Deus.
Quando o Senhor nos fala de comer ou de beber algo espiritual, tem a ver com o nos
apropriarmos dessa realidade. Quer dizer, fazer parte de nossa vida e de nosso ser. Deixar isso impregnar nosso espírito, nossa alma e nosso corpo.
X.
Quem Deve Participar da Ceia do Senhor?
A Ceia, como ritual de aliança que é, destina-se, portanto, aos que já se encontram em aliança com
Cristo; ou seja, aos que já nasceram de novo e estão em plena comunhão com o Eterno.
A Ceia do Senhor é um ato de conseqüências espirituais, partilhado pelo Senhor com aqueles que
estão em fraternidade com ele. A Ceia, sendo um memorial da aliança com Cristo, destina-se, portanto,
aos que já se encontram nessa aliança; ou seja, aos que já nasceram de novo e estão em plena
comunhão com o Senhor.
Há igrejas que só servem a Ceia para quem pertence ao seu rol de membros; consideramos isto um
grande erro, pois a Ceia do Senhor é para quem o serve de todo coração, independentemente de tal
pessoa congregar em nossa igreja local ou não; se a pessoa faz parte do Corpo de Cristo na terra, então
deve participar da mesa.
Há ainda, aqueles que afirmam só poder participar da Ceia do Senhor quem já se batizou nas
águas, mas não há sustentação bíblica para isto; desde o momento em que a pessoa se comprometeu
com Cristo em sua decisão ela já está dentro da aliança firmada por Jesus na cruz. Entendemos que o
novo convertido deva ser encaminhado para o batismo tão logo seja possível.
Os critérios básicos são: estar aliançado com Cristo, e com vida espiritual em ordem. Contudo, não
proibimos ninguém de participar, apenas ensinamos o que a Bíblia diz, para que cada pessoa julgue-se
a si mesma. Nem Judas Iscariotes, em pecado e endemoninhado foi proibido por Jesus de participar da
Ceia (Lc 22:3 e 21).
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A instrução bíblica é que a pessoa se examine a si mesma (1 Co 11:28), e não que seja examinada
pelos outros. Portanto não examinamos ninguém, nem as proibimos, só instruímos.
XI.
Onde Devemos Participar da Ceia?
Não há um lugar determinado para se realizar a Ceia, onde quer que estejam reunidos os
cristãos ela poderá ser feita. A Ceia do Senhor é um ato de comunhão entre cada cristão e o Senhor, e é
também um ato de comunhão entre cristãos. Em Atos 20:7, os discípulos se reuniam para partir o
pão. No livro de Atos, lemos que o pão era partido de casa em casa (Atos 2:46), o que nos deixa
totalmente à vontade em relação a celebrá-la nas Células.
Portanto, como nos reunimos na congregação e nas casas, à semelhança dos dias do Novo
Testamento, também praticamos a Ceia do Senhor nos dois locais de reunião, sendo que a maior
incidência se dá nas Células.
Como a Ceia do Senhor é um momento de comunhão, não faz sentido algum participar da
mesma a sós ou fora do contexto da igreja do Senhor.
XII.
Quando a Ceia do Senhor Deve Acontecer?
A Bíblia nos mostra como participar deste memorial, mas não especificou quando.
Aprendemos em Atos 20:7 que em Trôade os primeiros cristãos observavam a Ceia no primeiro
dia da semana, ou seja, no inicio da noite de sábado: “No primeiro dia da semana reunimo-nos para
partir o pão, e Paulo falou ao povo. Pretendendo partir no dia seguinte, continuou falando até a
meia-noite” (Atos 20:7).
Entendemos que não há uma periodicidade definida pela Bíblia quanto à celebração da Ceia;
Jesus apenas disse: “... façam isso sempre que o beberem, em memória de mim” (1 Co 11:25).
Esta expressão “façam isso sempre” nos dá liberdade de fazermos quando quisermos, mas
sempre em memória do Senhor Jesus o Cristo.
Normalmente, participamos da Ceia do Senhor todos os meses (e não todas as semanas como
na igreja primitiva), isto nas Células e esporadicamente na Sede da Congregação (no turno da noite).
XIII.
Como a Ceia do Senhor é Celebrada na Comunidade Cristã El Shaddai?
Na Comunidade Cristã El Shaddai, a Ceia do Senhor é celebrada geralmente nas Células ou nos
Governos, como uma festa de comunhão, com um ambiente de alegria e celebração, isto é, uma
refeição (jantar) completa, organizada por cada pessoa participante (cada participante oferece um
prato, se tiver condições). Cumprimos os três principais objetivos da Ceia do Senhor: “participação
do corpo e sangue do Senhor Jesus” (renovação da Aliança de Sangue – internalizando Jesus),
“memorial” (lembrando do sacrifício de Jesus na cruz – morte e ressurreição) e “comunhão” (com o
Senhor e os demais participantes).
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É iniciada com oração, leitura da Palavra e louvores pertinentes ao momento; logo depois
acontece o partir do pão (fazemos o cerimonial do corpo e do sangue do Senhor, através dos elementos
simbólicos, pão e o suco de uva); e após, todos se servem em uma refeição. Fazemos a Ceia como um
banquete em celebração ao Senhor, com a coordenação de um Líder, Governador ou Ministro do
Evangelho.
Fazemos como na Igreja Primitiva; os irmãos se reúnem para ter comunhão ao redor da mesa,
onde tomam suas refeições juntos; e juntamente com as refeições celebramos a Ceia do Senhor. Nas
Células torna-se mais possível a realização da Ceia, já que adotamos o modelo da Igreja do Primeiro
Século (informal e festiva).
Durante a Ceia do Senhor utilizamos “pão asmo” (“matzah”), tendo em vista o simbolismo do
mesmo durante o ato (não somos contra quem não utiliza). Podemos apreciar mais claramente o
significado do pão sem fermento quando consideramos o significado simbólico do fermento na Bíblia.
Durante a semana da Páscoa era proibido o uso de “fermento” (“seor” em hebraico – Ex 12:15). A
idéia de impureza ou pecado é claramente associada com fermento em vários textos. Por exemplo,
Jesus usou fermento para falar simbolicamente de falsas doutrinas (Mateus 16:11-12). Paulo usou
fermento para representar falsa doutrina e corrupção moral (Gálatas 5:7-9,13,16; 1 Coríntios 5:6-9). É
plenamente adequado, então, que na Ceia do Senhor, o pão que simboliza o corpo de Cristo, seja sem
fermento (“7 Livrem-se do fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como
realmente são. Pois Cristo, nosso Cordeiro pascal, foi sacrificado. 8 Por isso, celebremos a festa,
não com o fermento velho, nem com o fermento da maldade e da perversidade, mas com os pães sem
fermento, os pães da sinceridade e da verdade” – 1 Coríntios 5:7-8).
Da mesma forma, utilizamos suco de uva 100% natural, puro (não utilizamos vinho
alcoolizado). Aquele que está em Cristo, deve evitar o vinho embriagante (ou fermentado – hebraico:
“yayim”; grego: “oinos”) – Pv 20:1; Pv 23:20; Pv 23:29-35; Rm 14:21; Ef 5:18; 1 Tm 3:3; Tt 2:2-3.
Existem muitas discussões a respeito do vinho utilizado na Ceia Pascal ou Ceia do Senhor. O
trecho de 1 Coríntios 11:21 nos mostra que utilizavam vinho fermentado durante as Ceias; porém não
assegura que isso era correto, pois o apóstolo Paulo faz uma exortação sobre a embriaguez. Alguns
estudiosos comentam que a colheita das uvas não se dava na época da Páscoa e os judeus não tinham
em geral os meios para preservar suco de uva por tanto tempo, impedindo a fermentação. Por outro
lado, nem Lucas nem qualquer outro escritor bíblico empregam a palavra "vinho" no tocante a Ceia de
Páscoa. Os escritores dos três primeiros Evangelhos empregam a expressão "fruto da vide" (Mt 26:29;
Mc 14:25; Lc 22:18), acreditando alguns que o vinho não fermentado é o único "fruto da vide"
verdadeiramente natural, contendo aproximadamente 20% de açúcar e nenhum álcool (a palavra
hebraica “tirosh”, significa “vinho novo”, ou “vinho da vindima”; “vinho não fermentado” – Is 65:8).
A fermentação destrói boa parte do açúcar e altera aquilo que a videira produz, deduzindo alguns que o
vinho fermentado não é produzido pela videira (é processado depois de produzido pela videira).
Também, a lei da Páscoa em Ex 12:14-20 proibia, durante a semana daquele evento, a presença de
“seor” (Ex 12:15), palavra hebraica para fermento ou qualquer agente fermentador (apesar da
contestação de outros, em cima do texto bíblico de Números 28:7). Escritores judeus afirmam também
que nos tempos bíblicos o vinho guardado e fermentado, no momento do consumo, era aquecido no
fogo para o álcool evaporar. Apesar de toda discussão, o importante é que na Ceia do Senhor se faz
necessário o “produto da videira”. Nós, da Comunidade Cristã El Shaddai, utilizamos o “tirosh”, suco
de uva (não fermentado).
XIV.
Conclusão.
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Acreditamos que Deus nos tem chamado nessa geração para sermos o povo que vai reconstruir
as muralhas que foram deixadas em ruínas – “Seu povo reconstruirá as velhas ruínas e restaurará os
alicerces antigos; você será chamado reparador de muros, restaurador de ruas e moradias” (Isaías
58:12).
Somos chamados para reparar as brechas nas muralhas e restaurar as veredas antigas de Deus.
As cerimônias, as práticas e os hábitos, infundidos por Deus dentro da cultura como experiências
naturais e normais, transferem a seu povo as bênçãos por Ele prometidas. Infelizmente, por termos
permitido que elas fossem deterioradas, quando falamos sobre a restauração das “veredas antigas” (ou
“caminhos antigos”), a maioria de nós pergunta: “O que são as veredas antigas?" É por isso que o
Senhor nos exorta em Jeremias 6:16 = “Assim diz o SENHOR: “Ponham-se nas encruzilhadas e
olhem; perguntem pelos caminhos [veredas] antigos, perguntem pelo bom caminho. Sigam-no e
acharão descanso...”.
Acreditamos que a celebração da Ceia do Senhor foi deturpada no decorrer dos séculos. O foco
da Ceia – “participação do corpo e sangue do Senhor Jesus” (renovação da Aliança de Sangue –
internalizando Jesus), “memorial” (lembrar da morte e ressurreição de Jesus) e “comunhão” (com o
Senhor Jesus e os irmãos participantes) – foram perdidos. A mensagem de Deus, contida em Sua
Palavra e expressada através de cerimônias, costumes e leis estabelecidas para o seu povo tem sido
esquecida.
Devemos agradar a Deus com nossas vidas. Necessitamos das bênçãos que Deus já reservou
para nós. A Ceia do Senhor é um meio de alcançarmos estas bênçãos. No hebraico, o verbo
“abençoar” é “baruch”. Um dos significados básicos dessa palavra é “autorizar para prosperar”.
Então, uma boa definição para “maldição” seria: “desautorizar de prosperar”. O que significa
“prosperar?” A definição melhor do verbo “prosperar” é: “ter sucesso”; “ser bem-sucedido”;
“progredir”. No hebraico, essa palavra originalmente significa: “ter uma agradável viagem”. Deste
modo, “prosperar significa ter uma viagem agradável por toda a sua vida”.
Então, combinando essa definição de “prosperar” com a palavra “abençoar” (“baruch”), o
significado seria “autorizar aquele que está sendo abençoado a prosperar”, “a ser bem-sucedido”,
“a ter uma viagem agradável em toda a sua vida”. Por outro lado, “amaldiçoar” significaria
“desautorizar ou impossibilitar a pessoa que está sendo amaldiçoada de prosperar”, “de ser bemsucedida” ou “de ter uma agradável viagem em sua vida”.
Os discípulos de Yeshua (Jesus) são privilegiados ao participarem com Ele da Ceia do Senhor.
Devemos ansiar pelo momento em que dela partilharemos (Lc 22:15). Devemos participar da Ceia da
forma que a Palavra nos ensina: “... juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de
coração...” (At 2:46 – da maneira que a Igreja do Primeiro Século celebrava – com uma refeição
farta). Jesus nos convida a ter um encontro com Ele regularmente para reafirmar nossa aliança em uma
refeição: a “Ceia do Senhor”!
Sugestões para a Celebração da Ceia do Senhor (no mínimo de dois em dois meses):
a. Os Discípulos: “Participam, levando para a reunião um prato (arroz, carne, frango,
macarronada, salada de verduras, frutas, salgados, sucos, refrigerantes, etc., ou
alguma sobremesa – quem não tem condições financeiras não leva)”.
b. O Líder, Governador ou Ministro: “Prepara o lugar para a realização da Ceia do
Senhor, o pão e o fruto da vide. Poderá iniciar a celebração com um momento de
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confraternização entre os participantes. Depois pode fazer uma oração de ação de
graça pelos feitos do Senhor na vida de cada um deles e pela oportunidade de
estarem sendo mais uma vez abençoados na Ceia. Após, todos devem louvar ao
Senhor, pois a sua misericórdia dura para sempre. Em seguida pode ler trechos da
Palavra de Deus (Mt 26:26-29; Mc 14:22-25; Lc 22:19-20; Jo 6:53-56; At 2:46-47; At
20:7; 1 Co 10:16-17; 1 Co 11:17-34). Depois, deve iniciar a Ceia com o partir do pão
(asmo), e passar o cálice, com o suco de uva (natural e puro), lembrando do que o
Senhor falou (memorial). Após, todos devem fazer a refeição, com ordem, decência,
comunhão e alegria, lembrando do que a Palavra de Deus diz. Finalizando, pode
novamente fazer um momento de comunhão, com uma oração”.
c. Observação: “A Ceia do Senhor é uma Participação do Corpo e do Sangue do Senhor
Yeshua (renovação da Aliança de Sangue), uma Refeição Memorável (lembrar da
morte e ressurreição de Yeshua) e de Comunhão (com o Senhor e com os Irmãos que
compõem a Igreja – Corpo do Senhor Yeshua)”.
Ap. Wallace Lucena
Texto construído sob orientação do Eterno e através de ampla pesquisa.
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