CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO DE FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA VOZ ESTUDO DA VOZ DO ANÃO HIPOFISÁRIO SANDRA MARISA LANÇONI BRANCO CURITIBA 2001 CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO DE FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA VOZ ESTUDO DA VOZ DO ANÃO HIPOFISÁRIO Monografia apresentada ao CEFAC – Curso de Especialização em Fonoaudiologia Clínica para obtenção do Certificado de Conclusão do Curso de Especialização em Voz ORIENTADOR: DR. VICENTE JOSÉ ASSENCIO FERREIRA CO-ORIENTADOR: DRª. SILVIA MARIA REBELO PINHO SANDRA MARISA LANÇONI BRANCO CURITIBA 2001 I Branco, Sandra Marisa Lançoni. Estudo da voz do anão hipofisário.. Curitiba, 2001. 33p. Monografia – Especialização em Voz – Cursos de Especialização em Fonoaudiologia Clínica (CEFAC) 1. Hormônio do crescimento. 2. Nanismo Hipofisário. 3. Voz do anão. 4. Distúrbios endócrinos. 5. Tratamento fonoaudiológico. “Se você pensa que pode, ou sonha que pode, comece. Uma jornada de mil milhas inicia-se com o primeiro passo. A diferença entre o possível e o impossível está na determinação de cada um. Sabe o que é impossível? É aquilo que ninguém fez até que alguém o faça.” (Goethe) II DEDICATÓRIA Dedico à minha professora e amiga Dra. Silvia Maria Rebelo Pinho pelo grande profissionalismo e profundo conhecimento, contribuindo para o engrandecimento da fonoaudiologia, especialmente no III trabalho de voz. AGRADECIMENTOS Ao meu querido marido ARAGÃO BRANCO, pela grande participação no meu desenvolvimento . Aos meus filhos ARAGÃO e MATHEUS, que apesar de muito pequenos, souberam compreender a minha ausência, contribuindo para meu crescimento profissional. Aos meus pais ARTHUR e NOEMI pela preciosa contribuição e apoio em minha formação e em especial à minha mãe, a qual acolheu meus filhos com muito amor durante minha ausência, nos dias de curso. À DRª. MARGARET C. S. BOGUSZENSSKI e DRª. CARLA SENN, endocrinologistas pediátricas, pelo apoio e grande contribuição para a realização deste trabalho. Ao DR. VICENTE JOSÉ ASSENCIO FERREIRA, pelo conhecimento e participação neste trabalho. A todos os Especialistas, Mestres e Doutores do CEFAC, que, com suas experiências e conhecimentos, auxiliaram em minha formação. IV SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO ........................................................................página 1 2- OBJETIVO ............................................................................. página 15 3- METODOLOGIA ................................................................... página16 4 -LITERATURA ....................................................................... página 17 5- DISCUSSÃO........................................................................... página 23 6-CONCLUSÕES ....................................................................... página 25 7- RESUMO ................................................................................ página 26 8 -SUMMARY ............................................................................ página 28 9 -REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................. página 29 V 1-INTRODUÇÃO 2 A voz é uma das características mais fortes do ser humano, e é através dela que podemos identificar e qualificar uma pessoa. A relação entre voz e personalidade vem sendo estudada por várias pesquisas científicas (BEHLAU & PONTES, In: FERREIRA, 1993). Os distúrbios endócrinos têm um papel importante sobre a laringe em desenvolvimento e causam excessos na freqüência fundamental, de modo que a voz pode ser excessivamente grave ou aguda (GREENE, 1989). Existem sete glândulas endócrinas reconhecidas: tireóide, paratireóide, adrenais (supra-renais), hipófise, gônadas, pâncreas e timo. Uma oitava estrutura, o corpo pineal, é ocasionalmente reconhecida como glândula endócrina (ZEMHIN, 2000). O sistema endócrino e nervoso estão inter-relacionados, pois as glândulas recebem estímulos nervosos que determinam a produção ou excreção de hormônios. Estes são complexos, podendo um único hormônio ter diferentes efeitos em vários tecidos. Os hormônios podem atuar sobre o encéfalo controlando o metabolismo de sódio, cálcio e potássio essenciais para as células nervosas. Os hormônios da tireóide, por exemplo, são ativadores da função cortical nervosa por promover a eliminação de sódio e potássio. Sobre a laringe, os hormônios da córtex supra-renal elevam o tônus do esfincter glótico, facilitando a saída do potássio muscular, causando um efeito metabólico que consiste em neutralizar a ação do andrógeno e em modificar a regulação do metabolismo hídrico (TONISI, 2000). 3 A hipófise está contida dentro da cela turca. Pesa 0,5g e mede 10x 13x6mm, e embora seja pequena, tem a maior importância no complexo neuroendócrino. Está ligada à eminência do complexo mediano através do eixo hipotálamo-hipofisário e está dividida em lobo posterior (apêndice direto do assoalho do cérebro) e lobo médio anterior ou adenohipófise (desenvolve-se a partir do teto ou faringe embrionária), e está sob influência dos hormônios estimuladores e inibidores hipotalâmicos (SETIAN, 1989). A hipófise ou pituitária é uma glândula muito complexa e importante, que regula as funções de outras glândulas endócrinas, o crescimento e desenvolvimento de todo mecanismo corporal. O gráfico de crescimento de uma criança é essencial para confirmar um problema de crescimento. A criança apresenta diminuição da velocidade de crescimento ou está crescendo abaixo da curva de crescimento esperada para sua idade. Os parâmetros de peso e altura podem também servir como marcadores de saúde. O papel de cada hormônio no desempenho das funções orgânicas tem no crescimento, a principal diferença que separa nitidamente a infância e a adolescência da fase adulta. Os genes que controlam a síntese do hormônio do crescimento e da somatotrofina cariônica foram identificados como sendo uma seqüência nucléica no braço longo do cromossomo 17 (SETIAN, 1989). A Leptina (hormônio adiposo) na corrente sangüínea correlacionase diretamente com o peso do nascimento, sendo assim ela é uma importante reguladora do peso fetal e do crescimento intra - uterino (BOGUSZEWSKI et al, 1997). 4 Crianças pequenas para a idade gestacional têm um fator de risco de apresentarem baixa estatura na idade adulta. Observa-se que 30% das crianças de baixo peso na vida intra-uterina permaneceram pequenas ao nascer. Recentemente na Suécia, num estudo populacional de base, foi encontrado que somente 10 a 15% das crianças nascida em 1982-1986 com baixo peso permaneceram pequenas até os 2 anos de vida (ALBERTSSON et al, 1998). Para crescer de modo satisfatório e atingir a estatura apropriada na idade adulta são necessários: (1) potencial genético ( herança familiar); (2) higidez dos órgãos encarregados de transmitir ao esqueleto os estímulos para o crescimento (sistema nervoso e glândulas endócrinas); (3) estado fisiológico do esqueleto de responder adequadamente aos estímulos que recebe; (4) oferta dos componentes alimentares imprescindíveis à formação dos tecidos ósseos; (5) capacidade para manter o equilíbrio (homeostase) do meio interno, recebendo, digerindo, absorvendo, assimilando e transportando, até os ossos, os elementos nutritivos e eliminando os detritos metabólicos, e (6) a presença de condições favoráveis do ambiente físico (ar puro, sol) e psíquico (PERNETTA, 1987). O hormônio do crescimento é, talvez, o mais importante dos hormônios envolvidos neste processo, agindo diretamente sobre os órgãos periféricos. Embora exerça pouca ou talvez nenhuma influência sobre o crescimento do feto, sua ausência acarretará perda substancial da velocidade do crescimento que se reduz para metade ou um terço, o que já é detectável após os primeiros meses de vida extra- uterina (SETIAN, 1989). 5 O hormônio de crescimento é liberado pela pré-hipófise (pituitária anterior) de maneira que sua taxa no sangue oscila grandemente no estado normal. A pré-hipófise segrega o hormônio somatotrópico que, graças a sua energia, desempenha papel básico na ampliação da altura. A somatomedina (IGF1) mantém, no soro, um nível constante e sua taxa sérica na criança normal correlaciona-se com a velocidade do crescimento. A glândula pituitária produz hormônios que controlam as funções de outras glândulas. Possui duas partes distintas, uma anterior e outra posterior. A glândula secreta os hormônios em resposta às mensagens químicas que recebe do hipotálamo, parte do cérebro no qual está conectada. O hormônio do crescimento é um hormônio da hipófise anterior, cujo efeito principal é promover o crescimento dos tecidos do corpo. Outros hormônios da adenohipófise afetam indiretamente o crescimento devido ao trabalho de outras glândulas, e entre eles têm-se: Hormônio Estimulante da Tireóide (TSH) - Estimulam a glândula da tireóide para produção de hormônios, os quais regulam o metabolismo do corpo e é essencial para o crescimento normal. Hormônio Adrenocorticotrópico (ACTH) - Estimulam na glândula a produção do cortisol (hormônio do stress) e outros hormônios que protegem o corpo na resposta ao stress. O excesso de cortisol causará falha no crescimento da criança. Controla secreção de alguns hormônios da córtex supra-renal 6 que por sua vez afeta o metabolismo da glicose, proteínas e gorduras. Hormônios Gonadotrópicos separados - Luteinizante (LH) e Hormônio Folículo - Estimulante (FSH) - Estimulam as glândulas sexuais (ovários e testículos) a produzir hormônios sexuais, os quais são responsáveis para o desenvolvimento sexual e a maturação esquelética na adolescência e na puberdade. A Prolactina promove o desenvolvimento da glândula mamária e a produção de leite . A maior produção de hormônios se dá pela região posterior da glândula pituitária e é chamada vasopressina, ou hormônio anti-diurético (ADH), o qual controla a quantidade de água a ser eliminada pelos rins . Outro hormônio é a ocitocina a qual ajuda a bombear o leite das glândulas mamárias para o mamilo durante a sucção e provavelmente ajuda o nascimento do bebê ao final da gestação. Na deficiência do hormônio do crescimento ocorre o nanismo hipofisário com diminuição da taxa de somatomedina sérica. As proteínas alimentares ativam a produção de somatomedinas e tem efeito pró- motor no crescimento. O termo nanismo, significa baixa estatura ou atraso no crescimento estatural. Considera-se nanismo, quando a curva de crescimento num gráfico se dispuser abaixo do terceiro percentil numa tabela normal ou quando, em determinado momento, abandona o canal de crescimento (PERNETTA, 1987). 7 O nanismo hipofisário é conseqüência da carência do hormônio do crescimento (WYNGAARDEN et al, 1993). Existem muitos tipos de nanismo. O que será abordado neste trabalho, é o nanismo hipofisário (causa Neuroendócrina). A inobservância de qualquer dessas condições é suficiente para perturbar o crescimento e reduzir a altura. Pode-se dividir em 6 grandes classes as causas da deficiência estatural ou nanismo: fatores genéticos; fatores neuroendócrinos; osteopatias; carência alimentar; alterações do meio interno, e falta de estímulos ambientais. Segundo as grandes pesquisas, calcula- se que nos países de alto nível sócio-econômico, tenha-se um número aproximado de 10% de nanismos hipofisários (PERNETTA, 1987). A maioria dos pacientes com nanismo hipofisário situa-se abaixo do terceiro percentil; outros podem atingir do terceiro ao qüinquagésimo percentil por algum período da doença( COELHO et al, 1986). Pan-Hipopituitarismo significa menor secreção de todos os hormônios hipofisários anteriores. A redução na secreção pode ser congênita (presente desde o nascimento) ou pode ocorrer brusca ou lentamente em qualquer momento da vida do indivíduo (GUYTON, 1986). O hipopituitarismo pode ocorrer em virtude de um distúrbio primário como ,por exemplo, necrose hipofisário isquêmica pós- parto em associação com hemorragia grave durante o parto. O distúrbio é 8 reconhecido pela ausência de lactação no período pós-parto e pelo não estabelecimento da menstruação cíclica normal. Como o hipopituitarismo completo exige a destruição de pelo menos 90% da hipófise, o diagnóstico talvez nunca seja estabelecido em muitos pacientes com necrose hipofisária e evidências mínimas de hipopituitarismo (WYNGAARDEN et al, 1993). As causas mais comuns de hipopituitarismo são tumor hipofisário, tumores de Sistema Nervoso Central ou aneurisma da carótida interna, que podem invadir a cela e destruir a hipófise. A criança portadora de deficiência do hormônio do crescimento, apresenta o conteúdo mineral ósseo, a espessura e a maturação óssea diminuídos. A radioterapia para tratamento de tumores malignos de cabeça e pescoço quase sempre causa hipopituitarismo primário ou secundário. Os distúrbios do crescimento constituem as manifestações mais comuns em crianças, enquanto o hipogonadismo é mais comum em adultos. O hipopituitarismo pode ocorrer sem doença subjacente detectável e pode limitar-se a um ou dois hormônios. Foram relatados formas com transmissão autossômica e recessiva e outras ligadas ao cromossomo X. O outro tipo de hipopituitarismo é o secundário, que pode ser causado por diversos distúrbios do sistema nervoso central, que interrompem o suporte dos fatores de liberação para a hipófise, como traumatismos, anorexia, nutricional e outros quadros (WYNGAARDEN et al , 1993). 9 Nas formas idiopáticas de deficiência do hormônio de crescimento registra-se um predomínio de crianças do sexo masculino. Na presença de lesão orgânica ,como causa da deficiência do hormônio de crescimento, não existe diferença entre os sexos e ainda pode-se dizer que a maioria dos pacientes enquadra-se no grupo idiopático ou primário (não evidenciando lesões anatômicas de órgão) ( BROECK et al, 1999). A criança nasce com peso e estatura normais e em um dado momento pára de crescer ou diminui sua velocidade de crescimento. Com o decorrer dos anos, cada vez mais, se acentua a diferença de tamanho em confronto com padrões normais para idade. No tipo idiopático só após 2 ou 3 anos há manifestação do atraso de crescimento. Nos casos de tumor, o início pode ocorrer nos primeiros meses percebendo-se lentidão no crescimento e pele com diminuição do turgor. É comum haver enrugamento perioral e periorbitário, dando aparência de envelhecimento prematuro. Em geral o crescimento é harmônico, porém reduzido. Uma criança com 10 anos pode apresentar um desenvolvimento corporal de uma criança de 4 a 5 anos, sendo que a mesma pessoa pode chegar aos 20 anos com desenvolvimento corporal de uma criança de 7 a 10 anos. Os traços fisionômicos permanecem infantis; há aumento do tecido adiposo subcutâneo, a face é redonda e a fronte proeminente. A voz é muito aguda, a maturação óssea e a dentição são atrasadas, distinguindose, assim, o nanismo hipofisário primordial (PERNETTA ,1987 ). As manifestações clínicas gerais dos pacientes com hipopituitarismo são: nutrição muito bem preservada e é comum acontecer 10 anemia moderada. O retardo mental e a apatia são comuns da mesma forma de outros sintomas psíquicos (delírio, psicose, paranóide). Com relação aos aspectos psicossociais, o retardo do desenvolvimento pôndero- estatural pode vir acompanhado de apatia, irritabilidade, balancear rítmico da cabeça. Dependendo da gravidade e cronicidade do quadro, pode ocorrer alterações como: agressividade limitada pelas relações objetivas, superficialidade de respostas emocionais, defeitos de linguagem, alterações intelectuais, gastrointestinais e do sistema esquelético (SOARES, In: NÓBREGA, 1987 ) . Em geral as deficiências de hormônio de crescimento e de gonadotrofinas são as primeiras a ocorrer. A deficiência de TSH e ACTH são menos comuns, observados num estágio mais tardio da doença (WYNGAARDEN et al, 1993). O desenvolvimento intelectual não se altera mas são comuns desordens emocionais oriundas da consciência da anormalidade física com suas implicações na vida coletiva. É comum crises de hipoglicêmia espontânea (por escassez de corticotropina) já no primeiro ano de vida. Carência hipotireoidismo e de tireotropina raramente ocasiona sinais de deficiência de gonadotropina não se instalam na puberdade. Ocorre atraso da idade óssea, mas a inteligência é normal. Nas crianças e adultos com obesidade, as respostas do hormônio do crescimento a todos os testes de estímulo estão diminuídas mesmo quando o crescimento é aparentemente normal. 11 Uma avaliação meticulosa do estado atual do organismo e dos antecedentes pessoais e familiares é imprescindível para se tirar qualquer conclusão a respeito do crescimento estatural. A ultra-sonografia tem um grande auxílio no diagnóstico do nanismo. A medida ecográfica do fêmur permite avaliar a provável idade gestacional. Seus valores e os valores de seus desvios padrões foram calculados para cada duas semanas (da 13a a 42a )de idade gestacional e, geralmente, mantém-se constante em indivíduos normais. Este índice permite verificar erros nas medidas de fêmur em conjunto com as demais medidas ecográficas, permitindo diagnosticar casos dólico, cefálico, braquicefalia, microcefalia, macrocefalia, dispilaseas ósseas e nanismo (MACHADO & GOMES, 1989). O crescimento linear é dependente do hormônio do crescimento na infância e é demostrado pelo crescimento da circunferência da cabeça (DI MAIO et al, 1999). Existem estudos registrando elevada incidência de partos pélvicos, uso de fórceps, história de sangramento vaginal durante a gestação, história obstétrica das mães de pacientes sugerindo relações de causa e efeito ( COELHO et al, 1986). A prevenção poderia começar com uma avaliação das medidas de crescimento. Quando possível, deverá ser avaliada a idade óssea (exame de Raio X da mão e do punho), amostra de sangue e avaliação da tireóide (LEVY, 1989). 12 TABELA 1 – Alguns dados capazes de orientar inicialmente a pesquisa da causa do nanismo ANAMNESE Peso e altura ao nascer Curva do crescimento pondo-estatural Desenvolvimento psicomotor História dietética Apetite, vômitos, diarréia Doenças infecciosas Ambiente emocional Altura dos pais, irmãos e outros familiares EXAME OBJETIVO Peso, altura e proporções do corpo Distribuição do panículo adiposo Mal formação congênitas Exame completo dos sistemas e aparelhos Pressão arterial Oftalmoscopia EXAMES COMPLEMENTARES Exame parintológico das fezes Exame de urina: elementos anormais, reação, densidade, sedimento Hemograma e hemossedimentação Dosagem de Ca, P e fosfatase alcalina no soro Teste da D-xilose Radiografia dos punhos, crânio e joelhos PPD Teste da cromatina sexual (se for menina) PERNETTA, 1987 O hormônio do crescimento foi isolado há aproximadamente trinta anos, e sua utilização ,como tratamento, iniciou-se em 1957. Sua extração se faz a partir de hipófises humanas e através de técnicas de extração disponível. Pode- se obter, do peso seco total de uma glândula,4 a 8% sob 13 forma de hormônio, o que equivale de 3 a 5mg de hormônios por glândula ( COELHO et al, 1986) A terapia de reposição hormonal é planejada individualmente, com definição específica dos objetivos do tratamento. O uso terapêutico dos hormônios hipofisários limita-se ao hormônio de crescimento para correção do retardo do crescimento e as gonadotrofinas a fim de induzir a fertilidade. Segundo NELLY et al, (2000), a insulina tem um fator de crescimento muito importante, motivo pelo qual vem sendo muito estudado. Desde 1982, a administração de hormônio de crescimento tem sido modificada de intra- muscular para subcutânea. A freqüência de injeções de 2 a 3 vezes por semana tem sido redividida para 7 vezes por semana. Esta modificação tem melhorado o resultado do crescimento aproximadamente em 2 cm/ano na fase da puberdade (ALBERTSSON et al, 1999). O tratamento da deficiência do Hormônio de Crescimento normalmente prossegue por vários anos, até que se alcance uma altura aproximada de um adulto ou até que o potencial de crescimento seja alcançado. É importante que os hormônios sejam ingeridos diretamente, porque, num crescimento normal, é imprescindível a presença deles nas dosagens apropriadas. O fator nutricional bom e adequado é muito importante para o crescimento normal da criança. Quanto mais alto o valor da crescimento (BOGUSZEWSKI, 1997). Leptina, melhor é a resposta de 14 O produto do gene da obesidade, Leptina, é derivado do hormônio da adiposidade, que está envolvido na regulação do apetite e do peso do corpo. Uma grande pesquisa australiana reportou uma terapia de hormônio de Crescimento com um aumento bastante relativo na massa, sem gordura em homens e em mulheres e com deficiência de hormônio de crescimento, sendo que nos homens as respostas foram muito mais satisfatórias que nas mulheres. Esta está relacionada aos estereóides sexuais, apesar de que o exato mecanismo ainda não se sabe (HAYES et al, 1999). Se houver deficiência ACTH, trata-se com glicocorticoide (cortisona, hidrocortissona, Prednisona). Se houver deficiência TSH, tratase com tireoxina. Se houver deficiência de LH e FST, trata-se com reposição de estrogênio e testosterona (WYNGAARDEN et al, 1993). A ação dos diferentes hormônios se faz sentir em cada órgão, função da fonação e nas respostas neuromusculares; portanto acredita- se que o tratamento fonoaudiológico concomitante à administração do Hormônio de Crescimento poderá melhorar a qualidade vocal no nanismo hipofisário. Neste trabalho foram levantadas as seguintes questões: 1- Quais seriam as interferências vocais nos pacientes com nanismo hipofisário? 2- Que outros hormônios são indiretamente responsáveis pelo crescimento de suas interferências vocais? 3- O tratamento fonoaudiológico deverá iniciar-se ainda na infância junto com o tratamento medicamentoso e a equipe multidisciplinar ? 15 2- OBJETIVO Pesquisar a Voz do Anão Hipofisário 16 3 - METODOLOGIA Este estudo foi realizado através do levantamento bibliográfico pesquisado em livros, revistas, artigos e internet. 17 4 LITERATURA B00NE (1983) disse, que qualquer mudança no tamanho e massa total das pregas vocais, originará algum tipo de modificação nas características da voz. Os tons inadequados que ouvimos estão relacionados com mudanças estruturais das pregas vocais resultantes de problemas endócrinos . TABITH (1986) asseverou, que a função biológica primária da laringe é de proteção às vias aéreas inferiores, impedindo pela sua ação esfinctírica, a penetração de corpos estranhos nas vias aéreas inferiores. O ser humano, no entanto, utiliza como função secundária, este mecanismo valvular para uma refinada vocalização na fala e no canto. Está função só é possível pela intervenção de complexos de controles neurais, asseverou PERNETA (1987) afirmou, que no nanismo hipofisário, os traços fisionômicos permanecem infantis, aumenta o tecido adiposo subcutâneo, face redonda, testa alta; a voz é muito aguda, atrasa a maturação óssea e a dentição . Afirmou ainda, que, o hipotireoidismo produz mudanças físicas, incluindo maior massa nos PPVV, dando uma voz rouca, às vezes áspera ou grave e de altura excessivamente baixa .Técnicas de intensidade, altura e qualidade vocal auxíliam aos pacientes com distúrbios da tireóide . GREENE ( 1989) relatou, que o hipotireoidismo, resulta em critinismo nas crianças e mixoedema nos adultos. No mixoedema as pregas vocais apresentam edematosas e a voz se torna áspera e rouca. 18 No hipertireoidismo, pode ocorrer a papeira endêmica ou doenças de graves, devido a falta de iodo e apresentar dificuldade de engolir, mudanças da voz devido a pressão do nervo recurrente laríngeo ou mudanças nas pregas vocais devido a interferência na circulação, timbre baixo na fala, perda de volume. Os distúrbios da tireoide são mais comuns em mulheres de que em homens . WYNGAARDEN et al, (1993) referenciaram, que na deficiência ACTH (supra- renal) é comum haver fraqueza, hipotensão postural, malestar, desidratação, intolerância ao frio. Podem ocorrer náuseas, vômitos, hipotomia grave, hipoglicemia associado ao jejum prolongado. Esta deficiência é tratada com glicocorticóide, cortisona (25 mg.VO), drocortisona (20mgVO), predmisona (5mg VO).Na deficiência de TSH (tireóide), há intolerância ao frio, pele seca, palidez, raciocínio mental lento, bradicardia, rouquidão e constipação. Na meninice, a deficiência de TSH resulta no retardo do crescimento e não responde ao tratamento com hormônio de crescimento. Esta deficiência é tratada com 0,125 mg diário de tireoxina. Na deficiência LH e FSH nas mulheres, a deficiência de gonadotrofinas resulta em amenorréia e sinais de deficiência de estrogênio, incluindo atrofia das mamas, pele seca, redução das secreções vaginais e até diminuição do libido (reposição de estrogênio é o 19 tratamento). Nos homens, os testículos diminuem de tamanho e tornam-se moles. A produção reduzida de andogênios resulta em perda do libido e de potência, diminuição da velocidade de crescimento de pêlos secundários, redução da força muscular . Se a deficiência surgir antes da puberdade, ocorre comprometimento total ou parcial no indivíduo dos caracteres sexuais secundários. A deficiência de prolactina resulta na ausência de lactação pósparto. A deficiência de vasopressina, resulta em diabete insípido . STRINGER & SCHARFER, In: PAPARELLA (1994) disseram, que o excesso ou deficiência hormonal podem afetar a estrutura e a função laríngea, ocasionando a disfonia . BOONE (1994) asseverou, que pacientes com alterações vocais relacionadas as mudanças endócrinas podem ter alterações na freqüência fundamental. A diminuição do hormônio feminino e o aumento do hormônio masculino levam ao aumento de tamanho e de massa das PPVV, produzindo uma redução na altura e, às vezes, aspereza vocal . BOONE & MC FARLANE (1994) mencionaram, que no hipertireoidismo, os sintomas da voz são menos severos, e os pacientes apresentam voz soprosa, com dificuldade na intensidade. Técnicas de altura, intensidade e qualidade vocal podem ser satisfatórias . Mencionaram ainda que os distúrbios endócrinos ou metabólicos podem mudar a massa das PPVV e resultar em mudanças vocais. A maior parte das lesões de acréscimo às PPVV, unilaterais ou bilaterais, 20 podem imitar o som da voz, reduzindo a altura, intensidade e aumentando a soprosidade. BEHLAU & PONTES (1995) afirmaram, que a fonação é uma função neurofisiológica inata, porém a voz é adquirida e vai se formando através do crescimento físico e emocional. Assim chega-se a idade adulta tendo, como resultado, a moldagem de habilidades inatas pela história de vida.. De modo geral, as laringes pequenas são geradoras de vozes agudas e as laringes grandes de vozes graves. As pregas vocais curtas favorecem a emissão de vozes agudas, e as pregas vocais longas, de vozes graves. A correlação do tamanho e forma das cavidades supraglóticas (tamanho da cavidade vocal, com formação e medidas do palato duro e mole, o tamanho da faringe) e a classificação vocal vêm sendo objetos de muitos estudos. Os distúrbios hormonais tem grande influência sobre a laringe, ou seja, a freqüência do som gerado. Afecção endócrina como alteração do crescimento, puberdade precoce ou tardia, prejudicam o rendimento vocal em média 50%, referindo fadiga vocal, redução do volume, maior esforço para falar, emissão abajada e perda de agudos. Todas as secreções hormonais participam da evolução anatômica da laringe e todas as enfermidades endócrinas são pluriglandulares. Os hormônios sexuais femininos tem ação nos tecidos conjuntivos e vasculares. A ação prolongada de estrogênio pode causar hipotemia, edemas de congestões na laringe e no corpo . BOONE (1996) relatou, que os fatores físicos hormonais, alteram a voz feminina, podendo ocorrer atrofia em sua musculatura, calcificações 21 nas cartilagens e conseqüência, queda do estrógeno e aumento do testosterona . PINHO (1998), afirma que a altura vocal depende fundamentalmente da atividade dos músculos sensores das PPVV e da quantidade de massa mucosa solta para vibrar. A intensidade depende do fluxo aéreo, pressão, adução glótica . Afirma também que a terapia Fonoaudiológica visa melhor voz possível, com mínimo esforço e máximo rendimento, o que nem sempre significa voz normal. HERSAN , In: PINHO (1998) referenciou que pouco se conhece sobre a maturidade neurológica da laringe infantil, porém dados morfológicos sugerem que a mesma está totalmente desenvolvida até os 3 anos de idade . MG GLONE, In: PINHO (1998) referendou ,que em crianças (8 anos de idade) a faixa da freqüência fundamental fica por volta 275,8 Hz . KELLEY, In: PINHO (1998 ) disseram que em mulheres 20 a 29 anos 227 Hz . HOLLIM & SHIPPI, In: PINHO (1998) afirmaram , que em homens 20 a 29 anos 127 Hz .A freqüência fundamental (ou tom habitual) depende do número de ciclos vibratórios produzidos pelas pregas vocais em um dado segundo. O tom habitual da fala deve estar entre terceira ou quarta nota, acima da fundamental mais grave. FERREIRA & VIOLA (2000) mencionaram , que a intensidade é a sensação o som percebido pelo ouvinte; pode ser forte ou fraco. Ela se modifica pelos estados físico e emocional, pelo ambiente e pelas situações vividas. A altura é o parâmetro que dá a sensação acústica de grave (grosso) ou agudo (fino), resultante do número de fechamentos e 22 aberturas das pregas vocais durante um segundo. A maioria das crianças tem voz aguda se comparadas à dos adultos. Do mesmo modo que as mulheres, se comparadas aos homens. Na adolescência, a voz se modifica de forma mais acentuada nos meninos . . 23 5 – DISCUSSÃO No nanismo hipofisário a voz permanece muito aguda e os traços fisionômicos bastantes infantis, afirmaram (PERNETTA, 1987) (WYNGAARDEN et al, 1993). Na deficiência do TSH (tireóide), apresentando hipotireoidismo ocorre aumento na massa das pregas vocais, a voz é rouca, áspera ou grave com perda de volume, mencionaram (PERNETTA, 1987) (GREENE, 1989) (WYNGAARDEN et al, 1993) ( BOONE, 1994) ( BEHLAU & PONTES, 1995) (BOONE, 1996). No hipertireoidismo, a voz é soprosa com dificuldade na intensidade disseram (BOONE & MC FARLANE, 1994) ( GREENE, 1989). Qualquer alteração de tamanho e massa total nas pregas vocais acarretará modificação nas características da voz, referenciaram (BOONE, 1983) (GREENE, 1989) ( BOONE, 1996) ( BEHLAU & PONTES, 1995). A deficiência hormonal, ou excesso da mesma pode ocasionar a disfonia, relataram (STRINGER & SCHARFEER, In: PAPARELLA, 1994) ( BOONE & MC FARLANE, 1994). Distúrbios endócrinos podem modificar a freqüência fundamental causando uma voz excessivamente grave ou aguda., afirmaram (GREENE, 1989) ( BEHLAU & PONTES, 1995) ( HERSAN, In: PINHO, 1998). A terapia fonoaudiológica, visa a melhor voz possível, o que nem sempre significa voz normal, asseverou (PINHO, 1998). 24 Parece que qualquer que seja a forma da laringe, sub ou super desenvolvida, existe um desequilíbrio endócrino onde o tratamento será sempre reposição do hormônio do crescimento. A ultra-sonografia tem um grande auxilio no diagnóstico. Quando possível ,após o nascimento avaliar idade óssea (exame de raio x da mão e do punho, amostra de sangue e da tireóide). Uma vez diagnosticado o nanismo hipofisário, deverá iniciar-se o quanto antes o tratamento de reposição hormonal junto com a equipe multidisciplinar. Tendo visto as variações de qualidade vocal de acordo com as deficiências hormonais ,o tratamento fonoaudiológico deverá iniciar-se ainda na infância com técnicas de relaxamento, respiração, ressonância, altura, intensidade , técnicas vocais e exercícios miofuncionais junto com a equipe multidisciplinar (neurologista, endocrinologista, pediatra, otorrinolaringologista, ortopedista, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e psicólogo). 25 6– CONCLUSÕES A voz do anão hipofisário é muito aguda com aspectos bastante infantis, ressonância nasal, apresentando dificuldade para altura, intensidade e qualidade vocal. Quando houver a deficiência TSH (tireóide), temos: No hipotireoidismo a voz fica rouca ou grave e ocorre perda excessiva na altura . No hipertireidismo a voz apresenta-se soprosa com dificuldade na intensidade. O tratamento fonoaudiológico, junto com a equipe multidisciplinar, trará qualidade de vida em termos social, profissional e pessoal mais adequados, cujos parâmetros de exercícios será para relaxamento, respiração, ressonância, altura, intensidade, exercícios vocais e exercícios miofuncionais. 26 7- RESUMO A hipófise ou pituitária é uma glândula muito importante que regula as funções de outras glândulas endócrinas , o crescimento e desenvolvimento de todo o mecanismo corporal. Uma das causas do fracasso do crescimento é a deficiência do hormônio do crescimento. O hormônio do crescimento, na medida certa na infância e na adolescência, é decisivo para o tamanho final no adulto. Na vida intra-uterina, a ausência do hormônio do crescimento acarretará perda da velocidade de crescimento, detectável nos primeiros meses de vida. A prevenção poderia começar com avaliação das medidas de crescimento, onde será avaliada idade óssea (exame de Raio X da mão e do punho), amostras de sangue e avaliação da tireóide. O termo nanismo significa baixa estatura ou atraso no crescimento hormonal. O hipopituitarismo é conseqüente da carência dos hormônios hipofisários anteriores: hormônio estimulante da Tireóide, Prolactina, hormônio Adrenocorticotrópico (ACTH), hormônio Luteinizante (LH) e hormônio Folículo Estimulante (FSH). Na ausência desses hormônios, existem medicações disponíveis para compensá- los. Na parte posterior da glândula pituitária se dá novas produções de hormônios a Ociticina e a Vasopressina ou hormônio Anti-Diurético, o ( ADH ) que controla a quantidade de água a ser eliminada pelos rins. O intelectual é preservado, mas é comum desordens emocionais oriundas das anormalidades físicas, atraso da idade óssea. Os traços 27 fisionômicos permanecem infantis, face é redonda, testa alta e a voz é muito aguda . A forma idiopática aparece mais no sexo masculino. Na presença de lesão orgânica não existe diferença entre os sexos. 28 8- SUMMARY The hypophysis or pituitary is a very important endocrine gland which regulates other glands and many bodily processes including growth development. The condition of being abnormally small may be result of endocrine dysfunction. One of these dysfunctions is the Growth Hormone Deficiency. During the pregnancy , the absence of the growth hormone may delay or fail the growth development which would be possible to detect in the first months of life. A blood exam, a bone age ( by a hand and wrist x-ray) , a thyreoid exam are essential aspect to be evaluated and to be previned. The Dwarfism term is used to express the condition of being abnormally small. Hypopituitarism is a consequent condition resulting from a disminished secretion of pituitary hormones, especially from those anterior lobe: Adrenocorticotropic Hormone(ACTH), Luteinizing Hormone (LH), Follicle-stimulating hormone (FSH), Thyreoid Hormone, Prolactin. Perhaps, one of these hormones is absent for that, there are plenty medications able to compense it . The secretions from the posterior lobe of the pituitay gland are Oxytocin and Vasopressin or as well known an Antidiuretic hormone (ADH), which increases reabsorption of water by the kidney tubules. There is not any alteration in the intelectual development but, some emotional disorder may appear from the abnormal physical differences because of the delayed in bone age. The most commun physical caracteristics are: they usually look like infant even when adult, have a small and round face, their forehead is long and they have a high pitched voice. The gender is relevant for idiophatic form, it is more often in male than a female. In the other hand, the organic injury , gender threre is not any difference. 29 9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1- ALBERTSSON WIKLAND, K.; ALM, F.; ARONSSON, S.; GUSTAFSSON, J.; HAGENÄS, A.; IVARSSON, S.; KRISTRÖM, B.; MARCUS, C.; MOËL, C.; NILSSON, K. O.; RITZÉN, M.; TUVEMO, T.; WESTGREN, U.; WESTPHAL, O.; AMAN, J. – Effect of grouwth hormone (GH) during..., Acta Pediatrica Suppl., 88(428):80-84, 1999. 2- ALBERTSSON WIKLAND, K.; BOGUSZEWSKI, M.; KARLBERG, J.; Children born small for oestational... Hormone Research (Suppl. 2), 49: 7-13, 1998. 3- BEHLAU, M & PONTES, P.A.L. - Disfonias psicogênicas. In: FERREIRA, L. P.Um Pouco de Nós Sobre a Voz. 2 ed. São Paulo: Pró Fono, 1993, p. 61-86. 4- BEHLAU, M. & PONTES, P. A. L. - A Avaliação da voz. In:________. Avaliação e Tratamento das Disfonias. 1 ed., São Paulo: Lovise, 1995, p. 64-141. 5- BOONE, D. R. & McFARLANE, S. C. - Distúrbios da voz. 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