Área: CV ( ) CHSA ( ) ECET ( X ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 E-mail: [email protected] SELEÇÃO DE ÁRVORES NATIVAS POTENCIAIS PARA PORTA-SEMENTES, NO SUL DO PIAUÍ Caio Varonill de Almada Oliveira (bolsista do PIBIC/UFPI1), Romário Bezerra e Silva (Orientador, Depto de Engenharias – UFPI/CPCE) RESUMO: Realizou-se esta pesquisa com intuito de fornecer suporte para coleta de sementes de duas espécies arbóreas, estabelecidas em áreas de preservação permanente, potenciais para a produção de mudas com diversidade genética. Para isso, foi consultado um banco de dados de levantamento florístico e fitossociológico realizados numa área de vegetação ripária com estrato arbóreo e arbustivo densos, para calcular o tamanho efetivo populacional e a população mínima viável das duas espécies selecionadas em função de suas respectivas frequências na área. A partir disso, percebeu-se que as espécies estudadas possuem tamanho efetivo populacional satisfatório, segundo a literatura, entretanto apenas uma delas possui número de indivíduos suficientes para formar uma população mínima viável capaz de realizar uma conservação de curto prazo. PALAVRAS CHAVE: Tamanho Mínimo Efetivo Populacional; População Mínima Viável, Qualidade Genética de Mudas. INTRODUÇÃO Sabe-se que a recomposição da vegetação por meio dos reflorestamentos consiste em uma das ações de compensação ambiental mais praticada na busca pela restauração do equilibrado ambiental. Para isso, deve-se ter preocupação com a qualidade genética das sementes e dos propágulos que serão utilizados para produzir mudas com essa finalidade (TELLES et al., 2001). Nesse contexto, a seleção dos indivíduos para coleta de sementes deve pressupor a obtenção da maior dissimilaridade possível, objetivando maior variabilidade genética no lote de sementes. As árvores mais dissimilares geneticamente dos agrupamentos devem ser as mais requeridas, pela contribuição para obtenção da maior variabilidade genética de um lote de sementes. O importante é que seja possibilitado o máximo de exploração da variabilidade genética de uma população, para tanto, torna-se importante à coleta de sementes em um maior número possível de indivíduos (ZAÚ, 1998). Assim, realizou-se esta pesquisa com intuito de fornecer suporte para coleta de sementes de duas espécies arbóreas, estabelecidas em áreas de preservação permanente, potenciais para a produção de mudas com diversidade genética. MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi realizado no povoado Cabeceira do Brejo, município de Currais, PI, e no Campus Professora Cinobelina Elvas (CPCE) da Universidade Federal do Piauí (UFPI) em Bom Jesus, Piauí. 1 Bolsista PIBIC/UFPI 2015/2016. As duas espécies foram escolhidas a partir dos dados florísticos da vegetação. Onde observou-se as espécies nativas que possuíam maior frequência na área e o seu potencial para recuperação de áreas degradadas, e, em função de sua ocorrência na área, sendo, Hymenaea courbaril L. e Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand., as espécies selecionadas para ser o foco do estudo. O tamanho efetivo populacional foi calculado seguindo as equações de Vencovsky (1987). A população mínima viável foi calculada seguindo proposta de Nunney e Campbell (1993) apud SILVA (2006). O número de indivíduos amostrados seguiu a proposta de Kageyama e Gandara (2001), para a obtenção de um tamanho efetivo de 50. A densidade de indivíduos de cada espécie presente nas áreas da pesquisa será calculada por hectare. RESULTADOS E DISCUSSÕES Obteve-se na área amostrada uma densidade de 282,5 e 87,5 indivíduos.ha -1 para Hymenaea courbaril L. e Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand, respectivamente, esta última apesar de possuir menor frequência (quase 3,3 vezes menor) apresentou-se como a segunda espécie com maior número de indivíduos na área. Fato passível, tendo em vista que a composição florestal estudada é típica de vegetação ripária com estrato arbóreo e arbustivo densos e rico banco de plântulas, com ocorrência de indivíduos de grande porte, com nível elevado de sombreamento do dossel superior para os estratos inferiores, com características aparentes do bioma Cerrado, já que segundo Melo e Mendes, (2005) e Rossi, (2008). Hymenaea courbaril L. pertence ao grupo sucessional secundária tardia a clímax, exigente à luz, nativa do bioma Cerrado, e se desenvolve com facilidade em solos arenosos e argilosos bem drenados de terra firme e em várzeas altas. E, segundo Lorenzi (2009), a espécie Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand. ocorre tanto em matas primárias como em formações secundárias, em florestas de terra firme onde árvores e/ou arbustos perdem suas folhas em parte do ano, se desenvolvendo no também no cerrado frequentemente em áreas ciliares úmidas. As espécies estudadas apresentaram os seguintes tamanhos efetivos populacionais, sem controle genético, de 82 e 59 indivíduos e com controle genético, de 103 e 68 respectivamente para Hymenaea courbaril L. (Jatobá Verdadeiro) e Protium heptaphyllum (Aubl.) (Almesca). Pode-se observar que quando se possui controle da quantidade de sementes coletada em cada árvore porta semente (C) obtém-se um maior tamanho efetivo populacional em comparação a coleta sem controle genético (S), portanto, o controle gamético tem grande importância na coleta de germoplasma, devendo-se coletar sementes em maior número de plantas (F) possível em quantidades iguais em cada árvore para a obtenção de lotes contendo satisfatória diversidade genética. Kageyama e Gandara (2001), relatam que o Ne mínimo para garantir a representação da integridade genética de uma população durante a coleta de sementes é 50, este Ne é alcançado com a amostragem de, no mínimo, 20. Pode-se observar que para ambas as espécies estudadas apresentam Ne acima do recomendado seja sem ou com controle genético. Assim, obter-se-á na área, sementes potenciais para a produção de mudas com diversidade genética destas espécies. Verifica-se ainda que, em longo prazo, ambas as espécies estudadas não possuem densidade equivalente para a conservação das espécies na área estudada, entretanto em curto prazo, o número de indivíduos da espécie Hymenaea courbaril L. apresentam-se superiores a quantidade mínima de indivíduos para a sua conservação no ambiente estudado. Segundo Brito e Fernandez (2000) a PMV é uma tentativa de estabelecer o número mínimo de indivíduos que uma população deverá ter para persistir no ambiente sem intervenção humana. Assim percebemos a fragilidade do fragmento no que tange as densidades das populações das espécies estudadas, principalmente para a Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand.. CONCLUSÕES As espécies Hymenaea courbaril L. e Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand. alcançam o tamanho efetivo populacional propostos pela literatura que garanta um lote de sementes com diversidade genética satisfatória. O Que evidência que a área tem potencial para seleção de árvores porta sementes para formação de lotes com diversidade genética de ambas espécies estudadas. A espécie Hymenaea courbaril L. possui um número de indivíduos suficientes para atingir um tamanho efetivo populacional, com controle genético, para formar uma população mínima viável para conservação em curto prazo, mas não possui para conservação em longo prazo. A espécie Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand. não possui número de indivíduos suficientes para atingir um tamanho efetivo populacional, com controle genético, para formar uma população mínima viável para conservação a curto ou a longo prazo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, D.; FERNANDEZ, F. A. S. 2000. Dealing with ex1:inction is forever: Understanding the risks faced by small populations. Ciência e Cultura, v. 52, n. 3, p.161-170. KAGEYAMA, P. Y; GANDARA, F. B. Recuperação de áreas ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H. Matas ciliares: conservação e recuperação. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/Fapesp. p. 249-269. 2001. LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo das plantas arbóreas nativas do Brasil. Vol. 03. 1ed. Nova Odessa. Instituto Plantarum. 2009. MELO, M. G. G.; MENDES, A. M. S. Informativo técnico rede de sementes da Amazônia: Jatobá Hymenaea courbaril L., nº 9, 2005. ROSSI, T. Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Jatobá). Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais – IPEF, 2008. Disponível em:<http://www.ipef.br/identificacao/hymenaea.courbaril.asp>. Acesso em: 08 ago. 2016. SILVA, M. S. Diversidade e estrutura genética em populações naturais de Geonoma schottiana Mart. no Parque Forestal Quedas do Rio Bonito. 2006. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Lavras. TELLES, M.P.C.; SILVA, R.S.M.; CHAVES, L.J.; COELHO, A.S.G.; DINIS FILHO, J.A. Divergência entre subpopulações de cagaiteira (Eugenia dysenterica) em resposta a padrões edáficos e distribuição espacial. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.36, n.11, p.1387–1394, 20. VENCOVSKY, R. Tamanho efetivo populacional na coleta e preservação de germoplasma de espécies alógamas. Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais - IPEF, Piracicaba, v.35, p.79-84, 1987. ZAÚ, A. S. Fragmentação da Mata Atlântica. Floresta e Ambiente, Rio de Janeiro, v.6, n.1, p.160170, 1998.