A REALIDADE DO ENSINO DE GEOGRAFIA PARA ALUNOS CEGOS OU COM BAIXA VISÃO MaiaraTibola1 Resumo: O presente artigo é resultado de pesquisa realizada no ano de 2014, com professores de Geografia que atuam com alunos cegos ou com baixa visão na educação básica, em três escolas, no município de Francisco Beltrão-PR. O objetivo foi compreender como acontece a inclusão dos sujeitos no ensino regular, bem como a importância da cartografia tátil para o aprendizado, pois os sujeitos precisam aprender a ler mapas, a se localizarem no espaço que não podem ver, mas que vivem. Assim, os mapas são instrumentos fundamentais para a aprendizagem. Para tanto, partimos de análise prévia sobre as dificuldades e necessidades apresentadas pelos professores no trabalho com os alunos inclusos no ensino regular. Palavras-chave: Ensino de Geografia. Cegos. Baixa visão. Cartografia tátil. INTRODUÇÃO A Cartografia tátil é uma área da Cartografia que está relacionada com a construção de mapas ou outros materiais cartográficos que possam ser lidos por pessoas cegas ou com baixa visão. Os mapas e os gráficos táteis, tanto podem ser utilizados como recursos para o ensino, como para a mobilidade em locais públicos, de grande circulação, como terminais rodoviários, universidades e centros urbanos. O presente trabalho justifica-se pela falta de materiais didáticos de Geografia, principalmente mapas, para trabalhar com alunos cegos ou com baixa visão. A inclusão faz parte do ambiente escolar. No entanto, a preparação do professor para ensinar esses sujeitos não acontece de fato, bem como a possibilidade para trabalhar Geografia com os alunos cegos ou com baixa visão, por meio de materiais didáticos táteis, especificamente os mapas. 1 Mestranda do programa de Pós-Graduação (Stricto Sensu) em Geografia, nível de Mestrado, pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) - Campus de Francisco Beltrão. E-mail: [email protected]. 453 A leitura de mapas e a Cartografia Tátil A Geografia enquanto ciência social tem a função de estabelecer relações entre sociedade e natureza, na busca de analisar, compreender e explicar o espaço geográfico. Assim, a Geografia, na sala de aula proporciona instrumentos e forma alunos e professores com condições para que sejam críticos da realidade vivida. Neste sentido, Passini (2012) afirma que a Geografia não pode ser a Geografia espetáculo, com informações sem relação com a realidade. Deve proporcionar aos sujeitos a investigação, a observação do espaço e de sujeitos reais com as contradições e com a possibilidade de análise de fatos para compreenderem o significado da organização espacial. Assim, o professor precisa criar momentos para que os alunos entendam o problema e organizem a investigação para tentar resolvê-lo. Uma Geografia que ajude a formar o cidadão e desenvolva a inteligência espacial. A Cartografia é uma linguagem fundamental no ensino de Geografia. Além de localizar e proporcionar a leitura de mapas oferece análises geográficas. Assim, os mapas são essenciais no processo de ensino e aprendizagem, por meio deles é possível explorar uma série de conteúdos geográficos que proporcionam a interpretação dos mais diversos lugares. As coordenadas geográficas, a escala, a orientação, a localização e a representação são noções fundamentais da Cartografia no ensino de Geografia. No processo de alfabetização cartográfica essas noções são apresentadas e proporcionam a compreensão dos conteúdos de Geografia. O mapa é uma representação gráfica da Terra ou parte dela, em uma superfície plana. Mas não podemos confundir o mapa, objeto concreto, com a representação nele contida, que é uma abstração (ALMEIDA, 2011, p. 23). O mapa é uma representação da realidade e depende dele a utilização e adaptação as diversas situações e necessidades que se apresentem durante as relações no processo de ensino e aprendizagem. O mapa deve ser planejado para ser usado constantemente. [...] a função do mapa depende do uso que o professor quer do mesmo; se o professor não sabe o que quer que o mapa mostre, nenhum mapa se apresenta como bom: todos serão distorções da realidade. O valor do mapa está naquilo que o professor se propõe a fazer com ele (OLIVEIRA, 2011, p. 23, grifo do autor). O mapa é um meio de comunicação, que auxilia na compreensão do mundo e das relações de poder presentes na sociedade. Assim, 454 O mapa considerado meio de comunicação está inserido em um processo cartográfico que começa com a realidade (o espaço geográfico) e passa por várias etapas: transformação (de tri para bidimensional, de superfície esférica para plana através das projeções), redução (escala) e generalização, codificação (linguagem gráfica e cartográfica), construção e reprodução. Como resultado, chega-se ao mapa que vai ser utilizado por um usuário, que passa pelas fases de percepção, leitura, análise e interpretação da representação gráfica. A última etapa deve ser a avaliação desse processo (ALMEIDA, 2011, p. 122). Considerando essas informações no mapa, como seria ensinar Geografia e tornar os mapas “visíveis” para as pessoas cegas? Como ocorre a alfabetização geográfica de pessoas cegas? Os mapas têm a função de localizar lugares e mostrar a organização do espaço, para a partir dele relacionar com a realidade vivenciada pelos sujeitos. Assim, para que a inclusão social e educacional para pessoas cegas aconteça é fundamental que sejam proporcionadas condições para isso. Considerando que a Declaração de Salamanca (1994) afirma que todas a crianças possuem características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas, o professor, enquanto mediador do processo de ensino e aprendizagem tem a função de despertar nos alunos formas de compreender o mundo como um todo, facilitando o entendimento da realidade a qual os sujeitos fazem parte. É necessário que eles façam a sua leitura de mundo para que possam exercer a cidadania. Assim, é fundamental a mediação do conhecimento, desencadeando processos de aprendizagem para ambos os envolvidos. Os mapas para o ensino de Geografia devem localizar fenômenos e lugares. Entretanto, a educação, é na faixa etária de 6 e 18 anos, aproximadamente. Uma criança, mesmo que enxergue, dificilmente se apropriará do conteúdo de um mapa para construir o saber, mesmo com a mediação do professor. Por isso, o cuidado na construção de mapas está na definição de o quê representar e como fazer para as diferentes faixas etárias, conforme o grau de desenvolvimento da criança. A ausência da visão limita a obtenção de conceitos espaciais, no entanto a pessoa cega também possui uma interpretação do espaço e, por meio dela, realiza atividades de forma diferenciada daqueles que enxergam, pois para a pessoa cega a apreensão do espaço ocorre por meio da relação com o ambiente. Deste modo, independente do impedimento sensóriomotor é preciso desenvolver a habilidade da leitura de mapas na criança na escola, por meio do processo de alfabetização cartográfica. 455 Nas escolas, muitos professores não utilizam os mapas táteis com estudantes que apresentam restrições visuais severas ou cegueira, por falta de iniciativa ou porque desconhecem esses mapas, ou, ainda, pelo despreparo em ensinar o mapa ou com o mapa até mesmo para estudantes sem restrições sensoriais (ALMEIDA e NOGUEIRA, 2009, p. 119). Cabe salientar que o motivo dos professores não utilizarem mapas está relacionado com a forma da pessoa cega aprender, que na maioria das vezes é tratada como incapaz de interpretar e compreender mapas, imagens e principalmente a realidade em que vive. São estereótipos que foram criados sem conhecer a capacidade dos sujeitos. Os sujeitos cegos ou de baixa visão devem ser estimulados para despertar as suas potencialidades e para que possam aprender os conteúdos. Vygotski2 (1997), afirma que a ausência de um sentido não é um fator que determina o seu desenvolvimento. Entretanto, é necessário um meio para que a aprendizagem se desenvolva, é preciso de estímulo. Assim, a linguagem cartográfica pode ser um meio para chegar a aprendizagem dos educandos cegos ou com baixa visão. La ceguera, alcrear una nueva y peculiar configuración de lapersonalidad, origina nuevasfuerzas, modifica lasdireccionesnormales de las funciones, reestructura y forma creativa y organicamente la psique delhombre. Por consiguiente, laceguera es no solo um defecto, una deficiência, uma debilidad, sino también, encierto sentido, una fuente de revelación de aptitudes, uma ventaja, uma fuerza (!por extraño y similar a uma paradoja que estosuene!). (VYGOTSKI, 1997, p. 99). A participação das pessoas cegas ou com baixa visão, na escola, não significa remover obstáculos. É preciso construir materiais táteis para permitir que os sujeitos desenvolvam as suas habilidades, como estudar, trabalhar e participar da vida social, cultural, econômica e política da sociedade. Para que a inclusão aconteça é preciso entender a diversidade não como um problema, mas como um aprendizado de forma igualitária. Segundo Ferreira e Guimarães (2003), a inclusão de todos na escola, independente da sua necessidade especial, reverte-se em benefícios para os educandos, professores e para a sociedade em geral. O contato dos alunos entre si ajuda na convivência, a maneira de compreender, respeitar e conviver com as diferenças e semelhanças presentes na sala de aula. A diferença de resolução é uma das características mais importantes ao comparar a percepção tátil e visual. 2 Apesar das diversas formas da escrita do nome do psicólogo, decorrente da tradução de suas obras- Vygotsky, Vygotski, Vigotsky, Vigotski e entre outros - no decorrer do artigo será utilizado Vygotski. 456 O olho humano pode perceber uma quantidade enorme de detalhes, quando comparado ao tato. Todo material gráfico construído em relevo e destinado a percepção tátil precisa ser, consideravelmente, simplificado em função dessa limitação de resolução. Por essa razão, as variáveis gráficas devem sofrer adaptações em função das características do tato e da complexidade de variáveis existentes [...]. (ALMEIDA, 2008, p. 133). O material tátil disponível para pessoas cegas é limitado, o que tem comprometido as noções do ambiente e o ensino dos conceitos espaciais. É primordial considerar os vários graus e formas de visão na construção dos materiais táteis. A pessoa cega precisa ter acesso a essa forma de comunicação, pois a percepção tátil ajuda na organização e leitura das imagens espaciais. Ademais, mapas possibilitam o conhecimento geográfico e facilitam a compreensão do mundo, da realidade a qual os sujeitos fazem parte. Para a produção de mapas táteis é preciso considerar algumas informações na seleção de materiais, como aponta Nogueira (2009): Que tipo de mapa será produzido? Qual o método de produção será adotado? Qual o objetivo do mapa? Que tipo de informação deve ser colocada? Qual a escala mais adequada? Qual a simbologia mais adequada a ser utilizada? Qual o conhecimento prévio do usuário? Quais as necessidades do usuário? O usuário com cego ou com baixa visão precisa do auxílio de uma pessoa que enxerga na leitura do mapa? Com relação à construção dos mapas táteis, ainda segundo Nogueira (2009), é importante: selecionar a informação; verificar o método e a escala mais adequados; selecionar e limitar o número de símbolos; limitar as informações escritas, usar legenda; usar símbolos contrastantes na textura, forma, altura e cor; representar a escala e o norte; e sempre que possível utilizar informações gravadas e sons. Não existem convenções e padronizações internacionais para a produção de mapas táteis. Para Nogueira (2009), pesquisadores afirmam a restrição de 7 ou 8 símbolos nas representações gráficas táteis. É mister lembrar que em relação ao uso de mapas tanto para pessoas cegas, quanto para pessoas com baixa visão é preciso considerar as especificidades do usuário no momento da construção do mapa. Para Almeida (2011), as pessoas cegas precisam de adaptação de materiais, na forma tátil, pois ajuda na organização de suas imagens espaciais internas. Mapas possibilitam o conhecimento geográfico e facilitam a compreensão do mundo em que vivemos. Por essa razão, é preciso adaptar as representações gráficas para que possam ser percebidas pelo tato, como forma de oportunizar condições semelhantes àqueles que podem ver. Considerando o usuário do mapa tátil, seja ele cego ou com baixa visão, 457 essa adaptação precisa ser estudada profundamente, pois apenas com uma transcrição das informações visuais para a forma tátil não se obtém resultados aceitáveis, devido à diferença de resolução entre o sentido da visão e o tato, dentre outras razões. Essa transformação pressupõe uma maior simplificação e generalização da informação geográfica a ser representada graficamente, tendo em vista o usuário [...] (ALMEIDA, 2011, p. 120). A cartografia tem uma função importante nesse processo e, deve fornecer materiais adequados para os sujeitos com necessidades especiais visuais. Por isso, todos os tipos de materiais cartográficos deveriam estar disponíveis na forma tátil. O estudo da linguagem cartográfica reafirma a sua importância e necessidade desde o início da escolaridade, contribuindo não apenas para que os educandos compreendam os mapas, mas consigam interpretar e desenvolver noções de representação do espaço. Os educandos precisam de preparo para construir o conhecimento como sujeitos que representam e codificam o espaço. Os professores de Geografia do ensino regular Para o desenvolvimento desta pesquisa foram aplicados questionários com quatro professores de três colégios estaduais de Francisco Beltrão. Com a intenção de preservar a identidade dos professores e dos colégios, foram adotados os seguintes códigos: Colégio A, B e C e professor 1, 2 e 3 e 4. Os professores que responderam ao questionário são formados pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, Campus de Francisco Beltrão e antiga Faculdade de Ciências Humanas de Francisco Beltrão - FACIBEL. Todos possuem especialização, os professores 1, 2 e 3, em Educação de Jovens e Adultos, pela Universidade Federal do Paraná e o Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE concluído na Unioeste, Campus de Francisco Beltrão. O professor 4 possui especialização em Meio Ambiente, pela Universidade de Paranavaí e Mestrado em Geografia pela Unioeste, fatos que evidenciam a preocupação quanto à capacitação profissional. Os professores 1, 2 e 3 se dedicam ao ensino há mais de 20 anos: o professor 1 com 34 anos, o professor 2 com 26 e o 3 à 24 anos, sendo que o menos experiente, professor 4, leciona à quatro anos. Destes, os professores 1, 2 e 4 tem educandos inclusos na turma, dois são cegos e um com baixa visão. 458 É fundamental salientar que, embora os quatro professores possuam especialização, não receberam formação para trabalhar com educandos inclusos. Fator que evidencia na afirmação do professor 4: “No estado não existiram cursos relacionados com a inclusão de educandos cegos.” Assim, os professores relatam que não recebem formação específica do Estado para trabalhar com educandos cegos, de forma que em nenhum momento existiu a capacitação desses professores para realizar as atividades específicas da disciplina em sala de aula, somente é tratado o tema de forma geral, como afirma o professor 2, relacionado a “diversidade e inclusão”. O direito de “todos à educação” como assegura a Constituição Federal (1988), assim como o processo de inclusão defendido pela Declaração de Salamanca (1994), ainda não se materializarão se não existir a compreensão de que os alunos cegos ou com baixa visão não têm apenas esse sentido, mas apresentam outros que podem ser desenvolvidos se forem estimulados. No que diz respeito, ao Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento ás pessoas com Deficiência Visual (CAP)3, podemos notar que dois professores conhecem a localização do centro, o professor 3, por trabalhar na mesma instituição e o professor 1: “Sei que produz o material para baixa visão e os (ou) cegos, outras funções não conheço.”. Mesmo trabalhando com cegos, os professores apresentam informações simples, os outros dois professores dizem que não conhecem e não receberam informações sobre o atendimento realizado. Sobre o Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente Visual (CAEDV) 4, somente uma professora conhece o Centro, por trabalhar na mesma escola. Os outros desconhecem ou confundiram com o CAP. A professora 1, que diz conhecer o CAEDV não sabia as funções desempenhadas pelo centro “Atender pessoas com deficiência visual de 0 a 100 anos nas especificidades de: estimulação visual, educação infantil especializada, braille, sorobã e orientação e mobilidade e atividade de vida autônoma e social. Obs: A professora do CAEDV que respondeu, pois eu não saberia a função do CAEDV.” 3 Tem o objetivo de garantir a inclusão da pessoa com (d)eficiência visual no sistema regular de ensino, bem como promover o pleno desenvolvimento e a integração desses alunos em seu grupo social. Assim, é constituído por quatro núcleos distintos: Núcleo de apoio didático-pedagógico, núcleo de produção braille, núcleo tecnológico e núcleo de convivência. 4 Os Centros funcionam na rede pública de ensino ou em instituições particulares conveniadas, oferecendo instrumentos metodológicos e acompanhamento educacional com professores especializados. O atendimento especializado ocorre em turno contrário ao ensino regular. Programas ofertados: Educação infantil especializada; Apoio a escolaridade básica com serviço itinerante; Atendimentos complementares, braille, soroban, orientação e mobilidade, estimulação visual, atividades de vida autônoma e tecnologias assistivas. 459 Dentre as dificuldades citadas pelos professores ao trabalhar com educandos cegos inclusos, o professor 3 relatou que,“o tempo é o fator principal que senti de dificuldade, pois precisam de atendimento mais direcionado, principalmente para descrever ilustrações.”. Os demais apontaram a falta de recursos pedagógicos adaptados para o ensino de Geografia, como afirma o professor 4: “Os recursos didático pedagógicos utilizados no ensino de Geografia do Brasil, por exemplo, estão defasados quanto a acessibilidade das informações para pessoas cegas como: mapas, globos e atlas escolares, pois estão direcionados a um público que enxerga.” Também o professor 1 apresenta a sua preocupação com a “falta de conhecimento, falta de material em alto relevo.” Com relação aos materiais que os professores tem dificuldade para trabalhar com educandos cegos ou com baixa visão, as respostas foram parecidas, todos responderam “mapas”. Além disso, “globos, atlas, charges, tabelas, gráficos, ilustrações de forma geral, interpretação de textos (alguns), uso de dicionários”. O professor 2 ainda afirma a dificuldade na “maneira de lidar com eles, materiais pedagógicos adaptados para o ensino, metodologias específicas, adaptações de materiais de uso comum”. Com relação aos conteúdos de Geografia que necessitam de apoio de material didático, os professores 1 e 3 responderam “todos”. O professor 2 afirmou “mapas envolvendo as informações que cada mapa contém, metodologia que cada mapa contém”. Já o professor 4, especificou: “Geografia do Brasil, por exemplo, todo o conteúdo que se utiliza mapa (mapa das regiões brasileiras), coordenadas geográficas (noções de cartografia), estrutura geológica e relevo (Américas do Norte, Central e Sul) e outros, são vários”. Neste contexto, podemos perceber que os professores que trabalham cotidianamente com a inclusão de alunos com necessidades especiais visuais nas classes comuns se sentem despreparados e sem respaldo pelo poder público. Assim, alguns professores desconhecem a função dos centros de atendimento especializados aos educandos com necessidades especiais visuais como é o caso do CAP e do CAEDV em Francisco Beltrão e na maioria das vezes não procuram a capacitação para o trabalho com esses educandos. CONSIDERAÇÕES É importante que cursos preparatórios, com mais divulgação por parte da Secretaria de Estado da Educação (SEED) sejam divulgados com a intenção de atender os educandos 460 cegos inclusos. É por meio da formação continuada dos professores, que acontece a preparação para trabalhar com a inclusão de alunos, sejam cegos ou com baixa visão e também com outro tipo de necessidade especial. Não é novidade a afirmação de que as escolas, em sua maioria, não estão preparadas para buscar a inserção de todos os sujeitos, com ou sem necessidades especiais, o que resultaria na melhoria do processo de ensino e aprendizagem, bem como na formação dos educandos. Tal fato pode ser presenciado com frequência nas instituições escolares e apresenta-se cristalizado e institucionalizado, para trabalhar apenas com a homogeneidade. Não obstante, os professores do ensino fundamental e médio precisam de preparo, bem como formação específica para utilizar mapas em sala de aula, sejam eles táteis ou não, pois o uso de mapas é um meio para o professor enriquecer o ensino e aprendizagem dos educandos. Ademais, a sociedade do conhecimento é uma sociedade em constante formação, que não se restringe apenas a apropriação dos saberes acumulados pela humanidade. Aprendemos o tempo todo, na escola ou fora dela, por meio das experiências individuais ou coletivas. É imprescindível trabalhar no sentido de tentar construir cidadãos críticos e efetivamente autônomos e criativos, voltados para o respeito pelo outro. Isso pode ser alcançado por meio da discussão, do planejamento e do confronto de ideias. A inclusão de alunos cegos ou com baixa visão deve respeitar o ritmo de aprendizagem de cada sujeito. Assim como, os professores precisam compreender o conhecimento prévio dos alunos e como eles aplicam esse conhecimento para se adaptarem a situações novas. Isso acontece quando os sujeitos, na sala de aula, encontram a resposta que corresponde às suas condições de compreensão. Para tanto, o ensino de Geografia precisa se adequar ao contexto histórico dos sujeitos, pois permite ler e entender o mundo para praticar a cidadania e formar o cidadão. Por isso, tem que ser mais do que um conhecimento solto, desconectado da realidade, o professor deve ter clara a visão de mundo que é expressa nas aulas e passar aos alunos que a sociedade é responsável pela construção do espaço com historicidade e que ele faz parte desse processo. Contudo, apesar das dificuldades para trabalhar com a inclusão e também aceitação destes alunos cegos ou com baixa visão, em sala de aula, existe a preocupação em melhorar os métodos de ensino para que esses sujeotos possam compreender a sociedade em que fazem parte, por meio da Geografia. 461 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Luciana Cristina de; NOGUEIRA, Ruth Emília.Iniciação cartográfica de adultos invisuais. In: NOGUEIRA, Ruth Emília (Org.). Motivações hodiernas para ensinar Geografia: Representações do espaço para visuais e invisuais. Florianópolis: [s.n.], 2009.p. 107-129. ALMEIDA, Regina Araújo de. A Cartografia Tátil no ensino de Geografia: Teoria e prática. In: ALMEIDA, Rosângela Doin de (Org.). Cartografia Escolar. 2. ed., 2. reimpressão. São Paulo: Contexto, 2011. p. 119-144. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília -DF, 1988 (s/p). ESPANHA. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Salamanca/ Espanha: UNESCO, 1994 (s/p). 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