2ª Edição D I S C I P L I N A Ciências da Natureza e Realidade O Nordeste, o homem e a seca: natureza de uma realidade Autores Franklin Nelson da Cruz Gilvan Luiz Borba Luiz Roberto Diz de Abreu aula 15 CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S11 09/08/10 15:11 Governo Federal Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Ronaldo Motta Reitor José Ivonildo do Rêgo Vice-Reitor Nilsen Carvalho Fernandes de Oliveira Filho Secretária de Educação a Distância Vera Lucia do Amaral Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) Coordenadora da Produção dos Materiais Célia Maria de Araújo Projeto Gráfico Ivana Lima Revisores de Estrutura e Linguagem Eugenio Tavares Borges Marcos Aurélio Felipe Diagramadores Bruno Cruz de Oliveira Maurício da Silva Oliveira Júnior Mariana Araújo Brito Thaisa Maria Simplício Lemos Imagens Utilizadas Banco de Imagens Sedis (Secretaria de Educação a Distância) - UFRN MasterClips IMSI MasterClips Collection, 1895 Francisco Blvd, East, San Rafael, CA 94901,USA. Pedro Daniel Meirelles Ferreira MasterFile – www.masterfile.cpom Tatyana Mabel Nobre Barbosa MorgueFile – www.morguefile.com Revisoras de Língua Portuguesa Janaina Tomaz Capistrano Sandra Cristinne Xavier da Câmara Ilustradora Carolina Costa Pixel Perfect Digital – www.pixelperfectdigital.com FreeImages – www.freeimages.co.uk FreeFoto.com – www.freefoto.com Free Pictures Photos – www.fre-pictures-photos.com BigFoto – www.bigfoto.com FreeStockPhotos.com – www.freestockphotos.com OneOddDude.net – www.oneodddude.net Editoração de Imagens Adauto Harley Carolina Costa Divisão de Serviços Técnicos Catalogação da publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central “Zila Mamede” Cruz, Franklin Nelson da. Ciências da natureza e realidade: interdisciplinar/ Franklin Nelson, Gilvan Luiz Borba, Luiz Roberto Diz de Abreu. – Natal, RN: EDUFRN Editora da UFRN, 2005. 348 p. ISBN 85-7273-285-3 1. Meio Ambiente. 2. Terra. 3. Universo. 4. Natureza. 5. Seca. I. Borba, Gilvan Luiz. II. Abreu, Luiz Roberto Diz de. III. Título. RN/UF/BCZM 2005/45 CDD 574.5 CDU 504 Copyright © 2007 Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste material pode ser utilizada ou reproduzida sem a autorização expressa da UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S12 09/08/10 15:11 Apresentação Esta é a última aula da disciplina Ciências da Natureza e Realidade. A partir de uma perspectiva sistêmica, você aprenderá a caracterizar e correlacionar a região Nordeste, o homem que a habita e a seca, seu problema mais eminente, a conceitos e apreciações físicas, químicas e biológicas já descritas nas aulas anteriores. Objetivos Permitir a você: 1 2 3 4 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S21 conhecer um pouco da história de criação e oficialização da região Nordeste; discernir melhor os aspectos físicos, químicos e biológicos da região; tomar conhecimento de como o Homo Sapiens migrou para a região, gerando as etnias que miscigenadas ao homem branco deu origem ao sertanejo; evidenciar as variáveis que contribuem para a ocorrência do fenômeno da seca. Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 1 09/08/10 15:11 Natureza de uma realidade O estudo a ser empreendido nesta aula, tendo como título O Nordeste, o homem e a seca: natureza de uma realidade visa à aquisição dos subsídios necessários à compreensão das questões: o que é o Nordeste? o que é a seca? A primeira, de âmbito geral, tem por objetivo situar e caracterizar a região sob o ponto de vista físico, químico e biológico. A segunda, mais específica, tem como intento distinguir as variáveis que contribuem para ocorrência do fenômeno da seca e discuti-las de forma que no decorrer de nossa progressão científica possamos apontar soluções que contribuam para atenuar o problema em foco. A região Nordeste A divisão do Brasil em regiões no decorrer do Império (1822-1889) até a República Velha (1889-1930) era pouco precisa, constando das províncias e Estados do Norte, do Pará à Bahia; das províncias e Estados do Sul, do Espírito Santo até o Rio Grande do Sul. Até então, inexistia a Amazônia brasileira e as regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. O quadro que caracterizou o Nordeste como região principiou com as secas que abateram a região no final do século XIX e início do século XX e que motivaram dois atos de extrema importância para a região emergente: o primeiro sendo a criação da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), em 1906, pelo então presidente do Brasil, Nilo Peçanha; o segundo, a delimitação, em 1936, do polígono da Seca, compreendendo uma área de 936.993 km2. Oficialmente, somente em 1942, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) define a primeira regionalização oficial do Brasil, compreendendo a seguinte distribuição de estados: 2 Norte – Amazonas, Pará e os Territórios de Acre, Rio Branco e Amapá; Nordeste Ocidental – Maranhão e Piauí; Nordeste Oriental – Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e o Arquipélago de Fernando de Noronha; Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S22 2ª Edição 09/08/10 15:11 Leste – Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo; Centro Oeste – Mato Grosso, Goiás e os Territórios de Guaporé e Ponta Porã; Sul – São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A incorporação dos estados da Bahia e Sergipe ao Nordeste se deu no final de 1969 e início de 1970, quando o IBGE adotou para fins estatísticos a atual divisão regional na qual se destacam as grandes regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Nessa divisão, o Nordeste é composto dos Estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o Arquipélago de Fernando de Noronha. O Nordeste físico O espaço e a localização do Nordeste O Brasil possui uma área de 8.514.877 km2 na qual se insere a região Nordeste ocupando uma superfície de 1.554.257 km2, correspondente a 18,3% do território Nacional, o que permite acomodar com folga os países França, Itália, Reino Unido, Alemanha e Polônia, como demonstra a figura a seguir. Gráfico 1 – Superfície de Países e da Região Nordeste Situada entre os paralelos de 01o02’30’’ de latitude norte e 18o20’07’’ de latitude sul, entre os meridianos de 34o47’30’’ e 48o45’24’’ a oeste de Greenwich (Figura 2), a região Nordeste limita-se a norte e a leste com o Oceano Atlântico; ao sul com os Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e a oeste com os Estados do Pará, Tocantins e Goiás. 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S23 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 3 09/08/10 15:11 Figura 1 – Mapa da Região Nordeste Duas são as características que marcam essa região. A primeira, a vasta extensão litorânea banhada pelo Oceano Atlântico que atesta o alto grau de maritimidade da região, 2,5 vezes maior que o brasileiro; e a segunda, a grande extensão semi-árida interior que se estende desde o Piauí à Bahia e que representa 62% da área total da região (ALBUQUERQUE, 2005, p. 08). A maior parte da sua extensão é constituída por um planalto de formação geológica antiga. No entanto, devido à diversidade de características físicas da região, ela é dividida em quatro sub-regiões: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio Norte (ANDRADE,1998, p. 25). Atividade 1 Fazendo uso da Internet, site (http://www.heavens-above.com/), determine as coordenadas geográficas do seu município. 4 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S24 2ª Edição 09/08/10 15:11 A estrutura geológica Parte integrante da placa tectônica Sulamericana, o território brasileiro apresenta uma complexa evolução geológica originária do período Arqueano ou Arcaico, éon (1 éon = 1 x 109 anos), compreendido entre 3 bilhões e 850 milhões de anos e 2 bilhões e 500 milhões de anos, definido pelas características geoquímicas e geofísicas exibidas pelos constituintes primordiais: minerais e rochas. Antes de darmos continuidade, vamos aprender a diferenciar um mineral de uma rocha. Um mineral nada mais é do que um composto inorgânico de propriedades físicas e de composição química definida. São exemplos de minerais: ouro, prata, cobre, grafita, pirita, quartzo, opala, entre outros. Por sua vez, rochas são materiais constituídos por um agregado natural de minerais e, segundo suas composições, origens ou suas formações classificam-se em (TEIXEIRA et al, 2003, p. 27): rochas magmáticas, também nomeadas de ígneas ou eruptivas, formadas pela solidificação de magmas, abrangem as • rochas plutônicas, que ao serem formadas sofreram um resfriamento no seio da câmara magmática, nomeada por isso de holocristalinas (estrutura completamente cristalizada); • rochas vulcânicas, originadas a partir de um resfriamento superficial rápido, logo após uma erupção vulcânica, sendo por isso caracterizadas de hemicristalinas (estrutura cristalizada e vitrificada); rochas sedimentares, produzidas superficialmente na terra ou no leito dos mares por acumulação progressiva em camadas de matérias a partir da ação do vento e da água; rochas metamórficas, geradas pela recristalização e deformação de rochas sedimentares ou magmáticas a partir da ação da temperatura e da pressão crescentes com a profundidade da litosfera. Por sua vez, a classificação dos minerais é feita de acordo com critérios químicos e cristalográficos, a partir dos quais estes são agrupados em nove famílias a serem trabalhadas brevemente na disciplina Mineralogia. Os minerais e, sobretudo, as rochas, são partes fundamentais da litosfera, compartimento sólido responsável pela formação de ilhas e continentes do planeta. As rochas ígneas ou magmáticas, as mais antigas componentes da arquitetura do planeta, precedidas das metamórficas, são denominadas de rochas cristalinas em função da cristalização dos seus minerais. Já as sedimentares, mais recentes, correspondem a cerca de 5% da litosfera, constituindo uma espécie de manto protetor da superfície terrestre. 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S25 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 5 09/08/10 15:11 Fonte: BIBLIOTECA VIRTUAL DE TROPICOLOGIA. Disponível em: <http://www.tropicologia.org.br/conferencias.html>. Três são as estruturas geológicas que compõem o globo terrestre. A primeira, constituída pelas rochas cristalinas, se caracteriza pela regidez, resistência e idade, sendo datadas da era Pré-cambriana. A segunda, nomeada Bacia Sedimentar, resulta da acumulação progressiva de detritos, originando as rochas sedimentares oriundas das eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica. A terceira, resultante dos Desdobramentos Modernos, ascendência vertical do terreno, decorrente da elevação da pressão interior do planeta, datadas da era Cenozóica, período terciário. São exemplos: os Andes, os Alpes, o Himaláia, entre outros. Figura 2 – Estrutura Geológica do Nordeste No Brasil, 1/3 da estrutura geológica é formado pelo escudo cristalino, constituído de rochas ígneas e metamórficas, enquanto os 2/3 restantes compreendem a Bacia Sedimentar. A Figura 2 retrata a estrutura geológica da Região Nordeste, caracterizando as áreas cristalina e sedimentar. O Nordeste hidrográfico Como já sabemos, a hidrosfera é a parte da biosfera correspondente ao meio líquido que recobre sete décimos da superfície planetária. A ciência que estuda a ocorrência, a distribuição e a dinâmica da água na Terra é nomeada de Hidrologia, do grego hýdor, água + lógos, tratado. A Hidrogeologia, do grego hýdor, água + gê, terra + logos, tratado, é o ramo da geologia que estuda a circulação das águas no solo e subsolo e as interações da geologia com as águas da superfície terrestre. 6 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S26 2ª Edição 09/08/10 15:11 1 2 Bacias Hidrográficas 1 Amazônica 2 São Francisco 3 Platina 3 Figura 3 - Mapa Hidrográfico do Brasil Por sua vez, a Hidrografia, do grego hýdor, água + graph, resíduo de graphein, descrever, é o ramo da Geografia associado ao estudo dos diversos lugares ocupados pelas águas, na superfície da Terra. As três principais bacias hidrográficas do Brasil são, segundo VESENTINI (1990, p. 184): a Amazônica (AM), a Platina (PT) e a do São Francisco (SF) (ver Gráfico 2a). São bacias secundárias as das regiões Nordeste (NE), Leste (LE) e Sudeste-Sul (SS) (ver Gráfico 2b). gráfico 2a 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S27 Fonte: IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/>. Gráfico 2 – Brasil – Bacias Hidrográficas Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 7 09/08/10 15:11 Fonte: IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/>. gráfico 2b A dinâmica da água no planeta é caracterizada pelo seu ciclo biogeoquímico (ver Figura 4). Como sabemos, são os estados de agregação que caracterizam a matéria, e a água coexiste nos estados: líquido, sólido e gasoso. Portanto, ela circula facilmente entre os três compartimentos que caracterizam a biosfera terrestre, dentre os quais o que armazena maior volume de água é a hidrosfera, 363 milhões de km2 sobre um total de 510 milhões de km2, seguido da litosfera e, por fim, da atmosfera (RAMADE, 1984, p. 239). Condensação Sol Atmosfera Precipitação Chuva, Granizo, Neve Evaporação Transpiração Evaporação Gelo Áreas urbanas Fusão Rio Lago Infiltração Filtração Oceano Escoamento d’água Lençol freático Figura 4 - Ciclo Biogeoquímico da Água 8 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S28 2ª Edição 09/08/10 15:11 Na região Nordeste, devido às condições climáticas, a água circula naturalmente nos estados líquido e vapor. A caracterização do seu ciclo biogeoquímico ocorre da seguinte forma: sob a ação do Sol, a água da hidrosfera se evapora e difunde para as camadas altas da atmosfera, originando as nuvens, massas visíveis de gotas d’água ou de cristais de gelo em suspensão. A partir da diminuição de temperatura, esse vapor se condensa e se precipita sob a forma de chuva nos oceanos e na Terra. Por outro lado, o ser humano e os vegetais também exercem influência marcante sobre o ciclo da água. As raízes das plantas, atuando como verdadeiros vasos capilares, captam água do solo e a devolvem em parte à atmosfera. Portanto, o processo de desflorestação, tendo como principal artífice o homem, tem modificado sobremaneira o ciclo biogeoquímico da água, provocando inundações marcantes em várias regiões do planeta. Na litosfera, a água circula segundo as vias (ver Figura 4): por escoamento, seguindo o relevo do ambiente; por infiltação, através de fissuras naturais dos solos e rochas; por percolação (filtração, sob pressão, de um líquido através de um meio sólido), migrando lentamente através dos solos. A partir das vias de circulação da água por infiltração e percolação, ocorre a alimentação dos lençóis freáticos (reservatórios de água subterrâneos). A interação da água com o meio litosférico ocorre de duas maneiras: a primeira, lenta, contribuindo quimicamente para a fertilização do solo; e a segunda, rápida, a partir da qual observa-se a erosão progressiva do solo, fato extensivamente comum na região Nordeste. O clima De acordo com o Glossary Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC – (Painel Intergovernamental sobre Mudança de Clima), Clima, em sentido restrito é definido como a descrição estatística de quantidades relevantes e mudanças do tempo metereológico num período de tempo, que vai de meses a milhões de anos. O período clássico, definido pela Organização Mundial de Metereologia (OMM), é de 30 (trinta) anos. Essas quantidades são geralmente variações de superfície como temperatura, precipitação e vento. O clima em sentido mais amplo é o estado, incluindo as descrições e estatísticas do sistema meteorológico IPCC Glossary 2001. Durante a era Cenozóica, período quaternário, ao final da época Pleistocênica, início da halocênica, compreendidas entre 10.000 e 2.000.000 de anos, o Cerrado, a Caatinga e o Agreste do Brasil, também conhecidas como savanas tropicais, assemelhavam-se como são nos dias atuais, algumas vezes permeadas por massas de ar seca e fria, o que tornava a sua 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S29 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 9 09/08/10 15:11 vegetação pouco densa, outras pelo ar úmido e quente, condições propícias para a eclosão de uma vegetação mais densa. A região anualmente se caracterizava por possuir duas estações bem definidas: uma de chuva e outra seca. Tais características permitem afirmar que o Nordeste sempre foi mais árido do que as demais regiões do país (SCHMITZ, 1990, p. 9-32). Como vemos, no Nordeste, o clima, além de exercer uma influência marcante sobre a paisagem, é o elemento natural que mais preocupa o homem. De acordo com a classificação de Arthur Strahler, predominam no Brasil, os climas: Climas controlados por massas de ar equatoriais e tropicais Clima Equatorial Úmido da convergência dos Alísios. Clima Litorâneo Úmido exposto às Massas Tropicais Marítimas. Clima Tropical alternadamente Úmido e Seco. Clima Tropical tendendo a seco pela irregularidade das massas de ar. Climas controlados por massas de ar tropicais e polares Clima Subtropical Úmido das costas orientais e subtropicais dominado Largamente por Massa Tropical Marítima. Figura 5 - Climas do Brasil Com relação às médias anuais de temperatura, grandes variações se registram na região Norte. Parte do interior do Nordeste apresenta temperaturas superiores a 25°C, enquanto a região Sul e parte da Sudeste apresentam temperaturas da ordem de 20°C. Um fenômeno natural resultante da interação entre a atmosfera e o oceano contribui para os longos períodos de estiagem da região Nordeste. El Niño, como é conhecido o fenômeno, dura de 12 a 18 meses em média e se repete em intervalos de 2 a 7 anos com intensidades diversas. Ele decorre do aquecimento das águas superficiais do oceano Pacífico Tropical, produzindo alterações significativas não somente no clima regional e global, mas também nos padrões de deslocamentos das massas de ar do planeta alterando os regimes pluviométricos das regiões tropicais. Como vemos, a região Nordeste sofre a influência de fenômenos de natureza física como El Niño, além de ser uma zona de confluência de climas, tais como: 10 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S210 2ª Edição 09/08/10 15:11 o Litorâneo Úmido exposto às Massas Tropicais Marítimas – estende-se pelo litoral brasileiro desde o Rio Grande do Norte até São Paulo, recebendo a influência da massa de ar Tropical Atlântica (mTa); Clima Tropical tendendo a Seco pela irregularidade das massas de ar (Clima SemiÁrido) – abrange o Sertão Nordestino, sendo ponto de convergência das massas de ar Equatorial Continental (mEc), Tropical Atlântica (mTa), Equatorial Atlântica (mEa), e Polar Atlântica (mPa), ver Figura 6; Clima Tropical alternadamente úmido e Seco – no Nordeste abrangendo trechos dos estados da Bahia, Maranhão, Piauí e Ceará e ainda os Estados de Minas Gerais, Goiás, parte de São Paulo, Mato Grosso do Sul, parte do sul de Mato Grosso. Clima tropical característico, ele é quente e semi-úmido, decorrendo dessa característica um período chuvoso (o verão), no qual prevalece a massa de ar Equatorial Continental e outro seco (o inverno), com o recolhimento dessa massa de ar e a penetração da massa Tropical Atlântica e, algumas vezes, da Polar Atlântica. mTa = tropical atlântica mEp = equatorial pacífica mPp = polar pacífica mEc = equatorial continental mPa = polar atlântica mTp = tropical pacífica mEa = equatorial atlântica mTc = tropical continental Figura 6 - Massas de Ar na América do Sul 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S211 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 11 09/08/10 15:11 Atividade 2 1 A aula 8 desta disciplina tem como tema Clima e Tempo. Com base na sua leitura, você é capaz de definir clima e caracterizar o clima da sua região? 2 A partir do poema “O Clima”, de Rui Pais, http://www.vaniadiniz.pro. br/asp/textosamigos.asp?cod=1509, você é capaz de selecionar os fatores que influenciam o clima da sua Região? No inverno o Sol quando aparece Num ápice formo um manto de neblina Nesta estação que quase o desconhece Com uma espessura assaz consistente Como num sonho ou numa fantasia. Não é a brisa que chega do mar Mas um frio húmido de rachar Até nosso corpo todo se arrepia Quando agredido por forte ventania. É o clima da natureza a actuar Como com o homem querendo comunicar Todo este espaço é meu reino É meu o direito de o administrar. Bloqueando a visão de qualquer vidente Até o Sol o escondo de repente. Aqui posso levantar uma tempestade Mais além um enorme furacão Em qualquer lado provoco um terremoto Crio o fogo das entranhas dum vulcão. Eu sou o clima, sou eu que governo Mereço vosso respeito e consideração Se não gostam do Outono e do Inverno Deixo-lhes a Primavera e o Verão. Sou o clima, meu pai é o tempo Tudo controlamos no espaço com alento Com apenas uma forte rajada de vento. Nas nuvens transporto a chuva ao relento. 12 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S212 Fonte: Texto extraído do site <http://www.vaniadiniz.pro.br/asp/textosamigos.asp?cod=1509>. Até a alma rejubila de alegria 2ª Edição 09/08/10 15:11 O Bioma Nordeste A Flora A região Nordeste possui uma cobertura vegetal diversificada. Na sua diversidade, encontramos resquícios da Mata Atlântica, o cerrado que campeia o sul do Maranhão, o sudoeste do Piauí e oeste da Bahia, a caatinga que tão bem caracteriza o semi-árido, as dunas e os mangues, partes integrantes do litoral da região. A Mata Atlântica, a mais extensa, se estende desde o cabo de São Roque, no Rio Grande do Norte, até o Rio Grande do Sul. Ela avança do litoral para o interior do continente, estendendose por uma faixa média de 200 km, compreendendo a Zona da Mata litorânea (ver Figura 2). O Cerrado, cobertura vegetal que no Nordeste permeia os estados já descritos anteriormente, apresenta como característica fitogeográfica o fato de ser constituído por gramíneas com árvores e arbustos dispersos isoladamente ou em pequenos grupos. A Caatinga, que etimologicamente significa mata branca, é constituída por variedades de vegetação que se destacam pela pouca folhagem, quase que exclusivamente composta de espinheiros, cactos e gravatás, adaptadas às condições da aridez ambiental. Segundo a região, a caatinga se caracteriza pelas seguintes coberturas: seca e agrupada, seca e esparsa, arbustiva densa e ainda caatinga das serras e do litoral. Estima-se que a flora nordestina possui de 2000 a 3000 espécies de plantas, das quais apenas 1000 possuem registro. Por sua vez, a restinga, formação vegetal pouco densa, apresenta como característica árvores de troncos finos que eclodem normalmente em terrenos arenosos do litoral. Em meio a costa associada com a vegetação típica das praias e dunas encontram-se gramíneas, salsa de praia, capim de areia, entre outras, submetida à ação contínua dos ventos impregnados de spray salino provindos do mar. Com aspecto peculiar resultante da combinação envolvendo água e areia salgada, essa vegetação com características arbustiva e herbácea praticamente se estende por quase todo o litoral tropical do mundo. O mangue é visto como um ecossistema costeiro comum nas regiões tropicais e subtropicais. Interface entre a terra e o mar, ele permeia as margens das baías, barras, enseadas, foz de rios e lagunas ou ainda onde se produza o encontro da água doce com a salgada. Sujeitas ao regime das marés, a sua vegetação é constituída por espécies que se desenvolvem em terreno com pequeno declive, sendo dominada por espécies típicas como o mangue vermelho (Rhizophora mangle, Rhizophora racemosa e Rhizophora harrisonii), conhecido como verdadeiro, bravo, sapateiro e gaiteiro; o mangue preto (Avicennia germinans e Avicennia shaueriana), também chamado de sereíba ou siriuba e o mangue branco (Laguncularia racemosa), conhecido como tinteira ou manso. 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S213 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 13 09/08/10 15:11 Divisão das Plantas • Árvore: Vegetal lenhoso que apresenta mais de três metros de altura constituído por tronco, galhos, ramos e folha. • Arbusto: Vegetal lenhoso, desprovido de tronco que tem ramificações desde a base. • Erva: Vegetal pequeno, de talo macio, cujas partes verdes morrem em menos de um ano. Atividade 3 A partir dos versos de “Matança” escritos por Jatobá, você é capaz de identificar algumas das espécies vegetais presentes na sua região? Faça um inventário das espécies mais comuns da sua região. Matança Elomar Figueira De Melo por Jatobá; Interpretes: Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai E a clorofila das matas virgens Cipó caboclo tá subindo na virola Destruídas bom lembrar Chegou a hora do pinheiro balançar Sentir o cheiro do mato da imburana Que quando chegar a hora Descançar morrer de sono na sombra da barriguda Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar Tal mata atlântica e a próxima amazônica Arvoredos seculares impossível replantar Que triste sina teve cedro nosso primo Desde menino que eu nem gosto de falar Depois de tanto sofrimento seu destino Virou tamborete mesa cadeira balcão de bar Quem por acaso ouviu falar da sucupira Parece até mentira que o jacarandá Antes de virar poltrona porta armário Morar no dicionário vida eterna milenar Quem hoje é vivo corre perigo Não chame Nossa Senhora Só quem pode nos salvar É caviúna, cerejeira, baraúna, Imbuia, pau-d’arco, solva, Juazeiro, jatobá, Gonçalo-alves, paraíba, itaúba, Louro, ipê, paracaúba, Peroba, massaranduba, Carvalho, mogno, canela, imbuzeiro, Catuaba, janaúba, aroeira, araribá, Pau-ferro, angico, amargoso, gameleira, Andiroba, copaíba, pau-brasil, jequitibá. E os inimigos do verde da sombra O ar que se respira 14 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S214 Fonte: MELO, Eliomar Figueira de. Matança. [música], [199_?]. De nada vale tanto esforço do meu canto É certo que não demora 2ª Edição 09/08/10 15:11 A Fauna O Brasil, país tropical, é conhecido por ser possuidor da maior biodiversidade do planeta. Sua macro-fauna apresenta aproximadamente a seguinte constituição. Fonte: IBGE – Indicadores de desenvolvimento sustentável – Brasil 2004 Dimensão Ambiental - Biodiversidade. Tabela 1 – Relação da biodiversidade do Brasil e de seus principais biomas. Brasil Grupo Taxiconômico Amazônia Caatinga Cerrado Pantanal Mata Atlântica Campos Suplinos Total Total End. Total End. Total End. Total End. Total End. Total End. Flora (1) (2) >56.000 ... ... (3) 932 380 ... 4.400 ... ... ... 8.000 ... ... Mamíferos 518 320 174 148 10 195 18 132 2 250 82 102 5 Aves 1677 550 32 107 60 180 29 113 ... 197 188 ... 2 Répteis 468 (4) 1.000 340 348 ... 837 20 346 5 (5) 849 60 476 ... Anfíbios 517 163 12 47 ... 113 32 ... ... 340 87 ... ... Insetos 10.000.000 ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... 13.320 ... ... ... 14.425 ... ... ... ... ... ... ... ... ... 185 106 ... ... 283 ... 350 133 50 12 Invertebrados Peixes H2O Doce 3.000 END. = Endêmicas; (1) O número de espécies da flora dos Biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica é estimado entre 10.000 e 21.000 espécies fanerogãmicas. (2) Para os Biomas Cerrado e Mata Atlântica são apresentados números estimados de espécies vegetais endêmicas. (3) O número de espécies da flora do Bioma Caatinga corresponde às espécies vegetais, já registradas e catalogadas cientificamente. (4) Valor aproximado. (5) Exclui as espécies citadas como acidentais, marinhas, insulares, introduzidas e visitantes. Muito embora a caatinga aparente ser um bioma pobre, de acordo com a Tabela 1, ela revela ser um celeiro de espécies endêmicas e de múltipla constituição vegetal. Além disso, enfatizamos que dentre os ecossistemas brasileiros, a caatinga é o menos conhecido, fato atestado pela descoberta e caracterização de novas espécies, com base em trabalhos desenvolvidos por botânicos e zoólogos. 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S215 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 15 09/08/10 15:11 Atividade 4 A partir do Cordel Fauna Nordestina, escrito por Daniel Fiúza, Usina de Letras, http://www.usinadeletras.com.br/, você é capaz de identificar alguns dos animais presentes na sua região? Faça um inventário dos animais mais comuns da sua região. Fauna Nordestina Autor: Daniel Fiúza No sertão nordestino Lavadeira ou noivinha Tem a sua flora típica Abre e fecha ou tico-tico O galinho de campina Bela e exuberante fica Entre o cacto e o juazeiro O feio calango-cego Lagartixa e calanguinho Angico e marmeleiro Tem tamanduá mirim Vive sua fauna rica. João bobo ou rapazinho Tem o soim que é mico Frango dágua e juriti Raposa, gambá e paturi! Nesse sertão tão rico. Caçote e sapo cururu Tem anu preto e zabelê O gato maracajá E pra carniça o urubu E azulão o passarinho. Cobra preta e cobra-cega E a verdadeira coral Cascavel e corre campo A onça suçuarana Tem tatu peba e preá Borboleta da caatinga A Papa ovo não faz mal Irara e porco caititu Fogo-pagou a rolinha Jararaca e caninana Graúna e branco anu No lago o pato de crista Borboleta-maracujá Pato preto e marrequinha Cobra verde e muçurana Tem a jibóia anormal. Asa branca do sertão O bonito mico estrela Tem tejo e camaleão Cantou o rei do baião Fonte: Texto extraído do site <http://www.usinadeletras.com.br/>. E mesmo na caatinga Currupião e coroinha. De bando tem avoante E o passarinho cancão A linda ararinha azul O canoro sonhaçú E o carcará gavião. 16 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S216 2ª Edição 09/08/10 15:11 O Nordeste social Os primeiros habitantes do Nordeste Fonte: POUR LA SCIENCE - N° 300 OCTOBRE 2002 A teoria mais aceita a respeito da origem do homem americano é partidária de que os primeiros habitantes a povoarem o continente migraram da Ásia, passando pelo estreito de Bering, atingindo a América no decorrer da última Era Glacial há 21.000 anos, quando um terço dos continentes do planeta estavam imersos em massa de gelo e a temperatura média da superfície era de 5°C (cinco graus centígrados) (ver Figura 7). A história do nosso planeta contempla avanços e recuo de massas de gelo em grandes extensões dos continentes. Ao movimento dessas massas frígidas, dá-se o nome de Glacinação e atribui-se a denominação de Era Glacial aos períodos nos quais o gelo ocupa grandes áreas em que reinam temperaturas excessivamente frias. Segundo o sérvio Milutin Milankovitch (1879 – 1958), matemático e especialista em astronomia e geofísica, as Glacinações decorrem de alterações na órbita da Terra. Figura 7A Figura 7B Fígura 7 – A Terra durante o período glacial e na atualidade (A e B, respectivamente) 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S217 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 17 09/08/10 15:11 Entre 28.000 e 23.000 anos a.C., uma grande quantidade de água retida nas geleiras do ártico induziu o abaixamento do nível das águas do mar, gerando uma ponte natural ligando o extremo leste do que viria a ser a Ásia, região além Sibéria, com a região isolada e rochosa do atual Alasca. Assim, o homem migrava para o Novo Mundo, para a América. Após um novo período submerso, a ponte emergiu e perdurou durante 14.000 e 10.000 anos a.C. Foi fazendo uso dessa rota que os asiáticos migraram para o continente americano. Admite-se que o homem, ao chegar ao novo Continente já tinha evoluído a Homo Sapiens, fato comprovado pela antropologia, etnografia e lingüística, ciências defensoras da teoria da migração via estreito de Bering. A ele coube a tarefa de explorar o novo continente e povoar as suas diferentes regiões, uma destas, o Nordeste do Brasil. Além do mais, ele foi o precursor das primeiras comunidades agrícolas no território onde hoje se situam países como México, Guatemala, Honduras, Equador, Bolívia, Peru, Chile, berço das civilizações Maia, Asteca e Inca. Quanto à migração humana para as terras brasileiras, entre 12.000 e 9.000 anos a.C., duas áreas férteis em dados arqueológicos são levadas em consideração, a primeira compreende a Bacia Amazônica e a segunda ao Planalto Central, ambas ocupadas por incursões sucessivas do Homo Sapiens. Por sua vez, a ocupação do nordeste brasileiro ocorreu ao final do Período Pleistoceno, dando-se a partir do Planalto Central por incursões de caçadores que se estabeleceram próximos aos mananciais aquáticos, o que possibilitou a adaptação progressiva da espécie às condições áridas da região. Nesse mesmo período, coabitavam a região espécimes como o tigre dente-de-sabre, o mastodonte, a preguiça e o tatu gigante, componentes da mega-fauna local (MARTIM, 1999, p. 24-26). Na futura região Nordeste, o homem primitivo evoluiu a homem do sertão, sertanejo, mestiço resultante da miscigenação entre brancos e índios, até hoje convivendo com as intempéries do seu habitat e assumindo o perfil tão bem descrito por Euclides da Cunha em sua obra-máxima, Os Sertões (CUNHA, 2002, p. 115). O sertanejo é, antes de tudo, um forte. [...] A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, [...]. É desgracioso, desengonçado, torto. [...}. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gigante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar de displicência que lhe dá um carater de humildade deprimente. A pé, quando parado, recosta-se invariavelmente ao primeiro umbral ou parede que encontra [...] . Caminhando, mesmo a passo rápido, não traça trajetória retilínea e firme. Avança celeremente, num bambolear característico, de que parecem ser o traço geométrico os meandros das trilhas sertanejas. E se na marcha estaca pelo motivo mais vulgar, para enrolar um cigarro, bater o isqueiro, ou travar ligeira conversa com um amigo, cai logo – cai é o termo – de cócoras, atravessando largo tempo numa posição de equilíbrio instável, em que todo o seu corpo fica suspenso pelos dedos grandes dos pés, sentado sobre os calcanhares, com uma simplicidade a um tempo ridícula e adorável. 18 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S218 2ª Edição 09/08/10 15:11 De acordo com o censo de 2000, realizado pelo IBGE, a população da região Nordeste foi estimada em 47.819.334 habitantes, valor correspondente a 28% da população nacional, sendo a sua taxa média de crescimento anual igual a 1,1%. Ela está distribuída nos estados conforme mostra a Tabela 2. Tabela 2 – População dos Estados do Nordeste. População Maranhão 5.660.255 Piauí 2.847.489 Ceará 7.444.000 Rio Grande do Norte 2.780.176 Paraíba 3.445.125 Pernambuco 7.930.964 Alagoas 2.826.575 Sergipe 1.788.747 Bahia Nos Estados que compõem a região Nordeste do Brasil, encontra-se inserida a região semi-árida (969.589,4 km²) mais populosa do planeta, com 19.343.579 habitantes, assim distribuídos: 10.936.851 habitantes na área urbana e 8.406.728 habitantes na área rural. Fonte: IBGE Estado 13.096.003 Por ser dentre as regiões semi-áridas do planeta a mais populosa, o Nordeste brasileiro enfrenta problemas sérios que interferem efetivamente no seu desenvolvimento, os mais comuns são: a distribuição de terras, a concentração de renda, a seca e, sobretudo, o analfabetismo. A Seca Evoluindo em meio ao Nordeste brasileiro, a região Semi-Árida (o Sertão) apresenta um balanço hídrico deficitário, decorrente das precipitações médias anuais inferiores a 800 mm de água. O seu clima se caracteriza por apresentar temperaturas médias anuais no intervalo de 24° a 30°C, enquanto a insolação média que permeia o ambiente, tempo durante o qual o sol está descoberto irradiando localmente, situa-se entre 2800 e 2900 horas/ano. Outro fenômeno a ser enfatizado é a evapotranspiração resultante de duas contribuições: a primeira, sendo a evaporação direta (evolução física sofrida pela água ao passar do estado líquido para o estado de vapor) que se dá a partir da água dos solos humidos e dos diferentes mananciais aquáticos da região; e a segunda, a transpiração dos vegetais. Relatamos que boa parte do vapor d’água presente na atmosfera resulta da transpiração das plantas. As raízes dos vegetais captam a água presente no solo e a conduz por osmose através dos seus vasos capilares; nas suas folhas, através de seus estômatos (microporos), parte da água se evapora e parte é utilizada pelo vegetal para a realização do processo de fotossíntese. 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S219 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 19 09/08/10 15:11 Atividade 5 Acessar o site http://www.agritempo.gov.br/index.php, selecionar o Estado e o Município onde reside e estabelecer através da leitura dos mapas disponíveis no link «Mapas de Monitoramento»: a) as coordenadas do município (Latitude e Longitude); b) os valores médios dos parâmetros seguintes: número de dias correspondentes ao período de estiagem; percentagem de água disponível no solo; valor da precipitação acumulada no período em milimetros de água; porcentagem de reposição de chuvas para o seu Município. Por tratarmos inicialmente a respeito de precipitação, da temperatura média ambiente, da evapotranspiração, somos induzidos a pensar que a seca é um problema de origem puramente climático. Isso porque algumas vezes a água proveniente da chuva é suficiente apenas para fazer florescer a caatinga, enquanto outras, mais intensas, acumulam-se em barreiros e açudes da região sem, no entanto, permitir o aflorar dos plantios agrícolas, fenômeno popularmente conhecido como seca verde. Há muito tempo, a repetição do fenômeno seca nos tem mostrado que períodos de estiagens excessivamentes prolongadas provocam distúrbios hidrológicos significativos associados ao equilíbrio físico envolvendo a água no estado líquido e a água no estado de vapor (H2O(l) H2O(v)). Quando estudada de forma mais detalhada, a seca é um fenômeno complexo tendo em vista que resulta de múltiplas variáveis físico-químicas, algumas das quais externas à região, como a circulação das massas de ar, as correntes oceânicas, que associadas ao movimento atmosférico inibem a formação de chuvas sobre a região, outras, internas, como a sua vegetação xerofítica, caducifoliar e aberta, adaptada a pouca água, a topografia e a refletividade do solo. Porém, as variáveis sociais, como o êxodo rural, a fome e a desnutrição, as moléstias e a alta taxa de mortalidade e, sobretudo, o analfabetismo são barreiras que têm se mostrado quase intransponíveis ao desenvolvimento da região, sendo estas, até então, as formas encontradas pelo Homo Sapiens de isentar-se de culpa e penalizar a natureza. 20 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S220 2ª Edição 09/08/10 15:11 Resumo Nesta aula, passamos a conhecer melhor o Nordeste brasileiro. Aprendemos que a sua criação foi decorrência de um fenômeno que, pela sua amplitude, a distingue de todas as demais regiões do Brasil: a seca. Também, evidenciamos a região quanto a sua localização espacial, estrutura geológica, hidrografia e seu clima. Em breve relato, descrevemos a sua flora, diversificada próxima ao litoral e característica na região semi-árida – a caatinga, além de traçarmos o perfil estatístico da sua fauna. Retratamos, ainda, a origem do homem do sertão, o sertanejo, resultado da miscigenação entre o homem branco e os nativos, índios das diferentes etnias. Por fim, traçamos o perfil físico e social do principal fenômeno que assola a região Nordeste, a seca. Auto-avaliação Acesse a Internet, no endereço http://earth.google.com/, e grave a versão livre (free) do programa Get Google Earth, em seguida, instale-a em seu computador. De posse do programa, visualizando o globo terrestre, mais especificamente, a América do Sul: visualize o Nordeste e trace um perfil global do relevo, hidrografia e preservação da flora da região; 1 localize cada uma das capitais dos Estados da região Nordeste descrevendo-as brevemente a partir da imagem visualizada; 2 localize o município onde você mora fornecendo as suas coordenadas e preparando uma breve redação a respeito dos aspectos físicos que lhe são característicos. 3 Nesta atividade, o aluno, além de já ter o programa GET Google Earth instalado no computador em que trabalha, deverá contar com a ajuda do tutor com a finalidade de aprender a manipular as opções oferecidas pelo programa. 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S221 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 21 09/08/10 15:11 Referências AGRITEMPO – Sistema de Monitoramento Agrometeorológico. Disponível em: <http://www. agritempo.gov.br/>. Acesso em: 18 ago. 2005. ALBUQUERQUE, R. G. 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São Paulo: Ática, 1990, p.187. 22 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S222 2ª Edição 09/08/10 15:11 Anotações 2ª Edição CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S223 Aula15 Ciências da Natureza e Realidade 23 09/08/10 15:11 Anotações 24 Aula 15 Ciências da Natureza e Realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S224 2ª Edição 09/08/10 15:11 CIÊNCIAS DA NATUREZA E REALIDADE – INTERDISCIPLINAR EMENTA A Ciência e seus métodos, levantamento da realidade local, o Universo, o Sistema Solar e a Terra, a atmosfera e o clima, a biosfera, a hidrografia, a flora e a fauna, a interferência humana no meio ambiente, uma primeira identificação de problemas ambientais. AUTORES > Franklin Nelson da Cruz > Gilvan Luiz Borba > Luiz Roberto Diz de Abreu AULAS 01 Situando a Ciência no Espaço e no Tempo 02 A Terra – litosfera e hidrosfera 03 A Terra – atmosfera 04 Bioma Caatinga – recursos minerais 05 Bioma Caatinga – recursos hídricos 06 Bioma Caatinga – recursos florestais e fauna 07 Interação Sol – Terra: fluxos de Energia 08 Clima e tempo 09 O Homem – origens 10 A Hipótese Gaia 11 Poluição 12 Ciência e ética 13 Ciência, Tecnologia e Sociedade 14 Universo: uma breve apresentação 15 O Nordeste, o Homem e a Seca: natureza de uma realidade CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S31 09/08/10 15:11 CI_NAT_A15_RAARL_090810.indd S32 09/08/10 15:11