Mesopotâmia A Mesopotâmia, que significa "entre rios" (meso - pótamos), é um planalto de origem vulcânica localizado no Oriente Médio, entre os rios Tigre e Eufrates, atual Iraque. Os rios desembocam no Golfo Pérsico e a região é rodeada por desertos. Inserida na área do Crescente Fértil (nome dado por ter o formato de uma Lua crescente e de ter um solo fértil) é uma região excelente para a agricultura. A Mesopotâmia tem duas regiões distintas: ao Norte a Alta Mesopotâmia ou Assíria, uma região bastante montanhosa, desértica, e ao Sul a Baixa Mesopotâmia ou Caldéia, muito fértil em função dos rios. As primeiras cidades foram o resultado de uma sedentarização da população que se originou durante o Período Neolítico. O surgimento das cidades foi acompanhado do desenvolvimento de um complexo sistema hidráulico com a construção de muros e barragens, que favorecia a utilização dos pântanos, evitava inundações e garantia o armazenamento de água para as estações mais secas. Entre os mesopotâmicos sempre predominaram os pequenos Estados, que tinham nas cidades seu centro político, formando as chamadas cidades-estados. Cada uma delas controlava seu próprio território rural e pastoril e a própria rede de irrigação. Tinham governo próprio e eram independentes. Mas, em algumas ocasiões, em função das guerras ou alianças entre as cidades, surgiram os Estados maiores, porém, essas alianças eram temporárias. Apesar de independentes politicamente, esses pequenos Estados eram interdependentes na economia, o que gerava um dinâmico processo de trocas. Povos Os povos que ocuparam a mesopotâmia foram os sumérios, os acádios, os amoritas (antigos babilônios), os assírios, os caldeus ou novos babilônios. Raramente esses Estados atingiam grandes dimensões territoriais, por isso, nunca houve um Estado Mesopotâmico. Sumérios e Acadianos (5000 - 2000 a.C.) Os sumérios foram os primeiros a habitar o sul da Mesopotâmia. A região foi ocupada em 5000 a.C. pelo povo que ali construiu as primeiras cidades de que temos conhecimento, como Ur, Uruk e Lagash. Foram erguidas sobre colinas e fortificadas para que pudessem ser defendidas da invasão de outros povos. Era governada por um chefe religioso e militar chamado Patesi. Os sumérios eram politeístas, mas os deuses serviam mais para resolver problemas terrenos do que os de após a morte. Cada cidade sumérica tinha seu Deus. Para eles os deuses tinham comportamentos parecidos com o das pessoas, praticavam o bem e o mal, e eram muito mais temidos do que amados. Os Sumérios são conhecidos pelo desenvolvimento da escrita cuneiforme (assim chamada porque o registro era feito em placas de argila com auxílio de estilete que imprimia traços com forma de cunha). Possuíam um complexo e completo sistema de controle da água dos rios (irrigação, barragens e diques). Os acadianos são nômades, vindos do deserto da Síria, que penetraram e dominaram os territórios ao norte das regiões sumerianas por volta de 2550 a.C. Tudo pertencia aos deuses, por isso esses povos construíram os grandes Zigurates, tipos de pirâmides feitas de tijolos para homenagear os deuses. Amoritas (2000 - 1750 a.C.) Por volta de 2000 a.C., a Mesopotâmia tornou-se um grande e unificado império com centro administrativo na cidade da Babilônia. Os amoritas, povos da Arábia, fundaram o Primeiro Império Babilônico. O maior soberano foi Hamurabi, elaborando leis que ficaram conhecidas como Código de Hamurabi. O código que defendia a vida e o direito de propriedade tem caráter bastante severo, com pena equivalente à falta cometida. Se um filho agredisse um pai, teria as mãos decepadas. Caso um médico perdesse seu paciente, responderia pelos seus erros, tendo também as mãos decepadas. As leis se baseavam no olho por olho, dente por dente. Outras penas ainda eram aplicadas como o afogamento, a amputação da língua, etc. A prosperidade econômica transformou a Babilônia num dos grandes centros da antiguidade, com grandes monumentos como o Zigurate de Babel (Torre de Babel). Após sua morte, a Mesopotâmia foi abalada por sucessivas invasões, até a chegada dos assírios. Assírios (1300 - 612 a.C.) Os assírios viviam do pastoreio e habitavam as margens do rio Tigre. Eram uma sociedade altamente militar e expansionista. Realizaram diversas conquistas e expandiram seu domínio para além da própria Mesopotâmia, chegando ao Egito. O centro administrativo era Nínive, onde foi feita a biblioteca real, com mais de 22 mil placas de argila. Os assírios tinham um dos exércitos mais fortes, com carros de guerra, potente cavalaria e grande infantaria, o que dava abertura à conquista de muitos territórios. A cada um o exército aumentava mais graças ao alistamento obrigatório que inventaram. Nesse império as estradas foram melhoradas, foram criados serviços de mensageiros e a política marcada pela tortura. A maioria da população do império não gostava do regime militar e muitas vezes cruel, ao qual estavam submissas, além da cobrança de altos impostos, o que propiciou o fim do povo assírio. Caldeus (612 - 539 a.C.) Os caldeus foram os principais responsáveis pela derrota dos assírios e pela organização do novo império babilônico. Nabucodonosor foi o soberano mais conhecido dos caldeus graças a construção dos Jardins Suspensos da Babilônia e de grandes templos e palácios. O Império dos caldeus durou apenas 73 anos, pois foi incorporado ao Império Persa. Organização Social Em cada cidade mesopotâmica havia a presença de uma autoridade real responsável pelas principais decisões de cunho político e religioso. Mesmo estando associados aos deuses, os reis não eram vistos como divindades. Habitando suntuosos palácios e tendo um amplo corpo de funcionários à sua disposição, a realeza compunha o topo da hierarquia social. Logo após o rei e seus familiares, a pirâmide social contava com uma classe de nobres, guerreiros, funcionários públicos e sacerdotes que desempenhavam importantes funções para a manutenção do Estado. A grande maioria da população era pertencente a uma classe de camponeses e trabalhadores que prestavam serviço à comunidade. Mas em algumas sociedades militaristas havia a presença de uma classe de escravos. Os escravos eram utilizados para a realização de tarefas mais exaustivas e perigosas. Com o progresso das atividades comerciais, a álgebra teve grande desenvolvimento com a criação de operações matemáticas e sistemas de pesos e medidas. Paralelamente, o interesse pela Astronomia permitiu a distinção das estrelas e dos planetas, e o desenvolvimento de um calendário lunar com doze meses de duração. Economia As principais atividades econômicas da Mesopotâmia eram: Agricultura - base da Economia cultivando trigo, cevada, centeio, linho, gergelim (de onde extraiam o azeite para alimentação e iluminação), árvores frutíferas, raízes e legumes. Criação de Animais como carneiros, burros, bois, gansos e patos era bastante desenvolvida. Esses animais eram utilizados para auxiliar a agricultura e também para a alimentação. Comércio – praticado por funcionários dos templos e do palácio. A pobreza de matérias primas favoreceram o comércio. As caravanas de mercadores iam vender tecidos, tapetes, pedras preciosas e perfumes em troca do marfim da Índia, da madeira do Líbano, do cobre de Chipre e do estanho de Cáucaso, transações feitas na base de troca. Já realizavam operações econômicas sólidas, como empréstimos a juros, corretagem e sociedades em negócios. Usavam recibos, escrituras e cartas de crédito. Na Mesopotâmia as terras eram propriedades coletivas administradas pelos templos e palácios. Os meios de produção estavam sobre o controle do déspota e dos templos. O templo recebia toda a produção, distribuindo-a de acordo com as necessidades, além de proprietário de boa parte das terras. Administradas pelos sacerdotes, as terras, que eram dos deuses, eram entregues aos camponeses. Cada família recebia um lote de terra e devia entregar ao templo uma parte da colheita como pagamento pelo uso útil da terra. Entre os sumerianos já havia a escravidão, porém em número muito pequeno. Diferente do Nilo, os rios Tigre e Eufrates eram imprevisíveis, com grande seca em um ano e inundações destrutivas em outro. Para manter o controle, os mesopotâmicos construíram açudes e canais. Escrita A escrita cuneiforme (assim chamada porque o registro era feito em placas de argila com auxílio de estilete que imprimia traços com forma de cunha) surgiu pela necessidade de contabilização dos templos. Eles procuravam representar os sons da fala humana, isto é, cada sinal representava um som. Surgia assim a escrita fonética, utilizada nos registros de contabilidade, rituais mágicos e textos religiosos. Os primeiros sinais da escrita eram desenhos que representavam o objeto ou o que queriam registrar. Posteriormente começaram a combinar sinais para representar outros significados: sinal de boca + sinal de pão = comer. Direito Foi na Mesopotâmia que se desenvolveu os primeiros códigos jurídicos escritos. O mais antigo é o Código de Hamurabi que apresenta muitos procedimentos jurídicos e estabelece pena para diversos crimes. Contém 282 leis, abrangendo o comércio, a propriedade, a herança, direitos da mulher, família, adultério, falsas acusações e escravidão. É baseado na Lei de Talião (olho por olho, dente por dente, com o castigo do criminoso sendo proporcional ao crime cometido) e na desigualdade perante a lei (punições variavam de acordo com a posição social da vitima e do infrator). Mas o código também permitia que a pena fosse paga na forma de recompensas econômicas (gado, armas, moedas, produtos diversos). Há diversos códigos jurídicos mesopotâmicos, todos levando em conta características do local, da época e de quem o escreveu. Artes A Arquitetura, arte mais desenvolvida, não era tão notável quanto a egípcia. Caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo. Construíram templos e palácios, cópias dos existentes nos céus, feitos de tijolos, argila e ladrilhos, por falta de pedras na região. O zigurate, torre piramidial, de base retangular, composto de vários pisos superpostos, formadas por sucessivos andares, cada um menor que o anterior. As muralhas construídas por Nabucodonosor eram tão largas, que sobre elas realizavam-se corridas de carros. Mais famosas foram as portas, dedicadas cada uma à uma divindade e ornamentadas com grandes figuras em relevo. Tanto a escultura quanto a pintura eram decorativas. A escultura era caracterizada pelo baixo relevo. A pintura mural existia em função da arquitetura. Religião Os deuses, muito numerosos, eram representados à imagem e semelhança dos seres humanos. Shamash (deus do Sol e da justiça), Anu (senhor dos céus), Sin (deusa da Lua) e Ishtar (deusa da guerra e do amor) eram cultuados. Embora cada cidade possuísse seu deus, havia entre os sumérios algumas divindades aceitas por todos. Representavam o bem e o mal, e adotavam castigos contra quem não cumpria com as obrigações. Muitos desses deuses possuíam forma humana (masculina ou feminina) e geralmente tinham suas características vinculadas a elementos da natureza ou corpos celestes. Apenas o sacerdote entrava no templo e dele era a total responsabilidade de cuidar da adoração aos deuses e fazer com que atendessem as necessidades da comunidade. Através dos sacerdotes os deuses emprestavam aos camponeses animais, sementes, arados e arrendava os campos. Ao pagar o “empréstimo”, o devedor acrescentava a ele uma “oferenda” de agradecimento. Desenvolviam uma série de rituais funerários. Geralmente os mortos eram enterrados com alguns de seus objetos pessoais e a tumba que abrigava o corpo poderia indicar a condição financeira do falecido. De acordo com algumas narrativas míticas, os mortos passavam o além-vida em um mundo subterrâneo onde se alimentavam de pó para o resto de seus dias. Acreditavam que os mortos iam para junto de Nergal, o deus que guardava um reino de onde não se poderia voltar.