aptidão pedológica do território de identidade do vale

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APTIDÃO PEDOLÓGICA DO TERRITÓRIO DE IDENTIDADE DO VALE DO
JIQUIRIÇÁ-BA PARA PRODUÇÃO AGRÍCOLA CACAUEIRA
Diêgo Pereira Costa
Universidade Estadual de Feira de Santana
[email protected]
Tiago Santos da Silva
Universidade Estadual de Feira de Santana
[email protected]
Valéria Savana Menezes L. da Silva
Universidade Estadual de Feira de Santana
[email protected]
Ramon dos Santos Dias
Universidade Estadual de Feira de Santana
[email protected]
Rosângela Leal Santos
Universidade Estadual de Feira de Santana
[email protected]
Resumo
O estudo de Aptidão Pedológica para Produção Cacaueira do Território de Identidade Vale do
Jiquiriçá, partiu da identificação dos cinco tipos de solo da área. Os mesmos foram analisados a
partir das características do relevo, da potencialidade, fertilidade, drenagem, textura e
profundidade. Após serem analisados os dados disponíveis sobre o solo foram possíveis obter
respostas quanto à aptidão pedológica à produção cacaueira nas cidades do Território de
Identidade em questão a partir do mapeamento no SIG-BAHIA.
Palavras-chave: Aptidão Pedológica. Produção Cacaueira. Solo.
Introdução
Para muitos, solo é qualquer parte da superfície da Terra, para os Pedólogos e os
Edafólogos, o solo pode ser definido como a massa natural, que compõe a superfície da
Terra e que suporta ou é capaz de suportar plantas, corpos artificiais como construções,
e naturais como o relevo (Lepsch, 2002).
Para Brady (1979) “O solo é o ambiente natural em que crescem os vegetais”, já para
Costa (2004) “solo é o meio natural para o desenvolvimento das plantas terrestres, tal
como se formou (solo dito natural), ou mais ou menos modificado como resultado da
sua utilização pelo homem”.
1
De acordo com o Ministério da Agricultura (1979) “A capacidade produtiva do setor
agrícola de um país ou região depende fundamentalmente da disponibilidade e da
qualidade do recurso natural Terra, constituindo o conhecimento de suas diversas
aptidões fator de grande importância para sua utilização racional na agricultura”.
O objetivo deste artigo é destacar a importância das características do solo na
determinação da aptidão natural das culturas, no caso específico da Cultura Cacaueira,
no Vale do Jiquiriça (BA). Uma vez que cada tipo de solo irá fornecer condições
favoráveis para determinado tipo de cultura, o estudo do mesmo irá nos garantir a
viabilidade de se plantar certo tipo de cultura numa determinada área, evitando o uso
irracional do solo pelo homem para um manejo agrícola adequado, que não danifique ou
cause esgotamento do solo.
No território de Identidade Vale do Jiquiriçá, que é formado por 22 municípios,
identificamos a presença de cinco tipos de solo: Argissolo; Cambissolo; Latossolo;
Neossolos; Planossolo, os quais apresentaram variações locais. Os mesmos foram
analisados a partir das características do relevo, da potencialidade, fertilidade,
drenagem, textura e profundidade. Após serem analisados os dados disponíveis sobre
solo foram possíveis obter respostas quanto à aptidão pedológica à produção cacaueira
nas cidades do Território de Identidade em questão.
Referencial Teórico
O estudo das aptidões agrícolas de uma determinada região é de fundamental
importância para o aproveitamento do solo sem causar seu esgotamento.
È evidente que quanto maior a variedade de solos que uma nação possui,
maior a oportunidade de seu povo encontrar melhor padrão de vida. È
importante, porém, que as maiores áreas sejam ocupadas por solos adaptados
ás grandes produções de alimentos e matérias primas essenciais à habitação,
vestuário, transporte, e indústria. Bertoni (1990).
As pesquisas de aptidão pedológica permitem através do estudo das propriedades físicas
dos solos, identificar as diversas aptidões agrícolas que os mesmos apresentam. Uma
vez que as propriedades influem na capacidade de retenção de água e drenagem do solo,
bem como na profundidade de penetração do sistema radicular (Braudeau, 1970. apud
2
SOUZA Jr.1999), além de influenciar as reações químicas e a absorção de nutrientes
pela planta.
De acordo com Galeti (1982) ao se trabalhar com uma determinada cultura é essencial
que se conheça a profundidade efetiva do solo e da extensão do sistema radicular da
cultura, para evitar erros desatrosos. Coelho (1973), acrescenta que a produção de
cultura, na maioria das vezes, enfrenta limitações por ausência de um adequado
suprimento de água. Sendo assim, “a capacidade de retenção de água por um solo é uma
das características que devem ser levadas em consideração no seu uso para fins
agrícolas”. Kiehl (1979), discute a importância do conhecimento prático da classe
textural, “o conhecimento da classe textural do solo dá ao técnico uma série de
informações sobre suas propriedades; a predominância de um separado permite ao
técnico experimentado tirar ilações”.
Sobre o solo Brady explana:
Corpo natural sintetizado em forma de perfil, composto de uma mistura
variável de minerais divididos em pedaços e desintegrados, e de matéria
orgânica em decomposição, que cobre a terra com uma camada fina e que
fornece, quando contém, as quantidades necessárias de ar, água, amparo
mecânico e subsistência para os vegetais. (Brady, 1979).
De encontro Galeti (1982) afirma, o solo é a base da agricultura, “é o meio onde o
vegetal retira os materiais necessários à sua nutrição e ao mesmo tempo é suporte sobre
o qual se ancora”. A relevância dos trabalhos de aptidão pedológica é encontrada
quando Galeti (1982) declara que grupos de solos diferentes, possuem muitas vezes
diferenças contrastantes quanto ao seu manejo, pois, os problemas apresentados nos
solos não serão os mesmos.
Método
A realização deste artigo partiu inicialmente de uma revisão bibliográfica, na qual foram
estudados autores que forneciam informações referentes ao tema de estudo: “Aptidão
pedológica agrícola”. E dos elementos necessários ao estudo, os quais foram
selecionados, que são: relevo, potencialidade, fertilidade, drenagem, textura e
profundidade.
3
Posteriormente passamos a trabalhar com materiais mais específicos que caracterizavam
os solos da nossa área de estudo: Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá-Ba,
procurando identificar quais solos seriam aptos para produção agrícola cacaueira.
Realizamos uma coleta de dados no Radam Brasil e também no SIG Bahia, a qual foi
decisiva na elaboração do mapa de aptidão pedológica, através das técnicas do
Geoprocessamento.
No total foram gerados sete mapas na escala de 1:250 000 correspondentes às seis
variáveis que foram utilizadas (relevo, potencialidade, fertilidade, drenagem, textura e
profundidade). Para os mapas foram atribuídos valores (pesos), que estão de acordo com
a cultura do cacau: (1) Inapta; (2) Parcialmente Apta e (3) Apta. Foi feita a
ponderação dessas variáveis (relevo + potencialidade + fertilidade + drenagem +
textura + profundidade /6), gerando assim o mapa final de Aptidão Pedológica do
Território de Identidade do vale do Jiquiriçá para Produção Cacaueira.
Área de Estudo: localização e caracterização fisiográfica
O Vale do Jiquiriçá fica situado a cerca de 150 km a sudeste de Salvador-Ba, ocupa uma
área de 6.900 km² (Figura 01). É composto pelos seguintes municípios: Amargosa,
Brejões, Cravolândia, Elísio Medrado, Iaçu, Irajuba, Itaquara, Itatim, Itiruçu,
Jaguaquara, Jaguaripe, Jiquiriçá, Lafaiete Coutinho, Lage, Lagedo do Tabocal, Maracás,
Milagres, Mutuípe, Nova Itarana, Planaltino, Santa Inês, Santa Terezinha, São Miguel
das Matas, Ubaíra e Valença. São municípios de médio e pequeno porte (de 2400 a
200km²), distribuídos em 47 distritos.
Aspectos do Meio Natural:
O Vale do Jiquiriçá ocupa quatro regiões fitoclimáticas distintas, possui desde o clima
ameno do litoral Atlântico até os rigores do semi-árido, o que determina uma paisagem
bem diversificada, seja natural ou decorrente da ação humana, com altitudes que
atingem 1000 m em contraste com as baixadas litorâneas, com culturas agrícolas
praieiras (dendê e coco-da-baía) e o sertão castigado pelas estiagens. (BATISTA,
2001/2002).
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Figura 01. Mapa do Território de Identidade Vale do Jiquiriçá-Ba
Cacau
O cacaueiro é uma planta nativa das florestas tropicais da América, onde hoje é
encontrado, em estado silvestre, do Peru até o México (Figura 2). Sua designação
cientifica definitiva, Theobroma cação (theobroma = alimento/ manjar dos deuses) foi
dada pelo botânico Lineu em 1753 (CEPLAC,1980).
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Figura 02. Foto do Cacau.
Fonte: Google imagens, 2009
O cacaueiro é originário da cabeceira da Bacia Amazônica, de onde se dispersou em
duas direções: para o leste, ao longo do Rio amazonas, dando origem ao tipo
denominado “forasteiro” ou “Amarelado”; e para o norte e oeste, cruzando os Andes, e
avançando pela América Central até o sul do México, dando origem ao tipo “crioulo”.
Em 1746, o cacaueiro foi introduzido na Bahia, com sementes trazidas do Pará pelo
colono françês Federico Warneau e plantadas por Antonio Dias Ribeiro na Fazenda
Cubículo, à margem do Rio Pardo, no atual município de Canavieiras, como planta
ornamental. Do Rio Pardo foram levadas sementes para diversas regiões do Sul do
Estado da Bahia, chegando às terras de Ilhéus em 1752 (CEPLAC, 1980).
Formou-se assim, com o correr dos anos, grandes plantações de cacau, transformandose o produto, a partir do final do século passado no principal esteio econômico da região
e do próprio Estado (CEPLAC, 1980).
Caracterização do clima de uma área apta à produção cacaueira
Segundo (SOUZA Jr. et aL, 1999) para o cacaueiro para se desenvolver, em uma área
adequada, a mesma tem que apresentar clima quente e úmido e temperatura média de
cerca de 25ºC, e uma região com precipitação anual entre 1.500 e 2000 mm bem
distribuída ao longo do ano, sem períodos secos prolongados.
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Características dos solos e sua influência no cultivo do cacau
Fertilidade, potencial do solo e a produção cacaueira
É a Capacidade de produção do solo devido à disponibilidade equilibrada de elementos
químicos como potássio, nitrogênio, sódio, ferro, magnésio e da conjunção de alguns
fatores como água, luz, ar, temperatura e da estrutura física da terra (ACIESP, 1980).
Para Coelho (1973), a fertilidade corresponde à capacidade que um determinado solo
apresenta para fornecer nutrientes às plantas em quantidades adequadas e proporções
convenientes.
O potencial do solo esta diretamente relacionada com a sua capacidade de reter
nutrientes e umidade.
Para o cultivo de cacau é imprescindível a presença de solo de boa fertilidade natural e
umidade, pois a presença dos nutrientes e da umidade favorecerá o seu
desenvolvimento.
Drenagem, textura do solo e a produção cacaueira
Radam Brasil (1981) “No sentido dinâmico, a drenagem diz respeito à rapidez e
extensão com que a água é removida do solo, especialmente através do escoamento
superficial e do fluxo em direção das correntes subterrâneas. Porém, esta remoção
também se dá através da evaporação e transpiração das plantas. Como atributo
intrínseco do solo se refere à freqüência e duração do período durante o qual permanece
por debaixo do ponto de saturação”. Quanto a Textura, segundo Kiehl (1979) “pode ser
definida como sendo a proporção relativa dos diferentes grupos de partículas primárias
nele existentes”.
De acordo com o Radam (1981) a textura reflete o percentual com que participam, na
constituição do solo, as frações areia, limo ou silte e argila.
Ainda para Kiehl (1979), a parte sólida de um solo é constituída por material inorgânico
e orgânico, geralmente intimamente ligados. Em alguns solos o material inorgânico
sólido é constituído por partículas grosseiras, dando-lhes o aspecto cascalhento ou
arenoso; em outros, predominam as partículas minerais coloidais, que dão ao solo
7
características argilosas. A argila, a matéria orgânica, o calcário e os sesquióxidos de
ferro e alumínio, funcionam como agentes cimentantes, agregando as demais partículas.
Segundo (Garcia. 1985. Apud Souza Jr 1999) a presença de maior quantidade de
cascalho ao longo do perfil do solo nas regiões produtoras de cacau do Brasil dificulta o
desenvolvimento da raiz da planta. (Pinho et al, 1992) Acrescenta que solos com
elevados teores de argila de alta atividade (2:1), porém de alta pegajosidade e
plasticidade, conferem ao solo condições de expansão quando úmidos e de
fendilhamento quando secos. “Geralmente as fendas são largas e profundas, o que
facilita a penetração das águas das primeiras chuvas para horizontes mais profundos,
compensando assim a baixa infiltração de água nesse tipo de solo. Esse fenômeno,
porém, pode causar danos às raízes das plantas, salvo nas condições de cacaueiros autosombreados, quando se torna intenso e as fendas mais estreitas e menos profundas. De
acordo com (Garcia. 1985. Apud Souza Jr 1999) o cacaueiro é encontrado em solos com
as mais diferentes texturas. Contudo, seu cultivo só é indicado para solos arenosos,
quando as adubações são parceladas e balanceadas. Para produção de cacau no caso de
climas úmidos a textura indicada é a arenosa, pois essa retêm uma menor quantidade de
água no solo, evitando o seu excesso. Já para climas áridos a produção só será permitida
em alta presença de argila no solo.
Relevo e a produção cacaueira
Cunha e Guerra (2007) “O relevo sempre foi notado pelo homem no conjunto de
componentes da natureza pela sua beleza, imponência ou forma”. Mas, para além disso
o homem apresenta uma antiga convivência com o relevo que reconhece sua relevância
quando de trata da localização de cultivos específicos.
Segundo Cunha e Guerra (2000) ”O relevo exerce uma forte influência na evolução e
desenvolvimento dos solos.” O aspecto do relevo local tem marcantes influências nas
condições hídricas e térmicas dos solos e, por conseguinte, no clima do solo. Estas
influências se refletem, principalmente, em microclimas e na natureza da vegetação
natural, e em características e propriedades dos solos. As características ligadas a
Dinâmica da Água, Espessura do Solo e Diferenciação de Horizontes; Horizonte
superficial, Espessura e teor de Matéria Orgânica; Cor e Temperatura do Solo;
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Saturação de Bases e Lixiviação pode ser relacionada com o relevo e/ ou com a posição
do solo na paisagem.
Nas partes altas e relativamente planas, os solos apresentam boa drenagem interna, nas
encostas com declives mais acentuados apresentam drenagem boa ou excessiva, porém
são mais secos, enquanto que nas partes inferiores das vertentes e nas áreas de várzeas
e/ ou depressões há predominância de água na massa do solo durante o ano. Esta
permanência de água resulta em solos imperfeitamente drenados ou mal drenados,
dependendo se o lençol freático está próximo à superfície ou não, respectivamente.
Os solos, em superfícies mais suaves, são mais profundos e apresentam, em geral, nítida
diferenciação entre horizontes principais. Nas encostas mais íngremes apresentam-se
mais rasos com menor diferenciação entre os horizontes principais, devido ao acentuado
escoamento superficial de água, que favorece a remoção do material edafisado.
Áreas altimontanas, acima de 700 metros, mesmo em regiões tropicais apresentam
horizonte superficial A orgânico-mineral mais espesso e com teores elevados de matéria
orgânica devido à lenta mineralização do material orgânico, favorecendo pelo clima
mais ameno e condicionado pela altitude. Em áreas de várzeas os teores de matéria
orgânica e espessura do horizonte superficial A aumentam, à medida que o lençol
freático se aproxima da superfície. Neste caso, a diminuição de oxigenação, devido ao
excesso de água, diminui a decomposição dos materiais orgânicos.
O relevo local, a orientação das encostas e a posição do solo na paisagem têm um
enorme efeito nas condições hídricas e térmicas dos solos, favorecendo o aparecimento
de microclimas e por conseguinte alterações na cor, temperatura (Smith, et al.1964 apud
Cunha, et aL 2000) e cobertura vegetal natural.
Os solos que estão localizados no terço médio e nas encostas voltadas para norte e oeste
apresentam-se mais secos, saturação de bases acima de 50%,moderadamente ácidos e
pouco profundos. Em contraste os solos localizados nas encostas voltadas para sul e
leste apresentam-se mais úmidos, saturação mais baixa, fortemente ácidos e perfis mais
desenvolvidos, devido a maior umidade ocasionada pela menor exposição aos raios
solares.
Para produção cacaueira, segundo (Garcia. 1985. Apud Souza Jr 1999) é necessária a
presença de solos profundos, logo um relevo suave apresenta características mais
adequadas.
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Profundidade e a produção cacaueira.
De acordo com (Galeti, 1973), a profundidade efetiva do solo corresponde a região até
onde as raízes das plantas podem alcançar no sentido vertical. Esta é de extrema
relevância na agricultura, pois solos rasos costumam dificultar a preparação de culturas.
Limitam as mesmas, ou seja, nem todas as culturas podem ser feitas em solos rasos,
constituindo problemas no estabelecimento de terraceamentos, na construção de
barragens, dentre outros. O cacaueiro para se desenvolver adequadamente, exige solos
profundos e ricos, (Garcia. 1985. Apud Souza Jr 1999) considera como adequada a
profundidade efetiva mínima de 1,20 m para o cultivo do cacaueiro.
Solos do território de identidade Vale do Jiquiriçá
Os solos presentes no Território de Identidade do vale do Jiquiriçá são: Argissolo;
Cambissolo; Latossolo; Neossolos; Planossolo. (Figura 03). Todos os dados referentes
aos planos de informação foram tirados a partir da base de dados do SIG BAHIA (2003)
e do Projeto RADAM BRASIL (1981), os quais foram convertidos em informações e
apresentados no mapa de solo, classificado na 1ª ordem taxonômica, elaborado através
dos dados do SIG BAHIA (2003) em escala de 1: 250 000.
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Figura 03. Mapa de Classificação dos Solos do Território de Identidade do Vale do
Jiquiriçá.
No mapa de solo da Região do Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá,
classificado na 1º ordem taxonômica, foram encontradas 5 classes de solos, que são:
Argissolo que ocupa 23,2% da ária total da região; Cambissolo que ocupa 4,48% da ária
total da região; Latossolo que ocupa 65,32% da ária total da região; Neossolos que
ocupa 4% da região; Planossolo que ocupa 3% da ária estudada da região.
Descrição dos Solos localizados na área de estudo:
Argissolos
São solos constituídos por material mineral, que têm como características diferenciais a
presença de horizonte B textural de argila de atividade baixa, ou alta conjugada com
saturação por bases baixa ou caráter alítico. O horizonte B textural de argila de
atividade baixa, ou alta conjugada com saturação por bases baixa ou caráter alítico. O
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horizonte B textural (Bt) encontra-se imediatamente abaixo de qualquer tipo de
horizonte superficial, exceto o hístico.
A maioria dos solos desta classe apresenta um evidente incremento no teor de argila do
horizonte superficial para o horizonte B, com ou sem decréscimo, para baixo no perfil.
A transição entre os horizontes A e Bt é usualmente clara, abrupta ou gradual.
São de profundidade variável, desde forte a imperfeitamente drenados, de cores
avermelhadas ou amareladas, e mais raramente, brunadas ou acinzentadas. A textura
varia de arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt,
sempre havendo aumento de argila daquele para este. São forte a moderadamente
ácidos, com saturação por bases alta, ou baixa, predominantemente cauliníticos.
Cambissolos
São solos constituídos por material mineral, com horizonte B incipiente a qualquer tipo
de horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial, desde que
em qualquer dos casos não satisfaçam os requisitos estabelecidos para serem
enquadrados nas classes Vertissolos, Chernossolos, Plintossolos ou Gleissolos.Têm
seqüência de horizontes A ou hístico, Bi, C, com ou sem R.
Devido à diversidade do material de origem, das formas de relevo e das condições
climáticas, as características destes solos fortemente até imperfeitamente drenados, de
rasos a profundos, de cor bruna ou bruno-amarelada até vermelho escuro, e de alta a
baixa saturação por bases e atividade química da fração coloidal.
O horizonte B incipiente (Bi) tem textura franco-arenosa ou mais argilosa, e o solum,
geralmente, apresenta teores uniformes de argila, podendo ocorrer ligeiro decréscimo ou
um pequeno incremento de argila, ou um pequeno incremento de argila do A para o Bi.
Admite-se diferença marcante do A para o Bi, em casos de solos desenvolvidos de
sedimentos aluviais ou outros casos em que há descontinuidades litológicas.
São definidos como solos constituídos por material mineral que apresenta horizonte A
ou hístico com espessura menor que 40 cm seguido de horizonte B incipiente.
Latossolos
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Compreende solos constituídos por material mineral, com horizonte B latossólico
imediatamente abaixo de qualquer um dos tipos de horizonte diagnóstico superficial,
exceto hístico.
São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de
enérgicas transformações no material constitutivo. Os solos são virtualmente destituídos
de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo. Variam de
fortemente a bem drenados, embora ocorram solos que têm cores pálidas, de drenagem
moderada ou até mesmo imperfeitamente drenados, transicionais para condições com
certo grau de gleização.
São normalmente muito profundos, sendo a espessura do solum raramente inferior a um
metro. Têm seqüência do horizonte A, B, C, com pouca diferenciação de sub horizontes,
e transições usualmente difusas ou graduais. De um modo geral, os teores da fração
argila no solum aumentam gradativamente com a profundidade, ou permanecem
constantes ao longo do perfil. São, em geral, solos fortemente ácidos, com baixa
saturação por bases, distróficos ou alumínicos.
Ocorrem, todavia, solos com média e até mesmo alta saturação por bases, encontrados
geralmente em zonas que apresentam estação seca pronunciada, semi-árida ou não, ou
ainda por influência de rochas básicas ou calcárias. São típicos das regiões equatoriais e
tropicais, ocorrendo também em zonas subtropicais, distribuídos, sobretudo, por amplas
e antigas superfícies de erosão, pedimentos ou terraços fluviais antigos, normalmente
em relevo plano e suave ondulado, embora possam ocorrer em áreas mais acidentadas,
inclusive em relevo montanhoso. São originados a partir das mais diversas espécies de
rochas e sedimentos, sob condições de clima e tipos de vegetação os mais diversos.
Variam de fortemente a bem drenados, embora ocorram variedades que têm cores
pálidas, de drenagem moderada ou até mesmo imperfeitamente drenados, transicionais,
para condições de maior grau de gleização.
Neossolos
São solos constituídos por matéria mineral ou por material orgânico pouco espesso,
com pouca atuação dos processos pedogenéticos em conseqüência da baixa intensidade
de atuação destes processos, que não conduziram, ainda, a modificação expressiva do
material originário, de características do próprio material, pela sua resistência ao
13
intemperismo ou composição química, e do relevo, que podem impedir ou limitar a
evolução desses solos.
Possuem seqüência de horizonte A-R, A-C-R, A - Cr-R, A - Cr, A-C, O-R ou H-C, sem
atender, contudo aos requisitos estabelecidos para serem enquadrados nas classes dos
Chernossolos, Vertissolos, Organossolos ou Gleissolos.
Planossolos
São solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, com horizontes superficial ou
subsuperficial eluvial, de textura mais leve que constata abruptamente com o horizonte
B imediatamente subjacente, adensado, geralmente de acentuada concentração de argila,
permeabilidade lenta ou muito lenta, constituindo, por vezes, um horizonte pã,
responsável pela detenção do lençol dágua sobreposto, de existência periódica e
presença variável durante o ano.
Podem apresentar qualquer tipo de horizonte A ou E, e nem sempre o horizonte E
álbico, seguidos de B plânico, tendo sequência de horizonte A, AB ou A, E (álbico ou
não) ou Eg, seguidos de Bt, Btg, Btn ou Btng.
A característica distintiva marcante é a diferenciação bem acentuada entre os horizontes
A ou E e o B, devido à mudança textural abrupta entre os mesmos, requisito essencial
para os solos desta classe. Decorrência bastante notável nos solos, quando secos, é a
exposição de um contato paralelo à disposição dos horizontes formando limites
drásticos, que configura um fraturamento muito nítido entre os horizontes A ou E o B.
Tipicamente, um ou mais horizontes subsuperficiais apresentam-se adensados, com
teores elevados em argila dispersa, constituindo, por vez, um horizonte pã, condição
essa que responde pela restrição à percolação de água, independente da posição do
lençol freático ocasionando retenção de água por algum tempo acima do horizonte B, o
que se reflete em feições associadas com umidade.
Os solos desta classe ocorrem preferencialmente em áreas de relevo plano, onde as
condições ambientais e do próprio solo favorece em vigência periódica anual de recesso
de água, mesmo que de curta duração especialmente em regiões sujeitas a estiagens
prolongadas, ainda que breve, até mesmo sob condições de clima semi-árido.
Nas baixadas, várzeas e áreas de depressão, sob condições de clima úmido, esses solos
são verdadeiramente hidromórficos com horizontes que é ao mesmo tempo glei e com
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concentração de argila. Entretanto em zonas semi-áridas e, mesmo em área onde o solo
esta sujeito apenas a um excesso de água por um curto período, principalmente sobre
condições de relevo suave ondulado, não chegam a ser propriamente solos
hidromórficos.
Mapas gerados de cada plano de informação referente à cultura do cacau (figura
de 4 a 10).
Figura 04 - Mapa de Aptidão de Drenagem do Solo para Produção Cacaueira
Observamos no mapa de Aptidão de Drenagem do Solo para Produção Cacaueira, no
Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá, que a maior parte foi classificada como
apta sendo responsável por 70% do território total da região, já a classificação inapta foi
de 23%, sendo a menor área classificada como parcialmente apta correspondente a 7%
da Região.
15
Figura 05 - Mapa de Aptidão de Fertilidade do Solo para produção Cacaueira
Observamos que no mapa de Aptidão de fertilidade do Solo para Produção Cacaueira,
no Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá, que a maior parte foi classificada como
parcialmente apta, sendo responsável por 75,6% do território total da região, já a
classificação apta foi de 24,1%, a menor área classificada como inapta corresponde a
0,3% da Região.
Figura 06 - Mapa de Aptidão de Potencial do solo para produção Cacaueira
Observamos no mapa de Aptidão de Potencial do solo para produção Cacaueira, no
Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá, que a maior parte foi classificada como
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inapta sendo responsável por 77,75% do território total da região, já a classificação
parcialmente apta foi de 22,24% da Região.
Figura 07 - Mapa de Aptidão de Profundidade do Solo para Produção Cacaueira
Observamos no mapa de Aptidão de Profundidade do Solo para Produção Cacaueira, no
Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá, que a maior parte foi classificada como
apta sendo responsável por 91,6% do território total da região, já a classificação
parcialmente apta foi de 4%,e a menor área classificada como inapta que corresponde a
4,5% da Região.
Figura 08 - Mapa de Aptidão de Relevo do Solo para a Produção Cacaueira
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Observamos no mapa de Aptidão de Relevo do Solo para a Produção no Território de
Identidade do Vale do Jiquiriçá, que a maior parte foi classificada como apta sendo
responsável por 90% do território total da região, já a classificação parcialmente apta foi
de 7%sendo a menor área classificada como inapta que corresponde a 3% da Região.
Figura 09 - Mapa de Aptidão de Textura do Solo para Produção Cacaueira
Observamos que no mapa de aptidão de textura do solo para o cultivo de Cacau no
Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá, que a maior parte foi classificada como
inapta sendo responsável por 68,2% do território total da região, já a classificação
Parcialmente apta foi de 23,3%, com a menor área classificada como apta que
corresponde a 8,5% da Região.
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Figura 10 - Mapa de Aptidão Pedológica do Solo para Produção Cacaueira
Observamos no mapa de Aptidão Pedológica para o cultivo de Cacau no Território de
Identidade do Vale do Jiquiriçá, que a maior parte foi classificada como parcialmente
apta sendo responsável por 94% do território total da região, com a menor área
classificada como inapta que corresponde a 6% da Região.
Conclusão
A partir dos parâmetros e metodologia utilizada conclui-se que a Produção Cacaueira,
consiste em uma prática agrícola adequada para o Território de Identidade do Vale do
Jiquiriça, pois apresenta de uma forma geral características parcialmente aptas para sua
produção.
A investigação da aptidão agrícola dos solos é uma prática de extrema importância, pois
permite o uso pela sociedade de acordo com as limitações de cada tipo de solo. O uso
inadequado do solo pelo homem tem causado danos a sociedade, pois tem provocado o
esgotamento de solos de muitas regiões, prejudicando muitas vezes, o abastecimento
alimentício das populações.
As propriedades físicas do solo constituem-se em elementos verdadeiramente essenciais
para esses estudos de aptidão pedológica. Uma vez que seus efeitos estão interligados
com o todo do sistema natural da Terra, causando e sofrendo alterações.
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Referências
Batista, Márcia A. N. JIQUIRIÇÁ – gestão participativa dos recursos hídricos da
bacia do rio jiquiriçá – Os 25 municípios da bacia do jiquiriçá/BA. In: Manual de
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