CURSINHO POPULAR AÇÃO DIRETA Aula de História Antiga ProfªAnne da Rocha GRÉCIA ANTIGA Grécia Antiga, vamos localizá-la geograficamente e historicamente. Ela ocupava a parte sul dos Bálcãs, as ilhas do mar Egeu e a Costa da Ásia Menor. Havia uma parte continental e outra insular. A Grécia continental era dividida em setentrional – com as cidades de Épiro e Tessália -; Grécia central, com as regiões da Beócia e da Ática; e Grécia meridional, com a Messênia, a Lacônia e a Argólida. As principais ilhas são; Eubéia, Lesbos, Samos, Rodes, Creta e Delos. Pelo grande número de regiões, podemos perceber que não haveria unidade na Grécia Antiga. Cada uma das suas cidades possuía seu modo de governar, de organizar sua sociedade e sua contribuição para o mundo moderno. As cidades mais conhecidas do mundo grego eram as de Atenas e Esparta. Os quatro períodos da História Grega Historicamente a Grécia é dividida em quatro períodos distintos: Período Homérico – 1100 a 800 a.C. – essa designação deve-se ao fato de que as fontes mais usadas para conhecer esse momento da história grega são os poemas de Homero: a Ilíada e a Odisséia, não que essas obras sejam a expressão da verdade, mas, através de sua interpretação, podemos visualizar algumas práticas sociais. Período Arcaico – 800 a 500 a.C. – foi o período em que se desenvolveram as instituições políticas e administrativas da sociedade grega. Período Clássico – 500 a 336 a.C. – foi o ápice desta civilização, o momento em que a pólis se desenvolveu ao máximo. Período Helenístico – 336 a 146 a.C. – neste momento começou o declínio da Grécia Antiga. Por que chamar a Grécia de civilização se suas cidades tinham cada uma sua maneira de viver? A razão é que sua população possuía ancestrais comuns, suas divindades eram interligadas, tinham a mesma língua e se comunicavam entre si, seja para comércio ou guerra. A Grécia homérica tinha uma organização política que girava em torno do oikos, que significava casa. O oikos compreendia a família nuclear - pai, esposa e os filhos -, os escravos, aliados, parentes e hóspedes, enfim, todos os indivíduos dependentes da mesma família. O Pater – patriarcacuidava da sua casa, do fogo sagrado que nunca se apagava, do culto aos ancestrais. As principais civilizações pré-helênicas foram: Cretense, da ilha de Creta, que utilizava metais, e um sistema de escrita que já era o grego. Os cretenses eram governados por monarcas e exploravam o comércio marítimo;a civilização Anatólica, habitantes do continente, eram artesãos de cerâmica, conheciam a metalurgia do bronze, mas suas principais atividades econômicas eram a agricultura e o pastoreio; e, finalmente, a civilização Troiana. Tróia explorava a pecuária e a agricultura, além de manter relações comerciais com os Aqueus, sendo por eles dominada depois da Guerra de Tróia, por volta do ano 1280 a.C. Antes de 2000 a.C. houve uma série de migrações de populações indo-européias: jônios, aqueus, dórios, eólios, todos esses povos que se mesclaram para formar a civilização grega. O oikos se desenvolveu e transformou-se na comunidade gentílica denominada genos, que era um grupo maior que descendia de um antepassado comum. O líder dessas comunidades era o geronte, que se encarregava de dirigir a produção de riqueza, dos rituais religiosos e da chefia militar. A reunião de vários genos formava uma fratria, três fratrias formavam uma tribo, e as tribos eram chefiadas por uma espécie de rei, o basileu. Essas tribos é que deram origem às cidades-estado, as pólis gregas. Cada uma dessas pólis tinha sua organização particular, de todas elas as que mais se destacam foram as de Atenas e Esparta. Esparta é sempre chamada de cidade militarista. Suas instituições eram focadas na guerra e na conquista de novos territórios. Os espartanos são considerados descendentes dos Dórios, sua sociedade possuía três categorias distintas: os espartanos ou iguais, os periecos e os hilotas. Os espartanos eram o topo da pirâmide social, descendiam dos primeiros invasores dórios e eram os únicos que tinham direitos políticos. Exerciam apenas atividades ligadas ao militarismo, educavamse através do estado e não exerciam qualquer atividade produtiva. Era uma classe sustentada por todas as outras. Os Periecos eram homens livres, não cidadãos, isto é, não possuíam direitos políticos, dedicavam-se à agricultura, artesanato e estavam localizados nas cidades da Lacônia e da Messênia. Os Hilotas eram a base da sociedade, eram servos ligados a terra, obrigados a cultivá-la para sustentar os Espartanos. Esses indivíduos não eram escravos, não podiam ser vendidos ou hipotecados pelos donos das terras, mas eram considerados propriedades do estado, pagando pesados tributos aos donos dos campos que cultivavam. Essa sociedade era, em matéria de organização política e conduta social, opositora da cidade de Atenas. Atenas e a Idéia de Democracia A Ática, região onde se situava a cidade de Atenas, localizava-se na parte sudeste da Grécia central. Os Jônios foram o povo que habitou a região de Atenas. A unificação da região da Ática se deu de maneira pacífica, sendo mitologicamente atribuída ao rei Teseu. O que se admite, historicamente falando, é que as várias comunidades desta região concordaram em formar um só reino, isso devido à destruição do poder dos seus reis locais. Sem a figura do rei, os aristocratas trataram de se unir para a defesa e preservação de sua cultura e território.A monarquia foi a primeira forma de organização política em Atenas. O rei acumulava funções de chefe militar, político e religioso, por vezes, consultava uma assembléia formada por guerreiros e homens comuns. À medida que a figura do rei foi perdendo poder e a aristocracia foi se fortalecendo, o governo passou para a mão dos nobres – os chamados eupátridas ou bem nascidos. O rei passou a ter função apenas religiosa, sendo aos poucos suprimido do poder político. De governo aristocrático ou plutocracia é que Atenas passou a Democracia. Houve períodos de tirania, em que os eupátridas que possuíssem forças militares tomavam o poder e impunham sua maneira de governar. Com o passar do tempo e o crescimento acelerado da população ateniense, os demos – menores unidades administrativas de Atenas – começaram a passar por revoltas causadas pela escassez de alimento, provocada por más colheitas ou conflitos provocados por dívidas entre pequenos proprietários e eupátridas. A primeira tentativa de arrumar essa situação de caos veio com a reforma de Drácon e Sólon. Drácon instituiu o primeiro código de leis escritas da Grécia, um meio que deveria colocar um freio na exploração dos eupátridas, mas essas leis eram muito rigorosas e protegiam muito fortemente a propriedade privada. Foi com as reformas de Sólon que houve, de fato, um impacto transformador na sociedade ateniense. Por volta de 594 a.C. Sólon foi nomeado primeiro arconte – representante do poder civil que controlava o poder executivo - e, a partir disto tomou medidas drásticas para controlar e submeter os eupátridas. Ele aboliu os pagamentos de dívidas sobre as terras, devolveu as terras perdidas aos pequenos proprietários engolidos pelo poder dos eupátridas e fixou limites máximos para as propriedades. É como se o governo não permitisse que pequenos agricultores, nos tempos atuais, perdessem suas terras para grandes latifundiários e determinassem um tamanho máximo para uma propriedade agrícola. Ele estabeleceu também taxações que atingiam apenas aos cidadãos, que excluíam os escravos e metecos – estrangeiros. Este é um primeiro esboço do que viria a ser a democracia em Atenas. Em 509 a.C. assume o poder Clístenes, chefe do partido democrata, que desejava criar um estado baseado na igualdade política. Começou dividindo Atenas em dez tribos, o que possibilitou que cada tribo tivesse um bom número de cidadãos, não mais determinados por critérios de riqueza. Criou também o ostracismo – desterro – ou expulsão do cidadão que fosse considerado traidor de seu estado, por decisão de um Conselho, por um período de dez anos. Estava criada a democracia ateniense. Os limites desta Democracia eram: ela não alcançava a todos os residentes em Atenas, apenas os homens maiores de idade e nascidos na Pólis tinham o direito a opinar politicamente; estavam fora mulheres, estrangeiros e escravos, sim,escravos, pois a sociedade ateniense era uma democracia escravocrata. O direito de seus cidadãos de se auto-representarem ou de escolherem representantes assentava-se no trabalho de escravos de guerra. Roma: Império e República A cidade de Roma teria sido fundada, segundo a lenda, pelos irmãos Rômulo e Remo, por volta do século VIII a.C.. Somente a partir do século VII a.C. é que Roma começa a passar por um processo de urbanização, vão aparecendo Templos, Edifícios Públicos e ruas mais bemplanejadas. A História de Roma é dividida em três momentos: Monarquia, Império e República. Daremos mais ênfase em seus períodos Imperialista e Republicano, apresentando, é claro, a Monarquia. O período monárquico romano teve vida curta, começou no momento de fundação da cidade e durou apenas até 509 a.C., quando o rei Tarquínio, de origem etrusca, apelidado de ‘O Soberbo’ foi deposto por uma revolta aristocrática. O rei era chefe militar, sumo sacerdote e decidia todas as questões do Estado com o auxílio de um conselho de anciões. Podemos afirmar que esse conselho seria futuramente o Senado Romano, a instituição política mais poderosa deste Estado. Neste período inicial, a sociedade romana também tinha uma organização baseada nas gens, que eram grupos pequenos ligados por laços de parentesco. Porém, essas gens não eram de caráter igualitário, não havia uma solidariedade forte entre clãs, visto que, na ocorrência de um casamento entre membros de clãs diferentes, a mulher passava a pertencer ao marido e perdia todo o vínculo com sua família consangüínea. O Pater ou Pai, homem mais velho em torno do qual girava o funcionamento da família, tinha poder absoluto sobre seus membros, decidia, literalmente, sobre vida e morte de seus filhos e outros agregados. Então, esse modo de construir as relações não dava espaço para a exploração coletiva dos recursos naturais e, muito menos, para a divisão igualitária dos resultados. Tenham sempre em vista as especificidades de cada uma dessas civilizações e que, mesmo que existam algumas semelhanças, elas não devem ser consideradas um padrão da Antiguidade. Considerar o isolamento das gens não quer dizer que elas não mantivessem relações de nenhum tipo, elas se reunião para decidir o destino da totalidade do Estado romano. As gens reunidas em grupos de dez constituía a Cúria (inclusive a Igreja Católica adotou essa designação para tratar da reunião de dez paróquias) e, de dez Cúrias, tínhamos uma Tribo. Cada uma dessas Cúrias cultuava seu Deus, tendo suas práticas religiosas próprias. De cada três tribos formava-se o Populus Romanus ou Povo Romano. Cada homem pertencente a gens era considerado um patrício, sendo que nem todos os romanos eram patrícios; assim como os povos conquistados e os estrangeiros eram excluídos desta estrutura e chamados plebeus, uma significação bem diferente da Medieval. Esses plebeus estavam submetidos ao estado e seu bem estar estava ligado à vontade dos Romanos, não possuíam nenhuma representatividade, nenhum poder de interferir em seus destinos. Na pirâmide social de Roma havia ainda os clientes e os escravos. Os clientes eram homens livres, romanos não patrícios, dependentes de um aristocrata, geralmente ligados ao cultivo da terra. Os escravos eram posse de algum homem livre, na base da pirâmide social, último estamento da sociedade romana. A Rex – Publica – 495 a.C. a 31 a.C. A característica principal da República moderna é a representatividade do povo, da nação no governo do Estado. Outra característica é o tempo determinado que os representantes do povo permanecem no poder. Colocando estes elementos que compõem a República é muito certo confundí-la com a democracia; porém, esta convive muito bem com a Monarquia, o que não acontece com a democracia, cuja idéia não admite associações com formas de governo não comandadas pelo voto direto. Pode haver uma república democrática, mas nem toda república segue a risca o ideal democrático. A República em Roma, como a democracia em Atenas, não tinha uma identificação com o que hoje tomamos por essa forma de governo. A organização deste regime foi dada pelas classes aristocráticas, e, claro, elas deram ao regime uma feição que as favorecesse. A monarquia caiu, como já foi dito, com uma rebelião da aristocracia; o rei deposto tinha origem etrusca. Com a derrubada deste último, a força da aristocracia atingiu um grau sem precedentes, e eles começaram a oprimir com mais violência os plebeus. A escravidão por dívidas cresceu entre os plebeus pobres, os mais privilegiados desta classe queriam representatividade política e acesso aos cargos públicos e, os mais pobres queriam a abolição da escravidão por débito, que os mantinha sob o poder dos aristocratas, e a divisão das terras por eles trabalhadas. A sociedade estava em constante clima de conflito e beirando à guerra civil. Era assim que se organizava a República em Roma: os Cônsules eleitos para governar por um ano, isso em tempos de paz. Na guerra, surgia a figura do ditador, que concentrava todo o poder para tomar as decisões emergenciais que a guerra exigia. Este Ditador era um dos Cônsules. O Senado, instituição constituída pelos patrícios, que fazia o controle dos Cônsules; a Assembléia Popular com representantes das Tribos, no começo apenas uma instituição de registro de leis e éditos, mas, que aos poucos, através de pressão, começou a votar as propostas dos senadores. Neste período republicano, Roma começou a conquistar e anexar novos territórios. Veremos que esta corrida por conquistas militares desestruturou a sociedade e apressou o fim da República. Para levar adiante as conquistas militares, à República utilizou os plebeus para compor os exércitos. Esses plebeus, afastados de suas terras, acabavam endividados e, no seu retorno ao lar, encontravam os familiares escravizados e a si mesmos escravos dos patrícios; esse contexto cruel chegava ao extremo de algumas famílias venderem seus membros para saldar as dívidas, não que isso os salvasse, apenas retardava a escravidão de todos. Em 494 a.C. os plebeus resolveram por fim a esta exploração, abandonaram Roma e se instalaram no Monte Sagrado. O exército ficou sem seus soldados, o que forçou as classes dominantes a fazer algumas concessões, dentre elas o direito dos plebeus possuírem um Tribuno da Plebe. Esse personagem tinha o poder de vetar decisões dos magistrados, categoria que decidia a favor dos patrícios e condenava os plebeus à escravidão. O tribuno apenas não decidia sobre a guerra e o envio de tropas e, no começo, eram apenas dois, sendo depois em número de dez. Outra importante vitória dos plebeus foi a criação da Lei das Doze Tábuas, instalada bem depois em 450 a.C. Este foi o primeiro código de leis escrito da sociedade romana, antes baseada apenas nos costumes e na interpretação dos poderosos. Através deste código, os plebeus conseguiram que um dos Cônsules fosse de origem plebéia. O voto passou a ter importância vital nesta organização do poder e as conspirações para conseguir o maior número deles surgiu com força. Os patrícios, para não perder nada dos seus privilégios, procuraram seduzir os plebeus mais ricos, as duas classes se uniram e construíram uma base de votos forte contra os plebeus pobres. Da união pelo casamento de plebeus ricos e patrícios, surgiu a classe dos nobilitas, que controlava os cargos públicos mais cobiçados. Roma se sentia forte, invencível e partiu para a conquista do restante da Itália e do mundo mediterrâneo. Por quase um milênio a Roma republicana lutou para conquistar mais terras. Essa luta feroz impôs a Roma e aos romanos poderosas transformações. A conquista de territórios no princípio aliviava as tensões internas da República, pois havia a distribuição de mais lotes de terra. Os impostos direcionados aos povos conquistados desviava a atenção dos plebeus pobres e dos clientes e eram incorporados mais escravos às famílias patrícias. O perfil agrícola começou a mudar, das pequenas unidades de agricultura familiar formaamse grandes propriedades que utilizavam mão-de-obra escrava e que produziam para comercializar suas colheitas, as unidades menores e familiares continuaram existindo, mas os latifúndios tiveram sua presença fortalecida neste período. O domínio de toda a Itália se consolidou totalmente em 272 a.C., quando toda a península apenina rendeu-se ao domínio romano. A conquista de territórios fora da Itália começou com as Guerras Púnicas, levada contra a cidade-estado fenícia de Cartago, por volta do século III a.C. Houveram três Guerras Púnicas no total, que duraram de 264 a 146 a.C. , quando Cartago capitulou. Passaram, então, a fazer parte da República Romana: a Sicília, Córsega, Sardenha, Espanha, Portugal e norte da África, todo o mundo civilizado conhecido se tornou romano. Do Ocidente, Roma voltou sua cobiça para o Oriente e conquistou: a Macedônia, a Síria, Grécia, Ásia Menor e instituiu um protetorado no Egito. Como podemos observar, Roma ficou muito grande, transformando-se num Estado de fronteiras supra continentais, e isso traria para os romanos sérias dificuldades. Para administrar esses territórios Roma teve que se reestruturar. Agora já não poderia haver apenas a simples divisão das terras entre os romanos; era necessário instalar uma máquina de tributos que tirasse destas novas conquistas todo o lucro para o engrandecimento de Roma. Houve, então, a instalação de tributos anuais, que deveriam ser pagos pelos dominados em moeda ou em produtos, o fornecimento por esses povos de escravos de guerra e exploração pelos romanos de suas riquezas naturais. A arrecadação de impostos era um direito vendido por Roma a particulares, como um cargo comissionado. Esses homens, os publicanos, tornaram-se uma categoria muito poderosa nesta nova configuração. A sede da República continuava sendo comandada pelo Senado, que se fortalecia a cada dia, e os tribunos da plebe começaram a enriquecer e se afastar de seus representados. Os camponeses, deslocados para o esforço de guerra, retornando às suas casas, tinham dificuldades em retomar o ritmo de suas lavouras, que resultava em endividamento e insatisfação. Estão aí todos os elementos que vão destruir a República Romana. Os problemas começaram movidos pela velocidade da expansão da República. Mesmo com a estrutura de cobrança de impostos aos povos submetidos, a Sede do regime não teve forças para solucionar os problemas dos cidadãos de Roma. O número de escravos cresceu tão grande e desordenadamente que começou a ser uma séria ameaça a unidade romana. As revoltas destes se sucediam; porém, a escravidão continuava a crescer e a partir do século II a.C. elas se sucederam e abalaram o sentimento de segurança de patrícios, plebeus e clientes. Foi neste contexto atribulado que surgiram duas figuras importantes deste período de transição e mudança da história romana: Caio e Tibério Graco. Estes dois irmãos foram tribunos de Roma, pertenciam à classe dos patrícios, porém, atuavam de forma mais liberal e progressista. O mais velho, Tibério, propôs uma lei que limitava a extensão das terras públicas que uma família poderia ter, era algo como uma reforma agrária com a distribuição de terras que não poderiam ser alienadas por aqueles que tivessem o direito de as explorar. A família alojada no lote de terra teria o direito de cultivar, colher e comercializar o produto da terra sem, porém, poder vendê-la em parte ou totalmente. A proposição de algo tão contra os interesses dos patrícios conquistou inimigos para Tibério Graco, que foi assassinado antes de assumir seu segundo mandato como tribuno. O mais moço, Caio Graco, eleito Tribuno em 124 a.C., foi mais radical nas suas propostas de lei. Procurou restringir o poder do Senado, retirando dos Senadores a atribuição de fazer o papel de Juiz, transferindo esse poder para a categoria dos comerciantes – ou cavaleiros. Caio teve o mesmo destino de seu irmão, sendo assassinado juntamente com um grande número de seus partidários. O fim anunciado da República veio com a guerra civil e o conflito entre dois grandes generais: Mário e Silas. Nessa época, Mário implantou reformas importantes na direção de profissionalizar o exército de Roma. Os soldados passaram a ter um soldo – salário – e o recrutamento feito entre a classe dos proletários – homens que não possuíam bens e cuja única riqueza era a prole – , pois estes tinham grande interesse nos salários e, por isso, seriam mais fiéis e disciplinados. No momento em que Silas foi enviado para conter uma revolta na posse de Roma no Oriente, Mário, seguro com a ausência do primeiro, tomou o poder em Roma e se proclamou ditador vitalício. Foi dado o golpe de misericórdia na República Romana. Com o retorno de Silas e sua vitória sobre Mário, a república não foi restaurada, mas, uma nova ditadura se instalou; onde os tribunos perderam seu papel, a assembléia popular foi submetida e a justiça voltou às mãos das classes dominantes. Em 79 a.C., Silas abdicou de seu poder. O Império Romano No Século I a.C. a República de Roma estava enfraquecida, exaurida pelo crescimento acelerado do território, pelas lutas de conquista externa e pela luta interna pelo poder político. Neste contexto, surge Júlio César que vai inaugurar, de fato, a fase imperial da Roma antiga. César era um grande general que foi nomeado Pretor em 62 a.C., foi eleito Cônsul por volta do ano de 59, e nesse período formou com Pompeu e Crasso o Primeiro Triunvirato. OTriunvirato é um governo dividido por três pessoas. Ajudado por Crasso e Pompeu, César conquistou toda a Gália, adquirindo uma reputação de grande guerreiro e líder sem precedentes. Após a morte de Crasso, César começou a entrar em conflito com Pompeu e com o Senado Romano, procurando impor sua vontade a ambos. Com o fim de seu mandato, César, que estava governando na Gália, foi convocado pelo Senado a ir até Roma e propor nova candidatura. Na verdade, o Senado queria retirá-lo de perto de suas tropas, para assim submetê-lo; César percebeu essa estratégia do Senado e marchou sobre Roma. Vencidos os Senadores e Pompeu, César assumiu as funções de Tribuno e Cônsul, mantendo nas aparências a República que na verdade era sua ditadura. Ele teve no seu governo o apoio das classes baixas da Assembléia Popular e do Exército. Ele foi o responsável pela ascensão ao poder da rainha Cleópatra por volta de 47 a.C. Terminou sendo assassinado, em 44 a.C., por Brutus, seu filho adotivo, e por outros conjurados republicanos. César morto, seus fiéis seguidores, Marco Antônio e Lépido garantiram, com suas tropas, o controle sobre o Senado e, com isso inauguraram o Segundo Triunvirato. Aparece então Otávio, sobrinho do falecido Júlio César, exigindo os bens de seu tio que haviam sido confiscados, além de participação no governo. Lépido e Marco Antônio se recusaram a atender as exigências e Otávio, com o apoio do Senado, assumiu o cargo de Cônsul e condenou Brutus e Cássio, assassinos de César. Com o poder que conseguiu, Otávio conseguiu impor sua vontade. Lépido e Marco Antônio terminaram por aceitar dividir o poder, começando, assim, o Segundo Triunvirato. Os três Governantes firmaram um acordo de ficar no poder por cinco anos, com poderes ilimitados, para reorganizar o Império Romano. Com o Segundo Triunvirato, Antônio foi para os domínios de Roma no Oriente, e travou conhecimento com Cleópatra, que viria a ser a posterior causa de sua ruína e morte. Otávio ficou em Roma desapropriando terras para efetuar os pagamentos dos soldados, enquanto Marco Antônio doava províncias romanas para os herdeiros de Cleópatra, filhos dos dois, mas que, para Roma, não passavam de estrangeiros. Otávio, aproveitando-se disto, apresentou Marco Antônio como um traidor de Roma, e, em 34 a.C., com a ajuda de tropas fiéis a Roma e ao Senado, Otávio derrotou Antônio, Cleópatra suicidou-se, ficando assim o caminho livre para Otávio ser o primeiro Imperador de Roma. Otávio instaurou, sem mais oposições, um principado, recebendo o título de Augusto. Implantou algumas mudanças na organização do Estado, sendo algumas: liberou os camponeses de servir ao exército, profissionalizando-o totalmente; nomeou funcionários para fiscalizar os coletores de impostos para evitar corrupção e desvios e realizou várias obras de urbanização. Sua habilidade administrativa e o controle que conseguiu sobre o Senado e as demais classes desta sociedade, abriu um período próspero na história romana, conhecido como Pax Romana. Após Augusto, os Imperadores que se sucederam não foram tão eficientes na administração de Roma. Seus governos tiveram um caráter mais personalista e corrupto, na dinastia Antonina aconteceu um período de governo despótico – autoritário. Em 212, a cidadania romana foi estendida a todos os homens livres, ao mesmo tempo em que o controle sobre as colônias se estabilizou, os seus recursos foram se esgotando, Roma exauriu um a um dos territórios dominados. Nos séculos III e IV da era Cristã, os escravos foram se tornando um peso para seus senhores e se instalou novamente em Roma um clima de instabilidade política e social. No começo do século III, os imperadores começaram a se investir de caráter divino, para com isso obter o controle mais eficiente das massas revoltosas. Devido a grande dificuldade de controlar um território tão grande, passou a haver uma Diarquia – governo de dois reis -, que logo se mostrou ineficaz, passando-se a uma tetrarquia – governo de quatro reis. Com a admissão de estrangeiros no exército, os altos postos de comando militar ficaram com os homens da cavalaria, perdendo a classe senatorial mais essa área de influência. Foi com a ascensão ao poder de Constantino que o último fator de desagregação do Estado romano adquiriu visibilidade: o cristianismo. Embora a intenção de Constantino fosse angariar a simpatia de seus soldados – nesse momento, cristãos em sua maioria – foi através desta religião nova e monoteísta que a estrutura do Império terminou de falir. Com o cristianismo sendo a religião oficial do Império, no governo de Teodósio I, em 395, as diferenças entre o Império Romano do Ocidente e o do Oriente se acentuaram de maneira irreversível. Roma já não podia ser administrada eficazmente, haviam dois estados opostos dentro de um. Com a morte de Teodósio Roma foi dividida entre Oriente, sob o comando de Arcádio, e Ocidente governado por Honório, ambos filhos do Imperador falecido. Todas estas contradições aliadas as invasões constantes de povos bárbaros, além da falência do modo de produção escravista, em meados do século V, pôs fim ao gigantesco Império Romano.