ESTRATÉGIA COMPETITIVA E LOGÍSTICA: AS DIFERENÇAS ENTRE GOIÁS E MATO GROSSO NO SETOR SUCROALCOOLEIRO. ESTRATEGIA COMPETITIVA Y LOGÍSTICA: LAS DIFERENCIAS ENTRE GOIÁS Y MATO GROSSO EN LA INDUSTRIA DEL ETANOL Autor: Wanderson R. Z. Da Silva - Universidade Federal do Rio de Janeiro Email: [email protected] Resumo Nos últimos anos o Centro-Oeste tem aumentado expressivamente a sua produção de etanol: Goiás está em um dos eixos de expansão produtiva paulista e seu circuito tem se modernizado, reflexo disto é que, em 2011/2012 sua produção cresceu aproximadamente 36 % em relação à de 2008/2009. Já Mato Grosso passa por uma reestruturação de suas antigas usinas, procurando se ajustar ao paradigma modernizado da produção de etanol, de acordo com UNICA (2013) sua produção de 2011/2012 retraiu cerca de 11% em relação à de 2008/2009. Aliada a esta situação, estes estados têm sofrido atualmente perdas em competitividade no momento do transporte que afetam o crescimento goiano e, da mesma forma, contribuem para a retração mato-grossense. Tanto em Goiás quanto em Mato Grosso grande parte do transporte é realizada pelo modal rodoviário, inclusive para longas distâncias; e até mesmo para curtas distâncias, o uso desse modal enfrenta outro problema que é a precariedade das estradas existentes. Portanto esses aspectos tornam essa dependência do modal rodoviário um grande gargalo logístico a ser superado, para acelerar este processo de reestruturação deste espaço regional. Resultados preliminares já demonstram uma dinâmica muito intensa nessas regiões relacionada aos grandes projetos logísticos de nível nacional que anunciam aumentar a competitividade dessas áreas, tanto interna quanto externamente, em um curto espaço de tempo. Resumen En los últimos años, la región Centro-Oeste ha aumentado significativamente su producción de etanol: Goiás está en uno de los ejes de la expansión productiva de São Paulo y su circuito ha sido modernizado reflejo de ello es que en 2011/2012 la producción aumentó un 36% en comparación con 2008/2009. Mato Grosso ya pasando por una reestructuración de sus plantas viejas, buscando adaptarse a la producción de etanol paradigma modernizada, la producción de 2011/2012 atrajo alrededor del 11% con respecto a 2008/2009. Junto a esto, estos estados actualmente han sufrido pérdidas de competitividad en el transporte que afectan VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 1 el crecimiento y Goiás, así mismo contribuir a la retracción mato-grossense. En Goiás y Mato Grosso gran parte del transporte se realiza por carretera, incluso para largas distancias, e incluso para distancias cortas, el uso de este modo se enfrenta a otro problema que es la precariedad de las carreteras existentes. Por lo tanto estos aspectos hacen de esta dependencia en el transporte por carretera un importante cuello de botella logística que hay que superar para acelerar este proceso de reestructuración del espacio regional. Los resultados preliminares muestran ya una dinámica muy intensa en estas regiones relacionadas con grandes proyectos de logística en todo el país que se anuncian para aumentar la competitividad de estas áreas, tanto a nivel interno como externo, en un corto tiempo. Palavras-chave: Etanol, Transporte, Competitividade, Logística, Desenvolvimento Regional. Palabras clave: Etanol, Transporte, Logística y Competitividad, Desarrollo Regional. Eixo de inscrição do trabalho: 6. Modernização da Agropecuária e Reestruturação Produtiva 1.0 Introdução A logística possui um papel de grande importância no que se refere à competitividade e no setor sucroenergético não é diferente. “Pequenas e grandes empresas estão atuando de forma agressiva no mercado globalizado, criando alternativas estratégicas e agressivas na busca da competitividade, buscando a todo custo posicionar-se estrategicamente como organizações eficientes no mercado em que operam.” (Carrera, 2006). Diante disso este trabalho se propõe a analisar as estratégias competitivas, em termos de logística, das empresas e dos seus respectivos estados a fim de torná-los competitivos em seus habituais e futuros mercados e ainda quais são os impactos das ações dos agentes e da distribuição desses objetos técnicos na reestruturação do espaço agrário, tendo as redes logísticas como vetores de desenvolvimento Local/Regional. Para isso, foi analisado tanto o que já existe em termos de Logística quanto às novas possibilidades - os novos projetos logísticos em Goiás e Mato Grosso - que visam conferir a eficiência e fluidez necessárias à produção e escoamento de etanol. Foram utilizados dados secundários obtidos em diferentes instituições, como o SIDRA-IBGE, UNICA, CONAB, UDOP e ESALQ, buscando, através da sistematização deles, identificar os principais atores envolvidos e os projetos logísticos atuais e como estes estão distribuídos no espaço. Também foram utilizados dados primários obtidos em trabalho de campo nas regiões pelo grupo de pesquisa Núcleo de Estudos Geoambientais (NUCLAMB-UFRJ) em Goiás nos primeiros semestres de 2011 e 2013 e em Mato Grosso no VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 2 segundo semestre de 2011, para entender como os atores se relacionam dentro do circuito e como estes se relacionam com a reorganização do espaço regional. A problemática será discutida a partir dos conceitos de Vantagem competitiva (PORTER, M. 1989) Logística (CASTILHO, 2007), Circuito espacial da produção (CASTILLO & FREDERICO, 2010b) e Espaço (SANTOS, 2006) Desenvolvimento (VASCONCELLOS e GARCIA, 1998.). 2.0 Redes logísticas e desenvolvimento territorial O processo de integração do espaço econômico mundial e o dinamismo comercial advindo disso provocaram um aumento substancial na intensidade e na velocidade dos fluxos materiais e imateriais nas diversas escalas geográficas. Por tanto a reestruturação espacial produtiva no campo, fruto desta modernização da agricultura, vem promovendo uma interação rural-urbana cada vez mais intensa por meio de fatores técnicos e normativos, típicos do meio técnico-científico-informacional, difusos pelo território, que associado à evolução dos transportes possibilitou o “aperfeiçoamento das atividades econômicas e a especialização produtiva dos lugares, principalmente áreas com grande aptidão agrícola” (SANTOS, H. 2012 p.01) e proporcionaram a organização das atividades e relações produtivas em redes cada vez mais densas que facilitam o processo de desterritorialização e reterritorialização das atividades produtivas em novas áreas. No paradigma produtivo atual, ambos estes processos evidenciam o papel central da circulação nos circuitos produtivos e afirmam o papel ativo do espaço geográfico na organização destes, isso significa dizer, que estamos diante da reafirmação dos Circuitos espaciais da produção (CASTILLO & FREDERICO, 2010b p. 463), A noção de circuito espacial produtivo enfatiza, a um só tempo, a centralidade da circulação (circuito) no encadeamento das diversas etapas da produção; a condição do espaço (espacial) como variável ativa na reprodução social; e o enfoque centrado no ramo, ou seja, na atividade produtiva dominante (produtivo) Pode se dize então os circuitos espaciais da produção deslocam a competitividade das empresas para o espaço geográfico, a medida que este, formado por um “conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações” (SANTOS, M. 1996 p. 51) regula o uso do território e o acesso aos bens materiais e imateriais resultantes dessa articulação, gerando uma a dinâmica seletiva dos fluxos no território que favorece a competitividade de atores evolvidos. VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 3 Diante disso a logística, entendida por CASTILHO (2008) como “a expressão geográfica da circulação corporativa,” cabe o papel de racionalização e ordenamento dos fluxos garantindo eficiência e fluidez territorial necessária ao escoamento da produção (logística funcional) – que permite a conexão eficiente com as redes de circulação globais – e, também, segundo MONIE (2003), o papel de articular os fluxos dentro de um dinâmico sistema de interações entre os agentes, integrando-os territorialmente (logística territorial) e agregando valor a esses fluxos ao movimentar “os recursos econômicos, sociais, políticos e culturas localizados, a serviço das redes materiais e imateriais que qualificam a competitividade regional” (MONIE, 2003 p. 78), pois seja a logística funcional ou territorial, deve proporcionar vantagem competitiva, por meio de são eles o menor custo de transporte e a diferenciação do produto, segundo PORTER (1989 p. 48), a vantagem competitiva se divide em dois tipos: Menor custo (capacidade de projetar, produzir e comercializar de forma mais eficiente que os outros competidores) e diferenciação (proporcionar um valor excepcional e superior em termos de qualidade do produto) A vantagem competitiva de qualquer dos dois tipos se traduz em produtividade superior a dos concorrentes. Diante disso a logística parte da premissa de racionalizar estes fluxos, reduzindo os custos produtivos, proporcionando eficiência no escoamento, mas também nas interações entre os agentes em seus respectivos territórios e promovem a diferenciação a partir do momento que essas redes logísticas que agregam valor a esses fluxos, materializando-os no território. Proporcionando, assim, a coerência necessária ao processo produtivo para alcançar o desenvolvimento desses lugares, pois nas palavras de VASCONCELLOS e GARCIA, (1998, p. 205), O desenvolvimento, em qualquer concepção, deve resultar do crescimento econômico acompanhado de melhoria na qualidade de vida, ou seja, deve incluir “as alterações da composição do produto e a alocação de recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social”. Essa coerência surge a partir do momento que, de acordo com SILVA (2003), a logística passa a extrapolar os limites do intrafirma e adquire uma dimensão territorial articulada através das redes, de forma aberta e transversal – permitindo a participação de novos atores VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 4 voltados para operação, gestão e controle logístico, estimulando a economia da circulação (SILVA, 2003) – e por meio do território se vinculam as políticas públicas de desenvolvimento e portanto como diz MACHADO (2006) que desenvolvimento regional vai depender, então, do grau de cobertura pelas redes logísticas do território, a medida que pela “mobilização dos atores locais voltada para a definição de políticas publicas integradas, por ações em prol do crescimento da atividade logística, e afinal, por uma participação expressiva na geração de riqueza, emprego e trabalho” MONIE (2011 p.164) transformando assim a atividade logística em um vetor de desenvolvimento. 3.0 Concentração, reconcentração e desconcentração: A forma como a produção se organiza espacialmente definem a organização dos fixos e fluxos nos sistemas de interações, ou seja, o padrão de concentração/desconcentração ou territorialização/desterritorialização refletem no ordenamento de tais fluxos e na alocação de recursos técnicos e infraestruturais para estruturação das redes logísticas. Portanto o processo de concentração e reconcentração da atividade canavieira no Brasil é de suma importância para entender a construção histórica deste sistema de interações e funcionalidade logística. A produção de açúcar e álcool no Brasil desde o período colonial esteve concentrada na região litorânea do Nordeste do Brasil, por questões de proximidade com o mercado europeu, reduzindo o tempo e o custo de transporte. No século XVII, São Paulo passou a competir com o Nordeste na produção de cana-de-açúcar pela grande disponibilidade de terras agricultáveis e pela proximidade com o Rio de Janeiro, via de escoamento portuário na época, já na década de 30, como afirma TSUKADA (2011) o centro-sul reduziu os custos de produção de forma que o custo do transporte para a fosse praticamente anulado, com isso o Nordeste ficou em desvantagem e a hegemonia do setor mudou de eixo. Com a criação do Instituto do Açúcar e do Álcool - IAA, em 1933, organizou-se as bases para o aumento da produção alcooleira nacional por meio de financiamentos de destilarias anexas às usinas de açúcar. Em 23 de setembro de 1938, o decreto-lei n° 737, estendeu a mistura de 5% de álcool à gasolina produzida no país, com a implantação da primeira refinaria nacional de petróleo (NOVACANA, 20121), com isso São Paulo ganhou em proximidade do mercado de consumo recém-criado e, ainda, com a fixação de preços para 1 Fonte: Historia da cana - disponível em: http://www.biodieselbr.com/proalcool/historia/proalcool-industriasucroalcooeira.htm VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 5 a atividade açucareira, o estado obteve elevadas taxas de lucro, uma vez que os preços eram balizados a partir dos custos das áreas mais distantes do centro de consumo, e a partir daí começou a modernizar sua atividade produtiva, pois os excedentes passaram a ser investidos no setor agroindustrial. Junto a isso, com o destaque, nas décadas posteriores, do centro-sul nas relações comerciais, o aumento populacional e a concentração industrial reduziu a importância de Nordeste que ainda reproduzia as relações arcaicas de produção. O sistema produtivo de etanol passou por vários períodos de estruturação e reestruturação do setor marcado por forte regulação e protecionismo estatal. Entre eles, o do Programa Nacional do Álcool - PROALCOOL foi de grande importância para o setor já que através do IAA controlava a oferta do produto por meio de um sistema de cotas de produção e, como já mencionado, estabelecia os preços de mercado. Essa política ao mesmo tempo em que viabilizava a estabilidade do setor com Estado subsidiando a modernização e o avanço da produção da cana-de-açúcar, permitiu o deslocamento dos polos de produção agroindustriais para outros estados do Centro-Sul do país (Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso). São Paulo, segundo TSUKADA (2011) teve em suas as políticas como Plano de Desenvolvimento do Oeste do Estado de São Paulo, (PRO-OESTE) através do Programa de Expansão da Atividade Canavieira para Produção de Combustível do Estado de São Paulo (PROCANA) dentro do estado de São Paulo garantiram a consolidação da produção de açúcar e álcool. Essas políticas foram as bases dessa consolidação produtiva em São Paulo, à medida que estas procuravam resolver os problemas de expansão e modernização do parque industrial do etanol que, e diante da conjuntura sociopolítica e socioeconômica do período, as principais instituições de pesquisa e desenvolvimento do setor sucroalcooleiro, e também o setor MetalMecânico, com destaque para os fabricantes de equipamentos de base do ramo como a Dedini e a Zanini, ficaram concentradas no estado de São Paulo. Em Mato Grosso, onde há registro da atividade canavieira no estado desde o século XVIII, baseado na produção de açúcar para escoamento por meio da Bacia do Paraguai/Prata, mas somente entre 1970 e 1980 com os incentivos fiscais e do Proálcool, o setor expandiu na região, quando foi modernizado e reorientado para a produção de etanol. Da mesma forma Goiás, também neste mesmo período, teve os incentivos do governo federal como indutor da produção sucroalcooleira através de políticas públicas como o Programa de Desenvolvimento das áreas do Cerrado (POLOCENTRO), que visava alterar a base técnica agropecuária investindo em pesquisa, por meio da Embrapa, e desenvolvendo tecnologias para plantio em solos de baixa fertilidade, como o do cerrado, para estimular o avanço da fronteira agrícola VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 6 (CARRIJO, 2008). Apesar dessa desconcentração da produção pela região centro-oeste, esses localidades permaneceram com uma produtividade muito reduzida e grande capacidade ociosa quando foram reorientadas para o a produção de álcool e o mercado prioritário ficou sendo as regiões de maior expansão dos veículos bicombustíveis em São Paulo e no Rio de Janeiro e, portanto aquelas regiões ficaram isoladas deste mercado em ascensão. Porém, como o governo subsidiava toda a produção não havia necessidade de se preocupar com a competitividade do produto, diante disso, a integração logística dessas novas regiões produtoras com o mercado consumidor do sudeste foi baseada em rodovias de penetração (TSUKADA, 2011) mesmo sendo o uso deste modal de transporte considerado inadequado para longas distâncias e para o tipo de produto transportado, sendo este de baixo valor agregado, mas os usineiros não precisavam se preocupar com competitividade do processo de circulação dessa produção, pois como afirma TSUKADA (2011) citando RUAS (1996 p.161) o governo “se comprometia a cobrir 90% do custo do transporte em terra, armazenagem no porto e a estiva, além de assumir os possíveis prejuízos se o preço de exportação ficasse abaixo do preço do mercado interno”. Diante disso, nota-se que o processo de regionalização da produção de sucroalcooleira no Brasil, passou por vários momentos diferenciados de acordo com a conjuntura política econômica do país, no entanto ficou evidenciado o papel das políticas publicas no reordenamento territorial da produção. No entanto, todo esse processo teve como grande beneficiado o estado de São Paulo que despontou no setor, tendo grande produtividade e baixo custo de produção e, portanto concentrou além da produção agrícola e industrial, a pesquisa tecnológica, o setor de maquinário de base agroindustrial e um amplo mercado consumidor de etanol do Brasil a partir da fabricação e ampliação da frota de veículos bicombustíveis, foram fatores importantes para o desenvolvimento dessa região em que se consolidou o setor sucroalcooleiro. 3.1 A desconcentração agroindustrial: Um novo cenário regional Entender como se deu o processo de concentração da agroindústria canavieira em São Paulo é de grande importância, para compreender o processo atual de expansão do setor no Brasil, visto como afirma CASTILHO (2010) citando SANTOS (1986, 1996), o espaço geográfico pode ser compreendido como uma acumulação desigual de tempos e, pois os aspectos da internacionalização do capital do capital atual devem VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 7 ser relacionados às heranças espaciais de cada pais [lugar ou região], articulando as relações de produção do passado as atuais. Isso pode ser verificado com permanência de São Paulo como estado hegemônico no setor – mesmo com o enfraquecimento da tutela estatal e extinção do IAA – a partir da década de 90, em que houve uma desregulamentação do setor sucroenergético, e este passou a ser orientado por uma política neoliberal, e as usinas novamente regidas pelas leis do mercado internacional. Como corrobora MONIE (2003 p.57), “a globalização reativa a competição entre os territórios para a captação de fluxos de bens, capitais e informações que circulam em volumes cada vez maiores no espaço econômico mundial” e este processo de inserção dos espaços regionais e locais neste novo paradigma político-econômico ocorre de forma desigual de acordo com a capacidade diferenciada dos lugares de dispor espacialmente infraestruturas para captar e fazer circular os fluxos materiais e imateriais, situação que se tornou necessária para a qualificação do espaço regional. Como afirma PAULILHO (2000, p.26-27), “analisar a combinação complexa do espaço global e das localidades significa penetrar em um jogo de relações, formas, organizações e infraestruturas, em seus distintos níveis de interação e contradição” posto isso, a análise da formação da economia regional deve ser contextualizada seletivamente, nos diversos níveis escalares, pelo capital hegemônico levando em consideração a diversidade de definições sociopolíticas e socioeconômicas que diferenciam os lugares, principalmente, nos espaços hegemônicos de tempos e fluxos acelerados em que a eficiência produtiva e logística tem modificado essas estruturas organizacionais e reorganizando territórios produtivos em favor da competitividade regional. Neste paradigma o crescimento econômico de São Paulo, nos últimos anos aliado a diversificação da produção industrial e agrícola, da urbanização e consequente ampliação da oferta de serviços para o setor, se desenvolveu economicamente estabelecendo conexões, vínculos logísticos entre as diferentes etapas do circuito produtivo dispersas no estado, agregando valor a produção e fortalecendo a economia da circulação, por meio da articulação entre centros logísticos integrados e plataformas multimodais, armazéns e portos secos que interligam os diversos prestadores e operadores de serviços logísticos aos outros agentes do circuito. Contudo, com o crescimento econômico e intensificação do processo de urbanização nestas áreas, os fatores repulsivos ao setor sucroalcooleiro foram surgindo e ocasionando a redução das taxas de lucro por conta do encarecimento da mão de obra agrícola e industrial, a valorização do preço da terra e a legislação ambiental mais rígida, principalmente contra o uso VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 8 de agroquímicos. Diante disso, o setor começou a se expandir novamente em áreas de cerrado buscando vantagens competitivas que proporcionem maior competitividade às empresas. A partir daí começam a se estabelecer novas áreas produtoras de cana-de-açúcar no centro-sul de Goiás e mais recentemente no sudeste de Mato Grosso, áreas que foram escolhidas visando à mecanização do plantio e colheita, ou seja, já enquadradas no paradigma moderno de produção. Enquanto isso, áreas que reproduziam a forma tradicional de produção e entraram e decadência, sem o apoio do IAA, como é o caso do Sudoeste Mato-Grossense que vem perdendo espaço no cenário produtivo nacional em virtude da baixa produtividade tanto agrícola quanto industrial e sérias limitações ambientais que impedem a expansão das áreas de cana-de-açúcar – como a proximidade com a área de proteção do bioma pantanal e o Zoneamento Agroecológico no estado – esta deficiência fica ainda mais evidente na comparação entre a produção Goiana que está na nova área de expansão, (ver tabela 1) que está em continuo crescimento enquanto aquela se manteve praticamente constante. Tabela 1: Evolução da produção de cana de etanol em Goiás e Mato Grosso. 2005 a 2012 Portanto, com essa nova lógica as diferenças técnicas de uma região para outra permitem a diferenciação entre o novo (moderno) e velho (obsoleto) e o velho em processo de mudança (reestruturação), no entanto, não significa dizer que é um processo puramente técnico, mas sim um processo de construção histórica de acumulação e diferenciação espacial, como afirma SANTOS (1996, p. 177) [...] Os objetos preexistentes vêem-se envelhecidos pela aparição dos objetos tecnicamente mais avançados, dotados de qualidade operacional superior [...] esta [a competitividade] induz a um uso acelerado, e rapidamente substituído, de novos-novos-novos objetos, de novas-novas-novas formas de organização. Esse resultado imperativo da competitividade faz com que equipamentos e lugares se tornem rapidamente envelhecidos e sejam declarados incapazes ou insuficientes para fornecer novos esforços úteis. Com isso, as diferenças regionais do setor no Brasil são frutos dessas mudanças técnicas que se constituíram historicamente e desta desconcentração em curso, constituem um mosaico VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 9 técnico-produtivo, em que se encontram áreas em obsolescência: são as que não acompanham a modernidade, perderam a capacidade polarizadora; (como no Rio de janeiro, em que o setor está quase extinto) e em processo de reestruturação: que estão tentando se enquadrar nesta nova lógica competitiva – como Sudoeste Mato-Grossense – mas que apresentam sérias limitações produtivas. Têm-se, ainda, as áreas modernas de expansão recente: aquelas que estão sendo inseridas na nova lógica vigente de expansão agrícola e industrial (como o Sudeste Mato-Grossense e o Centro-Sul Goiano) e o Oeste paulista, região de produção consolidada, que concentra todas as etapas da cadeia produtiva moderna de produção de etanol e agregação de valor. Apesar da desconcentração agrícola e industrial em curso delinear os contornos de uma reorganização regional da produção sucroalcooleira no Brasil, São Paulo não perdeu sua hegemonia frente ao setor, muito pelo contrário, ele o centraliza cada vez mais, visto que, as instituições de pesquisa e desenvolvimento, indústrias de base do setor, o saber-fazer (knowhow) especializado e a demanda de consumo de etanol ainda estão ali localizados. Estas regiões se articulam através das infraestruturas logísticas e são dinamizadas pelos fluxos com os centros urbanos. Em ambos os estados, foram verificados dois tipos de relações, que se diferenciam na qualidade dos fluxos: uma entre o campo e a cidade próxima, geralmente fluxo de trabalhadores, alguns agroquímicos e maquinário agrícola comercializado localmente; e a outra relação existe entre o campo e a cidade distante – no caso cidades do estado de São Paulo tais como Piracicaba, Campinas, Sertãozinho e Paulínia – de fluxos de serviços especializados, maquinário agrícola de precisão e industrial de alta tecnologia e de mercadorias acabadas. Portanto São Paulo se torna um nó central dessa rede de fluxos interregionais demonstrando que os processos de reestruturação e desconcentração espacial acentuaram os vínculos de complexidade este estado. 4.0 Comparação entre a logística de Goiás e Mato Grosso: A busca por competitividade. Diferente de São Paulo onde a cadeia produtiva do setor sucroenergético (pesquisa e desenvolvimento tecnológico, indústria de base, disponibilidade de matéria prima, insumos e atividade agroindustrial consolidada e amplo mercado de consumo) está completa, e é utilizada logística como um instrumento garantir mobilidade dos recursos entre os diversos atores constantes no território, colaborando para o seu desenvolvimento territorial. Goiás e Mato Grosso se diferenciam desta realidade, pois concentram apenas uma etapa da cadeia VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 10 produtiva (a produção), a logística voltada para o escoamento eficiente da produção, faz com que a interação com São Paulo seja muito mais intensa que com as cidades próximas e pouco estimula o desenvolvimento dessas regiões. Diante disso, para essas áreas dependentes da região consolidada e distantes do mercado de consumo, a exigência de eficiência do transporte passa pela esteira da competitividade em que a busca pela redução dos custos operacionais e do aumento da flexibilidade dos transportes e velocidade dos fluxos de mercadorias buscam comprimir o espaço-tempo (Harvey, 1993) para garantir a acessibilidade desses setores em seus respectivos mercados com o menor preço e no tempo certo. Atualmente em ambos os estados (Goiás e Mato Grosso) concentram apenas a etapa industrial e agrícola do circuito produtivo do etanol e, portanto praticamente todos os insumos agrícolas e industriais tem que ser transportados de São Paulo por meio de rodovias. Na área agrícola, as usinas utilizam as variedades de cana-de-açúcar vindas em sua maioria do Instituto Agronômico de Campinas - IAC, do Centro de Tecnologia Canavieira - CTC em Piracicaba e também das variedades da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. O maquinário agrícola é revendido localmente nestas regiões, mas a maioria destes insumos agrícolas utilizados nas lavouras de cana-de-açúcar vem diretamente das empresas localizadas em São Paulo, pois a usina adquire um “pacote tecnológico”, de grande porte para uso em terras próprias e arrendadas para reduzir os custos do transporte e eliminar custos embutidos por terceiros na composição do preço do insumo comercializado na região. Todos os maquinários industriais precisam ser trazidos diretamente da Dedine localizada São Paulo, inclusive no período de entressafra quando toda a usina é desmontada para manutenção, os maquinários que não podem receber manutenção no local são postos em carrocerias de caminhão e transportadas até a fábrica da Dedine e depois retornam pela mesma via. Estas situações, além de configurarem fatores negativos no que concerne a competitividade, pois eleva os custos de produção com o transporte de insumos pelo modal rodoviário a distâncias consideráveis; dificulta o crescimento econômico do entorno, pois pouco dinamiza o comércio local. No entanto, apesar de ser um fator de desvantagem competitividade para ambas as regiões, esse quadro ainda é mais prejudicial para o sudoeste de Mato Grosso, do que para a região centro-sul goiana, pois aquele está mais distante de São Paulo. Entre a área agrícola e a Industrial, a logística é um problema grave, pois a cana-deaçúcar tem um tempo de decomposição curto, significa que, logo depois de colhida ela começa a reduzir o seu teor de sacarose, diminuindo sua produtividade. Por isso, necessita de VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 11 um transporte rápido – motivo pelo qual após a colheita não há armazenamento de cana cortada – diretamente para as moendas, e isso exige um fluxo constante de matéria prima que tem como fator limitador as péssimas condições das estradas no entorno das usinas, sendo este um problema recorrente em quase todas as usinas da região. Este problema torna a proximidade geográfica entre a usina e seus canaviais uma estratégia logística necessária, (ver tabela 2), pois quanto menor a distância, menor é o tempo e o custo do transporte e maior são os ganhos em produtividade. Tabela 2. Distância média entre o Canavial e a Usina em Goiás e Mato Grosso em 2010 Estado Distância média entre o Canavial e a Usina em porcentagem até 20KM de 20 a 40KM Acima de 40KM Goiás 55,50 32,00 12,50 Mato Grosso 56,00 27,00 17,00 Elaboração: Wanderson silva Fonte: Conab/Suinf Analisando esta tabela, sendo os valores ate 20 km, o ideal; de 20 a 40 km, razoável e; acima de 40 km, ruim, percebe-se que Goiás leva uma ligeira vantagem neste quesito, pois tem menos lavouras localizadas acima de 40 KM, apesar disso, esta situação evidencia que a péssima condição de conservação das estradas no entorno é um grande fator de desvantagem competitiva para ambas as regiões, pois se as estradas no entorno estivessem em bom estado de conservação as usinas poderia transportar cana cortada a aproximadamente 120 km de distância com os mesmos custos que são praticados atualmente em apenas 30km. Com relação ao Armazenamento, tanto Goiás quanto Mato Grosso, pode ser considerado eficiente e competitivo neste sentido. Com capacidade de armazenar aproximadamente 70% do total produzido nestes estados, em termos de comparação, São Paulo possui capacidade de armazenamento de apenas 55% do total de etanol produzido no estado, entretanto conforme aumentar a quantidade produzida nestas regiões, que atualmente nem se comparam com a produção paulista, portanto pode se verificar que, se o sistema de armazenagem não acompanhar este aumento a eficiência do armazenamento deve ser reduzida também. Tabela 3. Capacidade Media de Armazenagem de etanol em m³ VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 12 Capacidade média de armazenagem de etanol em m³ Estado Total Por unidade produção/armazenagem Goás 1530000 41000 70% Mato Grosso 530000 58900 64% Elaboração: Wanderson Silva Fonte: Conab/Suif O sistema de armazenamento desses dois estados trás inúmeras vantagens competitivas, pois como o acondicionamento é feito dentro da própria usina evita custos com transporte e proporciona ganhos comerciais com a estocagem do produto para comercialização na entressafra. O segundo é que a estrutura formada por bases primárias e secundárias de armazenamento de etanol em fluxo de escoamento (descritas na Figura 1) também proporcionam ganhos logísticos consideráveis uma vez que, as bases primárias estão localizadas próximas das áreas de produção e as bases secundárias estão localizadas próximas às áreas de consumo. E em terceiro lugar as tecnologias de informação do acondicionamento, que permitem aferir a condição do etanol armazenado de hora em hora e saber qual tanque deve ser escoado primeiro como de forma a garantir a qualidade do etanol e evitar perdas. 4.1 A infraestrutura atual e a projetada para o escoamento de etanol: As diferenças entre Goiás e Mato Grosso em termos de infraestrutura logística. Atualmente o sistema de escoamento do etanol de modo ideal, levando em consideração menor custo, tempo e distância em função desse produto de baixo valor agregado, seria dado da seguinte maneira de acordo com Figueiredo (2005) e Xavier (2005) (ver figura 1): Os fluxos primários: para uma base primária, por transporte rodoviário ou ferroviário dependendo da distância, onde pode ser distribuído localmente ou ser transportado, por fluxo de transferência para uma base secundária por meio de ferrovia ou dutovia, sendo este ultima mais indicado pelo baixo custo operacional e de manutenção para longas distâncias. O fluxo primário também pode ser transportado diretamente dos tanques da usina para uma base secundária, também por ferrovia ou dutovia ou, ainda, integração inter/multimodal. Da base secundária, que está próximo aos centros de consumo, o fluxo de entrega para o qual o transporte adequado é o rodoviário pela flexibilidade exigida para a distribuição do produto nos postos de abastecimento. Figura 1. Estrutura de fluxos para escoamento de etanol VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 13 Como as infraestruturas não estão distribuídas de forma homogênea no espaço, em função das disponibilidades técnicas, financeiras e normativas constantes em seus respectivos territórios, Goiás e Mato Grosso se aproximam e se distanciam em certos aspectos de uma logística de transporte competitiva. Frente a isso os agentes buscam estratégias diferenciadas e novas soluções em logística para atender seus interesses e garantir a competitividade dos seus produtos em seus respectivos mercados de consumo. 4.1.1 Infraestrutura de escoamento em Mato Grosso Atualmente seu mercado é a região Norte do Brasil em função da baixa competitividade do etanol mato-grossense com relação ao goiano e o mineiro no mercado de consumo paulista, tendo o custo logístico um dos fatores que contribui em grande parte para isso. Por tanto o estado teria que dispor de modais de transporte mais adequados a longas distâncias e ao produto transportado, sendo o Dutoviário o mais indicado neste caso, enquanto Mato Grosso paga cerca de R$ 0,17 pelo litro do etanol somente no frete rodoviário, tanto para São Paulo quanto para norte do Brasil, com o etanolduto o custo ficaria em torno de R$ 0,05 o litro (LESSA, 2012), aproximadamente o Preço que Goiás pratica com o uso do Poliduto da Refinaria do Planalto Paulista (Replan) que vai de Senador Canedo (GO) até Paulínia (SP) A Logística de transporte para escoamento de etanol em Mato Grosso atualmente, em que, da área produtora, o combustível é transportado em direção à base coletora de Cuiabá, para distribuição no mercado interno por meio de rodovias. Para exportação se utiliza da intermodalidade, percorrendo 1200 km pela BR-364 até o terminal hidroviário de Porto Velho e dali é levado para abastecer da região Norte. Além dos custos com o transporte rodoviário VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 14 que é elevado, o estado ainda sofre com as atuais condições dessa estrada, de acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte2 (DNIT, 2013), a pista ainda é simples, apesar de já estar saturada com o intenso transito de veículos pesados, e com muitos trechos esburacados que faz com a uma viagem de aproximadamente 13h, se transforme em uma viagem de 16h. Futuramente o estado terá mais duas alternativas para sanar este gargalo logístico, estas voltadas para acessibilidade do mercado da região sudeste, através da instalação do transporte ferroviário, com a Malha Norte da ALL, que ligará Rondonópolis, e futuramente Cuiabá, ao Alto Araguaia e que complementará a Ferro Norte que segue até Santa Fé do Sul em São Paulo. Figura 2. Traçado Previsto da Ferronorte em Mato Grosso . Além disso, a região possui vários estudos e projetos focados na constituição do modal dutoviário que não saem do papel, entre eles o que se inicia no alto Taquari-MT, passando por Campo Grande-MS até chegar ao Porto de Paranaguá- PR, outro estudo seria o projeto pretende conectar Alto Taquari a Santos, passando pelos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul (bases de Costa Rica e Paranaíba), Minas Gerais e São Paulo (bases de São 2 Disponível em: http://www1.dnit.gov.br/rodovias/condicoes/ VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 15 José do Rio Preto e Paulínia), com capacidade de transportar 4 milhões de m³/ano (REIS, 2008). Porém o projeto mais rentável planejado para região seria o de conectar o Alto Taquari - MT a Jataí-GO, onde está em construção com previsão para operação em 2015 o Etanolduto projeto da Empresa Logum Logística. Figura 3. Logística atual e prevista para escoamento de etanol em Mato Grosso Como ficou claro durante a descrição e localização dos novos projetos logísticos no estado de Mato Grosso, estes estão concentrados na parte Sudeste de Mato Grosso e com isso novas usinas estão se instalando naquela área nos moldes da produção moderna, estando então, voltadas para o abastecimento da região Sudeste do Brasil, pois tem se investido maciçamente em eficiência logística para escoar a produção competitivamente, ao contrário da região em reestruturação que continua voltada para atender o Norte do Brasil. 3.1.2 Infraestrutura de escoamento em Goiás Em Goiás, para distribuição interna, há grande dependência do modal rodoviário pela flexibilidade e pela disponibilidade de rodovias que cortam as áreas produtoras de etanol da região. As principais rodovias (ver figura 5) utilizadas para transporte de etanol da região são: a BRs 364 e 452, de acordo com o DNIT (2013), alterna entre trechos em boas condições de VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 16 conservação e trechos de péssimas condições com muitos buracos, em alguns trechos há obras de recapeamento da “Operação Tapa Buraco”; e as BRs 153 e 060 no geral apresentam boas ou razoáveis condições de conservação e grande parte dos trechos já se encontram duplicados ou em fase de duplicação. Atualmente as exportações do estado têm sido feitas por meio de integração rodo-dutoviária, onde o combustível é transportado por rodovia até a base coletora de Senador Canedo-Go, onde escoam por modal dutoviário até Paulínia para ser distribuído em São Paulo. Duas novas alternativas são: um novo etanolduto com previsão de termino em 2015 que ligara jataí e Quirinópolis até Paulínia (ver figura 5). Outra é o escoamento através do Terminal hidroviário de São Simão-Go, que navega pela hidrovia Tietê- Paraná, até Anhembi-SP (ver figura 4) e de lá, o combustível será transportado por um alcoolduto até a Replan (Refinaria do Planalto), em Paulínia (região de Campinas), e de lá, será distribuído em São Paulo ou será transportado para os portos de São Sebastião-SP e Ilha D’água - RJ para ser exportado.3 Figura 4. Integração multimodal do terminal hidroviário de São Simão para transporte de etanol A terceira alternativa é o transporte Ferroviário, através da ferrovia Norte-Sul (ver figura 6) que, Segundo a VALEC4 (2012), permitirá acessibilidade ao mercado Norte do Brasil por meio dos 13 Pátios Multimodais que estão sendo construídos em pontos estratégicos ao longo do percurso da Norte-Sul vão proporcionar a articulação entre o sistema fluvial da Bacia 3 Relatório Final do Mapeamento – Etapa 1 do Plano Estadual de Logística de Cargas do RJ – Volume 2/2, 2011 p.123 Disponível em: http://download.rj.gov.br/documentos/10112/157768/DLFE-58548.pdf/Relatorio_MapeamentoVol2.pdf 4 Disponível em: http://www.valec.gov.br/FerroviasFNSPalmas.php VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 17 Amazônica. Quando estiver concluída, Goiás ganhará uma opção logística competitiva voltada para essa região em relação a Mato Grosso. Hoje Goiás só consegue adentrar nos mercados da região Norte do Brasil com um alto valor do frete rodoviário (240 R$/m³. 1000 Km) enquanto Mato Grosso consegue um valor mais competitivo (180 R$/m³.1000 Km) por meio da integração rodo-hidroviaria, com o Transporte Ferroviário/hidroviário diminuirá em até 30% o valor do frete, colocando Goiás na disputa pelo mercado desta região com Mato Grosso. Figura 5. Logística atual e prevista para escoamento de etanol em Goiás 4.2 Competitividade e logística diferenciada Junto com a noção de mundo globalizado, surge a crença implícita de que as regiões estariam se tornando homogêneas, quando na verdade se tem uma correlação de forças, pois na mesma medida que as novas tecnologias homogeneízam; as condições espaciais e as relações de poder construídas ao longo do tempo heterogeneízam e reforçam a caracterização regional. Atualmente as atividades econômicas e os circuitos produtivos instalados, se adaptam as assimetrias regionais e repensam suas estratégias de desenvolvimento, como, por exemplo, a estratégia logística mais adequada, seja ela funcional ou territorial. O paradigma da competitividade que rege a economia moderna capitalista que objetiva reduzir os custos e a VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 18 aumentar a capacidade das empresas em responder as demandas do mercado de forma mais rápida que seus concorrentes. Nestas áreas de expansão da produção de etanol são desta forma, organizadas pelas grandes empresas que possuem uma rede poder (PAULILHO, 2000) capaz de reorganizar as ações produtivas nos lugares, tornando-os adaptados às suas necessidades produzindo um território de fluxos e um sistema de relações organizadas espacialmente que reconfiguram a região para competir inter-regionalmente de modo eficiente. Ao analisar as opções logísticas de Mato Grosso e Goiás que estes espaços rurais, cada vez mais determinados por centros de consumo cada vez mais distantes, do mesmo modo que as empresas estão inseridas numa lógica competitiva que se materializa no território, então esses territórios produtivos competitivos e altamente tecnificados estruturam regiões que competem por, entre outros, a alocação e localização de infraestruturas logísticas para produção, armazenamento e escoamento de etanol, tais infraestruturas são consideradas estratégicas para adquirir vantagem competitiva para as regiões, pois sua gestão eficiente dos fluxos permite reduzir o custo do transporte e promover a diferenciação do produto, garantindo acessibilidade aos seus respectivos mercados de consumo e, para transpor as barreiras geográficas existentes entre a etapa industrial do circuito (localizadas nestas novas áreas) e outras etapas do circuito espacial produtivo (localizadas em São Paulo - como instituições de planejamento e gestão, empresas de consultoria, fornecedores de insumos agrícolas, industriais e tecnológicos), e por isso estes estados seus municípios tem investindo cada vez mais em infraestruturas logísticas e informacionais para escoamento eficiente de etanol. Tendo em vista esta realidade, Mato Grosso tem no transporte rodoviário sua única via de escoamento para a região sudeste e Goiás tem o modal dutoviário sua principal via de escoamento, tendo ainda o apoio do modal hidroviário, esse quadro inviabiliza a competição do etanol vindo do Sudoeste mato-grossense em direção a Paulínia-SP. Ficando mais evidente ao comparar os custos de frete por modal no Gráfico 1 abaixo. VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 19 Gráfico 1.Custos médios (em R$/m³.1000Km) de frete em direção a Paulínia Fonte: SIFRECA/ANTT/ANTAQ/ANP Elaboração: Wanderson Silva No entanto Mato Grosso alterou a sua estratégia logística modificando seu mercado consumidor, já na década de 90 deixou de ser a região Sudeste, e passou a ser a região Norte do Brasil, integrando os modais rodoviário e hidroviário, e com isso, consegue superar o etanol Goiano que atualmente pelo modal rodoviário não tem condições de competir com o etanol mato-grossense nesta região. Como mostra o custos dos fretes constantes no Gráfico 2 abaixo. Gráfico 2. Custos médios (em R$/m³.1000Km) de frete para a região Norte Fonte: SIFRECA/ANTT/ANTAQ/ANP Elaboração: Wanderson Silva Portanto, esta situação atual não é absoluta, visto que a busca por competitividade regional não cessa, em função disso as regiões se alteram, se reorganizam, se reestruturam fazem uso da sua capacidade de resposta às dinâmicas mercadológicas para garantir a acessibilidade de novos mercados como é o caso da Região Sudeste de Mato Grosso que começou a se organizar em função das novas opções logísticas planejadas e em construção VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 20 dutovias e ferrovias - que tem atraído o setor para a região, com usinas já modernizadas e sem as limitações produtivas que existem na região tradicional, da mesma forma, a região central de Goiás que tem conhecido um avanço significativo da produção de cana e instalação de usinas. Com o término das obras da ferrovia Norte-sul poderá novamente disputar o mercado da região Norte com Mato Grosso. 5.0 - A grande vantagem competitiva de Goáis sobre Mato Grosso: A estruturação e dinamização do espaço regional. Nesta disputa competitiviva interregional, o dinamismo regional é um fator de extrema relavancia para competitividade. Este dinamismo, estimula o desenvolvimento dessas áreas em funçao de uma atividade produtiva dominante e as atividades que lhe são correlatas ou complementares, ou seja, a forma comos os recursos territoriais constituidos por especifidades históricas dos locais se relacionam afetam a forma como as regiões se inserem no mercado. Esta configuração organizacional, necessita de uma logistica capaz de alimentar este sistema de trocas mobilizando, entre os atores, os recursos –sociais, politicos, econômicos e tecnológicos – e isto constitui-se vantagem estratégica das empresas e das regiões. Dentro desta lógica, São Paulo atualmente é o estado da arte do setor sucroenergético por concentrar geograficamente todas as etapas do circuito espacial produtivo, e possuir uma logistica territorial capaz de integrar as atividades economicas distribuidas no território e assim estimular o desenvolvimento local/regional. Diferentemente do que ocorre em Mato Grosso e do que vem ocorrendo em Goiás onde a logística ainda está em uma etapa de simplesmente ser eficiente, escoar a produção e não necessita articular os distintos setores da economia local, reflexo disso é que nas área s de cana-de-açúcar, dessemelhante das áreas da cultura de soja, a atividade sucroalcooleira pouco dinamiza as cidades do centro-oeste, pois se relaciona muito mais com São Paulo do que com aquelas, em parte pela ausência, nestes lugares, de condições técnicas, tecnologias, sociais e principalmente políticas que comportem as outras atividades do circuito, como pesquisa e desenvolvimento, indústria de base e fornecimento de serviços em geral, inclusive logísticos. A maior vantagem para esses municipios é que a atividade sucroalcooleira promove grande arrecadação de divisas principalmente com o recolhimento de Imposto Sobre Serviços –ISS, pois as usinas demandam muitos serviços especializados e, mesmo que grande parte desses impostos irem também para municipios Paulistas, pois as empresas que fornecem o serviço estão localizadas em São Paulo. VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 21 Portanto a aglomeração geográfica das atividades economicas, de pesquisa e de serviços de apoio a atividade industrial localizada nestas regiões e o desenvolvimento de uma logistica territorial capaz de mobilizar estes recursos são necessárias para o fortalecimento economico desses espaços. Diante disso, analisando o processo histórico de formação e consolidação do setor em São Paulo, podemos perceber o papel das políticas públicas das várias esferas de governo para a concentração dessas atividades ao subsidiar a indústria e também a área agrícola. E, neste sentido, Goiás saí na frente com relação a Mato Grosso, uma vez que este ainda investe apenas em políticas para constituição de uma logistica funcional, fruto do processo de desterritorializaçao produtiva. Enquanto isso, Goiás ascente para a próxima etapa, em que as políticas públicas estão voltadas para a valorização dos fluxos territoriais, reconcentrando as atividades produtivas e agregando valor a produção visando o desenvolvimento a partir da atividade dominante, reunindo num subespaço atividades e serviços que se correlacionam reciprocamente, demonstrando que a proximidade geografica ainda é um fator importante para a competitividade, como diz MONIE (2011) ao citar BOSCHERINI & POMA (2000) “A reestruturação do capitalismo estimulou fenomenos de reterritoialização que fizeram emergir espaços produtivos cuja competitividade alimenta-se dos efeitos da proximidade geografia e institucional”. Para tanto, dois são os principais vetores de desenvolvimento de uma logística endógena que mobilize os recursos existentes no território goiano, primeira a criação da plataforma logística de Anápolis, a outra os Complexos Industriais Integrados - CII, sendo o de Rio Verde-GO voltado para a atividade Canavieira e a agroindustria de etanol De acordo com a Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento de Goiás (SEGPLAN-GO, 2012), a Plataforma logística multimodal, atua como terminal alfandegado público, destinado à armazenagem e à movimentação de mercadorias. Relacionando polos de serviços e administrativos a infraestruturas: como centro de carga rodoviária, pela acessibilidade rodoviária existente no entorno – a plataforma está localizada no principal entroncamento rodoviário da região - e um terminal de carga ferroviária para permitir o aproveitamento das novas estruturas ferroviárias do estado, as ferrovias Centro-Atlântica e Norte-Sul. Este empreendimento parte da premissa de aproximar e integrar os modais de transporte ao comando logístico dos fluxos que circulam através dela, desta forma a plataforma multimodal territorializa os fluxos que circulam nas redes, agregando valor e dinamizando as economias locais/regionais. Assim, indo de encontro ao modelo excludente VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 22 em que empresas possuem canais próprios de circulação, que pouco contribui para uma logística permissiva a participação, de forma transversal, dos “agentes públicos e privados vinculados ao desenvolvimento econômico de participar ativamente no desenho das redes de circulação na sua área de abrangência.” (SILVA, 2003 p.89) Dentro de uma política estatal baseada no aproveitamento das vantagens comparativas e competitivas locais, que faz parte do Programa de Ação Integrada de Desenvolvimento (PAI), oss CIIs vão associar infraestrutura industrial, informacional e logística que facilitem a integração entre empresas de ramos semelhantes sejam pequenas, médias e/ou grandes empresas a rodovias e ferrovias e com isso interligando cidades menos competitivas com outras mais competitivas. Para isso, os CIIs, integram operadores logísticos, centros de distribuição, centros industriais produtivos, instituições de pesquisa e financeiras e, as esferas de poder governamentais. Garantindo um sistema de trocas constante através dos círculos de cooperação institucional buscando dinamizar e territorializar esses sistemas de interações e, com isso, estimula o crescimento econômico pela proximidade geográfica e institucional de atividades correlatas e pela articulação logística de atores. Portanto a CII - Rio Verde permite uma organização o processo produtivo de maneira que se alcancem os menores custos de produção ao mesmo tempo em que se incrementam os bens e serviços para agregar valor ao produto. Por isso a interconexão entre estes atores exige uma logística capaz captar tais recursos no território, ou seja, uma logística “aberta e transversal que se fundamente na mobilização produtiva dos territórios.” (MONIE, 2003 p.66) Com essa nova política vinculada ao desenvolvimento territorial, Goiás estaria deixando de lado o modelo de logística estritamente funcional, e iniciando a busca por competitividade através de uma logística territorial, de forma semelhante o que aconteceu em São Paulo, num processo de desenvolvimento que integra, modifica e enquadra as relações entre o rural e o urbano nestas regiões nos moldes do novo espaço econômico mundial. 6.0 Considerações finais O circuito espacial produtivo do setor sucroenergético do Brasil, apresenta realidades distintas de acordo com a formação socioespacial que as distintas regiões produtoras apresentaram ao longo do tempo e por isso a forma de organizar a logística também são diferenciadas de uma região para outra. O processo de concentração e desconcentração do VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA - VII SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRÁRIA 1a. JORNADA DE GEOGRAFIA DAS ÁGUAS (ISBN 978-85-237-0718-7) 23 setor ao longo dos anos mostra o papel das políticas públicas no reordenamento territorial, incentivando a modernização e a competitividade regional, pois segundo FAJARDO ( 2008 p.49 ), as empresas podem ser entendidas sob uma a lógica territorial na medida em que atuam em determinadas áreas, constroem seus territórios, não apenas atuando de forma regionalizada, mas organizando-se em redes onde estabelecem também uma parcela de divisão do trabalho, colaborando para o arranjo territorial (local e regional) e para a definição (temporal) de uma certa dinâmica que resulta numa ação no espaço. Tendo isto em vista, para a forma como se deu a desconcentração agroindustrial do setor sucroenergético, onde os principais atores da cadeia produtiva e o principal centro consumidor permaneceram em São Paulo, a logística tende a ser funcional a medida que só é necessária para fazer um “tunelamento” entre a áreas produtora e a área consumidora e fornecedora de insumos, nesta lógica as redes (informacionais e logísticas) se tornam ainda mais hegemônicas à medida que pouco se relaciona com outros setores econômicos locais. Por outro lado seguindo, a proximidade geográfica entre as atividades que se correlacionam – produção, marketing, planejamento, pesquisa - criando redes de valor agregado, portanto uma logística vinculada ao território, capaz de relacionar estes diversos atores evolvidos integra o espaço rural às novas concepções da organização da produção capitalista à medida que dinamiza e articula o campo, com as agroindustriais, tradings agrícolas, Estado e outros agentes socioeconômicos caracterizando uma nova territorialidade econômica, de contexto regional, que modificam as estruturas desses espaços. 7.0 Referências Bibliográficas BECKER, Bertha. Logística: Uma nova racionalidade no ordenamento do território? Anais 3º simpósio de geografia urbana, Rio de janeiro. 1993 CARRERA, M. A. A competitividade através da estratégia logística um estudo de caso sobre a DHL e FEDEX. 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