outubro2010 Jornal Unesp Ciências exatas Fotos Divulgação Software é arma contra males dos olhos Programa criado em Sorocaba pode facilitar acompanhamento e tratamento de inflamações Pesquisadores do câmpus de Sorocaba desenvolveram um software de baixo custo que poderá auxiliar no acompanhamento e no tratamento de inflamações intraoculares. O programa poderá ser empregado nos consultórios oftalmológicos. Com a telemedicina, imagens captadas em locais de difícil acesso, como a Amazônia e o Sertão nordestino, poderão ser enviadas para análise em centros mais desenvolvidos. “O software está pronto para utilização e seu custo é muito inferior ao do equipamento que geralmente é usado para analisar a imagem interna do olho, o flarefotômetro”, relata o professor Galdenoro Botura Júnior, idealizador do programa. Orientado pelo professor, o aluno Alison Batista da Silva, do curso de Engenharia de Controle de Automação do câmpus de Sorocaba, apresentou em julho um trabalho de conclusão de curso que resultou na criação do programa. Por meio do software da Unesp, é possível avaliar quantitativamente a inflamação no olho do paciente. O sistema analisa uma imagem gerada por uma câmera acoplada ao biomicroscópio ocular – equipamento usado por oftalmologistas para examinar o olho – e identifica as áreas mais afetadas pela inflamação. O programa processa as informações recebidas das partículas em suspensão no líquido que preenche a cavidade do olho, como explica o médico Ricardo Soares, co-orientador do estudo. A presença dessas partículas indica inflamação da úvea, que corresponde à parte interna do olho. A incidência anual de uveíte (inflamação da úvea) no mundo varia de 17 a 52 casos por 100 mil habitantes, conforme o Ministério da Saúde. Cerca de 35% dos pacientes com o problema relatam baixa visão ou cegueira. Acompanhamento – Segundo Soares, com o software, o médico pode criar um banco de dados sobre o paciente e acompanhar, por exemplo, a resposta da inflamação intraocular ao tratamento. O pesquisador ressalta que a telemedicina permitirá o uso do sistema em locais como a Amazônia – onde a oncocercose, doença parasitária que pode atingir os olhos, é uma ameaça à população local. O programa será utilizado na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, em Botucatu, para avaliar a inflamação ocular em animais. “Vamos iniciar os ensaios no Serviço de Oftalmologia Veterinária em breve”, afirma Cláudia Valéria Brandão, integrante da equipe do Serviço, coordenado pelo professor José Joaquim Ranzani. Eliza Muto Reprodução Por meio de números e imagens, programa permite exame mais preciso da inflamação ocular Acima, resíduos de cerâmica (esq.) e de cimento (dir.); abaixo, bloco para pavimentação Grupo fabrica concreto com entulho de obra Material reciclado demonstra maior resistência e elasticidade que produto tradicional Duas pesquisas realizadas na Faculdade de Engenharia, câmpus de Ilha Solteira (Feis), desenvolveram concretos reciclados, a partir de resíduos de construção civil. Os novos produtos apresentaram maior resistência e elasticidade que o similar convencional. Ambos os trabalhos de mestrado foram orientados por Antonio Anderson Segantini, chefe do Departamento de Engenharia Civil. O concreto tradicionalmente é uma mistura de cimento, água e areia. Em seu trabalho, Patrycia Wada substituiu a areia por resíduos de cerâmica vermelha – como telhas e tijolos. Já Daniel Simiele trocou esse material por restos de construção e demolição. Geralmente, no Brasil, esses elementos são descartados como entulho e somente 20% dos resíduos são reaproveitados. “O ganho ambiental é incomensurável com o uso do concreto reciclado”, afirma Segantini. “Além disso, a longo prazo, o produto tende a ser mais barato que o concreto convencional.” Vantagens – Patrycia constatou que o material reciclado exibiu resistência de 28 megapascal (MPa), medida que expressa a capacidade de um corpo de reagir à compressão. O valor é quase o dobro do observado no concreto pa- drão, de 15 Mpa. Ela acrescenta que a nova composição também apresentou maior elasticidade – propriedade de um corpo sofrer deformação e voltar ao formato original – que o concreto padrão. Em seu estudo, Simiele procurou fabricar tijolos de pavimentação intertravada – blocos pré-moldados usados em calçadas e vias urbanas, por exemplo. Ao substituir 60% da areia, ele descobriu que o cimento reciclado teve resistência 39,5% superior à média de 35 MPa estabelecida pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para esse tipo de revestimento do solo. O composto com resíduos também apresentou elasticidade quase 14% superior. Segantini destaca outra vantagem desse estudo: a economia. “Na fabricação de tijolos de pavimentação intertravada, é usada uma vibro-prensa, máquina de custo elevado que produz um tijolo com consistência quase seca”, explica o orientador. “Pensando nisso, foi criado um concreto de consistência plástica, de modo que os blocos foram moldados em formas de plástico de baixo custo. Assim, pequenas prefeituras e serviços comunitários também conseguirão confeccionar os tijolos.” EM