Matriz de atividade individual* Módulo: Módulo 4 Título: O Papel do Ensino Superior e da Avaliação de Aprendizagem no Contexto Brasileiro Aluno: Antonio das Graças Alves Ferreira Disciplina: Metodologia de Ensino Superior Turma: 60 Introdução O direito de todos à educação é um instituto consagrado em nossa Carta Magna, a Constituição Federal de 1988, a constituição Cidadã. A universalização da educação superior perpassa por uma série de fatores, desde a escassez dos recursos disponibilizados, a ineficiências na aplicação desses recursos, na formação dos professores, a falta de preparo da maioria dos alunos para ingressarem nesta fase da educação entre outros. A queixa generalizada de professores universitários de que seus alunos são desinteressados e não estudam o suficiente e dos alunos que se dizem interessados mas, sem tempo para se dedicarem suficientemente aos estudos, além das dificuldades que relatam existirem frente aos novos conteúdos e novos métodos de ensino, muito diferentes dos graus anteriores, constitui-se em indicador bastante forte de que para se operar uma mudança na educação, com vistas a atender as novas exigências sociais é preciso muito mais que boa vontade de alguns. Faz-se urgente a necessidade de pensar a formação universitária de forma mais ampla visando o atendimento deste grau de ensino de seu papel de formador de cidadãos conscientes de suas responsabilidades. (BARTALO; NETO; FILHO, 2005). O processo avaliativo constitui em uma das mais completas formas de captação de indicadores necessários à análise e eventual melhoria do cenário educacional e da aprendizagem quando bem aplicado. Os indicadores captados por meio da avaliação institucional visam promover a melhoria do planejamento pedagógico e das diretrizes educacionais da instituição promovendo, com isso, uma melhoria na qualidade do ensino. Os indicadores de avaliação de aprendizagem, por sua vez, visam refletir se o processo ensino-aprendizagem surtiu o efeito desejado, proporcionando saber e preparo acadêmico ao discente. Se tivermos um indicador de aprendizagem positivo, significa que o planejamento pedagógico e de aula estão cumprindo com louvor o seu papel. Quanto ao processo de avaliação da aprendizagem, o docente em sala de aula tem que ter em mente que uma simples aplicação de prova não é o bastante para avaliar um aluno. Avaliação é um processo mais profundo que pode, inclusive, envolver fatores sociais, emocionais entre outros. É preciso que o docente tome consciência da sua função enquanto educador e crie critérios justos para o seu processo avaliativo. O papel do ensino superior O acesso ao ensino deve ser disponibilizado a todos independentemente de classe social, cor, credo ou outra adjetivação qualquer. O Plano Nacional de Educação, 2000, afirma que “a educação é elemento constitutivo da pessoa e (...) deve estar presente desde o momento em que ela nasce, como meio e condição de formação, 1 desenvolvimento, integração social e realização pessoal”. Santos (2003), diz que “a educação encontra-se perante um desafio: conseguir que todos tenham acesso à educação básica de qualidade, por meio da inclusão escolar, respeitando as diferenças culturais, sociais e individuais, que podem configurar as necessidades educacionais especiais que todos podemos ter, em qualquer momento de nossas trajetórias escolares e que, dependendo de como sejam vistas pela instituição educacional e seu entorno, podem nos colocar em situações de desvantagem”. Entendemos que a pedra basilar para que os estudantes cheguem à universidade é fundada no ensino básico, o qual deve ser pautado em ensino de qualidade envolvendo infraestrutura, corpo administrativo e acadêmico qualificado, gestão acadêmica participativa com o envolvimento de toda a sociedade, principalmente pais de alunos e moradores do entorno. A escola deve ser um ambiente de discussão e aprimoramento das ações que possibilitem a formação completa do educando. No Brasil, infelizmente, aqueles que conseguem chegar a uma universidade são considerados privilegiados, embora muitas das vezes o caminho percorrido seja cheio de obstáculos quase intransponíveis, o que faz com que muitos desistam no meio da jornada. Segundo Cruz (2003), a moderna teoria econômica, assim como o bom senso, mostram que somente a capacidade de criar e trabalhar com o conhecimento pode garantir desenvolvimento sustentável. Por isso, educar as pessoas capazes de trabalhar com o conhecimento é fundamental para uma nação. Não somente para criar conhecimento em atividades de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), mas também para usar, transformar e aplicar conhecimento são necessários profissionais qualificados e capazes de aprender continuamente. Para Santos (2003), “a universidade, como grande formadora de profissionais e praticante de uma pedagogia que deve ser, segundo nossas leis, democrática, deve exercer dois papéis fundamentais: (a) formar o profissional que terá a mentalidade aberta ao trato com a diversidade em qualquer setor de nossa sociedade, e (b) servir de exemplo, ou modelo, no decorrer do próprio processo de formação desses profissionais, de que tal formação cidadã seja possível, através de uma prática pedagógica em que se verifique a colocação em prática do papel da escola em geral”. O papel da educação superior no Brasil fica implícito na própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, quando diz, em seu Capítulo IV, sobre a Educação Superior: Art. 43. A educação superior tem por finalidade: I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo; II – formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua; III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive; IV – promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e 2 técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação; V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a correspondente concretização, integrando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de reciprocidade; VII – promover a extensão, aberta à participação da população, visando a difusão das conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na instituição. Neste contexto, observa-se que o ensino superior deve ser capaz de mudar a realidade da nação, por meio da formação de cidadãos capazes de compreender e absorver as mudanças do mundo contemporâneo e participar ativamente do crescimento e desenvolvimento do País. A atividade fundamental da universidade é o educar, em todos os sentidos. A educação é a base de uma sociedade pluralista, democrática, em que a cidadania não é um conceito garantido apenas formalmente na lei, mas é exercida plena e conscientemente por seus membros. O papel da avaliação de aprendizagem O processo avaliativo consiste numa construção coletiva que depende de uma série de fatores, situações e objetivos. Segundo Abreu (2011), “a necessidade de avaliar sempre se fará presente, não importando a norma ou padrão pela qual está baseado o modelo educacional. Não há como fugir da necessidade de avaliação de conhecimentos, desde a educação básica até o último grau de ensino”. Continuando, diz a autora “dessa forma, a avaliação no ensino superior ocupa um espaço importante nos debates atuais sobre educação. Todavia, percebe-se que a avaliação comprometida com as práticas inovadoras reveste-se de uma necessidade constante de revisão do fazer pedagógico”. Para Sant’anna (1995), apud Abreu (2011), “a avaliação escolar é o termômetro que permite avaliar o estado em que se encontram os elementos envolvidos no contexto. Ela tem um papel altamente significativo na educação, tanto que nos arriscamos a dizer que a avaliação é a alma do processo educacional. (...) O que queremos é sugerir meios e modos de tornar a avaliação mais justa, mais digna e humana”. Segundo Hoffmann (2002), apud Abreu (2011), “avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve propiciar ao aluno em seu processo de aprendizagem, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos libertários e participantes na construção de verdades formuladas e reformuladas”. Bloom, Hastings e Madaus (1975), apud Abreu (2011) esclarecem que a avaliação pode ser considerada como um método de adquirir e processar evidências necessárias para melhorar o ensino e a aprendizagem, incluindo uma grande variedade de evidências que vão além do usual de ‘Papel e lápis’. É, ainda, segundo os autores, um auxílio para clarificar os objetivos significativos e as metas educacionais, um processo para determinar em que medida os alunos estão se desenvolvendo dos modos desejados, um sistema de controle da qualidade, pelo qual pode ser determinada, etapa por etapa do processo ensino-aprendizagem, a efetividade ou não do processo e, em caso negativo, que mudanças devem ser 3 feitas para garantir sua efetividade. Kraemer (2005), diz que “a avaliação, tal como concebida e vivenciada na maioria das escolas brasileiras, tem se constituído no principal mecanismo de sustentação da lógica de organização do trabalho escolar e, portanto, legitimador do fracasso, ocupando mesmo o papel central nas relações que estabelecem entre si os profissionais da educação”. Com base na posição dos autores citados, percebe-se quão importante é o processo de avaliação da aprendizagem e, que o mesmo não se restringe a aplicação de provas, visando à determinação de notas para progressão de períodos ou conclusão de curso. A avaliação da aprendizagem como um processo permite a verificação por parte do professor do cumprimento da sua missão de educador e não mero repassador de informações. O professor deve utilizar o modelo avaliativo para medir sua efetiva contribuição no processo de formação do educando. Entendemos que o processo de avaliação da aprendizagem deve ser utilizado como ferramenta de gestão, tanto pelo professor como pela IES, de forma a permitir a atualização dos projetos pedagógicos de cursos, currículos, programas de disciplinas, ambiente de sala de aula, assim como a utilização de recursos modernos de multimídias. Desta forma, o professor deve estar devidamente atualizado em todos os aspectos. É realidade acreditar que o ensino superior alavanca o desenvolvimento de países emergentes O mundo precisa estar mais bem preparado para, se não prevenir, ao menos saber escolher com mais rapidez e eficácia as saídas para enfrentar uma crise econômica da amplitude da que surpreendeu o planeta a partir de setembro de 2008. O homem necessita aperfeiçoar o uso dos recursos naturais e buscar reverter os efeitos das mudanças climáticas. A profissionalização é ferramenta essencial para que os países pobres promovam o desenvolvimento sustentável. Essas constatações levaram a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a elevar o ensino superior a uma de suas prioridades em educação, depois de quatro dias de intensos debates durante a Conferência Mundial de Ensino Superior 2009, realizada na sede da organização em Paris. No contexto mundial tem-se observado que os países que mais se destacaram e continuam em evidência no cenário mundial como economias emergentes, são aqueles que investiram significativamente na área de educação, a exemplo dos tigres asiáticos. Logicamente, que esses investimentos não foram feitas a curto prazo e, sim ao longo de décadas, e com responsabilidade. O trabalhador pode não perder o emprego devido a falta de estudo, mas esta deficiência poderá influir na sua ascensão funcional dentro da organização, ou impedir que o mesmo assuma um emprego por falta da formação adequada. Em algumas atividades até bem pouco tempo consideradas como rudimentares e que não exigiam grau elevado de formação profissional, passaram a ser ocupadas por profissionais com um nível de qualificação elevado, como é o caso do agronegócio (agricultura, pecuária, reflorestamento) e transporte de cargas, por exemplo, onde os equipamentos utilizados nestas atividades são altamente sofisticados, com uso intensivo de tecnologia de ponta, todas elas controladas por computadores de bordo. Argumentação a favor da afirmativa selecionada Os fatos comprovam que os países que estão em evidência no cenário mundial, com exceção do Brasil, investiram maciçamente em educação de qualidade em 4 décadas passadas e continuam investindo, razão pela qual passaram a ser referências em tecnologia de ponta, despontando como grandes produtores e exportadores de produtos com alto valor agregado. Países como China, Índia, África do Sul, Singapura, Finlândia, Taiwan, Austrália entre outros, desenvolveram-se a partir dos investimentos feitos na área de educação. Não adianta aumentar os investimentos apenas, deve-se cuidar dos aspectos qualitativos do ensino ofertado, criando centros de pesquisas em áreas prioritárias, de forma a possibilitar a geração de novos produtos que atendam as necessidades da sociedade. Ao término da Conferência Mundial sobre Ensino Superior da Unesco, realizada em 2009, em Paris, foi emitido um comunicado com 52 (cinqüenta e duas) conclusões, as quais foram divididas nas seguintes áreas: responsabilidade social do ensino superior; acesso, equidade e qualidade; internacionalização, regionalização e globalização; aprendizagem, pesquisa e inovação; ensino superior na áfrica e apelo à ação aos Estados-Membros e à própria organização. No entender da Unesco, o ensino superior: É de responsabilidade dos governos, mas os estabelecimentos privados devem ter espaço assegurado e incentivado; Precisa favorecer a interdisciplinaridade e formar cidadãos responsáveis e ativos na solução dos problemas mundiais; Deve ser transparente, ao mesmo tempo que desfruta de autonomia; Deve ter o acesso das minorias ampliado: equidade, pertinência e qualidade são palavras-chave; Precisa ter a qualidade assegurada e controlada, tanto em nível nacional como por meio de redes globais; Estimular a formação de professores antenados às tecnologias e a metodologias inovadoras, incluindo preparação para o ensino a distância, que é também um meio de ampliar o acesso; Deve conseguir formar profissionais capazes de antecipar e responder às necessidades da sociedade; Precisa ter as iniciativas de cooperação internacional ampliadas, apesar dos efeitos da crise econômica; É ferramenta fundamental para diminuir as desigualdades regionais, e as redes e parcerias universitárias internacionais são ferramentas importantes neste sentido. A cooperação regional é particularmente estimulada; Deve respeitar as diferenças e particularidades de cada país, em meio à globalização; Não pode estar à mercê de ação das “fábricas de diplomas”; Contar com parcerias público-privadas para fortalecer a pesquisa e a inovação; Deve receber mais investimentos por parte dos governos. Os EstadosMembros ainda precisam tomar medidas para evitar o êxodo de talentos; Ser ampliado particularmente no continente africano, com o apoio dos demais países; Ser a nova prioridade da Unesco, depois de um longo período de atenção primordial ao ensino básico. A entidade deve favorecer o diálogo entre as nações e ajudar na formação de estratégias adaptadas a cada realidade. Percebe-se pela conclusão da conferência da Unesco, a importância do ensino superior no processo de desenvolvimento das nações. Há uma certa dificuldade dos governantes, principalmente, no Brasil, para compreender a relevância do ensino superior no crescimento e desenvolvimento do país. Verifica-se que há sobras de vagas no Brasil para pessoas com maior nível de qualificação, como é o caso das engenharias, da exploração de petróleo e gás, Tecnologia da Informação, Especializações Médicas entre outras. Neste sentido existe uma demanda significativa por mão-de-obra com alta qualificação, fato este provocado pela falta de formação universitária ou técnica de qualidade. Conclusão A universalização do ensino superior deve ser uma busca incessante de toda a sociedade brasileira. A luta isolada de um segmento da sociedade não solucionará a 5 questão pelos menos em níveis satisfatórios, uma vez que os problemas são muitos e antigos, não havendo por parte dos órgãos públicos ações efetivas que solucionem esta demanda em curto ou médio prazo, a não ser que haja um choque de gestão, que possibilite alcançarmos um nível de educação, pelo menos equiparado aos dos países da América do Sul que se destacam nessa questão, como por exemplo, Chile e Argentina. Para que se consiga identificar as necessidades do ensino superior, o processo de avaliação de aprendizagem deve ser atualizado, modernizado e aplicado em toda a sua plenitude, visando dotar o sistema educacional brasileiro das condições ideais, a fim de contribuir positivamente para o crescimento e desenvolvimento do país. Em nosso entendimento, só atingiremos níveis desejáveis de educação com investimentos significativos no setor, não apenas distribuindo verbas aos estados e municípios, mas havendo uma efetiva participação de especialistas da área e da sociedade como um todo, a fim de identificar as prioridades, tais como: infraestrutura, capacitação de professores e gestores e uso de tecnologias modernas que possam ajudar na formação de cidadãos críticos, participativos e que possam contribuir com o desenvolvimento da nação. Referências bibliográficas ABREU, Adriana Lima. A avaliação da aprendizagem no ensino superior. 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