Francisco Davy Braz Rabelo

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EVOLUÇÃO ESPAÇO TEMPORAL DA PLANÍCIE FLUVIOMARINHA DO MARISCOAQUIRÁZ-(CE)
Francisco Davy Braz Rabelo - Universidade Federal do Ceará
Graduando e Bolsista IC-UFC / CNPq
E-mail: [email protected]
Edson Vicente da Silva - Universidade Federal do Ceará
Professor titular do Departamento de Geografia
E-mail: [email protected]
A planície fluviomarinha do Marisco constitui um peculiar manguezal de franja, situado no
setor costeiro leste da Região Metropolitana de Fortaleza. Apesar de sua proximidade, apresenta um
excelente estado de conservação, diferente do observado no restante da faixa litorânea, por manter-se
relativamente isolado. O estudo objetivou registrar a evolução espacial desse ecossistema nos anos
1958-1978-2008, que compreendem um período de cinco décadas, para constatar sua dinâmica natural
decorrente de períodos de secas e de regeneração vegetal. O estudo objetivou registrar a evolução
espacial desse ecossistema a partir de análise comparativa de fotografias aéreas dos anos de 1958 e
1978, além do uso de imagens de sensoriamento remoto para o ano de 2008. Considerando que os
resultados obtidos podem contribuir na compreensão da dinâmica da paisagem estuarina, além de
fornecer subsídios importantes para possíveis manejos de manguezais, além de se observar a
progressiva forma de uso e ocupação desta área. A metodologia utilizada baseou-se na Geoecologia
das Paisagens e na Ecodinâmica com o uso de recursos cartográficos (na escala de 1:10.000) e técnicas
de sensoriamento remoto, com diferentes escalas. A ultima interpretação foi acompanhada de
reconhecimento de campo e análise fitoecológica da vegetação de mangue, observando no conjunto as
feições do relevo e espécies nativas. Como resultado da pesquisa observou-se a evolutiva ocupação da
área com a construção de moradias permanentes, veraneio e barracas de praia, o que ocasionou a
degradação de uma parcela da cobertura vegetal antes existente no manguezal. No aspecto da feição do
relevo, a planície fluviomarinha do Marisco-Aquiraz vem mantendo sua dinâmica de formação com
acumulo de depósito de sedimentos marinhos. Como produtos da pesquisa foram produzidos um mapa
ecodinâmico demonstrando as etapas evolutivas e outro indicando a atual situação geoecológica da
paisagem local, ambos na escala de 1:10.000, que poderão servir para o manejo desta área.
Palavras-chaves: Dinâmica, Geoecologia e Manguezal
Eixo temático: Técnicas e métodos de cartografia, geoprocessamento e sensoriamento remoto,
aplicados ao planejamento e gestão ambiental
Abstract
The plain fluviomarinha's Seafood is a peculiar of mangrove fringe, located in the coastal area
east of the Metropolitan Region of Fortaleza. Despite its proximity, presents an excellent state of
preservation, different from that observed in the rest of the coastal strip, to keep it relatively isolated.
The study aimed to record the evolution of spatial ecosystem in the years 1958-1978-2008, comprising
a period of five decades, to see its natural dynamics due to periods of drought and plant regeneration.
The study aimed to record the evolution of spatial ecosystem from comparative analysis of aerial
photographs from the years 1958 and 1978, besides the use of remote sensing images for the year
2008. Whereas the results may help in understanding the dynamics of the estuarine landscape, and
provide important subsidies for possible management of mangroves, in addition to observe the
progressive form of use and occupation of this area. The methodology was based on Geoecológica of
Landscapes and Ecodinamic with the use of cartographic resources (on the scale of 1:10.000) and
remote sensing techniques, with different scales. The final interpretation was followed by recognition
of field and analysis of vegetation fitoecologic mangue, looking in all the features of the terrain and
native species. As a result of the research pointed to the changing occupancy of the area with the
construction of permanent homes, summer and the beach huts, which led to the degradation of a
portion of the canopy before in the mangrove. In the aspect of the relief feature of the plains of
fluviomarinha Seafood-Aquiraz is maintaining its dynamic training with accumulation of deposits of
marine sediments. As products of the research were Ecodinamic produced a map showing the
evolutionary stages and one showing the current situation Geoecologic of the local landscape, both in
scale of 1:10,000, which may serve for the management of this area.
INTRODUÇÃO
Os manguezais são ecossistemas anfíbios, localizados no interface entre os meios marítimos,
fluviais e terrestres; na faixa entre as variações de mares. Estão principalmente inseridos nas áreas dos
estuários e dos baixos cursos fluviais das zonas tropicais e intertropicais, sendo que as correntes
marítimas e os tipos de substratos exercem uma grande influência em sua localização.
Estes ecossistemas possuem grande importância ecológica e econômica, não somente por usa
elevada produtividade como também pelo poder de estabilização e regulação que exercem nas áreas
litorâneas.
Segundo Citron e Schaeffer-Novelli (1981), os manguezais do estado do Ceará estão
localizados na região denominada “Litoral da Ponta dos Mangues Secos ao Cabo Calcanhar”, que
compreende grande parte das costas nordestinas, sendo uma zona predominantemente arenosa com
paisagens de dunas. Os manguezais no Ceará são bastante raros e sua ocorrência está vinculada a
desembocadura dos rios, em estuários geralmente rasos.
Os manguezais do Marisco possuem uma superfície de aproximadamente 110 hectares, estando
estabelecidos em posição paralela a linha da costa no sentido noroeste-sudeste, apresentando diferentes
variações quanto ao seu estado de conservação. Em função de sua disposição pararela a praia, é
classificado como um manguezal de franja.
Entre as funções dos manguezais destaca-se a sua elevada produtividade em biomassa (8 a 16
gr C/m²/dia) conforme a UNESCO (1980). Esse nível de produtividade só é ultrapassado pelos recifes
de coral. Eles atuam como elo ecológico entre os sistemas terrestres e marítimos litorâneos. Entre suas
principais funções, Silva (1987), destaca:

Estabilização geomorfológica: proteção contra inundações, fixação de solos instáveis,
deposição de sedimentos, estabilização dos processos geomorfogênicos e manutenção
da linha de costa.

Conservação dos recursos hídricos superficiais: amenização microclimática, regulação
da qualidade das águas e diminuição do assoreamento.

Fertilização: enriquecimento em nutrientes do ecossistema marinhos, exportação de
matéria orgânica para o mar.

Função como habitat e produção biológica: elevada produtividade primaria,
desenvolvimento de uma cadeia trófica complexa, fornecimento de substrato para
espécies bentônicas, atuação como habitat de diferentes aves migratórias e ambiente
temporário para diversas espécies animais.

Importância econômica: fonte de recursos vegetais e animais, área de reprodução de
peixes marinhos e atrativo paisagístico para exploração turística.
A Região Metropolitana de Fortaleza tem sofrido uma significativa expansão urbana, que tem
ocupado extensas áreas de seu litoral, incluindo os ambientes situados nas áreas estuarinas. Nesse
sentido os manguezais tem sofrido graves impactos ambientais pela ocupação residencial, como
também pela atividade salineira, hoje não mais atuante. Procurando contribuir na analise ambiental dos
manguezais ainda não significativamente degradados, optou-se por pesquisar a área correspondente
aos manguezais do Marisco, no litoral leste da Região Metropolitana de Fortaleza, no município de
Aquiraz, no estado do Ceará.
A pesquisa efetivada incluiu três períodos diferenciados, 1958, 1978 e 2008, ou seja o primeiro
intervalo de duas décadas e o segundo de três.. A analise consistiu em interpretar a dinâmica espaçotemporal nos intervalos citados. A principio foi dado um enfoque maior ao período de 1958 a 1978,
destacando as transformações espaciais registradas, comparando com a realidade atual.
A localização regional da área de estudo está representada na figura 01.
Figura 01: Localização regional da área de estudo
MATERIAL E METODOS
A metodologia foi aplicada no sentido de alcançar os seguintes objetivos:

Analisar as transformações ocorridas na paisagem em relação ao seu estado atual.

Efetivar levantamentos específicos para um melhor conhecimento da área com vista a
obter um diagnóstico voltado a aplicação de alternativas de gestão ambiental.

Avaliar as potencialidades de seus recursos naturais atuais.

Recomendar ações no sentido de preservar, conservar e recuperar áreas de maguezais.
Inicialmente foi realizada uma ampla revisão bibliográfica pertinente ao tema e a área regional
em estudo. Efetuou-se uma catalogação de diferentes cartas topográficas de períodos recentes e
passados, mapas temáticos de diferentes orientações e escalas, fotografias aéreas e imagens de satélite
de distintos períodos cronológicos (a partir de 1958).
A partir da elaboração de um mapa temático (1:10.000) e a interpretação dos documentos
cartográficos e de sensoriamento remoto, foram sendo construídos representações cartográficas que
mostram as condições geoambientais do manguezal em cada período analisado. Dessa forma,
construíram-se mapas contendo informações temáticas referentes a hidrografia, relevo, vegetação e
formas de uso e ocupação.
Como resultado da analise de cada componente geoambiental e uma visão geosistêmica
aplicada, identificaram-se e delimitaram-se as principais unidades geoambientais presentes no entorno
territorial da planície fluviomarinha do Marisco. Deu-se um maior enfoque na identificação das
unidades/associações vegetacionais, bem como sua composição florística e a identificação taxionômica
dos componentes faunísticos do manguezal e dos sistemas ambientais vizinhos (mar litorâneo, praia,
pós-praia, lagoas e campos de dunas).
A avaliação dos recursos naturais permitiu verificar as relações entre a comunidade e as
unidades geosistêmicas locais, incluindo o próprio manguezal, como produto final elaboraram-se
quadros e esquemas de perfis topográficos representando os resultados da analise espaço-temporal.
RESULTADOS
A análise permitiu verificar que o mar atua como um dos principais agente modificadores da
linha da costa, através da deposição e erosão dos sedimentos da faixa de praia e pós-praia. O
assoreamento de algumas antigas barras foram identificadas e representadas cartograficamente, sendo
que o impedimento de penetração da água dor mar tem posto significativas perdas ambientais para o
desenvolvimento dos manguezais. As variações de salinidade das águas do manguezal condicionam a
distribuição das espécies euri e estenohalinas.
A faixa de praia e pós-praia corresponde a uma zona de amortecimento entre o manguezal e o
oceano, recebendo, portanto um intenso fluxo de matéria e energia. Termina sendo uma zona que
recebe diretamente os impactos decorrentes dos processos erosivos e deposicionais presentes na zona
costeira. Nos trechos onde a pós-praia é mais ampla, o manguezal encontra-se mais protegido dos
fluxos de sedimentos arenosos.
Os ecossistemas lacustres correspondem a lagoas intermitentes que surgem esporadicamente
durante o período chuvoso, entre a faixa de praia e o manguezal, portanto na zona de pós-praia. Muitas
dessas lagoas formam-se sobre antigas conexões (paleocanais) entre o manguezal e o mar litorâneo.
As áreas correspondentes aos campos de dunas (dunas móveis e fixas) possuem uma relação
importante com o manguezal do Marisco, uma vez que aportam uma grande parte do fluxo de água
doce que alimenta a planície fluviomarinha. Nesse mesmo contexto, inserem-se os riachos do Barro
Preto e do Trairuçu, que drenam das áreas de tabuleiro até o manguezal levando um grande volume de
águas.
A planície fluviomarinha é a unidade geomorfológica onde desenvolve-se o manguezal do
Marisco. Os processos geomorfogênicos que atuam na atual configuração do relevo são de origem
fluviomarinha e com maior intensidade, os de ação eólica. Condições paleoclimáticas de maior
umidade influíram também na geomorfologia local. Percebe-se que houve uma ação fluvial mais
intensa no passado, unida aos processos de transgressão e regressão marinha, e a deposição de
sedimentos eólicos nas desembocaduras do manguezal, contribuindo assim para a atual disposição da
planície fluviomarinha, pararela a linha de praia.
O intercambio de água influi na intensidade de deposição de sedimentos, na consorciação
florística da vegetação local e nos aportes de matéria orgânica, originando solos de estruturas
diferenciadas. Há nítidas diferenças na formação de solos onde predomina a vegetação composta por
Rhizophora mangle (mangue vermelho), das áreas ocupadas pela Avicennia ssp (mangue preto), sendo
que nesta ultima não ocorrem grandes concentrações de matéria orgânica, pois é mais rápida a
decomposição de suas folhas.
Processos de assoreamento dos canais de drenagem da planície fluviomarinha em questão,
durante os prolongados períodos de estiagem e oscilações das mares, compõe o conjunto dos principais
fatores que provocam modificações e acumulo dos fluxos das águas como também em seu regime
salino. Diferentes fluxos e variações de penetração das mares provocam significativas variações no
transporte, seleção, distribuição de plântulas do mangue. As de maiores dimensões necessitam de um
fluxo hídrico mais intenso para sua dispersão para as partes internas do manguezal.
O manguezal possui uma vegetação halofítica classificada como Floresta Perenifólia Paludosa
Marítima. Localmente, a exemplo de todo território da América do Sul a flora do manguezal possui
somente três famílias com quatro gêneros Rhizophoracea (Rhizophora), Verbenaceae (Avicennia) e
Combretaceae (Laguncularia e Conocarpus), que constituem as cinco espécies obrigatórias:
Rhizophora mangle (mangue vermelho), Laguncularia racemosa (mangue branco), Avicennia
germinans, A. schaueriana (mangue preto) e Conocarpus erectus (mangue botão). Destaca-se ainda no
manguezal do Marisco, a presença de três espécies vegetais facultativas: Dalbergia hecastophyllum
(bugi), Acrostichum aureum (samambaia do mangue) e Thypha dominguensis (tabuba). As principais
associações vegetais constatadas foram as constituídas principalmente por Laguncularia racemosa,
Avicennia germinans, A. schaueriana e Conocarpus erectus. Correspondendo a cerca de 40% da
superfície total. Nesta unidade a Laguncularia é a espécie dominante e constitui as áreas mais
degradadas do manguezal e em processo de regeneração junto as desembocaduras dos canais de
drenagem, onde os impactos antrópicos são mais atuantes.
Outra associação é composta por Conocarpus erectus e Laguncularia racemosa, Avicennia
germinans, A. schaueriana, sendo a primeira a espécie dominante. Corresponde a cerca de 10% da
vegetação de mangue, encontrando-se nas bordas da planície fluviomarinha, onde ocorre um maior
processo de sedimentação eólica.
A terceira e ultima associação vegetal é composta por Rhizophora mangle, Laguncularia
racemosa, Avicennia germinans, A. schaueriana e Conocarpus erectus. Sendo o mangue vermelho a
espécie dominante em uma área que predomina uma maior complexidade estrutural devido
principalmente ao seu melhor estado de conservação, esta associação ocupa 50% do total da vegetação
de mangue.
Nas áreas degradadas do manguezal em estudo, observa-se uma sucessão secundaria para uma
comunidade vegetal halofítica gramíneo-herbácea, composta principalmente por Xyris sp, Paspalum
maritimum e Cyperus sp. Havendo condições de regeneração, Laguncularia racemosa é a espécie
predominante seguida da Rhizophora mangle, e nas situações em que ocorre um acumulo de areia
sobre o manguezal, Byrsonima spp (murici) ocupa o estado de sucessão posterior ao estabelecido pela
vegetação gramíneo-herbáceo.
A análise da composição faunística do manguezal permitiu a identificação de 18 espécies de
crustáceos, 48 espécies de peixes (39 em águas salobra e 9 em água doce), e ainda 35 espécies de
pássaros. Constatou-se através de observações e registros de ocorrência de espécies, que das 75
espécies de peixes do mar da região, 40 delas têm um vinculo ecológico com o manguezal, seja em
busca de abrigo, alimentação ou fazendo parte de seu ciclo reprodutivo.
Existem testemunhos de antigos moradores confirmando uma existência de áreas de
manguezais bem maiores na região do Iguape, Barro Preto e Marisco. Existia um curso de água que
corria pararelo a linha da praia, apresentando vários canais que o uniam ao mar. Restos de manguezais
ainda são observados em grande parte da zona de pós-praia e algumas áreas da praia, estando
submergidos durante a preamar. Percebe-se, portanto nessas áreas a presença de paleocanais de
manguezais, comprovando a existência de antigas extensões da atual área ocupada pelo manguezal.
Esses paleocanais foram identificados em campo, por sua configuração geomorfológica em
forma de pequenas depressões, apresentando um substrato argiloso abaixo de uma cama arenosa
superficial. Encontra-se ainda restos de troncos de manguezal nas faixas mais externas.
Foram realizadas perfurações em alguns desses antigos canais sendo o material argiloso
analisado juntamente com os troncos de arvores encontrados. A figura 02 indica as condições de
sedimentação desses paleocanais, nesse esquema representando uma amostragem efetivada na área de
estudo.
Figura 02: Perfil sedimentológico de área de paleocanal do manguezal do Marisco
A interpretação do perfil sedimentológico demonstra que sobre uma antiga camada de
sedimento de mangue foram depositadas cerca de 1,80m de sedimentos arenosos, provavelmente de
transporte marítimo e eólica. É possível verificar no perfil esquemático da figura 03 as condições
originais do manguezal, antes de sofrer os efeitos da dinâmica espaço temporal.
Figura 03: Esquema de perfil de uma área representativa do manguezal do Marisco.
Nesta figura constata-se que a planície fluviomarinha encontra-se integral, disposta entre os
campos de dunas. O ambiente dunar é recoberto parcialmente por uma vegetação pioneira nas áreas de
dunas móveis, já nas duas fixas ocorre uma ocupação por espécies arbóreas e arbustivas.
Com relação ao manguezal as espécies obrigatórias da vegetação do mangue estão presentes,
com o Conocarpus erectus situado nas bordas exteriores da planície fluviomarinha. Enquanto nas áreas
interiores dominadas pelas águas distribuem-se o restante das três espécies arbóreas de mangue:
Rhizophora mangle, Laguncularia racemosa, Avicennia germinans e A. schaueriana.
Por meio da interpretação de fotografias aéreas percebeu-se uma significativa redução dos
manguezais, no período de vinte anos, o manguezal teve uma redução de aproximadamente 28% de
sua área original, enquanto as duas móveis ampliaram em 20% a sua área de ocupação. Observar
figura 04.
Figura 04: Áreas da planície fluviomarinha do Marisco, fragmentada e recoberta por sedimentos
arenosos.
O esquema do perfil mostra que a dinâmica natural é muito intensa no litoral em questão,
podendo-se perceber um significativo avanço do campo de dunas sobre os ecossistemas manguezais.
Processos de assoreamento influem diretamente nas alterações dos fluxos hídricos de intercambio entre
o meio marinho e o manguezal.
As áreas impactadas por esse processo de sedimentação sofrem uma redução significativa de
seus componentes biológicos originais. Na planície fluviomarinha em questão, constatou-se a
eliminação localizada de doze espécies de peixes: Anisotremus virginicus (salema), Archosargus
probatocephalus (sargo), Centropumus ensiferus (camurim), Elops saurus (cubarana), Genyatremus
luteus (golosa), Haemulon melanurum (tapuruna preta), H. plumieri (biquara), H. sp (tapuruna branca),
Mugil curema (sauna), Xenomelaniris brasiliensis (vaapau).
A interpretação da dinâmica das paisagens da planície fluviomarinha e de seus ecossistemas
adjacentes, indica que há uma forte interconexão entre os fluxos de matéria e energia. A figura 05
ilustra o intercambio desses elementos no entorno da área em questão.
Figura 05: Intercambio de fluxos naturais entre o manguezal do Marisco e as unidades ambientais do
seu entorno.
Percebe-se que o manguezal apresenta um maior intercambio de matéria e de energia com os
ecossistemas do mar litorâneo e ribeirinhos. Quanto as relações com os núcleos habitacionais, denotase também uma grande intensidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do ordenamento territorial é possível diminuir a intensidade dos processos
geomorfogênicos, mantendo o atual potencial paisagístico e a produtividade biológica. É possível
obter-se algumas vantagens ao estabelecerem-se prognósticos sobre a conservação dos atuais estados
da paisagem esperando que futuramente as transformações ambientais sejam pouco representativas e
que possibilitem inclusive a regeneração de áreas degradadas eliminando-se a expansão da especulação
imobiliária na área de estudo se estará eliminando o principal causador da degradação paisagística da
região.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CITRON, G; SCHAEFFER – NOVELLI, Y. Introdución a la Eclogia del Manglar. Montevidéo,
Rostlac, 1981.
SILVA, E. V. Modelo de aprovechamiento y preservación de los manglares de Marisco y Barro Preto
Aquiraz-Ceará-Brasil
UNESCO, Memorias del seminário sobre el estudio científico e impacto humano en el ecosistema de
manglares. Montevideo, Rostlac, 1980.
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