ESCOLA SECUNDÁRIA JAIME MONIZ Ano Letivo 2013/2014 Curso: Técnico de Gestão do Ambiente, Tipo 6, Curso nº4, Ação nº1 Projeto nº: 002179/2013/113 Prova de Avaliação Final O Mosquito Aedes aegypti e o vírus Dengue Micrografia: http://i.telegraph.co.uk/multimedia/archive/01812/mos_1812073b.jpg Foto: António Freitas Trabalho Realizado por: Filipa Raquel Nunes Gomes, número 8, ano 12º, turma 61 Agradecimentos Durante a elaboração da prova de avaliação final (P.A.F.) qualquer ajuda é fundamental, portanto toda a colaboração das pessoas que estão a nossa volta é preciosa. Começo por agradecer nomeadamente aos professores do curso. Destaco também a preciosa colaboração da equipa técnica da Unidade de Engenharia Sanitária do IASAUDE, IP-RAM, coordenada pela Eng.ª Dores Vacas, e constituída pelos técnicos Margarida Clairouin, Luís Antunes, Duarte Araújo, Bela Viveiros, Fátima Camacho, Conceição Noite e Magda Aguiar. Deixo aqui um especial obrigado aos colegas do 12º ano do curso técnico de ordenamento do território e ambiente, Alexandre Gouveia e Márcia Rodrigues na colaboração da georreferenciação das sargetas com indicação da sua situação, relativamente à presença/ausência de água, e presença/ausência de larvas do mosquito Aedes aegypti. Agradeço igualmente aos professores, António Freitas, Maria Conceição Campanário, Nivalda Pereira, Zita Carvalho Olívia Ascensão e Vanda Gouveia por toda ajuda que nos deu e pelo tempo disponibilizado. Índice Parte I 1-Introdução .......................................................................... 1-2 2- Distribuição do vírus de Dengue ............................................... 3 2.1-Distribuição Mundial do vírus de Dengue 2.1.1-Vírus de Dengue no ano 2013 ........................................... 3-4 2.1.2-Vírus de Dengue no ano 2014........................................... 5-7 2.2- Dengue em Moçambique em 2014 ...................................... 7-8 2.3- Dengue na cidade de São Paulo (Brasil) em 2014 .................... 8 3- O Aedes aegypti e a Febre de Dengue na Madeira.................. 9-11 3.1- O surto de Dengue na Ilha da Madeira em 2012 ............... 12-14 3.2- Dengue na Ilha da Madeira- ano 2014 ............................. 14-15 4-Mosquitos existentes na Madeira 4.1-Classificação cientifica dos mosquitos existentes na Madeira 15-17 Parte II 0-Caraterização do mosquito Aedes aegypti ............................ 18-19 1- Classificação científica do mosquito do vírus Dengue no Arquipélago da Madeira ............................................................ 19 2-Caracterização dos grupos taxonómicos ............................. 19-22 4- Uma breve abordagem histórica ........................................ 23-25 Parte III 1-Doenças transmitidas pelo Mosquito Aedes aegypti .............. 25-26 2-Caracterização das doenças .............................................. 26-29 3-Análise das doenças a nível Mundial ......................................... 29 4- Transmissão Dengue 4.1- Vírus ......................................................................... 30 4.2- Vírus e o Aedes aegypti .......................................... 31-32 4.2.1- Padrões de transmissão ............................................ 32 4.2.2- Ciclo de transmissão do vírus Dengue.......................... 33 4.2.3- Fatores de transmissão ........................................ 33-34 5- Sinais e sintomas do vírus Dengue ......................................... 34 6- Medidas de prevenção contra o Dengue .................................. 35 6.1- Proteção pessoal ................................................... 35-36 6.2- Proteção ambiental ................................................ 36-37 Parte IV 1- Projeto ” Todos contra o Mosquito”…………………………………………………………………………………………….37 1.1-Resultados obtidos na brigada de caça aos mosquitos no dia 16 de dezembro de 2013 ..................................................... 38-39 1.2- Resultados obtidos nas brigadas da caça aos mosquitos no mês de janeiro de 2014 ........................................................ 40-41 1.3- Resultados obtidos pelas brigadas da caça ao mosquito no dia 3 de fevereiro de 2014 ......................................................... 42 1.4- Auto- análise das brigadas .................................... 43-48 2-Laboratório de Saúde Pública ............................................. 48-50 2.1- Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti .............................. 51 a)- Fase ovo ...................................................................... 51-52 b)- Fase Larvar ....................................................................... 52 c)-Fase de Pupa ...................................................................... 53 d)- Fase Adulta ................................................................... 53-54 2.2. Identificação do mosquito Aedes aegypti .......................... 55-57 Parte V 1-Conclusão ....................................................................... 58-59 Parte VI Bibliografia ........................................................................ 59-60 Webgrafia ........................................................................... 60-62 Parte I 1. Introdução No âmbito do curso Técnico de Gestão do Ambiente, curso 4, ação 01, Tipo 6, foi proposta a realização de uma Prova de Avaliação Final (PAF) cujo tema selecionado é o seguinte: O Mosquito Aedes aegypti e vírus dengue. Deste modo, uma das ferramentas essenciais para a realização deste trabalho, foram os conhecimentos adquiridos no curso, especificamente na disciplina de Sistemas e Estações de Tratamento: Funcionamento e Controlo (SETFC), coordenada pelo formador António Freitas. O ponto de partida para este trabalho foi o facto de no ano letivo 2012/2013, após alguns elementos da comunidade escolar terem sido vítimas da Febre de dengue, os alunos do Curso Tecnológico de Ordenamento do Território e Ambiente terem efetuado o levantamento de todos os possíveis focos e criadouros do mosquito Aedes aegypti no espaço escolar, tendo sido identificada a sua presença em diversos locais da escola. Após esse levantamento, todos os potenciais criadouros foram, numa fase inicial, tratados com hipoclorito de sódio (NaClO), lixívia doméstica (Ilustração 1). Para o efeito foi preparada uma mistura com a concentração de 50% à qual algumas larvas posteriormente começaram a ganhar resistência. Numa fase seguinte foi aplicado sal de cozinha (NaCl) em todos os potenciais criadouros como forma de prevenção para a propagação do mosquito e da possível consequente contaminação da comunidade escolar pela Febre de Dengue. Após terem sido identificados e intervencionados os criadouros dentro do perímetro da escola, e tendo em consideração que a presença do mosquito Aedes aegypti continuou a ser detetada , surgiu a necessidade de sair dos limites da 1 escola. No ano lectivo 2013/2014, de modo a tentar compreender a origem dos focos de mosquitos detetados, surgiu a seguinte questão: Qual a proveniência dos mosquitos no espaço escolar? Desta forma, os alunos da escola Secundária Jaime Moniz, inseridos no Curso de Educação e Formação de Técnico de Gestão do Ambiente, realizaram diversas brigadas de monitorização nas ruas envolventes ao espaço escolar. O projecto teve por lema “Todos contra o mosquito” (Ilustração 2), e foi este um pequeno contributo para o bem comum, pois cabe a todos a mudança de comportamentos. No final do século passado, o mundo encarou o reaparecimento de muitas doenças infeciosas, sendo a infeção por dengue uma das doenças mais relevantes em termos de morbilidade e mortalidade. A Febre de Dengue transmite-se pela picada de um mosquito do género Aedes, infetado com pelo menos um dos quatro serotipos do vírus. Apesar disso, no Brasil já foram detetadas larvas infetadas por dois serotipos. É uma doença febril que pode atingir crianças e adultos, cujos sintomas surgem em média 7 dias após a picada (3 a 14 dias) e incluem quadro febril agudo, cefaleias intensas, dor retro orbitária, artralgias, mialgias e exantema. Os sintomas normalmente persistem por um período de 7 dias. A expansão geográfica dos vetores e consequentemente do vírus de dengue originou a emergência de formas graves da doença nos últimos 25 anos, tornando-se num crescente e importante problema de Saúde Pública em alguns países das regiões tropicais e subtropicais. Para complementar todo este estudo procedeu-se à observação do ciclo de vida do mosquito em laboratório. 2 Ilustração 1- Aplicação de lixívia (concentrada a 50% nas depressões do pátio onde há acumulação de água parada. Ilustração 2- Lema das brigadas monitorizadas" Todos contra o mosquito!" 2. Distribuição do vírus de Dengue A presença do mosquito Aedes aegypti e do vírus de dengue, com quatro serotipos era conhecida em todos os continentes exceto na Europa e na Antártida, embora a febre hemorrágica ocorresse predominantemente na Ásia e Américas. Ao longo dos anos, o número de casos de febre de dengue, nas suas formas mais suaves e/ou severas, tem registado algumas oscilações apresentando uma tendência geral para o aumento da sua ocorrência. 2.1. Distribuição Mundial do vírus de Dengue 2.1.1. Vírus de Dengue no ano 2013 Na Ilustração 3 é apresentado um mapa onde se pode observar a distribuição do mundial do vírus de Dengue no início do ano 2013. Da sua análise constata-se que o vírus apresenta significativa presença no continente americano (México, Brasil, Perú, Venezuela, EUA, …), e no sul do continente asiático (Índia, Tailândia, Indonésia, ….), abrangendo também a Europa. 3 Ilustração 3- Distribuição mundial do vírus de Dengue. Adaptado do Centers for Disease Control abd Prevention Outra forma de representação da distribuição mundial do vírus de Dengue é a apresentada no cartograma da Ilustração 4 tendo em conta os seguintes parâmetros: a presença/ausência de casos de dengue e o seu serotipo (DENV - 1, DENV - 2, DENV - 3, DENV - 4),. A ideia principal deste cartograma é apresentar o efeito de um mundo distorcido pela distribuição do vírus de Dengue. Ilustração 4- O Mundo distorcido segundo a distribuição do vírus de Dengue. 4 2.1.2. Vírus de Dengue no ano 2014 Em 2014, a distribuição mundial do vírus dengue é a apresentada nas ilustrações seguintes: Ilustração 5 - distribuição mundial do vírus. Dengue referente ao mês de fevereiro de 2014; Ilustração 6 distribuição mundial do vírus de Dengue em abril de 2014. Ilustração 5 - Mapa de ocorrência do vírus de Dengue em fevereiro de 2014 Com base no mapa criado pelo IASAÚDE, IP-RAM é possível observar registos da doença no sudoeste asiático (Malásia, Camboja, Filipinas, Indonésia, Índia e Tailândia), na América do Sul (Brasil, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Paraguai), em África (Tanzânia), e na Oceânia (Austrália). 5 Ilustração 6 - Mapa de ocorrência do vírus de Dengue em abril de 2014 Com base no mapa acumulativo da ocorrência de Dengue até abril de 2014 (Ilustração 6), podemos observar que o maior número de registos de doença foram presenciados na Venezuela, Malásia e Cambodja, seguindo-se o Brasil e as Filipinas. 6 Ilustração 7 – Evolução do nº de casos de Febre de Dengue e nº de países que registam a sua presença. Na Ilustração 7, podemos verificar que o número de casos de dengue aumenta todos os anos, bem como o número de países com dengue. 2.2. Dengue em Moçambique em 2014 Segundo um artigo publicado no site http://www.portugues.rfi.fr/ no dia 19 de Abril de 2014 foram registados vários casos de Dengue em Pemba, no distrito de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Deste modo, as autoridades moçambicanas ficaram em estado de alerta, procurando medidas de controlo da doença, uma vez que “ o último caso de Dengue no país havia sido registado nos anos 80, ou seja, há trinta anos”. 7 Com base neste impacto causado na cidade de Pemba, assegura-se que existem “quatro bairros afetados, sendo 16 casos confirmados e 21 suspeitos. Ainda não foram registados óbitos”. “Segundo o governador de Cabo Delgado, Abdul Razak, toda esta situação vivenciada na cidade de Pemba é originada pela proliferação de mosquitos que além de transmitirem a Malária, transmitem o Dengue.” Fonte:http://www.portugues.rfi.fr/africa/20140419-casos-de-dengueresurgem-em-mocambique 2.3. Dengue na cidade de São Paulo (Brasil) em 2014 Conforme informação publicada no site de notícias “Veja”, no dia 18/04/2014, no “Estado de S. Paulo, a cidade registou mais de 100 novos casos de dengue por dia. Estas informações foram concebidas pela Secretaria Municipal de Saúde. Com base nos números oficiais, em sete dias foram alistados 793 registos da doença na capital paulista, sendo este o maior número de casos já registados em apenas uma semana neste ano. Todavia, até o dia 9 de abril, São Paulo já tinha determinado 1.745 casos de dengue. Devido aos novos registos que apresentam uma evolução devastadora, o número modificou-se para 2.538. Em suma, a Secretaria, conclui que, em relação ao mesmo período do ano passado, o aumento foi de 66%. Neste ano, em menos de quatro meses, supõe-se que a cidade irá superar o número de casos registrados em 2013, quando 2.617 pessoas contraíram dengue.” Fonte:http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/sao-paulo-registra-maisde-100-casos-de-dengue-por-dia. 8 3. O Aedes aegypti e a Febre de Dengue na Madeira Em relação à ilha da Madeira as primeiras referências à fauna de culicídeos foram da autoria de Theobald (1903). O registo de espécies continuou com outros autores, mas foi em 1981 que Rúben Capela divulgou uma listagem completa das espécies e subespécies de mosquitos da Madeira e Porto Santo no artigo "Contribution to the study of mosquitos (Diptera, Culicidae) from the Archipelagos of Madeira and the Salvages I". Na ilustração 8 estão incluídas as espécies e subespécies da Madeira segundo Rúben Capela. Ilustração 8- Lista das espécies e subespécies da Ilha da Madeira em 1981 A Região Autónoma da Madeira (RAM) é um arquipélago português de 801km2 com uma população de aproximadamente 268 000 habitantes. O arquipélago localiza-se a 650 km da costa africana, 845 9 km do continente europeu e 400 km da Ilha das Canárias. A ilustração 9 tem como fundamento mostrar a localização geográfica do Arquipélago da Madeira. Ilustração 9- Localização geográfica do Arquipélago da Madeira A região conta com um clima ameno assente numa temperatura média anual de 18,7ºC e uma amplitude térmica de apenas 6,4ºC. Agosto é, em média, o mês mais quente (22,3ºC) em contraponto com Fevereiro, que se apresenta, em média, como o mês mais fresco (15,9ºC). Tendo em conta a localização geográfica e o clima , a Ilha da Madeira, há muito que apresenta as condições ideais para “acolher” involuntariamente o mosquito invasor Aedes aegypti, visto que este vetor ocorre principalmente nas regiões tropicais e subtropicais, em função das condições climáticas favoráveis para a procriação e desenvolvimento deste tipo de mosquito. Foi então em 2005 que ocorreu o que estávamos à espera, ou seja, foi pela primeira vez registada a presença do mosquito Aedes aegypti na RAM. O mosquito foi identificado pelo Museu de História Natural, da Câmara Municipal do Funchal. Desde então, o principal intuito foi reunir medidas para controlar a expansão da espécie, de modo a contribuir para o bem comum. Essas medidas foram as seguintes: 10 Monitorização do Aedes aegypti com recurso a uma rede de armadilhas habilmente colocada; Identificação larvicidas inseticidas e destruição (combate (combate de químico criadouros parra químico parra e destruir destruir utilização as larvas) de e mosquitos adultos); Sensibilização da população para um cuidado extremo no que diz respeito aos focos e criadores, ou seja, alertar para a redução / escassez dos mesmos; Produção de conteúdos informativos para serem difundidos pela comunicação social de forma a transmitir uma mensagem esclarecedora, garantindo uma relevante interajuda entre todos. Segundo dados do IASUDE, IP-RAM, o estudo retrospetivo das variáveis climáticas e entomológicas indicam que os períodos de temperatura ideal para a oviposição é acima dos 21ºC, que ocorrem, aproximadamente, entre Julho e Outubro, como demonstra a ilustração 10. Ilustração 10 – atividade do mosquito durante 2012 e 2013 tendo em conta a variação de temperatura. 11 3.1. O surto de Dengue na Ilha da Madeira em 2012 Apesar de todos os esforços, no dia 26 de setembro de 2012 registaram-se os primeiros dois casos confirmados da febre de dengue na Madeira. Foi o início de um surto, onde foram notificados 2.165 casos prováveis de febre de dengue na Região Autónoma da Madeira. Não se registaram óbitos. Segundo o jornal Expresso (Carolina Reis, 8 de novembro de 2012) “Atualmente, a Madeira, onde já há registo de mais de mil casos, é o único território europeu onde existe epidemia de dengue, apurou o Expresso junto de fonte da Direção-Geral de Saúde (DGS).” Segundo Francisco George, Directorgeral de Saúde, em declarações à mesma fonte, "A Madeira enfrenta, neste momento, uma epidemia de dengue, trata-se de uma variante da doença que, apesar de provocar muitos casos, são menos graves. Ainda segundo o mesmo interlocutor as chuvas fortes sentidas na Região na segunda e terça-feira (5 de novembro e 6 de novembro de 2012) podem contribuir para o aumento da propagação do mosquito: "Este mosquito desenvolve-se na água, portanto, tudo o que é água agrava. É na água que os mosquitos colocam os ovos.” Fonte:http://expresso.sapo.pt/madeira-e-o-unico-sitio-comepidemia-de-dengue-na-europa=f765400 consultado em maio de 2014. Durante o surto de 2012, os casos prováveis de dengue propagaram-se para fora do Funchal, registando-se casos em toda a zona Sul da ilha, entre a Calheta e Machico (ilustração 11). 12 Ilustração 11- Distribuição espacial dos 2167 casos prováveis de Dengue referenciados no surto de 2012 Tudo indica que a introdução deste mosquito coincidiu com a importação de espécies de flora tropical para os novos jardins públicos que foram surgindo no início do séc. XXI, aquando das obras das Sociedades de Desenvolvimento. O vírus de dengue, causador do surto em 2012, era do tipo DENV – 1 e foi importado, muito provavelmente, da Venezuela onde reside uma enorme comunidade madeirense e uma vez que temos voos diretos da Venezuela para a Ilha da Madeira, existindo nesse país da américa do sul inúmeros casos de dengue, nomeadamente com o serotipo em causa. Entre meados de novembro (semana 46/2012) e as primeiras semanas de 2013, o número de casos prováveis de dengue diminuiu até o surto ter sido declarado extinto na semana 9 de 2013, ilustração 12. Durante o surto não se registaram mortos. 13 Ilustração 12- º de casos prováveis de dengue notificados por semana na Ilha da Madeira, 2012‐2013 Durante o surto foram confirmados laboratorialmente 464 casos. A sua distribuição ao longo das semanas em que durou o surto podem ser observadas na Ilustração 13. No pós-surto, foram confirmados apenas 3 casos importados (um caso do Brasil e dois de Angola) e nenhum caso endémico foi confirmado laboratorialmente. Ilustração 13Distribuição semanal do nº de casos de febre de dengue confirmados laboratorialmente 3.2. Dengue na Ilha da Madeira- ano 2014 Relativamente ao ano que está a decorrer, ainda não foi registada atividade epidémica de dengue na Ilha da Madeira, quer isto dizer 14 que, até ao presente momento só se registaram esporádicos casos importados, ou seja, pessoas que chegam à RAM já infetadas pelo vírus de dengue. Contudo as autoridades regionais permanecem em constante estado de alerta, continuando a desenvolver o seu trabalho de prevenção do vírus de dengue e de combate e monitorização do vetor Aedes aegypti, tendo em conta as medidas de prevenção, sejam elas pessoais ou ambientais (prevenção referida mais à frente no trabalho). 4. Mosquitos existentes na Madeira 4.1. Classificação científica dos mosquitos existentes na Madeira Na classificação dos mosquitos da Madeira, tivemos em conta o trabalho de Rúben Capela (1981) e as orientações de Margarida Clairouin 1. Ochlerotatus eatoni (Endémico da Madeira) Reino Animalia Filo Arthropoda Classe Insecta Ordem Diptera Família Culicidae Género Ochlerotatus Ilustração 14- Ochlerotatus eatoni na fase adulta 15 2. Culiseta longiareolata Reino Filo Classe Ordem Família Género Subgênero Animalia Arthropoda Insecta Diptera Culicidae Culiaseta Allotheobaldia Espécie: Culiaseta. longiareolata Ilustração 15- Culiseta longiareolata 3. Culex hortensis madeirensis (Endémico da Madeira doméstico) Reino Animalia Filo Arthropoda Classe Insecta Ordem Diptera Família Culicidae Género Culex Ilustração 16- Culex hortensis 4. Culex theileri (vetor da filária - doença cardíaca de cão e gato) Reino Filo Classe Ordem Família Género Espécie Animalia Arthropoda Insecta Diptera Culicidae Culex Culex theileri Ilustração 17- Culex theileri 16 5. Culex pipiens (vetor west nile) Reino Filo Classe Ordem Família Género Subgénero Espécie Animalia Arthropoda Insecta Diptera Culicidae Culex Neoculex Culex pipens Ilustração 18- Culex pipiens 6. Aedes aegypti (vetor de várias doenças em especial Dengue e Febre-amarela) Reino Filo Classe Ordem Família Género Espécie Animalia Arthropoda Insecta Diptera Culicidae Aedes Aedes aegypti Ilustração 19- Aedes aegypti 7. Anopheles cinereus (restrito ao Porto Santo) 8. Reino Filo Classe Ordem Família Género Espécie Animalia Arthropoda Insecta Diptera Culicidae Anopheles Anopheles cinereus Ilustração 20- Forma larvar do Anophenes cinereus 17 Parte II Caracterização do mosquito Aedes aegypti Segundo Albano (2013) e o site “Três perguntas básicas sobre o dengue”, a infeção por dengue é transmitida ao Homem pela picada de mosquitos do género Aedes spp., principalmente os das espécies Aedes aegypti e Aedes albopictus. As fêmeas de Aedes spp. picam especialmente ao amanhecer e ao entardecer, preferencialmente os membros inferiores, pernas e tornozelos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que anualmente surgem, em todo o mundo, cerca de 50 milhões de novos casos de infeção por dengue, sendo que as regiões com mais ocorrências deste mosquito são as regiões tropicais e subtropicais. O mosquito proximidades Aedes de aegypti habitações fêmea (casas, prolifera dentro apartamentos, ou nas hotéis), depositando os seus ovos em locais com água parada (limpa ou poluída) como, por exemplo, bases de vasos com plantas, pneus velhos, cisternas etc. Deste modo, é fundamental ter em atenção as medidas de prevenção, pois sem este ambiente favorável, este mosquito não consegue reproduzir-se O vírus causador desta infeção é um arbovírus pertencente ao género Flavivirus, da família Flaviviridae, que apresenta quatro serotipos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4., “Causam os mesmos sintomas. A diferença é que, cada vez que você pega um tipo do vírus, não pode mais ser infetado por ele. Ou seja, na vida, a pessoa só pode ter dengue quatro vezes”, explica o consultor de dengue da Organização Mundial da Saúde (OMS), Ivo Castelo Branco. “Em termos de classificação, estamos falando do mesmo tipo de vírus, com quatro variações”, explica Marcelo Litvoc, infecciologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. “Do ponto de vista clínico, 18 são absolutamente iguais, vão gerar o mesmo quadro”, esclarece o médico. 1. Classificação científica do mosquito do vírus dengue no Arquipélago da Madeira Na classificação científica tivemos por base o site Animal Diversity Web. Reino Filo Classe Ordem Família Género Espécies Animalia Arthropoda Insecta Diptera Culicidae Aedes Aedes aegypti Ilustração 21- Aedes aegypti macho 2. Caraterização dos grupos taxonómicos 1. Reino Animalia- O reino Animalia, Animal ou Metazoa é composto por seres vivos multicelulares cujas células formam tecidos biológicos, com capacidade de responder ao ambiente que os envolve ou, por outras palavras, pelos animais, ilustração 22. Ao contrário das plantas, os animais são heterotróficos, ou seja, buscam no meio onde vivem o seu alimento, como plantas e outros animais para sobreviverem. Ilustração 22-Seres do Reino animal 19 2. Filo Arthropoda- São um filo de animais invertebrados, que possuem exosqueleto rígido articulados, cujo número e vários varia de pares acordo de apêndices com a classe, ilustração 23. Ilustração 23- Alguns seres do Filo Arthopoda 3. Classe Insecta- Corpo dividido em três segmentos (cabeça, tórax e abdómen), três pares de patas articuladas, olhos compostos, duas antenas e dois pares de asas, ilustração 24. Ilustração 24- Constituição de um inseto 4. Ordem Diptera- Caracterizam-se também por possuírem dois pares de asas, um par de asas funcionais e um segundo par de asas modificadas denominadas halteres ou balanceiros. As peças bucais são do tipo picador-sugador, ilustração 25. Ilustração 25- Inseto da ordem diptera 20 5. Família Culicidae- É uma família de insetos comumente chamados de mosquitos e pernilongos. As fêmeas em muitas regiões são designadas vulgarmente como melgas ou “ritinhas”. As fêmeas apresentam antenas pilosas e são muito mais corpulentas que os machos, que apresentam antenas plumosas, ilustração 26. Ilustração 26- Inseto da família Culicidae 6. Género Aedes - É um género de mosquito originalmente de zonas tropicais e subtropicais. Os insetos deste género transmitem doenças tais como: a febre de dengue a febre-amarela. A característica do Aedes é o facto do corpo e as patas serem marcados com riscas pretas e brancas, ilustração 27. Ilustração 27- O mosquito da espécie Aedes aegypti 7-Espécie Aedes aegypti: O Aedes aegypti é um mosquito que pica durante o dia, sendo o oposto do Anopheles, vetor da malária, que tem atividade no fim da tarde e no começo da noite. Os seres humanos são as vítimas preferidas do Aedes 21 aegypti . Relativamente às suas características, possui o corpo negro e manchas brancas no corpo e nas patas. O mosquito Aedes aegypti distingue-se do mosquito Aedes albopictus, pois o primeiro possui no tórax um desenho em forma de lira com escamas branco-prateadas e o segundo possui uma faixa longitudinal de escamas prateadas . 22 3. Uma breve abordagem histórica Tendo em conta o Portal da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, (htto://rio.rj.gov.br), verificamos que a abordagem histórica se inicia de uma forma ilustrada. Relata a febre-amarela, uma das doenças preocupantes da sociedade no século XIX (1876). Deste modo, nessa época, eram implementadas meios/mecanismos para o combate e prevenção à febre-amarela. Ilustração 28- Ilustra a seringa como forma de referir a vacinação contra a febreamarela Ilustração 30- Medidas de prevenção salientadas na rádio 22/06/1929 Ilustração 29-Preparação das casas para a destruição do mosquito- 1913 Ilustração 31- Planta de identificação de focos- Década de 1940 23 Ilustração 32- Cartaz que simboliza toda a história Ilustração 33- Guardas do serviço de febre amarela examinam vasos de flores e trocam a água por areia, medida de prevenção na reprodução de larvas- Março de 1930 Supõe-se que a origem do vírus dengue está relacionada com os vírus que circulavam em primatas não-humanos nas proximidades da península da Malásia. Com o passar do tempo, assistiu-se a um crescimento populacional, levando a uma proximidade das regiões à selva e, assim, os mosquitos transmitiram os vírus de primatas a humanos que, originaram os após as quatro várias serotipos mutações, do vírus transformações, dengue referidos anteriormente no trabalho (DENV-1; DENV-2; DENV-3; DENV-4 ), cujo a numeração está relacionada com a ordem de identificação de cada serotipo. O principal vetor, o mosquito Aedes aegypti, espalhou-se para fora da África durante os séculos XV a XIX, sendo uma das consequências do aumento do comércio de escravos. No século XVII já falávamos em epidemias, mas, foi nos anos 1779 e 1780 em que foram apresentados registos mais concretos acerca do vírus dengue, pois, 24 uma epidemia assolou a Ásia, África e América do Norte. Desde então até 1940, epidemias do vírus dengue tornaram-se a repetir. Foi então que, em 1906, a transmissão por mosquitos do género Aedes foi confirmada. Em 1907, a Febre de Dengue, assumese na história como a segunda doença depois da febre-amarela, de etiologia viral confirmada. A propagação da infeção por Dengue durante e após a Segunda Guerra Mundial tem sido atribuída a perturbações ecológicas, o mesmo contribui para a propagação de diferentes serotipos da doença para novas áreas e ao surgimento de Dengue causadora da Febre Hemorrágica. Na década de 1970, a doença contribuiu para a mortalidade infantil , aparecendo também na região do Pacífico e na América. O dengue hemorrágico e a síndrome do choque de dengue foram diagnosticados pela primeira vez na América do Sul e Central. Em suma, após a leitura ilustrada da doença febre-amarela e a evolução histórica do vírus Dengue, é caso para frisar que até o século XXI será “uma história inacabada”. Parte III 1. Doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti O Aedes aegypti pode transmitir os seguintes agentes patológicos: - Vírus Febre-amarela - Parasita Dirofilaria immitis - Vírus Chikungunya - Vírus Ross River - Vírus Encefalite Equina - Vírus Dengue - Vírus Rift Valley 25 - Vírus Zika - Vírus Wesselsbron 2. Caracterização das doenças 1- Febre-amarela- Segundo a wikipédia, febre-amarela, também designada como Babonis Amarelus, é uma arbovirose provocada por um vírus do género Flavivirus, família Flaviviridae. Normalmente na floresta uma fêmea do mosquito do género Haemagogus pica um macaco infetado e depois pica o Homem, transmitindo a doença. Na cidade, o Homem infetado é picado pela fêmea do Aedes aegypti que depois propaga a doenças pelas pessoas picadas, ilustração 34. Na América Central, na América do Sul, na África e nas cidades ocorre um dos vetores da febre-amarela: o Aedes aegypti. http://lh5.ggpht.com/-F_G0OyqpjiU/Tl-2INjlrhI/AAAAAAAABME/CXIh7S4aG6I/2011-0901%25252013%25252035%25252004%25255B6%25255D.jpg Ilustração 34 –Ciclo de propagação da febre-amarela onde se representa o ciclo silvestre e o ciclo urbano da doença. 26 2- Vírus Ross River – Segundo a wikipédia, o vírus de Ross River é endémico na Austrália, Papua Nova Guiné, Fiji, Samoa, Ilhas Cook, Nova Caledónia e várias outras ilhas do Pacífico Sul. Os principais vectores do vírus são o Culex annulirostris, Aedes vigilax, Aedes camptorhynchus e Aedes aegypti 3- Febre do Vale do Rift (FVR)- Segundo a wikipédia, é a doença causada pelo vírus do Rift Valley . Os sintomas podem ser leves (febre , dores musculares e dores de cabeça) e graves (perda de visão que começa três semanas após a infeção e infeções do cérebro que provocam fortes dores de cabeça). A sua transmissão é através do sangue ou animal infetado. A prevenção da doença em seres humanos é através da vacinação de animais contra a doença. 4-Dengue: Segundo a wikipédia,”…dengue tem, como hospedeiro vertebrado, o ser humano e outros primatas, mas somente o primeiro apresenta manifestação clínica da infeção e período de virémia de aproximadamente sete dias. Nos demais primatas, a virémia é baixa e de curta duração. Atualmente, dengue é a arbovirose mais comum que atinge a humanidade, sendo responsável por cerca de 100 milhões de casos/ano em uma população de risco de 2,5 a 3 bilhões de seres humanos.” (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dengue, 10 maio 2014) 4.1-Imunidade- Segundo a wikipédia, "… dengue é transmitida por várias espécies de mosquito do género Aedes, principalmente o Aedes aegypti. O vírus tem cinco tipos diferentes e a infeção por um deles dá proteção permanente para o mesmo serotipo e imunidade parcial e temporária contra os outros três. Um contágio subsequente por algum tipo diferente do vírus aumenta o risco de complicações graves no 27 paciente. Como não há vacina disponível no mercado, a melhor forma de evitar a epidemia é a prevenção, através da redução ou destruição do habitat e da população de mosquitos transmissores e da limitação da exposição a picadas. 5-Chikungunya –Segundo a wikipédia, a febre de Chikungunya é originada pelo vírus de Chikungunya (CHIKV) do género Alphavirus, da família Togaviridae. Este vírus é transmitido ao Homem através da picada de mosquitos infetados, sendo que os mosquitos envolvidos são principalmente o Aedes aegypti e o Aedes albopictus. Provoca febre, dores nas articulações e por vezes dores musculares, dor de cabeça, náuseas, fadiga e prurido. 6-Vírus da encefalite equina oriental – Segundo a wikipédia, o vírus pertence ao género Alphavirus, da família Togaviridae, é transmitido por artrópodes sugadores de sangue. Pode infetar diversos vertebrados , incluindo o cavalo e o Homem. 7-Vírus Wesselsbron – Segundo a wikipédia, o vírus pertence ao género Flavivirus e é transmitido por artrópodes. Trata-se de uma infeção aguda que afeta ovelhas, gado e cabras. A infeção é comum, mas a doença clínica é rara. Nos seres humanos, a infeção causa uma doença semelhante à gripe não fatal. 8-Dirofilaria immitis- Segundo a wikipédia, a Dirofilariose é uma zoonose causada pelo nematode Dirofilaria spp., mais conhecido como verme do coração dos cães, e é transmitida pelos mosquitos vetores (Aedes spp.). As Dirofilaria spp. são parasitas dos cães, dos gatos e eventualmente podem parasitar o Homem. 28 9-Zika- Segundo a wikipédia, o vírus pertence à família Flaviviridae. É considerada uma doença infeciosa emergente com potencial para se disseminar para novas áreas onde o mosquito vetor Aedes está presente. Não há evidências de transmissão do vírus Zika na Europa até à data e casos importados são raros. 3. Análise das doenças a nível Mundial Ilustração 35- AS doenças a nível Mundial Segundo o site Boas Notícias, Alagoas Real, o Departamento de Saúde da Polinésia Francesa certificou a incidência de febre do vírus Zika nas ilhas do Tahiti, Moorea, Raiatea, Tahaa, Bora Bora, Huahine, Nuku Hiva, Hiva Oa, Ua Pou, Hao, Rangiroa, Fakarava, Tikehau, Takaroa Ahe and Arutua. Do mesmo modo, são consideradas áreas de risco algumas regiões da África, Ásia e Pacífico Oeste. Até dezembro de 2013, foram anunciados 99 laboratorialmente e 35.000 casos casos comprovados presumíveis. Não houve hospitalizações ou mortes associadas à doença. 29 4. Transmissão do Dengue 4.1 Vírus O vírus dengue tem apresentando uma história evolutiva, fazendo parte dos nossos dias. Considera-se que surgiu há cerca de 1000 anos, tendo estabelecido transmissão endémica em humanos apenas nos últimos 100 anos. Pondera-se a hipótese do vírus não ser de origem Africana pois, a presença de todos os quatro serotipos em seres humanos e macacos foi detetada na Ásia. Deste modo, é sugerível que o vírus tenha uma origem asiática devido a predominância nesta região. O vírus dengue é um arbovírus da família Flaviviridae, género flavivírus, que está relacionado com os vírus que causam a febre-amarela e a Encefalite Japonesa. A sua classificação pode ser feita da seguinte maneira: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 - com base em características antigénicas e genéticas. Todavia, a transmissão deste vírus é de reconhecida relevância nos trópicos sendo paralela com a área de distribuição mundial do Aedes aegypti. A dimensão do vírus dengue é relativamente pequena, apresentando 40-50 nm de diâmetro. 30 4.2 O Vírus e o Aedes aegypti Segundo o Jornal Público, a ilustração 36, tem como fundamento explicar pormenorizadamente o processo de transmissão do vírus do mosquito Aedes aegypti. Ilustração 36- Transmissão do vírus 1- Fêmea do mosquito infetada pica uma pessoa durante o dia, para se alimentar, e transmite-lhe o vírus pela saliva. 2- Vírus replica-se nos tecidos perto da zona da picada ou nos nódulos linfáticos. 3- Vírus liberta-se desses tecidos, dissemina-se pela corrente sanguínea e infeta os glóbulos brancos. 4- Vírus liberta-se dos glóbulos brancos e circula pelo sangue. 5- Outros mosquitos ficam infetados quando picam a pessoa infetada para uma refeição de sangue. 31 6- Os sintomas da febre de dengue surgem quando o sistema imunitário destrói as células infetadas. 4.2.1 Padrões de Transmissão A seguinte ilustração 37 tem com objetivo abordar os Padrões de Transmissão: dengue epidémico e dengue hiperendémico. Padrões de Transmissão Dengue epidémico A transmissão do virus da dengue numa região é isolado envolvendo apenas um estirpe. Quando há condições que favorecem a multiplicação dos mosquitos infetados poderá conduzir a uma epidemia. É o padrão predominante de transmissão em certas áreas da América do Sul e África e Ásia, onde a transmissão do dengue está a reaparecer. Dengue Hiperendémico A sua transmissão refere-se à circulação coincidente com os múltiplos serotipos virais na mesma região. Em algumas regiões, 5 a 10% da população suscetível é infetada anualmente. Ilustração 37- Representação dos padrões de transmissão 32 4.2.2-Ciclo de transmissão do Vírus Dengue A ilustração 38 apresenta o ciclo de transmissão do vírus dengue. É dependente de uma interação entre mosquitos infetados e humanos suscetíveis versus mosquitos suscetíveis e humanos infetados. Ciclo de transmissão do virus da dengue Humanos infetados Mosquitos infetados Humanos suscetíveis Mosquitos suscetiveis Ilustração 38- ciclo de transmissão do vírus dengue 4.2.3-Fatores de Transmissão Tendo por base Albano (2013) os fatores de transmissão são os seguintes: Aumento da densidade do vetor – É após a época de chuva que os mosquitos tendem a aparecer em maior número. Com base neste fator, temos que ter em atenção (diariamente) todos os possíveis locais de criadouro do mosquito nas zonas habitacionais. Para tal, temos que eliminar todas as fontes de água parada, controlando assim, esta epidemia. Diminuir o período de incubação no mosquito - O tempo de incubação no mosquito está associado com a temperatura ambiental. Assim, temperaturas mais altas são uma mais-valia para o mosquito permanecer infecioso. 33 No Arquipélago da Madeira, com base nos dados recolhidos pelo IASAÚDE, IP-RAM , parece que os 20ºC são a temperatura a partir da qual se registam maior número de ovos. Aumento da densidade de humanos suscetíveis - Condições de sobrelotação (pessoas) provavelmente aumenta o potencial de transmissão viral. No entanto, à medida que a prevalência da infeção anterior aumenta, a fração da população que permanece suscetível diminui. 5. Sinais e sintomas do vírus Dengue Segundo Albano (2013) o tempo médio do ciclo é de 5 a 6 dias, e o intervalo entre a picada e a manifestação da doença chama-se período de incubação. Depois disso, os sintomas manifestam-se geralmente a partir do 3° dia depois da picada do mosquito. A seguinte ilustração 33 faz referência aos sinais e sintomas. Ilustração 39 –Sinais e sintomas dengue 34 6. Medidas de prevenção contra o vírus Dengue O vírus dengue ataca o fígado. Quando este órgão está fragilizado pelo excesso de gorduras, diabetes, hepatites, abuso de medicamentos e/ou de álcool, sobrepeso ou obesidade, colesterol ou triglicéridos elevados, a recuperação pode tornar-se mais lenta. Quanto mais tivermos a consciência que a auto proteção e a proteção de toda a família contra o Dengue é fundamental, mais rápido o mosquito perderá a sua força de ação e multiplicação na nossa casa, cidade, país e planeta! 6.1 Proteção pessoal Segundo a revista “Eu Sou… Bioforma” de junho de 2013, devemos: Aumentar o consumo de líquidos e sumos verdes com vegetais crus porque ajudam a fortalecer as defesas do organismo evitando e tornando-nos menos suscetíveis ao ataque dos mosquitos. O repouso é fundamental para ajudar o organismo a recuperar, o mais rapidamente possível, das agressões deste vírus. Fechar as janelas ao amanhecer e ao anoitecer (horário em que o mosquito fêmea atua). Usar mosquiteiros em casa. Óleos essenciais tradicionalmente usados pela sua ação repelente de insetos e parasitas. Os óleos essenciais podem ser usados em difusores no ambiente e também em sprays. 35 Reduzir a exposição corporal à picada (usando roupa clara que permita ver os mosquitos sobre a roupa, larga, manga comprida, calças e meias). 6.2 Proteção ambiental Segundo informações distribuídas pelo IASAUDE e Câmara Municipal do Funchal, a prevenção é a principal ação para controlar a proliferação do mosquito, eliminando sobretudo os ambientes favoráveis à sua reprodução, ou seja, é de extrema atenção verificar diariamente todos os possíveis locais de criadouro do mosquito nas nossas casas, na vizinhança e até mesmo na nossa cidade. As medidas de saneamento ambiental representam o meio mais eficaz no controlo dos mosquitos e são uma responsabilidade coletiva. A par da ação sobre o ambiente, deverão ser tomadas precauções individuais. Remover folhas/ galhos que impeçam a água de escorrer pelas calhas/caleiras. Não deixar a água da chuva acumulada sobre a laje. Encher os vasos de plantas com areia. Se houver vasos de plantas aquáticas é aconselhável trocar a água do vaso e lavá-lo por dentro com água e sabão. Entregar os pneus velhos ao serviço da limpeza urbana ou guardá-los sem água num local coberto e abrigados da chuva. Colocar o lixo em sacos de plástico e mantê-los bem fechados. Não colocar/atirar lixo para terrenos baldios. Nas sarjetas retirar a água acumulada e cobrir a entrada com uma rede de metal fina, usar sal de cozinha. 36 Os bebedouros dos animais devem ser lavados e esfregados todas as semanas. A água deve ser mudada diariamente. Manter bem fechados poços, tanques e outros depósitos de água ou vedar com tela fina. As piscinas devem ser tratadas com cloro e limpas uma vez por semana. As desmontáveis, quando não usadas, devem ser tapadas, desmontadas, esvaziadas ou viradas para baixo. As plantas que acumulam água, como as Bromélias, devem ser evitadas ou em alternativa regar com água e lixívia (2 colheres de chá(10ml) / 1 litro de água). Parte IV 1. Projecto “Todos contra o Mosquito” Em parceria com o IASAÚDE, IP-RAM e com o patrocínio da Farmácia do Caniço e Previpiq, os alunos dos cursos técnicos da Escola Secundária Jaime Moniz, coordenados pelo professor António Freitas, puseram no terreno um projecto de combate ao Mosquito Aedes aegypti no espaço interior e envolvente da escola (ilustração 40). Ilustração 40 – Logotipo do projecto todos contra o mosquito! 37 1.1 Resultados obtidos na brigada de caça aos mosquitos no dia 16 de dezembro de 2013 No dia 16 de dezembro de 2013, uma brigada composta por alunos do Liceu Jaime Moniz, juntamente com professor António Freitas e a equipa técnica do Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais IP-RAM, realizaram uma saída de campo ao redor do Liceu com o intuito de fazer o inventário dos possíveis criadouros de mosquito, com o objetivo final do combater o mosquito vetor responsável pela transmissão de dengue, problema que tanto preocupa e traumatiza toda a comunidade escolar. As seguintes imagens demonstram todo o trabalho em campo realizado nesse dia. Ilustração 41 –Área vistoriada pelas brigadas. Legenda da ilustração 41 (41A, 41B, 41C, 41D, 41E): A- Bromélias: com larvas de mosquito (ilustração 41A); B, D – Pequenos buracos redondos com tubos metálicos com larvas do mosquito Aedes aegypti (ilustração 41B e 41D); 38 C-Tubos de plástico no pavimento com larvas do mosquito Aedes aegypti (ilustração 41C); E- Água estagnada com larvas do mosquito Aedes aegypti (ilustração 41E). Ilustração 41A Ilustração 41B Ilustração 41C Ilustração 41D Ilustração 41E Os locais em causa foram secos através da aspiração. 39 1.2- Resultados obtidos nas brigadas da caça aos mosquitos no mês de janeiro de 2014 Ilustração 42 – Área de trabalho das brigadas Após várias brigadas realizadas no mês de janeiro, na área demonstrada na ilustração 42, as mais significativas foram as seguintes: 6 de janeiro de 2014- Foram encontradas larvas de mosquito Aedes aegypti na Rua Conde Carvalhal (assinalado na ilustração 42 com a seta e letra “A”). Ilustração 43 – tipo de sarjeta ilustração 44 – amostra de larvas As larvas de mosquito foram detetadas em grande quantidade numa sarjeta com “decantador”, ilustração 43. O tubo de escoamento fica acima do nível do fundo da sarjeta, deixando 40 um depósito de água no mesmo. Na ilustração 44 podemos ver a mostra de larvas retiradas da sarjeta em causa. No final desta saída de campo ficámos um pouco desapontados, visto terem sido identificados inúmeros locais que reúnem as condições ideais para serem potenciais criadouros dos mosquitos. Entre eles temos as sarjetas com decantador, que formam um criadouro ideal para o Aedes aegypti; o lixo na rua, deitado pelas pessoas, que facilmente acumula água; as bromélias nos quintais das moradias; algumas varandas têm vasos de flores com pratos; e o jardim do Campo da Barca, onde foi identificada uma grande quantidade de bromélias. 20 de janeiro de 2014- Foram encontradas larvas do mosquito Aedes aegypti na Rua Santa Maria. assinalado na ilustração 45, com a seta e número “1”). Todas estas larvas foram eliminadas. Para além do trabalho de identificação/eliminação de larvas, a missão passou também por sensibilizar a população (distribuição de cartazes e folhetos) para terem em conta alguns cuidados básicos para a eliminação de possíveis criadouros. Ilustração 45 – Rua Santa Maria onde está assinalado a sarjeta com larvas de mosquito 41 1.3. Resultados obtidos pelas brigadas de caça ao mosquito no dia 3 de fevereiro de 2014 Ilustração 46 – Travessa João Caetano onde está assinalado as duas sarjetas com larvas No dia 3 de fevereiro de 2014 foram encontradas larvas, ilustração 47, do mosquito Aedes aegypti na em duas sarjetas na Travessa João Caetano, ilustração 48, assinalado na ilustração 46, com as setas e letras “A” e “B”). Ilustração 47- Larvas encontradas Ilustração 48- Sarjeta 42 1.4 Auto-análise das brigadas Após as saídas de campo efetuadas pelas brigadas ao redor da escola, resta-me salientar que foi um trabalho muito gratificante, visto que juntamente com o nosso coordenador António Freitas, com a equipa do Instituto de Administração da Saúde e Assuntos Sociais IP-RAM e com os restantes colegas do curso, demos o nosso contributo no combate ao mosquito Aedes aegypti que tanto tem causado preocupação à população madeirense desde 2005. Deste modo, o nosso intuito passou por detetar as larvas existentes em sarjetas e outros possíveis criadouros e também sensibilizar a população para os cuidados a ter com as pequenas acumulações de água (potenciais criadouros de mosquitos), através da distribuição de cartazes e folhetos. Nos trabalhos realizados foi possível eliminar algumas das situações detectadas, sendo que os casos que não conseguimos resolver foram reportados tanto à Câmara Municipal do Funchal (CMF), através da ferramenta de georreferenciação que a CMF possui online, como à equipa de combate ao mosquito do IASAÚDE, IP-RAM, que rapidamente interveio no terreno. De modo a facilitar o trabalho das brigadas, a área circundante à escola foi dividida em quatro zonas. A turma foi dividida também em quatro grupos, cada um responsável por uma área como mostram as ilustrações, 49, 50, 51 e 52. 43 Illustração 49 – Zona A Illustração 50 – Zona B 44 Illustração 51 – Zona C Illustração 52 – Zona D 45 Com os dados recolhidos foi possível construir os mapas onde podemos observar a localização das sarjetas, com indicação da sua situação, relativamente à presença/ausência de água, ilustração 53 e presença/ausência de larvas do mosquito Aedes aegypti, ilustração 54. Ilustração 53 – mostra as sarjetas que têm água Ilustração 54 – mostra as sarjetas que têm larvas 46 Todavia, todo o nosso mérito, empenho, dedicação, persistência e esforço foi também reconhecido nos artigos publicados no Diário de Notícias, Jornal da Madeira e Tribuna da Madeira e RDP como ilustram as seguintes imagens. Este facto torna o nosso trabalho muito mais apelativo, não só para a população residente no Funchal como, também, para toda a comunidade madeirense. Sendo assim, o nosso trabalho/luta uma das chaves para ajudar a combater o mosquito Aedes aegypti. Ilustração 55- Recorte do jornal da Madeira Ilustração 56- Recorte do Diário de notícias Deste modo, quero agradecer às técnicas do IASAÚDE, IP-RAM que nos deram formação no terreno, ou seja, formação ao longo das brigadas; aos professores da componente Técnica: António Freitas e Maria Campanário, que contribuíram com um apoio precioso; aos nossos patrocinadores: Farmácia do Caniço e Previpiq pois, sem 47 ajuda destes, este trabalho não tinha alcançado os seus objetivos (inventariação e levantamento topográfico dos criadouros do mosquito Aedes aegypti; monotorização da atividade do mosquito com recurso eliminação de a armadilhas criadouros e nas estabelecimento ruas que de rodeiam indicadores; a Escola; sensibilização da população que vive junto à escola). 2. Laboratório de Saúde Pública No dia oito de maio de 2014, juntamente com o professor António Freitas da componente técnica, deslocámo-nos ao Laboratório de Saúde Pública, situado na Rua do Seminário (Funchal), com o objetivo de percebermos de que forma é realizado o trabalho de vigilância entomológica. Segundo informações obtidas presencialmente junto dos técnicos do IASAUDE, a metodologia de monitorização do vetor adotada consiste em controlar a presença de ovos, com periodicidade semanal, num conjunto de ovitraps (armadilha de ovos) colocadas em diversos locais sensíveis. O mosquito Aedes aegypti na sua forma adulta está a ser monitorizado actualmente quatro vezes por semana através de uma rede de armadilhas BG-Sentinel Traps, situadas nos concelhos do Funchal, Câmara de Lobos e no Aeroporto Internacional da Madeira. Nas ilhas da Madeira e Porto Santo existem 184 ovitraps, sendo 138 da responsabilidade do IASAÚDE, IP-RAM e 46 da responsabilidade do Museu de História Natural da Câmara Municipal do Funchal. Estão ainda colocadas 16 BG-Sentinel Traps da responsabilidade do IASAÚDE, IP-RAM, apenas na Ilha da Madeira.As Ovitraps são compostas por um recipiente preto (balde de 10 litros) com água onde é colocada uma régua revestida por uma fita de veludo vermelho. É nessa fita que os mosquitos fêmeas fazem a deposição 48 dos seus ovos. Com o actual sistema de monitorização, estas fitas são recolhidas todas as semanas a fim de serem contabilizados os ovos aí depositados pelos mosquitos. (ilustração 57). Ilustração 57- armadilha para captura de ovos de mosquito (ovitrap) Uma vez em Laboratório, estas fitas são observadas a microscópio a fim de ser contado o número de ovos. Para efeitos de estudo e confirmação de alguma dúvida que possa surgir sobre a espécie a que pertencem os ovos, algumas dessas fitas são colocados num recipiente com água, no interior de uma gaiola entomológica, a fim de eclodirem os ovos aí retidos. (ilustração58). Depois de completo todo o ciclo das formas imaturas (ovo/larva/pupa), finalmente surge o mosquito na sua forma adulta. Como forma de alimentação para os mosquitos é utlizada uma calda de açúcar embebida em algodão ( ilustração 59). Para trabalhos de estudo da espécie, os mosquitos são retirados destas gaiolas. Para tal é utilizado um aspirador para sugar o inseto (ilustração 60), ficando este preso no frasco, protegido por uma rede que evita a sua fuga e uma tampa que fecha automaticamente após a sucção, impossibilitando que o mosquito consiga escapar (ilustração 61) . 49 . Ilustração 58- Gaiola entomológica Ilustração 59- Mistura de açúcar com água. Algodão embebido na mistura em cima do frasco para alimentar o mosquito Ilustração 60- Aspirador para sugar o mosquito Ilustração 61- Mosquito preso no frasco Para retirar o mosquito do frasco do aspirador para um tubo de vidro para posterior observação numa lupa binocular é utilizado um aspirador bocal (possui uma rede de proteção para retenção do mosquito evitando que este chegue à boca do investigador) (ilustração 62 e 63). Ilustração 62- Aspirador bocal Ilustração 63- Aspirador bocal 50 2.1. Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti Segundo as informações do IASAUDE, no Manual de Prevenção do Dengue 2013, o Aedes aegypti é um inseto que se desenvolve por metamorfoses, com fases do ovo, larva, pupa em meio aquático e fase de adulto em meio terrestre.– ilustração 64. O ciclo de vida completo demora entre 7 a 15 dias e é influenciado pelos seguintes aspetos: temperatura, disponibilidade de alimentos e quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro. Ilustração 64- Ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti Tendo em conta o trabalho de Margarida Clairouin, o desenvolvimento e metamorfose dos mosquitos tem em conta as seguintes fases. No caso do Aedes aegypti temos: a) Fase ovo Os ovos do Aedes aegypti medem aproximadamente 1mm de comprimento e possuem uma forma alongada e cilíndrica. A fêmea deposita entre 30 a 300 ovos de cada vez em recipientes de cor escura, com água limpa ou pouca matéria orgânica e próximo da linha de água, espalhando-os em dois ou mais sítios. Na ida ao 51 Laboratório de saúde Pública pudemos observar numa lupa binocular os ovos, ilustração 65, que estavam colocados na fita de veludo vermelha, ilustração 66, . Ilustração 65- ovos dos mosquitos Aedes aegypti observados macroscopicamente b) Ilustração 66- ovos dos mosquitos Aedes aegypti observados macroscopicamente Fase Larvar Caracteriza-se por ser uma fase aquática. As larvas, que apresentam 4 estádios de desenvolvimento, são muito móveis em busca de alimento e sombra. A duração das fases larvares depende em grande medida da disponibilidade de alimento, da temperatura e da densidade larvar, podendo ser de 4 a 7 dias nos trópicos . A ilustração 67 mostra um tubo branco com várias larvas do mosquito Aedes aegypti observadas no Laboratório de Saúde Pública. Ilustração 67- Larvas do mosquito Aedes aegypti 52 c) Fase de Pupa As pupas também são aquáticas. Nesta fase não se alimenta e respira por trompetas. Leva aproximadamente 2 a 3 dias para se desenvolver até à fase adulta em climas tropicais A ilustração 68 mostra a pupa do mosquito Aedes aegypti observado no Laboratório de Saúde Pública. Ilustração 68- Pupa do mosquito d) Fase Adulta É a última fase do ciclo de vida do mosquito Aedes aegypti, ou seja, é o mosquito em si. Relativamente à sua dimensão, mede aproximadamente 0,5 centímetros, apresentando um corpo com tonalidade escura e manchas brancas no abdómen e patas. Ao contrário do macho, a fêmea apresenta um apêndice mais alongado localizado na cabeça que serve para se alimentarem, uma maior longevidade e o seu corpo é relativamente superior em relação ao macho. É a fêmea que pica os humanos, alimentando-se do nosso sangue, visto ser fundamental para a maturação dos ovos. Os machos não são hematófagos, alimentando-se de néctar das flores e 53 outras substâncias açucaradas. Mas a ingestão de açúcares não é restrita aos machos, pois as fêmeas também se alimentam de substâncias açucaradas para obter energia para o voo e dispersão. As seguintes ilustrações 69 e 70 dizem respeito ao mosquito Aedes Aegypti na sua fase adulta, imagens capturadas no laboratório de Saúde Pública. Ilustração 69- Observação do mosquito Aedes Aegypti macroscopicamente Ilustração 70- Mosquito Aedes Aegypti ( fêmea/ macho) 54 2.2. Identificação do mosquito Aedes aegypti A seguinte ilustração 71 (Contributions of the American Entomological Institute, Huang (1979)) diz respeito ao esquema do mosquito Aedes aegypti que apresenta as seguintes características: Ilustração 71- Esquema Aedes aegypti 55 - Uma seda com 3, 4 ramificações, localizada no sifão, ilustração 72. Ilustração 72 –Seda com 4 ramificações - Tem o pécten sifonal com 8-20 espinhas, ilustração 73. Ilustração 73 –Pécten sifonal 56 - O espinho no tórax é específico no Aedes aegypti, ilustração 74. Ilustração 74 –espinho no tórax -pente de espinhos numa fileira localizados no VIII segmento, ilustração 75. Ilustração 75 –Pente de espinhos A ilustração 76 diz respeito ao esquema do mosquito Aedes albopictus . Este apresenta um pente de espinhos semelhante ao do mosquito Aedes aegypti, a única diferença reside no tipo de espinho. 57 Ilustração 76 - Diferenças entre os espinhos localizados no pente do Aedes albopictus e do Aedes aegypti. Parte V 1. Conclusão A prova de avaliação final (P.A.F.) é o projeto mais marcante de todo o curso, pois permite-nos demonstrar as nossas capacidades para defender o tema que escolhemos, sendo também um reflexo da nossa aprendizagem. Na nossa opinião, o nosso projeto é rico em conhecimentos pois, para além da parte teórica, é possuidor de uma parte prática (brigadas realizadas ao redor da escola e visita ao laboratório de saúde pública do Funchal) que, para nós, foi a parte mais gratificante de todo este trabalho. Encontrámos larvas de mosquitos e mosquitos adultos nas ruas envolventes ao espaço escolar. Também foi possível identificar casas abandonadas com entulho que facilmente se transformarão em focos e criadores. As situações em causa que não conseguimos resolver foram reportadas tanto à Câmara Municipal do Funchal (CMF), através da ferramenta de georreferenciação que a CMF possui online, 58 como à equipa de combate ao mosquito do IASAÚDE, IP-RAM, que rapidamente interveio no terreno. Para combater o mosquito no perímetro da escola, além de atuarmos no interior, temos que sair dela! Naturalmente que, no decorrer da P.A.F., encontrámos diversas dificuldades e barreiras que foram ultrapassadas. Foi um trabalho que exigiu muito de nós, uma vez que não temos formação científica do secundário, sendo da área das socioeconómicas. Houve momentos em que pensámos que seria impossível levar esta tarefa a bom porto. Por vezes, faltou o entusiamo de vê-lo concluído, visto que, quanto mais aprendíamos, mais informação ia surgindo sobre o assunto, parecendo que este trabalho nunca mais seria finalizado. Contudo, acabámos por encará-lo como uma grande batalha, pois as grandes batalhas são dadas a grandes guerreiros. É com grande satisfação e orgulho que vemos o nosso projeto terminar e, sobretudo, pelo facto de termos conseguido realizar um projeto em que pudemos enriquecer os nossos conhecimentos na área das ciências. Para além de darmos o nosso contributo para o combate ao mosquito Aedes aegypti, também aprofundámos os nossos conhecimentos relativamente ao mesmo. Parte VI Bibliografia: Albano, Miguel et al. (2013). Dengue – Manual de Prevenção. Funchal, IASAUDE. Capela, Rúben (1981). Contribution to the study of mosquitos (Diptera, Culicidae) from the Archipelagos of Madeira and the Salvages I. 59 Clairouin, Isabel Margarida Neves (2009). Estudo dos Culicídeos (Diptera: Culicidae) nos cemitérios das Ilhas da Madeira e do Porto Santo. Lisboa, Universidade Nova de Lisboa. Cunha, Rivaldo Venâncio (2011), Curso Clínico do Dengue, Porto Alegre Márcia Elias, (Junho 2013). Dengue. Eu sou… Bioforma, páginas 22 e 23. Webgrafia Aedes aegytpi [Em Linha]. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Aedes_aegypti [consultado em maio de 2014] Animal Diversity Web [Em Linha]. Disponível em http://animaldiversity.ummz.umich.edu/accounts/Aedes/classific ation/#Aedes [consultado em maio de 2014] Boas Notícias, Alagoas Real [Em Linha]. Disponível em http://alagoasreal.blogspot.pt/2013/12/polinesia-francesaconfirmou-um-surto.html?m=1 [consultado em maio de 2014] Culex [Em Linha]. Disponível em http://sv.wikipedia.org/wiki/Culex [consultado em maio de 2014] Culex pipiens [Em Linha]. Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/Culex_pipiens [consultado em maio de 2014] Culex theileri [Em Linha]. Disponível em http://sv.wikipedia.org/wiki/Culex_theileri [consultado em maio de 2014] 60 Dengue [Em Linha]. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Dengue [consultado em maio de 2014] Dirofilariose [Em Linha]. 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