Estudo da Voçoroca Vila Vitória em Área

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Estudo da Voçoroca Vila Vitória em Área Periurbana no Município de Loanda/PR*.
Maria Dolores Jodar Gutierrez Cancean** (PDE/SEED-PR)
Resumo: Esta pesquisa atuou no sentido de analisar a evolução da Voçoroca Vila Vitória,
localizada a montante da cabeceira do Ribeirão Areia Branca, no Município de Loanda, em
cerca de quase quatro décadas, na tentativa de estabelecer suas causas e efeitos. Isso porque o
processo de urbanização do Município de Loanda provocou alterações ambientais na área em
estudo com o surgimento dessa imensa voçoroca que causa prejuízo para a sociedade local. É
fundamental que se conheça a origem e evolução desse processo erosivo, para isso, é
necessário identificar o tipo de solo desse local. Neste sentido, este trabalho apresenta os
resultados obtidos com o desenvolvimento desse projeto, traçando um panorama da evolução
dessa voçoroca nas décadas de 1970, 1980, 1990 e dados atuais.
Palavras - chave: erosão, solos, voçoroca, Loanda.
1. Introdução
O processo de ocupação da Região Noroeste do Estado do Paraná, promoveu um
desmatamento generalizado, expondo a cobertura pedológica. Esta cobertura, na área de
ocorrência do Arenito Caiuá é caracterizada pela presença de solos de textura arenosa e
apresenta grande susceptibilidade aos processos erosivos gerando sulcos, ravinas e voçorocas.
Tais fenômenos promovem a degradação dos solos e a perda da produtividade; assoreamento
da rede de drenagem e ainda prejuízos para infra-estrutura urbana.
Nesse contexto, o controle ou a prevenção da erosão tem sido um desafio constante e
necessário para que se possa garantir a expansão do núcleo urbano e das atividades
econômicas do Município de Loanda, notadamente da atividade agropecuária. Isto tem sido
uma preocupação de entidades estaduais, órgãos administrativos municipais e, principalmente
para as populações locais que sofrem diretamente com o problema.
Desse modo, o presente trabalho tem como objetivo evidenciar questões
relacionadas à ocupação do espaço no setor nordeste entre o perímetro urbano e zona rural do
Município de Loanda/PR, onde se constata uma imensa voçoroca, aqui entendido como objeto
de análise geográfica.
Por ser o espaço geográfico objeto de estudo da Geografia, Geógrafos de diferentes
correntes de pensamento buscaram ao longo da história conceituar esse objeto, de especificar
os conceitos básicos e de entender e agir sobre esse espaço. De acordo com as Diretrizes
Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná de Geografia (2006)
espaço geográfico é aquele produzido e apropriado pela sociedade, composto por objetos
naturais, culturais e técnicos e ações pertinentes a relações socioculturais e políticoeconômicas. Objetos e ações estão inter-relacionados (LEFEBVRE, 1974; SANTOS,1996
apud PARANÁ, 2006)
De acordo com Santos (1996) apud Paraná (2006) os objetos que interessam à
Geografia podem ser uma cidade, uma estrada de rodagem, uma floresta, uma plantação, entre
outros elementos e é através da história desses objetos, ou seja, da forma como foram
produzidos e se transformam, que permite a análise do mesmo.
2 Revisão de Literatura
2.1 ASPECTOS TEÓRICOS DO PROCESSO EROSIVO
De acordo com a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná
(1991) microbacia é uma área geográfica compreendida entre um fundo de vale (rio, riacho,
várzea) e os espigões (divisores de água) que delimita os pontos nos quais toda água das
chuvas concorre para este fundo de vale. Na prática, as microbacias se iniciam na nascente
dos pequenos cursos d’água, unindo-se as outras até se constituírem a bacia hidrográfica de
um rio de grande porte.
Segundo Mazuchowski (1981), a bacia hidrográfica é definida pela área de
contribuição para o escorrimento superficial de águas através de um emissário e que está
separada de outras pela linha hidrográfica existente nos espigões.
Ainda com respeito as microbacias hidrográficas, de acordo com o IAPAR (1990)
elas têm sido apontadas como a dimensão espacial adequada para maior eficácia no controle
da erosão e conservação do solo agrícola. Nessas unidades interfere um conjunto de
fenômenos advindos das atividades de produção agropecuária, incluindo-se diferentes
processos de uso e manejo do solo e de utilização dos recursos agroecológicos e sócioeconômicos disponíveis.
Assim, as microbacias são consideradas como o espaço apropriado para controle do
processo erosivo. Bigarella e Mazuchowski (1985) assinalam que torna-se impreterível o
planejamento conservacionista da propriedade, bem como, das microbacias, para viabilizar o
processo de conservação e uso das terras.
Cumpre-nos destacar que o Município de Loanda está situado no espigão divisor das
bacias hidrográficas dos Rios Ivaí, Paranapanema e Paraná. Seus ribeirões à norte e noroeste
contribuem para a bacia hidrográfica do Rio Paraná. Os ribeirões e córregos a nordeste
contribuem para a bacia do Rio Paranapanema. Os ribeirões do sul, sudeste e sudoeste
contribuem para a bacia hidrográfica do Rio Ivaí.
No mapa da figura 1 se observa que as águas pluviais que caem no município na
direção norte dirigem-se para o Ribeirão Areia Branca, formando a micro bacia deste ribeirão
(cor laranja).
Figura 1: Mapa das Micro Bacias Hidrográficas do Município de Loanda
Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Loanda, 2007.
Verifica-se no mapa da figura 2, que parte das águas das chuvas que caem na área
urbana de Loanda correm para o setor leste/nordeste (cor roxa) contribuindo
sobremaneira
para a expansão da Voçoroca Vila Vitória. Nessa figura a voçoroca está contornada pela cor
rosa, próximo da Estrada do Matadouro.
Para a Prefeitura Municipal de Loanda (2004) isso ocorre porque os resíduos da rede
de esgoto pluvial são lançados nestes locais, onde, muitas vezes, não há estrutura apropriada
para o escoamento dos resíduos, causando processos erosivos intensivos que apresentam
voçorocas.
Figura 2: Mapa do Perímetro Urbano do Município de Loanda, demonstrando as áreas urbanas que pertencem a
quais bacias hidrográficas.
Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Loanda, 2007.
Em decorrência do desmatamento havido no Paraná, tanto na zona rural como
urbana, para dar lugar à ocupação territorial necessária para possibilitar o desenvolvimento
agro-pastoril, ficou toda a região Noroeste do Estado desprotegida e exposta aos efeitos da
erosão conseqüente do escoamento superficial oriundo de precipitações pluviais, uma vez que,
na região o solo, apresenta uma constituição e composição granulométrica que o torna
extremamente propício a erosão.
Bigarella e Mazuchowski (1985) relatam sobre a contribuição do desmatamento na
consolidação do processo erosivo.
“Quando a ocupação de uma região é efetuada sem um planejamento adequado,
favorece-se a vigência de condições de alta energia no ecossistema, seja pelas
mudanças hidrológicas provocadas pelo desmatamento generalizado, bem como,
pelas alterações nas características superficiais, além de causar uma redução
acentuada, pelo menos temporária, da permeabilidade de amplas áreas, entre outros
fatores” .
Segundo esses autores as mudanças nas condições hidrológicas resultam num
rebaixamento do lençol freático, com o decorrente aumento do escoamento superficial e
alteração do fluxo das águas subterrâneas (Maack, 1953 apud Bigarella e Mazuchowski,
1985).
Figura 3: Areal no leito da Voçoroca Vila Vitória. Essa voçoroca encontra-se a montante do Ribeirão Areia
Branca, dessa forma, com as chuvas são carreados esses materiais para o rio, comprometendo suas águas.
Fonte: Eugênio C. Cancean, 2008.
O assoreamento pode alterar também, as características da cor, turbidez, sólidos
totais e quantidade de matéria orgânica nos corpos de água. O rebaixamento do lençol freático
provoca o desaparecimento de nascentes e, conseqüentemente, muitos cursos de água de
primeira ordem tornam-se intermitentes ou desaparecem (Justus 1985 apud Bigarella e
Mazuchowski, 1985).
Ainda de acordo com os mesmos autores, o aumento do escoamento superficial
implica numa maior taxa erosiva e na remoção dos detritos nas vertentes, os quais são
transportados para as baixadas, entulhando-as e assoreando o leito dos rios (Bigarella, 1974;
Suguio & Bigarella, 1979; Justus, 1985 apud Bigarella e Mazuchowski, 1985).
Dessa forma, portanto, a atividade antrópica, induzida por atividades humanas,
passa a intensificar a atuação dos processos morfogenéticos, responsáveis pelo modelado do
relevo, onde a erosão hídrica por escoamento superficial difuso e concentrado predomina.
Nessas condições a morfogênese supera a pedogênese, ou seja, a origem e o desenvolvimento
dos solos, iniciando-se então, um processo de degradação ambiental acelerada(Bigarella e
Mazuchowski, 1985).
Segundo Schwab et al.(1957), Richter (1978), apud Derpsch et al.(1991) a erosão
do solo são manifestações de desgaste e acúmulo que alteram o equilíbrio da paisagem acima
de um limite naturalmente admissível, provocadas pelo homem e efetivadas pela ação da
água, do vento e da força da gravidade.
Neste sentido, Gasparetto, Nakashima et al (1995) observam que os solos são
resultantes de processos complexos que envolvem a rocha mater ou material de origem, o
clima, o relevo, a vegetação e o homem. No Noroeste do Paraná, o relevo, em especial a
declividade e as formas das vertentes exercem uma forte influência na formação e evolução
dos solos. Essa dinâmica pedológica está relacionada com a menor ou maior infiltração da
água das chuvas ao longo das vertentes. A partir da década de 1940, a destruição da cobertura
vegetal provocada pelo homem acelerou e alterou em muito a dinâmica da circulação da água
nos solos da região.
Figura 4: Vista parcial da Voçoroca Vila Vitória com vistas ao fundo
do bairro residencial que dá nome à voçoroca, distando cerca de 80
metros.
Fonte: Mª Dolores J. G. Cancean, 2008.
Os processos de degradação ambiental no Noroeste do Paraná têm uma
conotação, por demais nítida e evidente, com a atividade antrópica, estando associados aos
núcleos urbanos, às rodovias e às atividades agrícolas e pecuárias. A ação erosiva dos fluxos
torrenciais decorrentes do aumento do escoamento superficial provocado pelo homem, tem
contribuído para danificar e mesmo destruir obras de engenharia (Bigarella & Mazuchowski,
1985).
Na área voçorocada em estudo constata-se a existência de material de concreto,
tubulações, materiais remanescentes de antigas construções para atenuar o processo erosivo e
que foram carreados pelas enxurradas. Segundo relato de antigos moradores as obras de
engenharia nessa voçoroca para controle do processo erosivo em convênio com o Estado do
Paraná iniciaram na década de 1970. De acordo com esses relatos, o núcleo urbano de Loanda
iniciou-se na Av. Brasil, muito próximo à Vila Vitória ou como era denominada pelos
moradores Vila Jurema.
Conforme entrevista concedida em 02/04/2008, pelo Sr. Horácio Scaliante, e em
06/04/2008, pelo Sr. Aparecido Onilson Baroncelli antigos moradores da cidade, na década de
1970 essa
erosão avançava para o perímetro urbano, abrangendo determinadas ruas de
Loanda. Ela expandiu-se para a antiga Av. Dracena, atual Av. Desembargador.Munhoz de
Melo.
Essa erosão era descontínua, sendo interrompida por alguns quarteirões gramados e
com cipós, resquícios do desmatamento efetuado na área em fins da década de 1960. Na
época, para contê-la jogavam muito pó-de-serra, casca de madeira que sobravam nas serrarias
localizadas próximas ao local, para viabilizar o acesso dos caminhões com toras, carros e
pedestres. Em determinadas ruas havia muito areal onde os carros ficavam encalhados nos
bancos de areia.O jipe era o único carro de passeio que conseguia transitar.Os caminhões
patinavam na areia.
Ainda de acordo com esses relatos, a extensão da voçoroca era cerca de 1.200 a
1.300 m no total, interrompidos por quarteirões gramados e com cipós. Naquela época a única
estrada que dava acesso à Marilena, Nova Londrina, e Paranavaí era a Estrada do Matadouro,
onde existia do lado direito da estrada mata nativa, próximo da nascente do Ribeirão Areia
Branca.Com a retirada da mata nativa em meados da década de 1960, a erosão desenvolveu-se
rapidamente. Onde atualmente a área está voçorocada, naquela época, as propriedades rurais
tinham reservas de mata nativa.
Deve-se destacar ainda que, no perímetro urbano, a erosão foi controlado por meio
de obras executadas em parceria com o Governo do Estado do Paraná. Na imagem a seguir,
pode-se observar a ocupação urbana nos locais em que antes estava a área voçorocada:
Figura 5 – Vista aérea da área urbana e periurbana do município de Loanda
Fonte: Google Earth editado Vadeir José Pereira e Marcos Navasconi
Na mesma imagem pode observar a existência de um outro processo erosivo no
bairro Vila Nova, na área urbana do município de Loanda. Pela análise da figura pode-se
pensar uma possível relação entre os dois processos, fato que poderá ser alvo de investigações
futuras.
Na década de 1980 já havia sido construída a PR 182, estrada pavimentada que
permite ligação com Nova Londrina e Paranavaí. Neste período os proprietários rurais
cercavam as margens do Ribeirão Areia Branca para impedir o gado de beber água, pois os
mesmos atolavam no areal carreado pelas enxurradas.
Sobre o processo erosivo, Maack (1981) assinala que extensa região Noroeste do
Paraná, onde se destruiu a mata que cobria as primitivas dunas do deserto mesozóico, do
arenito Caiuá, que a erosão se manifesta de maneira catastrófica. A conseqüência mais
impressionante da erosão subterrânea provocada pelo escoamento da água do subsolo e
acúmulo crescente do ritmo de erosão, em virtude do impacto e correnteza do volume das
águas pluviais, são os barrancos e voçorocas de grande poder destrutivo que ocorrem em toda
área de distribuição do arenito Caiuá, citando vários municípios da Região Noroeste entre eles
o Município de Loanda.
A Secretaria de Energia e Saneamento de São Paulo (1990) na conceituação do
fenômeno da erosão, destaca que o solo é uma camada viva, no sentido do processo
permanente da sua formação, através da alteração das rochas e de processos pedogenéticos
comandados por agentes físicos, químicos e orgânicos. Este processo se dá ao longo de
centenas de anos e é contrabalançado pelo processo de erosão, que remove seus constituintes,
sobretudo pela ação da água de chuvas. Portanto, há um quadro extremamente dinâmico, no
qual diversos processos atuam de forma contraditória, formando e erodindo os solos.
Neste quadro, a erosão é considerada como erosão normal. Entretanto, às vezes, esse
equilíbrio é rompido, com uma intensificação da erosão, quando, então, se considera uma
erosão acelerada que, sendo mais veloz que os processos de formação dos solos, não permite
que estes se regenerem.
A perda total do solo constitui um altíssimo índice de degradação da superfície da
terra, impedindo a realização de importantes atividades humanas, como o uso agrícola do
solo, embora esta erosão acelerada, quando desencadeada por alterações das condições
geológicas ou climáticas, se dê ao longo de milhares de anos. A erosão acelerada, quando
provocada pelo homem, pode ocorrer em poucos anos; esta, quando causada por atividades
humanas, é conhecida por erosão antrópica.
Nesse sentido, é oportuno destacar que a ocupação do território iniciada pelo
desmatamento e seguida pelo cultivo das terras, implantação de estradas, criação e expansão
das vilas e cidades, sobretudo quando efetuada de modo inadequado, constitui o fator decisivo
da aceleração dos processos erosivos (DAEE, 1990).
Figura 6: Afloramento da rocha matriz, originária da Formação Caiuá, no interior da Voçoroca Vila Vitória.
Fonte: Mª Dolores J. G. Cancean, 2008.
A extensão dos efeitos erosivos, com a devida remoção e transporte de sedimentos
produzidos em uma bacia, dependem da cobertura vegetal, das propriedades do solo, clima e
topografia. Da interação entre mais de dois destes fatores relacionados é que ocorrerá a
erosão, ficando para o homem a sua maior ou menor intervenção, de modo a retardar ou
apressar este processo.
Complementando as observações em torno das feições erosivas a Secretaria de
Energia e Saneamento de São Paulo (1990) observa que os filetes de água ao escorrerem
encosta abaixo, podem seguir lavando a superfície do terreno como um todo, sem formar
canais definidos, ou então podem se juntar cada vez mais até formar enxurradas com elevada
capacidade de arrancar novas partículas do solo e de transportar grandes volumes do material
solto. No primeiro caso, é como se uma lâmina d’água lavasse por inteiro o terreno, daí por
que a erosão dos solos que ela causa ser conhecida como erosão por escoamento laminar ou,
erosão laminar. No outro caso das enxurradas, ocorre à erosão por escoamento concentrado,
que forma os sulcos e as ravinas, podendo atingir a configuração de boçorocas, na medida em
que a erosão se aprofundar no terreno.
Desta forma, quando os lançamentos de águas não são feitos de forma adequada, a
elevada energia das águas assim concentradas, provoca uma ação erosiva extremamente
intensa, cujo resultado é a abertura de grandes ravinas e mesmo boçorocas.
Neste contexto a boçoroca ou voçoroca é a feição mais flagrante da erosão antrópica.
Ela pode ser formada seja através de uma passagem gradual da erosão laminar para erosão em
sulcos e ravinas cada vez mais profundas, ou então, diretamente, a partir de um ponto de
elevada concentração de águas sem a devida dissipação de energia.
Assim, a boçoroca corresponde a um estágio mais avançado e complexo de erosão,
cujo poder destrutivo local é superior ao das outras formas e de mais difícil contenção. Esta
forma erosiva atinge em profundidade o lençol freático, induz o aparecimento de surgências
d’água (minação d’água no fundo da boçoroca). Esse fluxo d’água do fundo e das paredes da
boçoroca pode ter uma continuidade para o interior do terreno, carreando material em
profundidade, formando vazios no interior do solo (DAEE/IPT 1990).
Associam-se também aos processos de erosão interna os descalçamentos e
solapamentos da base das paredes da boçoroca que provocam desmoronamentos ou
escorregamentos de solos (DAEE/IPT, 1990).
Desta forma, conjugam-se para que a boçoroca seja cada vez mais destrutiva: a
erosão superficial, a erosão interna, solapamentos e descalçamentos, desabamentos e
escorregamentos. A boçoroca pode ter até dezenas de metros de largura e profundidade, com
várias centenas de metros de comprimento.
Figura 7: Sulcos produzidos na voçoroca, devido ao trabalho erosivo das águas de
escoamento.O movimento de solifluxão ou descida de grande massa de solo ocorre por ocasião
das chuvas muito intensas.
Fonte: Gabriel Loli Bazo, 2008.
Segundo a classificação de Freire (1965) apud Iwasa e Prandini (1980), as boçorocas
estão enquadradas em movimentos de massas, onde se caracterizam por movimentos e causas
múltiplas pela ação de vários agentes simultâneos ou sucessivos. São ravinas profundas de
erosão que se originam preferencialmente ao longo de linhas de drenagem, desenvolvendo-se
tanto em solo coluvial / aluvial, como em solo residual, em encostas naturais.
Bigarella e Mazuchowski (1985) consideram que na região Noroeste do Paraná, as
áreas de cultivo intensivo têm apresentado perdas médias anuais de 1 cm de solo. Isto, porque
a erosão laminar traz grandes prejuízos, devido à perda das camadas férteis do solo e redução
da capacidade produtiva das terras agricultáveis.
Contudo, a erosão dos solos compreende quatro fases: o impacto das gotas de
chuva no solo, a degradação das partículas, o transporte de materiais e a deposição das
partículas do solo. Ainda de acordo com os mesmos autores, a compreensão do processo
erosivo inicia-se com o conhecimento da dinâmica da água das chuvas em contato com o solo,
quando inicia sua ação mecânica, através do transporte de partículas. Essa intensidade
Na literatura encontram-se vários exemplos de áreas urbanas degradadas pela erosão,
assentadas na Bacia do Rio Paraná, em especial onde ocorrem os arenitos do Grupo São
Bento, arenitos da formação Caiuá, sedimentos do Grupo Tubarão e Botucatu, e que são
recobertos por formações terciárias ou quaternárias de natureza coluvial ou aluvial: Bauru,
Assis e Marília, no Estado de São Paulo; em cerca de 150 municípios do Noroeste do Paraná,
dentre os quais se destacam Loanda, Cianorte, Umuarama, Paranavaí, Cidade Gaúcha, Terra
Rica, Mandaguaçu, Nova Esperança entre outras.
Figura 8:. Trabalho de medição da Voçoroca Vila Vitória. Percebe-se ao fundo propriedade rural com curvas de
nível, prática conservacionista do solo utilizada em propriedades rurais nessa microbacia.
Fonte: Gabriel Loli Bazo, 2008.
Essas erosões urbanas coincidem, praticamente, com o ápice do processo de
colonização e ocupação dessas regiões, realizado com desmatamento intensivo, para o plantio
de café, culturas anuais como algodão, amendoim e, ainda com a instalação de núcleos
urbanos ao longo das rodovias. Várias cidades tiveram seus núcleos fixados sempre no ponto
mais alto da maior colina existente e, não raro, a implantação das comunidades se fazia
sempre do local mais alto para um local mais baixo.Com a ocupação desordenada,
loteamentos eram implantados sem a existência de planos diretores de desenvolvimento
definidos, não sendo consideradas as características físicas do local.Cidades instaladas assim,
e dotadas do solo com baixa resistência a erosão hídrica, quando não calçadas, propiciaram o
surgimento imediato de ravinas, pois as ruas passavam a funcionar como redes de drenagens
provisórias para o escoamento das águas. Essas ravinas se transformaram rapidamente em
voçorocas quando interceptavam o lençol freático.Quando há rede de drenagem artificial
disponível o problema tem origem no local de lançamento das águas coletadas.
Com o surgimento dos processos erosivos na malha urbana e região periurbana,
devido ao incremento das vazões relativas às chuvas, aliadas às variações do nível do lençol
freático, ocorrem fixados nestes processos um efeito remontante e alargamento das laterais
numa dinâmica acelerada, com projeções imprevisíveis.Quando da ocorrência em áreas já
urbanizadas, colocam em risco equipamentos urbanos, e deterioram obras civis e afetam a
segurança da população.
2.2 CARACTERIZAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL NATIVA E DO SOLO
Reiterando o que já foi constatado, a erosão dos solos tem início após mudanças do
recobrimento florístico local, determinando modificações nas condições físicas do solo.
Com respeito
à análise estrutural da cobertura pedológica, para o estudo dos
processos erosivos Nakashima (1999) ressalta a importância do conhecimento da dinâmica da
circulação de água em superfície e subsuperfície, ou seja, um estudo da estrutura e dinâmica
do meio físico, como as formas de vertentes, declividade, rupturas de declive, material
original do solo, a fauna e a flora, os elementos climáticos e suas inter-relações.
Neste sentido Maack (1968) apud Nakashima (1999) observa que essa vegetação está
agrupada em Floresta Perenifólia , Floresta Subperenifólias, Cerradão e Campos Secundários.
A floresta perenifólia é uma vegetação compacta, com árvores de 30 a 40 metros de altura,
como a peroba, pau d’alho, canela, etc. Nos estratos inferiores aparecem as palmeiras,
arbustos, cipós, vegetação rasteira. Ocorre em áreas de Latossolo Vermelho Escuro, textura
argilosa, Latossolo Vermelho Escuro, textura média, alguns argissolos e aluviões. No que se
refere à floresta subperenifólia, a mesma caracteriza-se por perder folhas durante o período
mais seco. Apresenta árvores com cipós
como figueira branca, ipê roxo, pau d’ alho,
palmitos, ervas, arbustos. A mata original foi derrubada para agricultura e pastagem.Ocorre
em todos os solos da região.
De acordo com a Lei nº 4.771 de 15.09.65 que estabelece o Código Florestal
Brasileiro, cada propriedade rural deve ter no mínimo 20% de sua área com reserva florestal
nativa, e de caráter permanente, visando equilíbrio do ciclo hídrico, preservação da fauna e
flora, além do controle da erosão hídrica. Contudo, devido ao sistema de colonização adotado,
aos loteamentos, com ausência de fiscalização para preservação de matas, o Paraná chegou à
situação atual, com cerca de 3% a 5% de suas terras com disponibilidade de cobertura
florestal. No Estado do Paraná, a Lei nº 8014 de 14.12.84 dispõe sobre a preservação do solo
agrícola, considerado Patrimônio Nacional, portanto cabe ao Estado, aos proprietários, aos
ocupantes temporários e a comunidade preservá-lo.
3 Localização e Caracterização do Município de Loanda
De acordo com o Paranacidade (2008) o Município de Loanda possui cerca de
741,684 km2. Ele foi criado através da Lei Estadual nº 253 de 26 de novembro de 1954, e
instalado oficialmente em 27 de novembro de 1955, quando foi desmembrado de Paranavaí.
Localiza-se no extremo Noroeste do Estado do Paraná e faz parte da Microrregião do
Norte Novíssimo de Paranavaí e da Associação dos Municípios do Noroeste do Paraná –
AMUNPAR. Está a uma distância de 585 km de Curitiba. Segundo dados do IBGE, em 2007,
a população total do município era de 19.464 habitantes.
A mata pluvial tropical-subtropical sobre o arenito Caiuá, no noroeste do Paraná foi
derrubada para iniciar a cultura do café (Maack,1981).Atualmente a maior área do Município
é utilizada para pastagem (pecuária de corte), plantações de mandioca e laranja.
A metalurgia especialmente a indústria metal – mecânica com a produção de metais sanitários
é a maior geradora de empregos no Município.
Tem sua posição determinada pelo paralelo 22º 55’ 00” de latitude sul em interseção
com o meridiano de 53º 07’ 00” de longitude oeste.
Figura 9: Mapa do Estado do Paraná identificando a Microrregião de Paranavaí. Em destaque o Município de
Loanda.
Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano de Loanda, 2007.
Este município limita-se ao norte com o Município de Marilena, ao sul com Santa
Mônica, a leste com Planaltina do Paraná, a oeste com Santa Cruz do Monte Castelo, a
nordeste com Nova Londrina e Guairaçá, a sudeste com Planaltina do Paraná, a noroeste com
São Pedro do Paraná e Porto Rico, a sudoeste com Santa Isabel do Ivaí.
O município está localizado no Terceiro Planalto Paranaense. Sua forma de relevo
varia de plano a ondulado. De patamares dissecados sob a forma de chapadas e outeiros
constituídos por arenitos Mesozóicos de Formação Caiuá. Apresenta predomínio de vertentes
longas de baixa declividade. A altitude média é de 500 metros. Na sede do município chega a
560 metros de altitude.
De acordo com o Paranacidade (2008) estudos realizados apontam o clima como
Subtropical Úmido Mesotérmico, verões quentes com tendência de concentração de chuvas. A
temperatura média é superior a 22º C, com amplitude térmica anual de cerca de 7º C, em
média. O inverno é ameno, com geadas pouco freqüentes, temperatura média inferior a 18º C,
sem estação seca definida. O verão apresenta média entre 31º C e 33º C.
O regime pluviométrico apresenta totais anuais entre 1.200 e 1.300 mm. A umidade
relativa do ar é em torno de 75%.
A rede de drenagem é formada pelos afluentes dos rios: Paranapanema e Ivaí,
destacando-se o Ribeirão do Tigre, afluente do Paranapanema; Ribeirão Tamandaré, Taquara
e Selma, afluentes do Rio Ivaí.
Além destes, o município é banhado por outros ribeirões sendo que alguns desses
são subafluentes dos rios Paranapanema e Ivaí: Pavão, Atibaia, Aceguá, Bonito, Água
Vermelha, Água da Mina, Todos os Santos e Areia Branca, cujo objeto de estudo encontra-se
a sua montante (Prefeitura Municipal de Loanda, 2004).
Segundo Maack (1981) o Ribeirão Areia Branca, faz parte da pequena bacia
hidrográfica mais setentrional do Rio Paraná, juntamente com o Rio São João, Rio Patrão e de
alguns outros rios pequenos.
Pode-se ainda observar que a Voçoroca Vila Vitória, objeto do presente estudo,
encontra-se instalada a montante da cabeceira de drenagem do Ribeirão Areia Branca.
Através do mapa da figura 2 observa-se que o Ribeirão Areia Branca pertence à
bacia hidrográfica do Rio Paraná, nasce na direção norte/nordeste do Município de Loanda,
percorrendo os Municípios de São Pedro do Paraná e Marilena, desaguando no Rio Paraná.
O solo do Município de Loanda é formado a partir de materiais provenientes de
arenitos da Formação Caiuá, muito friáveis e porosos, acentuadamente drenados, ácidos e de
média a baixa fertilidade natural (latossolo vermelho-escuro). Ocorrem solos profundos,
formados a partir de materiais provenientes de arenitos, porosos, bem drenados, ácidos a
moderadamente ácidos e de fertilidade natural variável: de média a elevada em manchas
isoladas a leste, e de média a baixa em manchas estreitas ao longo dos rios da região
(argissolo vermelho-amarelo).
Figura 10: Mapa das Bacias Hidrográficas da Microrregião de Paranavaí.
Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Loanda, 2007.
3. Caracterização da Área em Estudo no Município de Loanda
Loanda está situada na Região Noroeste do Estado do Paraná, onde a economia tem
base na agropecuária. Os problemas de ocupação humana, com o uso inadequado dos solos,
vêem agravar o quadro natural numa área de solos arenosos.
Como já destacamos, o objetivo dessa pesquisa é estudar a evolução de uma
voçoroca na zona periurbana de Loanda. Foram estudadas características da área através de
estudos em fotografias aéreas das décadas de 70, 80 (escala original 1:25.000) e 90 (escala
original 1: 8.000) e levantamento de campo atual.
A ocupação do Noroeste do Paraná, particularmente da área em estudo, se fez sob
pressão do processo econômico, sem levar em conta, em nenhum momento, nem como
preocupação do elemento colonizador, nem como plano da empresa colonizadora, a questão
da preservação dos recursos naturais renováveis e não renováveis. O resultado é que para abrir
espaços para culturas econômicas, a destruição das matas nativas foi rápida e intensa, a ponto
de incorporar aos espaços produtivos até as áreas que normalmente deveriam estar destinadas
à preservação permanente, caso das áreas das matas ciliares.
A destruição da mata para o
cultivo da cafeicultura e posteriormente pecuária implicou na degeneração do solo agrícola.
Figura 11: Mapa de Declividade da Microrregião de Paranavaí
Fonte: Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Loanda, 2007.
A área em estudo localiza-se no setor nordeste do sítio urbano de Loanda, onde se
origina uma voçoroca a montante da rede de drenagem do Ribeirão Areia Branca. Esta rede
de drenagem apresenta padrão dendrítica, com cerca de 27 quilômetros, até desaguar no Rio
Paraná. Os levantamentos realizados estão restritos a sua montante.
Figura 12 – Foto aérea da Voçoroca Vila Vitória e da nascente do Ribeirão Areia Branca.
Fonte: Google Earth editado por Vadeir José Pereira e Marcos Navasconi
Foi realizado pela Fundação Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR (1988) um
inventário de áreas críticas a erosão no Município de Loanda, na área em estudo, com
identificação da cobertura pedológica. De acordo com o IAPAR (1988), na microbacia do
Ribeirão Areia Branca, objeto de nosso estudo, saindo do topo em direção ao fundo do vale,
encontra-se com freqüência a seguinte seqüência de solos: Latossolo Vermelho- Escuro A
moderado textura areia ou areia franca/ franco-arenosa-0 a 5% de declive nos platôs e altas
vertentes; Neossolo Quartzarênico Vermelho-Amarelo A moderado textura areia ou areia
franca- 0 a 5 % de declive nas médias e baixas vertentes; Argissolo Vermelho- Escuro
latossólico A moderado textura areia ou areia franca/ franco-arenosa ou franco- argiloarenosa-4 a 8% de declive na parte inferior da vertente; Argissolo Vermelho - Amarelo
abrupto A moderado textura areia ou areia franca/franco arenosa ou franco-argilo-arenosa- 8
a 15% de declive, próximo ao leito do rio; Argissolo Vermelho-Escuro abrupto A moderado
textura areia ou areia franca/franco arenosa ou franco- argilo- arenosa- 8 a 15% de declive
próximo ao leito do Ribeirão Areia Branca.
Figura 13: Início da Voçoroca Vila Vitória com obra de contenção do processo erosivo.
Fonte: Mª Dolores J.G. Cancean,2008.
Em trabalho de campo realizado com os alunos desde o ano de 2003 pudemos
constatar na observação da paisagem local, a evolução dessa Voçoroca, com
desbarrancamento de suas paredes, que segundo relato oral de alguns moradores do Município
é senão a maior, uma das maiores voçorocas do Estado do Paraná.
Através de entrevistas com antigos moradores e análise da foto aérea nº 2355 de 24
de maio de 1970 realizado pelo Serviço de Fotointerpretação do Instituto Brasileiro do Café –
IBC – GERCA, Projeto: PR. Faixa 15ª. Quadrícula SF-22-Y-A-V.Escala Aproximada:
1:25.000; Câmera: ZEISS
RMK 15/23. Executado por Serviços Aerofotogramétricos
Cruzeiro do Sul S.A.Ministério do Exército / Estado Maior do Exército. Diretoria de Serviço
Geográfico, reproduzida na figura 11, constata-se que nessa região a cafeicultura e a pecuária
de corte eram as atividades econômicas preponderantes, existindo uma área coberta de mata
nativa.
Quanto à extensão da voçoroca, estima-se que na década de 1970 ela tivesse em torno
de 800 a 1000m, parte na área urbana e também na zona rural.
Figura 14 Carta de Uso do Solo na Região Periurbana de Loanda- PR em 1970.
Escala Original : 1: 25.000 (sem escala)
Foi realizada igualmente a análise da mesma área com a fotografia aérea nº 04835 de
24 de abril de 1980 pela Coordenadoria de Cartografia do Instituto de Terras e Cartografia –
ITC- DENGE. Projeto: Paraná.Faixa A-12 I, Quadrícula: SF.22-Y-A-V.Escala aproximada:
1:25.000.Câmera:ZEISS RMK-A 15/23. Executado pelo Serviço Aerofotogramétrico Esteio
S.A., onde observaou-se uma significativa redução na área cafeeira e conseqüente aumento na
área de pastagem, bem como redução da área da mata nativa e o aumento do núcleo urbano. A
essa época a voçoroca apresentava entre 1.300 e 1.500 metros de extensão. No mesmo
período já se pode perceber a ocorrência de sulcos no solo provocados pelas trilhas do gado.
Figura 15: Carta de uso do solo na região periurbana de Loanda-PR (1980). Escala original 1:25000 (sem escala)
Na seqüência é reproduzida a foto aérea nº FX02-008 Paranacidade PM. Projeto nº
029/96 autorização (EMFA): 147/96. Escala 1:8000, obtida em novembro de 1996. Câmera:
wild RC-8. Executada por Agritec S/A.
Figura 16 – Voçoroca Vila Vitória na região periurbana de Loanda (1996). Escala original 1:8000 (sem escala)
A essa época observa-se a presença de apenas alguns resquícios da lavoura cafeeira
e o predomínio de pastagens. A mata nativa encontra-se totalmente derrubada observando-se
apenas a ocorrência de áreas arborizadas. Nota-se também a mudança no espaço geográfico
ocasionada pela instalação de uma indústria de produção de fécula de mandioca. Percebe-se
ainda o alargamento da voçoroca em função do desbarrancamento de suas laterais por ação
das chuvas, bem como o seu assoreamento provocado pela terra trazida da área urbana pelas
galerias de águas pluviais. Além disso, é visível a sua expansão através de um sulco lateral.
Em 22 de março de 2008 foi realizado um levantamento por meio de GPS1 com
objetivo de identificar as atuais dimensões da voçoroca Vila Vitória (comprimento, largura,
profundidade) em seu trecho superior até o ponto em que prossegue sob a forma de cânion por
mais 600 m. aproximadamente, até a nascente do Ribeirão Areia Branca . Os dados obtidos
foram os seguintes:
Comprimento
Maior profundidade
Menor profundidade
Profundidade média
Maior largura
Menor largura
Largura média
Área total
Volume estimado da área atingida
1.220,00 m
30,20 m
6,50 m
17,86 m
140,46m
77,57m
106,13
126.970,88 m2 ou 12,697 ha.
2.267.699,91 m3
Por meio de imagem obtida por satélite e extraída do software “Google Earth”,
pode-se comparar a evolução da voçoroca nos últimos cinco anos:
1
Equipamento GPS Leica SR 510, Type: TR500. Aut. Nº 667127, Power: 12V, Leica Geosystem AG, CH-9435,
Heerbrugg, manufatured: 2003 – S.Nº 25107. Made in Switzerland.
Figura 17 – Imagem comparativa do avanço da voçoroca entre 2003 e 2008.
Fonte Google Earth editado por Vadeir José Pereira e Marcos Navasconi
Pela análise da imagem pode-se constar um aumento da área voçorocada em
14617,92 m2 entre 2003 e 2008. Nesse mesmo período volume estimado de material (areia)
levado ao leito do ribeirão Areia Branca foi 261.076,04 m3 .
5 Considerações Finais
Quanto a influência dos fatores de uso e ocupação no desenvolvimento de boçorocas,
o Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE e o Instituto de Pesquisas TecnológicasIPT (1990) observam que as boçorocas são fenômenos que ocorrem localmente, estando,
condicionadas por formas de ocupação do solo.Também esclarecem que às vezes a origem do
fenômeno não está relacionada à ocupação atual, mas a forma de ocupação anterior, diferente
da atual. Porém, para análise da influência da ação antrópica no desenvolvimento de
boçorocas, deve-se dispor não só de mapas de ocupação atual do solo, mas também de
Neste sentido, deduz-se que a ação antrópica tenha contribuído sobremaneira no
desenvolvimento da Erosão da Voçoroca da Vila Vitória, pois o núcleo urbano do Município
de Loanda,na década de 1950, iniciou-se na Av. Brasil, atual Vila Vitória, muito próximo da
área em estudo, cerca de 400 m, em terreno em declive, com construções de ruas, avenida
principal (Av. Brasil) e uma estrada não pavimentada, única via de acesso ao Município de
Nova Londrina naquela época.
Por fim, é importante destacar que torna-se necessário o planejamento
conservacionista da propriedade rural, bem como das “microbacias” para oportunizar a
conservação e uso das terras. Oferecer condições para que o agricultor se aproprie de
tecnologia mínima para que o mesmo possa vencer o fenômeno erosivo. É importante que
sejam aplicadas técnicas de preparo do solo e de plantio das lavouras, considerando a aptidão
agrícola das terras, além de obras de controle da erosão (Bigarella e Mazuchowski, 1985).
Cabe ao ser humano a ocupação ordenada do solo urbano, com uma utilização
racional do ambiente físico, de forma a garantir um ambiente equilibrado, que lhe ofereça as
melhores condições de vida. A remoção da vegetação nativa ocorrida ao longo de várias
décadas representou o rompimento do equilíbrio ambiental, tendo a necessidade de
implantarem-se métodos conservacionistas de manejo de solo.
Neste aspecto, Ponçano et al (s/d) enfatiza que todas as boçorocas sejam induzidas
pela atividade humana, embora as rurais se desenvolvem sob um controle mais efetivo de
fatores naturais, diferentemente das urbanas, pois que ocorrem mesmo sob as melhores
condições de topografia e drenagem natural do maciço terroso, bastando que se promova à
concentração de águas servidas ou coletadas por drenagens artificiais. Assim, as boçorocas
urbanas são causadas pelo lançamento de águas captadas e servidas, em drenagens próximas
às cidades, e as boçorocas rurais induzidas por rodovias e ferrovias, bem como por manejo
agrícola inadequado, cercas, trilhas de gado, e abatimento bruscos.
As obras de engenharia realizadas em convênio com o Estado do Paraná impediram a
expansão dessa voçoroca na direção da cidade, que em décadas anteriores tomava parte do
núcleo urbano. O que se observa atualmente é um alargamento dessa erosão, nas propriedades
rurais adjacentes a ela, inclusive com novos sulcos, constituindo-se em aumento da área
voçorocada.
Em face essa realidade, cientes de que estudos técnicos são fundamentais para o
estudo de sua viabilidade, apresentamos a seguir algumas medidas, a título de sugestão,
resultado das reflexões por nós desenvolvidas durante o processo de pesquisa, e que
entendemos possam ser úteis para a minimização dos problemas ocasionados pelo processo
erosivo de que temos tratado:
•
coleta e canalização das águas pluviais da área urbana até o Ribeirão Areia
Branca, mediante a utilização prévia de tanques de decantação das impurezas;
•
recuperação das margens da voçoroca com reflorestamento e plantio de grama;
•
execução de práticas conservacionistas, terraceamento e curvas de nível, nas
propriedades rurais da bacia do Ribeirão Areia Branca;
Por tudo o que foi exposto nessas reflexões, esperamos que os elementos por nós
levantados possam servir de subsídios consistentes para outros educadores que, continuando e
renovando o trabalho por nós realizado, empenhem-se na implementação de projetos de
educação ambiental que contribuam para a superação desse problema que, por sucessivas
décadas, tem assolado os moradores do município de Loanda.
6. Referências Bibliográficas
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da Erosão. In: 3º Simpósio Nacional de Controle da Erosão.Curitiba: ABGE,1985.
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São Paulo: DAEE/IPT,1990.
Disponível em: < http://www.ibge.gov.br-IBGE-cidades@Microsoft Internet Explorer>
Acesso em:20 mar.2008.
< http://www.paranacidade.org.br > Acesso em : 20 mar.2008.
*
Nossa sincera gratidão aos profissionais e voluntários que nos auxiliaram na produção deste trabalho: Vadeir
José Pereira (Lula), Gerson Gomes da Silva, Heitor Codo Scaliante e Guilherme Henrique Gauer da Silva,
Horácio Scaliante, Aparecido Onilson Baronceli, Guilherme Santinello, Manoel Bono Belascuzas, Marcos
Navasconi, Amarildo Pinheiro Magalhães, Gabriel Loli Bazo, Eugênio C. Cancean.
**
Nossa imensa gratidão ao Prof. Dr. Paulo Nakashima, do Departamento de Geografia da Universidade
Estadual de Maringá, pela presteza com que nos orientou na produção deste trabalho.
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