Células Fotocondutivas Rafael Terplak Beê / Rafael Trasel 1. INTRODUÇÃO 1.1 TRANSDUTORES Uma função importante da eletricidade, tanto no âmbito industrial como no âmbito científico, consiste na medida de grandezas do domínio da física tais como, temperatura, comprimento, força, pressão e velocidade. Essa função pode conseguir-se com a utilização de transdutores, sem os quais os avanços conseguidos no domínio das aplicações de controle e da computação teriam sido impossíveis. A utilização dos transdutores tornou-se conveniente tanto economicamente como tecnicamente pelo fato de converterem grandezas físicas em grandezas elétricas as quais, facilmente, se podem medir, amplificar, transmitir e controlar. Para os sistemas de controle, o uso dos transdutores permite dispor-se da informação numa forma que os circuitos eletrônicos podem facilmente tratar. 1.2 - Definição de um transdutor De uma forma genérica define-se transdutor, como sendo todo o dispositivo que transforma uma forma de energia em outra forma de energia. Numa utilização especializada a noção de transdutor tem um âmbito mais restrito. Assim, no âmbito da instrumentação elétrica, define-se transdutor, como sendo todo o equipamento que converte qualquer grandeza física não elétrica, como a temperatura, o som, a luz, etc., num sinal elétrico. O papel de um transdutor consiste em: - Detectar a presença, a mudança, a amplitude ou a frequência de uma medida (grandeza submetida a medição). - Providenciar na saída um sinal elétrico que, quando convenientemente processado e aplicado a um aparelho de medição, nos permite quantificar a medida, ou seja, o elemento medido. Esse elemento pode ser uma ü quantidade, uma propriedade ou uma condição que o transdutor transforma num sinal elétrico. ü 1.3 - Classificação dos transdutores Talvez o processo mais satisfatório de classificar os transdutores seja com base no ü ü principio elétrico do seu funcionamento. Podem, também, classificar-se de acordo com a aplicação a que se destinam, baseada na quantidade física, propriedade ou condição que é ü ü medida. Pode, no entanto, ainda, classificar-se os transdutores em dois tipos: passivos e ativos. Os transdutores passivos precisam de uma fonte de alimentação externa e o valor da sua saída é obtido com base numa variação, como por exemplo, de uma resistência ou de uma capacidade. Os transdutores ativos são auto-alimentados ( não precisam de uma fonte de alimentação externa), geram uma tensão, ou corrente, quando expostos a uma determinada forma de energia, não elétrica. Os transdutores são designados, as vezes, por sensores. 1.4 - Seleção de um transdutor Na escolha de um transdutor deve normalmente atender-se a oito aspectos: 1- Gama de funcionamento (limites de utilização): O transdutor deve ter uma boa resolução na gama pretendida. 2- Sensibilidade: O transdutor deve ser suficientemente sensível para permitir uma saída razoavelmente detectável. 3- Resposta em Frequência: A resposta do transdutor deve ser o mais plana possível na gama de frequências desejada. 4- Compatibilidade Ambiental: Deve-se ter a atenção a gama de temperatura em que o transdutor vai funcionar, as pressões, choques e interações a que vai estar sujeito as suas dimensões e as restrições de montagem. 5-Sensibilidade mínima: deve ser pouco sensível a outros estímulos que não sejam os da grandeza a medir 6- Exatidão: Deve ser sujeito a erros de repetibilidade e calibração, bem como erros esperados devido à sua sensibilidade a outros estímulos. 7- Características elétricas como, por exemplo: Comprimento e tipo do cabo, relação entre o sinal e o ruído, quando combinadas com a amplificação, e as limitações da frequência de resposta. 8- Condições de aplicação e robustez (peso, dimensões, robustez mecânica e elétrica). 1.5 - Alguns tipos de transdutores Transdutores resistivos Detecção de posição e deslocamento Medição de deformação Transdutores de medição de deslocamento Transdutores de relutância Transdutores potenciométricos Transdutores com saída digital Transdutores capacitivos Transdutores indutivos Transdutores auto-alimentados (taquímetro) Transdutores passivos (LVDT) Transdutores piezolétricos Transdutores de medida de temperatura Por variação de resistência (RTD) ü Termopares Termistores Ultrasonicos Transdutores fotoelétricos Fotoemissores Fotocondutores Fotodíodos Fototransistores condutividade no material. A relação (aproximada) entre a resistência e a iluminação pode ser descrita pela seguinte fórmula: R =A .L-α em que: R é a resistência, em ohm L é a iluminação, em lux A e α constantes. 2.TRANSDUTORES FOTOELÉTRICOS. Um transdutor deste tipo pode ser dividido em três categorias: fotoemissivo, fotocondutivo ou fotovoltaico. No fotoemissivo a radiação que incide no cátodo, origina a emissão de elétrons da superfície do cátodo. As células fotovoltaicas geram uma tensão de saída proporcional a intensidade da radiação pode ser ultravioleta, infravermelha, luz visível, raios gama ou raios X. Nos fotocondutivos, acontece a variação da resistividade de um certo material semicondutor depositado sobre SiO2 por incidência da luz. Outros materiais típicos são lnSb( λ =7 µm) e CdS( λ = 0,7 µm). 3.O LDR O LDR ( Light Dependent Resistor) constitue um tipo de transdutor classificado como transdutor fotoelétrico, mais concretamente do tipo fotocondutor. Estes dispositivos são geralmente fabricados a partir de sulfureto de cádmio, contendo zero ou muito poucos elétrons livres, quando não sujeitos a radiação luminosa. Quando a luz incide sobre o LDR, os elétrons são libertados, provocando um aumento de O valor de α depende do tipo de sulfureto de cádmio, usado no processo de fabrico. Valores entre 0,5 e 0,7 são típicos. Os materiais fotocondutivos, são depositados num padrão de zigzag para obter a resistência desejada e a potência necessária. Esse material separa duas áreas revestidas a metal que funcionam como eletrodos. Este conjunto está colocado numa base isoladora, uma cerâmica por exemplo, que por sua vez é envolvido numa caixa metálica com uma janela de vidro, para que a radiação possa incidir no material (figura). 3. DETECTOR DE LUMINOSIDADE Na figura é mostrado um circuito, baseado num LDR, que acende um LED ( Light Emitting Diode) na ausência de luz e apaga o mesmo LED na presença de luz. Para o isso utilizaremos um transistor do tipo NPN (BC548). Para se entender a funcionalidade do circuito, observe-se o esquema deste ilustrado na figura seguinte. -O circuito de base do transistor Q1 é constituído por um divisor resistivo. Quando a tensão VB (VR2) for superior a 0,7 volt o transistor conduz e o LED apaga. Quando a tensão VB for inferior a 0,7 volt o transistor não conduz e o LED acende. A expressão do divisor resistivo é a seguinte: Vb = R2 / (R2 +RLDR ) . V(R2 +RLDR ) -Na ausência de luz deve garantir-se que RLDR>> R2 , para que a tensão UR2 seja pequena (inferior a 0,7 V). -Na presença de luz deve garantir-se que RLDR<< R2 , para que a tensão UR2 seja próxima da tensão de alimentação (superior a 0,7 V). Assim, determina-se a relação entre as resistências R2 e RLDR . 4. ACOPLADOR ÓPTICO COM LDR É um sistema que permite a transmissão de sinais elétricos através da luz (visível ou não), entre um circuito de comando e um circuito comandado. Os dois circuitos estão isolados galvanicamente, permitindo a existência de diferenças de tensões extremamente altas entre eles. A figura abaixo mostra um exemplo com um diodo emissor de luz (LED) para radiar a luz modulada em intensidade no circuito de comando e com uma LDR no circuito comandado na recepção. 5.TRC'S Uma das aplicações mais comuns dos TRC's é a geração de imagens de televisão. Um TRC é basicamente uma espécie de válvula eletrônica de grandes proporções, como pode ser visto na figura 1, um TRC consiste de um tubo de vidro, com um canhão de elétrons em uma das extremidades, algumas bobinas e grades (para ajuste do feixe de elétrons), e na extremidade oposta (à do canhão) uma placa feita de material fotocondutor ou fotoemissor. O uso de um ou outro material caracteriza o tipo de tecnologia da vídeo câmera: Orticon que usa fotoemissão, Vidicon ou Pumblicon que usam fotocondução. Utilizaremos aqui o exemplo do tubo Vidicon para explicar o funcionamento básico deste dispositivo. Funcionamento: uma das faces da placa fotocondutora é varrida pelo feixe eletrônico que divide a extensão da mesma em 525 linhas horizontais, a outra face recebe os raios de luz vindos do objeto cuja imagem será captada. Como a placa é fotocondutora, as variações de incidência de luz provocarão variações de resistência elétrica em toda a extensão da mesma, formando um imagem "resistiva" do objeto alvo. Por isso, a medida que o feixe de elétrons varre a face da placa e para cada ponto encontrado sobre esta, é estabelecida uma corrente elétrica (em direção à tensão positiva) que varia em função da resistência elétrica do ponto que sofre a ação do feixe naquele momento. Essas correntes passam por um resistor de carga que gera uma queda de tensão, que por sua vez constituirá o desejado sinal de vídeo, ou seja o conjunto de sinais elétricos que representarão a imagem do objeto Há circuitos adicionais ao TRC que controlam a varredura do feixe de elétrons sobre a placa alvo (figura), além disso, há outros circuitos que geram um sinal elétrico linear acrescido de informações, tais como sincronismo vertical e horizontal, os quais permitirão a reconstrução bidimensional da imagem na tela de um monitor. Tubo de raios catódicos (TRC) figura 2: detalhe de um TRC figura 2.b: seqüência de varredura do feixe de elétrons 6. DISPOSITIVOS CCD Funcionamento: As cameras que usam CCD não utilizam feixes de elétrons, o CCD ou Charge Coupled Devices é um dispositivo semicondutor capaz de converter sinais de luz visível em sinais elétrico. A tecnologia CCD foi desenvolvida em 1970 nos laboratorios Bell, ironicamente essa tecnologia, de início foi aplicada para construção de dispositivos de memória, porém a sua popularidade cresceu mesmo quando notou-se a sua aplicabilidade como elemento fotosenssível. Os semicondutores, especialmente o Sílicio (o Si será usado nessa discussão mas há também CCD's de Germânio para aplicaçoes que envolvem captação de raios infravermelhos), possuem seus elétrons segmentados em diversas camadas as quais os físicos chamam de bandas, para cada banda há elétrons que possuem uma certa energia característica, a banda de energia mais baixa é a chamada banda de valência enquanto a de energia mais alta chama-se banda de condução. A maioria dos elétrons são "tipos sossegados" e se encontram na banda de valência, no entanto atráves da ação do calor ou da luz (absorção de fótons), esses elétrons de baixa energia podem ser excitados e saltarem para bandas de maior energia, deixando lacunas na banda de valência, tais lacunas passam a funcionar praticamente como cargas positivas devido ao efeito da falta do respecitivo elétron que saltou. O fenômeno ideal (desejado) é o salto para a banda de condução, aquela de maior energia, para tanto é necessário um ganho de pelo menos 1,1 e V, uma absorção de energia entre esse valor e 5 eV gera o salto de um elétron para a banda de condução e o surgimento de uma lacuna na banda de valência, com energia maior que 5 e V há o surgimento de múltiplos pares elétron/lacuna (elétrons excitados decaem à banda de valência após algum tempo, neutralizando as lacunas, no CCD isso é evitado com o uso de um campo elétrico) esse processo torna-se cada vez mais intenso até os 10 keV (1000 eV) de energia, quando o Si praticamente não sofre mais interação com os fótons de luz, devido ao curto comprimento de onda da luz nessa faixa de energia. Há esta concentração de elétrons (tensão elétrica) que varia de acordo com a absorção de fótons da luz oriunda de uma imagem constituindo uma representação discreta de uma informação visual. O CCD é uma pastilha de Si organizada como uma matriz de pequenas regiões chamadas fotossítios, cada um deles é capaz de manifestar o fenômeno acima descrito, ou seja, representar uma parte da imagem através de um nível discreto de tensão armazenado, e o seu número determina a resolução da imagem, na figura 3, a matriz corresponde ao centro da imagem (parte que apresenta nuances coloridas). Um CCD encapsulado Digitalização: A matriz de fotossíitios fornecem uma amostragem discretizada da imagem, que deve ser digitalizada por dispositivo específico para isso, que reside dentro da própia câmera digital. BIBLIOGRAFIA: [1] Transdutores.doc – Autor desconhecido [2] Fotocondutores.pdf – Prof. Orlando Belloto/UNICAMP [3] Circuitos fotoelétricos.pdf – Prof. Gilberto Haus