A ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO TERRITÓRIO PLANALTO NORTE-SC: UM PRODUTO DAS ESPECIFICIDADES HISTÓRICAS [email protected] Apresentação Oral-Evolução e estrutura da agropecuária no Brasil ADRIANO MARTINHO DE SOUZA. EPAGRI, CANOINHAS - SC - BRASIL. A estrutura fundiária do Território Planalto Norte-SC: Um produto das especificidades históricas Grupo de Pesquisa: Evolução e estrutura da agropecuária no Brasil Resumo Santa Catarina tem uma estrutura fundiária baseada em pequena propriedades familiares. Entretanto, existem especificidades regionais. No território Planalto Norte, os pequenos estabelecimentos, considerados com menos de 50 hectares, representam 82,7%, mas ocupam somente 28,6% da área total. Isto evidencia uma concentração da posse da terra. Fatos históricos, como questão dos limites entre o Paraná e Santa Catarina, e as dinâmicas sociais e econômicas moldadas por estes fatos se mostram os principais influenciadores. Palavras-chaves: Concentração de terras; questão de limites; desenvolvimento. Abstract Small farms are predominant in Santa Catarina State, Brazil. However, there were some particularities. In the North Plateau territory 82,7of farms has until 50 hectares, but represented only 28,6% of total area. In this way there is a high land concentration. Historic facts, as discussion about limits among Paraná and Santa Catarina State, and social and economic regional dynamics related to these facts are the principal factors that affect this land concentration. Key Words: Land concentration; limits discussion; development. 1. INTRODUÇÃO O Estado de Santa Catarina contempla uma estrutura fundiária majoritariamente baseada em pequenas propriedades familiares. Contudo, as diferentes regiões apresentam especificidades quanto a esta estrutura fundiária que tem origem nos fatos históricos da ocupação e na dinâmica social e econômica por eles moldadas. O melhor conhecimento da estrutura fundiária do Planalto Norte Catarinense em comparação a outras regiões do Estado e também a compreensão de sua produção, mesmo 1 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural que de forma preliminar, pode auxiliar na elaboração e execução de estratégias de desenvolvimento para esta região. Isto se deve à necessidade da melhoria contínua dos diagnósticos para a produção dos mais variados planos de desenvolvimento, na melhoria e sedimentação dos dados deste território, além da própria construção de sua identidade. A partir de 2004, a região compreendida pelo Planalto Norte Catarinense figura como um dos oito Territórios Rurais do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), com o nome Território Planalto Norte. Esta designação e sua delimitação geográfica será utilizada neste estudo. Salienta-se que, a partir de março de 2009, figura também com o segundo Território da Cidadania do Estado de Santa Catarina. O Território Planalto Norte compreende, pela classificação do IBGE, as Microrregiões Geográficas de Canoinhas e São Bento do Sul. É formado por 14 municípios: Bela Vista do Toldo; Campo Alegre; Canoinhas; Irineópolis; Itaiópolis; Mafra; Major Vieira; Matos Costa; Monte Castelo; Papanduva; Porto União; Rio Negrinho; São Bento do Sul e Três Barras. As cidades pólos do Território Planalto Norte são Porto União, Canoinhas, Mafra e São Bento do Sul. O Território possui uma estrutura fundiária onde, ao lado de grandes e médios estabelecimentos, existem pequenos estabelecimentos com bastante representatividade. Convivem tanto uma pecuária extensiva e lavouras de milho, soja com uma pequena produção de caráter colonial, que, a princípio, se estruturou com base em uma economia extrativa de madeira e erva-mate. Na atualidade, ao lado de um extrativismo de erva-mate remanescente e da pecuária extensiva, que dá sinais de mudança com as novas conjunturas produtivas, a produção diversificou-se, havendo o desenvolvimento da pecuária leiteira, da suinocultura, da avicultura, milho, feijão, soja, fumo, olericultura, fruticultura e silvicultura. Todas estas atividades com um caráter essencialmente comercial e se destinam ao abastecimento dos mercados nacional e estrangeiro (IBGE, 1998). Este território, apesar de acompanhar a mesma lógica, guarda especificidades em relação ao Estado de Santa Catarina no que se refere as áreas agrícolas que estão distribuídas dentro da categoria de agricultura familiar. Este artigo tem o objetivo de expor as especificidades do Território Planalto Norte ligadas a esta estrutura fundiária. 2. MATERIAL E MÉTODOS Para efetuar a análise, foram retirados argumentos das fontes bibliográficas como os de livros de história regional. Os dados estatísticos foram obtidos dos Censos Agropecuários de 1975, 1985 e 1995-96. Além destas fontes, foram realizadas três entrevistas diretas com o escritor e historiador regional Fernando Tokarski. A primeira entrevista foi realizada em março de 2004 e as duas outras entre os meses de junho de 2008 e novembro de 2009. As entrevistas seguiram um roteiro semi-estruturado com os temas da história regional que tiveram influência na estrutura agrária, em especial a questão dos limites entre o Estado de Santa Catarina e Paraná, a dinâmica econômica posterior ao acordo de limites, o parcelamento de terras e o efeito da dinâmica provocada pelas atividades da Southern Brazil Lumber & Colonization Company, mais conhecida como Lumber do empresario estadunidense Percival Farquhar. Para fins do estudo foram comparados os dados das estruturas fundiárias do Território Planalto Norte com os da região oeste catarinense. A escolha destas duas regiões foi embasada no histórico da formação e ocupação do território catarinense. Em especial o acordo 2 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural de limites entre o Estado do Paraná e o Estado de Santa Catarina. Os fatos históricos ligados ao acordo de limites de 1916 teve profundos reflexos na história e na dinâmica econômica e social destas regiões. O Território Planalto Norte compreende Microrregiões do IBGE de Canoinhas e de São Bento do Sul. Entretanto, existem algumas diferenças quanto a isto que são: • Na Microrregião Geográfica de Canoinhas foram retirados os dados dos Municípios de Timbó Grande e Santa Terezinha tendo em vista que os dois não pertencerem ao Território Planalto Norte e sim, no caso de Timbó Grande, ao Território Alto Vale do Rio do Peixe e, no caso de Santa Terezinha, ao Território Alto Vale do Itajaí. • O município de Matos Costa, pertencente a Microrregião Geográfica de Joaçaba, foi incorporado ao Território Planalto Norte tendo em vista a primeira conformação do Território Planalto Norte e as negociação dos dois territórios constituídos a partir da separação.O Território Rural Planalto Norte era também composto pelo Meio Oeste Catarinense em sua conformação dada pelo Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural (CEDERURAL) e o MDA/SDT em 02/06/2004 continha 27 municípios catarinenses (MDA, 2005). Foram considerados como Região Oeste as Microrregiões Geográficas do IBGE de São Miguel do Oeste, de Chapecó, de Xanxerê e de Concórdia. Para a Microrregião de Concórdia foi agregado o Município de Jaborá. Este município pertence a Microrregião Geográfica de Joaçaba, entretanto nas divisões administrativas dos estudos utilizados e dos programas governamentais em execução, como Territórios do MDA e Territórios da Cidadania, figura como da região de Concórdia. Os dados de fontes secundárias utilizados foram os dispostos nos Censos Agropecuários de 1975, 1985 e 1995-96. Os dados estatísticos de área total dos estabelecimentos agrícolas foram agrupados em nove grupos de extratos de área sendo eles: ate cinco hectares; de cinco a menos 10 hectares; de 10 hectares a menos de 20 hectares; de 20 hectares a menos de 50 hectares; de 50 hectares a menos de 100 hectares; de 100 hectares a menos de 200 hectares; de 200 hectares a menos de 500 hectares; de 500 hectares a menos de 1000 hectares; e mais de 1000 hectares. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Este tópico será dividido em duas partes. A primeira tratará da apresentação dos dados estatísticos referentes a estrutura fundiária da região do Território Planalto Norte. Para a visualização das diferenças são apresentados também os dados estatísticos do Oeste Catarinense. A segunda parte trás a discussão das fontes históricas que explicam, pelo menos em parte, a formação da estrutura fundiária do Território Planalto Norte. 3.1 – A ESTRUTURA FUNDIÁRIA DO TERRITÓRIO PLANALTO NORTE. Na Tabela 1 são apresentados os dados referentes a estrutura fundiária do Território Planalto Norte e do Oeste Catarinense distribuídos pelo número de estabelecimentos por estratos de área. 3 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Tabela 1 – Número de estabelecimentos agropecuários agrupados em estratos de área total na região Oeste catarinense e do Território Planalto Norte nos anos 1970, 1985 e 1995. Grupos de Oeste Catarinense Território Planalto Norte área(ha) 1.975 1.985 1.995 1.975 1.985 1.995 Até <5ha 10.650 16.364 10.307 2.202 2.788 2.222 De 5 até <10ha 14.388 20.996 16.570 1.947 2.545 2.179 De 10até <20ha 23.271 29.520 28.435 2.980 3.656 2.930 De 20 até <50ha 19.333 18.143 16.635 4.808 5.156 3.833 De 50 até <100ha 2.805 2.340 2.335 1.979 1.890 1.327 De 100 até <200ha 556 578 639 784 739 558 De 200 até <500ha 218 275 306 301 378 292 De 500 até <1000ha 62 64 75 97 115 93 >1000ha 48 49 51 54 89 69 Total 71.331 88.329 75.353 15.152 17.356 13.503 Fonte:Censos Agropecuários de 1975, 1985 e 1995/96 (IBGE, 1979; IBGE, 1988; IBGE, 1998) adaptados por MELLO et. al. (2005) e SOUZA et. al. (2005). A estrutura fundiária do Território Planalto Norte era constituída, em 1975, por um total de 15.152 estabelecimentos agropecuários, que totalizavam a área ocupada de 758.205 hectares. No intervalo censitário de 1975 a 1985 houve aumento do número de estabelecimentos e da área ocupada. Em 1985, no Território Planalto Norte existiam 17.376 estabelecimentos agropecuários, que totalizavam a área ocupada de 847.554 hectares. Este aumento ocorreu também na Região Oeste e de maneira geral em todas regiões do Estado. No intervalo censitário 1985 a 1995-96 ocorreu diminuição no número de estabelecimentos e da área ocupada. Existiam no Território Planalto Norte 13.503 estabelecimentos que ocupavam a área de 656.929ha. Cabe relatar, neste ponto, que em 1991 ocorreu o desmembramento do município de Itaiópolis de área de 716,25km2 para a criação do município de Santa Terezinha e com isto os estabelecimentos deste município passam a contar não mais para o Planalto Norte e sim para o Alto Vale do Itajaí. Este município foi criado em 1991 e instalado e desmembrado em 1993. Este fato tem conseqüências expressivas sobre as análises de Itaiópolis e, em menor grau, mas não menos importante, sobre as análises do Território Planalto Norte. São também necessários alguns esclarecimentos decorrentes da inesperada conformação de alguns resultados do Censo Agropecuário 1995-96 e que são relatados e esclarecidos em IBGE (1998). Primeiramente, ocorreu a mudança no período de referência do Censo Agropecuário 1995-96 (ano agrícola) em relação aos censos anteriores (ano civil). Esta mudança teve impacto, entre outros, sobre o universo captado pelo Censo 1995-96. A coleta de dados nos estabelecimentos de natureza precária e transitória foi a mais afetada. Nem todos os estabelecimentos agropecuários correspondem à imagem que se tem de uma propriedade típica, com sede, com todas as estruturas e, principalmente, pessoas habitando o local. Estes 4 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural estabelecimentos agropecuários de natureza precária e transitória, segundo IBGE (1998), são em um número não desprezível. Desta forma, é necessário enfatizar os problemas de coleta de informações censitárias, em especial, destes estabelecimentos agropecuários em época que poderiam não mais existir, pois a safra 1995-96 foi coletada a partir de agosto de 1996. Um segundo ponto foram as transformações decorrentes do acelerado processo de reestruturação e de ajuste econômico ocorridas no Brasil. Estas transformações tiveram reflexos de larga ordem. Entre outros reflexos, a introdução de atividades não agrícolas na área rural e a continuidade da migração rural-urbana. Um terceiro ponto foi relacionado à incorporação do trabalhador rural a aposentadoria que foi instituída em 1988 e que levou os trabalhadores idosos a paralisar suas atividades, em especial os de subsistência. Um quarto ponto foi a política de distribuição de terras que, por outro lado, atuou em sentido contrário à redução no número dos estabelecimentos. Finalmente, IBGE (1998) argumenta que, no processo de reestruturação produtiva, os pequenos agricultores foram os mais afetados. Estes pequenos agricultores, não dispondo de recursos para a melhoria de eficiência, perderam competitividade e foram, em muitos casos, excluídos das propriedades e atividades agrícolas nas quais se dedicavam. Salienta-se, então, a necessidade de atentar ao exposto acima para não incorrer em erros na comparação entre os Censos Agropecuários. Os dados estatísticos relacionados aos estabelecimentos por grupos de extratos de áreas para os anos 1975 e 1985 não terão maiores análises que as anteriores neste trabalho. As mudanças de percentuais de participação dos grupos de extratos nas duas regiões ao longo dos três censos, seja os relativos ao número de estabelecimentos, seja os relativos a participação destes grupos de estratos em relação a área total, são menos importantes para a discussão. Entretanto, a comparação destes dados estatísticos da região Oeste com os do Território Planalto Norte, em qualquer dos três censos produziriam as mesmas conclusões. É nesta abordagem que segue a discussão tomando somente os dados dos censos agropecuários 1995/96. No Território Planalto Norte, tomando-se o Censo Agropecuário 1995/96, há domínio de pequenos estabelecimentos agropecuários considerados aqui com menores de 50ha. Observa-se que 4.401 estabelecimentos tinham menos de 10ha e 7.331 estabelecimentos tinham menos de 20ha. Dos 13.503 estabelecimentos totais, 11.164 tinham áreas inferiores ao estrato de até 50ha. Em termos percentuais de forma cumulativa, os estabelecimentos com menos de 10ha compreendem 32,6%, os estabelecimentos com menos de 20ha compreendem 55,3% do total e os estabelecimentos com menos de 50ha englobam 82,7% do total de estabelecimentos. Já na região Oeste em termos porcentuais de forma cumulativa os estabelecimentos com menos de 10ha compreendem 35,7% do total, que é ligeiramente superior ao Planalto Norte em especial para o extrato cinco a menos de 10 hectares. Os estabelecimentos com menos de 20ha compreendem 73,4% do total bastante superior aos do Território Planalto Norte o que corresponde proporcionalmente cerca de um terço superior para esta faixa de extrato. Para a faixa de extrato de estabelecimentos com menos de 50ha, a região Oeste atinge a percentagem de 95,5% do total de estabelecimentos. Isto corresponde a pouco mais de 15% superior proporcionalmente ao Território Planalto Norte para esta faixa de extrato de área. O que pode ser salientado é que para o comportamento dos estabelecimentos por grupos de extratos de área o Território Planalto Norte tem percentualmente um número menor de estabelecimentos, ao redor de 15%, nos estratos de área até 50 hectares. Na tabela 2 são apresentados os dados referentes a estrutura fundiária das duas 5 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural delimitações geográficas distribuídas pelo área total dos estabelecimentos por estes estratos de área. Tabela 2 – Área ocupada, em hectares, por estabelecimentos agropecuários agrupados em estratos de áreas total na região Oeste catarinense e no Território Planalto Norte nos anos 1970, 1985 e 1995. Grupos de Oeste Catarinense Território Planalto Norte área(ha) 1.975 1.985 1.995 1.975 1.985 1.995 Até <5ha 33.335 46.840 29.923 6.518 8.751 6.841 De 5 até <10ha 102.627 150.638 121.809 14.804 19.594 16.367 De 10até <20ha 319.255 404.078 393.926 43.730 53.655 42.951 De 20 até <50ha 563.107 522.327 478.816 155.033 164.761 121.985 De 50 até <100ha 182.946 154.191 153.341 136.993 130.248 91.704 De 100 até <200ha 73.375 77.380 85.435 108.740 101.869 75.881 De 200 até <500ha 66.602 81.124 92.011 90.282 116.841 89.428 De 500 até <1000ha 42.818 46.247 50.636 67.567 85.497 63.804 >1000ha 117.001 122.110 113.667 134.539 166.338 147.968 Total 1.501.066 1.604.935 1.519.564 758.206 847.554 656.929 Fonte:Censos Agropecuários de 1975, 1985 e 1995/96 (IBGE, 1979; IBGE, 1988; IBGE, 1998) adaptados por MELLO et. al. (2005) e SOUZA et. al. (2005). Com já foi relatado, observa-se que existe domínio em número de pequenos estabelecimentos no Território Planalto Norte, da ordem de 82,7%, considerados aqui como estabelecimentos com estratos de área menores de 50ha. No Oeste catarinense e também no Estado de Santa Catarina esta proporção é um pouco maior. Entretanto, comparando a área ocupada por estes mesmos estratos observa-se que há concentração de terras no Território em extratos maiores que estes. Tomando ainda como base o Censo Agropecuário de 1995/96, os estabelecimentos de até 10ha que englobam 32,6% do total de estabelecimentos, ocupam somente 3,5% do total da área. Ao passo que para a região Oeste catarinense esta proporção atinge 10% da área total. Isto significa que, para uma proporção bastante similar de número de estabelecimentos, o grupo de extratos de área até 10 hectares no Oeste ocupa proporcionalmente quase três vezes mais área que no Território Planalto Norte. Para melhor compreensão pode-se citar que na média do Estado de Santa Catarina a participação na área ocupada por este estrato de área é de 5,51%. No Território Planalto Norte os estabelecimentos agrupados no estrato de até 20ha, de forma cumulativa, correspondem a 54,3% do número de estabelecimentos e englobam 10% da área total. Na média do Estado de Santa Catarina a participação na área ocupada por estes estabelecimentos é de 18,19% e na região Oeste é de 35,9% da área total. Em seguimento, os estabelecimentos com menos de 50ha, que perfazem 82,7% dos estabelecimentos, ocupam 28,6% do total da área do Território. Para a região Oeste este extrato ocupa 67,4%. Para o Estado este estrato de estabelecimentos ocupava 40,59% do total 6 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural da área. Desta forma, apesar dos pequenos estabelecimentos agropecuários serem a maior parte, observa-se uma significativa concentração da posse da terra em estabelecimentos acima do extrato de área total até 50 hectares no Território Planalto Norte. Isto é mais saliente se avaliarmos o extrato de mais de 500 hectares que representam 1,2% dos estabelecimentos agropecuários, mas detêm quase 1/3 da área total (32,2%). A diferença da estrutura fundiária do Território Planalto Norte em relação a região Oeste reside nos fatos históricos e na dinâmica econômica e social moldada, em boa parte por estes. Na segunda parte segue a discussão deste ponto. 3.2 – FATOS HISTÓRICOS E DINÂMICAS PRODUTIVAS DO TERRITÓRIO PLANALTO NORTE E A ESTRUTURA FUNDIÁRIA. A ocupação do Território Território Planalto Norte guarda íntima relação com o processo de ligação entre Rio Grande do Sul e São Paulo, que tem início no princípio do século XVIII. Essa ligação, efetuada pelo planalto, teve finalidade econômica e de defesa, entre elas destaca-se: econômica, porque fazia chegar os animais que serviam para o transporte de carga e para o consumo alimentar em São Paulo e nas regiões de mineração em Minas Gerais; de defesa, porque o Rio Grande do Sul era um reduto português na região platina, território potencialmente litigioso (PIAZZA & HÜBENER, 1983). A ligação ficou conhecida como “Caminho do Sul” (PIAZZA, 1983), ou “Estrada Geral” (THOMÉ, 1981). A parte que compreendia de Rio Negro-PR até Lages-SC, era chamada “Estrada da Mata” (THOMÉ, 1981). Assim, a ocupação das matas mistas dos planaltos catarinense e paranaense está relacionada com o ciclo do gado, como locais de pousio, abastecimento e registro das tropas que por aí passavam levando animais e alimentos para Sorocaba em São Paulo. Neste primeiro momento dava-se preferência à ocupação dos campos em detrimento das regiões cobertas por matas (WACHOWICZ, 1985). No planalto de Santa Catarina, foram ocupadas as áreas dos campos de Lages e, nos planaltos do Paraná, as áreas dos Campos Gerais e dos campos de Guarapuava e de Palmas. A pecuária era a atividade econômica principal destas regiões e houve um grande aumento do número de fazendas de gado, não só pelo aumento de espaço ocupado por este tipo de exploração mas principalmente pelo seu fracionamento. A tendência de transformação das fazendas, que primeiramente eram de criação, em invernagem do gado que transitava com destino ao sudeste do país e o surgimento da atividade de condução das tropas, a atividade tropeira, também acompanharam a expansão e a consolidação da “sociedade campeira” (SILVA, 1997) A partir de 1808, com a mudança da situação política do Brasil, resultante da vinda da família real portuguesa, o “ciclo do mate” se inicia. Com a vinda da família real portuguesa, a situação política do país muda drasticamente. Além da abertura dos portos brasileiros às nações amigas, quebrando o monopólio português do comércio com o Brasil-Colônia, que foi um passo importante na preparação da sua independência política, o Brasil foi declarado um reino, permitindo-se também a instalação de indústrias no país, entre outras mudanças ocorridas (BUENO, 1997). No início de 1820, um argentino de nome Don Franscisco Alzagaray instala o primeiro engenho beneficiador de mate no litoral paranaense (LINHARES, 1969; COSTA, 1989). PADIS (1981) relata uma data anterior para a instalação do primeiro engenho, a de 1815, e, em 1821, relata também o surgimento de outro. Provavelmente este último engenho relatado por PADIS (1981) seja o mencionado pelos outros autores. 7 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Além disto, em 1813, o Paraguai proíbe a exportação da erva-mate, priorizando o atendimento da sua demanda interna. Esses dois fatos vão contribuir positivamente para a economia ervateira brasileira, primeiramente no planalto paranaense e posteriormente no catarinense. É oportuno esclarecer que os atuais planaltos paranaense e catarinense são assim entendidos somente a partir de 1916 com o fim da Guerra do Contestado, quando a questão dos limites entre os dois Estados foi resolvida. É de supor que a atividade ervateira no Território Planalto Norte era a mesma relatada como sendo do Paraná, o que pode ser também percebido em AVÉ-LALLEMANT (1980) que, em agosto 1858, ao subir a serra por onde passaria futuramente a Estrada Dona Francisca para chegar ao atual planalto catarinense refere-se a ele como os campos de Curitiba e/ou o planalto paranaense, em toda a sua narrativa. No decorrer da segunda metade do século XIX, há o declínio da atividade tropeira e se consolida a atividade ervateira. Esta área e a sua atividade comporiam, em seguida, a região do “contestado”. São as atividades extrativas da erva-mate e da pecuária extensiva que fundamentam economicamente o questionamento de fronteiras com Santa Catarina por parte do Paraná. De um lado estavam os “campos de Palmas”, com suas extensas pastagens, em poder de famílias dedicadas à criação de gado e com influências na balança política daquele estado. De outro, estavam os “ervais”, cujo produto – base econômica das populações espalhadas entre os rios Iguaçu e Uruguai na primeira metade do século XIX – tornou-se, a partir de 1850, o produto de maior exportação, devido ao aumento da demanda dos países da bacia do Prata em função da retração da erva paraguaia. A posição econômica do Paraná se prendia a um centro produtor localizado no Planalto Norte Catarinense e nos vales tributários do rio Iguaçu (PIAZZA & HÜBENER, 1983). Com o estabelecimento dos limites do território catarinense, através do Acordo Limites de 1916, Santa Catarina consolida sua dimensão territorial atual. Neste ponto, para marcar as especificidades do Território, cabe um aprofundamento a respeito das conseqüências para o Território Planalto Norte com relação as áreas contestadas entre o Estado de Santa Catarina e Paraná, a Guerra do Contestado e o seu resultado, o acordo de limites. A guerra do Contestado foi provavelmente o conflito social, político e econômico mais contundente da história de Santa Catarina, com reflexos duradouros para o Território Planalto Norte. As conseqüências da guerra do contestado e do seu resultado, o acordo de limites, notadamente as fundiárias e de desenvolvimento, têm reflexos expressivos até os dias atuais. Este território, desde a formação da Província do Paraná em 1853, era disputado pelos dois Estados. Esta disputa originou uma divisão entre os colonos nacionais que ocupavam o Território Planalto Norte que TOKARSKI (2004) designou de paranistas e catarinistas. Os “paranistas”, militavam para que a região fosse paranaense, e os “catarinistas” que, por outro lado, militavam para que a região fosse catarinense. Os catarinistas e paranistas registravam as posses de acordo com seu vínculo. As primeiras posses registradas na região, mais precisamente no atual município de Irineópolis, datam de meados de 1850 e foram registradas no Paraná (TOKARSKI, 2004). A questão dos limites entre a Argentina e o Brasil foi resolvida em 1895. Entretanto, as questões ligadas aos limites entre o Paraná e Santa Catarina, em um país recentemente saído do período monárquico, estavam longe de qualquer definição. A primeira Constituição Republicana do Brasil de 1893, que descentralizou as decisões do Estado brasileiro, deu direitos de legislar sobre a posse e terras para as províncias. Ao mesmo tempo seguiam os projetos de construção da estrada de ferro São Paulo Rio 8 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural Grande do Sul. Para esta empreitada o Estado concedia até 15 quilômetros de cada lado da estrada para a empresa explorar, o que incluía a venda de terras para a colonização. As áreas a oeste dos dois Estados praticamente não eram habitadas por colonos nacionais além dos campos de Palmas e de Guarapuava. Existiam então Colônias Militares como a de Chapecó criada em 1859. Isto não era o que ocorria com Rio Negro, Porto da União e Santa Cruz de Canoinhas e São Bento do Sul. O Paraná e Santa Catarina concediam títulos de terras na mesma região. Incluíam aí os títulos de terras da Southern Brazil Lumber & Colonization Company. A parte paranaense do trajeto foi reconhecida ainda em 1904 e foram dados na área contestada por Santa Catarina. Com o acordo de limites de 1916, que dividiu ao meio a área contestada, ficou ratificado o respeito as áreas tituladas. Também como consequência da Guerra do Contestado foi a resolução de questão fundiária em Santa Catarina que permitiu a recolonização, sem problemas fundiários de ocupação e contestação anteriores, de todo atual meio oeste e oeste agora catarinense por colonos teuto e ítalo gaúchos, com o espírito capitalista moderno incorporado a sua cultura, selecionados pelas empresas colonizadoras nas “colônias velhas” do Rio Grande do Sul. As glebas vendidas pelas empresas colonizadoras tinham em torno de 24 hectares. A dinâmica da estrutura fundiária seguiu de forma diferente no Território Planalto Norte após o acordo dos limites. Existiam grandes posses nesta região. Um exemplo foi as terras do Coronel Pacheco dos Santos Lima, fazendeiro da Lapa-PR e importante personagem na Revolução Federalista de 1893, que foram recebidas - 30.000 alqueires, mas há quem acredite ser mais de 70.000 alqueires - por seus serviços neste evento histórico (TOKARSKI, 2004). Hoje esta área corresponde a todo o município de Três Barras. Aos poucos as posses foram se fragmentando e não foi feita por empresas colonizadoras como na Região Oeste e Meio Oeste. A extensão da Colônia Dona Francisca para São Bento do Sul em 1870, em parte, foi executada por Empresa Colonizadora. Além deste caso, a venda de terras efetuada por colonizadoras, ocorre, posteriormente, em mais dois momentos, ambos nos anos 30 e 40 (TOKARSKI, 2004). O primeiro caso, foi a venda de terras para colonos alemães e italianos em Santa Cruz do Timbó, no município de Porto União, pela colonizadora Hack, sediada em Santa Cruz do Sul-RS. O outro caso foi a venda de áreas em regiões de serra nos municípios de Major Vieira, Canoinhas e Bela Vista do Toldo executada por empresa colonizadora local de nome Empresa Agrícola Palmital. Na sua maior parte, as glebas menores que originaram os estabelecimentos agropecuários atuais foram formadas, ao longo dos anos, tanto pela venda aos colonos, notadamente poloneses, efetuada pelos antigos posseiros e seus herdeiros, quanto pela subdivisão entre herdeiros dos mesmos posseiros. Um exemplo ilustrativo foi as terras do Major Manuel Thomas Vieira, um importante catarinista e chefe político em Canoinhas, que foram ganhas do Estado de Santa Catarina pelos serviços prestados na catarinização da região. Este Major, a partir do recebimento das terras, passou a vender suas posses a colonos poloneses e, no final de sua vida, ainda possui 14.000 alqueires (TOKARSKI, 2004). É importante salientar que a corrente de colonização polonesa, que foi a mais importante, vem principalmente do Paraná como argumenta TOKARSKI (2004). Outra corrente agora catarinense é a germânica vinda de Joinville para São Bento do Sul, primeiramente, e depois para o interior do Território Planalto Norte. Um segundo ponto foi a dinâmica criada com as atividades da Southern Brazil Lumber & Colonization Company, mais conhecida como Lumber. A empresa, com interesse na posse 9 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural de maior quantidade de áreas possível, marcou profundamente a estrutura fundiária de grande parte do Território Planalto Norte. Um advogado que trabalhava intensamente na “legalização” das áreas chegou a ser presidente do Brasil. Este advogado foi Nereu Ramos (TOKARSKI, 2004). A Lumber terceirizava o corte e beneficiamento de madeira para outras inúmeras empresas que, por sua vez, ocupavam vastas áreas (TOKARSKI, 2004). Primeiramente com interesse madeireiro e também ervateiro. Estas áreas, em parte, seguem a mesma lógica anterior de fragmentação. O último ponto de grande importância na estrutura fundiária da região foi a vinda de novos colonos e de empresas de reflorestamento (TOKARSKI, 2004). As políticas de modernização da agricultura, implementadas a partir da década de 60, impuseram gradativamente uma nova dinâmica ao espaço rural da região norte do Estado de Santa Catarina (SOUZA, 1998). A partir desta década ocorre nova expansão de grandes estabelecimentos agropecuários, agora pela compra e incorporação de propriedades com o objetivo do plantio de batata, de soja e, em especial, reflorestamentos com grande auxilio de incentivos fiscais. Desta forma, apesar dos pequenos estabelecimentos agropecuários serem a maior parte, no Território Planalto Norte, observa-se uma significativa concentração da posse da terra moldada por uma história de conflitos. Estes conflitos tiveram o desfecho com o acordo de limites que possibilitou a recolonização do oeste e meio oeste catarinense a partir da venda de terras, sem os empecilhos de turbação de posse e de titulação, pelas empresas colonizadoras aos colonos. A expressão do desenvolvimento da maior parte do território pode ser medida pelas atividades econômicas que se desenvolveram no território. As atividades econômicas que se desenvolveram no Território Planalto Norte depois do acordo de limites ainda estavam mais ligadas ao extrativismo madeireiro e ervateiro. Pelos condicionantes históricos da formação destas cadeias produtivas neste território, que tornavam os resultados econômicos pouco apropriados por este espaço, faziam a maior parte dos resultados econômicos serem empregados em outras regiões que não a do Território Planalto Norte. A respeito do extrativismo madeireiro no Território Planalto Norte um ilustrativo relato é trazido por SACHET & SACHET (1998). Os autores relatam que o funcionamento das serrarias da Lumber, no Planalto de Canoinhas, instala na população a psicose da futura miséria (SACHET & SACHET, 1998). Relatam também as centenas de milhares de pinheiros que até aquele momento tinham sido rasgados pelos “dentes do estrangeiro”. Cabe salientar que a Lumber funcionou “a pleno vapor“ até ser estatizada em 1942 pelo governo Getúlio Vargas que solicitou sua concordada o que resultou em muitos desempregados (LIMA, 2007). Entretanto, ainda em 1943, ela tinha 803 empregados e foram criadas laminadoras e continuou trabalhando. Em 1952, com as portarias 952 e 4.252 de 19 de agosto de 1952, no governo Eurico Gaspar Dutra, foi autorizado a transferência da Southem Brazil Lumber Colonization Co. para a incorporação ao Patrimônio da União e para o Ministério da Guerra (LIMA, 2007). A respeito da atividade ervateira um ilustrativo relato é dado por TOKARSKI (2008). O autor alerta que engana-se quem imagina que a cidade de Joinville tenha nascido sob o patrocínio das indústrias têxteis, químicas, metal-mecânicas e de plástico. “Os alicerces da estrutura econômica de Joinville, o maior pólo econômico de Santa Catarina, nasceram sobre a égide do facão ervateiro, das tropas e dos carroções carregados de erva-mate provenientes do Planalto de Canoinhas” (TOKARSKI, 2008). De um produto de largo consumo no interior 1 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural do continente durante a era colonial, a erva-mate chegara a ser a "mola propulsora" de uma colônia de europeus recém-chegados ao litoral catarinense. Em 1907, na primeira iniciativa censitária das atividades econômicas do Brasil, é relatado que, depois da exploração da borracha, a da erva-mate era a mais importante do Brasil (IBGE, 1986). O que se faz notar é que uma rica história do Território Planalto Norte, com fatos dolorosos e drenantes das forças vivas e recursos desta região, também fez moldar a feição do Estado de Santa Catarina de leste para o oeste até os “espanhóis confinantes”. De leste, contribuindo decisivamente com os alicerces da estrutura econômica do maior pólo econômico de Santa Catarina. Para o oeste, com a guerra do contestado e seu resultado, o acordo dos limites, possibilitada a resolução de questão fundiária em Santa Catarina que permitiu a recolonização, sem problemas fundiários de ocupação e contestação anteriores, de todo atual meio oeste e oeste agora catarinense por colonos teuto e ítalo gaúchos, com o espírito capitalista moderno incorporado a sua cultura, selecionados pelas empresas colonizadoras nas “colônias velhas” do Rio Grande do Sul. 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS No Território Planalto Norte, apesar dos pequenos estabelecimentos agropecuários serem numericamente a maior parte do total, observa-se uma significativa concentração da posse da terra em relação a região Oeste do Estado. O estudo mostra que as diferenças da estrutura fundiária foram influenciadas por alguns fatos históricos, como exemplo, a contestação de limites entre as então Províncias do Paraná e de Santa Catarina. Esta parte da história catarinense ficou conhecida como a Questão do Contestado e se arrastou de meados do século XIX, com a separação da Província do Paraná da de São Paulo, até o final do primeiro quarto do século XX com o Acordo de Limites de 1916. O desfecho com o acordo de limites possibilitou a recolonização do oeste e meio oeste catarinense a partir da venda de terras, sem os empecilhos de turbação de posse e de titulação, pelas empresas colonizadoras àqueles colonos. O Território Planalto Norte foi significativamente afetado pelo conflito e pelo acordo de limites de 1916. Com a resolução da questão dos limites, o Território Planalto Norte vem seguindo tendo seu desenvolvimento limitado pelos condicionantes históricos. O que se quer alertar é que os fatos históricos, políticos e econômicos diminuíram muito as possibilidades de alavancagem do desenvolvimento deste território. O contorno historicamente construído que fez do Território Planalto Norte uma região diferenciada do ponto de vista das oportunidades de desenvolvimento é pleno de força simbólica pelas oportunidades atuais que se apresentam para se escrever um pouco de uma melhor história futura. 5 – BIBLIOGRAFIA BUENO, E. História do Brasil. São Paulo: Publifolha, 1997. 320p. COSTA, S. G. A erva-mate. Curitiba: Secretaria do Planejamento e Coordenação Geral ; Scientia et Labor, 1989. 86p. 1 Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural IBGE. Séries estatísticas retrospectivas: o Brasil, suas riquezas naturais, suas indústrias (1907). Rio de Janeiro: IBGE, v.2, t.1, p.137–62, 1986 IBGE. Censo Agropecuário 1995/96. Rio de Janeiro, IBGE, 1998 (Santa Catarina). IBGE. Censo Agropecuário 1985. Rio de Janeiro, IBGE, 1991, nº 23 (Santa Catarina), 660p. IBGE. Censo Agropecuário 1975. 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