todo lugar é espaço de aprendizagem

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REVISTA DO COLÉGIO SANTA MARIA - N0 39
TODO LUGAR É ESPAÇO
DE APRENDIZAGEM
CONTEMPLAR O FIRMAMENTO, ENVOLVER-SE NA PRÁTICA DA INSERÇÃO SOCIAL OU ESTUDAR OS
DINOSSAUROS: TUDO SE TRANSFORMA EM CAMINHOS PARA AMPLIAR O CONHECIMENTO E LIGAR-SE À VIDA
ALUNO DO 8O ANO EM
AULA SOBRE FUNDAMENTOS
DE ASTRONÁUTICA
1
MENSAGEM
Irmã Diane Clay Cundiff
Diretora-geral do
Colégio Santa Maria
O CÉU
É O LIMITE
A
final, quem são os professores do
Colégio Santa Maria? Vocês sabem
seus nomes, ou os conhecem por
meio das múltiplas reuniões pedagógicas
neste bimestre; mas, na verdade, foram
apresentados a um grupo bastante reduzido. Como vão verificar no conjunto de
artigos nesta edição da Caleidoscópio, os
alunos e professores têm muitos mestres:
o céu, a Terra, os jornalistas e produtores
de documentários, as pessoas que exercem
profissões diversas e até os dinossauros. As
atividades que promovem novas competências, sejam elas curriculares, sejam extracurriculares, também educam a pessoa,
às vezes inconscientemente.
Os alunos, refletindo sobre essas novas
aprendizagens, começam a manifestar
sensibilidades, percepções e novas consciências; além de desenvolver competências,
começam a se envolver mais nos estudos, a ajudar quem precisa de ajuda para
aprender, a aplicar práticas de reciclagem
e reaproveitamento. O esporte e o teatro
revelam novos talentos e podem superar
certos medos, limites e até timidez.
Temos que olhar, sim, o céu, e descobrir que fazemos parte de uma criação sem
limites conhecidos e com potencialidades
que, para acioná-las, precisamos focar nossa energia e imaginação, juntarmo-nos a
outros aprendizes e fazer uso dessa energia
e desse amor à vida.
2
CARTAS
LEMBRANÇAS MARAVILHOSAS
COLÉGIO SANTA MARIA
Quem tem recebido
correspondência do Colégio
reparou, no alto da página,
no logotipo “60 anos”, que
representa as seis décadas que
as Irmãs da Santa Cruz estão no
Brasil, e na imagem do Padre
Moreau, fundador da nossa
Congregação, mantenedora do
Santa Maria. Este ano, em 15
de setembro, o Padre Moreau
será beatificado pelo Papa Bento
XVI, em Le Mans, na França. No
mesmo dia, essa solenidade será
comemorada aqui no Colégio.
Revista bimestral do
Colégio Santa Maria
No 39 - Mar./abr. de 2007
Equipe de redação
Irmã Diane Clay Cundiff; Irmã Anne V. Horner Hoe; João Luiz
Muzinatti; Maria Rita Moraes Stellin; Paula Bacchi; Sonia Regina
Yamadera; Suzana Prudente Corrêa; Tânia Maria Uehara Alves
COLÉGIO SANTA MARIA
Av. Sargento Geraldo Santana, 890/901
Jardim Marajoara, São Paulo, SP
Telefone (11) 5687-4122
www.colsantamaria.com.br
[email protected]
Produção editorial
Editor: Ricardo Marques da Silva; Editora de arte: Maila Blöss;
Fotos: Éric B., Sister Diane e acervo do Santa Maria;
Impressão: CompanyGraf; Foto da capa: Éric B.
Fábio Bertassi (à esquerda) e o amigo Felipe Silveira Barra.
ABRAÇOS GRÁTIS
“Num domingo, nós, Fábio e Felipe, grandes amigos e companheiros de intervenções por um mundo
mais belo, observando que a cidade está muito fria
e violenta, resolvemos agir de forma simples, com
um ato praticado por todos, mas, infelizmente, às
vezes esquecido: o abraço. Pedalamos até a avenida
Paulista e escrevemos num papelão o que estávamos
oferecendo: ‘Abraços grátis’. Foi incrível. Abraçamos homens, mulheres, velhos, crianças, travestis,
gays, guardas, mendigos, pipoqueiros, árvores e até
cachorros. Também presenciamos abraços entre casais, parentes e amigos. Entramos em lanchonetes,
cinemas e galerias. Mas a atenção principal foi para
as ruas. As expectativas foram mais do que superadas. A ‘terapia do abraço’ surtiu efeitos positivos. O
sentimento de paz e amor transbordou por todos os
poros do nosso corpo.
Ficou evidente que essa atitude, praticada por
apenas duas pessoas, modificou um pouco a energia
local. Por isso resolvemos convidar todos os interessados em participar da campanha pró-abraço. Nossa idéia é percorrer parques, praças e ruas, lançando
no ar um toque de paz. Entretanto, a campanha
também pode e deve ser realizada dentro de casa, no
trabalho ou em qualquer lugar e com qualquer pessoa. Quem quiser participar conosco é só entrar em
contato: [email protected]. Abrace esta idéia!”
Fábio Bertassi, ex-aluno do Santa Maria, turma de 2002
“Ingressei no Santa Maria aos 6 anos e estudei até a
4a série, quando então minha família mudou-se para
o Rio de Janeiro, no início de 1956. Tenho muitas
lembranças, misturadas com fantasia, pois naquele
tempo criança era criança e bem menos ‘plugada’
que as de hoje. Entrei no Pré em 1950, e ficávamos
na edícula atrás da Casa das Sisters (hoje Prisma).
Naquele tempo estavam sendo construídos os
prédios. O ensino era bilíngüe, com freqüência mista (meninos e meninas). Guardo maravilhosas lembranças, principalmente da Sister Mildred Louise.
Gostaria de manter contato com pessoas que tenham
estudado naquela época, para ‘trocar figurinhas’.”
Sandra Marilyn Hanftwurzel de Mattos, ex-aluna
ALICERCE DE CIDADANIA
“Sou ex-aluno do Santa Maria. Nunca fui bom aluno, que eu me lembre. Fiz coisas que não deveria, e
algumas que deveria fazer eu não fiz. Estou enviando
esta mensagem porque queria agradecer pelo alicerce de cidadania que conquistei no Colégio. Trabalho
numa empresa de assistência técnica e estou muito
contente por essa conquista, a qual dedico uma parte aos estudos que obtive no Santa Maria.
Obrigado, mesmo, a todos do Colégio. Um abraço especial ao ex-professor de Matemática, senhor
João, que agora é coordenador do Ensino Médio.
Hoje em dia vejo que suas lições me ajudaram e me
ajudam muito, muito mesmo. Outro abraço especial para a Cidinha e a Márcia, da 8a série, e para os
auxiliares do Ensino Fundamental.”
Kleber Parigi Pinto, ex-aluno
3
MEMÓRIA: MARIA DO CARMO BICUDO BARBOSA
PERFIL DOS FUNCIONÁRIOS
.
LEMBRANÇAS DE UM
PASSADO ENCANTADOR
A mensagem de Maria
do Carmo aos alunos do
Colégio: “A formação não
deve se limitar ao estudo,
mas levar à reflexão. Vulgar
é estudar, raro é refletir,
e o Santa Maria da minha
época e de meus filhos
deixou-nos esse grande
legado, num mundo em que
viver conscientemente é
indispensável”.
A
rquiteta bem-sucedida, presidente da Arcadis
Tetraplan, empresa de consultoria, a ex-aluna
Maria do Carmo Bicudo Barbosa, da turma de
1966, formou-se em 1972, fez doutorado na USP e
mestrado na Universidade da Califórnia-Berkeley, é
casada e mãe de três filhos, também ex-alunos do
Santa Maria – Patrícia, Juliana e Guilherme.
Caleidoscópio – Qual foi a importância do Santa Maria na sua
formação, analisando sua época e hoje?
Maria do Carmo – O Colégio garantiu-me uma excelente formação. Além das matérias normais, tínhamos outras atividades, como coral, artes, costura,
teatro, jornais e tarefas como dar aula de catecismo
em escolas públicas, visitar asilos de idosos. Tudo
isso foi muito valioso para mim, como mãe e profissional. O Colégio cresceu muito, e acompanho
as notícias pela Caleidoscópio. Outro dia tive uma
grata surpresa quando ouvia a rádio CBN e falava-se
muito bem do Santa Maria. Isso mostra o quanto a
instituição é moderna e viva.
Como era a escola na sua época?
A minha turma era muito pequena no Colegial, 25
alunas no clássico e no científico. Fiz parte da segunda turma a se formar, com apenas sete alunas.
Assim, as aulas eram quase particulares. Hoje deve
estar muito diferente. Os nossos encontros não são
freqüentes, mas quando acontecem se tornam importantes. Temos uma colega, a Nádia Kijanitza, o
grande elo da nossa turma, que sempre sabe notícias
da maioria das colegas.
Houve algum professor que marcou sua época?
No primário, a dona Dirce, da 4a série, foi uma
grande professora, com a qual muito me identifiquei. No ginásio, dona Terezinha, de Matemática,
era a minha preferida. Enérgica, mas extremamente
justa nas suas avaliações. No Colegial, gostaria de
homenagear a Sister Aline, que foi nossa professora
de Lógica e, além disso, nossa orientadora, sempre
atenta à nossa formação.
Qual era o seu lugar favorito no Colégio?
Hoje já não existe, mas havia um bosque de araucárias perto do prédio antigo, ao lado do riacho. Andar por ali era bonito e fresco.
Manuela Dias, coordenadora de Comunicação
4
SEGURANÇA
EM PRIMEIRO LUGAR
H
á 21 anos no Santa Maria, casado, 40 anos, pai
de quatro filhos – Fábio, de 21 anos; Nathalia,
17; Lucas, 11, e Anny Vitória, 2 –, o encarregado da
segurança Jacinto Rodrigues da Silva é conhecido no
Colégio pela simpatia e dedicação ao trabalho. Confiante e otimista, adora pescar e viajar e tem muito
orgulho de suas conquistas pessoais e profissionais.
Caleidoscópio – Como conheceu o Colégio?
Jacinto – Em 1983, aos 15 anos, comecei a trabalhar
na Cúria, hoje o prédio do Prisma, como boy, e em
1986 fui para a área de segurança do Colégio. Estudei no Supletivo do Santa Maria e estou sempre me
atualizando, fazendo cursos.
Como é o seu trabalho e do que mais gosta nele?
É dinâmico e prazeroso. É preciso estar sempre atento para garantir a segurança dos alunos e funcionários, apoiar e supervisionar a equipe. Estou sempre
aprendendo e interagindo com os alunos, pais, professores, funcionários e visitantes. É ótimo esse contato com pessoas diferentes.
Quais são os seus planos para o futuro?
Estou sempre me atualizando por meio de cursos
específicos e, em breve, pretendo fazer um curso técnico, na área de segurança.
“Luto para que o futuro seja mais justo, menos violento e com esperança”
EDUCANDO COM AMOR
E
x-aluna do Santa Maria (turma de 1968), 57
anos, formada em Pedagogia na USP, Tiyomi
Misawa é a educadora mais antiga do Colégio. Casada, duas filhas – Marta, de 28 anos, e Ana Lúcia,
de 26, e avó de Victor, 9 anos, terceira geração da
família a estudar no Santa, Tiyomi é querida pelos
alunos e tem orgulho em trabalhar na escola em que
se formou e iniciou parte da história de sua vida.
Caleidoscópio – O Colégio foi seu primeiro trabalho?
Tiyomi – Vim trabalhar aqui em 1973, como professora de Português e Estudos Sociais na antiga 4a
série. Em 1994, assumi o cargo de orientadora. Nesses 34 anos, participei das mudanças pedagógicas e
acompanhei as modificações físicas do Colégio.
Do que mais gosta na profissão?
Meu dia-a-dia é rico em experiências. Vivencio o movimento dialético de aprendizagem nas relações com
professores, pais, alunos e funcionários. Adoro trabalhar com essa faixa etária, que tem muita vivacidade e
está sempre pronta a superar desafios.
Qual é a sua mensagem para os alunos?
Dediquem-se aos estudos, aproveitem ao máximo
cada vivência e experiência. O Colégio representa
paixão, gratidão, trabalho, esperança, futuro.
Mensagem de Jacinto aos alunos: “Formem-se cidadãos de bem”.
Manuela Dias, coordenadora de Comunicação
5
EDUCAÇÃO INFANTIL
PROJETO DA SÉRIE: 7º ANO
POR QUE ESTUDAMOS
OS DINOSSAUROS NO PRÉ?
E
ssa questão vai muito além de saber quantos
tipos de dinossauro existiram e por que foram
extintos. O mais importante é o caminho que
a criança percorre até chegar a uma aprendizagem
significativa. Há uma questão entre fantasia e realidade que realmente fascina as crianças dessa idade. Os dinossauros, diferentemente dos dragões dos
contos de fada, realmente existiram, mas foi há tanto
tempo que se torna uma grande aventura imaginar
(e procurar saber) como era a Terra naquela época.
Nosso ponto de partida foi deixar que soltassem
a imaginação, enquanto compunham o cenário da
pré-história e lidavam com as hipóteses construídas
com fragmentos de conhecimento, combinados com
elementos da fantasia. À medida que lemos livros maravilhosos (muitos trazidos pelas próprias crianças),
trabalhamos com as habilidades de relacionar, comparar, identificar e nomear, entre tantas outras que
selecionamos em nossos objetivos de ensino.
Partilhar os dados coletados em casa traz a oportunidade de aprender em grupo, com toda a riqueza
que isso representa: ouvir os relatos e simbolizar; concordar e acrescentar; discordar e argumentar. Quanta
complexidade num tema apaixonante! (Ou será justamente por isso que esse aprendizado é significativo
para a construção de competências tão importantes?)
Aprofundamos as pesquisas, selecionando material de apoio para ampliar o conhecimento (um dos
objetivos do tema). Livros científicos e de ficção,
vídeos, reportagens e miniaturas encheram a nossa
sala. As aprendizagens centraram-se nas características de cada tipo de dinossauro, seu hábitat, a alimentação, as formas de ataque e defesa, a reprodução e
as possíveis causas de sua extinção. Novas perguntas mobilizaram novas pesquisas: “Por que algumas
espécies viviam em grupo e outras não?” “Por que
alguns eram carnívoros, como os que costumam ser
mostrados em filmes, e outros eram herbívoros?”
“Por que algumas espécies eram mais velozes que
outras?” “Que animal poderia ser o predador do
dinossauro se ele não tivesse sido extinto?”
De forma dinâmica, respondendo a questões
como essas, as crianças aprendem como a pesquisa
é importante para a ciência, como coletar dados e
construir uma história que aconteceu há tanto tempo. Acima de tudo, demonstram grande prazer e satisfação em aprender. É a paixão pelo conhecimento
que faz os olhos delas brilharem a cada descoberta.
Rita Lázaro, Mônica Farinelli, Rosana Pereira e Gabriela
Herane, professoras do Pré
6
SER GENEROSO,
REDESCOBRIR A SOLIDARIEDADE
“D
evemos fazer projetos com os nossos alunos,
e não para os nossos alunos.” Essa frase, dita
pelo professor Nilson Machado na palestra
de abertura do ano letivo, demonstra que a equipe
de educadores do 7o ano tem buscado formas de envolver o educando em atividades reflexivas e transdisciplinares que os transformem em sujeitos ativos
e construtivos da realidade.
Escolhemos como meta do nosso projeto “Ser
generoso e descobrir a solidariedade” e, para os bimestres, definimos os seguintes eixos estruturadores: ouvir e ver para compreender; conhecer, conviver e comungar com o outro; rejeitar a violência;
respeitar a vida e preservar o planeta. Como eixos
complementares, destacam-se uma discussão sobre
a Amazônia, o tema da campanha da fraternidade,
os 60 anos das Irmãs da Santa Cruz no Brasil e a
canonização do Padre Moreau, que acontecerá em
setembro de 2007.
Serão muitas as atividades, como a vivência com
os funcionários do Colégio – um dia memorável,
em que os alunos passam por quase todos os setores,
aprendendo a valorizá-los a partir da partilha e do
convívio –, a missa do 7o ano, que celebrará o trabalho e os trabalhadores; a vivência com os alunos do
Supletivo, que ocupam a mesma sala de aula, mas
com histórias de vida e perspectivas tão diferentes, e
as interfaces com o Ecoestudantil, preparando nossos alunos para um amanhã melhor.
Por fim, um momento especial para nós: o encerramento do projeto do ano, quando nos reunimos
para celebrar o encontro que será futuro, embasado
no passado de nossas vivências de 7o ano e vislumbrando um porvir que começamos a edificar em 29
de janeiro de 2007.
André Luiz Sabino, Paula C. Marques Cardoso Mathias Pinto
e Inês A. Namour, professores do 7o ano
A TERRA NA UTI?
A Matemática, no projeto, é uma das muitas possibilidades
de inter-relações como área de conhecimento, abordando
conteúdos e conceitos específicos.
Como os alunos se vêem diante de mega-soluções para
um megaproblema? Na busca de soluções, a identificação
dos maiores emissores de gás carbônico do planeta e das
maneiras de reduzir a quantidade desse dióxido pode
proporcionar indícios para a solução do problema, fazendoos perceber os limites das diferentes propostas para conter
o aquecimento global.
Estatisticamente, ouvir e ver para compreender é a meta.
“A esperança está na intenção e na ação de cada um de nós,
para atingirmos a consciência planetária.”
Inês Angelini Namour, professora de Matemática
Acima, análise de um dos gráficos relacionados ao
problema, feita pelos alunos e alunas do 7o ano, em
Matemática.
7
COMPONENTES CURRICULARES
A PALAVRA DO ALUNO
COM QUE LETRA?
É um ano muito
gratificante para
nós, professores,
para as famílias,
que vivenciam a
evolução de seus
filhos, e para os
alunos, que percebem
que com empenho e
perseverança não há
o que não possam
aprender.
I
nício de ano. Classe nova e muita vontade de aprender. Quando chegam ao 2o ano, estão ávidas por saber escrever mais e melhor. Assim, o papel da linguagem é fundamental. Mais do que simples auxiliar do
pensamento, é uma poderosa “ferramenta cultural”,
que modifica os rumos do desenvolvimento.
O processo de aquisição da leitura e da escrita depende da interação das crianças com os outros. É a
fase das dúvidas sobre os sons das letras e de como se
escrevem as palavras. No início, perguntam: “Como
se escreve amizade?”. Tempos depois, a pergunta
muda: “Amizade é com s ou com z?”.
Iniciamos o nosso trabalho com textos que já sabem de memória, como adivinhas, parlendas, cantigas e trava-línguas. O aluno recorre ao que já conhece para elaborar outras hipóteses e compartilhar
seu conhecimento com o grupo. Nesse processo de
ALUNOS DO 5 O ANO EM...
dúvidas e confirmações, trabalham em duplas e em
quartetos para discutir opiniões, confrontar hipóteses e encontrar respostas. Não há certo ou errado,
mas sim uma análise do caminho que, para eles, naquele momento, parece ter mais significado.
A cada dia, a cada escrita, a cada conquista, percebem o quanto já sabem. Tornam-se confiantes e
procuram avançar. O desafio aumenta a cada passo.
Criativos, divertidos, curiosos, fluentes, mostram o
que aprenderam sobre a linguagem. Aprendem o que
representa o uso social da escrita e a importância de
expressar-se oralmente com clareza. Percebem que
a leitura faz parte da vida e que ela é fundamental
nesse processo de sistematização da alfabetização.
A TERRA
PEDE SOCORRO
Esta beleza está
ameaçada, sabiam?...
Os cientistas se reuniram
em Paris, no mês de
fevereiro, e disseram que
até 2100 a temperatura do
planeta irá subir.
Dora Cristina Tanese e Lara Helena Pecora Polazzo,
professoras do 2o ano do Ensino Fundamental
Será que a gente
não pode fazer nada,
pessoal? Lembrem-se:
pequenos atos do diaa-dia, na escola e em
casa, podem fazer toda
a diferença para o nosso
meio ambiente.
O TEATRO NO COLÉGIO: VEÍCULO DE EXPRESSÃO
E
stamos iniciando mais um ano do curso de Teatro aqui no Colégio. Novos desafios, experiências sempre mais ricas a cada dia e frutos do trabalho de anos anteriores sendo colhidos. Desde as
antigas civilizações, a arte deu ao homem o direito
de pensar, sentir, refletir, amar, experimentar e criar;
A arte dá ao homem
o direito de não
abandonar seus
sonhos, seus desejos
e sua liberdade
de expressão.
8
a liberdade de ser, estar, escolher; de encontrar ou
reencontrar seu “eu interior”.
Ampliar o olhar do aluno sobre as possibilidade
de expressão na arte por meio de diferentes linguagem artísticas é um dos objetivos das aulas de Teatro
no Santa Maria. Levar o indivíduo a compreender
a linguagem cênica como veículo de expressão de
idéias e sentimentos, desenvolvendo sua sensibilidade, solidariedade e espírito crítico.
Aplicar e aperfeiçoar os elementos cênicos apreendidos durante sua trajetória escolar, sem perder de
vista o espírito lúdico, mágico e de fantasia que essas
aulas proporcionam. Instantes mágicos que desenham o espaço com o corpo, voz, cor, movimento,
sentimento e vida. Assim é o teatro!
Sergio Seixas, professor de Teatro
Ultimamente, temos falado
muito nas aulas, visto na tevê
e lido nos jornais sobre o
aquecimento global. Você sabe
o que é isso?
Nossa! Dêem uma olhada no
que irá acontecer no resto do
mundo: a neve dos Alpes deverá
desaparecer, os furacões serão
mais fortes no Caribe...
Discutir esse assunto todos
os dias, como temos feito
aqui na escola, já é um
começo. Reciclar o lixo,
plantar árvores, tudo isso
é importante!
E aqui no Brasil?
O que vai acontecer?...
Bem, a Floresta Amazônica
poderá se transformar em um
deserto antes do fim do século.
Alunos: Andreas Genesi e Silva, Fernanda Franceschi
Guedes, Vivian Barion Martins, Caio Santa Rita Emidio, Felipe Maziero Mourão e Leticia Harumi Yada
9
ASTRONOMIA
CRÔNICA SOBRE UM
CÉU PERSCRUTÁVEL
N
ove horas da noite de 27 de março de 2007.
Céu claro, sem nuvens, ofuscado apenas pelas luzes artificiais da cidade. Coordenadas
geográficas: latitude 23:32:51 sul, longitude 46:38:10
oeste. Montamos avidamente os telescópios, o que já
constitui uma aventura. Imaginar que uma aparente
simplicidade técnica guarda séculos de pesquisa sobre
ótica e que esses aparelhos ajustáveis à nossa fisiologia
ocular servem para amplificar a visão do homem. Servem para levar o pensamento para bem distante, para
além de sua curta existência, seu mínimo tamanho,
suas limitações de tempo e espaço.
A Lua surge a noroeste, crescente, oferecendose intensa à observação. Suas crateras bem nítidas
em contrastes de luz e sombra, suas cordilheiras de
montanhas, seus mares de lava vulcânica, de um
vulcanismo extinto que deixou marcas em toda a
sua superfície. Imaginar que vulcões não existem
apenas na Terra não é tarefa das menores: tem que
ver para crer. E esse astro tão próximo não está fixo.
Move-se e foge da mira do espelho de 90 mm do
nosso telescópio Cassegrain-Maksutov. Mas o que
realmente está se movendo? Copérnico, Kepler e
Galileu iluminam, nesta noite, as nossas dúvidas.
Logo acima da Lua um ponto luminoso, com
jeito de estrela, revela-se fantástico através do telescópio. A olho nu ninguém diria que esse astro está
10
cercado por anéis. Isto mesmo, é Saturno, a jóia do
sistema solar. Os anéis são verdadeiros, não habitam
apenas as imagens dos livros e revistas. Mas, Saturno
não está só. Nosso telescópio nos permite ver, além
dos magníficos anéis, Titã, o seu maior satélite, que
o acompanha no seu trajeto em torno do Sol.
Para além da Lua o céu não se entrega facilmente.
A vista precisa ser treinada e orientada. Os mapas
celestes e o planisfério nos guiam neste “mar de corpos celestes” que nos lembra que navegamos neste
planeta, “perdido”, pelo universo. Uma técnica cartográfica aplicada à abóbada celeste, um sistema de
coordenadas que mapeia o quase nada demonstra a
genialidade da humanidade, que, apesar de mesquinha, é grandiosa. O tamanho e o tempo são imensos
a ponto de não caberem em nossos instrumentos de
medida, porém, podem ser abarcados por nossa inventividade e imaginação.
Posicionamos nossos olhares para o sul, com a
ajuda da constelação do Cruzeiro do Sul. Com essa
primeira referência, identificamos prontamente as
constelações de Carina e Vela, daí encontramos Canopus com seu brilho intenso. Essas identificações
não são fáceis. A vista precisa de exercício e orientação. Sozinhos seríamos cegos. Regulus em Leão e
Spica em Virgem são localizadas. Como são bonitos
e misteriosos os nomes das estrelas, vêm de muito
longe, do antigo desejo da humanidade de compreender a infinitude do céu. Infelizmente, a constelação de Orion já não está visível, escondida atrás dos
bambus da quadra descoberta, próxima ao rio. Não
foi possível, portanto, ver sua nebulosa. Mesmo assim identificamos Canis Major e sua brilhante estrela Sírius, a mais brilhante do céu, e Canis Minor,
com sua estrela Procyon bem nítida.
Com a visão ampliada mais de cem vezes, descobrimos que Alpha Centaurus, a estrela mais próxima de
nós, situada a 4,2 anos-luz, não é apenas uma estrela,
mas um conjunto de três estrelas que giram uma em
torno da outra. Ao telescópio, vemos duas das três.
De volta ao Cruzeiro do Sul. Quantas maravilhas
da natureza se localizam entre essa constelação e o
“falso Cruzeiro do Sul” (duas estrelas da Constelação de Vela e duas da Constelação de Carina). Aglomerados de estrelas. O primeiro deles a “Caixinha
de Jóias” próxima à sua estrela beta. O Cruzeiro do
Sul é uma riqueza de didática celeste: além de indicar o sul na abóbada, possui estrelas binárias físicas,
de diferentes magnitudes e cores.
OBRA DIVINA
A oeste, a Constelação de Leão nasce “feroz”. E mais
feroz nasce a Constelação de Escorpião, exibindo
sua Gigante Vermelha, Antares. Junto a Escorpião
nasce exuberante Júpiter, com três de suas luas visíveis. No princípio, próximo ao horizonte, mostra-se
com uma cor débil. Com o passar das horas, movendo-se na eclíptica em direção ao zênite, aparece
detrás do planeta sua quarta lua. Provando que estas
realmente orbitam em torno desse planeta.
Poderíamos escrever um relatório técnico-científico. Mas não nesta primeira noite. Incendiamos-nos
de êxtase, ficamos perplexos. A hora passou, venceunos o cansaço da jornada diária. Porém, voltamos
para nossos lares para sonhar e nos sentir parte dessa
obra divina e maravilhosa que é o universo.
Queremos que os nossos alunos também se admirem. E que noites de observações como essa possam
aguçar a sede de conhecimento sobre o mundo e sobre si mesmos. Que se encharquem de curiosidade.
Que não olhem mais para o céu com a indiferença
da ignorância. Que aqueles telescópios comprados
há algum tempo, guardados, saiam de suas caixas e
e apontem novamente para o céu. E para finalizar,
quem disse que não se pode ver nada no céu noturno de São Paulo?
P.S.: agradecemos à direção do Colégio, à equipe
técnica e aos seguranças que possibilitaram a nossa
primeira observação astronômica neste ano.
Professores Bartolomeu Ferreira e Ednilson Oliveira
OLIMPÍADA BRASILEIRA DE ASTRONÁUTICA
Para estimular o interesse dos jovens pelas
diferentes áreas de ciências, alunos do Ensino
Fundamental e do Ensino Médio participaram
da 10a Olimpíada Brasileira de Astronomia
(OBA), representados pelo professor de Física
Ednilson Oliveira (Ensino Médio), em 4 de maio.
O Santa Maria investe e incentiva a
participação em eventos como a 10ª OBA,
que encorajam o gosto e o interesse pelo
conhecimento científico – mais um caminho
para que o estudante perceba a complexidade
e a beleza do Universo. No segundo semestre,
o Ensino Médio tem a disciplina curricular
Astrofísica, para o 3º ano.
11
COMPORTAMENTO
SUPLETIVO
EXEMPLOS DE DETERMINAÇÃO
ESTUDAR É PRECISO
A
escola, no nosso modelo de sociedade, se constitui como um ambiente de estudo, uma vez que é
reconhecida como instituição de ensino que prepara
os jovens para se tornarem adultos aptos a fazer escolhas conscientes no campo profissional, políticosocial ou existencial. É comum ouvirmos, por parte
dos jovens, justificativas sobre o porquê de estudar,
relacionadas à necessidade de cursar uma graduação
para ingressar no mercado de trabalho e, com isso,
ter a garantia de independência financeira. Em outros casos, são explicitadas motivações ligadas à necessidade de ampliar repertório e conhecimento.
O estudo, em qualquer contexto, significa buscar soluções viáveis para problemas estabelecidos.
Esses, por sua vez, são definidos culturalmente. O
que afeta um indivíduo ou um grupo está vinculado, ao mesmo tempo, à subjetividade e ao contexto social e cultural.
A identificação dos problemas mobiliza o uso da
inteligência para o desenvolvimento de saberes, vindos do processo de aprendizagem que se organiza.
Diante disso e da nossa condição de educadores,
podemos considerar a escola como possibilidade
para o exercício do aprender a aprender. É o espaço
para propostas e desafios que venham a mobilizar
atitudes de busca pelo conhecimento.
Torna-se, assim, espaço de libertação, já que
acessar mecanismos de aprendizagens e conteúdos
amplia significativamente a visão de si mesmo e do
mundo em que se vive.
Vem daí a convicção de que estudar é assumir
uma atitude séria e curiosa diante de problemas colocados, na procura de compreender as coisas e os
fatos que são observados, sendo necessárias dedicação e persistência.
E quem disse que é fácil? Mas quem, tendo vivido intensamente a experiência, há de negar o prazer
e a libertação que o estudo e a compreensão geram?
Cristina Forti, professora de Geografia do Ensino Médio
12
O QUE SIGNIFICA APRENDER A LER E A ESCREVER, NA VISÃO DE
TRÊS PEDREIROS QUE ESTUDAM NO SUPLETIVO SANTA MARIA
Professor João e a aluna Lia Spadini: chega o momento de colher os frutos.
CHEGOU A HORA!
E
stamos iniciando mais um ano aqui no Ensino
Médio. Novos desafios, experiências sempre ricas a cada dia e frutos do trabalho de anos anteriores
sendo colhidos. Vejam o que diz a aluna Lia Spadini
da Silva: “Acredito que a escola não possua apenas
o papel de ensinar conteúdos, e sim ensinar a aplicá-los ao contexto político-social que o aluno vive
fora da sala de aula. Eu vou à escola e aprendo, não
só pensando e planejando o meu futuro, mas, sim,
vivenciando o meu presente, aumentando o meu
conhecimento por meio dos conteúdos ensinados
em sala de aula.”
Alunos antigos voltando com nova garra, a qual
devemos, também, em muito, às famílias que os incentivam e os alertam para a seriedade que os curtíssimos três anos de Ensino Médio requerem. Alunos
novos chegando com as dúvidas e expectativas mais
variadas, mas com a postura de quem quer vencer
esse desafio que começa agora e termina quando as
faculdades dos seus sonhos forem conquistadas. Os
formandos se mobilizam para que o vestibular – no
fim do ano – seja feito com tranqüilidade e muita
competência. É! Chegou a hora, pessoal! Que o ano
de 2007 nos traga a força de que necessitamos para a
empreitada que se inicia e, no final, possamos comemorar muitas vitórias. Abraços e boa sorte a todos.
João Muzinatti, diretor do Ensino Médio
O
Curso de Alfabetização de Adultos do Colégio Santa Maria foi destaque numa das últimas edições do Jornal do Pedreiro, informativo bimestral da empresa Votorantim Cimentos,
dirigido aos profissionais do ramo da construção.
O redator, Fernando Gomes, publicou uma reportagem de página inteira com declarações do diretor
do Supletivo, professor Elias Esaú, e de três alunos
que exercem a profissão de pedreiro: Severino Barboza Neto, de 74 anos; Guilherme Dias de Almeida, 58 anos, e Rogério Cícero Rufino, de 34 anos.
Vale a pena ver o que eles disseram.
Severino, pernambucano de Bom Jardim, veio
para São Paulo há quase 50 anos e conta que fazia
os desenhos e as medições de uma obra, mas não
sabia escrever, e pedia à mulher que fizesse isso:
“Ela teve um derrame, não podia mais me ajudar,
e decidi que tinha de aprender por minha conta.
Já freqüento a escola faz quatro anos e gosto tanto
que só saio quando não me quiserem mais. Como
é bom ler um jornal, entrar no supermercado e saber as ofertas, tomar o ônibus sem perguntar para
os outros. Eu era como um cego e não sabia”.
Guilherme nasceu em Olindina, Bahia, veio para
São Paulo em 1969 e admite que não aproveitou
bem o seu tempo de moço: “Eu queria era me divertir, sem pensar no futuro. Nem número eu sabia.
Entrei na escola, mas saí por causa de uma namorada que arranjei. Depois fiquei sem namorada e sem
escola. Só voltei agora, porque um colega de serviço me animou. Estou no 3o ano e nunca mais paro
de estudar. Venho até no sábado. Minha vida ficou
mais fácil. Parece que penso mais rápido, sou um
profissional melhor. Se eu soubesse...”
Rogério, paulista de Guarulhos, diz que perdeu
boas oportunidades de trabalho porque não tinha
estudo: “Eu olhava uma planta e não entendia. Tinha vergonha que os outros soubessem que eu era
analfabeto. Estava meio inseguro quando me matriculei, tinha medo de enfrentar a situação. Ainda
bem que não recuei. Hoje estou no 2o ano. Leio
bem. Melhorei na profissão. E passei a entender e
gostar de política. Posso analisar o que é certo e o
que é errado”.
Da esquerda para
a direita, Severino,
Rogério e Guilherme:
nunca é tarde para
começar a descobrir
o mundo novo aberto
pela alfabetização.
13
ESPORTES
INFORMÁTICA
EXPERIÊNCIAS CORPORAIS,
PAIXÃO, LIÇÕES DE VIDA
D
ireita, esquerda, para a frente, para trás!
Quem passou pelo Laboratório de Informática durante as aulas do 3o ano do Ensino
Fundamental, no início de março, deve ter pensado que estava no meio de uma aula de street dance
ou, quem sabe, de um treinamento militar. Porém,
tratava-se de uma divertida aula com a linguagem
Logo, e com uma participação especial.
Era notável a expressão de surpresa no rosto dos
alunos. A tartaruga, que na 1a série de 2006 passeava pela tela do computador, transformou-se em um
simpático e inusitado robô desenvolvido na oficina
Futebol e frescobol
adaptado, nos Jogos
de Integração,
realizados em 31 de
março.
E
sporte: paixão desenfreada, sem limites, sem
fronteiras; faz parte do mundo dos ricos e
dos pobres; contagia multidões, gera negócios
milionários, anestesia cidadãos pelo mundo afora.
Evoluiu? Transformou-se? Perdeu a característica do
prazer, do lúdico, da diversão? Enfim, o esporte mudou. Será o que quisermos e o que fizermos dele.
Na Educação Física escolar, o esporte ajuda a introduzir o aluno no universo das atividades físicas,
a incorporar e a aprender habilidades, atitudes e
conhecimentos que o ajudam a dominar melhor os
valores e os padrões da cultura corporal.
A compreensão da experiência corporal e do movimento relacionado aos esportes é fundamental para a
Educação Física, pois oferece aos alunos uma diversidade de conteúdos e amplia a capacidade de movimento e de relacionamento com o mundo. É importante
que se formem significados próprios de movimento,
por meio de múltiplas vivências corporais.
A Educação Física no Colégio Santa Maria possibilita aos alunos autênticas experiências corporais,
14
UM CONVIDADO
MUITO ESPECIAL
tentando, por meio do movimento, resgatar a sensibilidade, a criatividade, a expressividade e a capacidade de comunicação. Prioriza e reforça os aspectos
positivos dos esportes, apontando para a necessidade de transformação, para se tornar um fator de humanização dos alunos.
Um esporte com caráter lúdico, que confraternize, sem ameaças, sem violência, em que o movimento e o prazer sejam fins em si mesmos. O esporte
que propomos fundamenta sua prática em valores
educativos para que o aluno aprenda a lidar com o
potencial do seu corpo, não como instrumento em
que prevaleçam as habilidades técnicas, mas que se
paute na reflexão e no diálogo. Deve ser um espaço
no qual o aluno possa vivenciar situações de companheirismo, cooperação, deliberação coletiva. Enfim,
um maneira de contribuir para a formação da criança e do jovem, como agentes de mudanças sociais.
Ednéa Daniel Carvalho e Athos Lucas de Souza Filho,
professores de Educação Física
ALUNOS VIBRAM
COM A POSSIBILIDADE
DE COMANDAR UM ROBÔ
PELO COMPUTADOR
de Mecatrônica (extracurricular), sutilmente disfarçado como uma tartaruga de pelúcia. “Como
ela anda?”, perguntavam as crianças, curiosas. “Eu
sei!”, respondeu Paulo Vitor, aluno do 3o A: “Ela
está ligada por fios ao computador. Quando você
aperta o botão ‘para a frente’ na tela, ela anda”.
A partir daí, o desafio era conduzir o robô-tartaruga por um labirinto, movimentando-o por todo
o Laboratório. “Para saber que decisão tomar, é
preciso colocar-se na posição da tartaruga”, ensina
a professora Beth aos alunos do 3o G. Beth nos
conta que os alunos chegaram radiantes no retorno à classe. Ficou um saboroso gostinho de “quero
mais” entre as crianças.
Para as professoras, além de ser um valioso instrumento na construção de conceitos
dentro da Geometria, o Logo
permite à criança dar asas à
criatividade, desenvolvendo
projetos livres, de composições gráficas, a partir de traços, giros e formas trabalhadas. Por trás de uma simples
tartaruga que passeia pela tela
e cria desenhos, existe toda uma
metodologia de ensino e uma filosofia educacional,
em que a criança aprende de forma prática, envolvente e divertida. Atividades como essa, envolvendo
diferentes tecnologias, aliadas a uma boa proposta
pedagógica, dinamizam nosso trabalho e despertam
maior interesse nos alunos, contribuindo para um
aprendizado mais agradável e eficaz.
Joyce Willis e Muriel Vieira Rubens, professores de Informática
O robô “fantasiado”
de tartaruga encantou
os alunos e as
alunas do 3o ano,
que apreenderam
conceitos de
Mecatrônica como se
estivessem brincando.
15
ENSINO MÉDIO
EXTRACURRICULARES
ESCOLHAS,
ANSIEDADES
E DESCOBERTAS
H
André atuando como monitor de um colega: parceria em que todos ganham.
APOIO PERMANENTE
H
á algum tempo o Ensino Médio vem desenvolvendo um projeto de monitoria, em que cada
professor da área de Ciências da Natureza e Matemática designa alunos para atuarem como monitores
de suas respectivas matérias. O objetivo é ampliar as
possibilidades de orientação aos alunos nas disciplinas de Física, Química, Matemática e Biologia. O
aluno-monitor assume parte da responsabilidade de
um professor, que orientará o colega quando este
requisitar ajuda. Mas sempre é bom lembrar: o monitor não substitui o professor.
Os benefícios existem para ambos os lados: para o
monitor, que fixa o conteúdo aprendido e tem uma
experiência da vida acadêmica, interagindo com
alunos com alguma dificuldade, e também para o
colega, que tem a oportunidade de rever o conteúdo
ensinado pelo professor. No fim do ano letivo, os
monitores recebem um certificado de participação
emitido pelo Colégio.
Considero que a experiência vivida em 2006 foi
positiva, fazendo com que eu voltasse a participar
do projeto no decorrer deste ano letivo.
André Oku, aluno da 3a série B do Ensino Médio,
monitor de Física e Matemática
16
á muitas palavras para descrever a sensação de
passar no vestibular e entrar na universidade.
Talvez as mais importantes sejam escolha, ansiedade
e descoberta.
Escolha porque não é fácil decidir se a melhor
opção é fazer cursinho, abandonando todas as atividades extracurriculares que o Santa Maria proporciona, ou prosseguir com estas e estudar por conta
própria. Fiquei com a segunda opção, que exigiu um
tanto de esforço, mas que se baseou principalmente
na confiança que tinha no conhecimento acumulado durante o Ensino Médio e no apoio que teria dos
meus professores.
Então surge a ansiedade, que, ao contrário do
que eu pensava, não está só no vestibular em si, nas
semanas que antecedem o exame e na espera do resultado. A ansiedade reaparece também mais tarde,
quando finalmente se consegue a vaga na faculdade
pública pela qual se batalhou o ano todo.
E agora? Como será ingressar em um mundo tão
diferente do ambiente do Colégio? É aí que começa
a descoberta. Porque a USP não é apenas um espaço
a ser conhecido e desvendado: é também um universo novo, com inúmeros textos, autores e idéias a
serem exploradas.
É uma nova etapa na
nossa vida, também repleta de escolhas, ansiedades e descobertas.
Marina Mazze Cerchiaro,
ex-aluna aprovada no
vestibular da faculdade de
Ciências Sociais da
Universidade de São Paulo
TALENTOS MUITO
GRATIFICANTES
A
cada ano os cursos extracurriculares do Colégio Santa Maria têm atendido um número
maior de alunos. Começaram timidamente,
como lembra a professora de Educação Física Nádia Barelli: “Em 1994, tínhamos no máximo 40
alunos, que escolhiam entre ginástica olímpica, a
denominação da época, e oficina de esportes”.
Novas opções foram gradativamente inseridas
devido ao aumento na procura. Hoje, os extracurriculares contam com quase 1.300 alunos, que
fizeram suas escolhas entre 28 cursos, e formam
aproximadamente 100 turmas, da Educação Infantil ao Ensino Médio.
Com tantas opções oferecidas às crianças e aos
jovens, percebemos o quanto temos contribuído
para que experimentem novas possibilidades e desenvolvam outras habilidades, conhecendo-se melhor e testando seus limites. Um dos fatores que
caracterizam a participação ativa e a motivação de
todos nesses cursos é a possibilidade de escolha de
acordo com necessidades ou desejos físicos, intelectuais ou artísticos.
Alguns jovens percebem que o extracurricular
faz parte de sua história no Colégio. Por exemplo,
Matheus Gihad Khaled, do 7o ano B, que atualmente participa das aulas de futsal, explica: “Faço
extracurricular desde que estava na 1a série. Aprendi fundamentos de futebol, basquete, vôlei e handebol, que nunca pensei que pudesse praticar. Isso
é uma coisa diferente aqui no Santa. Eu pude ir me
aprimorando com a oficina e, na 5a série, escolhi o
futsal, esporte de que gosto muito.”
Alguns procedimentos já fazem parte da rotina
do Colégio, como a apresentação dos cursos que
oferecemos no início do ano letivo para as famílias
interessadas, sempre com participação significativa.
Muitas das pessoas presentes aproveitam esse momento para conhecer a proposta dos professores,
tirar dúvidas ou arriscar a fazer alguns movimentos
na aula de ioga, entre várias opções.
O desempenho das crianças e dos jovens e o resultado do trabalho que os professores desenvolvem
poderão ser apreciados nos dois grandes eventos de
nosso departamento: o 9o Torneio Desportivo, de
22 a 26 de setembro, e a 10a Mostra de Arte, entre
24 de novembro e 1o de dezembro.
Nesses três anos em que acompanho o desempenho das crianças e dos jovens, fiquei gratificada
em descobrir bailarinas, atores, atrizes, esportistas,
músicos, judocas e capoeiristas tão empenhados,
esforçados e felizes com seu desempenho.
Adriana S. G. Tiziani, coordenadora dos cursos
extracurriculares do Santa Maria
Acima, treino de frescobol adaptado; no alto, Gabriel de Godoy Carmelo,
do 2o E, durante aula de capoeira.
17
INSERÇÃO SOCIAL
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
CONHECER PARA PRESERVAR
E
VILA JOANIZA PRESENTE
O
NO COTIDIANO DO 3 ANO
O
s alunos do 3o ano do Ensino Fundamental
iniciaram o projeto “Aprendendo com a melhor idade”, cujo principal objetivo é construir, em parceria com a família e a comunidade, o
conceito do envelhecimento com dignidade, respeito e preservação dos direitos fundamentais à vida.
Dentre as diversas atividades realizadas, merece
destaque a participação no projeto das mulheres
aposentadas da Vila Joaniza. A equipe de professores e funcionários visitou a comunidade São João,
a fim de produzir um vídeo para os alunos sobre a
A equipe do 3o ano
visitou a Vila Joaniza
(no alto) e conheceu
um grupo de senhoras
que levam a vida
com coragem e
determinação, como
dona Helena (ao lado).
18
importância da aposentadoria, e contou com os ensinamentos das senhoras Josefa, Judite, Ivani, Nair,
Helena e Jesuíta. Nas entrevistas concedidas, elas
apresentaram dados cruciais para o trabalho e relataram a dificuldade de viver com um salário mínimo e
o esforço necessário para sustentar a família que, em
muitos casos, ainda vive com elas.
As imagens e informações coletadas na comunidade estão sendo organizadas em DVD e serão mostradas aos alunos como objeto de conhecimento e
aprendizagem no decorrer das aulas. Depois, as aposentadas virão ao Colégio conversar com os alunos.
Todos terão a oportunidade de vivenciar uma experiência única, que educará não só as crianças, mas
também toda a equipe, que poderá vivenciar um momento significativo de partilha e sabedoria com essas
senhoras que nos ensinam, a cada contato, a importância de envelhecer com coragem e dignidade.
Ana Cláudia Florindo, professora do 3o ano EF
ducação ambiental, preservação da natureza,
tratamento do lixo e consumo responsável:
esses são os focos do trabalho do 4o ano em
2007. Esses temas deveriam aparecer com urgência
também na agenda de cada cidadã e cidadão do Brasil e do mundo, como resposta às espantosas mudanças que acontecem no planeta, que não suporta
o ritmo de exploração que o homem lhe impõe.
Existem muitas maneiras de participar dessa luta
ambiental. O início pode ser a transformação individual de hábitos – consumo excessivo de materiais,
desperdício etc. Com essa meta, convidamos os alunos a uma reflexão sobre o papel que cada um desempenha ou pode vir a desempenhar em relação ao
ambiente. As turmas do 4o ano tornaram-se parceiras
da Cooperativa da Capela do Socorro (Coopercaps)
na coleta seletiva de material reciclável, meio eficaz
de preservação ambiental. A cooperativa tem como
supervisor o senhor Joaquim Urias Sobrinho, que
no dia 9 de fevereiro esteve no Colégio conversando
com os alunos do 4o ano sobre a cooperativa.
Na primeira quinzena de março visitamos a cooperativa. Durante uma semana, os alunos estiveram
em contato com os cooperados e observaram o trabalho de seleção e armazenamento do material reciclável. Entrevistaram os cooperados e conheceram
detalhes da vida deles, recebendo, ao mesmo tempo,
um estímulo para realizar sistematicamente a coleta
seletiva em casa e na escola. Passaram a selecionar e
trazer material reciclável para o Colégio e, toda sexta-feira, o caminhão da cooperativa vem retirá-lo.
A responsabilidade pela preservação da natureza
é de todos. Se cada um fizer a sua parte, a Terra será
um lugar melhor.
Mônica de Castro Capella Bardi e Vanini Andolfato Mesquita,
professoras do 4o ano do Ensino Fundamental
ENXERGANDO O LIXO DE OUTRO JEITO
“Nós, do 4o ano, estamos fazendo o
projeto com a Coopercaps para melhorar
o meio ambiente. No dia 9 de fevereiro,
o senhor Joaquim veio nos visitar e falou
sobre o funcionamento da Coopercaps e
os problemas que o lixo causa. Quando
visitamos a cooperativa, ele nos contou
muito mais sobre a Coopercaps, e pude
observar que quase todo o material
reciclável é retirado da natureza, e aí eu
vi a importância da reciclagem. Vi quantas
coisas podemos fazer com material
reciclável e quantas pessoas sobrevivem
do lixo. Agora sei como a reciclagem é
importante.”
Depois da visita dos
alunos do 4o ano à
Coopercaps (acima),
já se percebem
mudanças de hábitos
e atitudes quanto
ao meio ambiente,
à solidariedade e à
cidadania.
Gabriel Takeshi Medeiros Yamasaki, 4o ano A
“Esse projeto me ajudou a perceber que o
mundo corre perigo.”
Eduardo Stein Taniguti, 4o ano A
“Minha família sempre separa o lixo.
Agora estamos ajudando as minhas irmãs
a entender para também participarem.”
Júlia Domingues Candelária, 4o ano A
19
O QUE EU AMO NO SANTA
“Do que eu mais gosto no Santa é ter um bosque para pesquisar o nascimento e o crescimento das plantas,
junto com meus amigos e minha amigas.” Paulo Henrique Ingegneri de Almeida, 1o ano
“O que eu amo no Santa são os amigos que conquistei e a paz que encontrei.” Ananda Koja, 8o ano F (à esquerda)
“Estudo no Santa há oito anos, desde o Pré. Em cada canto tem um pouco da minha história, no campão, no teatro, na capela, no
Tronco da Amizade e na 6a D, que foi a melhor classe até hoje. Amo muito tudo isso.” Giullia Marino, 8o F (acima, à direita)
“A Biblioteca é o nosso lugar preferido. Adoramos ler, porque é gostoso e desperta a nossa imaginação. Parece que nós
fazemos parte das histórias! Estamos encantados com tantos livros.” Henrique Mesquita, 3o ano do Ensino Fundamental”
INSTITUTO DAS IRMÃS DA SANTA CRUZ
COLÉGIO SANTA MARIA
AV. SARGENTO GERALDO SANTANA, 890/901
JARDIM MARAJOARA – 04674-225 – SÃO PAULO – SP
(11) 5687-4122, RAMAL 114 – WWW.COLSANTAMARIA.COM.BR
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