INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Medida de Grandezas Eléctricas As grandezas eléctricas normalmente medidas são: Tensão Corrente Potência eléctrica Energia eléctrica Os valores destas grandezas podem ser obtidas por diferentes formas, recorrendo-se normalmente a aparelhos específicos: Voltímetros, amperímetros, wattímetros e contadores de energia 1 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Medida de Grandezas Eléctricas Existem aparelhos em que algumas destas funcionalidades de medida, eventualmente, acrescidas de outras podem coexistir, como é o caso dos multímetros digitais Tensão e corrente – procura-se medir o valor eficaz, o valor médio ou mesmo o valor instantâneo X ef = x 2 ( ) X med = med 1 xdt ∫ TT 2 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Medida de Grandezas Eléctricas A potência eléctrica instantânea é o produto da tensão e da corrente eléctricas p (t ) = u (t ) i (t ) A potência activa é o valor médio da potência instantânea P = ( p )med = ( ui )med Se a tensão e a corrente forem alternadas sinusoidais com a mesma frequência P = Uef Ief cos φ Em que φ é a desfasagem entre a tensão e a corrente 3 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Medida de Grandezas Eléctricas A energia eléctrica é o valor acumulado da potência eléctrica, o integral ao longo do tempo da potência activa w= t2 ∫ pdt t1 Os contadores de energia clássicos, contadores de indução, são constituídos por um disco que roda a uma velocidade proporcional à potência instantânea A integração é feita por métodos mecânicos, por contagem do número de voltas. A tendência actual é de utilizar contadores de energia electrónicos, com a grandes vantagens de representação digital, armazenamento e transmissão a distância 4 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias A impedância é um parâmetro importante necessário para caracterizar os circuitos eléctricos e electrónicos, os seus componentes ou mesmo os materiais que os constituem Uma impedância Z é definida genericamente como a oposição que um dispositivo ou circuito oferece à passagem de uma corrente eléctrica a uma dada frequência 5 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias Uma impedância pode ser simbolizada por uma quantidade complexa, com uma representação vectorial Soma de uma parte real (resistência R) Eixo imaginário e uma parte imaginária (reactância X) Z = R + jX = Z ∠θ 6 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias A reactância pode tomar 2 formas Indutiva (XL) X L = 2πfL = ωL Indutância FrequênciaFrequência angular Capacitância Capacitiva (XC) X C = 1 / 2πfC = 1 / ωC 7 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias Eixo imaginário Z = R + jX = Z ∠θ Parte real ⎧ ⎪R = Z cos θ Parte ⎨ X = Z sen θ ⎪ imaginária⎩ ⎧ Z = R2 + X 2 ⎪ ⎨ −1 ⎛ X ⎞ tan θ = Argumento ⎪ ⎜R⎟ ⎝ ⎠ ⎩ Módulo 8 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias Em alguns casos é mais simples representá-la pelo seu inverso – a admitância Representação em série Representação em dos termos real e paralelo dos termos real e imaginário imaginário Z = R + jX = Z ∠θ Y = 1 = G + jB Z G jB 9 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias Para determinar uma impedância é preciso medir, pelo menos, dois valores Nenhum componente de circuito é puramente resistivo ou reactivo! O mundo real tem impedâncias indesejadas, ditas parasitas O resultado – todos os componentes têm parasitas Indutâncias nas resistências (o fio forma espiras) Resistências nas capacidades (perdas no dieléctrico) Capacidades nas bobinas (capacidades entre espiras) São combinações de impedâncias! 10 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias O valor verdadeiro de uma impedância é o valor dos seus componentes excluindo os efeitos dos parasitas Em muitos casos, o seu valor teórico pode ser estabelecido C = K ε0 A d 11 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias O valor efectivo de uma impedância considera os efeitos dos parasitas Quer o valor da própria impedância, quer os dos parasitas dependem da frequência!!! 12 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias Valores medidos para o módulo e argumento de um condensador, de 1 MHz a 15 MHz 13 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias Medida do valor da impedância de um condensador de 4 nF, num intervalo de 100 kHz a 200 MHz 14 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias O valor medido por um instrumento ou por um método de medida reflecte imprecisões e erros. Estes erros variam de instrumento para instrumento e dependem de várias considerações Componente real Instrumento Ou Método de medida (Erro) Terminais de ligação e adaptação 15 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias Os valores medidos podem depender de diversos factores: Amplitude do sinal de teste Frequência do sinal de teste Correntes e/ou tensões de polarização Condições ambientais (temperatura, humidade, pressão) Idade do componente 16 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Métodos de medida Muitos métodos de medida de impedâncias, cada um com vantagens e desvantagens Considerar os requisitos e condições e escolher o método mais apropriado. Por exemplo: – Gama de frequências – Alcance da medida – Exactidão – Complexidade do método 17 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Métodos de medida Alguns exemplos de métodos de medida de impedâncias: Ponte de medida Circuito ressonante Voltímetro e Amperímetro Voltímetro, Amperímetro e Wattímetro Osciloscópio Analisador de rede RLC meter Placa de aquisição 18 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Pontes de medida A impedância conhecida é determinada com 1 base x no conhecimento de outras 3, quando a corrente no detector for nula Vantagens – Elevada precisão (0,1%) 2 3 – Baixo custo – Gama elevada de frequências (DC a 300 MHz) Desvantagens – Ajuste manual Z1Z3 Zx = Z2 – Cada ponte funciona numa gama restrita de frequências Aplicações laboratoriais 19 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Analisador de redes É medido o coeficiente de reflexão pela relação entre o sinal incidente e o sinal reflectido Osc Sinal reflectido Acoplador direccional Sinal incidente ZX O acoplador direccional é usado para detectar o sinal reflectido e o analisador de redes fornece e mede ambos os sinais Como o método usa a reflexão na impedância desconhecida é aplicado em altas frequências (>100 kHz) 20 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Medidor de RLC A base é um amplificador sendo a impedância desconhecida colocada, em geral, na entrada O ponto L é forçado à “massa virtual” A corrente na carga é a mesma em RR A impedância é determinada, pela relação entre as tensões aos seus terminais e aos de RR 21 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Medidor de RLC O conversor corrente / tensão gera o sinal de teste aplicado à impedância desconhecida A frequência é variável entre 40 Hz a ~100 MHz Amplitude 5 mV a 1 V A corrente na resistência RR é regulada para garantir que o terminal L está ao potencial zero No sector de medida da relação vectorial de tensão são comparadas as tensões aos terminais da impedância desconhecida e da resistência de referência RR Z x = RR VZx VRR 22 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Medidor de RLC Vantagens Gama alargada de frequência (40 Hz a ~100 MHz) Elevada precisão numa gama elevada de impedâncias Facilidade de operação 23 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Impedâncias Quando se mede uma impedância existem diversas configurações possíveis: 2 terminais 3 terminais 4 terminais 5 terminais 24 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Ligação de 2 terminais A ligação de 2 terminais é a mais simples mas encerra vários erros. Quando se estabelecem as ligações estão a ser inseridos no circuito capacidades, resistências e indutâncias As medidas, sem compensação, estão limitadas de 100 Ω a 10 kΩ 25 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Ligação de 3 terminais Na ligação de 3 terminais são usados cabos coaxiais para reduzir o efeito das capacidades parasitas Os condutores exteriores (malha) dos cabos coaxiais são ligados a um terminal de guarda As medidas, sem compensação, estão limitadas de 100 Ω a 10kΩ 26 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Ligação de 4 terminais A ligação de 4 terminais reduz os efeitos das impedâncias dos fios de ligação porque o percurso da corrente e da tensão são independentes As medidas melhoram mesmo para impedâncias inferiores a 1 Ω As impedâncias do circuito de corrente apenas limitam o seu valor V As impedâncias no circuito de tensão X podem ser desprezáveis se a corrente no circuito de medida for desprezável A Métodos de zero, grande impedância de V Aplicação em medidas desde mΩ a 10 kΩ 27 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Ligação de 5 terminais A ligação de 5 terminais é uma combinação das configurações de 3 e de 4 terminais Os 4 condutores de ligação são cabos coaxiais Todos as malhas dos cabos coaxiais estão ligadas ao terminal de guarda Com esta configuração conseguem-se medir até ao MΩ 28 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Voltímetro – Amperímetro A FG Z • Ideal quando: ZV Z V I A IZ IV • Só mede: Z 29 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Dois voltímetros V2 V1 = Z ZR V2 Z = ZR V1 • Com osciloscópio já se mede fase, mas é complicado... 30 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Sistema de Aquisição ADC CH1+ ZR Z = ZR CH1– FG ADC CH2 ADC CH1 CH2+ Z CH2– • Como medir a fase de ADCCHX? • Como medir a amplitude de ADCCHX? 31 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Método Numérico • Se os N pontos adquiridos (tn,yn) fossem de uma recta, aplicar-se-ia uma regressão linear: y n = mtn + b • Qual o valor de m? E de b? y n = mtn + b + ε n y = M x + ε ( N ×1) ( N ×2) (2×1) ( N ×1) M = ⎡⎣ t 1⎤⎦ ⎡ m⎤ x=⎢ ⎥ ⎣b⎦ 32 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Método Numérico • Vector de erros: ε = y − Mx • Erro quadrático: ε ε = ( y − Mx ) T T ( y − Mx ) • Minimizando o erro quadrático médio, obtém-se a estimativa de x ( ∂ εT ε ∂x ( T ) =0 x= MM ) −1 MT y 33 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Método Numérico • Genericamente: y = M x + ε ( N ×M ) ( M ×1) ( N ×1) ( N ×1) y vector com N valores experimentais x vector dos M valores a estimar M matriz que relaciona linearmente os valores experimentais com o modelo dos valores a estimar (N M) ( T x= MM ) −1 MT y 34 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 Sine-fitting [Adaptação de sinusóides] • Para a medida de impedâncias, os sinais são sinusoidais y = D cos (2πft + ϕ ) + C y = A cos (2πft ) + B sin (2πft ) + C • Sabendo f, os parâmetros a estimar são: x = ⎡⎣ A B C ⎤⎦ e: T ⎡ cos (2πft1 ) sin (2πft1 ) 1⎤ ⎢ ⎥ M=⎢ # # #⎥ ⎢⎣cos (2πftN ) sin (2πftN ) 1⎥⎦ 35 INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO Universidade Técnica de Lisboa INSTRUMENTAÇÃO E AQUISIÇÃO DE SINAIS 1º Semestre 2007/2008 0.6 0.6 0.4 0.5 0.2 0.4 Amplitude [V] Amplitude [V] Sine-fitting 0 -0.2 0.3 0.2 0.1 -0.4 0 -0.6 0 5 10 Time [ms] 15 20 0 1 2 3 4 5 Time [ms] • Com o sine-fitting é possível medir com muita exactidão e precisão a fase e amplitude • É portanto, ideal para medir impedâncias 36