sermões www.esperanca.com.br em busca de esperança 1 Produção Executiva: Erton Köhler, Marlon Lopes e Edward Heidinger Autor dos sermões: Pr. Israel Cavalli Coordenação: Luís Gonçalves Diagramação e Capa: Antonio Abreu Imagens: Shutterstock tema 1 pecadores anônimos INTRODUÇÃO Aquela era uma noite tensa. Os dedos das mãos estavam em constante movimento. Os pés inquietos chacoalhavam de um lado para outro. As mãos suavam. O calor incomodava. Pela primeira vez o jovem estava participando daquela reunião. A princípio procurou parecer imparcial. Mas não demorou muito para que seu semblante fosse carregado de preocupação! Os relatos ouvidos mexeram profundamente com ele. Histórias reais e dramáticas que contavam a trajetória de pessoas que perderam tudo – emprego, dinheiro, família e a dignidade. O grande vilão da história: o alcoolismo. Alguns anos antes daquela reunião, ele havia perdido o pai em um acidente de trânsito. O motorista do carro que atropelou seu pai estava embriagado. Não deu tempo de fazer nada, apenas lamentar a perda incalculável. Agora, formado em jornalismo, o jovem escrevia sua primeira matéria para o jornal da cidade sobre a comunidade de homens e mulheres que compartilhavam entre si suas experiências, forças e esperanças, com o propósito de resolver seu problema comum e ao mesmo tempo ajudar outros a se recuperarem do alcoolismo. A Bíblia diz que todos nós temos um problema muito mais grave do que qualquer vício conhecido. Esse problema se chama pecado. Mais perigoso e letal que qualquer substância química; um mal terrível que tem causado dor e destruição há milhares de anos. Mas gostaria de afirmar que esse problema, por mais grave que seja, pode ser superado e vencido. E, hoje, você irá descobrir o segredo para conquistar a vitória sobre esse terrível vício, que se não for tratado corretamente pode acarretar prejuízos eternos. DESENVOLVIMENTO I. Quem precisa de ajuda? Como sabemos, o primeiro passo para vencer qualquer vício é admiti-lo, afinal, não há como buscar uma solução para um problema sem antes admitir sua existência. Então, vamos começar! Quem aqui admite ser pecador? Como assim? É isso mesmo! Quem aqui é pecador e poderia levantar sua mão bem alto? Não precisa ter vergonha! Levante a mão quem admite ter pecado pelo menos uma vez na vida? Apenas um pecado em toda a sua vida em busca de esperança 3 já é o suficiente. Vejo muitas mãos levantadas! Tem gente que levantou as duas! Podem abaixar as mãos. Gostaria de dizer que se você não levantou a mão, você acabou de pecar, isto mesmo, acabou de pecar! Se você não levantou a mão acabou de mentir e até onde sei, isso também é pecado! A Bíblia é clara em dizer que todos pecaram e carecem da glória de Deus (Rm 3:32). E antes que você argumente “é verdade que eu já pequei, mas sou uma pessoa boa”, alguns versos antes a Bíblia menciona que não há nenhuma pessoa justa, nenhuma sequer (Rm 3:10). Portanto, todos nós que estamos aqui reunimos hoje somos pecadores, alguns mais, outros menos! Mas há um detalhe importante. Qual a consequência final de nossos pecados? A morte! (Rm 6:23). A Bíblia não diz que a consequência final do pecado é ficar de castigo por um tempo. Não diz que é pagar uma multa. Não é ir preso. Não é prestar algumas horas de serviço comunitário. A Bíblia diz que o resultado do pecado é a morte! Portanto, estamos todos destinados a morrer! Mas a segunda parte do verso coloca um contraponto. Se por um lado o “salário do pecado é a morte”, por outro, se quisermos, podemos receber de Deus um presente maravilhoso: “mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23). Deus não oferece esse presente maravilhoso que chamamos de salvação porque somos bons, mas sim porque Ele é bom! No livro de Romanos 5:8, lemos o seguinte: “Mas Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores”. Deus não falou, “vou esperar os pecadores mudarem de vida sozinhos para poder amá-los”, pelo contrário, porque Ele nos ama incondicionalmente nos dá condições de mudar de vida. O grande problema é que tem gente que está doente, mas pensa “vou melhorar sozinho, antes de ir ao médico”. Mas esquece de que em primeiro lugar, a doença do pecado é impossível de ser curada quando estamos sozinhos. E em segundo lugar, ainda que fosse possível tratar desse problema terrível sem ajuda, não precisaríamos ir ao médico. Em resumo, não precisaríamos de Deus. Isso não faz o menor sentido! Da mesma forma que não se trata um câncer com aspirina, não podemos tratar o pecado como se fosse uma coisa simples, cotidiana e sem importância. Não podemos tratar uma doença grave e mortal como se fosse um resfriado qualquer. O pecado é a doença mais grave e terrível que a humanidade já enfrentou e que ainda hoje tem destruído milhões de vidas. E o primeiro passo é entender que esse vício mortal precisa ser combatido, caso contrário, mais que perder a saúde, dinheiro ou família, poderemos perder a vida eterna! II. Doze passos Os alcoólicos anônimos desenvolveram doze passos que são utilizados por aqueles 4 em busca de esperança que desejam parar de beber. Esses passos devem ser seguidos durante todo o processo de recuperação. Aliás, o processo de recuperação dura a vida toda. Por mais que uma pessoa já esteja sem beber há décadas, ela ainda continuará a se apresentar como um alcoólico em recuperação, pois sabe que qualquer distração de seu propósito de permanecer sóbrio pode fazer com que todos os seus esforços caiam por terra. Da mesma forma, o processo de luta contra o pecado é diário. Dura a vida toda, até a volta de Jesus. Quando Cristo voltar, finalmente seremos completamente transformados. Mas enquanto isso não acontece, precisamos seguir os doze passos espirituais dos pecadores anônimos. Vamos verificar que passos são esses? 1. Admitimos que sozinhos éramos impotentes perante o poder do pecado, e por esta razão estávamos condenados à morte eterna (Rm 3:32). É impossível resolvermos o problema do pecado sozinhos. Assim como um homem é incapaz de mudar a cor de sua pele (Jr 13:23), é impossível para um pecador vencer o pecado sem o poder de Deus. Sozinhos somos impotentes contra o poder do pecado. 2. Viemos a acreditar no único Deus verdadeiro, Pai, Filho e Espírito Santo, conforme revelado na Bíblia, reconhecendo-O como criador, mantenedor e redentor (1Pe 1:2). A Bíblia nos apresenta quem Deus é. Um Deus pessoal, amoroso e verdadeiro que, através do sacrifício de Jesus e da atuação do Espírito Santo, quer transformar a nossa vida por completo. 3. Compreendemos que o sacrifício substitutivo de Cristo Jesus em nosso lugar é a única maneira possível de alcançarmos perdão e vida eterna (Rm 6:23; Jo 3:16). Como Deus nos ama e não quer que venhamos a morrer eternamente, Ele enviou seu filho, Jesus Cristo que, voluntariamente, Se ofereceu para morrer em nosso lugar. Assim, Deus demonstrou Seu amor e Sua justiça! 4. Fizemos minucioso e destemido exame moral de nós mesmos, reconhecendo nossa indignidade e impossibilidade de mudar sozinhos (1Jo 1:8). Cada um de nós tem uma história diferente e fraquezas diferentes. O problema do viciado, seja qual for o vício, é que ele tem dificuldade de admitir que tem um problema. Ele afirma “eu paro quando quiser”. O problema é que ele nunca quer parar. E pior ainda, quando deseja parar, não consegue! 5. Admitimos perante Deus, perante nós mesmos e perante outras pessoas a gravidade e natureza exata de nossos pecados (1Jo 1:10). Todos temos pecados e precisamos reconhecer isso. Tem gente que diz: “A vida é minha eu faço o que eu quiser”. Em primeiro lugar, a vida não é sua, é de Deus, pois Ele é o autor da vida e dono de tudo que existe. Em segundo lugar, é preciso ter em mente que o pecado afeta negativamente nosso relacionamento com Deus, nossa visão e conceito acerca de nós mesmos, em busca de esperança 5 e a maneira como agimos para com as outras pessoas. E essa mudança é sempre de forma negativa. 6. Prontificamo-nos inteiramente a deixar que Deus removesse todos esses defeitos de caráter através da atuação constante de Seu Santo Espírito em nosso ser (1Jo 1:9). Como resultado de nossa confissão, Deus nos perdoa todos os pecados. Todos, sem exceção. O único pecado que não tem perdão é aquele que não é confessado. 7. Humildemente rogamos a Ele que nos livrasse de nossa culpa e condenação (Rm 8:1; 2Co 5:17). Deus então tira de nós a culpa e a condenação do pecado e nos oferece uma nova vida. 8. Fizemos uma relação de todas as pessoas a quem tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados (1Jo 4:21). O processo de cura do pecado envolve uma restauração do nosso relacionamento com Deus e com o nosso próximo. Nosso amor a Deus precisa ser evidenciado através do amor ao próximo. 9. Fizemos reparações diretas dos danos causados a tais pessoas, sempre que possível, salvo quando fazê-las significasse prejudicá-las ou a outrem (Lc 19:8). O verdadeiro arrependimento será demonstrado de forma concreta através de atos, e não apenas palavras. 10. Continuamos a fazer uma entrega diária, completa e incondicional de nossa vida a Deus, reconhecendo nossa necessidade de renovação diária e santificação constante (Lc 9:23). A cada dia precisamos entregar a Deus nossas decisões e vontades. 11. Procuramos, através da oração e da leitura da Bíblia, melhorar nosso contato consciente com Deus, rogando o conhecimento de Sua vontade em relação a nós e forças para realizar essa vontade (Rm 12:2). A oração é a maneira como nós falamos com Deus. A leitura da Bíblia é como Deus fala conosco. Através desse diálogo, constante e diário, vamos nos tornando cada vez mais próximos de Deus. Ao abrirmos nosso coração a Deus, como a um amigo, Ele nos ensina e aconselha através de Sua Palavra. Quanto mais contato tivermos com Deus, menos iremos nos conformar com este mundo. 12. Tendo experimentado uma transformação radical em nossa vida, procuramos viver e transmitir esta mensagem de amor e salvação através de nossa vida e testemunho (Mt 28:19-20). Não importa se você está vindo pela primeira vez a esta igreja ou se você já a frequenta há anos. Deus tem um desafio para você: contar para seus amigos e familiares que você encontrou algo maravilhoso que eles também precisam conhecer. Se você descobrisse a cura para o câncer, você guardaria para si mesmo ou iria contar para todo mundo? Saiba que hoje você descobriu a cura para o pecado, e você precisa compartilhar isso com outras pessoas. 6 em busca de esperança CONCLUSÃO Um estudante do curso de veterinária, voltando para casa após um dia de aula, encontrou um cachorro no meio do caminho. Ele estava com sarna, magro, quase esquelético e, para piorar, havia sido atropelado por um carro e estava com a pata quebrada. Apesar de saber que não poderia salvar todos os animais de rua que existem, alguns em situações semelhantes ou até piores, resolveu fazer a diferença na vida daquele pobre cachorro. Levou-o para casa. Imobilizou e tratou a pata quebrada. Passou remédio em seu corpo. Deu as vacinas necessárias e para completar uma alimentação balanceada. Pouco tempo depois aquele cachorro parecia outro. Um dia ao voltar para casa, após a faculdade, descobriu que o cachorro havia desaparecido. Com raiva, pensou: “Que cachorro miserável! Ingrato! Sem vergonha! Tratei de suas doenças e feridas, e tão logo ficou bom, foi embora”. O estudante ficou bem chateado com a situação, mas foi estudar para uma prova que teria no dia seguinte. Algumas horas se passaram e ele ouviu alguns latidos. Quando foi verificar viu que era o cão fugitivo! Mas ele não estava sozinho. Voltou acompanhado de outro cachorro, magrelo, doente e com a patinha machucada. Ele encontrou algo bom e queria compartilhar com seu amigo que tinha as mesmas necessidades. Mesmo um cachorro irracional, às vezes, parece ser menos egoísta do que alguns de nós. Nesta semana, iremos estudar mensagens de salvação e esperança através da história de personagens pouco conhecidos da Bíblia e sob uma ótica pouco explorada, e o desafio que eu lhe proponho é: não guarde isto apenas para si mesmo. Convide seus amigos! Esteja conosco todos os dias e com certeza você não irá se arrepender! APELO Com toda certeza Jesus está aqui hoje, Ele falou ao seu coração. Este é o momento de dar permissão para que Deus faça uma linda obra em sua vida. Sinta Jesus falando agora, eu posso ver o Espírito Santo se movendo aqui neste lugar. Eu já tomei a minha decisão, quero entregar minha vida a Ele, quero viver uma vida nova. Tenho certeza que você também quer, não é mesmo? Então, se você realmente quer dar este passo de fé, levante-se agora, coloque-se em pé na presença deste Deus maravilhoso. Agora quero pedir a um amigo dessa pessoa que se levante ao lado dela e coloque a mão no seu ombro. Muito bem, meus parabéns, agora meu irmão e minha irmã, traga o seu amigo aqui à frente, pois desejo orar com vocês e por vocês. em busca de esperança 7 8 em busca de esperança tema 2 “the walking”and “the dead” INTRODUÇÃO Se você pudesse remover qualquer trecho da Bíblia, qual parte você tiraria? Qual o trecho da Bíblia que você menos aprecia? Que parte você acha que seria desnecessária? Qual seria o trecho da Bíblia que, se removido, provavelmente não faria falta nenhuma? Confesso que se essa pergunta fosse feita a mim, alguns anos atrás, minha resposta instantânea seria com certeza: “Genealogias”. Que listas intermináveis de nomes estranhos e incomuns! Você não precisa se esforçar muito para entender e até concordar com a minha escolha. As genealogias, num primeiro olhar, é algo totalmente desnecessário e desinteressante, e se fossem tiradas da Bíblia, provavelmente ninguém sentiria falta delas. Nunca vi alguém dizer que seu verso preferido da Bíblia é uma genealogia. E digo mais, se em algum momento eu encontrasse alguém que afirmasse algo do tipo, não precisaria muito tempo para chegar à conclusão de que essa pessoa tem problemas sérios. Na Bíblia, logo nos primeiros capítulos, encontramos essas narrativas, às vezes mais curtas, às vezes mais longas, mas que apenas ao serem mencionadas já são capazes de levar alguém a um sono profundo, criar desinteresse completo pelo assunto ou, no mínimo, gerar indiferença total. Sejamos sinceros, esse tipo de relato não é nada atrativo ou agradável, mas, hoje, gostaria de convidá-lo a descobrir algumas lições extraordinárias sobre esse assunto. O termo genealogia vem do hebraico toledoth e significa descendência ou geração. Ok, essa informação não ajudou em nada para tornar o assunto mais interessante ou atrativo, mas, se você prestar atenção naquilo que vou dizer a seguir e vencer a tentação de mexer no celular, tirar um cochilo, ou fazer qualquer outra coisa nos próximos minutos que não seja prestar atenção, posso garantir que seu pensamento sobre as genealogias irá mudar. Aceita o desafio? DESENVOLVIMENTO I. Origens Gostaria de chamar sua atenção para as duas primeiras genealogias apresentadas na Bíblia. Vamos analisar a genealogia de Adão, através da linhagem de Caim, e a genealogia em busca de esperança 9 de Adão, através da linhagem de Sete. É importante notar que as duas primeiras genealogias da Bíblia possuem algo em comum, que também é notado em outras genealogias. Elas parecem seguir um modelo; elas possuem uma mesma estrutura que é uma referência a uma pessoa, número de anos que ela viveu até o nascimento de seu primeiro filho, nome do filho, número de anos que viveu depois do nascimento do primogênito e, por fim, a idade da pessoa por ocasião de sua morte. Leia comigo os seguintes textos de Gênesis: 4:1, 2; 17-24 e 5:1-32. Existem pelo menos três informações importantes sobre essas genealogias: • As duas genealogias têm uma mesma origem: ADÃO. • As duas genealogias possuem nomes repetidos: ENOQUE e LAMEQUE. • As duas genealogias chamam a atenção para uma geração específica. Já fizemos a leitura do relato bíblico, mas agora gostaria de chamar sua atenção para um detalhe adicional: quando ambas as genealogias chegam à sétima geração, acontece algo diferente. A sequência: nome da pessoa, anos vividos, filhos que teve, anos que viveu após o primeiro filho e idade da pessoa quando morreu, é interrompida. Você reparou nisso? Vamos contar juntos? (realizar a contagem junto com a igreja utilizando os dedos da mão). Genealogia de Adão, na linhagem de Caim: (1) Adão é o primeiro; (2) Adão gerou Caim; (3) Caim gerou Enoque; (4) Enoque gerou Irade; (5) Irade gerou Meujael; (6) Meujael gerou Metusael; (7) Metusael gerou Lameque; e do nada, há uma pausa na sétima geração para dar alguns detalhes específicos sobre a pessoa. Genealogia de Adão, na linhagem de Sete: (1) Adão é o primeiro; (2) Adão gerou Sete; (3) Sete gerou Enos; (4) Enos gerou Cainã; (5) Cainã gerou Maalael; (6) Maalael gerou Jarede; (7) Jarede gerou Enoque, e novamente há uma pausa na sétima geração para dar alguns detalhes. II. Contrastes A Bíblia nos informa que umas das primeiras atitudes de Caim ao se retirar da presença do Senhor foi edificar uma cidade (4:17). O que a princípio parece uma atitude simples, de autoproteção, em realidade revela ser uma atitude de contínua rebelião e desconfiança. Como sentença por ter assassinado seu irmão Abel, Deus disse que Caim seria “fugitivo errante pela terra” (4:12). Ao construir uma cidade Caim desafia o juízo divino de que ele deveria ser um errante sem paradeiro e mostra a sua falta de fé na proteção fornecida pela marca que Deus lhe havia colocado (4:15). Na sétima geração dos descendentes de Caim, a rebelião e o pecado atingem um novo patamar. Lameque, seguindo o exemplo de rebelião de seu tataravô Caim, resolve ir contra a vontade de Deus. Ignorando conscientemente a base monogâmica estabelecida por 10 em busca de esperança Deus para o casamento, ele toma para si duas esposas: ADA e ZILÁ e é com essas mulheres que ele vai ter seus três filhos: Jabal, Jubal e Tubalcaim. Lameque não se contentou apenas em ser o primeiro polígamo da história da humanidade, ele também se tornou um grande assassino. Como se isto não fosse suficiente, ele escreveu uma canção na qual se gabava de sua maldade. Ele cantava “matei um homem porque ele me feriu; e um rapaz porque me pisou” (4:23). Se você observar em sua Bíblia, vai perceber que a formatação do texto dos versos 23 e 24 é diferente do restante do capítulo, indicando que se trata de uma poesia hebraica, uma música que ele costumava cantarolar. Lameque parece estar no auge da maldade e da rebelião aberta contra Deus. Esse mesmo sentimento de rebelião parece ser compartilhado por sua descendência. Ao invés de viverem como nômades que estavam neste mundo apenas de passagem, eles se preocupavam apenas com o presente, com o aqui e o com o agora. A Bíblia nos relata que eles rapidamente fizeram avanços tecnológicos. A impressão que temos é que na mesma proporção que cresciam suas habilidades, crescia também a maldade e o pecado. Os filhos de Lameque foram pessoas que se destacaram em sua época. A Bíblia afirma que Jabal foi o pai dos que habitam em tendas e possuem gado (4:20). Se fosse em nossos dias, possivelmente seria considerado o Ministro da Habitação e da Agricultura. Jubal era o pai dos que tocam harpas e flautas (4:21) e possivelmente uma ótima indicação para o Ministério do Lazer e Cultura. E, por fim, Tubalcaim era artífice de todo instrumento cortante, de bronze e de ferro (4:22), sendo um nome perfeito para assumir o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Os descendentes de Lameque buscavam coisas que ainda hoje continuam a ser a grande prioridade em nossos dias: moradia, conforto, lazer, entretenimento, cultura, inovação, avanços tecnológicos e segurança. Todos esses itens são necessários e desejáveis. Não há nada de errado com eles. Não são ruins em si mesmos. O problema é a motivação que nos leva a buscá-los. Para os descendentes de Caim, essa busca nada mais era do que uma tentativa de alcançar independência completa de Deus. Enquanto vemos pecado e rebelião na descendência de Caim, na genealogia de Sete, vemos obediência e adoração. Sobre a linhagem de Sete é dito “daí se começou a invocar o nome do Senhor” (4:26). Os descendentes de Sete viviam uma vida pastoral e simples, como nômades. Estavam no mundo, mas não pertenciam a ele e nem desejam nele permanecer, por isso não estabeleceram residência fixa. Eram peregrinos, viviam como estrangeiros em terra estranha. E novamente a sétima geração é enfatizada, mas desta vez de forma positiva (5:22). Pela primeira vez o ciclo de nascimento, reprodução e morte é rompido. Surge na história um homem chamado Enoque, e acerca dele é dito “andou Enoque com Deus”. Este foi o primeiro sobre quem não é dito ter morrido, “porque Deus o tomou para si”. Hebreus 11:5, em busca de esperança 11 falando acerca de Enoque afirma: “Foi pela fé que Enoque escapou da morte. Ele foi levado para Deus, e ninguém o encontrou porque Deus mesmo o havia levado. As Escrituras Sagradas dizem que antes disso ele já havia agradado a Deus” (NTLH). III. Destinos Nos últimos dias da história deste mundo, o mesmo contraste visto nas duas primeiras genealogias da história da humanidade se repete. Há dois tipos de pessoas: os desobedientes e os obedientes, os que se rebelam contra a vontade de Deus e os que a aceitam, os que vivem para este mundo e os que vivem como estrangeiros, com saudade de sua pátria celestial. Os que escolhem andar sozinhos por seus próprios caminhos e os que escolhem andar com Deus, os que vão cair no esquecimento ainda que tenham feito grandes descobertas e conquistas incríveis e os que terão seus nomes gravados pela eternidade, por atos simples, mas importantes, como o hábito de andar com Deus. Enquanto Lameque andava por aí cantado sobre sua maldade, Enoque andava com Deus apreciando Sua bondade. A caminhada de Enoque era diária e constante. A Bíblia diz que Enoque viveu 65 anos e teve um filho chamado Matusalém, e depois disso ainda viveu mais 300 anos antes de Deus o levar para o Céu sem ter que experimentar a morte. Você já se deu conta disto? Enoque viveu 365 anos com Deus, e a amizade deles era tão grande que Deus o tomou para Si. Se Enoque viveu 365 anos com Deus, isto significa que é possível vivermos 365 dias com Ele a cada ano. Andar com Deus não significa que não teremos dificuldades. Andar com Deus não significa que não teremos problemas. Andar com Deus não fará de você uma pessoa rica ou milionária. Andar com Deus não o tornará imune a doenças. Andar com Deus não evitará todo e qualquer tipo de sofrimento. Mas andar com Deus é o que vai definir onde você passará a eternidade, por isso esta decisão é tão importante. Na verdade, esta é a decisão mais importante de sua vida. Talvez, simplesmente afirmar que Enoque escolheu andar com Deus e por isso está vivo pela eternidade e Lameque escolheu seguir seus próprios caminhos e por isso está morto, seja uma informação incompleta e simplória demais, sabe por quê? A Bíblia menciona pelos menos outra pessoa que andou com Deus. Aliás, ela não apenas afirma que esta pessoa andou com Deus, mas ao falar de sua vida, ela diz que este homem era justo e íntegro (Gn 6:9). Este personagem é Noé, e apesar de ter entrado para a galeria dos heróis da fé, em Hebreus 11, ele não foi diretamente para o Céu sem passar pela morte, como foi no caso de Enoque. A grande verdade é que nem sempre os resultados de nossa caminhada serão imediatos. Talvez este seja o motivo porque podemos ver ao nosso redor pessoas que estão mortas espiritualmente, que ignoram conscientemente a necessidade de se relacionar com 12 em busca de esperança Deus e se rebelam contra Sua vontade, e que, apesar disto, ainda convivem conosco, mas que poderiam ser considerados mortos vivos. E por outro lado, há pessoas que apesar de estarem temporariamente mortas, quando Cristo voltar irão viver eternamente, porque enquanto estavam vivas escolheram andar com Deus e fazer Sua vontade. Em Amós 3:3 encontramos uma pergunta importante: “Andarão dois juntos, se não houver entre eles acordo?” Para andar com Deus precisamos estar em acordo com Sua vontade. É necessário que haja uma entrega completa de nossa vida. O próprio Jesus afirmou em Lucas 9:23: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me”. Há um preço que precisa ser pago. Mas uma coisa eu posso garantir, essa caminhada vale cada segundo. E a certeza que temos ao caminhar com Deus é que ainda que em algum momento cheguemos a tropeçar, e talvez cheguemos a cair, o nosso Deus estará sempre pronto a nos reerguer e nos guiar. CONCLUSÃO Se vamos passar a eternidade no céu e ter nosso nome lembrado para todo o sempre, ou se vamos morrer sem esperança e cair no completo esquecimento, isso depende de nossa decisão hoje. É por isso que andar com Deus é a escolha mais importante da vida. Toda grande caminhada começa com um simples passo e você pode escolher dar esse primeiro passo hoje. Agora. Neste momento. Você quer andar com Deus? Quer caminhar com Ele e permitir que Ele dirija sua vida, suas escolhas, suas prioridades, seus planos? Uma caminhada sem fim com Deus (the walking) ou a morte eterna (the dead), a escolha é sua! APELO Talvez você esteja pensando: os argumentos que acabei de ouvir não me convencem! Então, convido você nesse momento a falar com Seu melhor Amigo: “Senhor, sinto-me vazio, sinto que falta algo em minha vida. Quero crer e não consigo. Faça um milagre. Dá-me a capacidade de acreditar, porque preciso encontrar a saída para a minha vida e sozinho estou perdido, necessito de Ti”. Ele ouvirá seu clamor e responderá. Tenha certeza disso! em busca de esperança 13 14 em busca de esperança tema 3 celebridade #sqn INTRODUÇÃO O que um caso de injúria racial, uma suposta ameaça de bomba e assassinatos aleatórios em um shopping tem em comum? Preconceito? Ódio racial? Rivalidade? Falta de amor? Não! A busca pela fama! Todos estes casos foram protagonizados por jovens que queriam ter seus quinze minutos de fama na internet e televisão. Ser famoso se tornou uma obsessão para alguns jovens que vivem em uma era em que através da internet é possível sair do completo anonimato e se tornar uma celebridade da noite para o dia. O que é irônico em todas as situações anteriormente mencionadas é que ninguém lembra o nome das pessoas que as realizaram. Ao invés de celebridades instantâneas, continuaram no anonimato. Ao invés de serem admirados, foram alvo de desprezo por suas atitudes reprováveis. O que você seria capaz de fazer para ter o seu nome conhecido em todo o mundo? O que é necessário para se tornar famoso e ter seu nome lembrado ao longo da história? Você pode até negar o desejo pelo reconhecimento e pela fama, mas o que você já foi capaz de fazer para impressionar alguém? Para receber reconhecimento no trabalho ou na faculdade? Para ganhar a admiração de uma pessoa por quem você era apaixonado? Para ser aceito pelos seus amigos? A Bíblia narra a história de uma pessoa que, apesar de ser conhecida em seu tempo, logo se tornou um ilustre desconhecido. Hoje vamos falar um pouco sobre Ninrode. Quantos aqui já ouviram falar sobre esse personagem? Talvez alguns já tenham ouvido esse nome, mas quantos sabem de fato quem foi Ninrode e o que ele fez? Por mais que alguns aqui possam conhecer esse personagem bíblico, provavelmente são poucos os que o admiram. Para a maioria das pessoas o seu nome não significa absolutamente nada. E mesmo para os que sabem quem ele foi, sua fama está longe de ser comparada com a de outros personagens famosos da Bíblia como Noé, Elias, Davi, Daniel, Maria, José, Pedro, etc. DESENVOLVIMENTO I. Um famoso desconhecido O nome de Ninrode aparece pelo menos quatro vezes em toda a Bíblia (Gn 10:8; Gn em busca de esperança 15 10:9; 1Cr 1:10; Mq 5:6). O nome Ninrode surge pela primeira vez na genealogia de Noé, famoso por ter construído um grande barco. Ninrode era bisneto de Noé, neto de Cam, e filho de Cuxe. A Bíblia relata o seguinte “Cuxe gerou a Ninrode, o qual começou a ser poderoso na terra. Foi valente caçador diante do SENHOR; daí dizer-se: Como Ninrode, poderoso caçador diante do SENHOR. O princípio do seu reino foi Babel, Ereque, Acade e Calné, na terra de Sinar. Daquela terra saiu ele para a Assíria e edificou Nínive, Reobote-Ir e Calá” (Gn 10:8-10). Existem algumas características que valem destacar sobre esse enigmático personagem: • O nome Ninrode, tem origem hebraica e significa “Rebelião” ou “Nos rebelaremos”. • É o primeiro personagem a quem a Bíblia se refere como sendo alguém poderoso na terra; seu poder teve um grande alcance geográfico, sua força parece ser tanto de ordem física quanto política. • Ninrode é identificado como valente caçador; comentaristas rabínicos argumentam que ele oprimia os fracos na sua busca pelo poder (Leibowitz, Studies in Bereshit (Genesis), 91-98). Há quem diga que a expressão “valente caçador” deva ser traduzida como caçador de homens ou “escravista” (Leupold on the Old Testament, v. I, p. 366). Seja como for, ele era um hábil caçador e reconhecido construtor, tendo edificado diversas cidades, conforme o relato bíblico. • A expressão valente caçador “diante do Senhor”, apesar de ser de difícil interpretação, parece ter uma conotação negativa, onde “diante do Senhor”, ao invés de descrever a aprovação de Deus, parece sugerir uma atitude de rebeldia, “contra o Senhor”. • As cidades construídas por Ninrode deram origem às duas grandes nações que mais tarde oprimiriam e atacariam o povo de Deus. Ao longo da narrativa bíblica, podemos notar que os assírios e babilônios se tornaram os grandes responsáveis pela destruição de Israel e Judá, séculos mais tarde. • Mas o que me chama a atenção é que a Bíblia menciona que o princípio de seu reino foi “Babel... na terra de Sinar”, conforme descrito em Gênesis 10:10. Entre todas as demais cidades construídas na Mesopotâmia, essa região se destaca por uma grande construção ali realizada, que parece ecoar o mesmo tipo de rebelião que Ninrode levava em seu nome. Sobre que famosa construção estamos falando? Sim, exatamente! A Torre de Babel. II. Rebeldes sem causa É justamente na terra de Sinar, território sob o governo de Ninrode, que umas das histórias mais conhecidas da Bíblia toma lugar. Leiamos juntos Gênesis 11:1-10 para descobrimos como tudo aconteceu. Se você acha que a busca pela fama é algo recente, se você 16 em busca de esperança pensa que o desejo de se tornar uma celebridade é algo novo, ou ainda, se você imagina que a vontade de ter seu nome conhecido por todos é algo inédito e singular, acompanhe esta história. (Ler Gênesis 11:1-10, preferencialmente em uma tradução moderna, como a NTLH.) Apesar do autor de Gênesis mencionar em Gênesis 10:31 que os descendentes de Noé estavam divididos “segundo as suas famílias, segundo as suas línguas, em suas terras, em suas nações”, é somente em Gênesis 11 que a divisão das línguas vai acontecer de fato. Na história da Torre de Babel é apresentada a origem e explicação detalhada dessa variedade de línguas apontada no capítulo anterior. O registro não está em ordem cronológica, por isso a ordem está invertida. Nós já lemos o que a Bíblia diz. Que tal extrairmos algumas lições práticas do ocorrido para nossa vida? Gostaria de compartilhar com vocês, pelo menos, sete lições interessantes que podemos extrair desta história. Vamos lá: O povo, ao invés de se espalhar como Deus ordenou que deveriam fazer após o dilúvio, obedeceu apenas a uma parte da ordem que Deus havia dado. Que ordem era esta? Gênesis 9:1 nos responde a esta pergunta. “Tenham muitos filhos, e que os seus descendentes se espalhem por toda a terra” (NTLH). Você percebe o que aconteceu? Eles obedeceram apenas ao que lhes interessava, ignorando conscientemente aquilo que não queriam. Primeira lição: “obediência parcial não é obediência alguma” (Ler Tiago 2:10.) Não podemos obedecer apenas ao que queremos ou ao que nos agrada. A obediência precisa ser completa. Será que em nossa vida existe algum ponto onde está havendo apenas uma “obediência” parcial? Mas sabe como é: “uma coisa leva à outra”, e já que não haviam se espalhado como Deus havia dito, porque não construir uma cidade? Eles tiveram uma ideia: “Vamos fazer!”, “Vamos construir”, “Vamos edificar”. Todo jovem tem vontade de fazer, de construir e de realizar coisas grandiosas, mas o fato é que, ao longo de nossa vida podemos construir ou realizar coisas que nos aproximam de Deus ou que nos afastam dEle e de Sua vontade. Segunda lição: “tão importante quanto construir, é o que se constrói!” O que você tem construído através de suas decisões? O que tem prevalecido, os seus sonhos ou os sonhos de Deus? A sua vontade ou a vontade dELe? (Ler Salmo 127:1.) “Que chegue até o céu”. Os babilônios construíam templos em forma de torres, chamados zigurates. Por meio deles queriam subir até o céu. É comum ouvir pessoas dizerem “o céu é o limite!” Sabe, jovem, essa frase não é nova! Lúcifer já dizia há muito tempo: “Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono” (Is 14:13). O detalhe é que a única maneira de chegarmos ao céu não é destronando Deus, mas entronizando Jesus Cristo em nosso coração! Terceira lição: A única maneira de chegarmos ao céu é através do que Cristo fez, e não através de qualquer coisa grandiosa que possamos fazer. “Assim ficaremos famosos”. Outras traduções dizem “tornemos célebre o nosso nome” em busca de esperança 17 (ARA). Os construtores da Torre de Babel tiveram seus sonhos e planos completamente frustrados. É curioso notar que nem a construção da Torre nem a divulgação do nome de seus construtores foram alcançadas. A Bíblia afirma em Lucas 18:14 que “quem se exalta será humilhado, e quem se humilha [diante de Deus] será exaltado”. Quarta lição: a humildade é pré-requisito para a exaltação, pois a humildade precede à honra (Pv 15:33). “Então o SENHOR desceu”. Você reparou como esta frase é curiosa? O que há de tão irônico neste trecho? O plano dos construtores era que sua torre chegasse ao céu, mas, por mais que tivessem se esforçado, curiosamente para poder vê-lo, Deus precisa descer. Você consegue imaginar Deus dizendo “vou dar uma descidinha ali porque ouvi boatos que os homens estão se rebelando e fazendo uma ‘grandiosa’ construção, mas daqui de cima não consigo ver nada”. Quando a Bíblia descreve que Deus precisou descer, e descer bastante, para enxergar alguma coisa, ela está dizendo que Deus em sua grandeza é incomparável. Quinta lição: Deus sempre está acima de nós! Seus propósitos e caminhos são sempre superiores aos nossos (Is 55:6-9). Quando Deus desce, Ele o faz com um propósito “o SENHOR desceu para ver a cidade e a torre que aquela gente estava construindo”. Nada passa despercebido diante de Deus; não Lhe era necessário descer para ver o que os homens estavam fazendo. De Seu trono Ele poderia visualizar. Esse trecho descreve um juízo onde Deus julga as decisões e ações daquela gente e em seguida pronuncia uma sentença. Na Bíblia vemos que após examinar os propósitos (intenções) e realizações (ações) daquele povo, Deus Se pronuncia. Sexta lição: No tempo em que Deus achar oportuno, Ele há de julgar todas as coisas, grandes e pequenas, boas e más, nada passará despercebido diante dEle (Ec 12:13-14). E a história termina dizendo que, através da confusão das línguas, Deus interrompe os planos humanos e cumpre os Seus propósitos. “Assim o Senhor os espalhou” (11:8). Após o dilúvio Deus tinha dado ordens claras sobre o que o homem deveria fazer: se espalhar. Mas o homem, em uma atitude de rebeldia sem causa, resolveu desobedecer a Deus. A sétima lição é que, no final das contas, a vontade de Deus sempre irá prevalecer, pois Seus propósitos não podem ser frustrados ou impedidos (Jó 42:2). Ninrode e seus amigos buscavam estabelecer e ampliar seu domínio e poder que era pequeno e limitado. Por outro lado, é interessante notar o que a Bíblia afirma sobre o poder de Deus. Salmos 66:7 diz: “Ele, em seu poder, governa eternamente; os seus olhos vigiam as nações; não se exaltem os rebeldes” (Sl 66:7). III. Ironias da vida O mais irônico de tudo é que enquanto vemos no capítulo 11, pessoas se esforçando para serem reconhecidas e famosas e que caíram no esquecimento, no capítulo 12 conhecemos a história de uma pessoa que se tornou ilustre e famosa, mesmo sem ter essa 18 em busca de esperança pretensão. Ele se tornou conhecido não por quem era ou pelo que fez, mas principalmente por aquilo que Deus fez por ele e através dele. Apesar de sua história ser longa, gostaria de chamar atenção apenas para os três primeiros versos (Gn 12:1-3). O resumo é o seguinte: Ele deveria sair de sua terra (sair da zona de conforto), abandonar as influências negativas e tradições equivocadas de sua família e seguir o caminho que Deus lhe mostrasse. Como resultado ele seria próspero (teria muitos descendentes, que era algo impossível já que sua esposa era estéril), seu nome seria conhecido, ele seria abençoado, e através dele outras pessoas seriam abençoadas. Abrão, que mais tarde ficou conhecido como Abraão, é conhecido e respeitado ainda hoje por judeus, islâmicos e cristãos. Seu nome não caiu no esquecimento porque através de sua descendência surgiu Jesus Cristo! Quer ser famoso e ter seu nome gravado pela eternidade? A fórmula é simples: Jesus afirmou “aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10:31). Confessar é mais que pronunciar, é se comprometer, é se entregar por completo. Para Abraão esse comprometimento e entrega envolvia decisões difíceis. Para nós, isso pode significar a necessidade de sair da zona de conforto. Talvez para alguns, será necessário ter que deixar um emprego estável, mas que torna impossível uma completa obediência a Deus. Para outros, talvez seja preciso abandonar as influências e tradições familiares que são contrárias ao ensino da Bíblia e, talvez ainda, para alguns, seja essencial romper com alguns relacionamentos e hábitos que os afastam de Deus. CONCLUSÃO O fato é que cada decisão tem o poder de nos afastar ou de nos aproximar de Deus. Abraão não escolheu construir torres ou cidades. Ele preferiu edificar altares (Gn 12:7; 12:8; 22:9). Por onde passava ele confessava sua fé em Deus através de seu testemunho. Ao aceitar a Jesus, somos abençoados e, através de nosso testemunho público, abençoamos a vida de outras pessoas. Ao confessar Jesus em nossa vida, temos a certeza de que jamais cairemos no esquecimento. Ao sermos salvos, seremos lembrados pela eternidade! APELO Você não pode fugir de Deus. Ele vai alcançá-lo e transformá-lo. Esse poder transformador da Bíblia é para mim o maior argumento de sua origem divina. Meu amigo, este livro, mais do que a Palavra de Deus, é a declaração do Seu amor pelo ser humano. Neste momento, embora não possa vê-Lo, Ele está perto de você, conhece a história da sua vida. Sabe se você, neste momento está sofrendo, ferido, ou atormentado pelo complexo de culpa. Conhece os seus problemas familiares, financeiros, existenciais ou de saúde. Sabe se você tem medo do futuro, da morte ou se você se sente sozinho nesta vida. em busca de esperança 19 Há momentos nos quais você não sabe para onde ir? Há momentos nos quais você se sente tão indefeso, tão amarrado, tão impotente, tão incapaz, tão triste que não sabe o que fazer? Há momentos em que você se deita na cama angustiado e não sabe o que fazer? Você acha que Deus é indiferente a tudo isso? Acha que Deus o criou e o deixou perdido no espaço? Não, Deus se interessa por você. Às vezes somos nós que não queremos ouvir a Sua voz. Corremos como loucos por esta vida. Experimentamos de tudo, até as coisas que sabemos que vão nos fazer mal e trarão dor à nossa vida. O ser humano tem um fascínio pelo desconhecido. Se alguém nos diz que não devemos fazer, aí é que queremos fazer. É próprio de nossa natureza. E você acha que Deus é indiferente a tudo que acontece conosco? Não, meu amigo. Ele quer falar com você. O problema é que o único meio que Ele tem para Se comunicar com você é a Bíblia. É através deste livro que Ele quer chegar ao seu coração. É por isso que você tem que ler este livro. Não pode crer? Então peça a Deus: “Senhor, ajuda-me a crer!” 20 em busca de esperança tema 4 coadjuvante ou um mero figurante INTRODUÇÃO Você tem irmãos? Sim? Não? Que tal descobrir quem aqui entre nós tem mais irmãos? Levante a mão quem tem um irmão? Quem tem dois? Quem tem três? Quantos aqui têm cinco irmãos? Que legal! Uma vez conheci uma família onde havia onze irmãos! Um time de futebol completo! Por acaso alguém aqui hoje tem onze irmãos ou mais? Deixe-me fazer outra pergunta: aqueles que não têm irmãos, se pudessem, gostariam de ter um? Ter irmãos é algo muito bacana. É verdade que às vezes saem algumas brigas. O mesmo braço que abraça de vez em quando é usado para tentar esganar o irmão. O abraço vira uma chave de braço. De vez em quando rola uns ciúmes também; “ah, minha mãe prefere ele(a) a mim!”. Tem irmãos que se ajudam! Tem irmãos que só atrapalham um ao outro. O fato é que a gente sempre aprende com nossos irmãos, seja pelo exemplo, seja pelo contraste. A Bíblia conta a história de dois irmãos que viviam entre tapas e beijos! Como em quase todas as famílias, ora estavam bem, ora estavam brigando e quase sempre estavam disputando. Tudo começou muito cedo, no nascimento deles. Eles eram gêmeos. Nasceram agarradinhos. Um segurando no calcanhar do outro. Mas apesar de gêmeos eram muito diferentes. Enquanto um nasceu peludo, o outro nasceu pelado! Sobre quem estamos falando? Exatamente: Jacó e Esaú! Protagonista e coadjuvante! Apesar de ser o mais velho, Esaú sempre ficou em segundo plano. É verdade que era o primogênito e queridinho do papai, mas por causa de suas escolhas deixou de ser o protagonista para ser um mero figurante! Vamos ler Gênesis 25:24-34: “Chegou o tempo de Rebeca dar à luz, e ela teve dois meninos. O que nasceu primeiro era vermelho e peludo como um casaco de pele; por isso lhe deram o nome de Esaú. O segundo nasceu agarrando o calcanhar de Esaú com uma das mãos, e por isso lhe deram o nome de Jacó. Isaque tinha sessenta anos quando Rebeca teve os gêmeos. Os meninos cresceram. Esaú gostava de viver no campo e se tornou um bom caçador. Jacó, pelo contrário, era um homem sossegado, que gostava de ficar em casa. Isaque amava mais Esaú porque gostava de comer da carne dos animais que ele caçava. Rebeca, por sua vez, preferia Jacó. Um dia, quando Jacó estava cozinhando um ensopado, Esaú chegou do campo, muito cansado, e foi dizendo: — Estou morrendo de fome. Por favor, me deixe comer dessa coisa vermelha aí! Jacó respondeu: em busca de esperança 21 — Sim, eu deixo; mas só se você passar para mim os seus direitos de filho mais velho. Esaú disse: — Está bem. Eu estou quase morrendo; que valor têm para mim esses direitos de filho mais velho?— Então jure primeiro — disse Jacó. Esaú fez um juramento e assim passou a Jacó os seus direitos de filho mais velho. Aí Jacó lhe deu pão e o ensopado. Quando Esaú acabou de comer e de beber, levantou-se e foi embora. Foi assim que ele desprezou os seus direitos de filho mais velho”. Não sei se você já fez alguma negociação ou troca em sua vida na qual saiu no prejuízo. Já vi gente que trocou um fusca por uma bicicleta, uma televisão por uma geladeira, um notebook por um skate. Aliás, tem algumas negociações que de tão estranhas, nem dá para saber de quem foi o prejuízo. Às vezes a gente ganha, e às vezes a gente perde. Mas no caso desses dois irmãos, Esaú definitivamente saiu perdendo, pois trocou parte de sua herança por um prato de Miojo, na Bíblia diz lentilha, mas você entendeu a ideia. Esaú trocou os benefícios duradouros de seu direito de primogenitura pelo prazer imediato de um fast food. Esta escolha fez com que ele deixasse de ser o protagonista para se tornar um mero coadjuvante. Até então o foco da história estava nele. Ele era o cara de destaque. Na região de Canaã ele era bem conhecido, um rapaz de presença. Arqueiro habilidoso, excelente caçador, personalidade forte. Tinha tudo para ser a estrela do filme, mas abriu mão de tudo por um benefício passageiro. Acho curioso que na Bíblia aparece 18 vezes a expressão “Abraão, Isaque e Jacó”, mas o nome que era para constar ali era o de ESAÚ! Ao filho mais velho cabiam os direitos de primogenitura, o irmão mais velho era consagrado (Ex 13:2), tinha direito ao dobro da herança (Dt 21:17), recebia a autoridade do pai e exercia supremacia sobre os irmãos (Gn 27:29, 40; 49:8). E no caso de Esaú, que era neto de Abraão, de brinde ainda ia o privilégio de ser da linhagem do Messias. Era para ser Abraão, Isaque e Esaú, mas... DESENVOLVIMENTO I. Decisões inconsequentes têm consequências A história de Esaú nos mostra que erros e pecados, por vezes, têm consequências duradouras. Mesmo o arrependimento e o perdão não eliminam as tais consequências. Já parou para pensar que às vezes você pode tomar decisões com base no que você quer agora, ao invés de pensar no que você precisa ao longo do caminho? Ao decidir, avalie os efeitos de longo alcance de suas escolhas e ações. Quando vemos algo que queremos, nosso primeiro impulso é fazer de tudo para conseguir. No começo, quando alcançamos o que queríamos, nos sentimos intensamente satisfeitos e às vezes até mesmo poderosos. Mas o prazer imediato muitas vezes perde de vista o futuro. Somos desafiados a evitar o erro de Esaú. Ele exagerou sua fome: “Estou 22 em busca de esperança prestes a morrer”, para justificar a sua falta de interesse nas questões espirituais, afinal, mais que benefícios financeiros, a primogenitura tinha que ver com bênçãos espirituais. Esse pensamento imediatista fez com que a sua escolha fosse muito mais fácil de ser tomada. Se ele estava morrendo de fome, de que o benefício de uma herança ou o direito da primogenitura futura adiantariam? A pressão do momento distorceu sua visão e a capacidade de julgamento. Mas é muito fácil apontar os erros dos outros sem parar para pensar que muitas vezes estamos cometendo o mesmo erro, para não dizer erros piores! Imagino que aquele prato preparado por Jacó estava bem saboroso, cheiroso, com a aparência bonita, mas conheço jovens que têm trocado os benefícios da salvação por alguns pratos que nem de longe se classificariam no Master Chef ou seriam escolhidos como prato do dia. II. Miojo espiritual O macarrão instantâneo é um alimento prático e gostoso. Mais conhecido como Miojo, é o tipo de refeição que parece tudo de bom: o preparo é rápido e simples, leva apenas três minutos para ficar pronto depois que a água ferveu, o preço é razoavelmente barato, por isso é o prato mais comum entre estudantes e solteiros, o sabor é delicioso, e com alguns acréscimos de ingredientes você pode transformar seu prato em um Miojo gourmet! Talvez por isso ele tenha sido eleito como a invenção do século 20 no Japão. E ao que parece, ele é querido não apenas no Oriente. No mundo inteiro são consumidas aproximadamente 95 bilhões de unidades a cada ano. É muita coisa! O grande problema é: como convencer uma geração que busca resultados instantâneos a aguardar por algo melhor? Como lidar com a geração Miojo que não sabe esperar? Vivemos em uma época onde tudo precisa ser rápido, o resultado tem que ser imediato, a solução instantânea, afinal de contas, tempo é dinheiro. Chegamos a um ponto que mesmo o fast food parece ser demorado. Já viu pessoas na fila do McDonald’s incomodados com a demora? O tempo para uma pipoca de microondas ficar pronta parece uma eternidade para alguns. E os três minutos de preparo do Miojo, aparentam ser intermináveis para outros. O grande problema é que a pressa nem sempre permite as melhores decisões. Agora, você sabe que toda escolha tem um preço a ser pago. Em algumas decisões o preço é cobrado à vista, em outras a prazo. No caso do Miojo, não é preciso pesquisar muito para descobrir que ele é um alimento com altos teores de gorduras saturadas e carga glicêmica, o que pode aumentar o risco de alterações metabólicas ligadas a doenças cardíacas e acidente vascular cerebral, entre outros problemas de saúde. Não quer dizer que você vai morrer se comer Miojo. Nunca fui a um velório, “tão jovem, e morreu por comer Miojo!”. Mas o fato é que apesar de prática, a escolha sob uma visão mais ampla não é a melhor, nem a mais saudável! em busca de esperança 23 E assim também é com a vida espiritual. Cuidado com soluções rápidas e baratas que se encontram por aí, que não alimentam de verdade. Não fornecem os nutrientes e força necessária, e ainda destroem a saúde espiritual. Faça escolhas que sejam boas a curto e longo prazo. Nem sempre o sabor será o mais agradável ou o preparo o mais simples. Mas com certeza o resultado será o melhor! III. Benefícios a curto e longo prazo Esaú desprezou sua primogenitura porque não tinha paciência para esperar os benefícios que a mesma lhe traria. Hoje em dia, muitos jovens desprezam a salvação afirmando “não quero ser feliz no Céu quando Jesus voltar, quero ser feliz hoje! Quero ser feliz agora!” Deixe-me dizer uma coisa. A Bíblia não promete apenas benefícios no futuro. A Bíblia nos apresenta resultados favoráveis no presente também. Mas quem não é capaz de entender isso, acaba trocando sua primogenitura por um prato de lentilhas, por um prato de Miojo, por um prato de qualquer coisa, que pode trazer satisfação passageira, mas que na verdade não atende às nossas verdadeiras e mais importantes necessidades! Mas quais são os benefícios da salvação? 1. Recebemos perdão de nossos pecados. “Então, por meio da fé em Mim, eles serão perdoados dos seus pecados e passarão a ser parte do povo escolhido de Deus” (At 26:18; ver também 1Jo 1:9). 2. Somos libertos da condenação eterna. Se por um lado, “o salário do pecado é a morte” (Rm 6:23), aqueles que aceitam Jesus não precisam se preocupar com isso: “Agora já não existe nenhuma condenação para as pessoas que estão unidas com Cristo Jesus” (Rm 8:1). 3. Passamos a ter paz com Deus. “Agora que fomos aceitos por Deus pela nossa fé nele, temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo” (Rm 5:1). 4. Recebemos o amor de Deus. “Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu” (Rm 5:5). 5. Temos a certeza de sermos filhos de Deus. “Porém alguns creram nele e o receberam, e a estes ele deu o direito de se tornarem filhos de Deus. Eles não se tornaram filhos de Deus pelos meios naturais, isto é, não nasceram como nascem os filhos de um pai humano; o próprio Deus é quem foi o Pai deles” (Jo 1:12-13). 6. Passamos a ter direito a uma herança valiosa. “Nós somos seus filhos, e por isso receberemos as bênçãos que ele guarda para o seu povo, e também receberemos com Cristo aquilo que Deus tem guardado para ele. Porque, se tomamos parte nos sofrimentos de Cristo, também tomaremos parte na sua glória” (Rm 8:17). 7. Passamos a ter um novo futuro. “Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo” (2Co 5:17). 24 em busca de esperança 8. Recebemos um novo coração. “Eu lhes darei um coração novo e uma nova mente. Tirarei deles o coração de pedra, desobediente, e lhes darei um coração humano, obediente” (Ez 11:19). 9. Recebemos o Espírito Santo. “Porei o meu Espírito dentro de vocês e farei com que obedeçam às minhas leis e cumpram todos os mandamentos que lhes dei” (Ez 36:27). 10. E temos nossa esperança e forças renovadas. “Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia” (2Co 4:16). CONCLUSÃO Não sei se você se deu conta, mas a maioria desses benefícios pode ser usufruída imediatamente. E aí, vai valorizar a sua herança ou vai trocá-la por um prato de Miojo? Hoje você precisa definir perante o universo se vai ser um protagonista ou um mero figurante. Se irá valorizar sua herança ou desprezá-la em troca de coisas passageiras! O Deus de Abraão, Isaque e Jacó, pode ser o seu Deus também, mas para isso você precisa ser diferente de Esaú; do contrário, você corre um sério risco de ter sua história narrada de uma forma nada legal! APELO Escolha com sabedoria. Se você deseja desfrutar de benefícios extraordinários hoje, e uma herança ainda melhor no futuro, você só tem uma opção. Escolha o melhor. Escolha o que perdura. Escolha Jesus! em busca de esperança 25 26 em busca de esperança tema 5 esqueceram de mim!? INTRODUÇÃO Aquela mensagem respingava romance. A cada frase uma declaração de coragem e bravura. “Por você eu atravessaria os mares; escalaria as mais altas montanhas; enfrentaria as mais terríveis tempestades! Por você eu seria capaz de enfrentar as mais temidas feras e derrotaria os mais difíceis inimigos! Por você eu seria capaz de qualquer coisa! Seria capaz de matar e morrer! Te amo de forma sobrenatural! O que sinto por você é algo tão sublime que não há palavras no mundo que possam expressar a grandeza do meu sentimento! O meu amor por você é tão grande que nada nem ninguém são capazes de me impedir de amar você e de estar ao seu lado! Você é a razão da minha existência! Você é minha vida, os meus sonhos, o meu tudo!” Que mulher não se comoveria diante de tal declaração? A vontade que dá ao ouvir estas palavras é gritar “Sim! Eu aceito casar com você!” Aquele casal já estava em um relacionamento sério por longos sete... dias! E a mensagem que chegou a seguir foi: “Estou contando as horas para poder ver você! Vou visitar você amanhã, a não ser que esteja chovendo, ou minha mãe não possa me dar carona!” Você percebe a ironia? Dizia ser capaz de atravessar o oceano, mas não era capaz de pegar um ônibus ou enfrentar uma chuva! Ao contrário das paixões, que apesar de intensas são passageiras e inconstantes, o amor de Deus por nós é completo, imutável e incondicional! Deus nos ama de tal forma que não existe NADA que possamos fazer para forçar Deus a nos AMAR MAIS; e NADA que fizermos, vai fazer com que Deus nos AME MENOS. Vamos demonstrar isso estudando a vida de um dos reis de Judá, Manassés. Abramos a Bíblia em 2 Reis 21:1-6. DESENVOLVIMENTO I. Um rei que se esquece Se houvesse uma lista dos mais procurados da Bíblia, Manassés seria o primeiro nome a aparecer. Sua lista de pecados parecia uma extensa ficha criminal. Manassés era o pior entre os piores. Ele receberia o prêmio de pecador do ano, caso esse prêmio existisse. Ele foi o rei mais ímpio do povo de Deus. Ninguém foi mais perverso que ele, a personificação do próprio mal. Seu nome e maldade se tornaram proverbiais de tal forma que quando os escritores queriam falar de um rei ímpio diziam que este monarca seguiu os caminhos de Manassés. em busca de esperança 27 No reino do Norte, em Israel, o pior rei foi o famoso Acabe. No reino do Sul o pior rei, muito pior que Acabe, foi Manassés. Ele começou a reinar aos 12 anos e foi até aos 67, quando morreu. Reinou por 55 anos. O reinado mais longo em Judá. E durante a maior parte desse período ele fez o que era mau aos olhos do Senhor, sendo pior que os reis pagãos. Construiu altares idólatras, forçava as pessoas a adorarem ídolos, prostrava-se diante do sol, da lua, das estrelas e chegou ao ponto de colocar ídolos dentro do próprio santuário – o lugar que foi dedicado ao culto do Deus verdadeiro. Mas não parou por aí! Queimou alguns de seus filhos como uma oferenda a essas divindades. Como se isso não fosse o bastante, praticava adivinhações, feitiçarias e por causa disso estava cheio de espíritos malignos. Tornou-se um mago, tendo a mente e o comportamento completamente distorcidos. Guiou o povo para longe de Deus. Fez pior que as nações que o Senhor tinha destruído diante dos filhos de Israel. Tornou-se um assassino (v. 16) terrível! Sangue de pessoas inocentes corria pelas ruas de Jerusalém. Claramente era muito obstinado, teimoso. II. Um rei que não é esquecido O que Deus pode fazer numa situação como essa? Deus não desistiu de Manassés. Enviou profeta após profeta para repreendê-lo e tentar alcançá-lo. Manassés matou um por um. Aliás, uma das pessoas impiedosamente executadas, de acordo com uma forte tradição judaica, foi o rei de todos os profetas – Isaías. Manassés teria mandado que o profeta fosse colocado dentro de um tronco oco e mandou serrá-lo ao meio (Hb 11:37). E não! Este não era um truque de mágica. Este era o rei Manassés. Um monstro repugnante, um homem mal e obstinado, um pecador constante e inveterado. Preste bem atenção no que vou lhe dizer: nada pode nos separar do amor de Deus. Seria isto verdade no caso de Manassés? Deus odiava o que ele fazia, mas embora seja difícil de compreender, Deus amava aquele rei. O pecado separou Adão e Eva de Deus, mas não separou Deus deles. O pecado nos separa de Deus, mas não separa Deus de nós. Deus está sempre em busca do ser humano, mesmo quando pecamos. Aliás, devo dizer: principalmente porque pecamos. Você deve se lembrar de que existe outro capítulo da Bíblia que também descreve a história de Manassés. No segundo livro de Crônicas, no capítulo 33 temos a história de Manassés sendo apresentada de forma bem semelhante, exceto alguns detalhes diferentes. A principal diferença é que no livro de Reis um filho é sacrificado, no livro de Crônicas a palavra aparece no plural, indicando que ele sacrificou filhos. Mas nos dois ele provocou a ira de Deus. O que é a ira de Deus? Não é algo semelhante às nossas emoções como às vezes nos tornamos irados a ponto de perder o controle. Isso é algo irracional que depois nos 28 em busca de esperança arrependemos. Na Bíblia a ira de Deus significa a zelosa e justa reação de Deus contra o pecado. Mas a ira é primariamente contra o pecado e não contra os pecadores. O problema é que na medida em que a vida de alguém avança mais e mais associada com o pecado, há uma identificação entre a pessoa e o pecado, entre a rebelião e o pecador. E é isso o que traz a destruição. III. Um pecador advertido Deus advertiu a nação de Judá (v. 10). Manassés e o povo não deram ouvidos. Como falar não era suficiente, Deus teve que agir. Deus teve que usar outro método, um pouco mais doloroso, mas funcional (v. 11). Deus permitiu que os cruéis assírios, liderados provavelmente por Assurbanipal (um dos reis mais cruéis, mais sanguinários que a Assíria teve), invadissem o reino de Manassés. Assurbanipal coloca literalmente um gancho no nariz de Manassés e o arrasta para a Babilônia, para uma viagem muito longa. Você não deixaria facilmente que alguém apertasse ou torcesse seu nariz, porque dói. Imagine se fosse um gancho! De escavações arqueológicas temos quadros dos assírios puxando prisioneiros pelo nariz. Manassés estava agora destruído, arrasado. Não havia nada que pudesse fazer. Suas mãos estavam amarradas. Toda riqueza e poder que ele tinha ostentado agora não significavam absolutamente nada. Esse é o nosso problema. Deus deseja sempre nos falar de maneira amorosa, branda e calma, mas infelizmente não estamos ouvindo, não prestamos atenção. Então, algumas vezes, Ele tira Sua proteção e permite que certas coisas aconteçam para nos fazer enxergar a realidade. Quando permanecemos em rebelião e teimosia Ele vem com medidas extremas para nos trazer de volta à vida. IV. Um pecador arrependido Quando estava remoendo sua tristeza, Manassés caiu em si e começou a buscar ao Senhor. Ele se humilhou perante Deus. Ele se arrependeu de seus erros. Que confissões ele deve ter feito! Quanta culpa ele deve ter admitido! Confissão não é contar a Deus o que nós fizemos. Ele já sabe. Confissão é admitir para Deus que estamos errados. Sua maneira de ver a vida mudou. Quando o Titanic estava afundando e botes salva-vidas já estavam sendo arremessados no oceano, um cavalheiro enfrentou água até a altura do pescoço para voltar a sua cabine. No cofre havia pedras preciosas, mas sabe o que ele trouxe nas mãos? Três laranjas! O mesmo aconteceu com Manassés. Quando ouvimos os passos do anjo da morte, nossa percepção da realidade e dos valores muda drasticamente (Manning, B., O obstinado amor de Deus, p. 111). Muitos são como Manassés. Estão esperando alguma circunstância da vida vir e os humilhar para depois caminharem ao lado do Senhor. Esse não é método em busca de esperança 29 preferido de Deus, mas se for preciso, para que você O busque e possa alcançar a salvação, Ele vai enviar um rei assírio na sua direção. Precisamos entender que às vezes os infortúnios e os momentos de angústia não são punição, mas disciplina. Visam a nos ensinar algo, que em águas tranquilas jamais aprenderíamos. Muitos são os casos onde “para nos edificar Deus nos anula primeiro” (Barth, K., Carta aos Romanos, p. 84). V. Um pecador perdoado O que Deus faria agora com o arrependimento de Manassés? Aceitaria (vs. 12 e 13)? Aceitaria? Claro! Agora, note no verso 12: “O Senhor seu Deus”. Esta simples expressão nos lembra de uma das mais surpreendentes verdades. O Senhor é Deus de toda a humanidade – dos justos e até dos ímpios. Manassés, certamente um dos mais ímpios homens que já viveu, voltou-se para Deus e o Senhor em Sua graça aceitou ser o seu Deus. Sabe qual é uma das coisas mais difíceis de aceitar na graça? Nós não merecemos o favor de Deus! Mas justamente por isso é que se chama graça. Graça significa sermos aceitos, apesar de sermos inaceitáveis (Tillich, P.). Quando você estiver em contato com pessoas orgulhosas lembre-se disso! O perdão e a aceitação de Deus estão sempre disponíveis aos arrependidos, não importa quem sejam ou o que tenham feito – à distância de apenas uma oração encontramos o perdão. O negócio divino da salvação nunca fecha após o expediente ou nos feriados (Holbrook, F., O sacerdócio expiatório de Cristo). Nosso Deus é o Deus da graça, amoroso, compassivo, tardio em irar-Se, e que não deseja nos enviar calamidades. Quando aquele pervertido orou, o Senhor Se tornou favorável (v. 13). Deus nos ama muito mais do que você possa imaginar. Não existe nada que você possa fazer para forçar Deus a amá-lo mais. E você também não vai conseguir fazer nada para que Deus o ame menos. Você vale tanto para Deus que se Ele colocasse uma etiqueta de preço em você, o número seria tão grande que você não saberia ler. Deus não apenas ouviu e aceitou o arrependimento daquele homem, mas fez algo extraordinário por Manassés – o fez voltar para Jerusalém, para o seu reino. E Manassés reconheceu o senhorio de Deus. Até pouco tempo Manassés estava em trevas, mas passou a ser luz. Quem é esse Deus de Manassés? Como diz Paulo em Romanos 5:6 é o Deus que justifica o ímpio. Mas não apenas justifica – restaura o ímpio. Deus odeia o pecado, mas transforma o pecador. No momento em que somos justificados, perdoados por Deus, começa um processo de restauração dentro de nós. Porque salvação é cura (Tillich, P., Teologia sistemática, p. 451). Uma grande obra de restauração começou na Judéia. Reavivamento sempre leva à reforma e então lemos que ele esteve liderando a reconstrução da cidade de Jerusalém. 30 em busca de esperança Purificou os montes dos deuses pagãos, os bosques, o templo e apelou a toda a Judéia para servir ao Senhor. Fez o seu melhor para trazer de volta aqueles a quem havia empurrado para o pecado. O governante que havia sido responsável pelo reavivamento do paganismo (Ellen G. White, Profetas e reis, p. 371) em Jerusalém, foi transformado por Deus no pivô do reavivamento da verdadeira fé. VI. Tempo de lembrar O arrependimento de Manassés, embora notável, veio muito tarde para salvar o reino da influência corruptora de anos de idolatria. Muitos haviam tropeçado e caído, para nunca mais se levantarem. O ministério do profeta Isaías foi interrompido e os próprios filhos que ele matou nunca mais seriam trazidos de volta (idem, p. 373). CONCLUSÃO Não podemos fechar os olhos para o fato de que alguns danos que o rei trouxe ao povo foram irreparáveis. Seu pecado resultou em sérias consequências que não foram desfeitas, mesmo após o arrependimento. Essa é uma razão para nos aproximarmos de Deus o quanto antes em nossa vida. Se adiarmos nossa decisão, ainda que Deus nos alcance mais adiante, pode ser que já seja tarde demais para nossos amigos, família, vizinhos, que talvez pela nossa influência poderiam ser alcançados e salvos. Ou ainda, pode ser que o perdão de nossos erros venha, mas as consequências de nossas escolhas e demora em decidir permaneçam. APELO Apesar de Manassés ter se esquecido de Deus ao longo de quase toda sua vida, Deus nunca Se esqueceu dele. Da mesma forma, Deus nunca se esquece de você! O grande problema é que às vezes nós nos esquecemos dEle e O afastamos de nossa vida, de nossas escolhas, de nossas prioridades. Lembre-se hoje dAquele que nunca o esquece. Ele ama você! Ele o perdoa! Ele alcança você. Saiba que você tem esta oportunidade hoje. Não a deixe passar, amanhã pode ser tarde! em busca de esperança 31 32 em busca de esperança tema 6 fome de algo melhor INTRODUÇÃO O pastor estava pregando um sermão sobre o amor de Deus. Ele havia lido na Bíblia que o salário do pecado é a morte e também havia explicado que Deus nos ama e não quer que ninguém morra. Por esse motivo, Jesus Cristo veio a esse mundo, viveu uma vida perfeita, morreu na cruz em nosso lugar e ressuscitou, “para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Em determinado momento, o pastor pediu para que todas as pessoas que estavam presentes na igreja virassem para a pessoa que estava assentada ao seu lado e perguntassem: “Você já aceitou a Jesus como seu Salvador pessoal?” Aliás, faça isso agora. Pergunte para a pessoa que está ao seu lado se ela já aceitou a Jesus. (Dê um tempo para que a pergunta seja feita.) Naquele dia, havia um garoto de cinco anos que estava sentado na primeira fileira. Ele se virou rapidamente para o senhor que estava ao seu lado e disparou: “O senhor já aceitou a Jesus como Salvador?”. Aquele homem ficou indignado com a pergunta e lhe disse: “Olha, menino, eu sou um cirurgião pediátrico renomado. Vim de uma família tradicional, missionária e pioneira. Trabalho como ancião desta igreja há três décadas. Fui líder de mordomia e evangelismo, além de ter tido outros cargos de liderança. Atuei como tesoureiro e diácono, e você me pergunta se eu já aceitei a Jesus?”. O menino não entendeu metade das coisas que aquele homem havia dito, mas como era uma criança, virou-se para ele e tentou consolá-lo, dizendo: “Não tem problema que o senhor já tenha feito tudo isso, a Bíblia diz que Deus pode salvar todas as pessoas, inclusive o senhor!”. Muitas vezes, acontecem coisas em nossa vida capazes de nos surpreender de forma incrível! E nesta noite vamos ver a história extraordinária de um povo que foi salvo por pessoas consideradas perdidas! DESENVOLVIMENTO I. Morto de fome! Você já passou fome? Entenda bem. A pergunta não é se você já fez uma dieta maluca com restrição de certos alimentos por um período de tempo, nem se por algum motivo teve que comer às pressas e acabou comendo pouco. A pergunta não é se um dia você em busca de esperança 33 esqueceu o lanche do recreio (digo, do intervalo da aula) ou a marmita do trabalho. A pergunta é se você já passou fome de verdade, fome resultante da abstinência total e completa de alimentos, não por uma escolha, mas devido às circunstâncias! Certa vez, um pastor que havia sido missionário em uma região específica da África relatou que uma família muito carente recebia regularmente doações de alimentos. Havia pelo menos dez filhos naquele lar. O tempo passou, mas curiosamente algumas crianças não ganhavam peso. O missionário começou a desconfiar da situação. Imaginou que o pai estava comendo a comida de seus filhos e, por esta razão, resolveu confrontá-lo. Ao confirmar suas suspeitas, o pastor começou a lhe passar um “sermão”. “Você não tem vergonha? Como você ousa comer a comida de seus próprios filhos?” Foi nesse contexto que aquele pai de família que até então olhava triste para o chão ergueu a cabeça, olhou em seus olhos e perguntou: “Você conhece a fome? Você já sentiu fome de verdade? Fome a ponto de tentar dormir para esquecer que sua barriga está vazia? Fome a ponto de ter que escolher entre sua própria vida e a vida de seus filhos? A ponto de pensar, se eu morrer de fome, quem cuidará dos meus filhos?”. Aquele missionário percebeu que algumas situações são mais complexas na prática do que na teoria. Pela primeira vez, compreendeu o real significado da palavra FOME. II. Strogonoff de cérebro de jumento A nação de Israel estava passando por um momento de crise. Havia entrado em guerra com os sírios, e a situação não era das melhores! Naquela época, existia uma estratégia de guerra bem peculiar. Algumas nações protegiam suas cidades com grandes muralhas, muros muitas vezes tão altos que pareciam intransponíveis. Se algum exército inimigo tentava escalar aquelas paredes, era alvejado por lanças, pedras e flechas pelo exército que estava na parte de cima do muro, de modo que era bem complicado conquistar cidades fortemente protegidas dessa maneira. Mas, em tempo de guerra, a estratégia adotada é o que muitas vezes determina o vencedor. O fato é que como o exército inimigo na maioria das vezes não conseguia entrar na cidade, o jeito era acampar ao redor para que ninguém pudesse sair. Essa estratégia exigia paciência, mas era muito eficaz. Aqueles que estivessem dentro da cidade continuariam sua vida normalmente por um período de tempo, mas a tendência era que, com o passar do tempo, a água e a comida fossem se esgotando, o que criava uma situação bem complicada, já que não poderiam sair para buscar água e alimento, visto que estavam cercados pelo exército inimigo. É justamente nesse contexto que está a nossa história de hoje. Abra sua Bíblia em 2 Reis 6:24. Vamos ler o relato para conhecer e compreender essa história bíblica que é pouco conhecida. (Ler 2 Reis 6:24-33 em uma tradução moderna da Bíblia.) 34 em busca de esperança Que situação terrível! De cara, vemos como era desesperadora a situação daquela cidade. O verso 25 aponta que “a falta de alimentos naquela cidade foi tão grande, que uma cabeça de jumento custava oitenta barras de prata, e duzentos gramas de esterco de pomba custavam cinco barras de prata”. O jumento era considerado um alimento impróprio para consumo (Lv 11:2-7; Dt 14:4-8); e sua cabeça era a menos desejada! Você ficaria com água na boca se ouvisse que “o prato de hoje é strogonoff de cérebro de jumento”? É claro que não! E o que dizer do esterco de pomba? Alguns comentários bíblicos apontam que a expressão na verdade se referia a um tipo de verdura da época, mas seja como for, pelo nome que possuía, este alimento não deveria ser o mais saboroso do mundo. O preço dos alimentos mais indesejáveis ter subido demonstra a crise pela qual o povo de Israel estava passando. Apenas a título de comparação, na época de Salomão, um cavalo de guerra vivo e saudável era vendido por 150 barras de prata, mais da metade do valor da cabeça do jumento. O desespero era tanto que duas mães, possivelmente amigas, ou comadres, como dizem no interior, resolveram cozinhar os próprios filhos. Se você não gostou da história do homem que comia a comida dos filhos, o que dizer dessas mulheres que fizeram de seus filhos o cardápio do dia? Desespero! Apenas essa palavra pode descrever a ação dessas mães. III. Crise, desespero e esperança Ao passarem por problemas, muitas pessoas têm a tendência natural de buscar explicações e, às vezes, quando não encontram, simplesmente assumem que aquela dificuldade aconteceu por que era a vontade de Deus. Embora Deus possa tirar proveito até das situações adversas para o nosso benefício e salvação (Rm 8:28), precisamos entender que Deus não Se agrada do nosso sofrimento, principalmente aquele que pode ser evitado. Por isso, devemos tomar as nossas decisões com sabedoria. O rei seguiu a tendência natural de culpar a Deus pela situação que o povo enfrentava e, por esta razão, foi ao profeta de Deus. Eliseu era um mensageiro especial, possivelmente o profeta que mais realizou milagres no Antigo Testamento. Para você ter uma noção, ele foi usado por Deus para ressuscitar um defunto. O detalhe é que ele mesmo, Eliseu, estava morto. 2 Reis 13:2021 conta essa história: “Então Eliseu morreu e foi sepultado. Todos os anos bandos de moabitas costumavam invadir a terra de Israel. Certa vez, alguns israelitas que estavam fazendo um sepultamento viram um desses bandos. Então os israelitas jogaram o defunto na sepultura de Eliseu e fugiram. Assim que o corpo tocou nos ossos de Eliseu, o homem ficou vivo de novo e se levantou”. Foi justamente esse profeta que Deus encarregou de trazer esperança em meio ao desespero! Quando procurado pelo rei, ele profetizou: Escute o que o SENHOR diz: “Amanhã a esta hora, você poderá comprar em Samaria três quilos e meio do melhor trigo ou sete quilos de cevada por uma barra de prata” (2Re 7:1). em busca de esperança 35 Aquela profecia parecia impossível de se cumprir, tanto que o ajudante pessoal do rei desconfiou! Duvidando da palavra de Deus comunicada pelo profeta, ele falou: “Mesmo que o SENHOR Deus abrisse janelas no céu e fizesse cair trigo e cevada, isso nunca poderia acontecer!” (7:2). Mas o profeta não se intimidou e emendou mais uma profecia sobre a primeira: “Com os seus próprios olhos você vai ver isso acontecer, mas não vai comer”. IV. Leprosos, caras legais! Na sequência do capítulo sete, vemos o desfecho da história. Vamos ler a partir do verso três até o final. (Ler 2Re 7:3-20.) Temos algumas informações importantes que vale a pena salientar: A vontade de Deus não depende da crença humana! O profeta fez uma profecia que parecia ser impossível, mas seu cumprimento foi real e literal. Deus atua com base na fé das pessoas e não com base em sua nacionalidade. Em 2 Reis 5:14, Naamã, comandante do exército da Síria, havia sido curado da lepra, mas em Israel, povo escolhido de Deus, ainda havia leprosos (Lc 4:27). A salvação e a atuação de Deus não são exclusivas para uma nação, mas são oferecidas a todo o mundo. Deus usou quatro homens excluídos da sociedade, sem esperança e com uma doença incurável e degenerativa para fazer Sua vontade. Qual é a sua desculpa para que Deus não possa usá-lo hoje? Ao compartilhar as boas-novas que haviam descoberto, os leprosos foram um instrumento para trazer esperança e alegria para seu povo e, provavelmente, para sua própria família, que possivelmente estava dentro da cidade. Já parou para pensar que talvez Deus deseje usar você para trazer esperança e salvação para sua família? O exército sírio não foi derrotado pelas forças israelitas, mas por Deus (v. 6, 7). Muitas vezes, é justamente quando não temos mais o que fazer, em circunstâncias onde estamos de mãos atadas, que Deus age! Portanto, não se desespere! A vontade de Deus sempre se cumpre. Seus propósitos não podem ser frustrados. Quando Deus promete, Ele cumpre Sua palavra. Ainda que pareça demorada, Sua palavra não falha (2Pe 3:9). Não confiar na Palavra de Deus pode ser um erro fatal. Para o ajudante do rei, isso lhe custou a vida. CONCLUSÃO Quando olho para o mundo em que vivemos hoje, percebo algumas semelhanças com o cenário vivenciado na época do profeta Eliseu e do povo de Israel. Vivemos em um mundo em desespero. Pior que a fome física, vivemos em um mundo de fome espiritual. E na batalha entre o bem e o mal, parece que estamos cercados pelo exército inimigo, sem chance de sobreviver. 36 em busca de esperança No momento de desespero, ou perdemos a esperança por completo, ou nos apegamos à Palavra de Deus e Suas promessas. Se para o povo de Israel a promessa era de que em breve eles teriam paz e comida em abundância, para nós, são prometidos um novo céu e uma nova terra, onde não apenas a fome será eliminada, mas onde também não existirá mais sofrimento, nem morte, nem dor! É justamente no momento em que o mundo mergulha em desespero pela crise financeira, corrupção política, violência generalizada, injustiça constante e desvalorização dos princípios e valores morais que surge uma promessa que não pode ser esquecida nem desacreditada: VOLTAREI! (Ler Jo 14:3.) A você e a mim é dada a oportunidade de encontrar um porto seguro em meio à tempestade, encontrar paz em meio à guerra. Encontrar esperança em meio ao desespero. O ajudante do rei duvidou da promessa feita. Ele duvidou de que haveria um futuro melhor. Ele duvidou que Deus cumpriria Sua promessa e, como resultado, viu com seus próprios olhos o milagre acontecer, mas não pôde desfrutar dele! APELO Que triste seria participarmos da geração que pela graça de Deus verá Jesus voltar nas nuvens com milhões e milhões de anjos, ver cumprir-se a maior de todas as promessas, mas não participar dela, não desfrutar da eternidade com Jesus, não receber gratuitamente a vida eterna, não estar para sempre em um lugar feliz e repleto de paz. Você não pode ficar de fora! Mas para tanto, você precisa decidir! Você precisa se entregar! Você precisa acreditar! Jesus está aqui no meio de nós, Ele está ao seu lado agora. Enquanto eu falo, o Espírito Santo está tocando o seu coração. Será que você pode sentir? Por favor, não feche, não endureça o seu coração. Tome uma decisão agora mesmo! Este é o momento de nascer de novo, é o momento de uma entrega total. Tenho certeza de que você quer ser limpo, lavado, purificado de todas as manchas do pecado. Então, levante-se agora mesmo! Quero pedir a um amigo da igreja que se levante ao lado do seu convidado e coloque a mão no ombro dele. Agora que estamos abraçados, por favor, venha aqui à frente. Eu quero orar por você. Venha agora em nome de Jesus! Parabéns por sua decisão. Antes de orar, vamos ouvir uma música e em seguida vamos orar. em busca de esperança 37 38 em busca de esperança tema 7 Suficiente INTRODUÇÃO Um pai tinha três filhos e resolveu fazer um teste para ver como eles reagiriam a uma mesma situação. Deu a cada um deles uma maçã, que apesar de bonita, possuía uma pequena parte estragada. O primeiro filho comeu toda a sua maçã, inclusive a parte podre. O segundo filho jogou a fruta inteira fora, porque sabia que uma pequena parte estava estragada. Mas o terceiro filho, utilizando uma faca, cortou a parte ruim da maçã e comeu o resto; adivinha quem foi considerado o filho mais sábio? Na Bíblia não existe nenhuma parte podre ou estragada. Nós sabemos que toda a escritura é inspirada por Deus (2Tm 3:16). Nenhuma parte da Bíblia deve ser desprezada ou descartada. Não podemos confundir a mensagem (Bíblia) com o mensageiro (aquele que prega a Bíblia). Hoje em dia, muitas pessoas se dizem cristãs, mas na realidade fazem exatamente o oposto daquilo que Jesus Cristo ensinou na Bíblia. Além de não ensinar aquilo que é dito na Bíblia, através de sua vida hipócrita e incoerente, confundem aqueles que querem seguir a vontade de Deus. Por causa disso muitas pessoas têm jogado fora tudo que está associado ao cristianismo, quando, em realidade, o problema está naquele que se diz “cristão”, mas na verdade é um impostor, uma falsificação. Não podemos confundir as duas coisas que são bem distintas e diferentes. Precisamos ter sabedoria para separar o certo do errado. Se por um lado precisamos rejeitar todos os ensinos que sejam falsos e antibíblicos, por outro lado devemos ter o cuidado de não jogar fora nada daquilo que a Bíblia realmente ensina. É importante mencionar que algumas pessoas compartilham falsos ensinos de forma consciente, mas outras o fazem de forma inconsciente e ingênua. Elas não sabem que estão equivocadas. Pensam estar certas e ensinam aquilo que aprenderam e acreditam. Mas quando se trata de salvação, sinceridade não é o suficiente. Se você for viajar para algum lugar e pegar a estrada errada, ou ainda, se pegar a estrada certa, mas seguir no sentido oposto do seu destino, não importa o quão sinceramente você acredite que esteja correto, você nunca irá chegar ao seu destino! Sinceridade é importante, mas não é tudo! Uma vez ouvi uma história em que uma mãe havia preparado um bolo, mas no lugar de um determinado ingrediente, pegando o pote errado, colocou sem querer veneno na massa. Por melhor que fossem suas intenções e por mais sincera que fosse, toda a família teve que ser hospitalizada horas mais tarde. A sinceridade não em busca de esperança 39 transforma coisas ruins em coisas boas! Algo que é prejudicial e perigoso vai continuar a trazer seus malefícios e riscos, não importa o quanto você deseje o contrário. Aliás, mais do que saber o que é certo ou errado, é preciso viver o que é certo. Algumas pessoas ao descobrirem que foram ensinadas de forma equivocada, escolhem continuar no erro. Alguns pensam que é vergonhoso admitir que viveram tantos anos sendo enganados. Outros permanecem seguindo ensinos equivocados para não entristecer a família, não perder amigos ou ainda ter que realizar determinadas mudanças em sua vida. Mas nós precisamos nos posicionar pelo que é certo. Precisamos fazer o que é certo ainda que a maioria esteja agindo de maneira errada. Precisamos decidir pelo que é certo ainda que isso tenha um preço a ser pago. DESENVOLVIMENTO I. Sabiam mas não fizeram A própria Bíblia afirma: “Aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz nisso está pecando” (Tg 4:17). Ela menciona diversos personagens que, apesar de terem tido a oportunidade de ouvir a palavra de Deus de maneira clara e correta, não se posicionaram, não tomaram a decisão certa. Fizeram uma entrega apenas parcial de sua vida. Mas quando se trata de salvação, ou a pessoa está completamente salva ou está completamente perdida. Não existe meio termo. Você já ouviu alguma mulher dizer: “Estou sentido enjoo. Acho que estou meio grávida!” Você já conheceu alguém meio grávida? Não? É claro que não! Por que não existe meio grávida. Ou está grávida ou não está. Da mesma forma, ou você está salvo ou não está! Não existe meio salvo. Parcialmente salvo é completamente perdido. Você sabe que no futebol, quando a bola bate na trave, apesar da emoção que o lance gera na torcida, o acontecimento em si não tem valor algum. Bola na trave não ganha campeonato e nem altera o placar do jogo. Conheço muitas pessoas que lamentam: “Uau, quase foi gol”; “quase ganhamos”; “quase conquistamos o campeonato”, mas que no final das contas têm que amargar a derrota, pois quase não é o bastante! Acompanhe comigo alguns exemplos da Bíblia que demonstram atitudes que, apesar de boas, não são suficientes para a salvação! II. Quando muito não é o bastante Para ser salvo não basta tremer diante da palavra como Félix (At 24:25). Félix era um procurador romano da Judeia. Governou a província de um modo cruel e corrupto. Seu período de governo foi repleto de conflitos e revoltas. Paulo foi trazido diante de Félix na Cesareia e colocado na prisão por dois anos, pois Félix tinha esperança de extorquir algum dinheiro dele. Curiosamente, quando foi confrontado com a mensagem trazida por Paulo, ele 40 em busca de esperança tremeu! Sentiu medo. Tem gente que quando ouve que Deus vai julgar todas as coisas fica amedrontado, mas infelizmente são poucos os que se preparam para o juízo de Deus. Quando se trata de salvação, tremer não é o bastante. Para ser salvo não basta ouvir a mensagem como Agripa (At 26:28). Talvez você já tenha ouvido falar do Rei Herodes Agripa II. Ele era filho de Agripa I (que havia martirizado o discípulo Tiago, filho de Zebedeu. Ele teria feito o mesmo com Pedro se um anjo não o houvesse libertado miraculosamente da prisão; ver At 12:1-19). Esse rei era o bisneto de Herodes, o Grande. E ficou famoso pela frase “Por pouco me persuades a me fazer cristão” (ARA, At 25:28). Muitas pessoas ao ouvir a mensagem do amor de Deus quase são convencidas. Quase decidem. Mas quase não é o bastante para ser salvo. Curiosamente aquilo que parece ser uma conversão na trave não passa de uma desculpa. Na realidade a melhor tradução para a fala de Herodes Agripa é “Você acha que em tão pouco tempo pode convencer-me a tornar-me cristão?” (NVI, At 25:28). O fato é que ouvir o evangelho não é o bastante! Algumas pessoas colocam a desculpa no tempo. Faz tão pouco tempo que estou estudando a Bíblia! Tem pouco tempo que frequento a igreja, ainda é cedo para me decidir! Tenho muito a aprender, talvez deva esperar um pouco mais! A questão não é quanto tempo ou quanto você conhece da mensagem, a pergunta é: dentre aquilo que você já aprendeu, qual a sua decisão? Quando se trata de salvação, ouvir não é o bastante! Para ser salvo, não basta trazer grandes ofertas, como Ananias e Safira (At 5:2). Ananias e Safira haviam vendido um terreno e resolveram ofertar o dinheiro para a pregação do evangelho. No final do capítulo anterior, Barnabé tinha feito o mesmo. Eles não eram obrigados a entregar aquele dinheiro, mas eles o fizeram tentando dar a impressão de que estavam entregando tudo, quando na verdade estavam guardando parte para si. Em outras palavras, estavam mentindo. Queriam aparentar uma entrega completa, quando na realidade estavam fazendo apenas uma entrega parcial. Como você já deve ter percebido é impossível enganar a Deus. Ele não se ilude com as aparências, afinal, ele conhece completamente nosso coração. Para sermos salvos não basta fazer uma entrega parcial de nossa vida e fazer de conta que estamos entregando tudo. Deus sabe de todas as coisas e não pode ser feito de bobo (Gl 6:7). Quando se trata de fidelidade ou somos fiéis ou não somos. Existem muitas pessoas que frequentam a igreja. Devolvem o dízimo. Dão ofertas. Mas adiam constantemente aquilo que para Deus tem mais importância: a entrega do coração! Nosso dinheiro é incapaz de nos garantir um lugar no Céu. Quando se trata de salvação, trazer grandes ofertas não é o bastante! Para ser salvo, não basta começar bem, como Demas (2Tm 4:10). Temos poucas informações acerca de Demas. Sabemos apenas que por um tempo ele foi companheiro de trabalho de em busca de esperança 41 Paulo; parece ter sido útil na pregação do evangelho a ponto de ter sido chamado de “meu cooperador” pelo apóstolo (Fm 1:24). No entanto, a última menção que temos acerca do mesmo afirma que ele havia abandonado Paulo e abandonado a fé! “Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica” (ARA, 4:10); uma tradução mais moderna da Bíblia diz que “Demas se apaixonou por este mundo” (NTLH, 4:10). Você percebe o problema? Alguém que pouco tempo antes havia sido de grande ajuda, alguém que havia tomado uma decisão e que havia se posicionado pelo que era certo, agora abandona tudo por amor às coisas deste mundo. O cristão precisa perseverar. Continuar firme até o fim. Para ser salvo, não basta começar bem, é preciso terminar bem! Paulo neste aspecto foi um exemplo. Ao findar seu ministério e compreender que o momento de sua morte se aproximava, disse: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4:7-8). Não temos informações se em algum momento Demas chegou a se arrepender, mas uma coisa parece clara, para ser salvo, não basta começar bem é preciso terminar bem! Para ser salvo, não basta zelar por Deus, como Israel fez (Rm 10:2). Se há um povo que zelava por Deus, este era o povo judeu. No entanto, no capítulo 10 de sua carta aos cristãos que moravam em Roma, Paulo começa a argumentar que os judeus rejeitaram a justiça de Deus e, pior que isto, por conta do conhecimento que tinham de Deus e cuidado que Ele tinha por eles, não poderiam alegar falta de oportunidade. O povo judeu tinha informações, mas lhe faltava entendimento (10:2); apesar de terem conhecimento de todas as profecias que apontavam para o Messias e para a salvação através de Cristo Jesus, rejeitaram a justiça de Deus e, com isto, a oportunidade de serem salvos. Você percebe que irônico? Apesar de conhecerem a lei de Deus e a palavra dEle (Bíblia) ignoraram a salvação oferecida por Ele, Seu amor é a essência de Sua palavra (Jesus; que era o verbo, conforme Jo 1:1). Conheciam a mensagem, conheciam as profecias, mas por ignorarem o seu cumprimento, o zelo que tinham por Deus não era o bastante. Ao rejeitarem a Cristo estavam rejeitando a Deus! O que acontecerá com o povo judeu que acreditou em Deus, mas não em Cristo? Uma vez que eles acreditam no mesmo Deus eles não vão ser salvos? Jesus é a revelação mais completa de Deus, portanto, não podemos conhecer plenamente Deus sem crer em Cristo. É por isso que Paulo trabalhou tão arduamente e com tanta ênfase para tentar ensiná-los acerca de Cristo. Visto que Deus designou Jesus como meio de salvação, não podemos chegar a Deus por outro caminho. Os judeus e todo o mundo pode encontrar salvação somente através de Jesus Cristo (Jo 14:6; At 4:12). 42 em busca de esperança Se por um lado a rejeição de Jesus Cristo como salvador é a causa da perdição de muitas pessoas, por outro, a aceitação dEle como salvador é a garantia da vida eterna para todo aquele que nEle crer (Jo 3:16). Em Romanos 9:10 Paulo afirma: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo”. Enquanto o simples zelo por Deus não é o bastante para alcançar a salvação, aceitar a Jesus como salvador é mais do que suficiente para lhe dar a vida eterna! CONCLUSÃO Certa vez alguém perguntou para o grande evangelista D. L. Moody: “Quantas pessoas se converteram na noite passada?” Ele respondeu: “Duas e meia”. Então a pessoa disse: “Você quer dizer que dois adultos e uma criança se convertam ontem?” E ele respondeu: “Não! Duas crianças e um adulto”. Parece que quanto mais novos somos, maior nossa sinceridade e capacidade de fazer uma entrega por completo, mas à medida que o tempo vai passando, temos mais dificuldades de fazer uma entrega integral de nossa vida, e passamos a fazer entregas parciais. “Vou deixar Deus controlar esta parte da minha vida, mas esta outra aqui, não!” Lembre-se: uma entrega parcial não é o bastante você precisa se entregar por completo! APELO Crer em Jesus e aceitá-Lo como salvador, esta é a decisão que você precisa tomar hoje: simples assim! É tudo muito simples, mas não é nada fácil. É simples porque não há nada complicado sobre o que precisa ser dito ou feito. Mas não é fácil, pois envolve uma entrega constante ao longo de toda a vida que resultará em uma mudança radical do seu ser. Você crê que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos e deseja aceitá-Lo como Senhor da sua vida? Saiba que isto é suficiente, porque é a autorização para que Deus o transforme por inteiro! em busca de esperança 43 44 em busca de esperança tema 8 #157 (um, cinco, sete) INTRODUÇÃO Um dia desses aconteceu algo inusitado! Uma mulher estava dirigindo seu carro no centro da cidade quando foi assaltada e teve seu veículo roubado. Para sua surpresa, horas mais tarde ela conseguiu recuperar o veículo graças a um telefonema feito pelo ladrão para a polícia, onde pediu desculpas e informou a localização do automóvel. Este não é o primeiro nem o último caso que narra a história de ladrões arrependidos. Basta você pesquisar um pouquinho na internet e você irá encontrar muitas histórias que são no mínimo curiosas. Talvez o caso mais conhecido de todos seja o ladrão da cruz, um daqueles que foi crucificado com Jesus. Se por um lado costuma-se dizer que “bandido bom é bandido morto”, esse sujeito é conhecido por muitos de nós como sendo o “bom ladrão”, em face daquilo que fez enquanto ainda estava vivo. Ele teve uma atitude de fé e confissão, enquanto o outro ladrão, que também estava sendo crucificado, além de não se arrepender, demonstrou uma atitude de rebelião. Parece que a vida é feita de contrastes. Pessoas em situações semelhantes muitas vezes têm reações tão diferentes que fica até difícil compreender o porquê de tais atitudes! Tem gente que parece sempre ser do contra. Certa vez, à porta de uma igreja estava um bêbado parado. Um conhecido passou por ali e achou curiosa a situação já que nunca havia visto aquela pessoa em uma igreja. Ele se aproximou do bêbado e perguntou: “Sobre o que o pastor está pregando?” Para sua surpresa ele respondeu: “O que ele está pregando eu não sei, mas seja lá o que for EU SOU CONTRA!” Apesar de possivelmente você nunca ter cometido um crime grave, é importante notar que todos nós temos algo em comum com os ladrões que foram crucificados com Jesus Cristo naquele dia. Somos pecadores e por esse motivo estamos condenados à morte! A menos que sejamos perdoados por Deus, com base no sacrifício de Jesus, mais cedo ou mais tarde teremos de lidar com essa terrível condenação. DESENVOLVIMENTO I. Pessoas equivocadas Vamos analisar o relato bíblico de Lucas 23:33-43 e tentar extrair algumas lições em busca de esperança 45 práticas para nossa vida espiritual hoje. Vejamos o que diz o texto (ler o texto em uma tradução moderna). Temos aqui o cenário da crucificação de Jesus. Ele foi crucificado com, pelo menos, duas outras pessoas, dois criminosos que haviam sido condenados à morte. Além deles, estão junto à cruz, pelo menos, três outros grupos de pessoas: os soldados (Lc 23:36); os líderes judeus (Lc 23:35); e o povo, que momentos antes havia gritado pela condenação de Jesus (Lc 23:20-21). Curiosamente vemos na cena descrita por Lucas, quatro possíveis tipos de influências, que refletem as mesmas que vemos também em nossos dias: amizade ou companheirismo (ladrões); religião (líderes judeus); autoridades (soldados romanos); e a multidão (o povo), que em sua maioria apoiava tudo o que estava acontecendo. Infelizmente a maioria deles estava completamente equivocada. Em primeiro lugar, apesar de a Bíblia não deixar claro qual o grau de proximidade que os ladrões tinham entre si, podemos, no mínimo, afirmar que eram colegas de “profissão”. Alguns comentaristas chegam a especular que ambos teriam sido presos juntos e que praticavam seus delitos em parceria. Apesar de não termos maiores detalhes, uma coisa podemos dizer com convicção: as más companhias corrompem os bons costumes (1Co 15:33). Do ponto de vista espiritual, as influências podem nos aproximar ou afastar de Deus, por isso devemos escolher nossas amizades com sabedoria. Seguir práticas e crenças, religiosas ou não, apenas porque bons amigos seguem tais ideias pode ser perigoso. Em segundo lugar, fica claro no relato bíblico que nem todo líder religioso é confiável. Aqueles líderes pensavam estar fazendo o que era certo, mas acabaram matando o filho de Deus. Não é difícil concluir que em nossos dias muitos líderes religiosos (pastores, bispos, padres, apóstolos, etc.), por mais sinceros que possam ser, estão completamente equivocados. Isso sem falar naqueles que, de forma consciente, enganam e manipulam as pessoas, mesmo sabendo que seus ensinos são contrários ao que a Bíblia ensina! Se a Bíblia é a mesma, porque tantos ensinos diferentes? A reposta mais direta e simples é que infelizmente existem muitos líderes religiosos por aí ensinando doutrinas e crenças que nem a Bíblia nem Jesus jamais ensinaram. Em terceiro lugar, apesar de sermos instruídos a respeitar os que governam e as autoridades existentes (Tt 3:1), precisamos compreender que, do ponto de vista espiritual, esse grupo nem sempre será o mais confiável e melhor exemplo a ser seguido. É por isso que a Bíblia ensina que se em algum momento tivermos que decidir entre fazer a vontade de Deus ou seguir uma ordem contrária ensinada por autoridades humanas, não devemos ter dúvidas: “Mais importante obedecer a Deus do que aos homens!” (At 5:29). E por último, o que dizer acerca do povo? Será que de fato a voz do povo é a voz de Deus? Cada povo tem sua cultura e crenças religiosas. Agora, é importante lembrar que mesmo o povo de Israel, que era a nação escolhida por Deus, errou feio quanto ao seu 46 em busca de esperança posicionamento religioso. O que dizer então de nações que nem sequer temem a Deus, ou ainda, adotam para si a crença em muitos deuses? Seria a voz do povo confiável? Parece que não. Em resumo, apesar de poderem ajudar e influenciar positivamente em nossas escolhas, as amizades, os líderes religiosos, as autoridades estabelecidas, a cultura de nosso povo, e mesmo as tradições familiares, tudo isso não pode ser o fator determinante em nossa escolha. Precisamos ter como base a Bíblia e sua mensagem, caso contrário, podemos errar feio. II. Tomando uma decisão É interessante notar que tão importante quanto tomar a decisão correta é fazê-lo pelo motivo certo. É possível fazer algo aparentemente bom e ainda assim, ser reprovado por essa atitude? É claro que sim! Certa vez ouvi falar de um político que construía muitos hospitais, mais sua motivação era desviar verbas e recursos e enriquecer de forma ilícita. O ato era bom, mas a sua motivação era desprezível. Poderíamos pensar em outras situações como essa, mas gostaria de me ater às questões espirituais. Será que é possível fazermos coisas aparentemente boas no aspecto espiritual, mas com a motivação errada? Não faltam exemplos de coisas boas em si, mas cuja motivação está completamente errada do ponto de vista bíblico. Quer alguns exemplos? Tem gente que ajuda pessoas que moram na rua, doando alimentos e roupas para os mais necessitados, mas o fazem porque acreditam que desta forma terão direito de um dia morar no Céu! A Bíblia nos ensina que nós iremos para o Céu unicamente por aquilo que Jesus fez (morreu em nosso lugar) e não por aquilo que a gente faz. A salvação é pela graça, ou seja, pelos méritos de Jesus e não por nossos próprios méritos (Ef 2:8-9). Existem muitas igrejas que afirmam pregar a Bíblia, o que é algo bom, mas, muitas delas o fazem de forma distorcida e completamente equivocada, o que é um perigo. A pior mentira que existe é aquela que é misturada com a verdade. Esse tipo de engano é mais difícil de ser percebido do que uma mentira completa. Quando uma igreja faz isso o resultado é confusão e engano. É como se um cego estivesse guiando outro cego num campo minado (Mt 15:14). Por mais bonito e sincero que um ensino possa parecer isso não é o bastante, ele precisa ser verdadeiro! Outro aspecto prático da religião é a questão dos dízimos e ofertas, assunto muito discutido por cristãos e não cristãos. O dízimo e a oferta são ensinos bíblicos. Quanto a isto não há grandes dificuldades. Mas na prática, ao invés de ensinar o conceito bíblico de adoração, onde os dízimos tem que ver com nosso reconhecimento e gratidão a Deus, muitas igrejas transformam essa parte da adoração, que é tão importante, em um sistema de exploração e barganha. Não devolvemos o dízimo para sermos abençoados, nós o em busca de esperança 47 fazemos porque reconhecemos que já fomos abençoados! Se você devolve o dízimo e dá ofertas acreditando que por isso será salvo ou ficará rico você está com as intenções completamente equivocadas. Poderíamos citar muitos outros exemplos, mas você já deve ter compreendido que tão importante quanto o que se faz é o porquê se faz. Deus conhece nosso coração e nossas intenções. Não podemos enganar Aquele que sabe de todas as coisas. III. A entrega Quando paramos para analisar a história daqueles dois ladrões crucificados ao lado de Jesus, vemos algo extraordinário. Em Lucas 23:39-43 encontramos a essência do Evangelho. Vemos dois homens e duas reações bem distintas. Ali temos representada a fé e a descrença, o arrependimento sincero e a dureza de coração, a possibilidade de crer em Jesus Cristo ou de rejeitá-Lo. Não encontramos registrado o nome dos malfeitores na Bíblia. Eram pecadores anônimos, conhecidos apenas por sua desgraça e condenação. Em um documento antigo eles são identificados como Dimas e Gestas, respectivamente o “bom” e o “mau” ladrão. No evangelho de Mateus (27:44) e Marcos (15:32) nos é informado que inicialmente ambos zombavam de Jesus. Apenas no relato de Lucas vemos informações adicionais sobre a postura de ambos. Em algum momento houve uma mudança de atitude. Após ter zombado e insultado a Cristo, um dos homens condenados é convencido e convertido. Talvez tenhamos alguém aqui que já zombou de Deus. Que contrariou sua vontade, mas que hoje precisa também ser convencido e transformado por Deus. Ao afirmar “você não teme a Deus” (23:40) ele afirmou crer que Cristo era o filho de Deus. Você crê nisso? Você acredita que Cristo morreu de forma injusta para que eu e você possamos ter direito à vida eterna? Ao fazer isso, ele contrariou a opinião popular. Ele ignorou o que o povo pensava, o que os líderes religiosos diziam, o que as autoridades gritavam e o que seu amigo condenado falava. Você teria esta coragem, de contrariar a multidão? De ir contra o senso comum? De seguir na contramão? No sentido oposto do que os outros pensam? Ao dizer: “a nossa condenação é justa, e por isso estamos recebendo o castigo que nós merecemos por causa das coisas que fizemos; mas ele não fez nada de mau” (23:41), ele confessou a justiça de Cristo, ao mesmo tempo em que reconhecia sua injustiça e miséria. Você teria coragem de confessar a Jesus como o Filho de Deus e seu Salvador? Teria coragem de reconhecer que precisa dEle mais do que qualquer outra coisa? Ao crer em Jesus, contrariar a multidão e confessar sua crença em Jesus como filho de Deus, Dimas confirmou a sua salvação. Mesmo condenado à morte. Mesmo tendo pouco tempo. Mesmo sendo quem era, ele ouviu de Cristo a promessa “em verdade te digo hoje, estarás comigo no paraíso” (Lc 23:43). 48 em busca de esperança Algumas traduções erroneamente trazem a ideia de que o ladrão foi para o céu naquele mesmo dia. Essa ideia não é correta por pelo menos duas razões: em primeiro lugar, os ladrões não morreram naquele dia (Jo 19:31, 32); e, em segundo lugar, Jesus não ascendeu ao céu naquele dia (Jo 20:17). Mas naquele dia, naquele exato instante, aquele ladrão teve a garantia de que estaria um dia no céu! Dimas sabia que a vinda do reino de Deus era algo futuro. Ele pediu “lembra-te de mim quando vieres em teu reino”. CONCLUSÃO Sabe, ao encerrarmos esta semana sobre Esperança nosso desejo é que possamos todos ir para o Céu hoje! Que pudéssemos encontrar com Jesus nesse dia. Infelizmente eu não posso prometer a você isso. Não posso dizer quando Jesus virá. Mas uma coisa eu lhe digo hoje: se você crer em Deus de todo o seu coração, se você estiver disposto a contrariar as tradições e ensinos que talvez tenha aprendido ao longo da vida, mas que de uma forma ou outra contrariam o que a Bíblia ensina, se você confessar Jesus como seu Salvador, por palavras e ações, você pode desfrutar da certeza, hoje, de que muito em breve estaremos com Cristo no Céu. Nesta semana tomamos e reafirmamos muitas decisões. Nesta semana aprendemos sobre a importância de decidir hoje, pois amanhã pode ser tarde. Nesta semana aprendemos que a mais importante escolha da nossa vida é seguir a Jesus e fazer Sua vontade, e se você fizer isso, eu posso lhe afirmar uma coisa: você deixará de ser um pecador anônimo, para se transformar em um salvo reconhecido em todo o universo, pois quando Cristo voltar, Ele vai chamar você pelo nome e vai confessar o seu nome diante de Deus Pai e todos os Seus anjos! (Ap 3:5). APELO Ao transcorrerem os anos da eternidade, virão mais e mais gloriosas revelações de Deus e de Cristo. Assim como o conhecimento é progressivo, também o amor, a admiração e a felicidade. Quanto mais os seres humanos aprendem sobre Deus, mais admiram Seu caráter. Tudo será demais! Pecado e pecadores não mais existirão. O Universo inteiro estará purificado. Uma única sensação de alegria vibrará por toda a vasta criação. Do Criador provém vida, luz e alegria por todos os domínios do espaço infinito. Desde o minúsculo átomo até o maior dos mundos, todas as coisas, animadas e inanimadas, em sua serena beleza e perfeita alegria, declararão que Deus é amor. (Texto adaptado de Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 678). Prepare-se para viver eternamente neste novo Céu e Nova Terra! Quero marcar um encontro com você no primeiro culto que será realizado no Céu. Se você aceita o convite, levante-se e venha aqui à frente, vamos fazer uma oração de entrega e decisão. em busca de esperança 49 50 em busca de esperança