ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO AO CÂNCER DE INTESTINO NURSING ACTIVITY IN PREVENTION OF INTESTINAL CANCER Fernanda Sozzo Saltori ([email protected])¹ Iara Aparecida Ventura ([email protected])¹ Leonardo Leonel dos Santos ([email protected])¹ Taís F. Maimoni Contieri Santana ([email protected])² Jovira Maria Sarraceni ([email protected])3 1. Graduandos em Enfermagem, Unisalesiano Lins, São Paulo (SP), Brasil. 2. Bacharel em Enfermagem, Especialista em Saúde Mental. Mestre e Doutoranda em Enfermagem pela Unesp/Botucatu. São Paulo (SP), Brasil. 3. Bacharel em Administração, Especialista em Desenvolvimento Gerencial, Especialista em Marketing e Recursos Humanos, Mestre em Administração pela Universidade Metodista de Piracicaba. Resumo: O câncer colorretal é considerado a principal causa de morte em todo país desenvolvido segundo a OMS, levantando preocupação em relação a sua alta epidemiologia e diagnóstico tardio. Desta forma esta pesquisa objetiva sensibilizar a população quanto aos fatores de risco e a necessidade de atenção para prevenção do câncer colorretal; aprofundar o conhecimento sobre a temática; divulgar maneiras diversas para prevenção de CA colorretal, envolvendo hábitos alimentares saudáveis. Para tanto utilizou-se como a pesquisa descritiva e exploratória, pautada no método quantitativo comparativo, utilizando como instrumento de coleta de dados a aplicação de um questionário fechado. Os resultados apontaram que após a atividade educativa realizada em forma de palestra, cerca de 90% dos indivíduos envolvidos com a pesquisa apresentaram um ótimo discernimento em relação aos sinais e sintomas, aos exames diagnósticos e aos processos que podem levar ao desenvolvimento de câncer colorretal. Conclui-se a importância da divulgação da educação em saúde não só no âmbito empresarial, mas como para toda à sociedade, educando desde cedo os cidadãos quanto aos cuidados individuais e coletivos de saúde. Descritores: Neoplasias Intestinais. Promoção da Saúde. Conscientização. Abstract: Colorectal cancer is considered the leading cause of death in every country developed according to the WHO, raising concern regarding its high epidemiology and late diagnosis. In this way this research aims to sensitize the population regarding the risk factors and the need of attention for the prevention of colorectal cancer; Deepen the knowledge on the subject; To disclose diverse ways for colorectal CA prevention, involving healthy eating habits. For this purpose it was used as descriptive and exploratory research, based on the comparative quantitative method, using as a data collection instrument the application of a closed questionnaire. The results indicated that after the educational activity carried out in the form of a lecture, about 90% of the individuals involved in the research presented Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP an excellent insight regarding the signs and symptoms, the diagnostic exams and the processes that can lead to the development of colorectal cancer. The importance of the dissemination of health education not only in the corporate sphere, but also in society as a whole, has been educated at an early age by the citizens regarding individual and collective health care. Keywords: Intestinal Neoplasms. Health Promotion. Awareness. Introdução O câncer de intestino (colorretal) é considerado a principal causa de morte em todos os países desenvolvidos, segundo a OMS é uma das doenças malignas comumente diagnosticadas. Segundo a última estimativa mundial, o câncer de cólon e reto configura-se como o terceiro tipo de câncer mais comum entre os homens, com 746 mil casos novos, e o segundo nas mulheres, com 614 mil casos novos. Estimam-se, para 2016, no Brasil, 16.660 casos novos de câncer de cólon e reto em homens e de 17.620 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco estimado de 16,84 casos novos a cada 100 mil homens e 17,10 para cada 100 mil mulheres. Mais da metade dos casos são provenientes de regiões mais desenvolvidas. Os padrões geográficos são bem semelhantes em relação ao sexo, sendo que o sexo masculino apresenta uma maior incidência na maioria das populações. (INCA, 2016) O câncer de colorretal é um grave problema de saúde pública que possui medidas de prevenção primária e secundária. Além disso, dada a sua elevada morbidade, mortalidade e bem conhecida história natural, a disponibilidade de métodos diagnósticos que permitam a detecção precoce desses tumores, ou mesmo de suas lesões precursoras, e a existência de terapias que aumentem a sobrevivência quando utilizadas em fases iniciais, satisfaz os critérios de rastreio estabelecidos pelo Organização Mundial da Saúde. (BRASIL, 2015) Abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto. É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente, quando ainda não se espalhou para outros órgãos. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso. Uma maneira de prevenir o aparecimento dos tumores seria a detecção e a remoção dos pólipos antes de eles se tornarem malignos. (INCA, 2016) Questiona-se, então, se o aumento dos índices de câncer de intestino tem ocorrido devido à falta de orientação e conscientização da população adulta frente a Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP um diagnóstico precoce e a negligencia da enfermagem com seu papel educativo em saúde. Emergem como suposições o fato dos adultos desconhecerem a importância da investigação de lesões e hábitos intestinais que indiquem alerta para o câncer de intestino e até mesmo desconhecerem a doença e os fatores que contribuem para seu elevado índice. E também ao fato dos profissionais de enfermagem não estarem exercendo seu papel educativo de forma contundente na sociedade e principalmente com os grupos de risco. Desta forma torna-se imprescindível que os profissionais de enfermagem estejam engajados na orientação da população quanto aos fatores de risco e detecção precoce de lesões colorretais, para contribuir com um diagnóstico e tratamento em estágio iniciais da doença. Método Trata-se de um estudo exploratório de abordagem quantitativa. A pesquisa atendeu a Resolução 466/12, foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), sob número 1.565.911 em 30 de maio de 2016, realizado com moradores do município de Lins/SP, de ambos os sexos, a partir dos dezoitos anos., utilizando para abordagem o TCLE. O lócus do estudo foi uma empresa frigorífica, participando 50 funcionários, dentre o período de 01 de agosto de 2016 a 16 de setembro de 2016, utilizando como instrumento de coleta de dados um questionário com perguntas fechadas para levantamento do conhecimento do câncer colorretal, versando sobre: conhecimento da doença, causas, sintomas, fatores de risco, presença de sangue nas fezes, riscos de detecção tardia, presença de câncer colorretal na família. De início foi aplicado o questionário para levantar o conhecimento prévio sobre câncer de colorretal e reaplicado o mesmo após uma atividade educativa, para avaliar o que foi apreendido sobre o tema e se esta teve impacto positivo. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP Resultados e Discussão Figura 1 - Sexo Sexo 21 29 Masculino Feminino Fonte: Autores, 2016 Houve uma discreta diferença entre os gêneros da população estudada, sendo mais expressiva a população masculina, este fato fortaleceu a pesquisa pois os homens, segundo o INCA (2016), possuem um estilo de vida predisponente a coloca-los em igual ou maior risco que o grupo feminino visto que estes não apresentam preocupação com a alimentação, atividades físicas ou saúde quando comparados as mulheres. Figura 2 - Estado civil Fonte: Autores, 2016 Os dados revelaram um número maior de pessoas casadas, isto nos instiga a repensar que o fato de estar casado requer maiores atribuições quanto a família, a existência da redução de tempo para o cuidado com a saúde. Oliveira e Fortes (2013), reforça que além da acomodação física e psicológica num estado de vida sedentário, além do estresse diário que levam juntos a hábitos de vida cheios de fatores de risco para o desenvolvimento do câncer colorretal. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP Figura 3 – Etnia Fonte: Autores, 2016 Observou-se que a maior parte dos indivíduos da pesquisa eram de etnia parda ou negra, abre-se a observação, segundo Pinho (2014), de que existe uma relação entre as etnias e o desenvolvimento e tratamento da patologia abordada levando em consideração as diferentes concentrações de vitaminas produzidas pelos organismos de acordo com a concentração de melanina na pele, com enfoque nas vitaminas D e K, estas que estão correlacionadas com a síntese de diversas proteínas e substâncias responsáveis pelo sistema imunológico orgânico. Figura 4 - Escolaridade Fonte: Autores, 2016 Os dados apontam a relação entre baixo grau de instrução e a dificuldade de acesso a informação, estudos de Silva (2016), apontam uma maior dificuldade em reconhecer os sinais e sintomas da doença, quando se tem menos instrução, observando-se que grande parte da população estudada possuía instrução até o ensino médio, apenas. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP Figura 5 - Questão 1 Questionário 1 Questionário 2 Conhecimento sobre câncer de intestino Conhecimento sobre câncer de intestino 0 24 26 50 Sim Sim Não Não Fonte: Autores, 2016 Observa-se que no momento anterior a educação em saúde, mais da metade da população pesquisada não possuía conhecimento sobre o tema abordado mesmo este apresentando grande importância em sua vivência, posteriormente a apresentação, todos os indivíduos afirmavam conhecer o assunto por completo. De acordo com Souza, Pinheiro e Pinheiro (2010) a educação em saúde é um instrumento que possibilita ao enfermeiro um estabelecimento de uma relação com o cliente, no intuito de torná-lo capaz de refletir e perceber-se como um sujeito de transformação sobre sua situação de saúde-doença. Figura 6 - Questão 2 Fonte: Autores, 2016 Quando questionados sobre os fatores que poderiam levar ao desenvolvimento do câncer colorretal, menos da metade dos indivíduos respondeu corretamente à questão, alguns apresentaram dificuldade em entender o princípio do Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP desenvolvimento da patologia acima de tudo, isto também foi constatado em estudos. Após a apresentação educativa, todos os envolvidos responderam corretamente a essa questão, mesmo afirmando outras alternativas em conjunto a correta, demonstrando que absorveram as informações apresentadas da melhor maneira possível. A comparação de gráficos evidencia o desenvolvimento da população ao relacionar de maneira eficaz a alternativa que melhor demonstra fatores que podem levar ao desenvolvimento do câncer colorretal no momento pós apresentação educativa. Zandonai, Sonode e Sawada (2012), faz menção a importância da atividade educativa como transformadora do conhecimento. Figura 7 - Questão 3 Fonte: Autores, 2016 Ao questionar a população pesquisada sobre a relação exames para diagnósticos de câncer colorretal houveram indivíduos que afirmaram que exame de urina e exame de toque poderiam ser utilizados na detecção da patologia, demonstrando o baixo conhecimento da comunidade em relação ao tema abordado, Queiroz e Melo (2016) contribuiu com esta informação em seus estudos enfatizando a falta de conhecimento de indivíduos em relação ao CA colorretal. No momento posterior a apresentação educativa, os indivíduos apresentaram respostas concisas relacionando de maneira efetiva os exames diagnósticos a patologia abordada, demonstrando uma boa absorção apresentadas. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP das informações A comparação de gráficos evidencia o desenvolvimento da população ao relacionar de maneira eficaz os exames diagnósticos que podem levar a detecção, precoce ou não, do câncer colorretal no momento pós apresentação educativa, desvelada também em estudos de Queiroz e Melo (2016). Figura 8 - Questão 4 Questionário 1 Questionário 2 O CA de intestino é previnivel? O CA de intestino é previnivel? 0 11 2 37 Sim Não 50 Não sei informar Sim Não Fonte: Autores, 2016 Na análise comparativa dos gráficos fica em evidência que anteriormente a educação em saúde, muitos indivíduos possuíam dúvidas em relação a possibilidade de prevenção do câncer colorretal, assunto que foi salientado durante a apresentação educativa e bem absorvido ao observar o gráfico posterior a esta atividade, Forno (2012) contribuiu com esta afirmativa. Figura 9 - Questão 5 Questionário 1 Idades nas quais mais ocorrem CA de intestino 4 Acima de 40 anos Idades nas quais mais ocorrem CA de intestino 0 2 9 37 Entre 5 e 13 anos Questionário2 48 Entre 15 e 21 anos Entre 5 e 13 anos Entre 15 e 21 anos Acima de 40 anos Fonte: Autores, 2016 A análise gráfica demonstrou que muitos dos indivíduos possuíam dificuldade em relacionar o fator idade como sendo um fator de risco ao desenvolvimento do câncer colorretal, dificuldade sanada quando observamos a mesma população em Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP um momento posterior a atividade educacional, estudos de Costa (2013) também coadunam com a informação em questão. Figura 10 - Questão 6 Fonte: Autores, 2016 Foi observado certa dificuldade apresentada pela população na interpretação da questão em relação aos sinais e sintomas predisponentes do câncer colorretal, sendo ainda notado que alguns indivíduos afirmaram que nenhuma das alternativas possuía relação com o mesmo. Observou-se em um momento pós atividade educacional que esta dificuldade em relacionar os sinais e sintomas ao câncer colorretal foi sanada com informações precisas sobre o tema e explicações sobre o mesmo, com grande enfoque nesta parte permitindo a melhoria do autocuidado individual e comunitário da população pesquisada. Ao comparar os gráficos fica em evidência o desenvolvimento dos indivíduos da pesquisa quanto a absorção de informações passadas através da educação em saúde, sobre o tema, permitindo a melhor relação entre os sinais e sintomas e o câncer colorretal, Queiroz e Melo (2016) contribui em relação a ao poder transformação da educação em saúde. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP Figura 11 - Questão 7 Questionário 1 Questionário 2 Sangramento anal relacionado a CA coloretal Sangramento anal relacionado a CA coloretal 3 5 21 29 24 Sim Não Às vezes Sim 18 Não Às vezes Fonte: Autores, 2016 A análise gráfica demonstra a dificuldade da população estudada em relacionar o sangramento anal ao câncer colorretal, um dos sinais marcadores da patologia, Souza (2016) desvelou esta mesma dificuldade em seus estudos. Figura 12 - Questão 8 Fonte: Autores, 2016 Analisa-se neste gráfico o conhecimento dos indivíduos em relação aos sinais que podem ser precursores do câncer colorretal, observando a dificuldade dos indivíduos em interpretar as alternativas e relaciona-las com a patologia. Observa-se então que em um momento após a educação em saúde, os indivíduos tiveram maior facilidade em compreender o que cada item representava possibilitando assim que estes conseguissem relacionar da melhor maneira Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP A comparação dos gráficos evidencia o desenvolvimento intelectual dos indivíduos que responderam melhor a questão após a atividade educativa, sendo reforçada esta informação em estudos de Zandonai, Sonode e Sawada (2012). Figura 13 - Questão 9 Questionário 1 Já obteve informações algum conhecimento sobre o assunto? Questionário 2 Já obteve informações algum conhecimento sobre o assunto? 0 9 50 41 Sim Sim Não Não Fonte: Autores, 2016 Observou-se, como Gomes et al (2014), que os indivíduos compreendiam a atividade educativa como sendo um método de obtenção de conhecimento, o qual facilitou a interação equipe-indivíduos de pesquisa, pois os mesmos demonstraram grande interesse no tema abordado, além de questionar sobre assuntos de saúde variados que foram esclarecidos no mesmo momento. Figura 14 - Questão 10 Questionário 1 Você ou alguém da sua família tem ou teve CA de intestino? Questionário 2 Você ou alguém da sua família tem ou teve CA de intestino? 6 2 5 3 42 Sim Não Não sei informar 42 Sim Não Não sei informar Fonte: Autores, 2016 Como pode-se observar o desenvolvimento intelectual pessoal dos indivíduos relacionados a pesquisa após a apresentação da educação continuada sobre saúde vê-se que a produção e os resultados trouxeram benefícios de forma inovadora e descontraída, aproximando realidades de educação continuada em saúde. Segundo Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP Gomes et al (2014) esta é uma estratégia que possui práticas que consolidam o conhecimento e uma troca de saberes da equipe com a comunidade, sendo um diálogo entre a formação e o trabalho. Conclusões De acordo com o desenvolvimento da pesquisa, notou-se que, em média 80% da população alvo das entrevistas possuíam baixo ou nenhum conhecimento sobre o tema abordado mesmo este sendo de alta importância. Apresentaram-se, também, problemas na interpretação das perguntas e na diferenciação dos tipos de neoplasias que podem ser originadas no organismo humano. Dada as circunstâncias, houve grande evolução intelectual ao analisar-se as respostas do mesmo questionário em um momento pós apresentação de educação em saúde, onde cerca de 90% dos indivíduos envolvidos com a pesquisa apresentaram um ótimo discernimento em relação aos sinais e sintomas, aos exames diagnósticos e aos processos que podem levar ao desenvolvimento de câncer colorretal. Observando o expressivo número de indivíduos que possuíam ensino fundamental e médio completos e incompletos e relacionando a absorção e busca por informações passadas pela equipe do projeto sobre o tema abordado e outros assuntos em saúde, observa-se que a implementação de educação em saúde no meio escolar poderia elevar os índices de prevenção relacionados a diversas patologias vendo que as pessoas buscam informação sempre que possível, mas a escassez de tempo na vida cotidiana inviabiliza tal tarefa. Referências COSTA, R. N. P., SILVA, R. R. Caracterização Epidemiológica de Pacientes com diagnóstico de Câncer Colorretal: uma revisão bibliográfica. São Luis: Universidade federal do Maranhão. Maranhão, 2013. Disponível em: <https://monografias.ufma.br/jspui/handle/123456789/362> Acesso em: 24 set. 2016 FORNO, S. E. A., POÇAS, F. C., SANTOS, M. E. G. D. O cancro colorretal e o rastreio: conhecimentos e atitudes dos portuenses. GE Jornal Português de Gastrenterologia, 19(3), 118-125. 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