GEOGRAFIA E ENSINO: A LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE MAPAS COMO INSTRUMENTO DE ESTUDOS EM ESCOLAS BÁSICAS DE MONTES CLAROS - MG RACHEL INÊZ CASTRO DE OLIVEIRA DOUTORANDA EM GEOGRAFIA PELA PUC-MG, BOLSISTA DA FAPEMIG, PROF.ª DO DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS /UNIMONTES - [email protected] MÔNICA OLIVEIRA ALVES ACADÊMICA DO CURSO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS /UNIMONTES - [email protected] DAYANE SOARES RUAS ACADÊMICA DO CURSO DE GEOGRAFIA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS /UNIMONTES – [email protected] RESUMO Diante da importância da Cartografia e das dificuldades de compreensão dos mapas pelos estudantes da Escola Básica, foi proposto ao Fórum Biotemas, realizado pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), o minicurso “Desvende o enigma dos mapas”. O Fórum Biotemas visa promover a integração das ações da Universidade junto à Educação Básica, articulando atividades de ensino, pesquisa e extensão, tendo em vista a democratização do conhecimento acadêmico e a participação efetiva da sociedade no contexto da Universidade. O presente trabalho apresenta os resultados obtidos a partir do desenvolvimento do minicurso, que teve como objetivo demonstrar ao estudante que a ciência cartográfica pode ser útil não apenas nas aulas de Geografia, mas também no cotidiano, uma vez que saber ler os mapas e utilizá-los contribui para a formação de um cidadão crítico e independente. PALAVRAS-CHAVE: Ensino; Geografia; Mapas. INTRODUÇÃO A Cartografia é uma ciência que tem como objeto de estudo os mapas, como afirma Martinelli (1998). Logo, é responsável pela elaboração e interpretação dos mesmos. De acordo com Duarte (2002), ela vem desde a pré-história, onde os povos primitivos começaram a traçar os primeiros mapas, que eram produzidos sem muita precisão, mas auxiliavam aos viajantes daquela época em suas jornadas. Porém, como outras ciências, a Cartografia acompanhou o processo de civilização. Segundo Fitz (2000), no decorrer dos tempos, a Cartografia experimentou diferentes utilizações devido suas diversas aplicabilidades. Atualmente, conta com modernos equipamentos como computadores de última geração e informações enviadas por satélites, o que facilita o trabalho do geógrafo. Todavia, é na escola que o indivíduo deve aprender a utilizar os mapas para que possa compreender a dinâmica do espaço, tanto local como global. Conforme Almeida e Passini (2005), a leitura do espaço indicado pela Geografia escolar, pode ser um dos instrumentos de efetivação do ensino e da aprendizagem eficaz para a formação do sujeito numa perceptiva critica, reflexiva e autônoma, bem como o exercício para a cidadania. Nesse contexto, os mapas constituem um instrumento de fundamental importância no ensino da Cartografia, pois auxiliam o estudante a compreender as transformações que ocorrem no mundo e permitem que o cidadão usufrua do seu direito de “ir e vir”, além de ser uma excelente fonte de pesquisa para os trabalhos escolares. MATERIAL E MÉTODOS O minicurso foi ministrado para os estudantes do ensino fundamental II (6º, 7º, 8º e 9º ano) da Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro e Escola Estadual Professora Dulce Sarmento, Montes Claros/MG. Inicialmente, abordou-se o conceito de Cartografia fazendo um resgaste histórico desde a Antiguidade até os dias atuais. Também foram trabalhados os conceitos dos elementos essenciais de um mapa – título, escala, legenda, orientação, localização, fonte e data – e das variáveis visuais – cor e formas. Os grupos receberam cópias dos mapas Brasil Densidade Demográfica (2007), Brasil Endemias (2000), Brasil Vegetação - Cobertura atual e Brasil Retração da Vegetação Nativa (1950-2000), todos encontrados no site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), além do Atlas Geográfico. Foi pedido aos estudantes que comparassem as informações contidas nestes mapas e que tentassem estabelecer relações de um com os outros. Neste momento, os estudantes foram instigados a refletirem sobre questões como: Por que existe uma grande concentração populacional em quase toda a faixa litorânea brasileira?; A malária é uma doença endêmica característica de qual região do Brasil e por quê?; Qual é o bioma brasileiro que ainda permanece preservado? Outro aspecto trabalhado foi a contribuição que os mapas dão às pesquisas escolares. Em seguida, foi realizada a atividade prática onde se sugeriu aos estudantes que representassem as informações contidas nos mapas relacionando-as na elaboração de um croqui. Foi distribuído para cada grupo de estudantes uma cópia do mapa da atual divisão política do Brasil, uma folha de papel vegetal tamanho A4, lápis de cor, lápis preto nº 2 e borracha. O croqui deveria ser elaborado sobre o papel vegetal, tendo o mapa do Brasil Político como base. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os estudantes envolvidos demonstraram espontaneidade e interesse pela aula. Entenderam a importância da Cartografia para o cotidiano, bem como a contribuição dos mapas para suas atividades escolares. Compreenderam as informações contidas nos mapas e conseguiram relacioná-las, apresentando conclusões como “A área do Brasil onde houve maior devastação da vegetação nativa corresponde à área mais antropizada” ou “A maior parte do território brasileiro é pouco povoado e pouco populoso”, e ainda “A malária é uma doença típica da região Amazônica, onde o clima é quente e úmido, favorável à proliferação de mosquitos”. Também foram capazes de produzir o croqui solicitado utilizando os elementos fundamentais do mapa fazendo legendas criativas para representarem as informações. CONSIDERAÇÕES FINAIS A leitura e interpretação de mapas embasam o estudo dos fenômenos físicos e sociais que ocorrem no mundo e ampliam as possibilidades dos estudantes compreenderem como estes fenômenos transformam o espaço geográfico. A pesquisa demonstrou que a Geografia deve estabelecer sempre o vínculo entre teoria e prática na busca de maior interesse do estudante para com a disciplina e, como consequência, melhorar o resultado do processo ensino-aprendizagem. REFERÊNCIAS ALMEIDA, R. D. de; PASSINI, Elza Y. O espaço geográfico ensino e representação. São Paulo: contexto, 2000. (Coleção Repensando o Ensino). p.10-20. DUARTE, Paulo Araújo. Cartografia Básica. Florianópolis: UFSC, 2002.p.19 -30. FERREIRA, G. M. L; MARTINELLI, M. Moderno Atlas geográfico. 4ª ed. São Paulo: Editora Moderna. 2003. FITZ, Paulo Roberto. Cartografia Básica. Canoas: La Salle, 2000. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Atlas Geográfico Escolar. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/atlasescolar/mapas_brasil.shtm>. Acesso em 08 Nov. 2011. MARTINELLI, Marcelo. Gráficos e mapas: Construa-os você mesmo. São Paulo: Moderna, 1998.