Fórmula única - Hospital São Luiz

Propaganda
Canse contra o câncer Duas horas e meia de exercício por semana ajudam a combater a doença
SOS na UTI O que está sendo feito contra a sepse, que mata 240 mil ao ano no Brasil
n º 1 | o u t u b ro - d ezembro | 2011
Fórmula única
Equipe e aparelhagem da Rede D’Or São Luiz
no GP Brasil são as mesmas oferecidas aos pacientes
Job: 17999-002 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 17999-002-AFW-HSL-An Sempre Mater Inst. 20.2X26.6-1_pag001.pdf
Registro: 56039 -- Data: 12:52:26 11/11/2011
carta ao leitor
V
ocê está recebendo a primeira edição da revista da Rede D’Or São
Luiz, a SuaSaúde. Essa publicação nasceu da união entre as diversas publicações do grupo
a seus clientes: Sua Saúde (do Rio de Janeiro), DNA São Luiz (de São Paulo) e Vide Bula (de
Santo André). Hoje, a Rede D’Or São Luiz é a maior operadora de hospitais privados do Brasil, atuando com 21 unidades, aproximadamente 3 mil leitos, 20 mil funcionários e fazendo
5 milhões de atendimentos ao ano. Por isso, são 60 mil exemplares da SuaSaúde circulando
nas localidades onde o grupo está presente, ou seja, pela região metropolitana do Rio de Janeiro, pela cidade de São Paulo, pelo ABC Paulista e pelas cidades pernambucanas de Recife
e Olinda (veja a relação detalhada na página 56).
Essa ampla estrutura hospitalar e a sinergia entre as unidades se refletem em cada seção desta nova revista. Na matéria especial, é destaque a atuação da equipe
do São Luiz, hospital oficial do GP Brasil de Fórmula 1 há 11 anos, em Interlagos,
mas também fora das pistas, nos pronto-socorros de suas três unidades durante
todos os 365 dias do ano. Em medicina avançada, você verá pesquisas na área
de medicina intensiva do Instituto D’Or (IDOR), centro de ensino e estudos da
Rede, para realizar exames capazes de dar agilidade ao tratamento da sepse, a
principal causa de morte nas UTIs brasileiras.
Em coma bem, conheça os benefícios do caju, fruta típica do Nordeste. Em
primeiros cuidados, profissionais das Maternidades Brasil e São Luiz, referências
em suas regiões de atuação, falam sobre as principais dificuldades de amamentação.
Além disso, na seção acontece na rede, veja as principais notícias e os investimentos
em diferentes hospitais.
Esses são exemplos de como as diversas marcas podem se completar e unir informações
de qualidade – sempre com didatismo e precisão – aos leitores da SuaSaúde, tomando a saúde não apenas como ausência de doenças, mas como “estado de completo bem-estar físico,
mental e social”, segundo definição da Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso significa
que as reportagens têm foco também em qualidade de vida, bem-estar e lazer.
Boa leitura!
Esta
primeira
edição de SuaSaúde
nasce da união entre os 21
hospitais da Rede D’Or São
Luiz. São 60 mil exemplares
circulando nas regiões
em que o grupo
atua
A Redação
Expediente
SuaSaúde é uma publicação trimestral desenvolvida pela PrimaPagina e pela BuonoDisegno, sob coordenação da Diretoria de Marketing da Rede D’Or
São Luiz • Diretoria de Marketing Claudio Tonello, George Maeda, Vera Martins, Alexandre Volcian, Débora Rodrigues e Nereida Cavalcanti • Presidente
do Conselho Editorial Ruy Bevilacqua • Conselho Editorial Jorge Moll, José Roberto Guersola, Claudio Tonello, Alexandre Loback, Jorge Moll Neto, João
Pantoja, Lucio Auler, Rodrigo Gavina, Newton Takashima e Luiz Dellanegra.
Produção e edição PrimaPagina (www.primapagina.com.br), rua Jesuíno Arruda, 797, 10° andar, CEP 04532-082, São Paulo, SP, tel. (11) 3512-2100,
fax (11) 3512-2105 / e-mail: [email protected] • Equipe editorial Ricardo Meirelles e Bernardo Ramos (editores), Bruno Meirelles,
Amanda Rossi e Paula Montefusco • Projeto gráfico e diagramação BuonoDisegno (www.buonodisegno.com.br), tel. (11) 3512-2122 • Arte Renata Buono,
Luciana Sugino, Renata Lauletta, Isabela Berger e Pedro Muraki • Tratamento de imagem Inovater • Impressão Gráfica Eskenazi • Editor responsável
José Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88) • Foto Capa Hoch Zwei/Vodafone McLaren Mercedes
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 1
sumário
2 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
40
diagnóstico
O obstetra que
introduziu a
laparoscopia
ginecológica e o
parto humanizado
no Brasil
06
10
16
22
30
36
44
50
acontece
na rede
Saiba o que há
de novo nos
hospitais da
Rede D’Or
São Luiz
medicina
avançada
Como deter a
doença que mais
mata nas UTIs
brasileiras
viver bem
Pesquisas
mostram que
“corrida contra
o câncer” não é
uma metáfora
Fórmula 1
Grande Prêmio
do Brasil só
tem uma vez
ao ano. Mas o
atendimento
médico tem
todo dia
primeiros
cuidados
Amamentação
tem de começar
o mais cedo
possível e
terminar o mais
tarde possível
planeta
saudável
Se a conferência
Rio+20 é sobre
meio ambiente,
por que terá
profissionais
de saúde?
coma bem
No caju, o
formato e o sabor
são estranhos,
mas os benefícios
são conhecidos
rodando por aí
Em Edimburgo,
que sedia
conferência sobre
tuberculose,
dispense o carro e
faça tudo a pé
56
unidades e
médicos
Os hospitais
da Rede D’Or
São Luiz e os
profissionais que
contribuíram
nesta edição
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 3
Acontece na rede
rede D’Or São Luiz
Primeiras dicas
Parceria com Fleury
Ajuda para uma vida completamente nova. Com esse
intuito, o Hospital São Luiz criou o DVD “Maternidade
Ativa”, com duração de 1h20 e dicas básicas para os
cuidados com o recém-nascido. O produto será entregue
a todas as mães no momento da alta. “Podemos orientar os pais em casa sobre como cuidar dos seus filhos”,
afirma a coordenadora da Maternidade do Hospital São
Luiz, unidade Itaim, Márcia Maria da Costa.
Hospital
e maternidade assunção
Pronto-socorro
para mais pessoas
Com o objetivo de aumentar o número de atendimentos, o Hospital
e Maternidade Assunção, em São
Bernardo do Campo (SP), está reformando o pronto-socorro. Hoje, a
área atende cerca de 10 mil pessoas por mês. A meta é chegar a 20
mil. A reestruturação inclui troca
de equipamentos, modernização do
centro cirúrgico, do conforto médico
e ampliação da UTI. Além disso, o
hospital pretende reforçar o conceito de atendimento humanizado e
instalar um modelo rápido de diagnóstico e tratamento do paciente.
O investimento é de R$ 10 milhões.
hospital RIOS D’Or
Com base científica
hospital esperança
Mais estrutura e tecnologia
O Hospital Esperança, no Recife, reestruturou sua emergência, com um atendimento seguro e mais ágil, investimento em reciclagem dos profissionais, aquisição
de equipamentos de ponta e ampliação da infraestrutura. Além disso, tem novos
aparelhos de ressonância magnética de alto campo, tomografia de 64 canais e
hemodinâmica (foto). Outras novidades são a sala de trauma, o atendimento cardiológico e um espaço exclusivo para pediatria com sala de espera, consultórios
e leitos personalizados.
O hospital está implantando protocolos clínicos e classificação de riscos no atendimento. Além de sete especialidades de plantão e profissionais de sobreaviso, o
paciente conta com assistência integral de uma equipe multidisciplinar, a mais
completa do estado na rede privada.
O Esperança também adquiriu um equipamento radiológico para geração de imagem digital para diagnóstico e intervenção em doenças cardiovasculares. Fruto de
investimento de R$ 2 milhões, o novo equipamento é único no Recife.
hospital Norte D’Or
Fotos Divulgação
Mais conveniência
O Hospital Norte D’Or, inaugurado em janeiro em Cascadura, na zona norte do
Rio, passa a atender os planos de saúde Bradesco, Golden Cross, Eletronuclear e
Sulamérica. Com as novas bandeiras, o local, que já contava com a Unimed, tornase uma das mais importantes referências de atendimento da região.
6 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Reprodução
hospital e maternidade São Luiz
O Centro Cirúrgico do Hospital Rios D’Or, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio),
recebeu a Certificação Diamante, classificação que reconhece publicamente as
instituições de saúde pautadas em práticas e evidências científicas e/ou consensos profissionais. O prêmio foi concedido pela 3M do Brasil. O hospital é o
primeiro da cidade a adquirir a certificação.
A Rede D’Or São Luiz e o grupo
Fleury Medicina e Saúde firmaram
um acordo. O Lab’s Dor, unidade
diagnóstica da rede, presente no
Rio de Janeiro e em Pernambuco,
foi incorporado às atividades do
Fleury, que coordenará as análises laboratoriais e os serviços de
imagem feitos nos hospitais do
grupo. A parceria se estende à
regional São Paulo, nas unidades
do São Luiz, e aos hospitais Brasil,
em Santo André (SP), e Assunção,
São Bernardo do Campo (SP).
hospital e maternidade
São Luiz Anália Franco
Atendimento
rápido e eficaz
A Rede D’Or São Luiz adotou o sistema SmartTrack na unidade Anália
Franco, em São Paulo, para agilizar
o atendimento de emergência. O
primeiro atendimento e a triagem
são feitos por uma equipe multiprofissional, de forma a classificar
o quadro do paciente como simples, dependente de uma avaliação
mais profunda ou emergência. Os
resultados iniciais apontam que o
socorro a casos menos graves caiu
para 50 minutos (a recomendação
internacional é até 90 min.). “Além
de manter um excelente nível para
os pacientes graves, conseguimos
oferecer atendimento em tempo
menor”, diz o diretor-geral da rede, Rodrigo Gavina. Nos próximos
meses, o sistema será adotado em
outras unidades.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 7
Acontece na rede
REVISTA
SuaSaúde no iPad
hospital prontolinda
Reprodução
A revista SuaSaúde também está no iPad. Ela traz duas seções extras – “macro”
e “vida em números” –, gráficos interativos, galerias de fotos e vídeos. “É um ganho da nova revista, que trouxe uma ferramenta disponível desde o começo do
ano para a antiga revista do São Luiz”, diz Claudio Tonello, diretor corporativo de
Marketing do grupo. Para fazer o download, entre na App Store e digite “Rede
D’Or São Luiz” ou “Revista SuaSaúde” na busca. Toque sobre o ícone e, ao abrir
a nova página, sobre o retângulo em que está escrito “Free”. O aplicativo será
instalado em seu iPad. Abra o aplicativo e toque na capa da edição que quiser ler.
Programa de gestão
hospital QUINTA D’Or
Transplante de rim
O Hospital Quinta D’Or fez o primeiro transplante de rim da Rede. O procedimento foi realizado pela Unidade de Transplante Renal, fruto de uma parceria com o governo do Rio de Janeiro, envolvendo a criação
de um cadastro único de pacientes. A meta é fazer 50 transplantes por ano.
centro de oncologia
Fotos Divulgação
Combate ao câncer
hospital COPA D’Or
Emergência infantil
Espaço maior, exclusivo e moderno. Profissionais de diversas áreas prestam e agilizam o primeiro atendimento. Assim é a nova emergência pediátrica do Hospital
Copa D’Or, inaugurada recentemente na zona sul do Rio de Janeiro. A unidade
também conta com uma área destinada a internações, em andar exclusivo e com
a estrutura hospitalar necessária, tudo interligado ao serviço de emergência.
8 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
A Rede inaugurou, recentemente,
o Centro de Oncologia, anexo ao
Hospital Quinta D’Or, na zona norte
do Rio, para atender, apenas em
radioterapia, 70 pacientes por dia.
Um dos destaques é o aparelho
de radiocirurgia Novalis, que faz
procedimentos guiados por imagem 3D para o combate a tumores
iniciais e metástases. Ele permite
que o paciente, muitas vezes, volte
às atividades normais no mesmo
dia. “Trouxemos ao Rio a opção
médica mais avançada para que
a população não precise sair do
estado em busca de um tratamento
eficaz”, afirma o coordenador de
radioterapia, Felipe Erlich.
HOSPITAL E MATERNIDADE BRASIL
Novas áreas no Hospital Brasil
Pronto-socorro infantil, consultórios de ortopedia, posto de coleta de análises
clínicas e ambulatório de psiquiatria e cirurgia plástica já estão à disposição dos
pacientes no Hospital e Maternidade Brasil, em Santo André. O investimento foi
de R$ 10 milhões.
O Hospital Prontolinda, fundado em
1980 em Olinda (PE), prepara-se
para obter o selo da Organização
Nacional da Acreditação (ONA),
que avalia a qualidade do serviço de
instituições de saúde. Como parte
do processo, o hospital está otimizando atendimento e tratamento
e adotando programas avançados
de gestão. Um deles é o Epimed
Monitor, voltado a UTIs. “Por meio
dele, posso avaliar se o protocolo
usado está causando o impacto
planejado. Permite otimizar atitudes e equipamentos em função da
necessidade”, afirma o diretor médico do hospital, Gutemberg Guerra.
Outro é o UpToDate, ferramenta
que contém dados da literatura médica para consultas rápidas sobre
quase todas as doenças. “Se você
está acompanhando um paciente com uma doença rara, dá para
se atualizar sobre os tratamentos
mais modernos. Você encontra a
sinopse dos achados mais recentes,
com artigos escritos pelas autoridades máximas em cada assunto”,
diz Guerra.
Hospital Israelita
Sabin modernizado
Associado da Rede desde 2007, o Hospital lsraelita, na Tijuca (zona norte do
Rio de Janeiro), acaba de ampliar e modernizar a unidade. Com R$ 12 milhões
investidos, a reforma triplicou o número de leitos e quadruplicou o volume de cirurgias. O objetivo agora é aumentar o número de atendimentos na emergência.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 9
medicina avançada por Verônica Couto
Sebastian Kaulitzki/Shutterstock
Quanto
antes,
melhor
O diagnóstico rápido é a
principal medida contra a sepse,
maior causa de morte em UTIs.
Mas métodos usados com
sucesso em cobaias indicam
novos caminhos para deter o
avanço da doença
10 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 11
Sebastian Kaulitzki/Shutterstock
O
s sinais nem sempre são bastante claros, ao contrário. Podem confundir ou passar despercebidos, num
engano que, às vezes, se torna fatal. Isso porque, na sepse, principal
causa de morte em unidades de terapia intensiva (UTIs), reagir rápido é tudo. No Brasil, cerca de 60% dos pacientes que contraem a
enfermidade morrem – 240 mil óbitos em 400 mil novos casos por
ano, uma média bem superior à mundial, que varia de 30% a 40%,
segundo estimativas do Instituto Latino-Americano de Sepse (Ilas).
“A alta mortalidade brasileira se explica tanto pelo tratamento inadequado quanto pelo diagnóstico atrasado”, afirma a presidente da
entidade, Flavia Machado, chefe do setor de Terapia Intensiva da
Escola Paulista de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
“Os profissionais de saúde, por vezes, não associam os sintomas de
disfunção orgânica com a hipótese diagnóstica de sepse.”
Durante muitos anos, os termos septicemia, síndrome séptica,
bacteremia e sepse foram usados como sinônimos. Porém, especialistas observaram que a ausência de um conceito
único provocava disparidades nos dados epidemiológicos, conta o médico Fernando Bozza,
coordenador da área de medicina intensiva
do Instituto D’Or (instituição de pesquisa
científica e ensino da Rede D’Or) e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na área de imunologia e de terapia
intensiva. Por isso, em 1992, os termos
foram consolidados em torno da definição
de sepse, ou Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica a uma infecção.
A doença é uma inflamação que ocorre como
resposta à presença de um agente infeccioso no organismo – uma bactéria, um vírus, um fungo. Nas formas mais graves,
afirma Flavia, resulta no funcionamento inadequado dos órgãos
atingidos pela inflamação. O paciente pode ter falta de ar, febre,
pressão baixa, diminuição da diurese, rebaixamento do nível de
consciência e aumento da quantidade de leucócitos no sangue.
Um estudo epidemiológico do Ilas feito no Brasil estima que 17% dos
leitos de terapia intensiva estão ocupados com pacientes sépticos. O
principal foco, em 60% dos casos, é a pneumonia. Mas ela pode se dar
em qualquer infecção. Segundo Fernando Bozza, a sepse gera gastos
de R$ 17,34 bilhões ao ano no Brasil com internação e tratamento. “É
A
enfermidade
um problema clínico
é causada por uma
de alta relevância deresposta do organismo a vido à sua crescente
custo e
um agente infeccioso. A reação incidência,
frequente letalidafoge ao controle e produz de”, adverte.
O médico diz que
inflamação em diferentes a sepse
não acontece
partes do corpo
por um “espalhamento
12 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
da infecção”, como indica
o senso comum. O organismo
é que, atacado, reage sem controle, produzindo inflamações em diferentes partes do
corpo. Por exemplo, no caso da pneumonia,
a resposta que devia estar restrita ao pulmão
– com os leucócitos (o sistema de defesa)
tentando controlar a infecção –, acontece
de forma excessiva e desregulada.
“A inflamação associada à sepse envolve a ativação dos sistemas imunológico e
neuroendócrino”, afirma Bozza. A resposta
A sepse não é provocada pela disseminação de uma infecção causada por vírus, bactéria ou fungo. Ela é causada por uma reação descontrolada do próprio corpo
às toxinas bacterianas ocorre tanto com a
produção de mediadores pró-inflamatórios
(compostos que agravam aspectos da inflamação, incluindo citocinas, radicais do oxigênio e mediadores lipídicos) quanto com
a produção de hormônios de estresse. “O
excesso na produção de citocinas ativa o
sistema de coagulação e o dano vascular.”
A forma mais severa é o choque séptico, em
que há sepse grave e pressão baixa, e o organismo não responde à administração de
líquidos. É preciso, então, entrar com medicação para manter a pressão da pessoa
em níveis satisfatórios.
tratamentos Em geral, essa reação
se desencadeia de forma irreversível, diz o
coordenador de medicina intensiva do Instituto D’Or, porque não se valoriza o tratamento – administração de antibióticos e
reposição de líquidos – logo nas primeiras
horas. “Muitas pessoas não têm ideia de que
a pneumonia pode ser um fator de risco grave
para a sepse, especialmente para crianças e
idosos”, afirma Bozza. “O que faz muita diferença para a sobrevida é um tratamento
precoce. Ou seja, é preciso garantir o acesso
a unidades de saúde.”
Entre os exames importantes para o tratamento estão as hemoculturas (usadas para
verificar se há bactérias ou fungos no sangue).
Não é medida para o primeiro momento –
quando os sintomas básicos devem bastar
para despertar a atenção do profissional de
saúde –, até porque levam de 24 a 72 horas
para ficarem prontas. Depois, no entanto,
são fundamentais para ajustar os antibióticos à terapia. “O tratamento começa com
um medicamento de amplo espectro, que
será readequado conforme os resultados
obtidos”, afirma o pesquisador.
Outro exame citado por Bozza envolve a
proteína C-reativa titulada (PCRT), que indica se a pessoa está respondendo ou não ao
antibiótico. “Os pacientes que reagem bem
à terapia têm uma queda da PCRT logo nos
primeiros três dias. Se a proteína se mantém
em níveis elevados, é sinal de que o organismo continua respondendo de forma excessiva.” Com o mesmo objetivo, a procalcitonina também é um biomarcador alternativo.
De um modo geral, o tratamento para a
sepse, na atualidade, baseia-se em medidas
de suporte de vida e antibióticos. Em laboratório, contudo, Bozza destaca que já há
experiências que buscam o fortalecimento
dos tecidos vasculares, de modo a dificultar
o vazamento das bactérias. São estratégias
específicas voltadas para a modulação da
resposta inflamatória ou da proteção do tecido, ainda em estágio experimental.
O grupo de pesquisa do médico do Instituto
D’Or, por exemplo, fez um estudo mostranSuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 13
Sebastian Kaulitzki/Shutterstock
Em 60% dos casos, o problema se desenvolve a partir de uma reação contra pneumonia. Na maioria das vezes, o paciente morre – no Brasil, são 240 mil óbitos por ano
do que algumas moléculas são capazes de
reduzir a permeabilidade vascular, controlando o vazamento de líquido e a migração
dos leucócitos para fora do vaso, na direção
dos tecidos. Uma das características do paciente de sepse é que, nele, os vasos se dilatam e os poros entre as células se ampliam.
O trabalho busca novas formas de controlar essa permeabilidade vascular, com moléculas que são injetadas na área atingida
para aumentar a quantidade de
proteínas que mantêm as
células ligadas entre si.
“Assim, são capazes de
aumentar a sobrevida em animais com
sepse e influenza.”
Um estudo recentemente publicado
na revista científica
Science Translacional
Medicine, feito por ame-
ricanos e brasileiros, aponta, pela primeira
vez, que a modulação de uma via que controla
a permeabilidade vascular, sem afetar diretamente a resposta inflamatória, poderá ser
uma potente estratégia para o tratamento de
pacientes com sepse e influenza. Os autores
utilizaram um pequeno composto chamado Slit 2, agonista (nome dado a uma substância química que se liga em um receptor
e o ativa) do receptor Robo 4, que foi capaz
de aumentar a disponibilidade
de proteínas que mantém
o endotélio vascular (a
camada celular interna
dosvasossanguíneos).
Com isso, impede o
aumento de permeabilidade vascular
induzida pela sepse e
pela influenza, estabilizando e protegendo os
vasos, e reduzindo a mor-
Nos
pacientes de
sepse, os poros entre as
células aumentam. As novas
técnicas usam moléculas que
diminuem essa porosidade
para frear o avanço
da doença
14 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
talidade dos animais com sepse. “Embora
os achados sejam promissores, um longo
caminho ainda deve ser trilhado até sua utilização na prática clínica”, diz Bozza.
Por enquanto, algumas melhorias surgem
com a disseminação das diretrizes para o
tratamento adequado da sepse, elaboradas
pelo movimento conhecido como Surviving
Sepsis Campaign (Campanha Sobrevivendo
à Sepse), diz Flávia, do Ilas. As principais
são medidas que devem ser adotadas nas
primeiras horas do diagnóstico. “Talvez
a mais importante, para tentar reduzir a
mortalidade brasileira, seja o treinamento da equipe de saúde.” Esse é justamente
o objetivo de um projeto em que o Ilas está
envolvido, chamado “Brasil Contra a Sepse”,
uma parceria entre o Ministério da Saúde,
a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) e a Organização Panamericana de
Saúde (Opas), para formar pessoal em 180
instituições de ensino. salsanova
Rede D’Or de Hospitais:
Chegamos para somar.
A Rede D’Or é a maior rede privada
de hospitais do País. Ela chegou
para somar investimentos em
tecnologia e experiência profissional
também no ABC. Fazem parte
do grupo o Hospital e Maternidade
Brasil, de Santo André, e o Hospital
e Maternidade Assunção, de
São Bernardo do Campo, junto
com o futuro Hospital São Luiz,
de São Caetano do Sul.
Hospital e Maternidade Brasil
Hospital e Maternidade Assunção
Hospital São Luiz
www.hospitalassuncao.com.br
an_20,2x26,6cm.indd 1
www.hospitalbrasil.com.br
www.saoluiz.com.br
www.rededor.com.br
11/11/11 5:06 PM
Malhe
o câncer
Fazer duas horas e meia de exercício por semana ajuda na
prevenção e no tratamento da doença
16 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Photokup/Shutterstock
viver bem por Manuel Alves Filho
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 17
Sergey Peterman/Shutterstock
A
nualmente, 12,7 milhões de pessoas são diagnosticadas com algum tipo de câncer no mundo e 7,6
milhões morrem por causa da doença. No Brasil, até o final de
2011 terão sido registrados 500 mil novos casos e cerca de 120
mil mortes a elas relacionadas, conforme projeções baseadas em
dados de 2008, os últimos consolidados. Tais números, e os consequentes impactos sociais e econômicos, poderiam ser reduzidos
com a adoção de medidas preventivas. Uma delas, ainda pouco
difundida como método de precaução contra a enfermidade, é a
prática sistemática de exercícios físicos.
De acordo com as Recomendações Mundiais sobre Atividades
Físicas, documento divulgado neste ano pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 25% dos casos de câncer de mama e
cólon poderiam ser evitados se os pacientes se exercitassem pelo
menos duas horas e meia por semana. “As pessoas já entenderam
e estão assimilando que a prática rotineira de exercícios físicos
ajuda a prevenir o aparecimento de doenças cardiovasculares e
do diabetes, por exemplo. Entretanto, desconhecem que o mesmo
princípio vale para o câncer”, afirma o oncologista André Deeke
Sasse, coordenador do Centro de Evidências em Oncologia da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “Existem vários estudos científicos que comprovam
que as pessoas que praticam exercícios físicos
regularmente apresentam menor incidência
de neoplasias. Em relação ao tratamento,
mesmo pacientes com câncer em estágio
avançado e incurável se beneficiam dessas atividades.”
Mas como a prática regular de exercícios
contribui para o combate à doença? Ainda
não se sabe exatamente. “Possivelmente, a
proposta global de levar uma vida mais saudável seja protetora. Normalmente, quem faz exercício físico não fuma e come menos carne e gorduras
animais”, arrisca Sasse.
Para o educador físico Acauã Vida Spinola, mestrando pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo
O peso
da obesidade
Para quem já está com câncer, o American College
Um
em cada quatro
(USP) e autor de articasos de câncer de
go científico sobre o
mama e de cólon poderia tema, o que ocorre é
que a atividade reguser evitado se os pacientes se larinduzadaptações
exercitassem regularmente, metabólicas que se
na redução
aponta um documento darefletem
massa adiposa e do
da OMS
pesocorporal.“Alémdisso,
18 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
aumentam a massa muscular e o consumo de oxigênio em
repouso, favorecendo assim a ampliação do
gasto energético também em repouso. Esses
fatores são responsáveis pela manutenção
of Sports
Medicine recomenda exercícios que abrangem grandes grupos musculares, principalmente caminhada e ciclismo
do equilíbrio orgânico, que contribui tanto
para a prevenção quanto para o tratamento
do câncer”, explica Spinola, que tem desenvolvido estudos experimentais na área de
metabolismo e bioquímica do exercício.
Antigamente, diz ele, as pesquisas abordavam apenas questões metabólicas e fisiológicas. Era postulado que a prática de atividades constantes seria capaz de reduzir os
níveis de glicose e insulina, o que diminuiria
os nutrientes e substratos participantes do
processo de geração de células cancerígenas. Além disso, a melhora do peristaltismo (movimento que o intestino faz para
empurrar o bolo alimentar) proporcionada pelo exercício físico reduziria o tempo
de contato de substâncias carcinogênicas
com o colo retal, minimizando assim o risco para esse tipo de câncer. “No entanto,
devido à evolução dos testes laboratoriais,
atualmente as pesquisas abordam o tema
do ponto de vista molecular. Hoje, é sabido
que o exercício físico é capaz de interferir
na regulação epigenética [processo responsável por diversos fenômenos, tais como a
diferenciação celular, o envelhecimento, o
câncer e o desenvolvimento embrionário] de
genes supressores tumorais, que possuem
Se fazer exercícios diminui o risco
de alguns tipos de câncer, uma das
consequências de não fazê-los só
agrava a situação. Um estudo da
American Cancer Society indicou
que pessoas com Índice de Massa
Corpórea (IMC) superior a 40 têm
maior risco de morrer da doença
do que pacientes com peso normal. (Para calcular o índice, é só
dividir o peso em quilos pela altura
em metros, multiplicada por ela
mesma. Um resultado menor que
25 indica nível saudável; acima de
25 configura sobrepeso e, acima
de 30, obesidade).
A notícia é pior para as mulheres: de acordo com a pesquisa,
que envolveu 9 mil pessoas e foi
publicada em 2003, sobrepeso e
obesidade são responsáveis por
20% das mortes em decorrência
do câncer, enquanto para os homens o número é de 14%.
Para fugir das estatísticas, o jeito é
manter um estilo de vida saudável,
aponta o oncologista Alexandre
Palladino, do Centro de Oncologia
da Rede D’Or, anexo ao Hospital
Quinta D’Or, no Rio de Janeiro. “É
difícil estabelecer uma relação tão
direta [entre obesidade e câncer],
mas tem relação, principalmente
em alguns tipos de tumores. A solução é tratar o câncer e mudar
o estilo de vida.”
Não se sabe se a culpa é do IMC
elevado ou do sedentarismo que
leva ao sobrepeso: “Existem estudos que mostram que atividade
física regular protege o organismo do câncer de mama, mesmo
que a atividade seja moderada”,
completa Palladino.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 19
uma palavra, várias doenças
1
2
3
Ao se dividirem rapidamente, essas células tendem a ser
muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação
de tumores malignos, que podem espalhar-se para outras
regiões do corpo.
As causas são variadas, podendo ser externas ou internas ao
organismo. Os fatores externos referem-se ao meio ambiente
e aos hábitos sociais, como a excessiva exposição ao sol ou
o tabagismo. De todos os casos da doença, de acordo com o
Inca, entre 80% e 90% estão associados a fatores ambientais.
As causas internas são, na maioria das vezes, geneticamente
pré-determinadas e estão ligadas à capacidade do organismo
de se defender das agressões externas.
Os tumores podem ter início em diferentes tipos de células.
Quando começam em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas,
são denominados carcinomas. Se o ponto de partida são os
tecidos conjuntivos, como osso, músculo ou cartilagem, são
chamados sarcomas.
Atualmente, mais da metade dos casos de câncer tem cura,
desde que sejam diagnosticados e tratados precocemente.
Shutterstock
4
5
6
Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100
doenças que têm em comum o crescimento desordenado de
células, que invadem tecidos e órgãos, conforme definição do
Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão subordinado ao
Ministério da Saúde.
Linfócitos cercam célula cancerígena para tentar eliminá-la do corpo
20 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
qual escolher Mas qual o tipo de
exercício mais indicado para quem tem câncer? É importante, primeiro, distinguir atividade física de exercício físico. A primeira,
como a classifica Spinola, é qualquer ação
que demande um gasto energético acima
dos valores de repouso – caminhar, subir
escada, limpar a casa... Já o segundo pressupõe a prática sistematizada, com início
e fim estabelecidos e com o objetivo de aumentar a capacidade física do indivíduo.
“É este último que traz contribuições efetivas aos pacientes com câncer”, enfatiza
o educador físico.
Qual seria, então, a prática sistematizada
Shutterstock
Câncer
impacto positivo na prevenção do câncer”,
detalha Spinola.
Ademais, como já dito, durante o processo terapêutico, a prática de exercícios
físicos também pode emprestar uma valiosa
contribuição à recuperação dos pacientes.
Conforme Sasse, mesmo que a doença se
instale, uma pessoa mais bem disposta é
mais capaz de suportar os tratamentos sem
sofrer muitos efeitos colaterais. Para Spinola, o exercício preserva a aptidão física
do paciente, mantendo elevada a capacidade cardiorrespiratória e preservando a
massa muscular, condições que funcionam
como indicadores de um melhor prognóstico, qualidade de vida e sobrevida.
São fortes as evidências da contribuição
da atividade física regular nas diferentes
fases da doença, como destacam em artigo os pesquisadores Wellington Pedroso,
Michel Barbosa Araújo e Eliane Stevanato,
do Departamento de Educação Física da
Universidade de Taubaté. “No período de
diagnóstico e pré-tratamento, o indivíduo
tem na condição física o suporte para enfrentar a terapia. Na reabilitação, favorece
a preservação das capacidades físicas e a
retomada das atividades cotidianas. É durante o tratamento que a atividade parece
ter maior importância, atenuando a fadiga
crônica e a caquexia [emagrecimento involuntário], aumentando a eficiência metabólica e energética do corpo, reduzindo assim
a ação dos carcinógenos”, aponta o texto,
publicado na revista Motriz, da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Os exercícios são importantes mesmo durante o tratamento: os pacientes sentem-se menos debilitados e, em certos casos, conseguem minimizar a ação do agente cangerîgeno
mais recomendada? Na opinião do oncologista Sasse, um princípio a ser observado
é a preferência do paciente – o melhor é
procurar algo que lhe dê prazer. “Nenhuma forma de exagero é recomendada, e o
médico deverá ser sempre consultado para
uma recomendação mais específica.”
De forma geral, acrescenta o médico, caminhadas e o uso de bicicleta costumam
ser grandes aliados no combate à doença.
Spinola complementa advertindo que, em
geral, os doentes devem evitar exercícios
de grande intensidade, sob pena de agravarem seu quadro clínico. Pacientes com
lesões ósseas, por exemplo, podem apresentar risco maior de fraturas, por isso devem
cirurgia, da quimioterapia e/
O
ou radioterapia”, pontua.
que ajuda na
Em relação à frequência,
o especialista diz que
prevenção do câncer é
as atividades devem
a prática sistemática
ser executadas ende exercício. A simples
tre três e cinco vezes por semana, com
atividade física, como subir duração
de 20 a 30
escada, não produz
minutos cada sessão.
“É indispensável que o
esses benefícios
evitar atividades com algum
tipo de impacto.
O educador físico
lembra que o American College of
Sports Medicine
(ACSM) considera
que a maioria dos
exercícios que envolvem grandes grupos
musculares é apropriada a essas pessoas, porém
a caminhada e o ciclismo são
especialmente recomendados. “É imperativo modificar a modalidade do exercício com base nos efeitos do tratamento da
programa seja elaborado e
orientado por um profissional,
preferencialmente um que seja especializado em prescrição de exercícios para
populações especiais.” SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 21
especial por Bruno Meirelles
Via de
mão dupla
Shutterstock
Experiência no atendimento hospitalar diário ajuda a formar
equipe médica de excelência no GP Brasil de F-1.
Prática do socorro em autódromos reforça a capacitação dos
profissionais na assistência aos pacientes
22 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 23
N
ão são apenas
os pilotos que precisam de velocidade e
precisão para ter sucesso na Fórmula 1.
Quando acontece algum imprevisto durante a prova, tais caraterísticas são fundamentais para que as equipes de resgate
possam salvar uma vida. E a mesma eficiência e tecnologia a serviço dos astros das
pistas durante o GP do Brasil da categoria
também estão à disposição dos pacientes,
365 dias ao ano, nas unidades de retaguarda dos hospitais São Luiz, que há 11 anos
coordena os trabalhos médicos em Interlagos, em São Paulo.
“Para atender pilotos e equipes, nós montamos um centro médico no autódromo José
Carlos Pace. Mas o trabalho tem início seis
meses antes, quando começamos a planejar o atendimento”, afirma Dino Altmann,
diretor médico do GP Brasil de Fórmula 1
e médico da Rede D’Or São Luiz.
A estrutura no local inclui 173 profissionais,
sendo que 43 deles são médicos, e o restante, enfermeiros, bombeiros e funcionários
da área administrativa. Toda essa equipe é
apoiada por dez ambulâncias, quatro carros
de intervenção médica, três veículos para a
imobilização e retirada do piloto
de dentro do cockpit, dois
helicópteros, três leitos
de emergência, dois de
UTI, laboratório de
análises clínicas,
raio-x, ultrassom
e consultório oftalmológico. A lista de
recursos é bastante
extensa, mas o grande destaque são alguns
equipamentos que representam o que há de mais avançado na medicina mundial, como o I-Stat.
“Essa máquina foi desenvolvida inicialmente para uso em viagens espaciais. Ela
173
profissionais
é capaz de, com apenas uma gota de sangue,
realizar uma série de exames cujos resultados saem em cerca de um minuto”, diz
Pedro Rozolen, diretor médico adjunto do
GP do Brasil de F-1.
O AutoPulse, usado para fazer massagens
cardíacas automaticamente, também é um
dos protagonistas no atendimento aos pilotos. Ele consegue realizar sua tarefa de forma
mais eficaz do que as mãos humanas, e ainda libera o médico para desempenhar outras funções. Outro
recurso de ponta é uma espécie de manequim, que possibilita a
programação eletrônica de um quadro clínico específico. Assim,
o “paciente” vai reagindo às decisões médicas e auxilia no treina-
24 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Fotos Francesco Barale/Divulgação
da Rede D’Or São Luiz
atuam na F-1, dos quais 43
são médicos. Há também
enfermeiros, bombeiros
e funcionários da área
administrativa
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 25
Os
aparelhos que
são usados no GP do
Brasil e os médicos que
atendem os pilotos são os
mesmos disponíveis na
Rede D’Or São Luiz, nos
365 dias do ano
uma corrida à parte A gama de
especialidades envolvidas no atendimento emergencial do Grande Prêmio é ampla,
incluindo cirurgia geral e de trauma, operação torácica, neurocirurgia, ortopedia, cirurgia plástica e a queimados, cardiologia,
terapia intensiva, anestesiologia, cardiologia
vascular, oftalmologia, radiologia e diagnóstico por imagem. Em casos de emergência,
todos correm contra o tempo para fazer o
melhor atendimento possível durante o GP
de Fórmula 1.
A grande diferença do atendimento em
pista para o pré-hospitalar, destaca Altmann,
diz respeito ao tempo de resposta em caso de acidente. Na pista, o compromisso é
atender em segundos, enquanto nas ruas o
objetivo é não ultrapassar muito os dez minutos. “A situação clínica do piloto é muito
instável. Podemos encontrar um competidor em coma, que alguns minutos depois
26 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
está conversando com você, ou outro que
aparentemente não apresenta nenhuma lesão e depois de alguns minutos tem um colapso circulatório ou respiratório”, afirma.
Em uma ocorrência no autódromo, os profissionais dos carros de intervenção médica
são os primeiros a chegar ao local do acidente, após a autorização da torre de controle. Eles levam os equipamentos médicos
necessários para a primeira abordagem e
uma eventual ressuscitação. “O desafio é
conseguir se informar bem na pista sobre o
trauma e dar um bom atendimento na primeira hora, que nós chamamos de ‘golden
hour’. Ela será fundamental para o sucesso
na recuperação do paciente”, conta Rozolen.
Foi o que aconteceu no acidente envolvendo o espanhol Fernando Alonso, em 2003.
Com a pista molhada, o australiano Mark
Webber havia batido sua Jaguar na entrada
da reta de Interlagos, deixando destroços
pela pista. O espanhol não conseguiu desviar
de um deles e acabou se chocando contra o
muro com violência. “Aguardamos a ordem
da torre e entramos em ação. Ele foi imobilizado e encaminhado para o centro médico, onde foi atendido e, posteriormente,
transferido para o hospital de retaguarda.
Felizmente, não sofreu nada mais grave, mas
essa foi uma situação na qual colocamos à
prova todo o ciclo que nós treinamos”, diz.
Mas não são apenas os pilotos que são
atendidos pela equipe de resgate que atua
em Interlagos. Em 2007, por exemplo, o então estreante Kazuki Nakajima, filho do japonês Satoru Nakajima, contemporâneo de
Ayrton Senna na F-1, não conseguiu frear
sua Williams nos boxes e atropelou dois
mecânicos da própria equipe. Um outro
O AutoPulse faz
Francesco Barale/Divulgação
mento dos profissionais da
Rede D’Or São Luiz.
“Além dos aparelhos,
que são os mesmos
utilizados nos hospitais da rede, a capacitação dos médicos
vai fazer a diferença em uma emergência.”, resume Altmann.
Um dos principais usos
do manequim se dá duas semanas antes da corrida, quando
é feita uma grande simulação com toda a
equipe médica do evento. Em 2010, a situação encenada foi um acidente na curva do Laranjinha, e o “piloto” apresentava
ferimentos tanto no tórax como na região
cranioencefálica.
“Apesar de serem médicos com larga experiência no atendimento ao trauma, sempre
fazemos treinamentos específicos dos procedimentos relacionados ao automobilismo”,
aponta o diretor médico do GP do Brasil.
Nessas simulações, o socorrista precisa
lidar com todas as dificuldades de uma corrida, como o barulho dos carros, que atrapalha
na hora de escutar os batimentos cardíacos
pelo estetoscópio, e a pressão de estar sendo visto pelo mundo por meio da televisão.
massagens cardíacas
automaticamente,
liberando os médicos
para desempenharem
outras tarefas
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 27
Francesco Barale/Divulgação
O São Luiz faz atendimentos em autódromos desde 1998, quando começou a coordenar os serviços médicos na Stock Car. Na F-1, a parceria iniciou-se em 2001
episódio recordado por Rozolen foi quando um meteorologista, também da equipe
Williams, caiu de um barranco em Interlagos e fraturou o crânio.
“Nossa relação com o pessoal das escuderias é tão boa que muitos deles se machucam mas esperam para chegar a corrida
no Brasil para se tratar conosco. Foi o caso
de um mecânico da McLaren, que caiu de
bicicleta no GP da China e aguardou duas corridas para vir a São Paulo se tratar”,
lembra o diretor adjunto.
atendimento integrado Em um
acidente, para que o salvamento tenha sucesso, é fundamental que a torre de controle informe os médicos de pista sobre
fatores como a velocidade da batida e se
o carro capotou ou pegou fogo. Isso serve
para que a equipe se prepare da melhor
forma para o que vai encontrar. Chegando ao local, os médicos precisam tomar
todos os cuidados para não aumentar as
proporções do acidente ou causar um novo
evento. Por isso, é checada a temperatura
de pneus e discos de freio, além do status
do KERS, dispositivo que armazena energia das freadas para ampliar a potência do
carro durante a prova. Caso ele seja danificado, existe o risco de ferir o pessoal de
28 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
A experiência adquirida
“Nossa
ao longo dos anos de trabalho no automobilisrelação com o
também contripessoal das escuderias mo
bui para ampliar as
é tão boa que muitos
chances de sucesso
no caso de alguma
se machucam antes, mas
ocorrência. O iníesperam a corrida do
cio da relação do São
Brasil para se tratar”, Luiz com o setor se
deu em 1998, quando
diz Pedro Rozolen
resgate com choques elétricos.
“Depois disso, nós vemos se o piloto está
consciente, como
estão seus braços
e pernas, em que
parte o carro está
danificado. Então
fazemos hipóteses
sobre os ferimentos, passamos isso para a torre e começa uma
verdadeira reação em cadeia”,
explica Rozolen.
Na sequência, entram em ação os carros de extração, especializados na imobilização e retirada de um piloto. As ambulâncias fazem o transporte da vítima até o
centro médico, onde helicópteros ficam de
prontidão para encaminhar o ferido para
as unidades hospitalares de retaguarda do
São Luiz Morumbi, Itaim e Anália Franco,
caso haja essa necessidade.
“Muitos dos procedimentos usados no
automobilismo são aditados da medicina
militar e do atendimento pré-hospitalar.
A integração da equipe de emergência no
autódromo com o pessoal de retaguarda
no hospital beneficia o atendimento da vítima de trauma”, conta Altmann.
seus profissionais coordenaram os serviços médicos
nas etapas paulistas do Campeonato
Brasileiro de Stock Car e da Fórmula Chevrolet. Três anos depois, foi a vez de tomar a frente dos trabalhos de resgate do
Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, e
desde então a parceria vem se repetindo
todos os anos.
“Em uma situação de trauma grave, é
preciso que haja pouco espaço [de tempo]
para improvisar. Atender um acidente no
‘S do Senna’ nos dá uma bagagem para lidar melhor com uma batida de um carro
a mais de 120km/h, por exemplo, em ruas
urbanas. Um hospital que está preparado
para as situações extremas de uma corrida
atua nessa área também fora das pistas”,
finaliza Rozolen.
100
95
75
25
5
0
Anuncio RedeDor Recife Sua Saude Ed01
sexta-feira, 11 de novembro de 2011 17:29:55
primeiros cuidados por Amanda Rossi
Genna Naccache/Getty Images
Da primeira hora
ao segundo ano
Quanto mais cedo o bebê começa a mamar e quanto
mais tempo se nutre só do leite materno, maiores os
benefícios – como redução do risco de obesidade e melhor
desempenho em testes cognitivos
30 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 31
Zhu Difeng/Shutterstock
N
ão há nada melhor para o desenvolvimento do bebê que o alimento produzido pela mãe. O leite
contém nutrientes e anticorpos necessários para as primeiras
incursões no mundo, mas estende suas vantagens também para
outras fases da vida: está relacionado à diminuição da incidência
de obesidade, hipertensão e diabetes. Além disso, segundo pesquisas recentes, crianças amamentadas têm melhor desempenho em
testes de inteligência.
“A amamentação funciona como uma gestação extrauterina. É
necessário os bebês serem amamentados para concluir sua formação e dar proteção para sobrevivência na sociedade”, diz o professor Marcus Renato de Carvalho, da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), editor do site
Aleitamento.com.
Quanto mais tempo o bebê mama, maiores são os benefícios.
Começar na primeira hora de vida, ainda na sala de parto, é uma
medida importante para prolongar o aleitamento. “Pesquisas atuais mostram que as crianças que tiveram essa oportunidade têm
maior sucesso na amamentação, ou seja, mamam exclusivamente
até os seis meses e as mães produzem leite por mais tempo”, explica a médica Maria José Mattar, coordenadora da Rede Paulista
do Banco de Leite Humano, a maior do mundo.
Para isso, o filho deve ser colocado em contato com a mãe
logo após o parto, até que mame espontaneamente.
Ele vai sugar o colostro, primeiro leite produzido
e que contém 17 vezes mais anticorpos do que
os posteriores. A sucção da mama também
ajuda a mãe a manter a produção. Além disso,
libera ocitocina, que contrai o útero e faz
descer os restos placentários, facilitando
a recuperação.
A recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), adotada pelo Ministério da Saúde, é que a criança seja sustentada
exclusivamente com leite humano até os seis
meses de idade. Nada de água, chá, leite de vaca ou
papinha: o alimento materno contém todos os nutrientes
de que o bebê precisa, como água, proteína e gordura; além disso,
é hipoalergênico e combate a flora bacteriana patogênica. De preferência, não usar chupetas nem mamadeiras, porque o bebê faz
uma confusão de bicos, dificultando o aleitamento.
além da imunidade A vantagem
mais conhecida do leite materno é a imunização. “Os bebês que mamaram na mãe
se tornam crianças mais saudáveis”, resume Maria José. Não por acaso, a amamentação é conhecida como um dos principais
pilares para reduzir a mortalidade infantil
e está entre as recomendações para atingir
os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio – uma série de metas socioeconômicas
estipuladas pela ONU.
É em boa parte por isso que a OMS e o Ministério da Saúde recomendam que, mesmo
com introdução de comida a partir do sétimo mês, deve-se continuar a amamentar a
criança até aos dois anos de idade, pelo menos. “Os bebês ficam doentes com frequência quando começam a engatinhar, andar,
brincar, beber e comer outros alimentos”,
afirma o Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef) num material de incentivo
à prática. “O leite materno ajuda a prevenir
doenças enquanto for consumido”, resume.
Algumas pesquisas ligam o tempo de amamentação à intensidade de seus benefícios.
Um estudo conduzido na Universidade Católica de Brasília (UCB) com 134 crianças de
3 a 5 anos detectou relação estatisticamente
relevante entre o número de meses que o
bebê foi alimentado exclusivamente com
leite materno e o Índice de Massa Corporal
(IMC) e o perímetro da cintura. Quanto mais
tempo a criança mamou, menor a probabi-
Um
estudo feito em
Brasília mostra que a
incidência de obesidade
e de gordura lateral é menor
nas crianças que foram
nutridas apenas com
leite humano
32 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Kuzmin Andrey/Shutterstock
Posição certa evita problemas
Fissuras nos mamilos, ingurgitamento e
mastite são palavras conhecidas por quem
já amamentou ou acompanhou uma mulher durante a lactação. Representam as
dificuldades comuns desse período, principalmente entre as mães de primeira viagem, e podem ser evitadas.
Segundo a enfermeira Márcia Regina da
Silva, coordenadora do Grupo de Apoio
ao Aleitamento Materno do Hospital e
Maternidade São Luiz, em São Paulo, esses são problemas “bastante comuns no
aprendizado do aleitamento”.
As fissuras no mamilo podem ser causadas pela retirada incorreta do bebê do
seio – primeiro, é preciso estimular que
ele abra a boca e solte o peito. “Se cuidar, a fissura se resolve em 48 horas. A
cicatrização é bem rápida”, explica o ginecologista e obstetra Odair Ferraro, do
Hospital e Maternidade Brasil, de Santo
André, no ABC Paulista.
Além de deixarem o bico ferido, as fissuras podem ser portas de entrada para a
mastite. O tratamento é simples, e a mãe
deve continuar amamentando. O maior
problema é quando a mastite evolui para
um abscesso, exigindo drenagem cirúrgica.
Já o ingurgitamento é um fenômeno inflamatório natural que anuncia a chegada
do leite propriamente dito (nos primeiros
dias após parto, a mãe só tem colostro).
As mamas ficam endurecidas porque aumenta o número de vasos e a retenção de
líquido. Basta esperar alguns dias para o
corpo se adaptar à chegada do leite.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 33
lidade de ter peso acima do adequado e de
apresentar os indesejáveis “pneuzinhos”. “A
frequência de excesso de peso nas crianças
amamentadas exclusivamente até o sexto
mês foi de 21,2%, enquanto naquela com
amamentação exclusiva até o segundo mês,
a frequência foi de 26,7%”, aponta o artigo
publicado na Revista Paulista de Pediatria e
assinado por Rodolfo Giugliano, professor
titular de Pediatria da UCB, e José Fernando Moraes, professor assistente da Universidade Federal do Vale do São Francisco.
Resultados parecidos, com maior ou menor intensidade, foram encontrados em vários outros trabalhos, ainda que em diversos
casos a diferença de peso entre os que só
ingeriram leite e os demais seja pequena.
“Antigamente, a gente incentivava o aleitamento materno para bebês de baixa renda,
para diminuir a mortalidade infantil. Agora
sabemos que ela também previne doenças de
populações desenvolvidas e com maior poder aquisitivo, como hipertensão, obesidade,
diabetes e linfoma nos adultos”, comenta
Carvalho, da UFRJ. No caso do sobrepeso,
uma das explicações é que o leite de vaca,
frequentemente usado como substituto do
materno, tem até três vezes mais proteína
e engorda mais.
Um estudo publicado em agosto no The
Journal of Pediatrics sugere que há outro
benefício, menos conhecido. Pesquisadores
de três instituições britânicas acompanharam
12 mil bebês no Reino Unido, nascidos entre
2000 e 2002. Quando as crianças chegaram
a 5 anos, aplicaram testes de inteligência
(vocabulário, compreensão de imagens e
noção de espaço). O desempenho dos que
foram amamentados superou o dos demais.
Em termos de desenvolvimento cognitivo, é
como se tivessem de um a seis meses a mais
que seus colegas.
Os cientistas britânicos não descobriram
por que ocorre essa diferença. Uma das hipóteses é que seja efeito de alguns ácidos
graxos presentes no leite, que contribuem
para o desenvolvimento cerebral.
“No primeiro de ano de vida,
ocorre 50% do desenvolvimento do cérebro. No
segundo, 25% e, até
o sétimo, os outros
25%”, explica Maria
José. Assim, os nutrientes e estímulos
recebidos nessa fase
da vida são muito importantes.
Outra possível explicação é
que o motivo não seja exatamente
o leite, mas algum fator social – por exemplo: crianças amamentadas sentem-se mais
aconchegadas, o que representaria algum
tipo de vantagem para seu crescimento intelectual.
A
mãe também se
beneficia: amamentar
diminui o risco de câncer
de mama e de ovário e a
osteoropose. Além disso,
ajuda a retornar a
emagrecer
Uma pesquisa
no Reino
Unido
indicou que
crianças que foram
amamentadas
se saem melhor
em testes de
vocabulário,
Elena P. /Shutterstock
compreensão de
imagens e noção
de espaço
34 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
além do leite Os pon­tos positivos
não se limitam à nutrição. O próprio ato de
mamar traz diversas vantagens. Uma delas
é o desenvolvimento da musculatura da face
no ato de sugar a mama. Isso faz com que
o bebê tenha menos problemas de fala e
respire pelo nariz.
O contato entre mãe e filho também traz
bons resultados. Se ela está tranquila ao dar
de mamar, seu filho percebe, tranquiliza-se
e recebe estímulos. “O bebê capta os estados
emocionais, principalmente da mãe, e os reflete”, afirma a psicóloga Vitória Pamplona,
cofundadora do Centro de Estudos e Atendimento à Mulher e à Infância e autora de
livros sobre gestação, parto e amamentação.
Mesmo para a mãe os resultados são bons.
“Ela não deve fazer isso apenas para o bebê,
mas para ela também”, comenta Carvalho.
Diversas pesquisas relacionam a amamentação à redução do risco de câncer de mama
e de ovário, bem como de osteoporose. “O
menor risco ocorre tanto para mulheres
antes como depois da menopausa”, escreve
Marina Rea, do Instituto de Saúde de São
Paulo, em artigo publicado no Jornal de Pediatria, da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Além disso, a prática funciona como um
anticoncepcional natural, porque deixa a
mulher mais tempo sem ovular. Também
facilita o retorno ao peso. “Parece que sobra
menos gordura no organismo da mulher,
porque ela gasta 500 calorias por dia para
dar de mamar”, comenta Carvalho.
orientação A diversidade de estudos
científicos reflete uma política de valorização da amamentação. A partir do final
da década de 1970, órgãos internacionais
como OMS e Unicef começaram uma grande mobilização para reduzir a tendência de
queda do aleitamento materno e combater
propaganda de leites industrializados, mamadeiras e chupetas. “O desmame precoce
foi uma epidemia e causou problemas enormes em todo o mundo”, lembra o professor
da UFRJ.
O Brasil se juntou à iniciativa e lançou
ações como o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno, a Rede
Amamenta Brasil e os Hospitais Amigos
da Criança. Além disso, ampliou a rede de
bancos de leite humano, hoje a maior do
mundo, e se tornou referência no assunto,
exportando o modelo para outros países.
A aposta teve resultados positivos. A duração do aleitamento materno e o porcentual
de crianças amamentadas aumentam de
forma constante desde os anos 70. Apesar
disso, a amamentação exclusiva, indicada
até os seis meses, ainda não dura nem dois
meses. Apenas metade dos menores de quatro meses consome somente leite materno.
Para incentivar a prática, uma das medidas importantes é orientar a mãe sobre os
benefícios. E instruí-la sobre a forma correta de dar de mamar. “A amamentação não é
ato instintivo e natural para os seres humanos. É uma cultura, uma habilidade. Muitas
mulheres não dão leite porque não sabem
colocar o bebê no peito”, comenta Carvalho.
Alguns pontos que a mãe deve saber é
que não existe leite fraco, apesar de algumas avós insistirem no contrário, e que a
quantidade produzida depende da sucção
do bebê: se a mamada está correta, ele vai
estimular a produção e o leite produzido
será suficiente.
Antes de parar o aleitamento, a mulher
deve procurar médicos ou enfermeiros especialistas e verificar se não é possível continuar. Mesmo que a lactação tenha diminuído,
eles podem ajudar a reverter o processo. SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 35
E
Gordon Saunders/Shutterstock
planeta saudável por Maria Eduarda Mattar
36 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Meio
ambiente,
saúde
inteira
A conferência Rio+20 retoma, em 2012, o debate global
sobre desenvolvimento. O resultado das negociações será
decisivo para a saúde do planeta – e do ser humano
m seu nome, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida como
Rio+20, indica que duas grandes questões
serão debatidas em junho de 2012, no Rio de
Janeiro: crescimento e meio ambiente. Dois
temas um pouco mais específicos já foram definidos: economia verde e a estrutura institucional (especialmente a da ONU) para lidar
com esses assuntos.
Dito assim, pode parecer estranho que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-americana de Saúde (Opas) estejam
preparando um grupo de representantes para
serem enviados à capital fluminense. Ou que o
Ministério da Saúde tenha formado em agosto, quase um ano antes do evento, um grupo
de trabalho destinado a apresentar propostas
para a delegação brasileira.
O fato, no entanto, é que a saúde e os assuntos ambientais estão extremamente imbricados, como, aliás, indicou um relatório lançado
em setembro pela própria OMS. A emissão de
gases poluentes, segundo o estudo, mata anualmente 2 milhões de pessoas no mundo. O
Brasil ficou na 44ª posição, num ranking de
91 países e territórios (em que, quanto mais
para baixo na lista, maior a concentração de
partículas de poluição).
“Saúde humana e saúde planetária são dois
conceitos intimamente ligados e essenciais para
nosso bem-estar no presente e no futuro. Tudo
que favorece um favorece o outro, e vice-versa”, resume o médico Daniel Becker, especializado em saúde pública e fundador, em 1993,
do Centro de Promoção da Saúde (Cedaps).
A professora Ana Luiza Vilasbôas, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal
da Bahia (UFBA), concorda: “Há várias concepções sobre saúde. Entre elas, destaco a que
relaciona a saúde aos determinantes sociais,
tais como o acesso universal e igualitário a um
ambiente livre de poluição, ao trabalho, ao laSuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 37
Alex Koloskov/Shutterstock
que está em jogo. As mudanças precisam ser
rápidas, e o joguinho político da diplomacia
é insuficiente”, avalia Becker. Para ele, os
temas principais da Rio+20 deveriam ser
portas de entrada para discussões sobre a
gravidade do quadro e, obviamente, as relações entre saúde e ambiente.
A própria ONU já reconhece a interseção saúde-ambiente por meio dos dados do
Observatório Global de Saúde, da OMS: segundo o órgão, 23% das doenças no mundo
podem ser atribuídas ao meio ambiente, e
88% das mortes ocasionadas por diarreia se
devem a águas poluídas, saneamento inapropriado e falta de higiene.
O exemplo da qualidade do ar é o mais
óbvio dessa relação, especialmente nos
centros urbanos, seguido de perto pelo da
qualidade das águas. Nas grandes cidades,
sem dúvida o ar poluído é o principal vilão,
ocasionando doenças respiratórias e cardíacas. “A inalação de poluentes atmosféricos ativa os sistemas
de coagulação do plasma,
bem como inibe a capacidade do endotélio
[camada de células
que revestem os vasos sanguíneos] de
Shutterstock
zer, à educação, à cultura e aos serviços de
saúde”, explica ela, que realiza pesquisas de
avaliação de intervenções relacionadas ao
bem-estar das populações.
Parece inevitável, então, que questões ligadas à saúde humana sejam direta ou indiretamente debatidas na volta da conferência da ONU à capital fluminense – duas
décadas após a sua primeira versão, a Rio92 (ou Eco-92), revisitando não só a cidade
mas também os temas e a discussão sobre
as mudanças necessárias para chegar ao tão
desejado desenvolvimento sustentável. O
evento de 1992 foi um marco não apenas
para as negociações sobre meio ambiente mas também para o próprio modelo de
conferências da ONU. Reuniu mais de 100
chefes de Estado e 9 mil militantes no encontro da sociedade civil, observados por
11 mil jornalistas, em nove dias.
Agora, duas décadas, um Protocolo de
Quioto, uma Convenção do Clima, uma
Convenção da Biodiversidade e três relatórios do IPCC sobre mudanças climáticas
depois, é hora de avaliar onde se avançou e
o que precisa de mais atenção.
“A preocupação fundamental é tornar a
conferência um marco de mudança. Nossos
filhos e netos têm pressa. É o mundo deles
A
Organização
Mundial da Saúde e a
Organização Pan-americana
de Saúde vão enviar
representantes especiais
para o evento no Rio de
Janeiro, em junho
inibir a coagulação. Ou
seja, favorece a coagulação, ensejando
a formação de trombos em sítios vasculares predispostos.
Caso esse processo
ocorra em coronárias
ou vasos cerebrais, teremos infartos do miocárdio ou
do encéfalo, respectivamente”, explica o professor Paulo Saldiva, pesquisador
do Laboratório de Poluição Atmosférica da
Universidade de São Paulo (USP).
As pesquisas já realizadas na capital paulista indicam que cerca de 4 mil pessoas morrem anualmente em consequência de problemas causados pela poluição do ar. Além
disso, a redução de 30% na emissão de gases
de efeito estufa na cidade (conforme preconiza uma lei municipal de 2009) poderia
reduzir cinco mortes ao dia.
equações importantes E o principal responsável atualmente pelo ar poluído
nos centros urbanos é o automóvel – mais
que as indústrias, vilãs do passado. Um es38 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Efeitos nas
vias respiratórias
tudo do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), publicado também em setembro, apontou que a emissão de gás carbônico por veículos automotores aumentou
283% em 30 anos no Brasil.
“Mais carros significam mais engarrafa­
men­tos, mais poluição, mais tempo no trânsito, mais estresse, mais isolamento, mais
sedentarismo, mais doença. Ao passo que
mais transporte coletivo e bicicleta implicam
mais convivência, mais justiça e equidade,
mais senso de coletivo e compartilhamento,
menos engarrafamento, estresse e violência, mais exercício, mais saúde”, compara
Becker, eleito no ano passado “Urban Health Champion”, pela Sociedade Internacional para Saúde Urbana.
No campo, o agravamento das mudanças
climáticas se traduz em alterações nos regimes de chuvas e sol e mudanças nas safras,
podendo levar à falta de alimentos, com impactos na segurança alimentar e nos níveis
nutricionais da população. Menos nutrição, menos imunidade, mais vulnerabilidade a doenças.
Já a poluição de rios e lençóis freáticos
pode acarretar contaminação da água in-
gerida pela população ou daquela que irriga plantações, prejudicando pessoas e alimentos, gerando diversas doenças (desde
uma mera diarreia até as mais graves, como câncer, dependendo do agente de contaminação).
“A busca de garantia de condições que
promovam a saúde das populações exige
que o Estado e a sociedade decidam e ajam
no sentido de criar um ambiente ‘livre’ de
fatores nocivos, a exemplo das várias formas de poluição”, afirma a professora Ana
Luiza Vilasbôas. “Não é possível ter saúde
para todos sem um meio ambiente ‘saudável’, como também não é possível ter um
meio ambiente ‘saudável’ sem a garantia
dos direitos de cidadania a todos os indivíduos”, enfatiza a pesquisadora.
“Hoje sabemos que não é possível um
mundo sustentável se ele for injusto e desigual, que não conseguiremos melhorar
o meio ambiente se não erradicarmos a
miséria e que a saúde de cada um de nós
depende da justiça social e da sustentabilidade ambiental. São definitivamente
campos convergentes e complementares”,
completa Becker. Quando envolve qualidade do ar,
a relação entre meio ambiente e
saúde é direta. A concentração
de poluentes desencadeia problemas respiratórios ou piora os
sintomas de quem já sofre de
bronquite, asma e rinite. “Além
de causar crises agudas, a poluição diminui a capacidade de
limpeza das secreções e deixa o
indivíduo mais vulnerável a infecções virais e bacterianas”, explica
o pneumologista Fernando Azevedo, coordenador do Serviço de
Pneumologia do Hospital Copa
D’Or, no Rio de Janeiro. Essas infecções podem aparecer na forma de gripe, resfriado, amidalite, faringite, laringite, sinusite...
O tempo frio e seco agrava a situação, pois favorece a concentração de poluentes. Conclusão: olhos
lacrimejantes, garganta coçando
e nariz escorrendo. Outro fator
que contribui é a faixa etária: “As
crianças são mais sensíveis à poluição, porque seu aparelho respiratório é mais imaturo”, pontua
Azevedo. Os idosos também são
mais afetados, porque podem ter
imunidade mais baixa em razão
de doenças crônicas respiratórias ou cardiovasculares.
A solução para diminuir esses
problemas é adotar hábitos mais
“verdes”, como preferir a bicicleta ou o transporte público. Um
jeito mais rápido para aliviar os
sintomas é melhorar a qualidade
do ar dentro de casa mesmo: “O
uso de vaporizadores, umidificadores e recipientes com água minimizam os efeitos da poluição
nas vias respiratórias.”
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 39
diagnóstico por Paula Montefusco
F
Humano,
demasiado humano
Paulo Pampolin/Hype
Pioneiro no Brasil da cirurgia ginecológica não invasiva, o
obstetra Claudio Basbaum é precursor das técnicas modernas
de parto humanizado – ou, como prefere, “desumanizado”:
menos asséptico, menos médico, menos invasivo
40 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
ilho de um proeminente empresário e de uma dona de casa,
Claudio Basbaum poderia confortavelmente
seguir a carreira do pai, mas acabou cedendo
à curiosidade pelas várias formas de vida a
seu redor. “Quando eu descobri que queria ser médico? Será que foi aos seis anos,
quando eu abri minha primeira plantinha
ou besouro para ver como era lá dentro?”
Dito assim, parece aquela peraltice comum
a quase todas as crianças. O fato é que, neste
caso, a paixão por conhecer e cuidar mantevese por muito tempo – mantém-se até hoje,
aos 72 anos, 50 deles dedicados à medicina.
Demorou um bom tempo, porém, para
esse recifense decidir qual ramo da profissão escolheria. “Eu dizia: ‘Tudo bem, eu vou
fazer medicina, mas não estou muito a fim
de cuidar de obstetrícia ou ginecologia, não
eram áreas que me encantavam assim que
entrei na faculdade”, lembra, com seu jeito
expansivo e batendo a caneta na mesa, como
faria diversas outras vezes na entrevista à
SuaSaúde. No quinto ano da Universidade
do Recife (hoje Federal de Pernambuco),
prestou um concurso acadêmico para trabalhar em um dos hospitais estaduais e foi
parar na obstetrícia. “Atendia na periferia
das cidades próximas ao Recife, convivi com
essa gente mais simples e assisti a pessoas
em condições quase animais. Cheguei a fazer um parto em uma mulher praticamente
em uma caverna – ela morava dentro de um
buraco de barro, revestido de palha de coco.
Parecia o nascimento do menino Jesus na
manjedoura, com candeeiro e tudo!”
Pronto, estava selado seu destino. Foi a
partir dessa experiência no fim da graduação que Basbaum desenvolveu um carinho
especial por “transformar a mulher em uma
pessoa que está vivendo uma experiência
muito intensa”. Formou-se no Recife e, com
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 41
ter caráter somente diagnóstico e passou
a servir também de alternativa a grandes
operações, fundando a ideia de cirurgia
minimamente invasiva. Atualmente, a videolaparoscopia não se restringe à
ginecologia; é usada
para cirurgias no sistema digestivo ou
urológico. Por ser
um procedimento
bem menos agressivo que a cirurgia
convencional, permite
que o paciente recuperese em menos tempo do que
os que enfrentam operações abdominais (em que são abertas oito camadas
da pele e tecido interno).
A atividade com a laparoscopia e o interesse pelo parto normal continuaram com
a volta ao Brasil, quando Basbaum assumiu
o posto de professor na USP e na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi
nesse momento que começou a dedicar mais
atenção à humanização do parto.
Sua
proposta é que
o parto seja feito em
ambiente acolhedor:
o diploma na mão e
essa ideia na cabeça,
na penumbra, conversas à
foi fazer residênmeia-voz e Mozart ao fundo.
cia na Faculdade de
Medicina da UniverO bebê nasce no tempo
sidade de São Paulo
dele, sem pressa
(USP). Após dois anos
O complemento das ideias de Leboyer e
das práticas que o próprio Basbaum já desenvolvia no Brasil – inclusive como médico do Hospital e Maternidade São Luiz,
em São Paulo – veio com uma viagem às aldeias indígenas, para verificar de perto como
pariam as índias guaranis e caingangues.
“Queria saber como era a vida deles, como
nasciam, como era o parto. A mulher se isola, às vezes com uma índia mais experiente,
para assisti-la. E parto é coisa de mulher!
Aquela proteção, aquele colo, a segurança,
a experiência... Quando acaba, a mulher se
vira sozinha, pega o bebê e vai dar banho no
rio.” O parto, na maior parte das vezes, é feito
de cócoras. Parece estranho, mas o médico
explica que é o jeito mais fácil de esvaziar a
cavidade abdominal, porque a gravidade age
em favor da grávida. “Você pode – e deve –
juntar a beleza que a natureza traz com os
recursos da medicina”, propõe.
Segundo o modelo preconizado por Basbaum, no ambiente do parto, a interferência é a menor possível. Por isso, é feito na
penumbra, as conversas são limitadas e
mantidas à meia-voz. Tem até música! Ao
longo de sua experiência e estudo, o obstetra percebeu que composições de Mozart
são uma boa pedida, porque são calmas e
têm ciclos longos. Tudo pronto? Agora é só
esperar o bebê chegar no tempo dele, sem
pressa. Ao nascer, o clima de acolhimento
continua. “Seguro o bebê no meu colo e o
entrego logo para a mãe. Ele precisa dela”.
O recém-nascido fica junto com a mãe antes mesmo de se cortar o cordão umbilical,
e, sempre que possível, mama na primeira
hora. O pai acompanha tudo (“sempre digo:
o filho não é da mãe, é do casal”). A ideia é
acolher a criança que, por sua vez, irá se sentir mais segura, o que facilitará o processo
de adaptação entre mãe e bebê.
Basbaum, brincando com a expressão,
diz que prega a “desumanização” do parto.
“Acho que o homem humanizou e desanimalizou o parto. A gente tem que desumanizar
o parto: ficou muito humano, ficou asséptico
demais, médico demais, invasivo demais.
O bicho vai parir à moda dele, precisa ter
liberdade, por isso é que se isola”, explica.
Às técnicas não invasivas e ao interesse
pelo nascimento sem traumas, o médico
junta outro engajamento: contra as cirurgias
obstétricas desnecessárias – especialmente a retirada do útero (histerectomia), que
impede que a mulher tenha filhos. Chegou
a lançar uma campanha “Mulheres, salvem
seus úteros!”.
“Defendo que a mulher sempre procure uma segunda opinião médica, para ter
certeza de que aquela intervenção é realmente cabível.”
Como é apaixonado pelo que faz, pensa
sobre as questões que envolvem o ofício de
fazer partos também em seu tempo livre.
“Nasci à beira-mar. Sou muito contemplativo,
capaz de ficar horas sentado em frente ao
mar sem fazer nada.” Nada entre aspas. Ele
agora estuda etologia, ciência que investiga
o comportamento dos animais. E, nas suas
elucubrações litorâneas, matuta sobre como
eles lidam com filhos e procriação. Assim
como na época em que abria besouros no
Recife, Basbaum continua acreditando que
o homem tem muito que aprender com a
natureza. “Dizem que Deus perdoa sempre.
Os homens, algumas vezes, mas a natureza
não perdoa nunca”. Fotos Paulo Pampolin/Hype
praticando a obstetrícia no
Hospital das Clínicas, foi estudar
na Universidade de Paris, sob o comando do
professor Raoul Palmer (1904-1985), considerado o pai da laparoscopia. O método, que
permite a visualização da cavidade interna
por meio de uma lente ótica, foi introduzido
por Palmer em 1946 e implantado na área de
ginecologia no Brasil por Basbaum, em 1967.
A partir da década de 80, a técnica evolui para a videolaparoscopia, deixou de
Nesse processo, foram essenciais dois tipos de convivência: com Frédérick Leboyer,
francês precursor das técnicas modernas de
parto humanizado, a quem Basbaum chama
de guru, e com índios no Paraná.
“A experiência de Leboyer é a vivência ou
revivência do seu próprio nascimento. Ele
partiu de uma pergunta muito simples: nascer é bom?”, conta o obstetra. Para responder a essa questão, o francês utilizava-se de
técnicas indianas regressivas, e viu muitos
narizes torcidos na comunidade científica.
“Mas houve o eco positivo da mulher, que
sabia que aquilo era bom para o bebê. É bom
para ela vivenciar a cerimônia do nascimento, ritualizar o que há de mais significativo:
nascer, chegar a este mundo. A experiência
do nascimento não pode ser pasteurizada”,
opina. De acordo com Basbaum, a intensidade do nascimento faz desse evento algo
singular: “A mulher pode ter dez filhos e
cada parto será de uma intensidade diferente, cada experiência vai ser única. Seja para ela ou para o bebê, que é um bebê
novo e ela é uma mulher nova, num outro
momento da vida dela”.
42 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 43
Heloisa Passos/SambaPhoto
coma bem por Luciene Cimatti
made in Brazil
Saúde
Fruta nativa, com sabor, aroma e formato exóticos, o caju tem mais vitamina C do que cinco
44 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
laranjas juntas e pode ajudar a prevenir alguns tipos de câncer e o envelhecimento precoce da pele
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 45
C
Deixe seu aperitivo
mais nutritivo
Vinicius Tupinamba/Shutterstock
aetano Veloso
em­bala em versos a força da vida nordestina na música “Cajuína”, que traz no título
homenagem à bebida típica, preparada do
suco de caju. Em “Cajueiro Velho”, a sanfona de Luiz Gonzaga chora confidências de
amor ao pé da árvore. São tantos os poemas
e canções quanto as plantações na região.
Não por acaso. O cajueiro nasceu aqui no
Brasil, e sua fruta já alimentava os índios
antes da chegada dos portugueses. Em tupiguarani, acaiu (caju) significa “noz que se
produz”, e os índios regavam suas festas
com o vinho produzido pela sua polpa, o
a-ca-juim. Eles usavam as castanhas para
marcar o tempo e, a cada safra, guardavam
uma delas para contar sua idade.
Calcula-se que existam
cerca de 20 variedades
da planta, com maior
presença no Norte,
Centro-OesteeNordeste, em especial
no Ceará. Ficam no
mercado de setembro até janeiro, mas
sua safra pode ser mais
Seu
extensa, chegando até a oito meses do ano. Do
nível de fibras
Brasil, o cajueiro se espalhou pelo mundo.
é tão alto que se estuda
Hoje é cultivado na África, Ásia e Oceania;
aproveitar o bagaço do caju em países como Vietnã, Índia, Nigéria e
Indonésia.
para fazer papel. Essa mesma É possível que a disseminação da fruta
característica pode reduzir – aliás, pseudofruto ou pedúnculo; a fruta
mesmo é a castanha – esteja ligada a seu exoo risco de câncer de
tismo. Formato, perfume, sabor, quase tudo
no caju é singular. Sua versatilidade também
intestino
deve ter ajudado a atrair comerciantes do mundo
inteiro: pode ser, por exemplo, matéria-prima para corantes de alimentos, já que é fonte do único pigmento amarelo
natural que existe.
Outro atrativo são seus benefícios para a saúde. Dotado de quase
cinco vezes mais vitamina C que a laranja, pode ajudar em processos de cicatrização, na produção de colágeno e a neutralizar os
radicais livres, que provocam o envelhecimento precoce da pele.
Basta um copo de suco integral para suprir as necessidades diárias de vitamina C no organismo, de cerca de 100 mg. No caso de
infecções, gravidez e amamentação, e em tabagistas, doses mais
elevadas são necessárias. É tão rico em fibras que se estuda a possibilidade de reaproveitar seu bagaço para fazer papel. Também
em razão do teor de fibras, seu consumo pode ajudar a reduzir o
risco de alguns tipos de câncer de intestino. “Mas tudo isso deve
ser associado a um estilo de vida saudável”, afirma a nutricionista
46 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Elma Andrade Wartha, professora da Universidade Federal de Sergipe.
Sua polpa, antes relegada a sucos e bebidas, vem ganhando espaço na mesa do
brasileiro. Pode ser consumida tanto ao
natural como no preparo de doces (geleias,
sorvetes, barras de cereais) e até pratos salgados. É rica em compostos fenólicos, muito
deles com propriedades antioxidantes, que
podem ajudar a reduzir o risco de enfermidades crônicas não transmissíveis, como
as cardíacas, inflamatórias e o diabetes.
O alto valor nutritivo do pedúnculo está
também nos sais minerais, cálcio, ferro e
fósforo. “A coloração amarela ou avermelhada se dá pela presença de flavonoides e
antocianinas. Existem estudos que apontam para os benefícios desses compostos
considerados antioxidantes, que reforçam
a defesa imunológica e reduzem o risco do
desenvolvimento de algumas doenças, como câncer ou outra doença degenerativa”,
afirma Elma Wartha.
A castanha também se destaca, requisitada internacionalmente, pelo alto valor
comercial e nutritivo. Divide-se em casca,
amêndoa e uma película, que as separa. A
parte que se come é a amêndoa, obtida depois que a castanha é assada ou torrada.
É muito consumida como aperitivo, mas
também em doces e bolos. As amêndoas
são ricas em proteínas, lipídeos e vitaminas B1 e B2. Seus ácidos graxos insaturados
(oleico e linoleico), encontrados na polpa,
podem reduzir o teor de colesterol no sangue, além de trazer benefícios contra processos inflamatórios e na redução do risco
de doenças cardíacas. Pode ajudar também
a evitar o aparecimento de alguns tipos de
câncer, pela presença do mineral selênio.
perecível Parte dessas vantagens são,
ao mesmo tempo, desvantagens. A grande
concentração de ácido ascórbico (vitamina
C) e substâncias fenólicas facilita a oxidação da fruta e faz com que ela estrague rapidamente. Por isso, exige cuidados especiais para estocagem, transporte, limpeza
e processamento. A conservação do suco
integral só é possível com a adição de altas
doses de dióxido de enxofre, acima do valor recomendado pelas leis internacionais,
Aperitivo clássico, ótima guarnição
de pratos doces e salgados (como
saladas e sorvetes), a castanha de
caju geralmente é preparada de
um modo que elimina parte de
suas qualidades nutritivas – frita a 1350C, em gordura vegetal.
“Há uma perda de nutrientes e uma
absorção dessa gordura em que
ela é frita, que é gordura trans”,
afirma a nutricionista Maria Auxiliadora dos Santos Cardoso, do
Hospital Esperança, no Recife, em
Pernambuco.
O processo de fritura compromete a
composição da castanha – 15% de
proteína (mais que a carne), 45%
de carboidrato e 40% de gordura,
a maior parte monossaturada, de
boa qualidade, semelhante à do
azeite. “O ideal seria consumi-la
só com o cozimento. Ela não fica
tão saborosa, mas conserva as
propriedades nutricionais”, diz a
nutricionista. A castanha cozida
não é tão fácil de encontrar nos
hipermercados, mas costuma ser
vendida nos mercadões.
Outro bom modo de preparo, ainda
que menos comum, é colocá-la diretamente no fogo. “Esse processo
é artesanal, feito para os turistas.
Você não perde praticamente nada
em matéria de nutrientes”, explica
Maria Auxiliadora.
O que comemos da castanha é,
na verdade, uma parte dela, chamada amêndoa. O fruto ainda é
composto de outras duas estruturas: a casca (que representa 70%
do peso e pode ser usada como
matéria-prima para fertilizantes,
tintas, vernizes e resinas) e a película que envolve a amêndoa.
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 47
Mesmo
com conservantes,
o suco industrializado
perde 65% da vitamina C
em um ano. O melhor é
bebê-lo logo após o preparo
como notam profesou depois de uma hora
sores da Universidade
na geladeira
Federal do Piauí em artigo para a revista científica Química Nova, da Sociedade
Brasileira de Química.
Estão sendo feitos estudos para avaliar
a perda de vitamina C nos produtos industrializados, que pode chegar a 65% em um
ano de armazenamento, apesar do alto teor
de conservantes. “Por ser perecível, o ideal
é preparar o suco e tomá-lo em seguida, ou
colocá-lo em refrigeração no máximo até
uma hora. Outra alternativa é lavar bem
os cajus, retirar as castanhas e congelálos para utilizá-los em sucos, doces etc.”,
ensina Elma.
Em parte porque seu gosto se altera rapidamente, em parte por problemas no processo de produção, há grande desperdício
da polpa e do bagaço. De acordo com dados
publicados em 2007 numa revista da Sociedade Brasileira de Ciência e Tecnologia
de Alimentos, do total produzido anualmente no Nordeste, 15% é aproveitado na
fabricação do suco. O restante é destinado
à produção da castanha de caju. Nos dois
casos, o bagaço é descartado. Só naquele
ano, o desperdício da polpa de caju chegou
a quase 2 milhões de toneladas. A Embrapa tem pesquisado formas de utilização do
bagaço, como farinha para pães e biscoitos
e na composição de ração animal.
Por outro lado, não faltam maneiras saborosas de evitar o desperdício. É possível
usar a polpa na confecção de hambúrguer,
risoto, vatapá, omelete, pastéis, lasanha
e até pizza.
Para ensinar a aproveitar a polpa e o ba48 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
criações do chef Sandro Medeiros, do restaurante Brilhante, em Caicó, no Rio Grande do Norte. Uma de suas receitas é o Caju
Metido à Besta, que é cortado em rodelas
e servido com camarão empanado e patê
de camarão. Já o Caviar de Caju, servido
com bolacha feita de macaxeira (mandioca), foi criado quase por acaso. “Comecei
a combinar os ingredientes e, como o caju
realça o sabor, adicionei alcaparras, azeitonas e molho shoyo.”
Ele sugere congelar a polpa para utilizála por mais tempo – pode durar de seis a
oito meses. “Além de mantermos a tradição usando as frutas da região, as pessoas
adoram os pratos”, diz Medeiros. Shutterstock
gaço, o Serviço Social da Indústria (SESI)
lançou em 2007, parceria com a Fundação
Banco do Brasil, o Projeto Caju. Foram elaboradas receitas básicas de baixo custo e
fácil preparação com a fibra da
fruta. A tecnologia foi desenvolvida pelo SESI do
Ceará, com apoio da
Embrapa e da Universidade Federal
do Ceará.
O caju também
chegou à alta gastronomia, como base
para pratos sofisticados. Prova disso são as
Job: 18005-003 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 18005-003-AFW-REDOR-Anuncio 20.2X26.6_pag001.pdf
Registro: 56037 -- Data: 12:33:35 11/11/2011
rodando por aí por Walterson Sardenberg Sº
A joia desconhecida da coroa
Hector Conesa/Shutterstock
Edimburgo
Desconhecida
para nós, brasileiros. Porque os europeus amam – e lotam – a capital escocesa
F
constar dos roteiros dos brasileiros na Europa, embora seja um dos lugares mais visitados pelos europeus no Reino Unido. Perde
apenas para Londres que, afinal de contas, é
uma das esquinas do planeta.
O auge de Edimburgo acontece
no verão, entre julho e agosto. Nesse período ocorre
o maior evento cultural do mundo — e isso
não é um slogan. A
brincadeira começouhápoucomaisde
meio século, quando
ocorreu a ideia de um
festival de artes totalmente livre. Bastaria se
inscrever para participar. Em
outras plagas, a iniciativa poderia
descambar em um programa de calouros que
só acaba quando termina. Não aqui. Os artistas
são amadores, sim. Muitos, porém, de incontestável talento. Eles se apresentam nos pubs,
praças, quadras de esportes das escolas, em
qualquer lugar onde caibam um banquinho,
um violão e uma gaita de foles. No decurso
desses meses, a população de Edimburgo —
modestos 500 mil viventes — triplica. Além
do festival amador, há dois outros reservados
para músicos profissionais, de blues e de jazz.
Se o verão é o apogeu, isso não significa que
nos meses mais frios Edimburgo se transforme em terra desolada. A alma escocesa não
deixaria. Em seu inglês arrastado, os moradores costumam se revelar mais expansivos
e cheios de vida do que os vizinhos de ilha.
Por sinal, com um pouco mais de intimidade
na conversa — ou de fervor etílico —, você os
ouvirá desdenhar os ingleses. É capaz até de
lhe enaltecerem o movimento pela independência, insuflado por nacionalistas extremados como o ator Sean Connery. No geral,
nos dias correntes da globalização, tudo não
vai além de bravatas. Até porque há muito
Edimburgo estabeleceu sua economia — e
muito bem, thanks — no que chama de “três
bês”: banks, books e beer, ou bancos, livros e
cerveja, as mais rendosas atividades locais.
Internacional sobre Terapia Medicamentosa contra Infecção de Tuberculose. Nada disso. A não ser para
visitar o formidável entorno do Firth of Fourth, o imenso estuário
que fraciona o território da Escócia e banha os subúrbios da cidade.
Nesse caso, bastará um táxi, daqueles bem britânicos — embora agora
dotados de pneus sem câmara, que Dunlop, um visionário, aplaudiria. De resto, esta é uma cidade para se percorrer a pé, admirando
a cada passo as construções medievais, ainda tinindo, e as belezas
do neogótico ou do georgiano. Andando, você, de quebra, evita a estranheza de dirigir na mão inglesa, sempre um perigoso incômodo
para quem teima em achar que o porta-luvas fica do lado direito.
Tamanha facilidade vale um brinde, convenhamos. Uísque? Você
vai se tomar pelo espanto, mas os moradores de Edimburgo preferem fazê-lo com a cerveja Tennent’s Lager no lugar do scotch (ou
uisghebeatha, água da vida no idioma gaélico), nos 700 pubs da cidade, a maioria com tábuas seculares. Esta é apenas uma das inúmeras
surpresas da capital escocesa que, sabe-se lá a razão, não costuma
1ª Conferência Internacional sobre
Terapia Medicamentosa
contra Infecção de Tuberculose
Onde
Barcelo Edinburgh Carlton Hotel
North Bridge, Midlothian EH1 1SD, Edimburgo
Quando
6 e 7 de janeiro de 2012
http://www.eventsbot.com/events/eb662245306
52 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
a partir do alto Deve ser pura coincidência, mas algumas das mais bonitas cidades do globo foram construídas em sete
Seti/Shutterstock
Mais
expansivos do
ormado pela Universidade de Edimburgo, o escocês John Boyd
que os vizinhos de sul de
Dunlop inventou o moderno pneu inflável.
ilha, os escoceses constumam
Dessa maneira, possibilitou ao americano
falar mal dos ingleses não
Henry Ford criar a linha de produção do Ford
T e, em consequência, promoveu o boom da
apenas pela rivalidade no
borracha na Amazônia. Por ironia, você não
futebol e no rúgbi, mas
precisará de um carro para conhecer Edimburpelo estilo de vida
go, que em janeiro abriga a Primeira Conferência
Edimburgo é uma cidade para se conhecer a pé, admirando lentamente as construções medievais e as belezas do neogótico, como a do Scott Monument
SuaSaúde Rede D’Or São Luiz | 53
Onde ficar
Caledonian Hotel
O “The Calley”, como
costuma ser chamado, é
rival em luxo de tradição do
Balmoral. Pertence hoje à
cadeia Hilton. Princess Street,
www.hilton.com,
tel. (44) 131-222-8888.
The George Hotel
Elegante e central. Perto
dos principais monumentos
históricos. 19, George Street,
www.thegeorgehoteledinburgh.
co.uk, tel. (44) 131-824-6171
Onde comer
The Sheep Heid Inn
O mais antigo pub da cidade,
inaugurado em 1360. 43, The
Causeway, www.sheepheid.
co.uk, tel: (44) 131-661-7974.
The Kitchin
Comida escocesa revista.
Já ganhou uma estrela
no Guia Michelin. 78,
Commercial Quay,
www.thekitchin.com,
tel. (44) 131-555-1755
Dubh Prais
Ambiente acolhedor
e as mais típicas receitas
escocesas. 123b, High Street,
www.dubhpraisrestaurant.com,
tel. (44) 131-557-5732
54 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
Seti/Shutterstock
Balmoral Hotel
Uma tradição de 109 anos,
mantida como um jardim
britânico. Princess Street,
www.roccofortehotels.com,
tel. (44) 131-556-2414.
O Balmoral Hotel, um dos mais luxuosos da cidade, faz questão de que os porteiros usem kilt, tradicional saiote xadrez
colinas. Assim acontece com Roma, Lisboa,
Istambul e com a nossa Olinda. Edimburgo
também faz parte desse rol e, tal como se recomenda em relação às suas companheiras
de topografia, é do alto que você deve começar a visita. O ponto mais elucidativo para se
divisar a capital escocesa é Canton Hill. Lá
de cima, você verá as principais atrações da
capital escocesa, antes de conhecê-las, uma
a uma. Ao fundo, encarapitado em outra colina, está o majestoso Castelo de Edimburgo,
construído sobre um vulcão extinto. Suas
primeiras estruturas são ainda do século XII.
O castelo teve diversas serventias: foi fortaleza, guarnição militar, prisão. Mas viveu
seus melhores dias como palácio real, antes
da anexação da Escócia ao Reino Unido. Ele
acolhe as joias da coroa (incluindo a própria
coroa) e a Pedra do Destino. Sobre este bloco de rocha, foram coroados todos os reis
escoceses até 1296, quando os ingleses, por
pura provocação, o levaram para a Abadia
de Westminster, em Londres.
Mas voltemos a Canton Hill. À direita deste
ponto alto da cidade (e da visita), você verá
um bairro de prédios baixos descendo, pouco
a pouco, até o estuário, rumo a Leith. Já foi
o mais importante porto do país. Hoje, é o
enclave dos restaurantes mais charmosos de
Edimburgo. Agora, olhe à esquerda. Eis a área
mais medieval da cidade, onde Edimburgo
é mais escocesa, em seus prédios conserva-
dos com orgulho e intrepidez. Descortina-se
nesta área, também, o caminho que leva ao
Castelo de Holyrood, onde morou a rainha
Mary Stuart, decapitada a mando da própria
irmã, inglesa. Talvez por isso a rainha Elizabeth e o príncipe Phillip passem somente
uma semana por ano entre essas paredes.
Diante de Canton Hill está outro chamariz:
a Princess Street, o mais elegante corredor
comercial da cidade. Uma de suas mais notáveis façanhas foi unir, com uma imperturbável harmonia, as modernas lojas de grife e
as tradições de Edimburgo. Fica aqui o Balmoral Hotel, de 1902, com seus porteiros,
impecáveis, trajando um kilt – aquele saiote
xadrez. Se for demasiado caro para seu orçamento hospedar-se aqui – bem, costuma
ser —, ao menos venha para o chá das cinco
ou para bebericar um uisquezinho nacional
no Palm Court Bar. Também na Princess
Street está a Jenner’s. Aberta em 1838, é a
mais antiga loja de departamentos da história. Mantém a decoração e a pompa. Seus
trincos e demais metais ainda cintilam como
no dia da inauguração.
Sim, foi demorado chegar. Mas, uma vez
estando aqui, foi a melhor coisa que poderia
nos acontecer. É o que um célebre edimburguense, o naturalista Charles Darwin, poderia
falar a nosso respeito — ou da humanidade.
E o que você provavelmente dirá no seu último dia de Edimburgo. Job: 17999-003 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 17999-003-AFW-HSL-An Superbrands-20.2X26.6_pag001.pdf
Registro: 56033 -- Data: 12:11:34 11/11/2011
unidades e colaboradores
Endereços dos hospitais que fazem parte da Rede D’Or São Luiz
Unidades D’Or
Hospital Barra D’Or
Hospital Copa D’Or
Hospital Quinta D’Or
Hospital Rios D’Or
Hospital Norte D’Or
Hospital Niterói D’Or
Unidades São Luiz
Hospital
Hospital e Maternidade
São Luiz – Itaim
Hospital São Luiz
Morumbi
Hospital e Maternidade
São Luiz – Anália Franco
Endereço
Telefone
Av. Ayrton Senna, 2541, Barra da Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22775-002
Rua Figueiredo de Magalhães, 875, Copacabana | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22031-011
Av. Almirante Baltazar, 435, São Cristovão | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20941-150
Estrada dos Três Rios, 1366, Freguesia (Jacarepaguá) | Rio de Janeiro/RJ | CEP 22745-005
Rua Carolina Machado, 38, Cascadura | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21350-135
Av. Sete de Setembro, 301, Santa Rosa (Icaraí) | Niterói/RJ | CEP 24230-251
Tel.: (021) 2430-3600
Tel.: (021) 2545-3600
Tel.: (021) 3461-3600
Tel.: (021) 2448-3600
Tel.: (021) 3747-3600
Tel.: (021) 3602-1400
Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 95, Vila Nova Conceição | São Paulo/SP | CEP 04544-000
Tel.: (011) 3040-1100
Rua Eng. Oscar Americano, 840, Morumbi | São Paulo/SP | CEP 05673-050
Tel.: (011) 3093-1100
Rua Francisco Marengo, 1.312, Jardim Analia Franco | São Paulo/SP | CEP 03313-001
Tel.: (011) 3386-1100
Rua São Francisco Xavier, 390, Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20550-013
Rua Francisco Real, 752, Bangu | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21810-042
Rua Lúcio de Mendonça, 56, Tijuca | Rio de Janeiro/RJ | CEP 20.270-040
Rua Olinda Ellis, 93, Campo Grande | Rio de Janeiro/RJ | CEP 23045-160
Rua Silva Gomes, 77, Cascadura | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21350-080
Estr. do Realengo, 1336, Padre Miguel | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21810-122
Rua Luis Beltrão, 147, Vila Valqueire | Rio de Janeiro/RJ | CEP 21.321-230
Tel.: (021) 3978-6400
Tel.: (021) 2401-5220
Tel.: (021) 2176-8800
Tel.: (021) 2414-3600
Tel.: (021) 3296-5400
Tel.: (021) 3423-9800
Tel.: (021) 3369-9650
Rua Cel. Fernando Prestes, , 1.177, Centro | Santo André/SP | CEP 09020-110
Tel.: (011) 2127-6666
Av. João Firmino, 250, Assunção | São Bernardo do Campo/SP | CEP 09810-250
Tel.: (011) 4344-8000
Rua Antônio Gomes de Freitas, 265, Ilha do Leite | Recife/PE | CEP 50070-480
Av. José Augusto Moreira, 810, Casa Caiada | Olinda/PE | CEP 53130-410
Av. Portugal, 52, Boa Vista | Recife/PE | CEP 52010-010
Tel.: (081) 3131-7878
Tel.: (081) 3432-8000
Tel.: (081) 3217-4444
Unidades Associadas
Rio de Janeiro
Hospital Badim
Hospital Bangu
Hospital Israelita
Hospital Joari
Hospital Provita
Hospital Real
Hospital Rio de Janeiro
São Paulo
Hospital e Maternidade
Brasil
Hospital e Maternidade
Assunção
Pernambuco
Hospital Esperança
Hospital Prontolinda
Hospital São Marcos
Profissionais da Rede D’Or São Luiz que colaboraram nesta edição
ALEXANDRE PALLADINO
Oncologista
Centro de Oncologia – Hospital
Quinta D’Or
Av. das Américas, 4666, sl. 322
Barra da Tijuca | Rio de Janeiro/RJ
(021) 2430-9191
FELIPE ERLICH
Coordenador da radioterapia
Centro de Oncologia - Hospital
Quinta D’Or
Av. Almirante Baltazar, 435
São Cristovão | Rio de Janeiro/RJ
(021) 3461-3600
CLAUDIO BASBAUM
Ginecologista e obstetra
Hospital e Maternidade São Luiz
Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues,
247, cj. 11
Vila Nova Conceição | São Paulo/SP
(011) 3848-9597
FERNANDO AZEVEDO
Coordenador do Serviço de
Pneumologia
Hospital Copa D’Or
Av. Ataulfo de Paiva, 135, sl. 1514
Leblon | Rio de Janeiro/RJ
(021) 2294-9450 / 2512-2495
DINO ALTMANN
Diretor médico do GP Brasil de F-1
Hospital e Maternidade São Luiz
Rua Jesuíno Arruda, 676, cj. 131
Itaim Bibi | São Paulo/SP
(011) 3079-6608
FERNANDO BOZZA
Coordenador de Medicina Intensiva
Instituto D’Or
Rua Diniz Cordeiro, 30
Botafogo | Rio de Janeiro/RJ
(021) 2538-3541
56 | SuaSaúde Rede D’Or São Luiz
GUTEMBERG GUERRA
Diretor médico
Hospital Prontolinda
Av. José Augusto Moreira, 810
Casa Caiada | Olinda/PE
(081) 3432-8000
MARIA AUXILIADORA CARDOSO
Nutricionista
Hospital Esperança
Antônio Gomes de Freitas, 265
Ilha do Leite | Recife/PE
(081) 3131-7878
MARCIA MARIA DA COSTA
Coordenadora da maternidade
Hospital e Maternidade São Luiz - Itaim
Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 95
Vila Nova Conceição | São Paulo/SP
(011) 3040-1100
ODAIR FERRARO
Ginecologista e obstetra
Hospital e Maternidade Brasil
Rua Porto Alegre, 356
Vila Dora | Santo André/SP
(011) 2127-6988
MARCIA REGINA DA SILVA
Coordenadora do GAAM
Hospital e Maternidade São Luiz - Itaim
Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 95
Vila Nova Conceição | São Paulo/SP
(011) 3040-1100
PEDRO ROZOLEN
Diretor médico adjunto do
GP Brasil de F-1
Hospital e Maternidade São Luiz
Rua Dr. Diogo de Faria, 1087, cj. 701
Vila Clementino | São Paulo/SP
(011) 5081-7419
Job: 18005-002 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 18005-002-AFW-RDOR-An Centro Onco 20.2x26.6_pag001.pdf
Registro: 56034 -- Data: 12:12:42 11/11/2011
Job: 17999-005 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 17999-005-AFW-HSL-An medicos F1-20.2X26.6_pag001.pdf
Registro: 56229 -- Data: 17:51:34 11/11/2011
Download