o estágio supervisionado na formação do pedagogo e sua atuação

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O ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA FORMAÇÃO DO PEDAGOGO E
SUA ATUAÇÃO NO ESPAÇO HOSPITALAR
Edileine Chilhen1- CNEC
Lídia Aparecida Lopes2- CNEC
Grupo de Trabalho - Educação,saúde e Pedagogia Hospitalar
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O presente, estudo tem por objetivo discutir o estágio curricular como um momento
fundamental na formação profissional do futuro pedagogo. O artigo prioriza aspectos
relacionados à atuação desse profissional no espaço hospitalar e destaca a relevância da práxis
pedagógica nesse processo de formação, além de apresentar aspectos vivenciados durante a
realização da prática de estágio no espaço hospitalar pelas autoras. É por meio do estágio que
o estudante-professor compreenderá a relação entre a teoria apreendida na faculdade e a
prática desempenhada em sala de aula, tomando consciência da práxis pedagógica como
processo fundante da formação docente. A formação e atuação do pedagogo podem ocorrer
no âmbito da educação formal - instituições escolares (escolas, creches) e não-formal (setor
empresarial, hospitalar, ambiental e social). Em cada um desses locais o pedagogo
desempenha funções diferenciadas, pertinentes ao que é exigido desse profissional. O estudo,
de abordagem qualitativa, foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica e empírica, cujo
resultado foi a observação durante a prática de estágio curricular das autoras. Os principais
aportes teóricos que fundamentam a discussão foram elaborados a partir das ideias de:
Fonseca (2003), que afirma existir já no período colonial, atendimento escolar para crianças
hospitalizadas; Mattos e Mugiatti (2001), que defendem a Pedagogia Hospitalar como espaço
de prática educativa que se constitui num espaço alternativo que vai além da escola e do
hospital ); Mattos (2011), para quem a inserção do pedagogo/educador no hospital representa
a transformação desse local em um ambiente mais humanizador e Vásquez (1977), o qual
afirma que toda práxis é atividade, mas nem toda atividade é práxis, entre outros.
Palavras chave: Estágio Supervisionado. Formação. Práxis Pedagógica. Pedagogia
Hospitalar.
Graduanda do curso de Pedagogia –Faculdade CNEC de Campo Largo - [email protected]
Graduanda do curso de Pedagogia –Faculdade CNEC de Campo Largo - [email protected]
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ISSN 2176-1396
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Introdução
O presente estudo discute o estágio como um momento fundamental na formação
profissional do pedagogo, priorizando aspectos relacionados à atuação desse profissional no
espaço hospitalar e destaca a relevância da práxis pedagógica nesse processo de formação.
A importância do estágio supervisionado nos currículos dos cursos de licenciatura
decorre da possibilidade que os futuros professores têm de interagir com a prática pedagógica
durante sua formação inicial. Interação esta que auxilia na relação teoria/prática, fazendo com
que este momento seja indispensável para sua carreira profissional.
O estágio proporciona ao acadêmico a possibilidade de conhecer os possíveis
obstáculos que encontrará na sua profissão, permitindo que ele tenha a certeza sobre a escolha
profissional, além de ajudar o aluno-professor a conhecer diferentes perfis profissionais, bem
como as diversas situações que envolvem o fazer pedagógico no dia a dia escolar, auxiliandoo a refletir sobre as experiências vivenciadas durante o estágio.
Com as constantes mudanças na sociedade o pedagogo deve ser crítico e capaz de se
adequar às transformações sociais, políticas, econômicas e culturais, deve formar-se também
como pesquisador que constrói seu conhecimento a partir da investigação e reflexão sobre a
práxis pedagógica.
Sobre a práxis pedagógica Vásquez (1977, p.3) a identifica como “atividade material
do homem que transforma o mundo natural e social para fazer dele um mundo humano”. Para
o autor, "toda práxis é atividade, mas nem toda atividade é práxis” (VÁSQUEZ, 1977, p.185).
Nesse sentido:
a dependência da teoria em relação à prática, e a existência desta como últimos
fundamentos e finalidades da teoria, evidenciam que a prática - concebida como
uma práxis humana total - tem primazia sobre a teoria; mas esse seu primado, longe
de implicar uma contraposição absoluta à teoria, pressupõe uma íntima vinculação
com ela (VÁSQUEZ, 1977, p.234).
Dessa forma, a práxis pode ser entendida como a relação teoria/prática, fundamentada
em um processo dialético de ação/reflexão/ação e de desenvolvimento da consciência crítica
acerca dos aspectos que envolvem o fazer pedagógico.
Sobre o fazer pedagógico, durante e após o estágio curricular, o presente trabalho
destaca a atuação no espaço hospitalar, abordando os principais desafios e as possibilidades
para o processo ensino/aprendizagem nesse contexto.
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O estágio curricular nos cursos de formação docente
Presente nos cursos de licenciatura desde 1930, o estágio supervisionado é essencial
na formação inicial docente. Busca fazer com que o estudante através do processo de
observação, possa refletir criticamente sobre a práxis pedagógica e a partir dessa reflexão
construir seus conhecimentos profissionais.
O conceito de estágio curricular é apresentado pelo Decreto nº 87.497, de 18 de agosto
de 1982, (BRASIL, 1982), que regulamenta a Lei 6.494, de 07 de dezembro de 1977
(BRASIL, 1977b) que por sua vez dispõe sobre o estágio em estabelecimentos para estudantes
do ensino médio regular, ensino superior e ensino supletivo, conforme o art. 2º do referido
decreto:
considera-se estágio curricular [...] as atividades de aprendizagem social,
profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela participação em situações
reais de vida e trabalho de seu meio, sendo realizadas na comunidade em geral ou
junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob responsabilidade e
coordenação da instituição de ensino. (BRASIL, 1982).
Compreendemos a partir disto que a faculdade, enquanto espaço institucionalizado
para formação deve proporcionar ao estudante de licenciatura as disciplinas acadêmicas e
pedagógicas que darão base ao exercício de sua profissão. A instituição de ensino superior
deve orientar o acadêmico que o processo de formação é contínuo, e o processo de
aprendizagem pode ocorrer em lugares diversificados, ampliando suas condições para
aprender, investigar, instigar a curiosidade, refletir e discutir.
Dessa forma, o processo de aprendizagem e desenvolvimento de experiências do
futuro pedagogo, durante o estágio curricular, pode ocorrer em espaços formais ou nãoformais de educação. Os espaços formais são as instituições escolares. Por espaços nãoformais de educação, Contreras (1983, p. 34) entende que sejam:
uma modalidade do processo educação/organização popular que tem como
particularidade procurar que os grupos ou subgrupos populares se organizem a partir
da busca de soluções imediatas a seus problemas e necessidades e procurar que,
através de uma participação autogestionada, estes grupos vão adquirindo os
instrumentos produtivos e sociais que lhes permitam elevar e melhorar sua qualidade
de vida.
O estágio curricular, seja em espaços formais ou não-formais para o curso de
Pedagogia está respaldado pela Resolução do Conselho Nacional de Educação/Conselho
Pleno n.º1 de 15/05/2006 (BRASIL, 2006), que institui Diretrizes Curriculares Nacionais
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para os Cursos de Graduação em Pedagogia. A organização curricular do curso apresenta uma
carga horária de Estágio Curricular Supervisionado de 300 horas, com o objetivo de articular
teoria e prática, e superar a grande problemática existente nessa relação, possibilitando ao
estudante criar sua identidade profissional por meio do processo de ação-reflexão-ação.
É inserido no ambiente escolar, seja ele formal ou não-formal, e nas relações com
diferentes profissionais da educação que estudante-professor terá contato com os diversos
saberes; podendo vivenciar inúmeras experiências, analisar o processo de ensino e
aprendizagem; selecionar o que acredita ser mais adequado e acrescentar novas ideias,
buscando melhorar a qualidade de ensino no contexto em que se encontra.
Durante o período de estágio é fundamental que o estudante reflita sobre a sua futura
profissão, avaliando os obstáculos e desafios com os quais irá se deparar, de forma que suas
escolhas lhe proporcionem satisfazer expectativas pessoais e profissionais, e que consiga êxito
quanto a sua inserção no mundo do trabalho. Outro ponto relevante sobre o estágio, segundo
Ghedin et al (2008) é que “o estágio precisa promover a aproximação entre o espaço da escola
de formação e os contextos reais sem que isso se restrinja a uma etapa no final do curso”.
Nos cursos de formação de professores, geralmente o estágio ainda é entendido como
uma atividade obrigatória, que serve tão somente para o cumprimento da carga horária
determinada pelas instituições e para o preenchimento de documentos que comprovem a
realização do estágio tais como: planejamento, relatórios sobre a experiência, fotos, entre
outros, caracterizando o período de estágio apenas como uma atividade burocrática. Esse
conceito equivocado a cerca do estágio como um pré-requisito para a obtenção de um diploma
acaba por comprometer a qualidade das atividades desenvolvidas durante essa experiência,
impedindo que o estudante/estagiário perceba a amplitude do trabalho a ser realizado nesse
período.
A relevância do estágio supervisionado na formação do Pedagogo para a atuação em
diferentes espaços: um olhar para a Pedagogia Hospitalar
Durante o percurso de formação inicial, o estudante de Pedagogia necessariamente
precisa cumprir os requisitos mínimos quanto ao estágio curricular supervisionado, que tem
como objetivo instrumentalizá-lo para a construção da sua práxis pedagógica. Conforme já
mencionado, esse processo pode e deve ocorrer também em espaços não-formais.
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Um dos espaços que tem apresentado vivências pedagógicas diferenciadas e com
resultados bastante significativos para a aprendizagem e experiência do futuro pedagogo é o
hospitalar.
Conforme definição do Ministério da Saúde, o espaço hospitalar é um centro de
educação, podendo ser considerado como sendo:
[...] a parte integrante de uma organização médica e social, cuja função básica
consiste sem proporcionar à população assistência médica integral, curativa e
preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar,
constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e
de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamento de pacientes, cabendo-lhe
supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente.
(BRASIL, 1977a, P. 3.929).
De acordo com Mattos e Mugiatti (2001, p. 40), a Pedagogia Hospitalar como espaço
de prática educativa:
[...] constitui-se num espaço alternativo que vai além da escola e do hospital, haja
vista que se propõe a um trabalho não somente de oferecer continuidade de
instrução. Ele vai além, quando realiza a integração do escolar hospitalizado,
prestando ajuda não só na escolaridade e na hospitalização, mas em todos os
aspectos decorrentes do afastamento necessário do seu cotidiano e do processo, por
vezes, traumático da internação. O conhecimento da realidade da
criança/adolescente hospitalizado e as medidas preventivas que se façam necessárias
são, portanto, pontos determinantes, também do ato pedagógico que vai se delinear a
partir destes aspectos.
Ohara, Borba e Carneiro (2008), explicam que o trabalho educativo no espaço
hospitalar teve seu início em 1935, quando Henri Sellier inaugurou a primeira escola para
crianças inadaptadas, nos arredores de Paris. Na sequência. Seguindo o exemplo de Henri
Sallier, a Europa e os Estados Unidos também criam escolas para crianças hospitalizadas,
com o objetivo de suprir as dificuldades escolares de crianças tuberculosas.
Segundo Ohara, Borba e Carneiro (2008), a Segunda Guerra Mundial é considerada
como marco decisório das escolas em hospitais, pois “o grande número de crianças e
adolescentes atingidos, e mutilados e impossibilitados de ir à escola, fez criar um
engajamento sobre tudo dos médicos, que hoje são defensores da escola em seus serviços.”
(VASCONCELOS, 2006, p.2 apud MATTOS; MUGIATTI, 2001, p.324).
Fonseca (2012, p. 14), fundamentada em Jannuzzi (1985), faz referência ao
atendimento educacional em hospitais desde o período colonial. De acordo com a autora:
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no Brasil, [...], há relatos de que, já no período colonial, crianças hospitalizadas
recebiam atendimento escolar. Mais recentemente, no início do século XX, por
conta do fortalecimento de estudos voltados especificamente ao entendimento da
infância em áreas como pediatria e psicologia, a criança passou a ser vista e tratada
de acordo com características, interesses e necessidades próprios, ou seja, como um
indivíduo com peculiaridades. (FONSECA, 2012, p. 14).
Somente a partir da promulgação da Constituição Federal de 1988, (BRASIL, 1988) e
na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/96, (BRASIL, 1996)
é que a educação é definida como direito público subjetivo, assim crianças e adolescentes
passam a ser reconhecidos como cidadãos de direitos (BRASIL, 1995). Dessa forma, mesmo
datando do período colonial e visto sua relevância e abrangência, o direito ao atendimento do
escolar hospitalizado e a presença do pedagogo no espaço hospitalar ainda é pouco divulgado
em nossa sociedade.
Na busca por uma educação plena, baseada nos princípios da democracia, da justiça
social e visando a garantia do direito à educação por todos os cidadãos, a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, LDB nº 9.394/ 96, em seu artigo 3º, Ratifica os princípios
promulgados na Constituição e estabelece que o ensino será ministrado com base nos
princípios de:" I -igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade
de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; [..] IX garantia de padrão de qualidade;" (BRASIL, 1996).
O artigo 214 da Constituição Federal, afirma que as ações do Poder Público devem
conduzir à universalização do atendimento escolar, dessa forma, ao educando que se encontra
hospitalizado, terá a garantia do cumprimento da obrigatoriedade de ensino pelo Poder
Público, que deverá, conforme estabelecido no artigo 5º, parágrafo 5º da LDB 9394/96, criar
alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização
anterior, tendo como prioridade o processo de aprendizagem do estudante.(BRASIL, 1996).
Da mesma forma, o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei nº 8.069/90, art.53,
defende que:
a criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento
de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho,
assegurando-se lhes: I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola. (BRASIL, 1990).
Sendo a educação um direito de todos, entende-se que qualquer criança ou adolescente
em tratamento de saúde impossibilitado de frequentar a escola tem o direito ao atendimento
pedagógico hospitalar, sendo-lhe também garantido o atendimento domiciliar.
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Pensando nesse direito foram implantados o Decreto Lei nº 1.044/69 e a Lei nº
6.202/75. A primeira, diz respeito ao tratamento para os alunos portados de afecções,
possibilitando aos estudantes, a compensação das faltas, exercícios relacionados à série de
ensino e compatíveis com seu estado de saúde. (BRASIL, 1969). A segunda, não diz nada
relacionado à educação na rede hospitalar, somente ampara as gestantes adolescentes que não
estão em condições de estar na rede de ensino. (BRASIL, 1975).
Defendendo estes mesmos princípios educacionais, temos ainda o Conselho Nacional
de Educação, por meio da Resolução nº 02/01, institui as Diretrizes Nacionais da Educação
Especial na Educação Básica. (BRASIL, 2001).
A Deliberação nº 02/03 – CEE/PR, definindo algumas normas da Educação Especial,
no art.14, determina que:
os serviços especializados serão assegurados pelo Estado, que também firmará
parcerias ou convênios com as áreas de educação, saúde, assistência social, trabalho,
transporte, esporte, lazer e outros, incluindo apoio e orientação à família, à
comunidade e à escola, compreendendo: I. Classe especial; II. Escola especial; III.
Classes hospitalares; V. Atendimento pedagógico domiciliar; V. Centro de apoio
pedagógico; VI. Centro multidisciplinar de atendimento especializado; VII.
Educação profissional; VIII. Atendimentos clínico-terapêuticos e assistenciais.
(PARANÁ, 2003).
Temos também a publicação da Resolução nº 41/95, (BRASIL, 1995), do Conselho
Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que proporciona as crianças e
adolescentes hospitalizados, o direito de participar de atividades recreativas, e a programas de
educação, que acompanhem a grade curricular escolar durante toda sua permanência
hospitalar.
Conforme a referida Resolução toda criança e adolescente hospitalizados:
1. direito e proteção à vida e a saúde, com absoluta prioridade e sem qualquer forma
de discriminação. 2. direito a ser hospitalizado quando for necessário ao seu
tratamento, sem distinção de classe social, condição econômica, raça ou crença
religiosa. 3. Direito a não ser ou permanecer hospitalizado desnecessariamente por
qualquer razão alheia ao melhor tratamento da sua enfermidade. 4. Direito a ser
acompanhado por sua mãe, pai ou responsável, durante todo o período de sua
hospitalização, bem como receber visitas. [...] 9. Direito a desfrutar de alguma
forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do
curriculum escolar, durante sua permanência hospitalar. [...] 19. Direito a ter seus
direitos Constitucionais e os contidos no Estatuto da Criança e do Adolescente,
respeitados pelos hospitais integralmente. (BRASIL, 1995).
Em 2002, o MEC publicou um documento intitulado: "Classe hospitalar e atendimento
pedagógico domiciliar: estratégias e orientações". Está publicação enfatiza que todo o aluno
que estiver em tratamento de saúde, internado, tem o direito ao atendimento pedagógico
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hospitalar, para retornar a rede de educação institucionalizada, assim que cessar o tratamento
de saúde.
Por fim o direito ao atendimento pedagógico-educacional de crianças e jovens durante
seu período de internação, tem sido assegurado no Estado do Paraná, por do Serviço de
Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar (SAREH).
Atualmente no Estado do Paraná, temos onze instituições que aceitaram a implantação
do SAREH. São elas:

Associação Paranaense de Apoio à Criança com Neoplasia – APACN, Curitiba;

Hospital Universitário Evangélico, Curitiba;

Hospital das Clínicas, Curitiba;

Hospital do trabalhador, Curitiba;

Hospital Erasto Gaertner, Curitiba;

Associação Hospitalar de Proteção à Infância Doutor Raul Carneiro/ Hospital
Pequeno Príncipe, Curitiba;

Hospital Infantil Doutor Waldemar Monastier, Campo Largo;

Hospital Universitário Regional de Maringá;

Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná, Londrina;

Hospital Regional do Litoral, Paranaguá;

Hospital Universitário do Oeste do Paraná, Cascavel
Para Mattos e Mugiatti (2001, p. 38) A Pedagogia Hospitalar é “[...] uma pedagogia
vitalizada, uma pedagogia da vida e para a vida que, por ser um processo vital, constitui uma
constante comunicação experiencial entre a vida do educando e a vida do educador [...]“.
De acordo com Mattos (2011), a inserção do pedagogo/educador no hospital
representa a transformação desse local em um ambiente mais humanizador. Mas para que isso
de fato ocorra, o trabalho desse profissional no ambiente hospitalar é imprescindível a
"atuação integrada dos diversos profissionais da área da saúde, educação e demais
profissionais que se proponham ao desempenho cada vez mais qualificado desta nobre tarefa."
(MATTOS, 2011, p. 30), assim, o atendimento ao estudante no ambiente hospitalar deve se
dar de forma muldisciplinar, interdisciplinar e transdiciplinar:
34600
assim, a multidisciplinaridade corresponde aos diversos saberes conferidos em
ambiente hospitalar, como sensível resposta a promoção da saúde, para onde
convergem as diversas ciências em prol da vida com mais qualidade. A
interdisciplinaridade, por sua vez, assenta-se na integração e na interrelação de
profissionais inseridos em contexto hospitalar. A transdisciplinaridade que
transcende a própria ciência, busca o vislumbre além-corpo, não se concentrando
tão-somente em aspectos físicos e biológicos, mas em outros tantos olhares que vem
revestidos, em essência, de valores e humanização, com afeto, envolvimento,
doação, magia entre outros atributos essenciais a tantos que permeiam este espaço
vital. (MATTOS, 2011, p.30).
Esse olhar para o processo educacional durante o período de estágio, certamente
contribuirá de forma efetiva na formação do futuro pedagogo, sensibilizando-o para a atuação
em todas as instâncias educacionais.
Estágio no Hospital Infantil de Campo Largo: relatos de uma vivência
O Hospital Infantil Waldemar Monastier (HI) é um hospital público, especializado no
atendimento de crianças e adolescentes. Localizado em Campo Largo, região metropolitana
de Curitiba, foi implantado para atender à demanda existente no Estado, dentro do projeto de
regionalização da saúde pública.
O hospital atende pacientes de média e alta complexidade, e disponibiliza aos
pacientes Unidades de Tratamento Intensivo (UTI’s), Centro Cirúrgico e atendimento
ambulatorial em diversas especialidades, A inauguração oficial do hospital foi realizada em
14 de dezembro de 2009, e contou com a presença do Governador do Estado Roberto
Requião, do Vice Governador Orlando Pessuti, do Secretário de Estado da Saúde Gilberto
Martin, da Médica Sanitarista Zilda Arns, da Sra. Elcidia Guimarães Monastier, viúva do
renomado pediatra paranaense que deu nome ao hospital, do filho Gilberto Guimarães
Monastier, e da nora Maria Helena Caprilhone Monastier.
O Estado do Paraná, por meio da Secretaria de Estado da Saúde/Fundo Estadual de
Saúde, firmou um convênio com a Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul
Carneiro/Hospital Pequeno Príncipe, visando à implantação e desenvolvimento conjunto de
ações de saúde no Hospital Infantil Waldemar Monastier.
Atualmente o referido hospital é um dos integrantes do SAREH (Serviço de
Atendimento à Rede de Escolarização Hospitalar). Para a realização desse serviço a equipe
profissional é constituída por uma pedagoga, uma professora de linguagens, uma professora
da área de ciências humanas, uma professora da área de ciências exatas e as estagiárias.
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O profissional responsável por supervisionar os estágios é a pedagoga, que auxilia no
desenvolvimento das atividades pedagógicas no ambiente hospitalar.
O estágio no ambiente hospitalar representa a oportunidade que o estudante do curso
de pedagogia tem de vivenciar esta realidade de atendimento educacional, onde a necessidade
do paciente confere ao professor a autonomia e a responsabilidade de adequar os conteúdos
escolares, fazendo com que o estudante-paciente se adapte a rotina hospitalar e tenha seu
direito à educação garantido.
Mattos e Ferreira (2013, p. 47), afirmam que no período de estágio:
[...] o futuro profissional da educação poderá observar e experimentar práticas
educativas adaptadas à realidade do atendimento pedagógico ao escolar em
tratamento de saúde; esta possibilidade pode encaminhar para um processo de
ensino aprendizagem apropriado.
Nesse sentido, Fonseca (2003, p. 25) descreve o professor da escola hospitalar da
seguinte forma:
o professor da escola hospitalar é, antes de tudo, um mediador das interações da
criança e do ambiente hospitalar. Por isso não lhe devem faltar noções sobre as
técnicas e terapêuticas [...] sobre as doenças que acometem seus estudantes e os
problemas até mesmo emocionais delas decorrentes para as crianças e também para
seus familiares e ainda para as perspectivas fora do hospital.
Buscando o conhecimento acerca do trabalho pedagógico nesse espaço, durante o
período de realização do estágio as atividades desenvolvidas forma principalmente no espaço
da brinquedoteca. Com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das potencialidades
dos pacientes que ali se encontravam e minimizar os impactos da hospitalização, as ações
foram no sentido de proporcionar, por meio da ludicidade, momentos de aprendizagem, de
descontração, de trocas afetivas. Para que esses momentos se efetivassem, as
crianças/pacientes participaram de contação de histórias, oficinas artesanais com materiais
recicláveis, dobraduras, jogos, pinturas, desenhos e brincadeiras.
É durante o período do estágio que os estudantes estagiários têm a oportunidade de
estabelecer uma relação mais próxima com o paciente por meio de atividades lúdicas, pois é
através da brincadeira que a criança ameniza seu sofrimento, a brincadeira serve como um
momento de descontração.
Kishimoto (1998) traz um conceito interessante sobre as brincadeiras dentro do
hospital, de acordo com o autor:
34602
com frequência, para aceitar, compreender e ultrapassar o problema vivido pela
internação, a criança brinca de “ser medico”. Os “doentes” são suas bonecas, os
ursos, os companheiros de quarto. Com roupas, mascaras, estetoscópios, aparelhos
de medir pressão, seringas e bandagens, a criança brinca e representa sua própria
condição de criança hospitalizada. Por meio de tais brincadeiras e encontra
mecanismos para enfrentar seus medos e angustias. Estimular tais brincadeiras é
auxiliá-la na sua recuperação (KISHIMOTO, 1998, p.59).
Dessa forma, além das atividades realizadas na brinquedoteca, o estágio oportunizou
muitas outras experiências, tais como:

Contação de histórias nos quartos de precaução, UTI’s, ambulatórios, bibliotecas
e parquinho;

Planejamento e implementação de oficinas pedagógicas e/ou recreativas nas
brinquedotecas, ambulatórios e salas de aula;

Acompanhamento dos pacientes no parquinho, estreitando as relações com as
crianças e adolescentes nesse espaço do hospital;

Atividades envolvendo jogos;

Planejamento e programação de brincadeiras que desenvolvam o raciocínio
lógico, a leitura, escrita e coordenação motora;

Acompanhamento dos pacientes da Saúde Mental em atividades lúdicorecreativas;

Organização da biblioteca, higienização do espaço e dos livros, bem como
realização de empréstimos de livros aos pacientes, acompanhantes e funcionários
do Hospital;

Planejamento de oficinas pedagógicas e recreativas com diferentes materiais na
sala de oficinas;

Implementação de atividades com as crianças que esperam pela cirurgia dentro do
Centro Cirúrgico.
O depoimento da mãe de um paciente de quatro anos em tratamento de saúde, no
hospital infantil de Campo Largo no período em que o estágio ocorreu, ressalta a importância
do trabalho realizado, principalmente na brinquedoteca:
34603
“Um ambiente hospitalar é difícil pra nós, pra uma criança é ainda pior, deitado na
cama sem poder se movimentar e ainda medicações, dores e pessoas estranhas. Meu
filho estava nervoso, agitado e cansado, sem poder se movimentar com o
diagnóstico de uma síndrome chamada Guillain Barre,[..].No dia em que
começamos o trabalho com a fisioterapeuta, tivemos poucos resultados, como ele
não estava bem e não queria participar, neste mesmo dia fiquei sabendo que
poderia tira-lo do quarto e leva-lo a brinquedoteca, não sei que palavras usar para
demostrar a reação do Arthur, olhos curiosos, empolgado, a impressão foi que
esqueceu da dor, [..]superou seus limites, e surpreendeu todos, a partir desse dia,
demostrou alegria, empolgação, pedia o tempo todo pra ir brincar, nossos dias no
hospital melhoraram e o Arthur movimentava os braços, apertava os botões, com
dificuldade, mais insistia. Isso contribuiu para sua reabilitação. Os brinquedos, o
ambiente, as cores, a alegria fez a diferença em nossos dias.” (mãe de um paciente).
Através do depoimento desta mãe verificamos a real importância do trabalho
pedagógico dentro do hospital, pois ele leva alegria e esperança tanto para o paciente, quando
para os familiares que passam a conviver com a dura realidade da doença. São as ações do
profissional da educação hospitalar que contribuem na recuperação e tornam os dias da
criança mais prazerosos.
O brincar no espaço hospitalar é de extrema importância para uma recuperação mais
rápida do paciente, pois através das brincadeiras ela revela sentimentos que muitas vezes não
consegue compreender, e assim por meio do lúdico consegue-se tornar este ambiente mais
agradável; não se pode esquecer de levar em consideração a vontade e o estado em que a
criança se encontra, porque a brincadeira deve ser natural e prazerosa.
Pode-se constatar isso por meio do relato de Mattos e Ferreira:
[...] o brincar se torna terapêutico, aliviando o estresse do paciente/estudante, pois
com as brincadeiras ela pode revelar sentimentos de reprovação ou reconhecimento,
aceitação ou rejeição, ou todos eles juntos, pois os motivos que a levaram a estar ali,
muitas das vezes, não são compreendidos por ela, tornando o ambiente mais
tranquilo, uma recuperação mais rápida, minimizando assim o seu sofrimento.
(MATTOS; FERREIRA, 2013, p. 127).
Na busca de aprofundamento acerca dos conhecimentos necessários para a atuação no
ambiente hospitalar e o intuito de desenvolver um trabalho de estágio que proporcione
experiências relevante, que venham a contribuir com o trabalho pedagógico desenvolvido no
Hospital, é fundamental o reconhecimento de que "princípios humanizadores e científicos"
(MATTOS; MUGIATTI, 2001, p. 166) é sem dúvida o melhor caminho no sentido de se
conciliar a necessidade do atendimento à saúde sem descuidar do direito à educação.
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Considerações Finais
O presente, estudo discutiu o estágio como um momento fundamental na formação
profissional do futuro pedagogo, priorizando aspectos relacionados à atuação desse
profissional no espaço hospitalar e destacando a relevância da práxis pedagógica nesse
processo de formação.
O estágio supervisionado na formação docente é muito importante para o acadêmico,
possibilita uma aproximação com as diferentes realidades, em diversos campos de atuação,
fazendo com que este futuro profissional através da vivência consiga relacionar a teoria com
prática, e desenvolva algumas competências fundamentais no momento de sua atuação.
Tanto o estágio obrigatório, quanto o remunerado são amparados por leis que
garantem ao estudante-professor, direitos e deveres a serem desempenhados durante o período
de estágio.
Com o estágio o docente pode observar e selecionar, em qual área ele se identifica e
deseja atuar, seja ela: institucional, empresarial, hospitalar, social ou ambiental.
Priorizando o estágio hospitalar, passamos a compreender a importância do
profissional, ao desenvolver atividades educativas e lúdicas, com crianças que se encontram
impossibilitadas de frequentar a escola regular por um determinado período.
Enfim, compreendemos que não importa o campo escolhido, mas sim a dedicação e a
aprendizagem adquirida, no decorrer de todo o curso de licenciatura, esperando formar
futuros professores ou pedagogos que possam aprimorar o modelo que temos atualmente.
É preciso entender que a educação não é elemento exclusivo da escola, e que a saúde
não é elemento exclusivo do hospital. A educação no hospital pode ser concretizada de
diferentes maneiras e muitos profissionais tentam compreender, explicar e construir caminhos
para realização desse trabalho pedagógico.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto Lei n. 1.044/69, de 21 de outubro de 1969. Dispõe sobre tratamento
excepcional para alunos portadores das afecções. Diário Oficial da União. Brasília, 21
out.1969f..
______. Lei n. 6202, de 17 de abril de 1975. Atribui à estudante em estado de gestação o
regime de exercícios domiciliares instituído pelo Decreto-lei n.1044, de 1969, e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 18 abr.1975g.
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